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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 4 - Gravidade Infarto Agudo do Miocárdio - Os pctes com síndrome coronariana aguda são classificados em: 1. Pctes com infarto agudo do miocárdio COM elevação do segmento ST no ECG 2. Pctes com síndrome coronariana fase SEM elevação do segmento ST. Possui os pctes com IAM sem elevação do ST com necrose de miócito, e os pctes com angina instável, que não tem isso (necrose). Síndrome coronariana aguda sem elevação do segmento ST - A incidência de IAM sem segmento ST está crescendo pq diabetes e doença renal crônica também estão crescendo, enquanto o IAM com elevação do ST está diminuindo pelo uso de AAS e estatinas e diminuição do tabagismo. - A proporção de IAM sem elevação está aumentando, enquanto a de AI está diminuindo, pq os testes de troponina tem maior sensibilidade para detectar necrose dos miócitos, reclassificando AI como IAM SEST. - O IAM é a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Em 2017, o DATASUS mostra que 7,06% do total de óbitos foram causados por IAM. Pctes com mais de 50 anos representaram 25% das internações no SUS. FISIOPATOLOGIA - Causada por um desequilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio miocárdico, resultante de 1 ou mais dos processos: 1. Rompimento de uma placa coronariana instável, por ruptura, erosão ou nódulo calcificado que leva a formação de um trombo. 2. Vasoconstrição arterial coronariana 3. Estreitamento intraluminal gradual 4. Aumento da demanda miocárdica de oxigênio por febre, taquicardia ou obstrução. - Entre os pctes estudados por angiografia, 10% têm estenoses do tronco da coronária esquerda, 35% portadores de DAC envolvendo 3 artérias, 20% tem doença que acomete duas coronárias, 20% mostram lesões em uma única artéria e 15% não são portadores de estenose crítica. - A placa vulnerável responsável pela isquemia pode mostrar estenose com bordas recortadas ou salientes e istmo estreito no exame angiográfico. Possuem lipídio com uma camada fibrosa, que correm risco de ruptura. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS/DIAGNÓSTICO - Diagnóstico baseado na apresentação clínica Tratar angina estável crônica Tratar IAM Avaliar quanto à terapia de reperfusão EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 Anamnese e exame físico - Dor torácica grave 1. Pode ocorrer em repouso (ou esforço mínimo) durando >10 minutos. 2. É de início recente (2 semanas anteriores) 3. Ocorre com um padrão crescente (mais grave, prolongado ou frequente do que episódios anteriores). - Diagnóstico estabelecido para infarto sem supra ST se o paciente desenvolver evidência de necrose do miocárdio, com níveis elevados dos biomarcadores. Se não tiver necrose, é angina instável. - A dor torácica é subesternal e se irradia para o braço esquerdo, o ombro esquerdo e para pescoço ou mandíbula. - Dispneia, desconforto epigástrico, náusea ou fraqueza podem ocorrer como sintomas atípicos. Adultos de 25-40 anos, idosos > 75 anos, mulheres, pcte com DM e pcte com insuficiência renal tem essas queixas atípicas. - Se o pte possui uma grande área de isquemia do miocárdio ou IM grande, pode levar a diaforese (suor excessivo), pele fria e pálida. - Sinais de disfunção ventricular esquerda pode mostrar estertores em base, hipotensão periférica, entre outros. - Idade mais avançada, sexo M, DM, DCV extracardíaca, dor torácica para braço esquerdo e pescoço são sinais que aumentam a probabilidade do pcte ter isquemia. Influenciam até mais do que os fatores de risco tradicionais. - Pedir sobre o uso de drogas, pois o uso exige mais demanda de oxigênio e ao mesmo tempo diminui a oferta dele por vasoespasmo e trombose. Eletrocardiograma - Uma nova depressão do segmento ST pode ser transitória ou persistir por vários dias após i IAM SEST. - Sugere-se acrescentar as derivações V3R, V4R, V7, V8 e V9 para aumentar sensibilidade do método. - Alterações na onda T são menos específicos de isquemia. ECG – Sumário de recomendações e evidências Pctes com suspeita devem realizar ECG. O bom seria em até 10 minutos após a chegada ao hospital. ECG deve ser repetido em casos ñ diagnósticos, pelo menos uma