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O câncer: A palavra câncer vem do grego karkinos (caranguejo) e foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina, que viveu entre 460 e 377 a.C. O câncer não é uma doença nova. O fato de ter sido detectado em múmias egípcias, comprova que ele já comprometia o homem há mais de 3 mil anos antes de Cristo. Atualmente, câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o crescimento desordenado de células, que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos. O câncer surge de uma célula, que antes era saudável e que por processo de ligação congêne, que já há uma predisposição para o câncer, com algum fator ambiental, e a combinação dispara o gatilho para a transformação da célula, que começa a ter informação danificada, tendo daí em diante o crescimento, dependendo do tipo da neoplasia (maligna ou benigna) – a neoplasia maligna cresce desordenadamente. epidemiologia do câncer: A mais recente estimativa mundial, ano 2018, aponta que ocorreram no mundo 18 milhões de casos novos de câncer (17 milhões sem contar os casos de câncer de pele não melanoma) e 9,6 milhões de óbitos (9,5 milhões excluindo os cânceres de pele não melanoma). O câncer de pulmão é o mais incidente no mundo (2,1 milhões) seguido pelo câncer de mama (2,1 milhões), cólon e reto (1,8 milhão) e próstata (1,3 milhão). A incidência em homens (9,5 milhões) representa 53% dos casos novos, sendo um pouco maior do que nas mulheres, com 8,6 milhões (47%) de casos novos. Os tipos de câncer mais frequentes nos homens foram o câncer de pulmão (14,5%), próstata (13,5%), cólon e reto (10,9%), estômago (7,2%) e fígado (6,3%). Nas mulheres, as maiores incidências foram câncer de mama (24,2%), cólon e reto (9,5%), pulmão (8,4%) e colo do útero (6,6%) Referência: BRAY et al., 2018. Para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR: NEOPLASIAS ocorrerão 623 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma). O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DOS DEZ TIPOS DE CÂNCER MAIS INCIDENTES ESTIMADOS PARA 2020 POR SEXO, EXCETO PELE NÃO MELANOMA: nomenclatura: Oncologia ciência que destina ao estudo de tumores ou neoplasmas. Neoplasia palavra derivada do grego “neo” + “plasis” = neoformação. Câncer termo científico comum para todos os tumores ou neoplasmas malignos. a formação do câncer: Uma célula normal pode sofrer uma mutação genética, ou seja, alterações no DNA dos genes – isso quer dizer que quando a célula crescer, o código genético estará alterado, o que faz com que algumas funções, que normalmente a célula tinha, saia comd defeito, e isso pode ser herdado para as próximas camadas de células que vão crescendo, uma vez que quando se dividem, já é com a nova mutação ou com mutações sucessivas. Independentemente da exposição a agentes cancerígenos ou carcinógenos, as células sofrem processos de mutação espontânea, que não alteram seu desenvolvimento normal. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes (gene que sofre mutação e está mais propenso a desenvolver a neoplasia), que, a princípio, são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes transformam-se em oncogenes – responsáveis pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas. As mutações podem ocorrer de maneira sucessiva: oncogênese: O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo é composto por três estágios: Estágio de iniciação – os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos ex: aumento de exposição solar ou outro tipo de radiação, fumo, álcool. Estágio de promoção – os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada o gene com defeito já foi passado para as outras células e começa a se multiplicar e alterar o crescimento do tecido. Estágio de progressão – caracterizado pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. características das neoplasias: Progressividade crescimento tecidual excessivo, incoordenado e progressivo – rapidamente. Independência ausência da resposta aos mecanismos de controle. Autonomia