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Análise do ambiente interno A maneira mais eficaz de manter sua empresa à frente da concorrência é fazer o melhor antes que o concorrente o faça. Isso implica conhecer muito bem a própria organização, suas forças e fraquezas e buscar dados que permitam atender os desejos dos clientes. A partir disso, surgem pontos que podem auxiliar a organização a evoluir, mantendo sua posição perante os concorrentes ou colocar sua empresa em uma posição melhor. Esse conceito pode ser sintetizado no pensamento de Sun Tzu (2001), em seu livro A Arte da Guerra: “Se conhecemos o inimigo (ambiente externo) e a nós mesmos (ambiente interno), não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas”. O ambiente interno é o nível de ambiente que está dentro da organização e normalmente tem implicação imediata e específica na administração da instituição (CERTO, 1993). A análise do ambiente interno é a última fase do diagnóstico estratégico, e diz respeito a fatores internos da empresa, desde sua estrutura de trabalho até os aspectos financeiros. O ato de aprender está ligado diretamente com o desempenho da organização, pois muitas soluções simples podem ser o maior diferencial que uma empresa pode ofertar em seus produtos ou serviços, e que nem sempre são enxergadas ou então são ignoradas. Talvez o maior desafio de uma organização não seja superar seus concorrentes, mas lidar com a própria organização e seu ambiente interno, pois existem muitas razões para que todas as áreas estejam integradas e focadas em um objetivo comum, mas que não geram frutos quando algumas pessoas acreditam que cada área tem uma competição com as demais e que o seu êxito, em contrapartida com o fracasso dos outros, é o principal objetivo, sem se dar conta de que está destruindo a organização aos poucos. 94 | Análise do ambiente interno Para que se obtenha eficiência e eficácia no estabelecimento das metas, é necessário que se proceda a autoavaliação. Nela, identificam-se os fatores positivos que devem ser mantidos, bem como as deficiências do sistema interno que de alguma maneira possam impedir o desempenho a contento da missão institucional. A análise interna objetiva colocar em evidência as deficiências e qualidades da empresa, ou seja, os pontos fortes e fracos que deverão ser determinados diante da posição atual de seus produtos perante o mercado de atuação. Aspectos importantes do ambiente interno de uma organização De acordo com Santos (1995, p. 152): “a análise interna equivale à avaliação do melhor posicio- namento da empresa, de maneira que se possam maximizar as potencialidades e reduzir a vulnera- bilidade frente ao ambiente, que é complexo”. Veja na figura a seguir o ambiente interno de uma organização. (C ER TO ; P ET ER , 1 99 3. A da pt ad o. ) Macroambiente Ambiente Operacional Identificação das competências da organização Análise da cadeia de valor Análise das estratégias genéricas Análise das áreas funcionais da empresa Ambiente interno Aspectos organizacionais Aspectos de marketing Aspectos de pessoal Aspectos de produção Aspectos financeiros Figura 1 – Representação do ambiente interno. 95|Análise do ambiente interno Aspectos organizacionais Dizem respeito à posição de como a empresa está estruturada, levando em consideração os sistemas de informações confiáveis, os sistemas de planejamento e a habilidade da administração. Compõem os aspectos organizacionais: rede de comunicação;:::: estrutura da organização;:::: registro dos sucessos;:::: hierarquia de objetivos;:::: política, procedimentos e regras;:::: habilidade da equipe administrativa.:::: Aspectos de marketing É a força de venda do que é produzido pela empresa (tanto atual quanto futuro), para torná-lo conhecido pelos consumidores. Também são funções do marketing: segmentação do mercado;:::: trabalhar políticas de preço;:::: formular estratégia do produto;:::: formular estratégia do preço;:::: formular estratégia da promoção;:::: formular estratégia de distribuição.:::: Aspectos de pessoal Os aspectos de pessoal estão ligados à gestão de pessoas, bem como às questões motivacionais e de comprometimento dos