vez, em até 6h. ECG deve ser repetido em caso de recorrência de sintomas. Derivações V3R-V4R, V7 e V9 devem ser realizados em pctes que permanecem sintomáticos e tem ECG de 12 derivações ñ diagnóstico Biomarcadores cardíacos - Biomarcadores elevadores de necrose, como troponina cardíacas, específicas e sensíveis. Troponinas são proteínas de regulação presentes no músculo cardíaco. - Marcadores preferidos de necrose do miocárdio. - A elevação e queda temporal características da concentração plasmática desses marcadores, com um pico entre 12-24h após o início dos sintomas. Há uma relação direta entre o grau de elevação e o de mortalidade. - Pctes sem histórica clínica, pode mostrar ausculta com elevações, que podem ser causas de uma IC, miocardite, embolia pulmonar. - Pacientes com uma história duvidosa, pequenas elevações da cTn, em especial se forem persistentes, podem não ser diagnósticas de uma SCA. Nesses casos, tanto as causas cardíacas quanto as não cardíacas. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 Causas de elevação da troponina cardíaca refletindo lesão miocárdica direta que não seja infarto agudo do miocárdio espontâneo Taquiarritmia Embolia pulmonar/hipertensão pulmonar Insuficiência Cardíaca Congestiva Trauma Emergências hipertensivas Hipo ou hipertireoidismo Infecção/Inflamação Intoxicação Miocardiopatia de estresse Insuficiência renal Cardiopatia estrutural Sepse, choque Dissecção da aorta Acidente vascular cerebral Espasmo coronariano Esforços de resistência extremos Procedimentos cardíacos Rabdomiólise Doenças infiltrativas INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA - Três ferramentas principais e não invasivas 1. ECG 2. Biomarcadores cardíacos 3. Teste de esforço - Em casos duvidosos, a angio-TC melhora a acurácia e a velocidade do diagnóstico. - Comprovar ou excluir IAM usando biomarcadores, detectar isquemia em repouso, detectar obstrução coronariana em repouso ou isquemia com teste de esforço. - Pctes com baixa probabilidade de isquemia são manejados para monitoramento clínico, numa possível recidiva de dor, monitoramento de ECG e marcadores cardíacos. Se tiver nova elevação, o pcte tem que ser hospitalizado. - Se o pcte ficar sem dor e marcadores negativos, faz prova de esforço para ver a presença de isquemia ou angio-TC e detectar obstrução. - Teste ergométrico na emergência para pctes com dor torácica e baixo risco ou intermédio, e dependendo dos resultados, podem ter alta mais precoce e segura. Curva de troponina significa elevação superior a 20% EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - Ecocardiografia/de estresse: dobutamina. Acessível, rápido, ñ invasivo e baixo custo, oferece informação prognóstica adicional aos demais exames, principalmente com anteriores inconclusivos. - Angiografia coronariana: ajuda a determinar se a revascularização é indicada (por bypass ou intervenção percutânea). ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO escore Grace - Um escore de risco clínico que inclui sete fatores de risco independentes: 1. Idade ≥ 65 anos 2. Três ou mais dos fatores de risco CV 3. História conhecida de DAC ou estenose coronariana de pelo menos 50% 4. Uso diário de AAS na semana anterior 5. Mais de um episódio de angina nas últimas 24hs 6. Desvio ST de pelo menos 0,5mm 7. Biomarcador cardíaco elevado acima do limite normal superior. - Outros fatores: DM, disfunção do ventrículo E, disfunção renal e níveis elevados de pep. Natriurético cerebral. - Os pctes com síndrome coronariana aguda SEM níveis elevados de troponina são considerados com Angina instável e tem prognóstico mais favorável do que aqueles que TÊM níveis elevados de troponina (IAMSEST). - Escore HEART (História, ECG, Anos, Riscos,Troponina) TRATAMENTO - A hipoxemia decorrente da alteração da V/Q pode levar ao agravamento da lesão miocárdica. Por isso, deve-se mensurar a saturação de O2. A suplementação de oxigênio é indicada quando o pcte com IAM tem uma hipóxia com SO2 <90% ou sinais de desconforto. Embora não teve associação com a redução de mortalidade e desfechos CV. - A dor precordial e ansiedade levam a uma hiperatividade do sistema simpático, aumentando o consumo de oxigênio. Nesses