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1 Thayná Campos Duarte - Principal forma com que o sistema imune inato lida com infecções e lesões teciduais. - É o acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e fluidos derivados do sangue. - Leucócitos e proteínas plasmáticas circulantes são recrutadas aos sítios de infecção e lesão onde matam o patógeno e iniciam o reparo tecidual. O principal leucócito recrutado durante uma inflamação aguda são os neutrófilos. Os monócitos que se transformam em macrófagos nos tecidos aumentam com o passar do tempo. As principais proteínas são as do sistema complemento, anticorpos e proteínas da fase aguda. O que garante a chegada desses componentes são as alterações dos vasos sanguíneos nos tecidos, como: -- Aumento do FS no tecido, devido a maior dilatação arteriolar; -- Maior adesão dos leucócitos ao revestimento endotelial da vênulas; -- Aumento da permeabilidade dos capilares e vênulas às proteínas plasmáticas e fluidos. Essas alterações são induzidas por citocinas e por mediadores moleculares como mastócito, macrófago e células endoteliais, em resposta a estimulação de PAMP e DAMP. INFLAMAÇÃO CRÔNICA: Ocorre após a aguda caso não seja resolvida. Envolve recrutamento e ativação de monócitos e linfócitos. Podem sofrer remodelamento tecidual, como angiogênese e fibrose. PRINCIPAIS CITOCINAS PRÓ- INFLAMATÓRIAS Os macrófagos e mastócitos teciduais são as principais fontes de citocinas. FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) Mediador das respostas inflamatórias agudas a bactérias e micro-organismos. Provoca necrose dos tumores devido a inflamação local e da trombose dos vasos sanguíneos na área neoplásica. Produzido por macrófagos, células dendríticas e linfócitos T *Nos macrófagos é sintetizado como proteína de membrana não glicosilada de tipo II, expresso como homotrímero. A produção de TNF por macrófagos é estimulada por PAMP e DAMP * A forma membranosa constitui o TNF em forma de pirâmide. Receptores: TNF-RI Encontrados na maioria dos tipos TNF-RII celulares A afinidade do TNF com seus receptores é baixa. *Superfamília do receptor TNF, envolvidos em respostas imunológicas e inflamatórias. A ligação da citocina a receptores como TNF-RI, TNF-RII e CD40 leva ao recrutamento de proteínas chamadas fatores associados ao receptor de TNF (TRAF) que ativam fatores de transcrição (NF-KB e AP-1). Outras ligações leva ao recrutamento de proteína adaptadora que ativa capazes e desencadeia apoptose. *O choque séptico é provocado pela entrada de bactérias na corrente sanguínea mediado pelo TNF. INTERLEUCINA 1 Mediador de respostas inflamatórias agudas. Fonte celular: Macrófagos, neutrófilos, células endoteliais e células epiteliais. Existem duas formas, IL-1α e IL-1β. Se ligam aos mesmo receptores e desempenham as mesmas funções. A principal forma ativa secretada é IL-1β. A IL-1 madura é liberada quando as células infectadas ou os macrófagos ativados morrem. Algumas bactérias patogênicas induzem o processamento mediado pelo inflamossomo da IL- 1B e IL-18 em macrófagos e a morte celular dependente de capase I, liberando citocinas. TNF também pode estimular fagócitos e células a produzirem IL-1. PROBLEMA 1 – FECHAMENTO 2 Resposta inflamatória 2 Thayná Campos Duarte A IL-1 medeia seus efeitos biológicos através do receptor de IL-1 tipo I, que é uma proteína de membrana que contém um domínio Ig extracelular de interação com o ligante; e um domínio de sinalização Tollreceptor de IL-1 (TIR) na região citoplasmática. Resultam na ativação dos fatores de transcrição NF-KB e AP-1. *O receptor de IL-1 tipo II não ativa tais vias. INTERLEUCINA 6 Mediador de respostas inflamatórias agudas. Apresenta efeitos locais e sistêmicos. - Indução da síntese hepática de mediadores inflamatórios; - Estimulação da produção de neutrófilos na medula óssea; - Diferenciação dos linfócitos T auxiliares (helper) produtores de IL-17; Produzida: Macrófagos, células endoteliais e linfócitos T, fibroblastos em resposta a PAMP, IL-1 e TNF. Fígado: síntese de proteínas de fase aguda; Linfocito B: proliferação de células produtoras de anticorpo. O receptor de IL-6 participa da via de sinalização que ativa o