funcionários para com a empresa. Podem-se listar as funções dos aspectos de pessoal, como sendo: relações trabalhistas;:::: práticas de recrutamento;:::: programas de treinamento;:::: sistema de avaliação de desempenho;:::: sistema de incentivos;:::: rotatividade e absenteísmo.:::: 96 | Análise do ambiente interno Apesar de todo o avanço tecnológico e das transformações propiciadas por ele, os recursos humanos ainda são a principal fonte de sustentação das organizações, porque é a partir do conheci- mento humano que surgem todos os inventos e descobertas. Santos (1992) salienta que os recursos humanos são considerados hoje como recursos indispensáveis na estratégia de desenvolvimento da empresa. E complementa ainda que, a escola humanista1 defende a ideia de que o sucesso empresarial está ligado aos talentos que a empresa dispõe, os quais devem ser buscados no mercado de trabalho ou desenvolvidos internamente. No último caso, a empresa deverá, portanto, desenvolver o talento de seus funcionários a partir de treinamentos, aproveitando os recursos humanos já existentes, pois evitaria desperdício de recursos humanos e financeiros. (CARMO, 1999) Aspectos de produção Estão ligados com a relação de custo da produção e a utilização da tecnologia adequada, a fim de alcançar um produto ou serviço de qualidade. São componentes dos aspectos de produção: layout:::: das instalações da fábrica; pesquisa e desenvolvimento;:::: uso da tecnologia;:::: aquisição de matéria-prima;:::: controle de estoques;:::: uso de subcontratação.:::: Aspectos financeiros São os meios de que a empresa dispõe para as suas operações atuais ou futuras. Para que uma empresa possa permanecer no mercado de trabalho atuando de forma eficaz e obtendo lucros compatíveis aos investimentos realizados, ela precisa manter recursos financeiros suficientes. “Os recursos financeiros, de acordo com Santos (1992), fazem com que a empresa tenha maior ou menor flexibilidade defensiva, ou seja, capacidade interna para enfrentar riscos inesperados” (CARMO, 1999). 1 A escola humanista tem suas raízes no desenvolvimento das chamadas ciências humanas, prinicipalmente a Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin e na Filosofia Pragmática de John Dewey, que traduziram a necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano (RIBEIRO, 2007). 97|Análise do ambiente interno São aspectos financeiros: liquidez;:::: lucratividade;:::: atividades financeiras;:::: oportunidades de investimento.:::: Pontos fracos e pontos fortes Uma característica imprescindível para o bom desempenho organizacional é ter uma visão clara do seu negócio. A fim de avaliar cada componente do ambiente interno faz-se necessária a avaliação, a partir da identificação dos pontos fracos, fortes e neutros, de cada parte analisada. Pontos fracos São as características da organização que a fazem vulnerável, dadas as ameaças do meio ambiente. Pontos fracos são fatores ou características negativas de destaque, presentes na organização, que a prejudicam no cumprimento do seu propósito, merecendo, por isso, programas específicos para minorá-los ou eliminá-los. “É uma característica competitiva da empresa que a coloca em desvantagem às concorrentes” (CUNHA, 1998, p. 43). Exemplos: pessoal novo e mal treinado ou desmotivado;:::: ausência de um manual do usuário claro, do produto ou serviço;:::: falta de local adequado para estacionamento dos clientes;:::: ausência de recursos para pagamento via cartão de crédito;:::: falta de integração entre os departamentose sessões.:::: Pontos fortes Pontos fortes são características competitivas da organização. Eles servem para colocá-la em vantagem com relação ao setor ou ramo em que atua. São fatores ou características positivas de destaque, presentes na organização, que a favorecem no cumprimento do seu propósito, merecendo, por isso, serem levados em conta na construção das estratégias corporativas, competitivas e de diversificação. 