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Unidade 3 Editando Vídeos Sistemas e multimídia Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JÉSSICA LAISA DIAS DA SILVA MARCELO DALSOCHIO DIPP AUTORIA Jéssica Laisa Dias da Silva Olá, eu sou a Jéssica. Completei minha graduação em Sistemas de Informação e meu mestrado em Sistemas e Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tenho experiência em Informática na área de Educação, com ênfase em Mineração de Dados Educacionais, e atuo estimulando jovens e crianças a estudarem programação. Atualmente, realizo pesquisas de disseminação do pensamento computacional, além de trabalhos voltados ao universo dos jogos digitais inseridos no contexto educacional buscando incentivar jovens e professores. As áreas de interesse de estudo são: Educação, Engenharia de Software, Mineração de Dados, Pensamento Computacional, Jogos Digitais Educativos e Gerenciamento de Projetos. Marcelo Dalsochio Dipp Olá. Meu nome é Marcelo Dalsochio Dipp. Sou Técnico de Redes de Dados e Técnico em Informática pelo Centro de Treinamento Tecnológico (CTT) Maxwell, graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), onde atualmente curso minha segunda graduação, de Licenciatura em Matemática. Além disso, tenho certificação em Information Technology Infrastructure Library (ITIL) e experiência de 25 anos como técnico-profissional na área de Tecnologia. Trabalhei em empresas como TIM, Spread, Sonda do Brasil, SENAC, Instituto Federal do Sul do Brasil, Alcides Maya, entre outras, e ministro aulas há 7 anos. Escrevi o livro Guia Básico de Informática para Iniciantes e estou desenvolvendo o segundo: Introdução às Redes de Comunicações de Dados. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão no início da profissão. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz por poder ajudar você nessa fase de muito estudo e trabalho. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO O que é vídeo? ...............................................................................................12 História do movimento registrado ...................................................................................... 12 Cinema preto e branco e mudo ........................................................................ 13 Cinema com som ......................................................................................................... 14 Cinema colorido ............................................................................................................ 15 Do cinema para a televisão .................................................................................. 16 Animações ............................................................................................................................................ 17 Roteiro ..................................................................................................................................................... 19 Time line ou linha temporal .................................................................... 22 O que é time line ..............................................................................................................................22 Vinculando um roteiro à time line ........................................................................................23 O que são reels..................................................................................................................................23 Versões de reels ...........................................................................................................25 Dailies .......................................................................................................................................................25 Eventos na time line .......................................................................................................................26 Filler ...........................................................................................................................................................26 Edições básicas em vídeos ..................................................................... 28 Conceito de edições .....................................................................................................................28 Edições de vídeo .............................................................................................................................28 Primeiras edições .........................................................................................................28 Edições em VHS ...........................................................................................................29 Edições digitais .............................................................................................................. 31 Interface de edição ........................................................................................................................ 31 O que são camadas....................................................................................................32 Ferramentas básicas .....................................................................................................................33 Ferramentas de texto ................................................................................................34 Aplicando efeitos básicos em vídeos ................................................ 36 O que é VFX, SFX e CGI ............................................................................................................ 36 Efeitos Especiais (SFX) .............................................................................................37 Imagens Geradas por Computador (CGI) .................................................. 39 Efeitos Visuais (VFX) .................................................................................................. 39 Principais Efeitos ............................................................................................................................. 40 Chroma key ...................................................................................................................... 40 Efeito das roupas pulando sobre a pessoa ............................................... 