fator de transcrição STAT3. INTERLEUCINA 12 Secretada: pelas células dendríticas e macrófagos (produzem o componente p40) que estimula a produção de INF-γ pelas células NK e células T, aumenta a citotoxicidade mediada pela célula NK e CTL e promove a diferenciação das células TH1. IL-12 é produzida em resposta ao TLR e outros receptores de reconhecimento de padrão induzidos por muitos estímulos microbianos, incluindo LPS bacteriano ou ácido lipoteitoico e infecções virais. O IFN-γ produzido pelas células NK ou células T também estimula a produção de IL-12, contribuindo para uma alça de retroalimentação positiva. *pacientes com mutações no receptor de IL-12 dão suporte à conclusão de que a IL12 é importante para a produção de IFN-γ pelas células NK e células T e para a resistência do hospedeiro a bactérias intracelulares e alguns vírus. Por exemplo, pacientes com mutações na subunidade β1 do receptor de IL-12 foram descritos, e eles são altamente suscetíveis a infecções com bactérias intracelulares. INTERLEUCINA 18 aumenta as funções das células NK, similar à IL-12. A produção da IL-18, assim como a da IL-1, é dependente do inflamassoma. Também como a IL-1, a IL-18 se liga a um receptor que sinaliza através de um domínio TIR. INTERLEUCINA 15 estimulação do crescimento e sobrevivência para ambas as células NK e células T. A IL15 apresentada pelas células dendríticas às células NK nos linfonodos ativa vias de sinalização que promovem a produção de IFN-γ pela célula NK. A IL-15 também serve como fator de sobrevivência para as células NK e células T CD8 + de memória. RECRUTAMENTO DE LEUCÓCITOS PARA O SÍTIO DA INFECÇÃO TNF e IL-1 induzem células endoteliais venulares pós-capilares a expressar E-selectina e aumentar sua expressão de ICAM-1 e VCAM-1, os ligantes para as integrinas dos leucócitos. TNF e IL-1 estimulam várias células a secretar quimiocinas, tais como CXCL1 e CCL2, que se ligam aos receptores nos neutrófilos e monócitos, respectivamente, aumentam a afinidade das integrinas de leucócitos por seus ligantes e estimulam o movimento direcional dos leucócitos. O resultado da expressão aumentada de selectina, integrina e quimiocina é maior adesão do neutrófilo e monócito às células endoteliais e transmigração através da parede do vaso. O acúmulo de leucócitos nos tecidos forma um infiltrado inflamatório. 3 Thayná Campos Duarte TNF, IL-1 e IL-6 produzidos podem entrar no sangue e ser distribuídos para medula óssea, onde aumentam a produção de neutrófilos a partir dos progenitores da medula óssea. Dessa maneira, essas citocinas aumentam o suprimento de células que podem ser recrutadas para os locais de infecção. FAGOCITOSE E MORTE DOS MICRO- ORGANISMOS POR FAGÓCITOS ATIVOS Neutrófilos e macrófagos realizam fagocitose, destruindo os micro-organismos. Eles têm receptores que reconhecem os patógenos, como lectina C e scavnger. Esses receptores podem contribuir para a fagocitose somente de organismos que expressam padrões moleculares particulares, tais como manose para o receptor de manose. Os fagócitos também têm receptores de alta afinidade para certas opsoninas, incluindo moléculas de anticorpo, proteínas do complemento e lectinas plasmáticas; Um dos sistemas mais eficientes para a opsonização dos microrganismos é recobri-los com anticorpos.Os fagócitos expressam receptores Fc de alta afinidade chamados de FcγRI específicos para um tipo de anticorpo denominado IgG. Se um indivíduo responder a uma infecção produzindo anticorpos Ig contra antígenos microbianos, as moléculas de IgG se ligarão a esses antígenos, os terminais Fc dos anticorpos ligados podem interagir com o FcγRI nos fagócitos e o final resultante é uma fagocitose eficiente dos microrganismos. A fagocitose dependente de anticorpo ilustra a ligação entre as imunidades inata e adaptativa – anticorpos são o produto do sistema imune adaptativo (linfócitos B) que ativa as células efetoras do sistema imune inato (fagócitos) a realizarem suas funções protetoras. Neutrófilos e macrófagos ativados matam os microrganismos fagocitados pela ação de moléculas microbicidas nos fagolisossomas. *Mecanismos microbicidas: 1- Espécies reativas de oxigênio: Macrófagos e neutrófilos ativados