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PEDIATRIA GERAL A Febre Reumática é uma doença inflamatória que pode comprometer as articulações, o coração, o cérebro e a pele de crianças. É uma reação a uma infecção de garganta por uma bactéria conhecida como estreptococo. Definição Doença inflamatória que ocorre como manifestação tardia de uma faringotonsilite causada pelo estreptococo betahemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), em indivíduos geneticamente predispostos. É uma doença multissistêmica que atinge os seguintes órgãos: Coração; Articulações; SNC; Tecido celular subcutâneo e da pele. (acontecem de maneira transitória, exceto o acometimento cardíaco que é permanente) A cardite reumática é a manifestação mais frequente e importante na infância e na adolescência. É a principal causa de óbito por doença cardíaca em indivíduos menores de 40 anos nos países em desenvolvimento. Epidemiologia o É uma doença universal; o Incidência e prevalência com importantes variações entre os países: clima frio e úmido; condições socioeconômicos e ambientais desfavoráveis; desnutrição; falta de higiene; promiscuidade; ambientes fechados; conglomerados; dificuldade de acesso aos cuidados médicos; aumentam sua incidência e prevalência; o Países em desenvolvimento: incidência de 80 a cada 100 mil crianças e prevalência de 2,1 por 1000 (indivíduos com nível socioeconômico mais baixo); o 15 a 20% de todas as infecções de orofaringe; o Crianças e adultos jovens; o Rara antes dos 5 anos e após os 15 anos de idade; o Maior incidência entre os 5 e 14 anos; o Leve predomínio do sexo feminino; o Alta morbimortalidade devido das manifestações cardíacas. - Pode ser fatal na fase aguda da doença; -Cardiopatia reumática crônica cursa com deformidades das valvas cardíacas; - 8 a 10 mil cirúrgicas cardíacas, decorrentes de sequelas da febre, por ano. Etiopatogenia Etiologia Estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield; Patogenia Ainda não está totalmente esclarecida mas acredita-se que estruturas antigênicas são as proteínas M, R e T da parede celular. A M está disponível em diferentes tipos do estreptococo beta-hemolítico do grupo A. A ação antifagocítica resultante da sua ligação a imunoglobulinas; Predisposição genética (?). Teoria da reação cruzada (mimetismo molecular): após uma fase de aparente convalescença de uma faringite estreptocócica não tratada. Os produtos degradados do estreptococo com semelhança molecular com tecidos humanos. Após o reconhecimento pelo sistema imune, é ativada a resposta autoimune. Quadro Clínico o As manifestações surgem em média após um período de latência de 2 a 3 semanas do aparecimento da infecção estreptocócica da orofaringe; o Em 60% dos casos essa infecção é sintomática; o Manifestações gerais: febre, perda de apetite e adinamia; o Surto da doença tem duração de 6 a 12 semanas. Existem 4 critérios menores: febre, artralgia, aumento do espaço PR no eletrocardiograma e aumento dos reagentes de fase aguda (velocidade de hemossedimentação – VHS e proteína C reativa – PCR). A identificação de pelo menos 1 desses critérios (critérios maiores) é essencial para o diagnóstico de FR. Os 5 critérios maiores são clínicos: artrite, cardite, coreia, nódulos subcutâneos e eritema marginado. Cardite o Acometimento isolado ou associado dos 3 folhetos (pancardite); o Manifestação mais grave: valvulopatia, descompensação cardíaca ou até mesmo o óbito; o Cardite silenciosa/subclínico: ausência de sopros e alterações eletrocardiográficos, com alterações ecodiográficas; o Pericardite: menos comum. 