98 | Análise do ambiente interno “É uma característica competitiva da empresa que a coloca em vantagem frente às concorrentes” (CUNHA, 1998, p. 43). Exemplos: marca conhecida e respeitada;:::: rede de distribuição de cobertura nacional;:::: presteza no atendimento a reclamações;:::: recursos industriais e de logística;:::: pessoal de excepcional competência e motivação.:::: Ponto neutro São fatores ou características positivas de destaque, presentes na organização, mas não em nível suficiente para contribuir efetivamente para o cumprimento do seu propósito, merecendo, por isso, programas específicos para melhorá-los. “É uma variável identificada pela empresa, mas que no momento não existem critérios de avaliação para a sua classificação como ponto forte ou fraco” (OLIVEIRA, 1993, p. 281). Exemplos: qualidade da matéria-prima utilizada é boa, porém, similar à da concorrência;:::: controle de estoques para evitar faltas;:::: clareza dos manuais e documentos para clientes;:::: iluminação e indicações visuais nas lojas;:::: formação do pessoal que lida diretamente com os clientes.:::: Dito de outra forma, os pontos fortes são as forças que facilitam o alcance dos objetivos e devem ser reforçados, os pontos fracos são as limitações e restrições que dificultam o seu alcance, e que devem ser superados. Análise das competências organizacionais A sociedade contemporânea está atravessando um período de grandes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, que resultam num processo de reestruturação produtiva. A intensa e crescente competição traz como consequência o desenvolvimento e a incorporação ao ambiente empresarial de novas tecnologias e modelos de gestão. 99|Análise do ambiente interno É um desafio às organizações desenvolver e utilizar instrumentos de gestão que lhes garantam certo nível de competitividade (atual e futuro). Elas estão percebendo que o sistema tradicional de gestão não dá mais as respostas adequadas às suas necessidades, pois não conseguem traduzir a realidade, que está cada vez mais complexa. Para buscar a excelência na produção no atual contexto socioeconômico, as organizações definem como requisito de qualidade a importância do fator humano e o desenvolvimento organizacional, já que isso é o que realmente faz diferença para a competitividade da empresa. Esse modelo de gestão atua como uma ferramenta de desenvolvimento dos saberes críticos dos seus funcionários para o sucesso de uma organização: o saber ser, conviver e agir, que resulta em atitudes desejadas, contribuindo para a formação de lideranças e para o fortalecimento da imagem organizacional. Esse novo modo de encarar o funcionamento das organizações, leva os administradores a buscarem e articularem as teorias e conceitos que fundamentam a “noção” de competência tomada ao nível organizacional. Para isso, o referencial é informado e apoia-se extensivamente nos estudos e nas reflexões teóricas proporcionadas, no âmbito dos estudos estratégicos, pela perspectiva na Visão Baseada em Recursos (VBR) e seus desdobramentos. Considerada por muitos analistas como portadora de uma concepção da empresa que rompe com as abordagens econômicas e estratégicas convencionais, a perspectiva da VBR se distingue, relati- vamente a essas abordagens, pelo fato de conferir à dimensão interna, aos recursos e às capacidades, um papel determinante no comportamento da empresa. Centrada no conceito de “competência”, essa abordagem vem se desenvolvendo com o firme propósito de constituir-se como uma referência teórica de base para o pensamento e a prática da estratégia. Vale observar que a referência original nos remete ao conceito de competências essenciais, introduzidos por Prahalad e Hamel (1998) no início dos anos 1990. Abordagem emergente e em curso dentro do pensamento estratégico contemporâneo, é considerada a etapa avançada de um desenvolvimento conceitual progressivo que, expandindo as ideias centrais da sua matriz de pensamento original a “Visão Baseada em Recursos”, e das “Capacidades Organizacionais”, legitima-se no reconhecimento que, na nova configuração das economias de mercado, as forças competitivas das empresas repousam sobre capacidades organizacionais aprendidas (CHANDLER, 2002). As noções em torno desse conceito referem-se às fontes primárias da vantagem competitiva. A imagem de uma “árvore de competência” é