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💝 DO��ÇA �R���I�L CO����RI��� (DA�) A DAC é causada por oclusão coronária, que causa desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O2 e desde perda de função à necrose. ● Assintomática: sem queixas, com fatores de risco e indícios de oclusão. ● Crônica (angina estável): isquemia aos médios e grandes esforços. ● Síndrome coronariana aguda (angina instável, IAMSST e IAMCST): isquemia em repouso ou aos pequenos esforços. A DAC é a principal causa de mortes no Brasil, com taxa de mortalidade de 88,3 em 2016 e maior incidência quanto maior a idade. As etiologias são aterosclerose (ATS) das coronárias (95%), embolia, vasculite ou dissecção coronária. Fatores de risco para ATS e eventos CV ● Tabagismo ● Obesidade ● Sedentarismo ● Dieta aterogênica ● Dislipidemias (↑LDL, ↓HDL e ↑TG) ● HAS ● Resistência à insulina ● DM I e DM II ● Hiper-homocisteinemia ● ↑Proteína C Reativa ● Microalbuminúria ● Homem >55 anos ● Mulher >65 anos ● História familiar ● Infecção pelo HIV 💝AN���� ES�ÁVE� Fis���a��l��i� A demanda miocárdica (MVO2) depende da FC, da contratilidade e da tensão na parede ventricular. O oferta de O2 (MDO2) depende da PO2, do fluxo sanguíneo e da taxa de extração de O2 (TEO2). O miocárdio possui TEO2 máxima (75%), mas pode aumentar o fluxo coronariano em até 6x por dilatação das arteríolas pré-capilares, uma capacidade chamada reserva coronariana. Se houver uma oclusão no lúmen do vaso, a reserva é progressivamente requisitada. Na angina estável, 50-80% do lúmen está ocluído e parte da reserva é usada ainda em repouso; nas obstruções agudas, mais de 80% do lúmen está ocluído e a reserva é insuficiente mesmo em repouso. Fatores como taquiarritmias, HVE e HAS aumentam o MVO2 enquanto doença pulmonar, anemia ou intoxicação por CO diminuem o MDO2. Quando o MVO2 aumenta e o MDO2 é insuficiente, a região irrigada pela coronária começa a entrar em isquemia, sofrendo alterações diastólicas e sistólicas. Ocorre gradativamente: (1) hipocinesia (contração fraca); (2) acinesia (segmento espesso e imóvel); e (3) discinesia (segmento fino, imóvel e abaulado na sístole). Se uma grande porção do VE for afetada (>40%), ocorre ICC aguda. Se os músculos papilares forem afetados, ocorre insuficiência mitral aguda. A instabilidade elétrica causada pela isquemia pode causar fenômenos de reentrada e taquiarritmias, como FV e TV. Isquemias persistentes (> 20 min) levam ao infarto do miocárdio. O ECG apresenta alterações progressivas: ● Onda T pontiaguda e simétrica (positiva na isquemia subendocárdica e negativa na isquemia subepicárdica); ● Segmento ST infra (lesão subendocárdica) ou supradesnivelado (lesão transmural). Qu�d�� �líni�� A dor anginosa é uma dor transitória em aperto, peso ou pressão, localizada retroesternal- mente, que geralmente irradia para ombro esquerdo e face ulnar do braço esquerdo, podendo irradiar também para pescoço, mandíbula, braço direito, abdômen e dorso, mas nunca para o trapézio; o paciente esfrega a mão direita difusamente ou o punho cerrado sobre o peito (Sinal de Levine). A angina típica se manifesta com (1) dor anginosa, que (2) surge aos médios e grandes esforços e (3) melhora com repouso ou nitrato. A angina atípica apresenta pelo menos dois fatores. Em pacientes idosos, mulheres, diabéticos, portadores de ICC, com marcapasso definitivo ou transplantados cardíacos, pode haver dor não anginosa (dor em facada ou queimação) e/ou equivalentes anginosos (dispneia, náuseas e vômitos, palidez, sudorese fria, ansiedade e sensação de morte iminente). Classe Classificação da angina estável CCSEstratificação de acordo com a gravidade I Aos grandes esforços II Aos médios esforços III Aos pequenos esforços IV Em repouso Ao exame físico, a ausculta pode mostrar B4 (disfunção diastólica VE) e/ou B3 (disfunção sistólica VE); sopro de regurgitação mitral; e estertoração pulmonar (EAP por falência VE). O diagnóstico diferencial é feito com dor esofágica (espasmo esofagiano difuso ou DRGE não se relacionam com o esforço), dor musculoesquelética (se agrava com digitopressão ou com o esforço), dor pericárdica (dor contínua, pleurítica que irradia para trapézio, piora em decúbito e melhora na posição genupeitoral), TEP (dor anginosa e dispnéia com pulmões limpos) ou dor psicogênica (somatização). A dor anginosa geralmente não é bem localizada. Filipy Rocha Di�g�ós�i�� � Es�a���me��� Os principais exames laboratoriais são hemograma, lipidograma, função renal, glicemia/ hemoglobina glicada, microalbuminúria, função tireoideana, dosagem de proteína C reativa (PCR). Testes provocativos O teste ergométrico (TE) é o exame mais indicado, feito com registro contínuo do ECG antes, durante e após um protocolo específico de esforço físico (ex.: protocolo de Bruce). O critério diagnóstico é o surgimento de infra de ST ≥ 