41 Transições ..........................................................................................................................42 9 UNIDADE 03 Sistemas e multimídia 10 INTRODUÇÃO Olá! Vamos embarcar em mais uma etapa de bastante conhecimento? Em um mundo onde tudo é possível e imaginável?Onde o final pode se tornar início, e o início, um final? Consegue imaginar o que vamos estudar aqui? Aliás, você costuma usar a imaginação para realizar suas criações? Dessa vez, vamos falar sobre o cinema e sua história, sobre a evolução do preto e branco, sobre os filmes digitais e sobre uma apresentação televisiva. Entraremos no universo de animações e de roteiros. Você vai descobrir o que é e para que serve uma time line e aprender a realizar edições básicas, além de conhecer os conceitos de efeitos especiais. Também vou tratar dos temas dublagem e transições de cenas. Empolgado para saber mais sobre o mundo das imagens em movimento? Vamos lá! Sistemas e multimídia 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais: 1. Saber o que é e como surgiu o cinema. 2. Entender o que é e a importância de uma time line. 3. Conseguir realizar edições básicas. 4. Conhecer e aplicar efeitos simples nas edições. A nova fase desse divertido jogo dos áudios está começando. Você está pronto? Mãos à obra! Sempre peça ajuda ao professor quando estiver com dúvidas. Sistemas e multimídia 12 O que é vídeo? INTRODUÇÃO: Nesta primeira unidade, você aprender o que é o cinema, conhecer sua história, passar do mundo dos filmes preto e branco até os filmes totalmente digitais e com cores puras. Além disso, entenderá a diferença entre filmagens e animações e a importância de se ter um roteiro bem feito para os filmes. História do movimento registrado A ideia de registrar o movimento não é algo tão moderno (de 1900 até os dias atuais), pelo contrário: é muito mais antigo, do tempo dos primitivos homens das cavernas. Naquela época eles tinham muita vontade de registrar seus eventos, então, faziam isso por meio de pinturas nas paredes. Dizia-se, que enquanto os homens saíam para caçar, as mulheres cuidavam dos filhos e da caverna, onde moravam, e, para poder ficar de olho nas crianças e na caverna, assistiam a “filmes”, isto é, as sombras do que ocorria fora da caverna projetada ao fundo dela. Logo, elas sabiam se quem estava na porta da caverna era animal ou um ser humano. Observe a imagem abaixo. Figura 1 - Sombra na entrada de caverna Fonte: Pixabay Sistemas e multimídia 13 Obviamente, com o passar do tempo a humanidade sentiu necessidade de registrar seus momentos, então criam as câmeras fotográficas, mas que registravam somente imagens estáticas, o que muitas vezes não expressava a real noção do sentimento que desejava ser passado. Os primeiros a registrarem (reproduzirem, na verdade) imagens em movimento foram os irmãos Louis e Auguste Lumière, ambos engenheiros e filhos de Antoine Lumière (dono da fábrica de películas de fotos Usine Lumière, localizada na cidade francesa de Lyon). Os irmãos tinham a patente de uma máquina de filmar e de projetar, e acreditavam que ela era destinada somente a pesquisas científicas. Mesmo assim, passaram a se dedicar às atividades cinematográficas. Eles gravaram alguns documentários para promover e vender aquela máquina. No dia 28 de dezembro de 1895, os irmãos projetaram o primeiro filme de todos os tempos, o Arrivée d’um train em gare à La Ciotat (A chegada de um trem à estação da Ciotat). O filme teve duração de pouco menos de 60 segundos, mas o suficiente para que as pessoas que olhavam aquele trem chegando fugissem da sala com medo de serem atropeladas. ACESSE: Se você ficou curioso para ver o primeiro filme dos irmãos Lumière, acesse o vídeo clicando aqui. Os cinemas antigos não tinham som, então, precisavam contratar um pianista para tocar música durante a execução do filme. Cinema preto e branco e mudo Com a indústria do cinema aberta pelos irmãos Lumière, outros grandes nomes foram aparecendo, como o de Georges Méliès (considerado o pai do cinema de ficção e dos efeitos especiais, abordado posteriormente). Além dele e dos irmãos, temos Charles Pathé, Griffith, Edison e Porter, e companhias como Universal, Mutual, Keystone, Paramount, United Artists, Columbia e Chaplin. Sistemas e multimídia https://www.youtube.com/watch?v=VScyygFlqg8 14 Nessa fase do cinema, todos os filmes eram mudos e sem cor (não se tinha tecnologia suficiente para gravar o som e colorir as películas – sonho de todos os diretores dos primeiros anos de cinema). Os filmes inicialmente produzidos pelos Lumière tinham como característica câmeras fixas, posicionadas em um único ponto e só registrando o que ocorria à sua frente. Porém, ao colocarem um de seus cinematógrafos em uma gôndola de Veneza, o mundo dos filmes passou a ganhar novas perspectivas, criando não só o movimento dos atores, mas também o da câmera. Um dos últimos grandes diretores, atores e produtores do cinema mudo foi Sir Charles Chaplin, que deixou para o mundo o inesquecível Carlitos, personagem de seus filmes que utilizava uma bengala e tinha um andar estranho. VOCÊ SABIA? Charles Chaplin era extremamente perfeccionista e refazia suas cenas centenas de vezes se necessário, ou quando tinha que dar instruções aos atores ele representava para mostrar como queria. Em 1972, ganhou um Oscar e em 1975, foi condecorado pela Rainha Elizabeth II com o título de Sir (concedido a cavaleiros e pessoas que representam a Inglaterra). Assista a um filme desse grande cineasta que foi Sir Charles Chaplin, O Circo (1928). O fim desse tipo de arte se dá em 1927, quando surge o primeiro filme com som (sobre o qual falaremos mais adiante). Chaplin tentou resistir e continuou gravando cinema mudo até 1930. Cinema com som Em 1927, os estúdios Warner Bros (Bros é um termo curto para Brothers – irmãos, em inglês) fizeram uma revolução nessa indústria ao tentarem renovar as técnicas de filmagens, gravando os sons durante as gravações. Assim como mencionado o primeiro filme mudo, não poderia deixar de fora o primeiro filme com som: O Cantor de Jazz. Esse filme, como o nome já indica, continha partes de jazz interpretadas pelo protagonista, o ator Jakie Rabinowitz, no papel de Al