utilizada para desenvolver essa ideia. Nas palavras desses autores: A corporação diversificada é uma grande árvore. O tronco e os principais galhos são produtos centrais, os ramos maiores são unidades de negócio; as folhas, flores e frutos são produtos finais. O sistema de raízes que provê nutrientes, sustento e estabilidade é a competência essencial. (PRAHALAD; HAMEL, 1998, p. 236) Dessa forma, pode-se dizer que a vantagem competitiva deriva de capacidades profundamente enraizadas que estão por trás dos produtos de uma empresa. Ademais, as competências são os resultados do processo de aprendizado coletivo da organização e como tais, são “a cola que une os negócios existentes”. 100 | Análise do ambiente interno Segundo Rodríguez (2008): [...] a definição das competências necessárias a uma empresa precisa ser feita a partir do seu plano estratégico e dos fatores críticos de sucesso para que os objetivos estratégicos sejam atingidos. Por isso, é importante que a identificação das competências seja feita inicialmente no nível estratégico da organização, para depois serem desdobradas em com- petências específicas a cada nível organizacional. O processo é, portanto, top-down2. Essas competências identificadas estarão consequentemente atreladas ao sistema de avaliação de resultados e de desempenho da empresa. Ou seja, o sistema balanceado de métricas – BSC – Balanced Scorecard ou outro sistema de acompanhamento e medição de resultados que possa existir sendo, portanto, a base para a identificação das competências necessárias à organização. Competências organizacionais são processos, funções, tecnologias e pessoas que tornam possíveis a uma empresa entregar produtos e serviços com alta qualidade, com velocidade, eficiência e um serviço ao cliente de elevado nível. Como exemplos de competências organizacionais, pode-se listar: 3M:::: – conhecimentos tecnológicos de abrasivos e adesivos. 3M:::: – gestão da inovação. Hewlett-Packart:::: – velocidade de lançamento de novos produtos. Petrobras:::: – tecnologia de produção em águas profundas. Eastman-Kodak:::: – tecnologia de processamento de imagens fotográficas. Wal-Mart:::: – gestão de logística. Microsoft:::: – desenvolvimento de software. Ainda nas concepções do autor citado, as competências organizacionais estão relacionadas com a imagem da empresa perante o mercado. Sendo realizada gestão adequada dos processos, tecnologias e talentos que tem, a empresa estará desenvolvendo competências que irão fortalecer a sua imagem junto ao mercado. Sendo assim: [...] não basta que a empresa possua funcionários talentosos, é preciso que as estratégias da empresa sejam viabi- lizadas a partir do uso adequado desses talentos, com a utilização dos seus recursos tecnológicos dentro de um modelo de gestão alinhado aos objetivos estratégicos da empresa. (RODRÍGUEZ, 2008) Cadeia de valor A cadeia de valor designa uma série de atividades relacionadas e desenvolvidas pela empresa a fim de satisfazer as necessidades dos clientes, desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e venda até a fase da distribuição para o consumidor final. Cadaelo dessa cadeia de atividades está interligado. 2 Top-down é analisar uma estratégia de análise de dados desconhecidos. 101|Análise do ambiente interno A cadeia de valor interna, de acordo com Porter (1998, p. 31), “[...] desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação”. Para obter vantagem competitiva utilizando a cadeia de valor como instrumento estratégico, a empresa deve compreender toda a cadeia de valor na qual opera e dos seus principais concorrentes, buscando utilizar seus determinantes de custos, de modo que os concorrentes tenham desvantagens de qualidade e custo frente à sua liderança. Considerando-se o enfoque amplo, em Rocha (1999, p. 106-111) verifica-se que a cadeia de valor de qualquer empresa é o conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes de matérias-primas básicas, passando por fornecedores de componentes, até o produto final entregue nas mãos do consumidor. É, portanto, um enfoque externo à empresa, vendo cada uma no contexto da cadeia global de atividades geradoras de valor