1mm com morfologia retificada/descendente; quanto mais precoces, intensas e duradouras as alterações, maior o risco CV. Os critérios de mau prognóstico são: surgimento em menos de 6 min de exercício; infra de ST ≥ 2 mm ou que dura mais de 5 min após o repouso; déficit inotrópico/cronotrópico; distúrbios de condução; taquiarritmias ventriculares. A cintilografia de perfusão miocárdica é o teste mais sensível, indicado quando há limitações para o TE. Sob estresse farmacológico (dipiridamol), o miocárdio é perfundido com um radiotraçador (Tc99m, Tl201), que não se concentra em regiões que sofrem isquemia, mas se concentra em regiões bem perfundidas, diferença visualizada no SPECT. Os critérios de mau prognóstico são: múltiplos defeitos perfusionais ou em região suprida pela DA; maior captação pulmonar do radio- traçador; dilatação ventricular induzida por estresse. O ecocardiografia com estresse é indicado quando há limitações para o TE e para a cintilografia. Sob estresse por esforço físico ou farmacológico (dobutamina, dipiridamol), o miocárdio é submetido a um ecocardiograma, que pode revelar um déficit na contração segmentar que melhora com repouso e determinar a extensão da isquemia e suas repercussões sobre a função VE. A cinecoronariografia ou cateterismo cardíaco é indicada quando há limitações para os demais testes ou antes de um procedimento de revascularização. Sob cateterismo, um radiocontraste é injetado no miocárdio enquanto radiografias em sequência permitem definir a anatomia das lesões coronárias e decidir o melhor procedimento de revascularização. A angio-TC de coronárias não é um exame de rotina. Um contraste iodado é injetado enquanto a TC permite definir a anatomia das coronárias. O exame pode detectar ATS coronariana, mas não é capaz de caracterizar as lesões. A TC para escore de Cálcio (EC) é indicada em pacientes assintomáticos para estratificação de risco (EC > 100 é um fator agravante). O exame pode detectar calcificações da parede coronariana, mas não necessariamente obstruções. Estimativa do risco cardiovascular em 10 anos Atribuição de pontos de acordo com o ERG Pts Idade HDL CT PAS Fumo DM Mulheres -2 > 60 -1 50-59 < 120 0 30-34 45-49 < 160 Não Não 1 35-44 160-199 2 35-39 < 35 120-139 3 200-239 130-139 Sim 4 40-44 240-279 Sim 5 45-49 > 280 140-149 6 150-159 7 50-54 > 160 8 55-59 9 60-64 11 70-74 10 65-69 12 > 75 Homens -2 >60 -1 50-59 0 30-34 45-49 <160 <120 Não Não 1 35-44 160-199 2 35-39 <35 200-239 120-139 3 240-279 130-139 Sim 4 >280 140-159 Sim 5 40-44 >160 6 45-49 7 10 55-59 13 8 50-54 11 60-64 14 70-74 9 12 65-69 15 >75 RCV (%) em 10 anos Pontos Mulher Homem Pontos Mulher Homem <-2 <1 <1,1 10 6,3 9,4 -1 1,0 1,4 11 7,3 11,2 0 1,2 1,6 12 8,6 13,2 1 1,5 1,9 13 10,0 15,6 2 1,7 2,3 14 11,7 18,4 3 2,0 2,8 15 13,7 21,6 4 2,4 3,3 16 15,9 25,3 5 2,8 3,9 17 18,5 29,4 6 3,3 4,7 18 21,6 >30 7 3,9 5,6 19 24,8 8 4,5 6,7 10 28,5 9 5,3 7,9 >21 > 30 Risco absoluto em 10 anos Baixo risco < 5% Risco intermediário 5-10% em mulheres 5-20% em homens Alto risco > 10% em mulheres> 20% em homens Fatores agravantes (Se o paciente possui risco baixo/intermediário, um fator agravante, pode classificá-lo como intermediário/alto) 1. História familiarde DAC precoce 2. Síndrome metabólica 3. Microalbuminúria 4. HVE 5. PCR de alta sensibilidade > 2 mg/l 6. Espessura íntima média de carótidas > 1,0 7. Escore de cálcio (EC) coronário > 100 8. Índice tornozelo-braquial < 0,9 Tra����n�o ��r���ológi�� Os pacientes com baixo ou médio risco devem receber o tratamento farmacológico, se o resultado for insatisfatório, o cateterismo é realizado para considerar a revascularização. Os pacientes de alto risco devem realizar o cateterismo para considerar a revascularização. Mudança dos hábitos de vida ● Controle do peso; ● Controle do LDL (< 70 mg/dl para alto risco; < 100 mg/dl para risco intermediário); ● Controle do HDL (> 50 mg/dl); ● Controle da HAS e do DM; ● Exercício físico regular; ● Abandono do tabagismo; ● Vacinação contra influenza. Antiagregantes plaquetários O AAS é usado em doses antiagregantes, mas pode ser associado ou substituído pelas tienopiridinas, quando há restrições ao uso de AAS. ● AAS 75-325 mg/dia; ● Clopidogrel 75 mg/dia; ● Ticlopidina 250 mg 2x/dia. Anticoagulantes orais O AAS pode ser associado ou substituído pelos ACO, quando há indicação específica (FA com risco cardio-embólico elevado, pós-IAM anterior extenso ou com trombo intramural), ou com restrições ao uso de AAS. ● Warfarina visando INR 2-3. Drogas antilipêmicas As estatinas são usados para reduzir o LDL, aumentar o HDL e aumentar a estabilidade da placa de ateroma, elas são as drogas mais potentes e perdem apenas para os inibidores da PCSK9 (arilocumab e evolocumab), usados na dislipidemia familiar grave. Os principais efeitos colaterais são disfunção hepática, miopatia e DM tipo 2. As