Jolson, um menino judeu que gostava de jazz, mas cujo pai queria que ele fosse um cantor litúrgico. Sistemas e multimídia 15 Durante as filmagens, os estúdios Warner Bros foram gravando todos os sons e as falas em um disco de vinil. Para exibir o longa, era necessário colocar a reprodução do disco juntamente com a película do filme. VOCÊ SABIA? O período de gravações não síncronas dos sons em discos aconteceu em 1927 (quando o mundo viu, pela primeira vez, o cinema com som, e quando houve a criação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas) até 1932, momento em que esse método foi substituído pela gravação ótica e, posteriormente, pela magnética. Segundo Bernardet (2013), na virada dos anos 1950-1960, houve uma abertura de novas possibilidades ao cinema sonoro, com o desenvolvimento de um equipamento leve, gravadores portáteis e precisos como o Nagra (nome de origem polonesa que quer dizer “vai gravar”), os microfones direcionais e o acoplamento gravador/câmera que permitia a captação de som síncrono na filmagem. A história do cinema preto e branco puro vai até 1935. Cinema colorido Engana-se quem acha que o cinema mudo ou que o início da sonorização desta arte era só preto e branco. Existiam películas reproduzidas com cor, mas de que forma? Se você pintar uma lâmina de projeção com cores e colocar uma fonte luminosa atrás, a projeção será igualmente colorida. Assim era realizada a coloração dos filmes: havia um profissional exclusivamente para pintar cena por cena (era possível vê-las nos rolos de filmes). Era um trabalho bastante minucioso e demorado, além de demandar muito custo para o processo (fato que não tornou popular entre os cineastas). Em 1935 surgiu o primeiro filme, Becky Sharp (em português, Vaidade e Beleza), com uma tecnologia em Technicolor, cuja coloraçãoera realizada com filtros de três cores (as primárias: azul, vermelho e verde). Esse filme não fez tanto sucesso, pois foi filmado em cenários totalmente fechados e não tinha um roteiro tão sólido como a estética apresentada. Sistemas e multimídia 16 ACESSE: Você pode assistir ao filme Becky Sharp, que é de domínio público, Clique aqui. No mesmo período surgiu uma outra tecnologia chamada Kodachrome, de propriedade da Kodak, com película sensível às cores e cujo colorido estava na forma de revelar o rolo de filme, ou seja, era necessário fazer uma revelação por meio de produtos químicos para que ser assistido ou editado. Essa tecnologia permaneceu ativa até o fechamento das portas da Kodak. A empresa lançou seus rolos de filmes para cinemas nos formatos de 35 mm para cinemas e de 8 mm para uso doméstico. Do cinema para a televisão Até meados dos anos 1950, o cinema dominava o mundo do entretenimento audiovisual, mas nessa década ocorreu a explosão de algo que seria uma ameaça ao cinema: a televisão. Na verdade, a televisão surgiu ao final dos anos 20, porém só começou a ser popularizada pela elite da sociedade em meados da década de 50, e pela população em geral, por volta dos anos 70. Mas por que a televisão ameaçaria o cinema? Figura 2 - Netflix: filmes ao alcance de uma tecla Fonte: Pixabay Sistemas e multimídia https://www.youtube.com/watch?v=RhfQTwbMWtA 17 A resposta à pergunta anterior é simples: as emissoras começaram a comprar direitos de reproduzir na televisão os mesmos filmes que passavam nos cinemas. Desse modo, o mundo cinematográfico e as salas de reprodução tiveram que se reinventar, criando salas com acústicas melhores, telas gigantes e especiais (porque, até então, só havia alguns panos de cores claras) e cadeiras com muito conforto para as pessoas assistirem aos filmes. Sem falar nos estúdios de cinema que também tiveram que investir em melhores efeitos especiais e na qualidade sonora e de cores. Analisando dessa perspectiva, é fácil ver a ameaça da televisão ao cinema. Atualmente, têm surgido outras possíveis ameaças para o cinema, como a pirataria, a Netflix e até mesmo as emissoras de televisão (mas é bom pensar que existe espaço para todos no mercado). Animações Segundo Cesconetto (2011), a animação vem da palavra latina animatione, que quer dizer dar vida e alma e fazer movimentar algo que estava estático. Para exemplificar, você, quando criança, já deve ter criado animações em cadernos na sala de aula, feito o mesmo desenho em várias folhas, com mudanças sutis, para que os desenhos parecessem ter movimento próprio ao passar rapidamente folhas por folha. No mundo do cinema não é diferente, mas esse universo das animações não começou pelos desenhos animados, e sim pelos próprios filmes, que nada mais eram do que muitas fotos tiradas em sequência e que, ao serem exibidas em uma velocidade constante, passavam a ideia de movimento, como pode ser visto na imagem abaixo de um filme de rolo antigo. Figura 3 - Rolo de filme Fonte: Pixabay Sistemas e multimídia 18 Claro que depois disso não demorou para os desenhos animados surgirem, sendo considerados as animações atuais. Em 1918, com o cinema tendo pouco mais de 20 anos, surgiu um filme de Winsor McCay, cuja produção tinha mais de 25 mil desenhos e exigiu dois anos de produção: The sinking of the Lusitania (O naufrágio do Lusitania), um filme que retrata a recriação de um naufrágio nunca fotografado, ocorrido em 1915, do navio britânico RMS Lusitania, em decorrência de um ataque. O intuito de Winsor McCay era justamente criar um documentário do até então maior crime contra a humanidade. ACESSE: O filme acima citado pode ser acessado clicando aqui. Posterior a essa animação vieram o famoso Gato Félix, que fez muito mais sucesso (tanto quanto o próprio Chaplin), e a Walt Disney, que iniciou suas produções em 1928. Como estamos falando de cinema, não podemos deixar de indicar o filme Walt antes do Mickey, que fala sobre a vida de Walt Disney, indo do fracasso à fama. Certamente quando nos referimos à Walt Disney, esperamos grandes (ou pioneiras) criações. Não podia ser diferente com o primeiro filme de desenho inteiramente colorido, Flowers and Trees (Flores e Árvores), lançado em 1932. Em 1940, a Disney lançou um dos desenhos que seria o maior sucesso de todos os tempos: Fantasia, com Mickey sendo um ajudante de mago. Do lançamento desses filmes até os dias de hoje, muitas coisas mudaram, como utilização de