convertem oxigênio molecular em espécies reativas de oxigênio (ROS) – explosão respiratória-, que são agentes oxidantes altamente reativos e que destroem microrganismos, através da fagócito oxidase. A fagócito oxidase é ativada por muitos estímulos, incluindo IFN-γ e sinais dos TLRs. A função desta enzima é a redução do oxigênio molecular em ROS, tais como radicais superóxido. A oxidase age como uma bomba de elétrons, gerando um gradiente eletroquímico através da membrana do vacúolo, que é compensado pelo movimento de íons para o vacúolo. O resultado é um aumento do pH e da osmolaridade dentro do vacúolo, o que é necessário para a atividade da elastase e da catepsina G. -- Uma doença chamada de doença granulomatosa crônica é causada pela deficiência herdada de um dos componentes da fagócito oxidase; essa deficiência compromete a capacidade dos neutrófilos em matar certas espécies de bactérias Gram-positivas. 2- Óxido nítrico: os macrófagos produzem espécies reativas de nitrogênio, como o óxido nítrico (NO), pela ação de uma enzima chamada óxido nítrico sintase induzida (iNOS). A iNOS catalisa a conversão de arginina em citrulina, e o gás difusível óxido nítrico é liberado. Dentro dos fagolissossomas, o óxido nítrico pode se combinar com peróxido de hidrogênio ou superóxido, gerados pela fagócito oxidase, para produzir radicais peroxinitrito altamente reativos que matam os microrganismos. 3-Enzimas proteolíticas: Neutrófilos e macrófagos ativados produzem várias enzimas proteolíticas nos fagolissossomas que atuam para destruir os microrganismos. Uma das importantes enzimas nos neutrófilos é a elastase, necessária para a morte de muitos tipos de bactérias. Outra importante enzima é a catepsina G. Neutrofilos e macrófagos fortemente ativados podem danificar tecidos normais, através da liberação de enzimas lisossômicas, ROS e óxido nítrico. *Alguns macrófagos ativados também produzem fatores de crescimento para fibroblastos e células endoteliais que participam no remodelamento dos tecidos após infecções e lesão. CONSEQUÊNCIAS SISTÊMICAS E PATOLÓGICAS DAS RESPOSTAS INFLAMATÓRIAS AGUDAS *TNF, IL-1 e IL-6 têm múltiplos efeitos locais e sistêmicos. TNF e IL-1 agem nos leucócitos e endotélio para induzir inflamação aguda, e ambas as citocinas induzem a expressão de IL-6 pelos leucócitos e outros tipos celulares. TNF, IL-1 e IL-6 medeiam os efeitos protetores sistêmicos da inflamação, incluindo 4 Thayná Campos Duarte indução de febre, síntese de proteína de fase aguda pelo fígado e produção aumentada de leucócitos pela medula óssea. TNF sistêmico pode causar anormalidades patológicas que levam ao choque séptico, incluindo função cardíaca reduzida, trombose, extravasamento capilar e anormalidades metabólicas atribuídas à resistência à insulina. TNF e IL-1 agem no hipotálamo para induzir um aumento na temperatura corporal (febre): Essas citocinas são assim chamadas de pirogênios. Induzem a febre pelo aumento na síntese de prostaglandinas nas células hipotalâmicas. Os inibidores da síntese de prostaglandinas, como a aspirina, reduzem a febre pelo bloqueio da ação dessas citocinas. -Papel: funções metabólicas aumentadas das células imunes, funções metabólicas prejudicadas dos microrganismos e alterações no comportamento do hospedeiro febril que reduzem o risco de piora das infecções e lesão. IL-1 e IL-6 induzem os hepatócitos a produzir reagentes de fase aguda, incluindo CRP, SAP e fibrinogênio, que são secretados no sangue: sinais clínicos de infecção e inflamação. -Papel: fibrinogênio, precursor da fibrina, contribui para a hemostasia e reparo tecidual. Nas infecções graves, o TNF pode ser produzido em grandes quantidades e causar anormalidades sistêmicas clínicas e patológicas: 1- O TNF inibe a contratilidade miocárdica e o tônus do músculo liso vascular, resultando em uma marcada redução na pressão sanguínea, ou choque. 2- O TNF causa trombose intravascular, principalmente como resultado do prejuízo das propriedades anticoagulantes normais do endotélio. O TNF estimula a expressão, pela célula endotelial, do fator tecidual, um potente ativador da coagulação, e inibe a expressão da trombomodulina, um inibidor da coagulação. As alterações endoteliais são exacerbadas pela ativação dos neutrófilos, levando a tamponamento vascular por essas células. 