estatinas podem ser associadas ou substituídas pelos quelantes de ácidos biliares e pelo ezetimibe. O ácido nicotínico (vitamina B3) pode reduzir LDL e os fibratos, reduzir os TG, mas não devem ser associados com estatinas. ● Atorvastatina 10-80 mg/d (droga de escolha, segunda mais potente, com ação sobre TG); ● Rosuvastatina 5-40 mg/d (droga mais potente, com maior ação sobre HDL e LDL); ● Sinvastatina 5-80 mg/d (droga mais prescrita, terceira mais potente, apresenta maior risco de miotoxicidade); ● Pravastatina 10-80 mg/d (droga mais segura para hepatopatias e miopatias). Os pacientes com ATS manifesta ou LDL > 190 mg/dL devem iniciar o tratamento com doses altas. Pacientes com 40-75 anos e LDL > 70 mg/dL devem iniciar o tratamento com doses altas se RCV > 7,5% ou doses moderadas se RCV < 7,5%. Alto risco LDL < 70 mg/dl Risco intermediário LDL < 100 mg/dl Drogas antianginosas As drogas antianginosas aumentam a qualidade de vida do paciente por ↓MVO2 ou por ↑MDO2, mas não diminuem a mortalidade. Os nitratos de ação rápida (nitroglicerina, isossorbida, propatilnitrato) são usados em crises ou durante profilaxia anginosa (15-30 min antes do esforço). O nitroprussiato é contraindicado, pois pode provocar roubo coronariano. Os iECA sempre são usados em pacientes de alto risco, pois diminuem o remodelamento cardíaco; os BRA são usados quando há restrições ao uso de iECA (tosse, angioedema). Primeira linha Os BB (propranolol, atenolol, metoprolol) diminuem a MVO2 e aumentam a circulação colateral e subendocárdica, aumentando a MDO2. Eles são usados para prevenir angina de esforço, mas contraindicados em bloqueios de condução ou doença pulmonar. Segunda linha Os BCC nifedipina e anlodipina aumentam a MDO2; o verapamil diminui a MVO2 e o diltiazem possui efeito intermediário. Eles são usados para prevenir angina de esforço, mas os BCC não diidropiridínicos não devem ser associados com BB. A trimetazidina (Vastarel®): protege o miócito da isquemia e é usada em associação ou quando há limitações às outras drogas. A ivabradina (Procoralan®) diminui o automatismo do nó SA e reduz a FC e é usada em associação com BB em altas doses em pacientes com disfunção VE e FC basal ≥ 70 bpm. Terceira linha Os nitratos de ação prolongada (mononitrato ou dinitrato de isossorbitol) pioram a mortalidade, pois a vasodilatação prolongada estimula o aumento da resposta adrenérgica e o SRAA, mas são indicados em associação ou quando há refratariedade aos BB e BCC diidropiridínicos. Eles são administrados de forma assimétrica (a última dose é pulada para evitar resistência). Quarta linha O alopurinol (Zyloric®): é usado em altas doses em associação com outras drogas. Filipy Rocha Tra����n�o ��rúr�i�� (re���c��a��z�ção) A revascularização é indicada quando a angina estável é refratária ao tratamento ou em pacientes de alto risco onde a literatura mostrou ganho de sobrevida com a revascularização. Intervenção coronária percutânea (ICP) Na ICP, a angioplastia é realizada através de cateterismo coronariano com acesso pelas artérias femoral ou radial. Quando o catéter alcança a região estenosada, um balonete é inflado no interior da artéria, dilatando o segmento. A taxa de reestenose é alta (30-45% em 6 meses), mas, se um stent coronariano convencional ou farmacológico for introduzido, a taxa de reestenose diminui (10-30% em 6 meses). Cirurgia de revascularização miocárdica (CRVM) Na CRVM, um vaso retirado de alguma parte do corpo é colocado no lugar de uma artéria coronária estenosada. A ponte mamária usa a artéria mamária esquerda (ou torácica interna) e faz ponte para a artéria principal do coração, a ADA, pois a chance de ocorrer estenose é menor do que com a ponte de safena. A ponte de safena usa a veia safena magna da perna e faz ponte para as outras artérias, de acordo com a necessidade. Os casos em que a eficácia da CRVM é maior do que a da ICP são: ● Estenose ≥ 50% no tronco da coronária esquerda ou equivalente (estenose grave nas origens das artérias DA e Cx). ● Doença bivascular + disfunção sistólica VE e/ou grande área isquêmica em testes provocativos e/ou DM; ● Doença trivascular + disfunção sistólica VE e/ou grande área isquêmica em testes provocativos e/ou DM. Sín��om� X A síndrome X ou angina microvascular é causada por disfunção endotelial que dificulta a vasodilatação da microcirculação (o endotélio não vasodilatadores, como NO), diminuindo a reserva coronariana. O quadro apresenta angina típica, testes provocativos evidenciando isquemia e coronariografia normal. A mortalidade é baixa, mas os sintomas são limitantes e o tratamento com BCC possui resposta parcial. 