de crescimento – a partir do momento em que houve a alteração do DNA celular, não há mais a necessidade de outro contato com o fator ambiental causador, uma vez que essa alteração já é o bastante para progredir para as outras células (p. ex.: uma pessoa que fumou por 5 anos e descobriu uma mancha no pulmão através de um raio-x realizado, e por conta disso deixa de fumar, porém essa mancha não irá desaparecer ou deixar de crescer por essa atitude). Irreversibilidade ausência de dependência da continuidade do estímulo – depois que há a alteração, não há como reverter, a não ser pelo uso de quimioterápicos ou realização de quimioterapias, que tem por finalidade “matar” as células doente – a célula em si não tem como voltar a ser o que era antes quando inicia o processo neoplásico. classificação e nomenclatura: Baseia-se em três fatores de classificação: NO COMPORTAMENTO: Benigno Maligno ORIGEM: Epitelial Mensequimal Embrionário Um tumor é classificado como benigno quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes. Implica que permanecerá localizado, não podendo espalhar-se para outros locais, é passível de remoção cirúrgica. Bom prognóstico – estimativa do comportamento posteriormente –, ou seja, uma boa chance do indivíduo ficar bem, sem complicações, boa chance de cura. Tumores malignos são genericamente chamados de cânceres. O termo indica que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e espalhar-se para locais distantes (metástase). Nem sempre o câncer percorre caminho tão devastador, alguns são menos agressivos e tratados com sucesso, mas a designação maligna é um alerta. NEOPLASIA BENIGNA vs MALIGNA: TUMOR BENIGNO TUMOR MALIGNO Formado por células bem diferenciadas (semelhantes às do tecido normal); estrutura típica do tecido de origem Formado por células anaplásicas (diferentes das do tecido normal); atípico; falta diferenciação Crescimento progressivo; pode regredir; mitoses normais e raras Crescimento rápido; mitoses anormais e numerosas Massa bem delimitada, expansiva; não invade nem infiltra tecidos adjacentes Massa pouco delimitada, localmente invasivo; infiltra tecidos adjacentes Não ocorre metástase Metástase frequentemente presente TUMORES BORDELINE: Os potencialmente malignos ou de malignidade duvidosa, cuja classificação é muito difícil, pois trata-se de tumores com características benignas e malignas simultaneamente. a nomenclatura dos tumores: A nomenclatura dos diferentes tipos de câncer está relacionada ao tipo de célula que deu origem ao tumor. Como o corpo humano possui diferentes tipos de células que formam os tecidos, o nome dado aos tumores depende do tipo de tecido que lhes deu origem. Nos tumores benignos, a regra é acrescentar o sufixo –oma (tumor) ao termo que designa o tecido que os originou. Exemplos: Tumor benigno do tecido cartilaginoso = condroma. Tumor benigno do tecido gorduroso = lipoma. Tumor benigno do tecido glandular = adenoma. Nos tumores malignos,considera-se a origem embrionária dos tecidos de que deriva o tumor: Tumores malignos originados dos epitélios de revestimento externo e interno são denominados carcinomas. Tumores malignos originados dos epitélio de origem glandular, passam a ser chamados adenocarcinomas. Exemplos: carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular, carcinoma sebáceo. Tumores malignos originados dos tecidos conjuntivos (mesenquimais) têm o acréscimo de sarcoma ao final do termo que corresponde ao tecido. Vale lembrar que a partir do mesênquima, passam a se formar todos os tecidos conjuntivos (conectivo, adiposo, cartilaginoso, ósseo e hematopoiético), bem como os tecidos musculares. Exemplo: tumor do tecido ósseo – osteossarcoma. Geralmente, além do tipo histológico, acrescenta-se a topografia. Por exemplo: Adenocarcinoma de pulmão Adenocarcinoma de pâncreas Osteossarcoma de fêmur AS EXCEÇÕES À NOMENCLATURA: Em medicina, é comum utilizar os termos “Hepatoma”, “Linfoma” e “Melanoma” como designações correntes para neoplasias malignas, ainda que pelo sufixo empregado possa