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Bioquímica Metabolismo lipídico • ANALITOS Analitos são elementos constituintes do organismo identificáveis, qualificáveis ou quantifi- cáveis e demonstram equilíbrio fisiológico, constância biológica e características singulares. • METABOLISMO Os lipídios possuem estrutura molecular complexa, sendo a associação de um ácido graxo (10 átomos de C) com um álcool (geralmente glicerol). São compostos orgânicos insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos (benzeno, éter, clorofórmio), portanto transportados pela adsorção. São formados basicamente por triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos. Hor- mônios e vitaminas podem ter natureza lipídica (esteroides e as vitaminas lipossolúveis ADEK). • FUNÇÕES LIPÍDICAS Existem várias funções relacionadas aos lipídios: 1) Plástica: estética, forma do corpo; 2) Energia de reserva; 3) Componente da biomembrana (bicamada lipídica); 4) Veículo para absorção de vitaminas; 5) Substrato para mediadores celulares e hormônios esteroides. • COLESTEROL É o componente estrutural de membranas celulares, hormônios, vitamina D e sais biliares. Com relação à produção, 70% é produzido internamente e 30% é proveniente da dieta. Quando em altos níveis, tem a tendência de se depositar nas paredes vasculares • TRIGLICERÍDEOS Sofrem ação da lipase dos adipócitos e são liberados ácidos graxos (fonte energética) e glycerol. Envolvidos na utilização de energia pelo tecido muscular. • DIGESTÃO 1) Estômago: pouca atuação do suco gástrico; 2) Pâncreas: lipases desdobram os triglicerídeos em glicerol, di e monoglicerídios, sais de ácidos graxos (oleico, esteárico e palmítico) e ácidos graxos livres; 3) Fígado: responsável pela emulsificação; 4) Intestino: absorção, sobretudo por hidrólise. Alguns lipídeos podem ser absorvidos com a molécula intacta (fosfolipídios). • RELAÇÃO COM OUTROS ANALITOS 1) Lipídios se agregam às proteínas Propriedades de síntese e ação conjunta: - Lipídios Compostos: Associação ácido graxo, glicerol e outra substância. Os mais impor- tantes são os fosfolipídios, componentes das membranas celulares, que também apresen- tam o radical fosfato. - Lipídios Derivados: Destacam-se os esteroides. Sendo o mais importante. o colesterol, componente da membrana plasmática das células animais e precursor dos hormônios corti- coides das glândulas suprarrenais e sexuais, como a testosterona e a progesterona. - Lipoproteínas: Agregado molecular de lipídios e proteínas com funções diferenciadas e fundamentais Adsorção Após a absorção intestinal, principalmente por hidrólise, o lipídeo ganha a circulação. A par- tir desse momento, as partículas lipídicas insolúveis e grandes sofrem o processo de protei- nização por diferenças de cargas elétricas, no qual as proteínas envolvem os lipídeos (trigli- cerol, fosfolipídeo, triglicerídeo) criando verdadeiros envelopes de maneira que se forma um núcleo hidrofóbico e uma camada externa hidrofílica (polar), formando as lipoproteínas (quilomícrons, VLDL, LDL, HDL). As principais proteínas envolvidas são as apoproteínas. Em seguida, essas moléculas lipídicas, ainda grandes, precisam ter o tamanho reduzido pa- ra conseguirem entrar nas células. Dessa forma, as enzimas proteína-lipases fracionam es- sas partículas, diminuindo seus tamanhos. Após o fracionamento, esses elementos circulam no plasma até acoplarem em alguma célula via apoproteína. Esse processo é chamado ad- sorção. Esse processo é um grande exemplo de relação analito-analito em nosso organis- mo, visto que é a interação entre diferentes biomarcadores formando outro analito. 