💝 I�M ��� SU��� D� �� (I�M��T) Em 70% dos casos de IAM, ocorre oclusão subtotal da artéria por trombos brancos (ricos em plaquetas), causando o IAMSST. Nos demais casos, ocorre oclusão total da artéria, por trombos vermelhos (ricos em fibrina), causando o IAMCST. Fis���a��l��i� O IAMCST é causado por oclusão total e aguda de uma coronária principal (ADA, ACx e ACD) ou, raramente, do TCE por um trombo vermelho. A maioria (95%) das oclusões são causadas por aterotrombose, outras (5%) causas são: cocaína; espasmo, embolia, dissecção ou vasculite/trauma coronariano; síndrome do anticorpo antifosfolipídio; síndromes trombofílicas; acentuado aumento do MVO2; amiloidose. Quando a região irrigada pela coronária entra em isquemia, ocorre disfunção diastólica, que aumenta as pressões de enchimento VE, causando congestão pulmonar com B4, e rapidamente evolui com disfunção sistólica, quando a parede entra em acinesia ou discinesia. Em 80% dos IAM, não há ICC ou choque, mas: ● Se a área isquêmica for > 20-25% do VE, ocorre insuficiência VE com EAP. ● Se a área isquêmica for > 40% do VE, há risco de choque cardiogênico. Se a reperfusão for tardia, o miocárdio continua atordoado e a disfunção VE pode levar horas ou dias para se normalizar, nesse período também podem surgir arritmias. Se não houver reperfusão, a necrose na região subendocárdica (necrose não transmural) se inicia em até 30 min e pode se estender para a região subepicárdica (necrose transmural) em 6-12 horas. Os fatores que determinam a extensão da necrose são: (1) rede de circulação colateral; (2) MVO2, que aumenta na fase aguda e piora a isquemia; e (3) reperfusão precoce, que pode salvar o miocárdio não necrosado. A reperfusão podeocorrer com intervenção farmacológica (trombolíticos) ou cirúrgica (angioplastia, CRVM), mas ocorre de forma espontânea em até 30% dos casos (sistema fibrinolítico endógeno). Após o infarto, o coração sofre remodelamento. A área infartada se torna fina e dilatada e pode até formar um aneurisma ventricular, enquanto a região saudável sofre hipertrofia compensatória, o que piora a função sistólica, causando ICC que se manifesta alguns dias após o IAM. Qu�d�� �líni�� O pródromo começa com um desconforto anginoso ou sensação de mal-estar até 4 ou 6 semanas antes do evento. Metade dos pacientes refere um fator desencadeante, como estresse físico/emocional ou refeição farta. A dor do IAM quase sempre (75-85%) se manifesta como: ● Angina em crescendo (angina prévia, mas com diminuição progressiva do limiar). ● Início recente (classe III em até 2 meses), ● Ausência de melhora com o repouso (> 20 min) ou nitrato. Em pacientes idosos, mulheres, diabéticos, portadores de ICC ou com MP definitivo pode haver dor não anginosa e/ou equivalentes anginosos. Os exames laboratoriais mostram alterações inespecíficas de processos inflamatórios, como leucocitose (12.000-15.000/mm3) entre 2-4 dias, aumento do VHS e da PCR. Ocorre também uma pseudo hipolipemia, caracterizada por redução das frações do colesterol entre 24h-30 dias. A dor torácica pode ser causada por angina instável, dissecção aórtica, pericardite aguda, pneumotórax ou embolia pulmonar. A dispnéia pode ser causada por embolia pulmonar, edema agudo hipertensivo, crise asmática ou ICC. O choque pode ser causado por hipovolemia, embolia pulmonar, sepse, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo ou pneumomediastino. Classificação prognóstica do IAM Killip I Pode haver: bradicardia sinusal (↑atividade vagal), hipertensão arterial (↑atividade simpática) e B4 (disfunção diastólica VE). Killip II IVE: dispnéia e ortopnéia, estertoraçãopulmonar e B3 (disfunção sistólica VE). Killip III EAP: estertoração em ⅓ inferiores do tórax Killip IV Choque cardiogênico: hipoperfusão geral (hipotensão, pulsos finos, palidez, sudorese fria, oligúria, confusão mental) Di�g�ós�i�� História clínica: A presença de sintomas típicos ou de sintomas atípicos em pacientes com fatores de risco para IAM mascarado confirmam o diagnóstico. Eletrocardiograma: O ECG deve ser realizado em até 10 min e repetido a cada 5-10 min. Critérios de Sgarbossa modificado: ● Supra de ST ≥ 1 mm concordante com o QRS em duas derivações contíguas; ● Infra de ST ≥ 1 mm em V1, V2 e V3; ● Supra de ST (ponto J) ≥ ¼ da onda S. ● BRE completo novo em paciente sintomático (não havia BRE em ECG antigo). Evolução do IAMCST: ● Fase hiperaguda (primeiras horas): surgem onda T apiculada e supra de ST côncavo; a onda R pode ter maior amplitude; ● Fase subaguda (de horas até 4 semanas): a onda T se negativa com ST abobadado; a onda R reduz amplitude; surgem ondas Q patológicas (> 40 ms e > 0,2 mV) indicando inatividade elétrica transmural; ● Fase crônica (após 4-6 semanas): o supra de ST desaparece; as ondas Q patológicas persistem, marcando necrose ou fibrose; as alterações na onda T podem persistir. A localização do infarto causa alterações nas derivações da parede correspondente e alterações recíprocas (espelho) nas opostas. Ecocardiograma bidimensional com doppler O melhor exame para localizar e quantificar