computadores, reproduções com pessoas para representar expressões de desenhos e uso de desenhos em filmes e o inverso. Por outro lado, a essência não mudou, e é o que nos encanta cada vez mais, ver desenhos tomando vida em filmes que nos fazem rir ou nos emocionam, como o Toy Story 3, quando Andy doa seus brinquedos de infância. Sistemas e multimídia https://www.youtube.com/watch?v=D5oftlm8HJA 19 Roteiro Segundo a definição de roteiro por Luiz Carlos Maciel (filósofo, escritor, jornalista e roteirista): Os americanos chamam-no de screenplay, uma peça para a tela, de maneira a distingui-la da simples play, destinada ao palco. Os franceses o chamam de scenario, para designá-lo como um conjunto de cenas. E nós o chamamos de roteiro. E não é uma má palavra para o caso. Roteiro é uma rota não apenas determinada, mas ‘decupada’, dividida, através da discriminação de seus diferentes estágios. Roteiro significa que saímos de um lugar, passamos por vários outros, para atingir um objetivo final. Ou seja: roteiro tem começo, meio e fim – conforme Aristóteles observou na tragédia grega como uma necessidade essencial da expressão dramática. (MACIEL apud WISKI) Tendo como base essa definição de Maciel, o roteiro é a forma para termos uma apresentação coesa e cronológica do que realmente pensamos. Mas como é possível escrever um roteiro que seja cativante e que faça o seu público querer ouvir ou ver mais? O profissional que cria roteiros, seja para cinemas, televisões, teatros ou até para um livro, utiliza alguns artifícios. De acordo com Meirelles (2017), roteiro nada mais é do que um filme escrito em detalhes antes da gravação. Os meios para se escrever um roteiro são: • Planeje a história. • Pesquise sobre seu enredo. • Defina o conflito. • Determine os personagens fortes e fracos. • Argumente e explique o que e porque ocorrem as situações. Sistemas e multimídia 20 • Desenhe cada cena, como se fosse um quadrinho. • Escreva o roteiro, como um livro extremamente detalhista (a imagem abaixo contém trechos de roteiro se passando em uma sala de estar e um diálogo). • Revise seu material quantas vezes forem necessárias. • Mostre seu roteiro para alguém que possa lhe julgar sem necessidade de lhe agradar. • Se necessário, volte ao primeiro estágio e comece tudo novamente. Figura 4 - Roteiro de cinema Fonte: Pixabay Note que escrever um roteiro bem feito pode levar de alguns meses até mesmo anos, e não é um trabalho de uma única pessoa, é de uma equipe. Não existe um roteiro perfeito para todos, existe aquele que mais o agrada. É por esse motivo que nem todos os filmes ganham premiações de roteiro, mas sim do melhor roteiro adaptado àquele tipo de filme. Sistemas e multimídia 21 RESUMINDO: Então, gostou do que aprendeu? Agora, só para garantir, vamos fazer um resumo de tudo o que vimos até aqui. Você estudou que vídeos são muito mais do que só pegar uma filmadora, apertar a tecla rec e sair gravando tudo que está à sua frente. É necessário entender como surgiu, o que significa e qual é a necessidade de registrar os movimentos. Descobriu também os grandes nomes do cinema mudo, como Sir Charles Chaplin e Gerges Méliès (pai dos efeitos especiais). Com a criação dos estúdios dos irmãos Warner, temos um cinema falado e sonorizado, coisa que mudou muito e criou também muita divergência na história do cinema,além de ter conhecido também os filmes mudos e com som, coloridos e em preto e branco. Também devemos ter a certeza de que nosso roteiro é coerente, para que a animação ou a filmagem tenha uma sequência lógica e coesa dos fatos. Vamos seguir adiante para continuar em uma nova fase desta unidade? Sistemas e multimídia 22 Time line ou linha temporal INTRODUÇÃO: Neste novo capítulo temos como objetivo entender mais a linha do tempo de um filme, entrar um pouco na história do roteiro, para que mais adiante você estude edições e efeitos. O que é time line Como próprio nome já informa, a linha do tempo é uma sequência linear de tempo, ou seja, é a maneira como os eventos são organizados. Lembro que, durante os ensinos fundamental e médio, os professores, principalmente os de história, desenhavam uma linha no quadro, e sobre ela iam colocando os eventos que ocorreram ao longo dos anos. Tudo é exposto em uma sequência cronológica, e nos filmes essa sequência tem que ter sentido para tudo funcionar perfeitamente. Nas edições dos filmes você trabalhará estritamente com a time line dos reels (falaremos deles mais adiante). Veja na imagem abaixo um exemplo de edição. Figura 5 - Linha do tempo de edições Fonte: https://bit.ly/3aLezjh. (Acesso em: 08/03/2020) Sistemas e multimídia 23 É claro que em edição não estamos falando de linha do tempo relacionada aos anos, mas sim de tempos bem menores, como horas, minutos, segundos e milissegundos. É pela linha do tempo que podemos ver cada quadro gravado. Vale lembrar que normalmente assistimos a 24 ou 30 quadros por segundo (também conhecidos por fps – frames per second), e se existirem cenas de câmera lenta teremos muito mais quadros dentro de um mesmo segundo. Vinculando um roteiro à time line É comum gravar um filme fora da ordem do roteiro, seja porque o tempo não está bom para determinada cena, então, são gravadas as cenas em locais fechados primeiro, seja pela facilidade de preparar o cenário para a produção. Imagine um trecho de filme que envolve uma batalha gigantesca entre hordas de guerreiros e batalhões de soldados, e logo após aparecem alguns generais conversando em uma sala de reunião para decidir o que farão com a guerra que está ocorrendo fora daquelas paredes. É muito mais fácil filmar primeiro a reunião dos generais e só depois preparar o cenário da batalha, com as dezenas de atores. Por esse motivo, assim que receber as gravações, você terá que adaptá-las à linha do tempo delas e à do filme final. Basicamente, é como criar uma história em quadrinhos desenhando primeiro os mais fáceis e deixar por último os mais complexos, que exigiriam muito mais tempo. Funciona como um imenso quebra-cabeça: você tem que encaixar os quadrinhos nas posições corretas para que ao final tudo faça sentido. O que são reels Reels, que significa bobinas, provém dos rolos de filmes de acetato antigos, em que os filmes (daí a origem desse termo