da qual ela é apenas uma parte, conforme se vê na figura 2. (SIQUEIRA, 2008) D is po ní ve l e m : < w w w .b b. co m .b r/ po rt al bb /p ag e2 2, 83 68 ,8 37 3, 0, 0, 1, 6. bb ?c od ig oN ot ic ia = 45 68 & co di go M en u= 38 71 >.Cadeia de valor Cadeia produtiva Recursos naturais Resíduos Cadeia de distribuição Ambiente Institucional: leis, tradição, educação, cultura etc. Ambiente organizacional: Órgãos reguladores e financiadores, governos, instituições financeiras, associações, cooperativas, sindicatos, ONGs, pesquisa, extensão etc. Comercia- lizaçãoProdução Beneficia- mento Armaze- namento Distri- buição Consumi- dor final Figura 2 – Representação da cadeia de valor. Para Siqueira (2008): [...] na terminologia cadeia de valor, é importante ressaltar que em termos competitivos, de acordo com Porter (1998, p. 34), “valor é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece”. Logo, para que uma empresa alcance e mantenha competitividade é necessário que crie valor para o cliente, ressaltando-se que esse valor deve ser reconhecido pelo comprador, caso contrário se sobressairão os custos. Existem situações em que a organização, para manter competitividade por diferenciação, precisa aumentar seus custos para criar um valor maior. Uma comparação das cadeias de valor dos concorrentes apresenta as diferenças, permitindo que a organização se decida pelo seu posicionamento estratégico utilizando-se de diferenciação ou baixo custo, dependendo do que for concluído da análise dos concorrentes. A importância de ser feita uma análise com enfoque amplo, é que permite identificar na cadeia de valor do cliente o que pode ser reestruturado para aumentar o valor oferecido. 102 | Análise do ambiente interno (P O RT ER ; M IL LA R, 1 98 5) Infraestrutura empresarial Atividades Meio Atividades Fim Gerenciamento de recursos humanos Desenvolvimento de tecnologias Aquisição de insumos Logística interna Logística externa Marketing e vendas Prestação de serviçosOperações Figura 3 – Cadeia de valor de Porter. Análise das estratégias genéricas As estratégias genéricas são métodos utilizados para superar os concorrentes em uma indústria (mercado). As empresas devem escolher uma posição dentro da estrutura da indústria, sendo que esse posi- cionamento abrange a abordagem geral da empresa para competir. O posicionamento envolve a abor- dagem total de uma empresa para competir e não apenas o seu produto ou grupo consumidor objeti- vado (PORTER, 1990). No núcleo do posicionamento está a vantagem competitiva. Há dois tipos básicos de van- tagem competitiva, que são o menor custo e a diferenciação. O menor custo é a habilidade de projetar, produzir e vender um produto comparável com mais eficiência do que seus competidores. Já a diferenciação é proporcionar ao comprador um valor excepcional e superior, em termos de qualidade, características especiais ou serviços de assistência (PORTER, 1990). A outra variável a ser considerada sobre o posicionamento é o âmbito competitivo, ou seja, a escolha sobre a variedade de produtos que serão produzidos, os canais de distribuição, os clientes que serão atendidos, as áreas geográficas que atenderá, e os concorrentes com quem a empresa irá competir. De acordo com a escolha da empresa, o âmbito competitivo poderá ter alvo amplo, no campo de toda a indústria, ou alvo limitado, apenas em um segmento particular (PORTER, 1990). Diante desse quadro, a empresa pode adotar três estratégias genéricas para enfrentar as cinco forças competitivas3 (a análise estrutural de indústrias): liderança em custo total; diferenciação e enfoque. 3 As cinco forças competitivas de Porter são: rivalidade entre os concorretentes, poder de barganha dos clientes, poder de barganha dos fornecedores, ameaça de novos entrantes e ameaça de produtos substitutos. 