o IAM é o ecocardiograma, que caracteriza (1) as regiões com déficit contrátil (acinesia ou discinesia), (2) o tamanho do infarto, (3) a função ventricular diastólica e sistólica, com cálculo da FE (FE < 35% indica alto risco), e (4) as complicações mecânicas. Marcadores de necrose miocárdica (MNM) A creatinaquinase (CK) existe nas isoformas CK-MM, CK-BB e CK-MB (predomina no coração). No IAM, seus níveis aumentam em 4-6h, atingem o pico em 24h e normalizam após 36-48h. ● CK-total: caracteriza lesão muscular (ex.: rabdomiólise), mas não é específico p/ IAM. ● CK-MB atividade: alta em 4-6h (> 15-20 U/L), pico em 18h, normalização em 48-72h. ● CK-MB massa: alta em 3-6h (> 5 ng/ml), pico em 16-24h, normalização em 48-72h. As troponinas cardioespecíficas são mais específicas (> 0,1 ng/ml). Seus níveis elevam em 4-8h, pico em 36-72h e normalizam após 5-14 dias. ● cTnI/cTnT: após angioplastia, o valor pode exceder até 3x o LSN. A mioglobina é uma hemoglobina do citoplasma dos miócitos. Seus níveis elevam em 1-2h, atingem o pico em 6-9h e normalizam após 12-24h. Ela possui alto valor preditivo negativo. Estratificação de risco escore TIMI risk para IAMCST Idade > 75 anos 3 65-75 anos 2 DM, HAS ou angina prévia 1 PA sistólica < 100 mmHg 3 FC > 100 bpm 2 Killip II, III ou IV 2 Peso < 67 kg 1 Supra de ST na parede anterior ou BRE completo 1 Delta-T até a reperfusão > 4h 1 Filipy Rocha Interpretação do TIMI-IAMCST (em pacientes submetidos à reperfusão) Escore < 2 (baixo risco) Mortalidade < 2% Escore = 5 (risco intermediário) Mortalidade = 10% Escore > 8 (alto risco) Mortalidade > 20% Tra����n�o Se a anamnese e o ECG confirmarem o infarto, a reperfusão coronariana emergencial deve ser realizada através de trombólise química em até 30 min ou mecânica em até 90 min. São necessários exames como radiografia, hemograma, lipidograma, glicose, ureia, creatinina, eletrólitos, coagulograma (TAP/PTT) e MNM. Oxigênio Se houver hipoxemia (SpO2 < 94%): ● Oxigênio suplementar. ● Dosagem seriada da gasometria arterial. Se houver hipoxemia refratária: ● VNI (ventilação não invasiva) ou; ● IOT (intubação orotraqueal). Nitratos Os nitratos reduzem a pré e a pós-carga e aumentam a perfusão miocárdica, eles são usados para o alívio inicial da dor. A via IV é preterida se dor persistente, HAS ou congestão pulmonar. ● Nitroglicerina 0,4 mg ou mononitrato. ● Dinitrato de isossorbida 5 mg SL. Contraindicações aos nitratos na SCA Hipotensão Bradicardia IAM de VD Uso de iPDE < 24h Betabloqueadores (BB) Os BB reduzem a morbimortalidade e a taxa de FV, por isso, devem ser ADM imediatamente, exceto se houver risco para choque cardiogênico, quando são ministrados tardiamente (> 24h). ● Metoprolol 50 mg 6/6h no primeiro dia. ● Metoprolol 100 mg 12/12h VO ou IV após o primeiro dia. Fatores de risco para choque cardiogênico FC > 110 bpm Idade > 70 anos PA sistólica <120 mmHg Contraindicações aos BB FC < 60 bpm Asma ou DPOC grave PA sistólica < 100 mmHg Doença arterial periférica Intervalo PR > 240 ms Disfunção do VE grave BAV 2° ou 3° grau Killip II, III ou IV Bloqueadores dos canais de Cálcio Os BCC não diidropiridínicos (verapamil, diltiazem) são usados em associação ou como alternativa aos nitratos e aos BB. Eles reduzem a angina, mas não diminuem a mortalidade e são contraindicados em disfunção VE grave ou BAV. Morfina A morfina é usada em casos refratários ou quando há EAP, pois reduz a pré-carga e a congestão pulmonar, mas é contraindicada no IAM inferior, pois há risco de IAM de VD e/ou bradicardia reflexa devido à exacerbação do reflexo de Bezold‐Jarisch (hipotensão, bradicardia, náuseas). ● Morfina 2-4 mg a cada 5-15min IV até cessar a dor ou até a toxicidade. Antiplaquetários ● AAS dose de 200-300 mg seguido de 100 mg/dia para o resto da vida reduz a mortalidade e as complicações. Contraindicações ao AAS Alergia Sangramento ativo Intolerância Úlcera péptica Hemofilia Hepatopatia grave ● Clopidogrel dose de ataque 300 (trombólise) ou 600 mg (angioplastia) seguido de 75 mg/dia pode ser associado ao AAS; idosos (> 75) não recebem dose de ataque; ● Ticagrelor dose de ataque 180 mg seguido de 90 mg 2x/dia pode ser associado ao AAS (angioplastia); maior redução da mortalidade e menor risco hemorrágico; ● Prasugrel dose de ataque 60 mg seguido de 10 mg/dia pode ser associado ao AAS (angioplastia); possui maior redução da mortalidade e maior risco hemorrágico; mas é contraindicado se histórico de AVC/AIT, ≥ 75 anos ou peso < 60 kg; ● iGP IIb/IIIa (abciximab) podem ser associados com o AAS e as tienopiridinas em pacientes “slow/no reflow” (angioplastia). Terapia de reperfusãoA reperfusão reduz a extensão do infarto e a mortalidade e pode ser feita com trombolíticos ou angioplastia com balão (com ou sem stent). A terapia é indicada se houver: (1) dor sugestiva de IAM entre 20 min-12h, que não melhora