3- A produção prolongada de TNF causa fadiga das células musculares e adiposas, o que se chama de caquexia. Isso resulta da supressão do apetite induzida pelo TNF e síntese reduzida da lipoproteína lipase, uma enzima necessária para liberar ácidos graxos das lipoproteínas circulantes, de tal forma que eles possam ser usados pelos tecidos. Uma complicação da sepse bacteriana grave é uma síndrome denominada choque séptico, que pode ser causada pelo LPS liberado de bactérias Gramnegativas ou pelo ácido lipoteitoico liberado de bactérias Gram-positivas. *O choque séptico é caracterizado por colapso vascular, coagulação intravascular disseminada e distúrbios metabólicos. Esta síndrome se deve à sinalização do TLR induzida pelo LPS ou ácido lipoteitoico, levando à produção de TNF e outras citocinas, incluindo IL- 12, IFN-γ e IL-1. A concentração de TNF sérico pode ser preditiva do resultado das infecções bacterianas graves. 4- A inflamação aguda pode causar lesão tecidual porque os mecanismos efetores que os fagócitos utilizam para matar os microrganismos também são tóxicos para os tecidos do hospedeiro. As enzimas proteolíticas e as espécies reativas de oxigênio produzidas pelos fagócitos que se acumulam no local de infecção podem danificar as células do hospedeiro e degradar a matriz extracelular se eles forem gerados em grandes quantidades, especialmente se os microrganismos resistirem à morte e continuarem a estimular as respostas imunes inatas. A inflamação aguda também causa dano tecidual no quadro das doenças autoimunes, em que os neutrófilos e macrófagos se acumulam e se tornam ativados secundariamente ao estímulo do sistema imune adaptativo pelos próprios antígenos. Como um uma inflamação induzida por infecções, TNF, IL-1, Il-6 e IL-12 são os indutores-chave da inflamação nas doenças autoimunes. Antagonistas contra todas essas citocinas ou seus receptores estão em uso clínico ou em estudos para reduzir a inflamação em pacientes com doenças inflamatórias tais como artrite reumatoide, doença do intestino irritável e psoríase. ANTICORPOS -São diversos, específicos e são os mediadores primários da imunidade humoral contra os micro- organismos. -As substâncias que geram os anticorpos ou são reconhecidos por estes são os ANTÍGENOS. Os anticorpos, as moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e receptores de antígeno da célula T são as três classes de moléculas usadas pelo sistema imune adaptativopara se ligar aos antígenos. Anticorpos e antígenos 5 Thayná Campos Duarte Os anticorpos são sintetizados somente pelas células da linhagem de linfócitos B e existem em duas formas: anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos B funcionam como receptores de antígenos; anticorpos secretados na circulação que neutralizam as toxinas, previnem a entrada e espalhamento dos patógenos e eliminam os microrganismos Os linfócitos B são as únicas células que sintetizam anticorpos. Após a exposição a um antígeno, as células B se diferenciam em plasmócitos que secretam anticorpos. Essa forma secretada se acumula no plasma, secreções mucosas e líquido intersticial. Após a coagulação do sangue, os anticorpos permanecem no SORO. *Antissoro: amostra de soro que contém moléculas de anticorpo detectáveis. Funções efetoras mediadas por anticorpos: -neutralização dos microrganismos ou produtos microbianos tóxicos; -ativação do sistema complemento; -opsonização dos patógenos para fagocitose aumentada; -citotoxicidade mediada por célula e dependente de anticorpo, pela qual os anticorpos têm como alvo células infectadas para a lise pelas células do sistema imune inato; -ativação de mastócito mediada por anticorpo para expelir vermes parasitas. ESTRUTURA DO ANTICORPO Imunoglobulinas (Ig) = anticorpo As moléculas de anticorpo compartilham as mesmas características estruturais básicas, mas apresentam variabilidade nas regiões onde os antígenos se ligam. Esta variabilidade das regiões de ligação do antígeno é responsável pela capacidade de diferentes anticorpos se ligarem a um grande número de antígenos. Uma molécula de anticorpo