2) Lipoproteínas São responsáveis pelo transporte dos lipídeos; conjugação (permite hidrossolubilidade com camada externa hidrofílica e core hidrofóbico); síntese hepática e intestinal (delgado). Os ésteres são compostos insolúveis em água. Lipídios são ésteres de ácidos graxos e ál- coois. - Diferenças: A) Tamanho; B) Propriedades de flutuação em um gradiente de densidade; C) Composição D) Relação lipídios-proteínas; E) Proporção de triglicerídeos ou ésteres de colesterol (reação de esterificação) no núcleo; F) Apoproteínas; G) Eletroforese (mobilidade). - Tamanho e composição Como essas lipoproteínas são fracionadas pelas lipases, perdem elementos e formam dife- rentes partículas de tamanho esférico (massa molecular, diâmetro) variável (quilomícron, VLDL, LDL, HDL). Estrutura macromolecular complexa composta por envelope de fosfolipídios e colesterol, um núcleo de triglicerídeos ou ésteres de colesterol e uma molécula proteica (apolipoprote- ína) - Densidade Quanto maior a massa, menor a densidade, portanto o HDL tem maior densidade (bom co- lesterol), enquanto os quilomícrons (são formados logo após o consumo de lipídeos e não podem ser aproveitados pelo organismo, precisam ser quebrados) tem menor densidade. - Propriedades Específicas A) Quilomícrons: Transportam cerca de 60% das gorduras alimentares (triglicerídeos exó- genos) e o colesterol para os músculos e outros tecidos. B) VLDL (Pré-Betalipoproteínas) e IDL: Transportam triglicerídeos e colesterol endógenos do fígado para tecidos. A medida que VLDL perde triglicerídeos e coleta colesterol, se transforma em LDL. C) LDL (Betalipoproteínas): Transportam do fígado para os tecidos, cerca de 70% de todo o colesterol circulante. Partícula pequenas, ligam-se às membranas endoteliais. São lipo- proteínas responsáveis pela aterosclerose - deposição de placas lipídicas (ateromas) nas paredes das artérias. Níveis elevados revelam probabilidade ou alto risco para doenças car- diovasculares. D) HDL (Alfaliproteínas): Fosfolipídios e transporte reverso do colesterol endógeno de vol- ta para fígado, promovendo a "limpeza das artérias". Níveis elevados estão associados com baixos índices de doenças cardiovasculares. Propriedades: antiaterogênica, antioxidante, antitrombótica e normalizadora da função endotelial. • LIPEMIA A lipemia reflete a concentração de lipídios no sangue. A dislipidemia se caracteriza pela alteração dos níveis de lipídios no sangue. Algumas ve- zes, é sinônimo de hiperlipidemia (hiperlipemia) - alterações metabólicas caracterizadas pelo aumento dos níveis de lipídeos no sangue. Podem gerar defeitos no metabolismo das lipoproteínas: aumento da secreção hepática ou redução do seu catabolismo. Classificação quanto à origem: 1) Primária (genética/ambiental) - Ingesta alimentar excessiva; - Hipercolesterolemia familiar (poligênica): defeito ou ausência dos receptores de LDL, le- vando à incapacidade de metabolizar partículas de LDL, gerando seu acúmulo. - Deficiência familiar em apoproteína B100; Hipertrigliceridemia familiar (tendência a acu- mular lipídeos); Deficiência familiar da lipoproteína lipase; Deficiência familiar em apoprote- ína CII; Disbetalipoproteinemia (aumento dos LDL) 2) Secundária (adiquiridas/doenças) - Por aumento do colesterol: - Hipotireoidismo: Aumento do LDL com decréscimo de receptores hepáticos por menor concentração hormonal. Maior causa secundária de hiperlipidemia (TG+COL) - Hipercolesterolemia: Aumento do LDL com decréscimo de receptores hepáticos (que se acoplam às apoproteínas) por menor concentração hormonal. - Hipertrigliceridemia: Diminuição da atividade das enzimas lipases, principalmente no te- cido adiposo. - Síndrome Nefrótica: Aumento da produção de lipoproteínas pelo fígado em resposta à queda dos níveis de proteínas no sangue (pela proteinúria). - Hepatopatia Obstrutiva: Obstrução canalicular, produção e acúmulo de lipoproteínas - Porfiria (alteração no metabolismo do heme): Uremia - resistência à insulina, que pro- move o aumento do estresse oxidativo e alterações na estrutura e na função das apolipo- proteínas. - Anorexia Nervosa: Redução dos níveis de T3 (triiodotironina) e proteína carreadora de colesterol e/ou da diminuição da excreção fecal ácidos biliares e cholesterol. 