também) eram gravados. Porém, nos dias de hoje, mesmo com máquinas digitais de alta resolução, ainda utilizamos o termo reels. Por quê? Sistemas e multimídia 24 Figura 6 - Reel de um filme antigo Fonte: Pixabay A resposta é simples: é impossível gravar um filme completo em apenas um dispositivo de memória (seja cartão de memória, pendrives, discos rígidos etc.). Então, ao utilizar esses dispositivos usados para filmar algumas cenas, você estará criando um novo reel. Além disso, esse termo é usado para identificar o que está sendo editando naquele momento. Esse dispositivo é entregue à equipe de edição, que vai colocar o nome reel_1, pois é o primeiro armazenamento utilizado, e assim eles vão sendo nomeados (e os originais são guardados por motivo de segurança, acima de tudo) para posterior edição. Esse termo é apenas uma convenção de como nomear cada equipamento de armazenamento, logo, não é obrigatório. Mas se você pretende trabalhar em grandes empresas de edição, precisará se acostumar com as convenções. Sistemas e multimídia 25 Versões de reels Mais um detalhe fundamental é a questão da versão dos reels. Versão do reel? Como assim? Não é costume sobrescrever ou excluir versões anteriores, pois existe a possibilidade de usarem uma versão mais antiga no produto final, em vez da última editada. Dailies Dailies nada mais é do que o dia que ocorre determinada gravação. Essa informação é muito importante na hora de armazenar o reel 0, ou seja, a data em que a filmagem foi gravada no dispositivo de armazenamento. Lembra das versões dos reels? Pois bem, os dailies são tão importantes quanto essas versões, pois se trata do primeiro armazenamento, exatamente a data em que é registrada nas claquetes, como é possível observar na imagem abaixo: existem os campos de data, o roll (que é a mesma coisa que reel), a cena, a tomada e outros campos. Figura 7 - Claquete Fonte: Pixabay Sistemas e multimídia 26 Eventos na time line Ao editar um filme ou ao ver uma time line (como mostra a figura 5), aparecem alguns quadradinhos coloridos. Isso é porque múltiplas linhas, afinal, um filme é algo linear, não é? Vamos corrigir alguns conceitos já gravados em sua mente. Um filme não necessariamente é algo serial, como vimos acima. É possível gravar cenas em ordens diferentes das que estão no roteiro. Além disso, existe a questão dos áudios, das imagens fixas, dos efeitos, das colorações etc. Um exemplo é realizar uma gravação com duas câmeras simultaneamente. Claro que não vai ser usada a gravação integral das duas câmeras, e sim parte de uma e parte da outra. Dessa forma, será usada uma camada única para cada câmera, e que serão feitos os devidos cortes nos trechos que vão ser excluídos. Assim como as câmeras têm camadas separadas de trabalho, os arquivos de áudio, de textos, de fotos etc. também estão em camadas distintas. Agora que cada parte do filme já está separada (câmera 1, câmera 2, áudio 1, música 1, música 2, imagens, textos etc.) em camadas, temos dentro de cada uma os devidos eventos, ou seja, os itens que compõem determinada camada é um evento que ocorre na linha de tempo do seu filme. Filler Se você for fazer uma produção para o YouTube sozinho(a), certamente gravará tudo pelo seu celular e também fará a edição do seu filme, mas vamos ampliar um pouco essa visão. Imaginemos a gravação do filme Senhor dos Anéis, ou então de uma novela. Inúmeras câmeras, captadores de som, músicos, múltiplas cenas e, além de todos esses profissionais, a equipe de edição que, sim, é tão numerosa quanto a de atores, de câmeras e de gravadores de som. Existem pelo menos três equipes de edição trabalhando em conjunto. Sistemas e multimídia 27 Nesse momento, temos que fazer uma pergunta: Como eles se comunicam? Por mensagens de celular? Fazem reuniões constantes? Não. A comunicação deles é mais simples: por fillers, espaços (eventos) reservados na time line que uma equipe deixa para a outra como destino de algum trabalho a ser feito, como melhoria do som ou de coloração, ou até mesmo a inclusão de algum efeito especial novo. RESUMINDO: Então, gostou do que aprendeu? Agora, só para garantir, vamos fazer um resumo de tudo o que vimos até aqui. Você viu a importância da time line para a estrutura do filme na hora da edição e entendeu que vincular roteiro à linha do tempo dá ao filme uma ideia de continuidade e de sequenciamento. Além disso, aprendeu que existem formas de nomear reels, para não perder nenhum dado gravado, e que mesmo que uma gravação seja antiga (sem edição), ainda pode ser útil, pois é possível que ela substitua alguma cena da edição final. Você também conheceu a forma de comunicação e de organização dos profissionais de edição. Agora vamos seguir para a próxima unidade! Sistemas e multimídia 28 Edições básicas em vídeos INTRODUÇÃO: O objetivo desta unidade é ensinar para você o que é edição e como ela surgiu, qual éa diferença entre as edições, conhecer as principais ferramentas de variados softwares, além de saber mais detalhadamente o que são as camadas e qual é a utilidade de inserir textos nos filmes. Conceito de edições Até os vídeos digitais, eu entendia que edição de vídeo era justamente cortar uma parte indesejada e gravar o necessário. Porém, atualmente, não é só isso. Edições de vídeo Quando se fala de edição de vídeo, o que vem à cabeça? Edição de vídeo é um trabalho em que profissionais cuidam da sincronização do som com a imagem, colocam efeitos especiais e visuais (veremos isso no próximo capítulo), entendem de interfaces de softwares e trabalham com o roteiro da produção sempre junto deles para criarem a liga entre o que foi editado e a ideia do escritor. Primeiras edições Certamente você já ouviu o termo CORTA! Durante a filmagem de alguma cena, que é quando o diretor decide pará-la por algum motivo, seja por erro ou porque não saiu conforme ele planejava. Sabe de onde vem essa expressão? Justamente das antigas edições de vídeo: os editores tinham que literalmente cortar o rolo de filme, com uma tesoura ou uma navalha, nas partes indesejadas, ou seja, as edições eram realizadas manual e visualmente, mais ou menos como na imagem abaixo. Sistemas e multimídia 29 Figura 8 - Corte de filme Fonte: Elaborado pelos autores. Após o corte, o filme tinha que ser