apresenta estrutura central simétrica, composta de duas cadeias leves e duas pesadas. Essas cadeias se dobram em uma forma globular chamada domínio Ig. As cadeias pesadas e leves são compostas por regiões aminoterminais variáveis (V), que participam do reconhecimento do antígeno; e regiões carboxiterminais constantes (C) que medeiam as funções efetoras dos anticorpos. -- Nas cadeias pesadas, a região V é composta de um domínio Ig e a região C é composta de três ou quatro domínios Ig. Cada cadeia leve é composta de uma região V no domínio Ig e uma região C no domínio Ig. -- A região V de uma cadeia pesada (VH) e a região V contígua de uma cadeia leve (VL) formam um local de ligação do antígeno Cada Ig, apresenta pelo menos dois sítios de ligação ao antígeno. (duas cadeias leves e pesadas) Os domínios Ig da região C são distantes do local de ligação do antígeno e não participam no reconhecimento do antígeno. As regiões C da cadeia pesada interagem com outras moléculas efetoras e células do sistema imune e, assim, medeiam a maioria das funções biológicas dos anticorpos. As cadeias pesadas existem em duas formas que diferem nas terminações carboxiterminais: -- uma forma das cadeias pesadas ancora os anticorpos ligados à membrana nas membranas plasmáticas dos linfócitos B; -- a outra é encontrada somente nos anticorpos secretados. *As regiões C das cadeias leves não participam nas funções efetoras nem são diretamente ligadas a membranas celulares. *Superfamília Ig: duas lâminas B-pregueadas unidas por ponte de dissulfeto. Características estruturais das regiões variáveis dos anticorpos As diferenças de sequência e variabilidade entre os diferentes anticorpos está confinada a três pequenos trechos na região V da cadeia pesada e a três trechos na região V da cadeia leve. Estes segmentos da maiordiversidade são conhecidos como regiões hipervariáveis. Elas correspondem a três alças protuberantes conectando fitas adjacentes das cadeias β que compõem os domínios V da cadeia pesada da Ig e as proteínas da cadeia leve. -- As regiões hipervariáveis são compostas, cada uma, de 10 resíduos de aminoácidos de comprimento. -- Na molécula de anticorpo, as três regiões hipervariáveis do domínio VL e as três regiões hipervariáveis do domínio VH são mantidas juntas para criar uma superfície de ligação ao antígeno. *As regiões hipervariáveis são também denominadas regiões determinantes de complementariedade. 6 Thayná Campos Duarte As diferenças na sequência entre as CDRs de diferentes moléculas de anticorpo contribuem para formação de superfícies de interação distintas e, dessa maneira, para a geração de especificidades dos anticorpos. -- A ligação do antígeno pelas moléculas de anticorpo é primariamente uma função das regiões hipervariáveis de VH e VL. Características estruturais das regiões constantes dos anticorpos: As moléculas de anticorpos são divididas em classes e subclasses de acordo com as diferenças estruturais da região C da cadeia pesada. -- As classes de moléculas de anticorpo também são chamadas de isotipos e são nomeadas como IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. As regiões C da cadeia pesada de um isótipo ou subtipo apresentam a mesma sequência de aminoácidos. - Nos anticorpos IgM e IgE as regiões C apresentam quatro domínios Ig sequenciais. As regiões C da IgG, IgA, e IgD contêm 3 domínios Ig. Diferentes isotipos e subtipos de anticorpos realizam distintas funções efetoras. A maioria das funções efetoras dos anticorpos é mediada pela ligação das regiões C da cadeia pesada aos receptores Fc (FcRs) nas diferentes células, tais como fagócitos, células NK e mastócitos e proteínas plasmáticas, como proteínas do complemento. As moléculas de anticorpo são flexíveis, permitindo que elas se liguem a diferentes antígenos. Cada anticorpo contém pelo menos dois locais de ligação do antígeno, cada um formado por um par de domínios VH e VL. Esta flexibilidade é conferida, em grande parte, por uma região de dobradiça localizada entre CH1 e CH2 de certos isotipos. Existem duas classes, ou isotipos, de cadeias leves, chamadas κ e l, que são diferenciadas por suas regiões constantes (C) carboxiterminais. Cada molécula de anticorpo tem