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Práticas Abusivas e Orçamento à Luz do Código de Defesa do Consumidor

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Universidade de Ribeirão Preto 
Faculdade de Direito Laudo de Camargo 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
Práticas Abusivas e Orçamento à Luz do Código de Defesa do Consumidor 
 
 
 
 
MARIA EDUARDA CASTRO CORRÊA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO 
2021 
PRÁTICAS ABUSIVAS E ORÇAMENTO À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este presente trabalho acadêmico tem como finalidade tratar a respeito das práticas 
abusivas, bem como, o orçamento pelo prestador de serviço na concepção do Código de Defesa 
do Consumidor. Para tanto foram utilizadas doutrinas, legislação vigente e jurisprudência 
pertinentes ao assunto. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Antes da vigência da Constituição Federal de 1988, as relações consumeristas eram 
regulamentadas pelo Código Civil. Não havia nenhuma prerrogativa para a parte 
hipossuficiente da relação de consumo, isto é, consumidor e fornecedor tinham o mesmo 
tratamento, esse fato gerava arbitrariedade e desigualdade entre as partes. 
Contudo, a atual Constituição Federal regulamentou a necessidade de proporcionar 
proteção ao consumidor, inclusive, dispondo se tratar de um princípio de ordem econômica 
nacional. Esse fato deu origem ao Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), que se 
presta a estabelecer direitos e deveres às relações que envolvam a figura do consumidor e 
fornecedor, a fim de equilibrar ambos os lados. 
Assim, foram definidas no artigo 36 do CDC um rol exemplificativo de práticas 
abusivas que se equiparam ao abuso de direito do Código Civil, e tem como finalidade inibir 
condutas arbitrárias na relação de consumo. 
Nesse sentido, o presente trabalho acadêmico abordará as práticas abusivas à luz do 
CDC, bem como, algumas especificações quanto ao orçamento realizado pelo prestador de 
serviços. 
 
2 CONSIDERAÇÕES 
2.1 Práticas abusivas no Código de Defesa do Consumidor 
A prática abusiva no âmbito do Código de Defesa do Consumidor se caracteriza, em 
lato sensu, como “a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em 
relação ao consumidor”. 1 
Assim sendo, toda a conduta adversa àquela esperada no que tange a boa-fé objetiva 
do sujeito, é determinada como prática abusiva. 
Nessa perspectiva, estabelece Cavalieri Filho, que as práticas abusivas são: 
 
[...] ações ou condutas do fornecedor em desconformidade com os padrões 
de boa conduta nas relações de consumo . São práticas que, no exercício da 
atividade empresarial, excedem os limites dos bons costumes comerciais e, 
principalmente, da boa-fé, pelo que caracterizam o abuso do direito, 
considerado ilícito pelo art. 187 do Código Civil. Por isso são proibidas. (grifo 
nosso) 2 
 
Existe na doutrina uma classificação de práticas consideradas abusivas, que são 
estabelecidas conforme a manifestação no processo econômico e o momento que se encontra a 
relação contratual. 
A primeira situação se refere as práticas produtivas ou comerciais. As práticas 
produtivas abusivas, ocorrem na etapa de produção, tal como, introduzir no mercado algum 
produto ou serviço em desconformidade com as regras estabelecidas pelos órgãos competentes 
(inciso VIII, do art. 39 do CDC). 
Já as práticas comerciais abusivas, acontecem na etapa pós-produção, concerne ao ato 
de se aproveitar da fragilidade ou desconhecimento do consumidor para lhe impingir produtos 
ou serviços (inciso IV, do artigo 39 do CDC). 
A segunda classificação, referente a relação contratual, se dividem em: pré-contratuais, 
contratuais e pós-contratuais. 
As pré-contratuais, como o próprio nome sugere, é quando a prática abusiva ocorre 
antes de feito o contrato. Como, por exemplo, o fornecedor que condiciona o fornecimento de 
um serviço ou produto ao fornecimento de outro serviço ou produto (inciso, I, art. 39 do CDC). 
 
1 GRINOVER, Ada Pellegrini; BENJAMIN, Antônio Herman de V.; FINK, Daniel Roberto; FILOMENO, José 
Geraldo Brito; NERY JR., Nelson; DENARI, Zelmo . Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, p. 375. 
 