emendado novamente usando fitas adesivas transparentes, como é possível observar na imagem abaixo. Assim, quase nada se notaria nos filmes, uma vez que aquele quadro passaria muito rápido para quem assistisse. Figura 9 - Colagem do filme Fonte: Elaborado pelos autores. Edições em VHS Com a evolução dos filmes para VHS, não era tão fácil realizar uma edição. Era necessário assistir ao filme em algum aparelho de televisão, e saber fazer o corte literal onde estava o cabeçote de leitura magnética, uma vez que os filmes em VHS eram gravados magneticamente. Sistemas e multimídia 30 Porém, uma segunda forma de editar esses filmes era trabalhar com dois aparelhos de vídeo cassete, um reproduzindo a fita original, e o outro gravando, mais ou menos como na figura 10. Figura 10 - Dois videocassetes Fonte: Pixabay Dessa forma, um reproduzia na TV e o outro só gravava quando se apertava o botão de gravação, ou seja, um trabalho cansativo, pois era preciso assistir à fita completa, realizar anotações dos tempos em que se queria fazer os cortes, para então voltar do início e começar a gravar somente os trechos desejados. Agora os cortes são virtuais! O resultado da edição final sempre era legal de se assistir, mas claro que eu não era profissional da área na época, só realizava trabalhos pessoais de edição. Outra forma de edição que passou a ser comum foi gerar alguma abertura (animação) em um computador e, com uma placa de vídeo, exportar essas imagens para um vídeo cassete, para, então, realizar aquela mesma montagem. Em casos de não se ter uma placa de vídeo de exportação de vídeo, uma filmadora era posicionada na frente do monitor do computador para filmar no próprio computador. Eu montei um vídeo cuja apresentação foi criada em PowerPoint e, posteriormente, gravada em VHS. ACESSE: Você pode acessar esse vídeo que estou tornando público, Clique aqui. Sistemas e multimídia https://youtu.be/JNOGc_tgs_g 31 Edições digitais Com as filmadoras evoluindo e as gravações sendo diretamente em DVDs, mini DVs, cartões de memória e até mesmo no HD interno das filmadoras, vem à tona uma questão: Como fazer com as edições, uma vez que não podemos recortar um DVD ou um cartão de memória? Aparelhos gravadores de DVD para ligar na TV, apesar de existirem para comprar, são equipamentos muito caros. Então, restam poucas opções: é preciso manipular os filmes diretamente no computador, onde já existem gravadores de DVD e agora softwares específicos para as devidas edições. Entre os programas de edição digital de filmes, os mais profissionais são Avid Media Composer, Adobe Premier Professional, Pinnacle Studio e Vegas Professional. Claro que existem muitos outros, inclusive gratuitos (os que mencionei são pagos) e muito bons também, porém não tanto para fins profissionais. Esses programas nos deram uma visão muito maior da edição. Agora não só podemos cortar uma cena, movê-la para antes ou para depois de onde foi gravada originalmente, mas também temos a possibilidade de colocar efeitos especiais, mudar coloração, inserir textos (digitalmente, sem precisar gravá-los em um plástico para colocar sobre o filme) com qualidade muito superior, além de inúmeros outros recursos. Interface de edição Agora que já comentamos que as edições digitais trazem inúmeros recursos a mais em comparação ao que era possível fazer no passado, resta saber como fazer. Os aplicativos de edição têm, no geral, a mesma aparência e os mesmos recursos principais. Na tela abaixo é possível ver a interface (tela gráfica) de um software de edição (um vídeo que estou montando do meu canal), com alguns itens em destaque: Sistemas e multimídia 32 Figura 11 - Tela de um software de edição Fonte: Elaborado pelos autores. 1. Janela de pré-visualização do vídeo. 2. Espaço para os eventos do vídeo. 3. Materiais a serem utilizados nos vídeos (arquivos de vídeos, imagens, ou outros elementos que possam incorporar ao vídeo). 4. Time line (podem ficar acima ou abaixo das camadas). 5. Camadas. 6. Algumas das principais ferramentas. Com a interface principal dos programas, vamos nos aprofundar ainda mais sobre o que e como podemos fazer. O que são camadas Já vimos mais no início da unidade o que são camadas, e analisando a interface, fica mais fácil de entender. Camadas = tracks Podemos fazer uma analogia das camadas, como se elas fossem pastas que guardam somente um tipo de material, e que vão liberá-los somente no momento certo da time line. Sistemas e multimídia 33 Não existe uma ordem correta, mas por padronização, a maioria dos editores utiliza como ordenação a seguinte ideia: • De três a cinco faixas destinadas à voz. • Mais ou menos cinco camadas de efeitos sonoros. • Três trilhas musicais. • Uma ou duas trilhas de mixagem sonora. • De cinco a dez camadas de vídeos. • Duas camadas para dublagens. Vale lembrar que essas são dicas de organização de seus aplicativos de edição de vídeo. Em alguns softwares não profissionais, as camadas são limitadas a quatro, sendo necessário adaptar essas trilhas ao projeto. Ferramentas básicas Apesar de os programas oferecerem uma infinidade de recursos (que, em muitos casos, é o que apavora alguém que está iniciando nessa área), as ferramentas que realmente usamos são poucas, muito simples e fáceis de serem utilizadas. Por esse motivo recomendo iniciar com aplicativos gratuitos e voltados para iniciantes, e só quando tiver mais prática, migrar para softwares mais profissionais. Outro fator de utilizar softwares menos potentes é que um programa desse tipo consome muito processamento do computador. Logo, uma aplicação profissional necessita de um hardware (peça do computador) mais robusto, com muita memória RAM, processador no topo de linha do mercado e muito espaço de armazenamento. Um software que eu recomendo, por ser gratuito e bem mais leve que os profissionais, é o OpenShot Video Editor, que pode ser baixado pelo link: https://www.openshot.org/download/. Você está pronto para aprender melhor as ferramentas básicas? A primeira ferramenta é a de corte (começaremos como todos os editores começaram). Sistemas e multimídia 34 Ao colocar o seu vídeo na linha de tempo, basta clicar sobre o ícone da tesoura, o mouse mudará de forma, e onde clicar no vídeo será o ponto de corte do filme. Por