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Vírus São os principais agentes de pneumonia adquirida em comunidade em crianças de até 5 anos em países desenvolvidos; quanto mais jovem a criança, exceto nos 2 primeiros meses de vida, maior a chance de ocorrência da doença por etiologia viral. Eles podem ser responsáveis por até 90% das pneumonias no primeiro ano de vida e por 50% dos casos na idade escolar. Os vírus mais frequentes são o vírus sincicial respiratório (VSR), seguido do vírus influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus. Menos frequentemente, o varicela-zóster, coronavírus, enterovírus, citomegalovírus, epstein-barr, herpes simples, o vírus da caxumba, o sarampo e o hantavírus. Bactérias São responsáveis pelas pneumonias mais graves e de maior mortalidade na infância. O principal agente bacteriano é o Streptococcus pneumoniae; em países em desenvolvimento, os principais são as bactérias pneumococo, Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus. Também pode ocorrer a coinfecção vírus-bactéria de 23 a 32% dos casos. ● RN < 3 dias: Streptococcus do grupo B, gram negativos (E. coli), Listeria monocytogenis; ● RN 3 a 28 dias: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Gram negativo; ● 1 a 3 meses: vírus, Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum Streptococcus pneumoniae, Stafilococcus aureus; ● 4 meses a 5 anos: vírus, S. pneumoniae, S. aureus, H. influenzae, Moraxella catarrhalis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae; ● Acima de 5 anos: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae. No geral, febre de início agudo, tosse, taquipneia e dispneia, sintomas gripais, otite média e dor abdominal (principalmente quando há acometimento de lobos inferiores). Na ausência de sibilância, as crianças com taquipneia podem ser diagnosticadas com PAC. Os cortes da FR para taquipneia são: ● < 2 meses: FR maior ou igual a 60 irpm; ● 2 a 11 meses: FR maior ou igual a 50 irpm; ● 1 a 4 anos: FR maior ou igual a 40 irpm. Sinais de doença grave pela OMS Tiragem subcostal Sinais de doença muito grave pela OMS ● Todas as faixas etárias: recusa de líquidos, convulsões, sonolência, rebaixamento do nível de consciência, estridor em repouso, desnutrição grave, sat O2 < 92%, batimento da asa do nariz, vômito incoercível e cianose central. ● < 2 meses: recusa alimentar por mais de três mamadas, FR maior ou igual a 60 irpm, sibilância, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, febre ou hipotermia e tiragem subcostal grave. Radiografia só deve ser pedida em casos específicos como: ● Dúvida de diagnóstico; ● Pneumonia com sinais de gravidade; ● Falha na resposta ao tratamento com 48h ou 72h de antibioticoterapia, para avaliar se há complicações; ● Paciente hospitalizado; ● Suspeita de malformação ou aspiração de corpo estranho; Exames laboratoriais são limitados a pacientes internados e/ou com sinais de gravidade. Em pneumonias bacterianas, pode haver leucocitose e neutrofilia, proteína C reativa entre 40 e 100, e procalcitonina de 0,75 a 2. É frequente a eosinofilia em casos de C. trachomatis. A hemocultura é recomendada para todos os pacientes hospitalizados por PAC. Em casos de derrame pleural, é recomendado realizar o exame bacteriológico (bacterioscópico e cultura) e avaliação dos critérios de Light. O teste de aglutinação do látex pode ajudar a pesquisar antígenos do pneumococo e do H. influenza. Ambulatorial O tratamento de primeira linha em pacientes de 2 meses a 5 anos é amoxicilina 50 mg/kg/dia de 8h/8h ou 12h/12h. Em suspeita de M. pneumoniae, pode-se optar pela introdução de macrolídeos (pneumonia atípica), como eritromicina, claritromicina ou azitromicina. Quando a criança não mostra sinais de melhora clínica depois de 48 ou 72 horas de tratamento com amoxicilina, a gente pode considerar falha terapêutica e tentar identificar a causa. As causas mais frequentes de falha terapêutica no tratamento das PAC são: ● Presença de derrame/ empiema pleural, pneumonia necrosante e abscesso pulmonar; ● Outros agentes que não os esperados, como vírus, bactérias atípicas, e considerar também possibilidade de primeira manifestação de tuberculose; ● Não cumprimento do tratamento proposto (doses, intervalos e tempo de uso); ● Doença de base do paciente: imunosupressão, fibrose cística, asma, desnutrição, bronquiectasias; ● Ocorrência de quadros diferenciais: aspiração de corpo estranho, malformações pulmonares, etc. Na reavaliação, ou em qualquer avaliação anterior em caso de piora clínica, avalia-se a necessidade de internação hospitalar, que é recomendada quando houver: ● Hipoxemia (saturação de oxigênio < 92% em ar ambiente); ● Desidratação ou incapacidade de manter a hidratação ou alimentação por via oral; ● Desconforto respiratório moderado a grave: FR > 70 irpm para pacientes menores de 12 meses de idade e > 50 irpm para crianças maiores; ● Dificuldade em respirar (gemência, batimento de asas nasais, retrações ou apneia); ● Aparência tóxica; ● Doenças subjacentes (doença cardiopulmonar, síndromes genéticas, distúrbios neurológicos); ● Complicações (derrame/ empiema, pneumonia necrotizante, abscesso). Hospitalar Trata-se o paciente sem tiragem subcostal com amoxicilina 50 mg/kg/dia, duas a três vezes ao dia, por 7 dias. Já ao paciente com sinais de gravidade, é recomendada ampicilina parenteral 50 mg/kg/dose de 6h/6h, ou penicilina cristalina 150.000 U/Kg/dia de 6h/6h, com gentamicina 7,5 mg/kg/dia, 12h/12h. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria 4ª ed. Barueri, SP: Editora Manole, 2017. Nelson Tratado de Pediatria. 20ª EDIÇÃO. Rio de Janeiro, RJ: Editora Elsevier. Atualização de Condutas em Pediatria. Recomendações Sociedade de Pediatria de São Paulo. Departamentos Científicos SPSP. Nº 70, Setembro de 2014. Pneumonias Adquiridas na Comunidade Complicadas. Documento Científico Departamento Científico de Pneumologia (2019-2021). Nº 5, 19 de Maio de 2021.
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