casos, uma terapia antianginosa com beta-bloqueadores e nitratos e em alguns casos, morfina quando há contraindicação. - Não devem ser utilizados AINE para controle de dor em pacientes com IAM, pois aumenta risco de eventos cardiovasculares maiores. - Mais de 30% dos pctes admitidos tem DM ou nem sabem que tem. Portanto, faz-se tratamento para reduzir esses níveis. É importante fazer um controle glicêmico em idosos. TERAPIA ANTI-ISQUÊMICA - Reduzir o consumo de oxigênio (diminui FC, PA e contratilidade); aumentar a oferta de oxigênio (fornecendo ou promovendo vasodilatação) EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 Nitratos: nitroglicerina - Diminui retorno venoso para coração, fazendo vasodilatação. - Sublingual na emergência e se não resolver, faz intravenoso - Contraindicado para hipotensão Beta-bloq: metoprolol, atenolol - Diminuem o consumo de oxigênio. TERAPIA ANTI-TROMBÓTICA INICIAL Antiplaquetários orais: clopidogrel. Depois da alta do hospital, seu uso é recomendado. Antagonistas de receptores glicoproteicos: tirofiban, abcximab - Como um terceiro antiagregante, deve ser usado em pctes que não tem risco hemorrágico e que tenham alto risco isquêmico/trombótico por critérios clínicos/angiográficos. Anticoagulantes: - Administrar o mais rápido possível, pois reduz incidências de IAM e óbito. Dado poucas horas após diagnóstico. - Recomenda-se enoxaparina ou fondaparinux. Rivaroxabana. - Em pacientes obesos, recomenda-se heparina não fracionada como opção. Internação e alta da uti coronária: para os de risco alto quando ainda não se decidiu conduta. Antagonista dos canais de cálcio: Antiplaquetários - AAS - Tienopiridínico (clopidogrel) Antitrombínico - Heparina não fracionada - Heparina de Baixo peso molecular - Fondaparinux Associação de antiplaquetários e anticoagulantes orais diretos – situações especiais Ex: rivaroxabana + clopidogrel Hipolipemiantes: estatinas. Redução do colesterol LDL. Inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona: Antes de ter alta hospitalar, é prescrito estatina. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Embolia, dissecção de aorta, AVC, hemorragia subaracnóidea. Figura 1 - Medicamentos pós-alta EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 Angina variante de Prinzmetal - Causa por espasmo focal de uma artéria coronária epicárdica com isquemia transmural e anormalidades na função do VE que podem levar a IAM, taquicardia ou FV e morte súbita cardíaca. - Pode se relacionar com a hipercontratilidade da musculatura lisa vascular causada por vasoconstritores adrenérgicos, leucotrienos e ou serotonina. - Geralmente são mais jovens e com exceção do tabagismo, tem < FR coronarianos do que pacientes com SCA-SEST. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS/ANGIOGRÁFICAS - Exame cardiológico costuma não ser alterado na ausência de isquemia. - Minoria de pacientes tem um distúrbio vasoespástico generalizado associado com enxaqueca e/ou fenômeno de Raynaud. - Diagnóstico é efetuado pela detecção de elevação transitória do segmento ST com dor em repouso. - Angiocoronariografia mostra o espasmo transitório das coronárias - Placa aterosclerótica em pelo menos uma artéria coronária proximal ocorrem em cerca de metade dos pctes. - A hiperventilação e a acetilcolina Intracoronariana tem sido usadas para provocar estenose coronariana focal na angiografia ou para provocar angina em repouso com elevação do segmento ST para estabelecer o diagnóstico. TRATAMENTO: nitratos e BCC - O ASS pode agravar episódios isquêmicos - Estatinas reduzem o risco de eventos adversos maiores. - Revascularização coronariana pode ser útil em pctes que também apresentam lesões obstrutivas fixas proximais, discretas e limitantes de fluxo. Infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST - Cerca de 50% dos pctes com IAM morrem antes de chegar ao hospital. - Isquemia miocárdica aguda profunda “transmural”, afetando grandes áreas do miocárdio. Geralmente, no IAM sem supra há oclusão incompleta, enquanto aqui há oclusão completa do fluxo sanguíneo. FISIOPATOLOGIA - O fluxo sanguíneo diminui depois de uma obstrução de uma artéria antes afetada por aterosclerose. - Com a ruptura da placa, elementos do sangue estarão expostos, e terá a formação de um trombo formado rapidamente após uma lesão vascular, acentuada com os fatores de risco: tabagismo, hipertensão e muito lipídio. - A extensão do miocárdio lesado pela oclusão depende do: Território suprido pelo vaso acometido Grau de oclusão: total ou parcial Duração da oclusão Quantidade de sangue suprida pelos vasos colaterais aos tecidos afetados Demanda de oxigênio do miocárdio, com suprimento reduzido Fatores endógenos que podem provocar a lise do trombo Adequação da perfusão miocárdica na zona do infarto quando o fluxo restabelecer. