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DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA Medcurso 2021 Desnutrição Como identificar? • Classificação de Gomez: Peso da criança x Peso ideal para idade ✓ Cálculo: regra de 3 do peso ideal para o percentil 50 e avaliação da % do peso da criança. Interpretação > 90% Eutróficos 90-76% Desnutridos leves (1º grau) 75-61% Desnutridos moderados (2º grau) =< 60% Desnutridos graves (3º grau) ✓ Falha: o peso da criança pode ser alterado pelo edema. Entretanto, se houver edema de origem nutricional, ela será classificada como desnutrição grave. ✓ Limitação: - Precisa da idade; - Não considera baixa estatura (por qualquer razão); - Não informa duração. • Classificação de Waterlow: Peso da criança x Peso ideal para estatura + Estatura da criança x Estatura ideal para idade ✓ Cálculo: regra de 3 do peso ideal para o percentil 50 e avaliação da % do peso da criança para estatura. Gráfico peso x estatura. Interpretação para peso < 90% Magra (Wasted) Interpretação para estatura < 95% Baixa (Stunting) Interpretação relacional Nem magro, nem baixo Eutrófico Magro (estatura N) Desnutrido agudo Magro e baixo Desnutrido crônico Apenas baixa Desnutrição pregressa • Classificação do Ministério da Saúde (2006): interpretação das curvas da OMS através de gráficos de percentil e escore-Z. Usar o IMC (cobre 0-19 anos). ✓ Avaliação do escore-Z: distância em desvio padrão da média. Escore-Z Percentil +3 99,9 +2 97 +1 85 0 50 -1 15 -2 3 -3 0,1 Interpretação segundo IMC EZ < -2 Magreza (desnutrição moderada) EZ < -3 Magreza acentuada (desnutrição grave) Edema → desnutrição grave! DESNUTRIÇÃO GRAVE Etiologia Primária: carência alimentar. Falta de acesso ou de oferta adequada. Secundária: perda anormal de nutrientes e/ou aumento do gasto energético, mesmo com acesso ao alimento. - Doenças disabsortivas, - Doenças consumptivas. Marasmo Kwashiorkor Deficiência global de energia e proteínas. Forma mais comum. Instalação mais lenta. Ocorre principalmente no 1º ano de vida (crianças não amamentadas). Ausência de tecido adiposo. Fácies senil/simiesca. Grau de hipotrofia muscular e hipotonia. Irritabilidade, apetite variável. Raquitismo nutricional: deficiência de vitamina D. Manifesta-se com craniotabes, atraso no fechamento das fontanelas, irregularidades na erupção dentária, nodosidades na junção costocondral (rosário raquítico), fraturas, entre outros. Deficiência proteica. Ingestão energética normal. “Doença do primeiro filho quando nascia o segundo”. Mudança na composição alimentar. Geralmente associado à reação inflamatória sistêmica. Instalação rápida e após o desmame. Edema de extremidades, criança anasarcada – hipoalbuminemia + aumento da permeabilidade vascular. Hepatomegalia (esteatose). Subcutâneo preservado. Alterações de cabelo (sinal da bandeira) e pele. Associa-se a doenças secundárias. Kwashiorkor-Marasmático Estado grave de crianças com quadro crônico de marasmo que evolui para manifestações do Kwashiorkor. Alterações laboratoriais Hipoglicemia (falta de aporte energético ou má utilização), Hiponatremia (sódio sérico baixo e corporal total normal – o sódio está no intracelular), Hipocalemia/Hipomagnesemia, Hipoalbuminemia (proteínas totais e frações somente para prognóstico). Tratamento Algumas crianças podem ser acompanhadas ambulatorialmente! No geral, elas são internadas. Causas de morte: hipotermia, hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos, infecção secundária. Estabilização (1-7 dias) Reabilitação (2-6 semanas) • Hipotermia: aquecer/manter aquecida; • Hipoglicemia: tratar/alimentação frequente de 2/2h (consciente: via oral / alterações: parenteral); • Distúrbios hidroeletrolíticos: ✓ Hidratação oral cautelosa (venoso se choque), sem correção de sódio. • Tratamento da infecção (presumida!) • Dieta habitual, não hiperalimentar! ✓ Suplementos de K+, Mg+, Zinco e Polivitamínicos (vitamina A e folato) ✓ Não se suplementa ferro agora! Marco inicial: retorno do apetite! Maior caloria e proteína (catch-up!) Suplementação de ferro (dose terapêutica para anemia ferropriva) Alta para tratamento