3) Poraumento de triglicerídeos - Diabetes Mellitus: Resistência ou deficiência insulínica inibe a lipase lipoproteica nos músculos e tecido adiposo, promovendo o aumento do fluxo de ácidos graxos para o fígado e também VLDL. - Alcoolismo: No metabolismo do álcool, ocorre a inibição da oxidação de ácidos graxos no fígado. - Obesidade: Distúrbio metabólico – Dislipidemia é uma comorbidade. Esse fator não entra como primária por ingesta alimentar, pois a obesidade é uma síndrome metabólica. Princi- pal causa de dislipidemia secundária por aumento de triglicerídeos. - Stress: aumento do cortisol promove hiperglicemia e descontrole metabólico consequen- te. - Gravidez: É esperado o aumento do colesterol em cerca de 50% e triplicação dos triglice- rídeos – reserva energética - AIDS/Lipodistrofia: Dislipidemias com ou sem tratamento. Diminuição da atividade da lipase lipoproteica com acúmulo de VLDL/quilomícrons, e diminuição da lipase hepática com aumento de colesterol. - Coexistente ou mista (familiar/alcoolismo) - Hipertrigliceridemia - Hipercolesterolemia - Hiperlipoproteinemia Raramente causam sintomatologia clínica (doença insidiosa) e requerem exames laborato- riais para sua detecção. É muito comum achados radiológicos de esteatose hepática ou cál- culos de colesterol na vesícula em pacientes sem sintomatologia. • PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apenas em indivíduos com hipertrigliceridemia muito alta que se desenvolvem xantomas. - Hipolipidemias: Normalmente, o organismo compensa, porém pode ocorrer em síndro- mes consuptivas, distúrbios nutricionais, anemias graves e infecções graves. São situações raras, visto que existe o mecanismo de compensação e a reposição habitual pelo paciente. • PERFIL LIPÍDICO Se refere à dosagem dos principais tipos de gorduras plasmáticas: triglicerídeos, colesterol total, HDL e LDL. Algumas bibliografias chamam lipidograma apenas os níveis de colesterol total, e quando se faz a dosagem de todos os tipos, se chama perfil lipídico. Deve ocorrer dieta habitual assegurando 12 horas de jejum, antes da coleta (fator de inter- ferência). É um exame complementar laboratorial de fundamental importância para o diag- nóstico e acompanhamento das hiperlipidemias. No geral, um distúrbio lipídico pode ser diagnosticado pela dosagem de: Colesterol total e Triglicerídeos. Se ambos os valores estiverem nos limites de normalidade, não é necessário fazer a investigação com o perfil lipídico completo. Se um ou os dois valores estiverem fora dos limites da normalidade é necessária a investigação do perfil lipídico fracionado. A maior causa primária de aumento do colesterol e triglicerídeos é a ingesta alimentar ex- cessiva, já a secundária é o hipotireoidismo. A hipercolesterolemia de origem exógena (aumento de ingesta) tem menor importância que a de caráter familiar, decorrente do aumento de produção, visto que esta última é muito mais difícil de tratar. Níveis de colesterol muito altos em pacientes jovens com causa secundária afastada, suge- re hipercolesterolemia familiar. O parâmetro metabólico de maior significado para o aumento do risco de aterosclerose precoce é a elevação do colesterol total (CT). A prevalência de cardiopatia isquêmica é inversamente proporcional à concentração plas- mática de lipoproteínas de alta densidade (HDL). - Qual a importância do controle do perfil lipídico ao nível de população? O controle das dislipidemias é importante por sua relação com doenças cardio- vasculares (doença aterosclerótica coronariana, acidente vascular cerebral, in- farto agudo do miocárdio em jovens), pois levam à mortalidade e incapacidade, além de altos custos para a assistência pública.
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