2 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor, p. 149 
Por outro lado, as práticas abusivas contratuais se configuram no próprio termo do 
contrato, que possui cláusula abusiva, tal como, a exoneração ou atenuação da responsabilidade 
do fornecedor por eventuais vícios dos produtos ou serviços (art. 51 do CDC). 
No que tange a fase pós-contratual, como já pressupõe, a prática abusiva ocorre após 
a concluído o contrato consumerista. Isso ocorre pois, apesar da conclusão do contrato ainda 
persistem alguns deveres que decorrem da boa-fé objetiva, por exemplo, é o repasse de 
informações depreciativas relacionadas ao consumidor (inciso VII, art. 39 do CDC). 
Como pode se observar o Código de Defesa do Consumidor estabeleceu nos incisos 
do artigo 39 práticas consideradas abusivas que são proibidas na relação consumerista. 
Contudo, o presente rol é meramente exemplificativo, ou seja, as hipóteses não se 
esgotam neste único artigo, pois seria inócuo fixar hipóteses taxativas em uma relação na qual 
é possível haver inúmeras práticas abusivas. Logo, essa previsão tem como objetivo servir como 
parâmetro para identificar condutas ilícitas, ou seja, em desacordo com os padrões de boa 
conduta. 
Há outros dispositivos no Código que preveem comportamentos abusivos, como o 
artigo 42 que dispõe: Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a 
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”. 
Vale ressaltar que as práticas abusivas do artigo 39 devem se interpretadas de forma 
objetiva. Isso significa que, uma vez existentes serão caraterizadas como ilícitas independente 
de ser identificada a parte lesada. São ilícitas em si, apenas por existirem de fato no mundo 
fenomênico.3 
Como exemplo de prática abusiva do CDC, temos a venda casada, prevista no inciso I 
do art. 39: “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro 
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”. 
Se extrai da leitura do dispositivo que a venda casada é a proibição do fornecedor de 
vincular a compra de um produto ou contração de um serviço a um outro produto ou serviço. 
Importante frisar que para enquadrar-se como venda casada é necessário que os 
produtos ou serviços em questão não serem habitualmente vendidos de forma separada, pois o 
fornecedor não tem a obrigação de vender apenas separadamente produtos que geralmente se 
vendem em conjunto, como por exemplo, um conjunto de roupa. Nesse sentido estabelece 
Rizzatto Nunes (2019, p. 54): 
 
 
3 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor, p. 537. 
[...] a operação casada pressupõe a existência de produtos e serviços que são 
usualmente vendidos separados. O lojista não é obrigado a vender apenas a 
calça do terno. Da mesma maneira, o chamado ‘pacote’ de viagem oferecido 
por operadoras e agências de viagem não está proibido. Nem fazer ofertas do 
tipo ‘compre este e ganhe aquele’. O que não pode o fornecedor fazer é impor 
a aquisição conjunta, ainda que o preço global seja mais barato que a aquisição 
individual, o que é comum nos ‘pacotes’ de viagem. 
 
Um caso muito recorrente que evidencia essa prática abusiva é a proibição da entrada 
de alimentos nos cinemas. O Superior Tribunal de Justiça entendeu que empresas 
cinematográficas não podem impedir a entrada de clientes portando alimentos no interior de 
suas dependências. Obriga-los a adquirirem apenas os produtos vendidos no estabelecimento 
caracteriza venda casada. Vejamos in verbis: 
Ao fornecedor de produtos ou serviços, consectariamente, não é lícito, dentre 
outras práticas abusivas, condicionar o fornecimento de produto ou de serviço 
aofornecimento de outro produto ou serviço (art. 39, I, do CDC). A prática 
abusiva revela-se patente se a empresa cinematográfica permite a entrada de 
produtos adquiridos nas suas dependências einterdita o adquirido alhures, 
engendrando por via oblíqua a cognominada ‘venda casada’, interdição 
inextensível ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios 
constituiu a essência da sua atividade comercial como, verbi gratia, os bares e 
restaurantes. O juiz, na aplicação da lei, deve aferir as f inalidades da norma, 
por isso que, in casu, revela-se manifesta a prática abusiva. (STJ – REsp 
744.602/RJ – Rel. Min. Luiz Fux – Primeira Turma – j. 01.03.2007 –DJ 
15.03.2007, p. 264 – REPDJ 22.03.2007, p. 286). 
 