duas cadeias leves κ dênticas ou duas cadeias leves l idênticas. Em humanos, cerca de 60% das moléculas de anticorpo têm cadeias leves κ e aproximadamente 40% possuem cadeias leves l. Anticorpos secretados e associados à membrana diferem na sequência de aminoácidos da porção carboxiterminal da região da cadeia pesada. Na forma secretada, encontrada no sangue e em outros fluidos extracelulares, a porção carboxiterminal é hidrofílica. A forma ligada na membrana do anticorpo contém um pedaço carboxiterminal que inclui dois segmentos: uma região transmembrana hidrofóbica α-helicoidal, seguida por uma porção carregada positivamente na região intracelular justamembranar. IgG e IgE e todas as moléculas de Ig de membrana são monoméricas. IgM e IgA são multiméricos. IgM pode ser secretado como um pentâmero e hexâmetro e IgA como dímero. As formas multiméricas dos anticorpos se ligam aos antígenos mais fortemente que as monoméricas. Alótipo: um variante polimórfico encontrado em alguns indivíduos de uma espécie pode ser reconhecido por um anticorpo Antialotípico: anticorpo que reconhece um determinante alotípico. As diferenças entre as regiões V do anticorpo estão concentradas nos CDRs e constituem os idiótipos dos anticorpos. Um anticorpo que reconhece algum aspecto dos CDRs de outro anticorpo é assim chamado de anticorpo anti-idiotípico. ANTICORPOS MONOCLONAIS Identificação de marcadores fenotípicos únicos aos tipos celulares particulares. Imunodiagnóstico. O diagnóstico de muitas doenças infecciosas e sistêmicas se baseia na detecção de antígenos ou anticorpos particulares no sangue, urina ou tecidos pelo uso de anticorpos monoclonais em imunoensaios Identificação tumoral. Anticorpos monoclonais marcados e específicos para várias proteínas celulares são usados para determinar a fonte tecidual de tumores por meio da coloração de tecidos com imunoglobulinasmarcadas. Terapia. Anticorpos monoclonais, em razão da sua especificidade, podem ser direcionados para moléculas patogênicas. Análise funcional da superfície celular e moléculas secretadas. * Uma das limitações dos anticorpos monoclonais para terapia é que eles são mais facilmente produzidos com a imunização de camundongos, porém pacientes tratados com anticorpos murinos podem produzir anticorpos contra a Ig de camundongo chamada de anticorpo humano anticamundongo (HAMA). Esses anticorpos Ig bloqueiam a função ou aumentam a eliminação do anticorpo monoclonal injetado e também podem causar um distúrbio denominado doença do soro. 7 Thayná Campos Duarte SÍNTESE, MONTAGEM E EXPRESSÃO DAS MOLÉCULAS DE IG As cadeias pesadas e leves da imunoglobulina, assim como a maioria das proteínas secretadas e de membrana, são sintetizadas em ribossomas ligados à membrana no retículo endoplasmático rugoso. A proteína é translocada para o retículo endoplasmático, e as cadeias pesadas da Ig são N- glicosiladas durante o processo de translocação. A dobra apropriada das cadeias pesadas da Ig e sua montagem com as cadeias leves são reguladas por proteínas residentes no retículo endoplasmático chamadas de chaperones. Essas proteínas, que incluem a calnexina e a molécula BiP (proteína de ligação), se ligam a polipeptídios Ig recentemente sintetizados e garantem que eles sejam retidos ou alvo para a degradação, a menos que dobrem apropriadamente e se encaixem em moléculas de Ig completas. Após a montagem, as moléculas de Ig são liberadas dos chaperones, transportadas para a cisterna do complexo de Golgi em que carboidratos são modificados e, então, encaminhadas para a membrana plasmática em vesículas Anticorpos da forma membranar são ancorados na membrana plasmática, e a forma secretada é transportada para fora da célula. A maturação das células B dos progenitores da medula óssea é acompanhada por alterações específicas na expressão do gene da Ig, resultando na produção de moléculas de Ig em diferentes formas (PÁG 99) Quando linfócitos B maduros são ativados pelos antígenos e outros estímulos, as células se diferenciam em células secretoras de anticorpos. Esse processo também é acompanhado por mudanças no padrão de produção da Ig. Uma das mudanças é a produção aumentada da forma secretada de Ig em relação à forma