103|Análise do ambiente interno Liderança em custo A liderança em custo é uma estratégia que objetiva tornar uma organização mais competitiva, produzindo produtos mais baratos que os concorrentes são capazes de oferecer. De acordo com a lógica por trás dessa estratégia, ao produzir produtos mais baratos que seus concorrentes, uma organização terá condições de oferecer produtos aos clientes a preços mais baixos que eles, aumentando, assim, sua participação de mercado. Para que uma empresa obtenha liderança no custo, ela deverá definir políticas funcionais orien- tadas para esse objetivo. Essa estratégia tem como tema principal o custo baixo em relação aos concor- rentes, mas os objetivos de qualidade, assistência e outros, não podem ser esquecidos. Uma posição de baixo custo possibilita à empresa obter retornos acima da média apesar da presença das forças competitivas. Esse fator dá a ela uma defesa contra os concorrentes, pois sendo seus custos mais baixos, poderá obter retornos depois que seus concorrentes tenham consumido seus lucros na competição. Enfim, uma posição de baixo custo protege a empresa contra as cinco forças competitivas porque a negociação só pode continuar a erodir os lucros até o ponto em que os lucros do próximo concorrente mais eficiente tenham sido eliminados, e porque os concorrentes menos eficientes sofrerão ante as pressões competitivas. Riscos:: mudança tecnológica que anula o investimento ou o aprendizado anteriores;:::: aprendizado de baixo custo por novas empresas que entrem na indústria ou :::: por seguidores, por meio da imitação ou de sua capacidade de investir em instalações modernas; incapacidade de ver a mudança necessária no produto ou no marketing em :::: virtude da atenção colocada no custo; inflação em custos que estreitam a capacidade de a firma manter o diferencial :::: de preço suficiente para compensar a imagem da marca do produto em relação ao preço dos concorrentes ou outras formas de diferenciação. Diferenciação Significa diferenciar o produto ou serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja consi- derado único no âmbito de toda a indústria. Essa diferenciação ocorre de várias dimensões, mas essa estratégia não permite à empresa ignorar os custos, mesmo não sendo o alvo primário. A diferenciação, se alcançada, é uma estratégia viável para obter retornos acima da média em uma indústria, porque ela cria uma posição defensável para enfrentar as cinco forças competitivas. 104 | Análise do ambiente interno Atingir a diferenciação pode tornar impossível a obtenção de uma alta parcela do mercado. Se as atividades necessárias para criar uma diferenciação são dispendiosas, para que se atinja o objetivo será necessário um trade-off 4 com a posição de custo. Também a diferenciação pode não ser incompatível com os custos relativamente baixos e com preços comparáveis aos da concorrência,ou seja, em alguns casos, pode ser feita a diferenciação, sem que necessariamente os custos sejam elevados. Essa estratégia pode assumir alguns aspectos, entre eles pode-se destacar: Diversificação horizontal:::: – a empresa concentra o seu capital, pela compra ou associação com empresas similares. Diversificação vertical:::: – a empresa passa a produzir novo produto ou serviço, que se acha entre o seu mercado de matérias-primas e o consumidor final do produto que já se fabrica. Diversificação concêntrica:::: – diversificação da linha de produtos, com aproveitamento da mesma tecnologia ou força de vendas, oferecendo uma quantidade maior de produtos no mesmo mercado. Diversificação conglomerativa:::: – diversificação de negócios em que a empresa não aprovei- tará a mesma tecnologia ou força de vendas. Riscos:: o diferencial de custos entre os concorrentes de baixo custo e a empresa diferenciada :::: torna-se muito grande para que a diferenciação consiga manter a lealdade à marca. Os compradores sacrificam, assim, algumas das características, serviços, ou imagem da empresa diferenciada em troca de grandes economias de custos; a necessidade dos compradores em relação ao fator de diferenciação diminui. Isso pode :::: ocorrer à medida que os compradores se tornem mais sofisticados; a imitação reduz a diferenciação percebida, uma ocorrência comum quando a indústria :::: amadurece. Enfoque Estratégia genérica de enfoque dá-se em enfocar um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico. A estratégia repousa na premissa de que a empresa é capaz de atender seu alvo estratégico estreito mais efetiva ou eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla. Consequentemente, a empresa atinge a diferenciação por satisfazer melhor as necessidades de seu alvo particular, ou custos mais baixos na obtenção desse alvo, ou ambos. 