2.2 Orçamento pelo prestador de serviços 
 
Outro exemplo de prática abusiva é a execução de serviços sem prévia elaboração de 
orçamento, previsto no inciso VI do art. 39 do CDC: “executar serviços sem a prévia 
elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes 
de práticas anteriores entre as partes”. 
Nesse sentido, para que o trabalho se inicie, além da realização do orçamento é 
necessária também a expressa anuência do consumidor. A ausência da aprovação acarreta a 
desobrigação do consumidor com o fornecedor. 
A parte final do referido inciso estabelece uma ressalva quanto a obrigatoriedade do 
orçamento prévio, quando essa for uma prática comum entre as partes. Nesse sentido se 
posicionou o Superior Tribunal de Justiça a respeito do serviço de mecânica realizado sem a 
anuência do orçamento pelo consumidor: 
 
O art. 39, VI, do Código de Defesa do Consumidor determina que o serviço 
somente pode ser realizado com a expressa autorização do consumidor. Em 
consequência, não demonstrada a existência de tal autorização, é imprestável 
a cobrança, devido, apenas, o valor autorizado expressamente pelo 
consumidor (REsp 332.869/RJ, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes 
Direito, 3ª T., DJ 2-9-2002). 
 
A matéria corresponde a orçamento está prevista no artigo 40 do CDC: 
 O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento 
prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a 
serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início 
e término dos serviços. 
 
O orçamento deve discriminar o serviço e conter informações completas e minuciosas, 
pois caso haja alguma omissão pode ocorrer a afetar dados essenciais e acarretar a 
responsabilização do fornecedor do serviço. 
Conforme artigo 40, § 1º: “Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá 
validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor”. Logo, se não 
houver nenhum ajuste entre as partes o preço do orçamento e válido por 10 dias, a começar pelo 
recebimento. 
Ainda, consoante o §2º do referido artigo, após a anuência do consumidor o orçamento 
obriga as partes e só pode sofrer alterações por meio negociação entre as partes. 
Por fim, cabe citar a redação do § 3º que prevê: “O consumidor não responde por 
quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não 
previstos no orçamento prévio”. Diante disso, se houver a necessidade de serviço de terceiro é 
necessário analisar se há ou não previsão no orçamento, e ainda, se essa previsão foi 
comunicada de forma compreensível ao consumidor. Caso exista tal previsão o consumidor se 
obriga a arcar com os gastos, do contrário, estará isente de qualquer ônus adicional, recaindo 
sobre o fornecedor os custos do serviço adicional. 
 
3 CONCLUSÃO 
Com base no que foi apresentado, pode-se observar que as práticas abusivas na relação 
de consumo são vedadas pelo Código de Defesa do Consumidor, a fim de proteger a parte 
hipossuficiente da relação. 
 O artigo 39 que estabelece um rol de hipóteses de abusos é meramente 
exemplificativo, pois é inviável para o legislador prever todas as possibilidades de 
comportamento ilícito das partes. 
Nesse sentido, toda conduta que se distância da boa-fé objetiva, ou seja, da boa conduta 
respaldada na moral, na ética e na honestidade, tende a se caracterizar como prática abusiva e 
os responsáveis devem ser punidos conforme disposto em lei. 
Dentre as várias hipóteses de prática de abuso, foi abordada mais profundamente a 
execução de serviços sem prévia elaboração de orçamento, que se configura como ilícita e 
resulta desobrigação do consumidor com o fornecedor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOLZAN DE ALMEIDA, Fabrício. Direito do consumidor esquematizado; coordenação de 
Pedro Lenza. 7. ed. São Paulo. Saraiva Educação, 2019 
 
BRASIL, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor 
e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm. Acesso em: 13 out. 2021 
 
TARTUCE, Flávio. Manual de direito do consumidor: direito material e processual. 7. ed. 
rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo. MÉTODO, 2018.

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