com nitrato + supra de ST ou BRE novo; ou (2) dor e alterações do ST persistentes entre 12-24h. Trombolíticos: podem ser não fibrinolíticos (ativam todo plasminogênio circulante), como a estreptoquinase (SK), ou fibrinolíticos (ativam o plasminogênio ligado ao trombo), como o ativador tecidual do plasminogênio recombinante (rtPA) e o tenecteplase (TNK). O ∆t ideal é de até 30 min. ● SK 1,5 milhões UI em 100 ml de SG5% ou SF0,9% (correr em 30-60min). ● rtPA 15 mg IV em bolus → 0,75 mg/kg em 30 min → 0,5 mg/kg em 60 min (até 100 mg). ● TNK em bolus único de acordo com peso: < 60 kg = 30 mg 80-90 kg = 45 mg 60-70 kg = 35 mg > 90 kg = 50 mg 70-80 kg = 40 mg As principais complicações são sangramentos (idosos, peso <60 kg, mulheres) e hemorragia cerebral (história de DCV, PA alta na admissão). A SK ainda pode causar hipotensão aguda, tratada com a posição de Trendelemburg, e/ou alergia, tratada com antialérgicos. ● Pacientes < 75 anos: TNK possui maior segurança para outros sangramentos; ● Pacientes > 75 anos: a SK possui maior segurança contra a hemorragia cerebral. Contraindicações absolutas aos trombolíticos ● História de AVE hemorrágico ● Dano ou neoplasias no SNC ● AVC isquêmico < 3 meses ● Trauma craniofacial < 3 meses ● Hemorragia ativa ou diátese hemorrágica ● Qualquer lesão vascular cerebral conhecida ● Dissecção aórtica A reperfusão bem sucedida é caracterizada por coronariografia com fluxo TIMI 2 ou 3 e quadro clínico com: (1) redução > 50% do supra de ST; (2) pico precoce na curva de MNM; (3) arritmias de reperfusão (extrassístoles, ritmo idioventricular acelerado); ou (3) desaparecimento súbito da dor. A reoclusão é caracterizada por coronariografia com fluxo TIMI 0 ou 1 e quadro clínico com dor e supra de ST persistentes. A angioplastia de resgate ou uma nova trombólise é indicada após 24h (se foi feito SK > 5 dias, deve ser usado um fibrinolítico). Classificação TIMI para Patência Coronária 0 Ausência de perfusão do contraste 1 Alguma perfusão, porém sem atingir o leito distal 2 Perfusão completa, mas lentidão no leito distal 3 Perfusão completa e rápida no leito distal Angioplastia: a angioplastia primária é mais eficaz e segura. O ∆t ideal é de até 90 min, mas pode esperar até 12h se houver contraindicação aos trombolíticos ou fator de risco para choque cardiogênico. Caso haja implante de stent, o paciente deve fazer dupla antiagregação. ● Stent convencional → 1 mês. ● Stent farmacológico 1ª geração → 1 ano. ● Stent farmacológico 2ª geração → 6 meses. A angioplastia de resgate é feita quando há falha na trombólise farmacológica. O ∆t ideal é < 180 min após constatação da falha. A angioplastia eletiva é feita após trombólise farmacológica bem sucedida se a coronariografia (3-24h após a fibrinólise) identificar lesões residuais e falhas da fibrinólise assintomáticas. CRVM: é indicada como alternativa ou quando ocorre falha nas demais terapias, desde que o paciente possua anatomia coronariana favorável e complicações como isquemia recorrente, choque cardiogênico ou complicações mecânicas do IAM. O ∆t ideal é de 4-6h. Anticoagulação A anticoagulação diminui as taxas de reoclusão coronariana e reinfarto e está indicada mesmo quando não houve terapia de reperfusão. ● Enoxaparina bolus 30 mg IV + 1 mg/kg 12/12h SC (idoso = 0,75 mg/kg, sem bolus): do fim trombólise ao fim da internação. ● HNF 60 U/kg em bolus (máximo 4.000 U) → infusão de 12 U/kg/h (máximo 1.000 U/h) visando TTPa 1,5-2,5x o controle (50-70 segundos): do fim da angioplastia até 48h. A anticoagulação prolongada (3-6 meses) é indicada quando há FA persistente ou paroxística; tromboembolismo; trombo no VE; acinesia extensa da parede anterior; ou disfunção sistólica VE grave. iECA ou BRA, DIU e estatinas Os iECA são usados na fase aguda e crônica pois melhoram a hemodinâmica e reduzem a toxicidade da angiotensina II sobre o miocárdio, mas são contraindicações em estenose bilateral de artéria renal, gravidez ou história de angioedema com uso prévio. As doses começam reduzidas e são aumentadas de 24/24h até a dose alvo. ● Captopril 6,25 mg → 12,5 mg 12/12h duas horas após → 50 mg 8/8h. ● Enalapril 2,5 → 10 mg 12/12h. ● Ramipril 2,5 → 5 mg 12/12h. ● Lisinopril 5 → 10 mg 24/24h. ● Trandolapril 1 → 4 mg 24/24h. Os BRA são usados na fase aguda como alternativas aos IECA ou se (1) FE < 40% e sinais ICC ou (2) HAS associada. As doses começam reduzidas e são aumentadas de 24/24h até o alvo. ● Valsartan 40 → 160 mg/dia. ● Telmisartan 40 → 80 mg/dia. O antagonista da aldosterona espironolactona é usado na fase crônica em associação com os iECA/BRA se: (1) FE < 40% + ICC ou (2) FE < 40% + DM. As estatinas são usadas em dose máxima nas primeiras 24h. O lipidograma é feito em < 24h e repetido em 30 dias, o LDL ideal é < 70 mg/dl. Filipy Rocha Com���c�ções �� I�M Arritmias ventriculares: ocorrem extras- sístoles