5 a 10% dos casos; dor torácica, hipofonese de bulhas e/ou artrite pericárdico; tamponamento cardíaco é raro; o ECG e radiografia tórax podem estar alterados; o Ecocardiograma é necessário para avaliar presença de vegetação; o Endocardite é a manifestação mais frequente: assintomática ou manifestar-se por meio de sopro Febre Reumática cardíaco; sopro sistólico apical, que não apresenta variação com a posição do paciente; habitualmente é irradiado para axila e/ou dorso (insuficiência mitral); valvas mais acometidas são: mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar. Artrite o Presença de edema na articulação ou, na falta deste, pela associação de dor com limitação do movimento. o A poliartrite é a forma mais frequente e a menos específica; ocorre em 75% dos pacientes; o Poliartrite migratória: grandes articulações (joelhos, tornozelos, cotovelos e punhos); o Migratório, fugaz e autolimitado; o Possui evolução assintomática, permanecendo de 1 a 5 dias em cada articulação e a 1 a 3 semanas no total; o Desproporção entre a intensidade da dor e a presença de sinais flogísticos discretos; o Podem ocorrer quadros articulares atípicos; o Introdução precoce de anti-inflamatórios não hormonais pode promover a interrupção. Coreia de Syndenham o 1 a 6 meses após faringoamigdalite; o Surto dura de 2 a 3 meses; o Geralmente uma manifestação isolada (tardia); o Precedida por labilidade emocional (irritabilidade e choro fácil), a fraqueza muscular e os distúrbios de compartimento; o Síndrome hipotônica e hipercinética: movimentos involuntários, rápidos, arrítmicos e coordenados; hipotonia muscular; quedas frequentes; Disartria; dificuldade de concentração e de escrita; voz arrastada; o Podem comprometer apenas um lado do corpo, entretanto, são geralmente bilaterais; o Acentuam-se com o estímulo sonoro ou visual e desaparecem durante o sono; o Autolimitada, não deixa sequelas. Alterações Cutâneas o Eritema marginado; o Nódulos subcutâneos: São estruturas arredondadas, de consistência firme, indolores, de distribuição simétrica, em diferentes tamanhos (0,5 a 2 cm) e em número variável, podendo chegar a dezenas. o São manifestações raras, autolimitadas e associadas aos quadros de cardite grave. Diagnóstico É baseado nos critérios de Jones. Para população de baixo risco Populações com médio/alto risco de FR. Exames subsidiários o Não existem teste laboratoriais patognomônico; o Caracterização do processo inflamatório e na comprovação da infecção estreptocócica; o Hemograma: leucocitose com neutrofilia, anemia de leve a moderada; o Provas de atividade inflamatória: sempre alteradas na fase aguda: VHS: eleva-se já nas primeiras semanas da doença; PCR: eleva-se precocemente e tende a desaparecer no final da 2ª doença ou 3ª semana; Alfa-1-glicoproteína ácida e alfa-2-globulina: elevam- se na fase aguda da doença e mantêmse elevadas por tempo mais prolongado – monitorar a atividade da FR. o Testes rápidos para detecção do estreptococo (streptest): especificidade de 95%, sensibilidade 80%; o Asilo → aproximadamente 20% não apresentar elevação – determinação seriada, com intervalo de 15 dias → detectar a elevação dos seus títulos em resposta à infecção; o Anticorpos para hialuronidase, desoxirribonuclease B e/ou estreptocinase → alto custo. Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Profilaxia Tratamento da faringite o Reduzir a exposição antigênica do paciente ao estreptococo; o Impedir a propagação de cepas reumatogênicas; o Prevenir complicações agudas; o Tratamento adequado → Penicilina G Benzatina; o Escore Centor Modificado: indicar tratamento sempre que somar 3 ou 4 pontos; 2 pontos → realização do teste rápido; médio e alto risco. Tratamento o Quatro objetivos específicos: Erradicação do estreptococo: penicilina G Benzatina (600 mil a 1.200.000) em dose única. Amoxicilina, penicilina V e ampicilina: resultados menos satisfatórios; Pacientes alérgicos à penicilina → eritromicina, azitromicina ou clindamicina. Controle dos fenômenos inflamatórios cicatriciais; Controle sintomático; Tratamento das demais complicações (cardite, poliartrite e coreia) Profilaxia secundaria o Evitar novos surtos; o Penicilina G Benzatina a cada 21 dias: Até 21 anos de idade ou até cinco anos após o último surto → sem doença cardíaca; Até 25 anos ou 10 anos após o último surto → cardite prévia, insuficiência mitral residual ou resolução da lesão valvar; Até a quarta década de vida ou por toda a vida → lesão valvar residual moderada a severa a profilaxia será mantida. Sulfadiazina → pacientes alérgicos; Alergia à penicilina e à sulfadiazina → eritromicina Duração da profilaxia secundária com penicilina benzatina.
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