parecer se tratar de neoplasias benignas (oma). A nomenclatura dos tumores pode ser feita também das seguintes formas: Utilizando o nome dos cientistas que os descreveram pela primeira vez (ou porque sua origem celular demorou a ser esclarecida, ou porque os nomes ficaram consagrados pelo uso). Exemplos: linfoma de Burkit, sarcoma de Kaposi e tumor de Wilms. Utilizando nomes sem citar que são tumores, como por exemplo: doença de Hodgkin; mola Hidatforme e micose fungoide. Embora os nomes não sugiram sequer neoplasia, trata-se de tumores do sistema linfático, de tecido placentário e da pele, respectivamente. NEOPLASIAS EMBRIONÁRIAS: As neoplasias de origem embrionária podem ser classificadas em: Teratomas – originam-se de células germinativas totipotentes (capacidade de se diferenciar em qualquer tipo celular do corpo adulto). Mixomas – são neoplasias oriundas de tecido mixomatoso totalmente indiferenciado compatíveis com o tecido germinativo embrionário. Blastomas – mais comum em crianças, formado a partir de células precursoras, imaturas e indiferenciadas chamadas (blastocistos) nefroblastomas, retinoblastomas. São caracterizadas pelas grandes deformações existentes: Unhas Cabelos Dentes Músculos Glândulas DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA: Anaplasia significa dizer “falta de diferenciação”. Diferenciação refere-se ao grau de semelhança morfológica e funcional que a célula tumoral tem com as células normais, de origem. Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas, bastante semelhantes às células normais do mesmo tecido. Neoplasias malignas são caracterizadas por uma grande variedade no grau de diferenciação. Podem ser compostos desde células bem diferenciadas até células completamente indiferenciadas. Quanto melhor a diferenciação, mais preservadas estarão as funções de uma célula normal exercidas pela célula neoplásica. Neoplasias malignas compostas por células indiferenciadas são chamadas de anaplásicas – tecido está crescendo rápido, que não dá tempo nem de se diferenciar, tendo um potencial de letalidade muito grande. TAXA DE CRESCIMENTO: A maioria dos tumores benignos cresce mais lentamente em comparação com os tumores malignos. A taxa de crescimento afeta diretamente o grau de diferenciação. Tumores mal diferenciados tendem a crescer mais rapidamente que tumores bem diferenciados. Há ampla variação na taxa de crescimento. INVASÃO LOCAL: Neoplasias benignas permanecem em seu local de origem. Não tendo capacidade de se infiltrar, invadir ou gerar metástase. Devido ao crescimento lento, alguns formam uma “cápsula” que os separam do tecido normal do hospedeiro. Cânceres (neoplasias malignas) crescem por infiltração progressiva, invasão, destruição e penetração do tecido circundante. Não desenvolvem cápsula bem definida. câncer in situ e câncer invasivo: O câncer não invasivo ou carcinoma in situ é o primeiro estágio em que o câncer pode ser classificado (essa classificação não se aplica aos cânceres do sistema sanguíneo). No câncer invasivo, as células cancerosas invadem outras camadas celulares do órgão, ganham a corrente sanguínea ou linfática e têm a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo. METÁSTASE: O termo significa o desenvolvimento de implantes secundários em tecidos descontínuos e distantes dos de origem. Nem todos os cânceres têm capacidade equivalente de se metastatizar. VIAS DE DISSEMINAÇÃO: Implante direto nas cavidades corporais ou nas superfícies: comprometimento do tecido por continuidade (como um tecido está muito próximo do outro, as células cancerosas passam por eles) – na maioria das vezes, ocorre na cavidade peritoneal. Podendo ocorrer em outras cavidades: pleural, pericárdica, subaracnóide e espaço articular. Disseminação linfática: mais comuns – carcinomas e sarcomas. Disseminação hematogênica: toda área de drenagem porta flui para o fígado e todo sangue da cava flui para os pulmões. comparação de características tumor benigno e maligno do miométrio:
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