ventriculares nas primeiras horas (80-90%). A FV costuma ocorrer nas primeiras 4 horas. ● FV precoce ocorre até 48h e pode ser primária (Killip I) ou secundária (Killip II, III ou IV), ela é causada pelo mecanismo de reentrada devido à isquemia. ● FV tardia ocorre depois de 48h, ela é causada pelo mecanismo de reentrada em torno de um foco necrótico. A TV não sustentada (TVNS) é mais comum (10-20%) e indica mau prognóstico. A TV sustentada (TVS) é rara (0,5-1%) e pode ser: ● TV polimórfica (TVPS), por isquemia. ● TV monomórfica (TVMS), em torno de um foco necrótico, indicando mau prognóstico. O ritmo idioventricular acelerado é uma arritmia benigna de reperfusão frequente. Arritmias supraventriculares: a taqui- cardia SA e a FA (mau prognóstico) são as mais comuns (10%), flutter atrial e TSVP podem ocorrer. O tratamento é feito com monitorização, cardioversão elétrica para interromper a arritmia (iniciar com 100-200 J) e antiarrítmicos para prevenir recidivas (TV precoces respondem melhor à lidocaína, TV tardias, a amiodarona ou a procainamida). Bradiarritmias: a bradicardia é a arritmia mais frequente até 6h, principalmente no IAM de parede inferior (40%), que pode desencadear hiperativação vagal pelo reflexo de Bezold-Jarisch. O BAV de 1° grau e o BAV de 2° grau Mobitz I (10%) são causados por estímulo vagal ou isquemia do nó AV e indicam bom prognóstico. O BAV de 2° grau Mobitz II (1%) é causado por lesões no feixe de His e/ou nos ramos e fascículos de condução intraventricular e indica mau prognóstico. O BAV de 3° grau (5-15%) é causado por isquemia no nó AV ou no feixe de Hiss e indicam mau prognóstico. Os bloqueios de ramo ou hemibloqueios indicam mau prognóstico: BRE (5%), HBAE/BDAS (4%), BRD (2%), HBPE/BDPI (<1%). Os bloqueios bi ou trifasciculares pioram o prognóstico. A bradicardia e o BAV Mobitz I devem ser tratados com atropina. O marcapasso é indicado nos demais bloqueios. BB são contraindicados. ICC e choque cardiogênico Na IVE, pacientes em Killip III (EAP) devem ser tratados com diuréticos, nitratos (nitroglicerina venosa) e inotrópicos (dobutamina). O choque cardiogênico é caracterizado por: (1) PA < 80 mmHg + hipoperfusão periférica + refratariedade à reposição de volemia; ou por (2) congestão pulmonar + hipotensão. O tratamento é feito com a monitorização hemodinâmica (PA invasiva + cateter de Swan-Ganz) e aminas inotrópicas (dobutamina) e vasopressoras (dopamina, noradrenalina). Na IVD, a disfunção do VD faz cair o DC, causando hipotensão arterial, turgência jugular, sinal de Kussmaul (aumento da jugular durante a inspiração) e congestão venosa sistêmica. O tratamento é a trombólise farmacológica com reposição volêmica generosa. São contraindicados diuréticos e venodilatadores (nitratos, morfina). Complicações isquêmicas Na angina instável pós-IAM, ocorre dor anginosa em repouso entre 48h e 2 semanas em 20-30% dos pacientes devido a umaárea isquêmica residual, que pode evoluir com um novo IAM. O paciente deve receber o tratamento para SCA (drogas antianginosas + antiplaquetários + anticoagulantes) e submetido a uma coronariografia para avaliar a necessidade de reperfusão. Complicações mecânicas O aneurisma ventricular (10%) ocorre quando a área discinética permanece abaulada mesmo após a cicatrização, suas principais complicações são ICC quando ocorre IAM anterior extenso e arritmias ventriculares, pois a área é propícia à reentrada. O ecocardiograma pode caracterizar o aneurisma, enquanto o ECG apresenta supra de ST crônico. O tratamento é feito com anticoagulação plena com heparina seguida de warfarina pelo risco de formação de trombo mural. A insuficiência mitral aguda ocorre pela disfunção ou ruptura dos músculos papilares devido à isquemia. Ocorre IVE com EAP e aparecimento de sopro e frêmito no foco mitral. O paciente deve ser estabilizado com dobutamina + nitroprussiato de sódio (dose baixa), monitorizado pelo Swan-Ganz e encaminhado para cirurgia. A ruptura do septo interventricular (CIV) causa ICC biventricular e com sopro e frêmito sistólico na BEE baixa. O diagnóstico diferencial com a ruptura dos músculos papilares é feito com eco-Doppler. O tratamento é o mesmo da insuficiência mitral. A ruptura da parede do VE cursa com súbito choque e tamponamento cardíaco, evoluindo rapidamente para o óbito por AESP. Na forma subaguda (pseudoaneurisma), forma-se um tampão coberto por pericárdio (semelhante a um aneurisma) e o tratamento é cirúrgico. 