4 Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situação em que existe conflito de escolha. Ele caracteriza-se em uma ação econômica que visa à solução de um problema, mas acaba acarretando outro, obrigando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço para se obter outro bem ou serviço distinto. 105|Análise do ambiente interno A estratégia de enfoque sempre implica algumas limitações na parcela total de mercado que pode ser atingida. O enfoque envolve necessariamente um trade-off entre rentabilidade e o volume de vendas. Como na estratégia de diferenciação, ela pode ou não envolver um trade-off com a posição global de custo. Riscos:: o diferencial de custos entre os concorrentes que atuam em todo o mercado e as empresas :::: que adotaram enfoques particulares amplia-se de tal modo que elimina as vantagens de custo de atender um alvo estreito ou anula a diferenciação alcançada pelo enfoque; as diferenças nos produtos ou serviços pretendidos entre o alvo estratégico e o mercado :::: como um todo se reduzem; os concorrentes encontram submercados dentro do alvo estratégico e desfocalizam a empresa :::: como estratégia de enfoque. Vantagem competitiva Menor custo Liderança de custos Enfoque nos custos Diferenciação focalizada Diferenciação  m bi to c om pe ti ti vo A lv o lim it ad o A lv o am pl o Diferenciação (P O RT ER , 1 99 1. A da pt ad o. ) Figura 4 – Estratégias genéricas e vantagem competitiva. A adoção de qualquer estratégia competitiva tem seus riscos e armadilhas. Na estratégia de custos, as principais são: a excessiva importância que se dá à fabricação; a possibilidade de acabar com qualquer chance de diferenciação; a dificuldade de estabelecer-se um critério de controle de custos; e que apareça um novo concorrente com nova tecnologia, novo processo e abocanhe parcela significativa de mercado ou o mercado passe a valorizar o produto por critérios diferentes. Na estratégia de diferenciação, as principais armadilhas são representadas pela diferenciação excessiva, pelo preço muito elevado, por um enfoque exagerado no produto e pela possibilidade de ignorar os critérios de sinalização. Na estratégia de foco, o risco é de o segmento escolhido não propiciar massa crítica que permita à empresa operar. 106 | Análise do ambiente interno Texto complementar A estratégia de negócios e as perspectivas da Hering (HSM MANAGEMENT, 2007) A Cia. Hering [...], uma das maiores empresas de varejo e design de vestuário do Brasil, divulgou seu plano estratégico para os próximos quatro anos, prevendo crescimentos médios anuais de venda de 25% para a marca Hering e de 6% para as marcas PUC e Dzarm. Esse resultado será obtido, de acordo com dados divulgados pela empresa, a partir da forte expansão do número de lojas Hering Store (151 no final de 2006 para 325 lojas em 2010); ampliação do número de pontos de vendas multimarcas; reposicionamento de preços e aumento de crédito via o lançamento do cartão co-branded Hering previsto para novembro deste ano. Esse cartão de crédito será em parceria com o banco HSBC e a financeira Losango e a meta é emitir 175 mil cartões até o final de 2008 e 970 mil até 2010. A introdução de oferta de crédito nas Hering Store é um dos pilares fundamentais de seu plano estratégico para os próximos quatro anos. Segundo a companhia, a estratégia de crescimento está fundamentada nas seguintes vanta- gens competitivas: (1) modelo de negócio diferenciado que combina eficazmente os três processos da cadeia de valor do setor de vestuário – supply chain, gestão de marca e varejo; (2) marcas fortes – o reconhecimento da marca Hering ultrapassa os 90% em todas as classes sociais; (3) canais de distribuição capilares – presença em 20 estados brasileiros e 7 países, e (4) experiência de compra diferenciada – fidelização 70% maior. Atividades 1. Qual o objetivo básico da análise do ambiente interno?
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