membranar. A segunda mudança é a expressão de isotipos de cadeia pesada diferentes da IgM e IgG, chamados de troca de isotipos (ou classe) de cadeias pesadas MEIA-VIDA DOS ANTICORPOS IgE, 2 dias na circulação (ligado apresenta meia- vida longa) IgA circulante 3 dias; IgM circulante 4 dias; IgG circulante 21 a 28 dias; A longa meia-vida da IgG é atribuída à sua habilidade em se ligar a um FcR específico chamado de receptor Fc neonatal (FcRn), que também está envolvido no transporte da IgG da circulação materna através da barreira placentária, bem como na transferência de IgG materna através do intestino nos neonatos. *O FcRn não leva os IgG para os lisossomos, mas os sequestra por um período e o devolve a circulação. Esse sequestro impede a degradação do IgG o que mantem longa sua meia-vida. É qualquer substância que pode ser especificamente ligada por uma molécula de anticorpo ou receptor de célula T. Os anticorpos podem reconhecer como antígenos praticamente todos os tipos de moléculas biológicas, incluindo metabólitos simples, açúcares, lipídios, autacoides, hormônios, carboidratos complexos, fosfolipídios, ácidos nucleicos e proteínas. Embora todos os antígenos sejam reconhecidos por linfócitos específicos ou por anticorpos, somente alguns deles são capazes de ativar os linfócitos. Moléculas que estimulam as respostas imunes são chamadas de imunógenos. *O complexo hapteno-carreador, ao contrário do hapteno livre, pode agir como um imunógeno -- Polivalência/multivalência: presença de múltiplos epítopos idênticos em um antígeno. A disposição dos epítopos influencia na ligação dos anticorpos. Epítopo não sobrepostos e sobrepostos. Determinante = epítopo - Determinantes lineares: formados por diversos resíduos de aminoácidos adjacentes; - Determinantes conformacionais: resíduos de aminoácidos que não estão em sequencia; LIGAÇÃO AO ANTÍGENO -Os sítios de ligação aos antígenos de muitos anticorpos podem ser planos O reconhecimento do antígeno pelo anticorpo, envolve a formação de uma ligação não covalnete e reversível. Alta afinidade e alta avidez. RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO Os anticorpos são capazes de reconhecer especificamente uma grande variedade de antígenos com afinidades variadas. Todas as características do Características dos Antígenos 8 Thayná Campos Duarte reconhecimento do antígeno refletem as propriedades das regiões V do anticorpo. ESPECIFICIDADE: Anticorpos podem ser muito específicos para os antígenos distinguindo-os por pequenas diferenças na estrutura química. Podem distinguir epítopos lineares que diferem somente em uma única substituição aminoácido. Essa alta especificidade é importante para que os anticorpos não reajam com moléculas próprias de estrutura semelhante aos antígenos. *Reatividade cruzada: anticorpo se liga a diferentes antígenos. Podem reagir com antígenos próprios doenças autoimunes. DIVERSIDADE: Um indivíduo é capaz de sintetizar um grande número de anticorpos distintos. Anticorpos se ligam de forma específica a diferentes antígenos, formam um repertório total de anticorpos. Ocorre nos linfócitos MATURAÇÃO DE AFINIDADE: aumenta a afinidade de ligação dos anticorpos aos antígenos durante a evolução da resposta imune humoral. Durante a segunda resposta imune tem afinidade aumentada. FUNÇÕES EFETORAS: Muitas das funções efetoras das imunoglobulinas são mediadas pelas porções Fc das moléculas, e os isotipos dos anticorpos que diferem nestas regiões Fc realizam funções distintas. As funções efetoras dos anticorpos são iniciadas somente pelas moléculas de Ig que se ligaram aos antígenos e não pelas Ig livres. A razão para somente anticorpos com antígenos ligados ativarem mecanismos efetores é que duas ou mais porções Fc de anticorpos adjacentes são necessárias para se ligar e disparar vários sistemas efetores, tais como proteínas do complemento e fagócitos FcRs. Mudanças nos isotipos dos anticorpos durante as respostas imunes humorais influenciam como e onde as respostas trabalham para eliminar o antígeno. As regiões C da cadeia pesada dos anticorpos também determinam a distribuição tecidual das moléculas de anticorpo
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