💝 I�M ��� SU���D���ÍVE� �� S� (I�M��T) E �N���A �N��ÁVE� Fis���a��l��i� O IAMSST é causado por oclusão subtotal e aguda de uma das coronárias principais por um trombo branco. A maioria das oclusões são causadas por aterotrombose, mas também podem ser causadas por ATS acelerada (aumento rápido da placa, sem ruptura); reestenose pós angioplastia (lesão da placa pelo procedimento, com estímulo pró-trombótico não contrabalançado pelos antiplaquetários e anticoagulantes); obstrução dinâmica subtotal (disfunção endotelial e/ou ação de vasoconstritores, como TxA2, cocaína, estímulos adrenérgicos, como frio ou estresse); inflamação por vasculite; angina secundária à taquicardia, tireotoxicose, febre, anemia, hipotensão, hipóxia. Qu�d�� �líni�� A sintomatologia da angina instável é semelhante à do IAMCST, mas não há supra de ST. Se o indivíduo evolui com elevação nos MNM, ele sofreu um IAMSST. O exame físico é normal, mas pode apresentar alterações quando há disfunção do VE ou sopro de insuficiência mitral. Di�g�ós�i�� Eletrocardiograma Em caso de suspeita de IAM, o ECG deve ser realizado em pelo menos 10 min e repetido a cada 5-10 min. No IAMSST e na angina instável, o ECG costuma ser normal, mas em 30-50% dos casos, há pelo menos uma alteração: ● Onda T apiculada e simétrica, ST retificado; ● Onda T invertida e simétrica, ST retificado; ● Infradesnível do segmento ST. Ondas T invertidas e simétricas > 2 mm e infradesnivelamento de ST > 0,5 mm são fortes indícios de IAMSST. Alterações dinâmicas (supra de ST transitório) indicam pior prognóstico. Exames complementares A elevação dos MNM confirma o diagnóstico de IAMSST, a não elevação confirma o diagnóstico de angina instável. São necessários exames como radiografia, hemograma, lipidograma, glicose, ureia, creatinina, eletrólitos e coagulograma (TAP/PTT). O ecocardiograma é um exame de rotina, pois avalia as regiões com isquemia, a função ventricular, as complicações mecânicas do IAM e faz o diagnóstico diferencial com doenças da aorta, do pericárdio e da circulação pulmonar. O teste provocativo (TE ou eco-stress com dobutamina) deve ser feito em pacientes de baixo risco com angina instável 9-12h após a estabilidade clínica. Se houver isquemia induzida pelo esforço, o paciente é reclassificado como de alto risco. A cintilografia miocárdica de perfusão é uma alternativa ao teste provocativo. Escore HEART História ● 2 = altamente suspeita = 2 ● 1 = moderada suspeita = 1 ● 0 = pouco ou nada suspeita = 0 ECG ● 2 = depressão do ST ● 1 = distúrbios de repolarização ● 0 = ECG normal Anos ● 2 = ≥ 65 anos ● 1 = 45-65 anos ● 0 = < 45 anos Risco (fatores) ● 2 = ≥ 3 ou história de ATS ● 1 = 1 ou 2 ● 0 = nenhum Troponina ● 2 = ≥ 3x LSN ● 1 = 1-3x LSN ● 0 = < 1x LSN Baixo risco = Escore HEART ≤ 3 Estratificação de risco escore TIMI risk para IAMSST Idade ≥ 65 anos 1 Pelo menos 3 fatores de risco para coronariopatia 1 Estenose coronariana ≥ 50% 1 Infra de ST ≥ 0,5 mm na admissão 1 Pelo menos dois episódios anginosos nas últimas 24h 1 Uso de AAS nos últimos sete dias 1 Elevação dos MNM 1 Interpretação do TIMI-IAMSST Mortalidade Escore 0-2 (baixo risco) 4,7%-8,3% Escore 3-4 (risco intermediário) 13,2%-19,9% Escore 5-7 (alto risco) 26,2%-40,9% Tra����n�o A terapia conservadora é indicada em pacientes de baixo risco: antianginosos (nitratos e/ou BB) + antiplaquetários (AAS + clopidogrel) + anticoagulantes (heparina). A reperfusão é indicada em pacientes de médio e alto risco: angioplastia ou CRMV. A trombólise química é contraindicada. A monitorização contínua do ECG e dos sinais vitais e a oxigenioterapia possuem a mesma indicação do IAMCST. O anticoagulante de escolha é a enoxaparina, mas a HNF pode ser usada quando houver previsão de CRVM nas próximas 24h. Os IECA ou BRA sempre são benéficos e as estatinas visam LDL < 70 mg/dl. Filipy Rocha 💝 AN���� DE ���N���TA� A angina de Prinzmetal geralmente acomete pacientes jovens e é causada por um grave vasoespasmo, que chega a ocluir uma coronária epicárdica calibrosa. Durante a oclusão, a isquemia é severa, mas a maioria dos episódios é transitória e cessa antes de causar necrose. O ECG apresenta supra de ST no território da coronária ocluída, que desaparece após cessar a dor (cerca de meia hora). A coronariografia com teste provocativo é o exame de escolha para confirmar a suspeita de angina de Prinzmetal. Durante o teste, drogas intracoronarianas (acetilcolina ou ergonovina) provocam o vasoespasmo, que é observado através da coronariografia, confirmando o diagnóstico, e depois revertido com nitratos. O tratamento é feito com nitratos (nitroglicerina, mononitrato de isossorbida) em associação com BCC não diidropiridínicos (diltiazem, verapamil) para promover o máximo de dilatação coronária. Os BB são contraindicados, pois podem agravar o espasmo coronariano; o tabagismo deve ser abandonado. 💝 EX���� DE ����EM Cintilografia miocárdica (SPECT). Há defeitos perfusionais (setas) sob estresse farmacológico. TC para escore de Cálcio. Há calcificação da DA. Ecocardiografia com estresse. Angiografia. Há oclusão do TCE e da ACx (setas). Angio TC de coronárias. Há aneurismas (moderados) das coronárias devido Kawasaki na infância.
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