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA - Embora possa acontecer em qualquer hora do dia, a maior concentração é pela manhã. - A dor é como um peso, aperto e algumas vezes, é em queimação. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 - Ocorre em repouso, é mais grave e mais duradoura. Pode acontecer no esforço, porém mesmo com a cessação da atividade, a dor não regride. - É acompanhada de sudorese, fraqueza, náuseas, vômitos, ansiedade e sensação de morte. Tríade: desconforto torácico tipo isquêmico + anormalidades no ECG + marcadores cardíacos elevados. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Dissecção aórtica aguda - Pericardite aguda - Embolia pulmonar - Costocondrite e distúrbios gastrointestinais - Em idosos, pode se apresentar como uma dispneia súbita que pode evoluir com edema pulmonar. ACHADOS LABORATORIAIS Fase aguda: primeiras horas até 7 dias Período de cicatrização (7 a 28 dias) Já cicatrizado (>= 29 dias) Eletrocardiograma - No estágio inicial, a oclusão total traz elevação do ST, que desenvolve ondas Q depois, dependendo do volume do tecido infartado. Fase aguda inicial: minutos-horas. - D1, AVL, V1 até V6, com elevação no segmento ST. - Em V1 a V4 com ondas Q. - Onda T apiculada e supra ST retificado ou côncavo. Fase aguda evoluída: a elevação de ST começa a regredir e fica convexa, ondas T com elevação se tornam invertidas e Q ou QS se desenvolvem. Fase crônica: 2-4 semanas após. O segmento ST retorna à linha de base, onda Q e onda T invertidas podem aplanar e até positivar depois. Biomarcadores cardíacos - Liberadas pelo miocárdio necrótico após o IAM. - Troponina T específica do coração (cTnT) e a troponina I específica do coração (cTnI). Podem ficar elevados por 7 a 10 dias após um IAM. - A creatina quinase pode ser um indicador embora não seja tão específica para IAM, pois pode estar elevada em pctes com traumatismo ou doença muscular. - Uma reação inespecífica é a leucocitose polimorfonuclear, que aparece após início da dor e persiste por 3 a 7 dias. Leucócitos em níveis de 12.000 a 15.000/μL. Exames de imagem - Ecocardiografia bidimensional: revela anormalidades na mobilidade da parede. Além disso, demonstra infarto do VD, aneurisma ventricular, derrame pericárdico e trombo no VE. - Cintilografia com radionuclídeos: menos usadas pq são mais trabalhosas e tem especificidade e sensibilidade baixas. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 8 - RM cardíaca de alta resolução: detecta precisamente um IAM. Um marcador (gadolínio) é administrado e as imagenssão obtidas com retardo de 10 minutos. TRATAMENTO Administração de oxigênio: com saturação < 94% ou desconforto respiratório. Se utilizado de forma desnecessária pode levar ao aumento da PA, reduzir DC, sendo prejudicial. Tratamento da dor: morfina. Pode ser repetida a intervalos de 5-15 minutos. Nitratos: sublingual para aliviar a dor. AAS: Clopidogrel e ticagrelor: maior benefício quanto mais precoce a administração. Anticoagulantes: enoxaparina. Beta-bloqueadores: para pctes com 60bpm. VO, e em ptes hipertensos e taquicárdicos, pensar em via endovenosa. Antiarrítmicos: ñ indicado, pois está associado a elevação nos índices de mortalidade. Fonte: Harrison Diretrizes de IAM com supra de ST e Diretrizes de IAM sem supra de ST e angina instável Qual a associação da dor com náusea e sudorese? Pq irradiação para o braço esquerdo? Pq a dor é em ardência? Pq do mau estado geral? Quais as alterações do IAM no ECG? Diferença entre angina instável e infarto?
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