isso, tome cuidado! Recomendamos que clique onde o indicador de tempo está. A segunda ferramenta muito utilizada é para desfazer uma ação recém- realizada. Vocêpode substituir esse ícone pela combinação das teclas Ctrl+z. Sempre que fizer algo que não esperava, isso ajudará muito seu trabalho. Esta outra ferramenta, a de ímã, tem como objetivo alinhar os eventos do seu filme com outros eventos, impedindo assim colocar uma cena sobre outra sem querer. Para quem está iniciando, ela é muito boa, pois evita tratamento estranho no seu vídeo final. Por último, temos a ferramenta para gravar o seu trabalho finalizado. Ela vai perguntar a que fim se destina o seu vídeo (web, DVD, computador etc.), a qualidade do vídeo, o tipo de arquivo a ser gravado e o perfil de vídeo (2k, 4k, HD etc.). Após escolher as opções e clicar em exportar, é só aguardar a renderização, e voilá, seu vídeo está pronto para ser reproduzido onde quiser. Essas são as principais ferramentas, treine edições primeiramente com elas e continue estudando! Ferramentas de texto Você já deve ter visto em filmes e em novelas aquele monte de letrinhas subindo ao final. O nome correto delas é créditos. É uma espécie de agradecimento a todos (a todos mesmo) que participaram do filme, seja na frente das câmeras ou atrás delas, ou o pessoal de edição e de sonorização. No entanto, existem momentos em que um texto precisa aparecer durante o filme. Lembra-se da abertura de Star Wars, quando um texto explicando as galáxias começa na parte de baixo da tela e vai subindo e indo ao “infinito”? Ou então do telejornal, quando aparece o nome dos repórteres na parte inferior da tela? Pois bem, esse é um recurso muito explorado e nada complicado para incorporá-lo ao vídeo, dando um ar muito mais profissional. No programa OpenShot Video Editor, vá ao menu, mostrado na imagem abaixo: Sistemas e multimídia 35 Figura 12 - Menus do software OpenShot Video Editor Fonte: Elaborado pelos autores. Em seguida, clique na opção Título ou Título animado e escolha o título que desejar. Então, na tela à direita dessa janela, no campo “Alinhar 1”, configure o texto, a fonte, a cor etc. Clique em Salvar, e então terá mais um elemento para colocar na sua time line. Simples, não? Em alguns programas, a ferramenta de texto é representada pelo ícone “T”. RESUMINDO: Está gostando? Está ficando desafiador? Agora, só para garantir, vamos fazer um resumo de tudo o que vimos até aqui. Você aprendeu que edição de vídeo vai mais além do que simplesmente recortar e colar trechos de filmes, e que envolve muita organização com as camadas e com os eventos colocados na linha do tempo. Conheceu também a evolução da edição de imagem (inclusive com um exemplo próprio de edição), as dificuldades enfrentadas pelos editores de vídeos, como faziam em celuloides e em VHS, e também as facilidades da era de edição que temos nos dias de hoje. Dessa forma, completamos mais uma unidade. Vamos lá, falta pouco. Sistemas e multimídia 36 Aplicando efeitos básicos em vídeos INTRODUÇÃO: Nesta nova unidade vamos abordar um tema que a maioria dos editores adora: efeitos visuais e especiais. Você aprenderá a distinguir os referidos efeitos, entenderá principalmente os tipos existentes e como aplicá-los nos vídeos. Mas lembre-se: este capítulo é tão importante como os anteriores. O que é VFX, SFX e CGI Todos que trabalham com filmes, principalmente com efeitos especiais e visuais, sonham em ganhar um Oscar. Mas qual é a diferença entre efeito visual e especial e efeito computadorizado? Para entendermos o mundo e a dimensão dos efeitos, é extremamente importante saber o que é e qual é a diferença entre VFX, SFX e CGI. Analisando a imagem abaixo, você sabe dizer o que é efeito visual, especial ou computação gráfica? Figura 13 - Dragão sobre o bando de Gringotts – Harry Potter Fonte: Pixabay Já que só pela imagem é difícil, vamos entrar em mais detalhes. Sistemas e multimídia 37 Efeitos Especiais (SFX) Alcançamos aquele tão esperado conteúdo, o dos efeitos especiais, ou Special Effects (SFX). Os efeitos especiais são todos reais, físicos, que acontecem no momento em que estão gravando as cenas. Eles podem ser de três tipos: ópticos, mecânicos ou de maquiagem. Os efeitos ópticos são manipulados diretamente pela câmera, como é possível avaliar na imagem logo abaixo, em que existe um filtro em frente à câmera, distorcendo as cores e passando a ideia de um temporal se formando. Figura 14 - Efeito óptico Fonte: Pixabay Os efeitos mecânicos são normalmente utilizados para movimentação de monstros, ou para explosões, vendavais fortes ou terremotos. Resumindo, são equipamentos prontos para realizar uma tarefa que faz com que o espectador tenha uma emoção forte ao assistir à cena. Os efeitos mecânicos não precisam ser assistidos apenas no cinema. Quem já foi aos parques da Disney certamente entrou em vários brinquedos em que muitos dos efeitos apresentados são mecânicos, para que as pessoas sintam todas as emoções de como se fizessem parte daquela cena. Olhe a imagem abaixo e responda: você realmente passaria tão perto de crocodilos com aparência de famintos? Sistemas e multimídia 38 Figura 15 - Crocodilos mecânicos na Disney Fonte: Elaborado pelos autores. Obviamente, esses crocodilos são animais mecânicos, como tantos outros espalhados pelos parques temáticos da Disney, e realizam o trabalho proposto, ou seja, assustar os espectadores. Sobre a maquiagem não há muito que falar. Esses efeitos nada mais são do que caracterizações. É claro que uma caracterização de um político não chama tanto a atenção como ade um Orc da franquia O Senhor dos Anéis, como pode ser visto na imagem abaixo: Figura 16 - Orc do filme O Senhor dos Anéis Fonte: Pixabay Gostou de conhecer os efeitos especiais? Então, vamos continuar! Sistemas e multimídia 39 Imagens Geradas por Computador (CGI) Vamos agora falar sobre o extremo oposto dos efeitos especiais: os efeitos reais de manipulação de explosões, de maquiagens, ou de jogos de câmeras com suas perspectivas. Na famosa Computação Gráfica, ou Imagens Geradas por Computador (CGI – Computer-Generated Imagery) tudo o que não é real, que não existe no mundo real e que pode ser imaginado de alguma forma é criado por computadores. Por meio da CGI, podemos desenhar