ambulatorial! Follow-up Pesagem semanal por cerca de 6 meses Síndrome de realimentação: estímulo anabólico potente que provoca picos de liberação de insulina com resposta exagerada em hipofosfatemia, entre outros. Carência de vitamina A: cegueira noturna + manchas de Bitot (pequenas manchas brancas-acinzentadas, ovais, espumosas e de formato irregular que podem surgir na parte branca dos olhos) + ceratomalácia (dessecação e turvação da córnea)! Obesidade Classificação segundo o IMC (Ministério da Saúde): Para 0 a 5 anos incompletos: Interpretação segundo IMC EZ > 3 Obesidade EZ > 2 Sobrepeso EZ > 1 Risco de sobrepeso Para 5 a 19 anos: Interpretação segundo IMC EZ > 3 Obesidade grave EZ > 2 Obesidade EZ > 1 Sobrepeso Classificação segundo o peso: Interpretação segundo peso EZ > 2 Peso elevado Classificação segundo o CDC (Tratado de Pediatria – Nelson): Para maiores de 2 anos: Interpretação segundo IMC P85 a p95 Sobrepeso >= P95 Obesidade Baixa estatura Como avaliar: • Estatura atual • Velocidade de crescimento (mínimo 5 cm/ano na pré-puberdade) • Estatura dos pais: marcar alvo genético na curva, aceitar variação de 8,5 cm para cima ou para baixo. A criança deve crescer acompanhando esse alvo. Previsão de estatura nos adultos: 1,63 cm em homens e 1,51 cm em mulheres. • Idade óssea: RX de mão/punho esquerdo. Isso é possível porque o esqueleto infantil ainda não está todo calcificado, permitindo crescimento linear. Assim, espera-se determinado tamanho para determinada idade segundo atlas. Etiologia Diagnóstico Variantes normais do crescimento: possui baixa estatura e nada mais. • Baixa estatura genética (ou familiar): filhos de pais baixos. • Retardo constitucional: criança que amadurece mais lentamente. É devagar, porém dura mais tempo. Condições mórbidas: • Desnutrição: primária ou secundária. Atenção para a doença celíaca. • Doenças endócrinas: hipotireoidismo adquirido (causa mais comum por doença endócrina!), deficiência de GH, excesso de cortisol. • Doenças genéticas: displasias esqueléticas (acondroplasia) – baixa estatura desproporcional, síndromes cromossômicas (Turner – 45x0, além da disgenesia gonadal). 1º Defina se há baixa estatura: E/I < p3* - Avalie a velocidade de crescimento (cm/ano)! • Se normal: variante normal do crescimento. • Anormal: condição mórbida subjacente. Variantes normais do crescimento: • Retardo constitucional do crescimento: IO atrasada (IO < IC), pais com altura normal. Diferença de 2 anos sempre é atraso na IO. • Baixa estatura familiar: IO = IC. Pais baixos. Condições mórbidas: • Sexo feminino: cariótipo! • Alteração fenotípica (como baixa estatura desproporcional) • Índice de Massa Corporal (doença endócrina se bem nutrido ou obeso / desnutrido se emagrecido) Hipovitaminoses Hipovitaminose A Hipovitaminose B1 (tiamina) Manifestações oculares - queratinização excessiva, redução da produção do filme lacrimal, xeroftalmia, ulcerações, perfurações, conjuntiva seca, manchas de Bitot. Além disso, também podemos encontrar pele seca e escamosa e aumento a predisposição para infecções. Beribéri: beribéri "seco" cursa com irritabilidade, neurite periférica e ataxia, enquanto o beribéri "molhado" cursa com disfunção cardíaca e renal, taquicardia, edema, cardiomegalia. Hipovitaminose B2 (riboflavina) Hipovitaminose B3 (niacina) Não causa nenhuma síndrome específica, mas pode cursar com queilite e estomatite angular, glossite, conjuntivite, ceratite, dermatite seborreica e anemia. Pelagra: a doença dos "Ds". - Diarreia, - Dermatite e - Demência. Hipovitaminose C (ácido ascórbico) Hipovitaminose D Escorbuto: doresem membros inferiores, edema e hemorragia subperióstea, hemorragia gengival, púrpuras, petéquias e equimoses e deficiência na cicatrização. Raquitismo: craniotabes, atraso no fechamento das fontanelas, atraso e irregularidades na erupção dentária, rosário raquítico, cintura diafragmática (sulco de Harrison), tórax em peito de pombo ou quilha de navio, alargamento epifisário, encurvamento da diáfise (joelho varo e joelho valgo), fraturas (geralmente em galho verde) e pé chato.
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