desde um gato sumindo e aparecendo do nada (como o gato de Alice no país das maravilhas), até transformar atores reais em personagens, como o gorila Cesar do filme Planeta dos Macacos, ou então apresentar uma cidade e cenários inteiros, principalmente aqueles em que são filmados os efeitos de chroma key. É justamente aí que entram os efeitos de computação gráfica. Outro exemplo são as animações criadas totalmente no computador, como é o caso de Cassiopeia, um filme 100% nacional e completamente criado por computação gráfica, sem uso de moldes ou escaneamento de desenhos externos. Efeitos Visuais (VFX) Se os efeitos especiais são reais e o CGI é computação gráfica, o que são os efeitos visuais? Onde são inseridos nesse universo? A resposta é simples: eles são os efeitos criados a partir de computadores para coisas reais, como tirar as cordas que suspendem um ator que está “voando”, criar criaturas que não existem a partir de bonecos ou a partir de pessoas com marcações no rosto ou no corpo, que depois geram uma nova pele para o personagem. Sistemas e multimídia 40 Principais Efeitos Agora você já tem a base dos efeitos especiais, visuais e computacionais, sendo este último um dos mais técnicos para ser criados e aplicados. Vamos agora aprender a realizar alguns efeitos visuais e especiais, que garantirão aos seus vídeos um toque mais que especial. Chroma key O efeito de chroma key é algo relativamente simples: ele chega a apagar uma cor inteira da cena, por isso são utilizados fundos verdes ou azuis (as cores vermelho, rosa, branco e preto não podem ser usadas, pois pode confundir com a pigmentação da nossa pele), que serão apagados. Um dos grandes erros cometidos no uso do efeitochroma key é quando os atores utilizam alguma peça de roupa ou maquiagem que contém a mesma cor do fundo, porque, ao apagar a cor do fundo, o ator terá parte de seu corpo apagado também. Bom, agora que já sabe como funciona a capa de invisibilidade do Harry Potter, vamos aprender a aplicar esse efeito no OpenShot Video Editor? Primeiramente, é necessário fazer alguma gravação em um cenário com um fundo uniforme de uma única cor (de preferência verde ou azul), como na imagem a seguir. Depois de gravar a cena com o fundo especial, é necessário gravar o que realmente vai estar no fundo, ou ter uma imagem dele. No software, você importará o vídeo com o fundo verde e a imagem para seu projeto. Arraste o vídeo (que terá o fundo removido) para a time line, e arraste a imagem (que será o seu novo fundo) para a camada de baixo. Na parte de baixo, onde ficam os materiais a serem utilizados, existe uma aba chamada Efeitos, onde você deve procurar o Chroma Key (Tela Verde). Arraste esse efeito para cima do vídeo com o fundo verde. Note que apareceu um C sobre o vídeo. Clique nele com o botão direito e vá ao item Propriedades. Nessa janela, dê dois cliques na cor do campo Cor Chave, em seguida, clique em Pick screen color, aí você só precisa selecionar a cor verde (ou azul) do seu vídeo. Ainda na janela de propriedades do efeito, existe um outro campo chamado Cotão, que significa o quanto daquela cor deve ser Sistemas e multimídia 41 apagado. Não existe um valor correto para se colocar ali, mas quanto mais sólida e mais nítida a cor, menor o valor a ser inserido nesse cotão. Figura 17 - Estúdio com chroma key Fonte: Pixabay Achou difícil? Pode parecer, mas não é! Nada que um pouco de prática não ajude. Efeito das roupas pulando sobre a pessoa Esse é um efeito especial muito fácil de ser reproduzido. Primeiramente, grave seu vídeo andando de costas para algum lugar enquanto vai tirando suas peças de roupa (chapéu, bolsas, tênis, casaco etc.) e jogando-as para longe, mas sempre olhando para frente. Ao colocar o vídeo no OpenShot, clique com o botão direito sobre ele na time line, vá para a opção Hora, e clique nas opções Normal, Para trás e 1X. Aguarde o vídeo renderizar, e pronto, ele terá o efeito das roupas pulando em você enquanto caminha em direção à câmera. Observe na imagem abaixo os locais em que você deve clicar. Sistemas e multimídia 42 Figura 18 - Locais de cliques no OpenShot Fonte: Elaborado pelos autores. Transições Sabe aquele momento em que você assiste a um filme e, de uma cena para a outra, a cena inicial vai sumindo e uma secundária vai aparecendo? Ou como em desfiles de escolas de samba pela televisão, quando uma cena vira um aviãozinho e vai embora? Chamamos essas mudanças de transições, e são usadas para não parecer que algo foi cortado. Existem diversos tipos de transições, e todos estão presentes nos softwares de edição de vídeo. Sempre devemos colocar as transições ao final e no início de cada cena. Procure a que mais lhe agrada e se divirta colocando suas transições. Sistemas e multimídia 43 RESUMINDO: Então, gostou do que aprendeu? Chegamos ao final desta unidade, fechando com chave de ouro o assunto de efeitos especiais. Agora, só para garantir, vamos fazer um resumo de tudo o que vimos até aqui.. Você estudou o que são os efeitos especiais e visuais, as diferenças entre os dois e que os efeitos computadorizados estão dentro dos efeitos visuais. Aprendeu também a inserir efeitos em seus vídeos, para dar um “tcham” a mais em suas produções. Dessa maneira, completamos a unidade, mas não quer dizer que seus estudos acabaram. Nunca teremos estudado o bastante para dizer que sabemos de tudo, mas sempre estudamos mais para dizer que sempre teremos coisas novas a aprender. 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História do movimento registrado Cinema preto e branco e mudo Cinema com som Cinema colorido Do cinema para a televisão Animações Roteiro Time line ou linha temporal O que é time line Vinculando um roteiro à time line O que são reels Versões de reels Dailies Eventos na time line Filler Edições básicas em vídeos Conceito de edições Edições de vídeo Primeiras edições Edições em VHS Edições digitais Interface de edição O que são camadas Ferramentas básicas Ferramentas de texto Aplicando efeitos básicos em vídeos O que é VFX, SFX e CGI Efeitos Especiais (SFX) Imagens Geradaspor Computador (CGI) Efeitos Visuais (VFX) Principais Efeitos Chroma key Efeito das roupas pulando sobre a pessoa Transições
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