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💗 IN����CIÊN�I� ��R�ÍAC� CO���S���A (IC�) Fis���a��l��i� Função sistólica VDF Volume Diastólico Final: volume noventrículo ao final da diástole (80-150 mL) DS Débito Sistólico: volume ejetadodurante a sístole (40-100 mL) VSF Volume Sistólico Final (pré-carga): volumeno ventrículo ao final da sístole (30-60 mL) DC Débito Cardíaco (DS x FC): fluxo totalgerado/unidade de tempo (4,5-6,5 L/min) IC Índice Cardíaco: DC corrigido pela área desuperfície corporal (2,8-4,2 L/min/m2) FE Fração de Ejeção (DS/VDF x 100):percentual do VDS ejetado (50-70%) Função diastólica PD2 Pressão diastólica final: (8-12 mmHg) Etiologia da ICC IC sistólica IC diastólica pura Cardiomiopatia dilatada: isquemia miocárdica, sobrecarga de pressão (HAS fase dilatada ou valvulopatia obstrutiva), sobrecarga de volume (valvulopatia regurgitante), cardiomiopatia idiopática, alcoólica ou chagásica, miocardites (virais, HIV, colagenoses, vasculites), taquicardiomiopatia, distúrbios endócrinos, distúrbios nutricionais Cardiomiopatia restritiva: fibrose isquêmica, distúrbios infiltrativas (sarcoidose, amiloidose), distúrbios de armazena- mento (hemocromatose) Cardiomiopatia hipertrófica: HAS (fase hipertrófica) ICC esquerda ICC direita IAM esquerdo, HAS, insuficiência mitral ou aórtica, estenose aórtica, cardiomiopatia idiopática IAM direito, Cor pulmonale (pneumopatias, obesidade, DPOC, TEP, HAP), estenose mitral, IVE ICC de alto débito ICC de baixo débito Tireotoxicose; Sepse, SIRS Beribéri (deficiência B1); Cirrose hepática; Fístula arteriovenosa sistêmica Cardiomiopatias intrísecas A ICC é causada por um defeito estrutural ou funcional do miocárdio que cursa com dilatação ou hipertrofia compensatória, mediada pela ativação do sistema neuro-hormonal (sistema adrenérgico, SRAA). O coração não consegue bombear sangue suficiente para os tecidos ou o faz às custas de aumento da PD2, causando diminuição do DC, que diminui a oferta de O2 para os tecidos, e congestão venocapilar, pois o sangue fica estagnado na circulação venosa. Quanto ao lado do coração afetado: ● IC esquerda: cursa com congestão pulmonar e causa dispneia, ortopneia, DPN. ● IC direita: cursa com congestão sistêmica e causa turgência jugular, hepatomegalia, ascite e edema MMII. ● IC biventricular: decorrente de IVD ou IVE (geralmente a IVE causa a IVD) e cursa com congestão pulmonar e sistêmica. Quanto ao mecanismo fisiopatológico: ● IC sistólica: cursa com dilatação do ventrículo e perda da contratilidade do miocárdio e causa redução do DC, aumento do VDF e aumento da PD2 com FE reduzida (≤ 50%) (ICFER) que é transmitida aos átrios e sistema venoso. ● IC diastólica: cursa com restrição ao relaxamento muscular e/ou redução na complacência ventricular, causando redução do DC e do VDF com FE normal (ICFEN). Quanto ao DC: ● IC de baixo débito: na ICC sistólica o DC cai paulatinamente enquanto o VDF aumenta (dilatação); na ICC diastólica, o DC e a VDF caem, o aumento da FC encurta o tempo da diástole e reduz ainda mais a VDF. ● IC de alto débito: ocorre em casos onde o coração fica sobrecarregado para atender a demanda metabólica ou pelo desvio de sangue por FAV. A sobrecarga leva ao aumento da PD2 e à dilatação ventricular. Mecanismos compensatórios Frank-Starling: quanto maior o VDF, maior o estiramento dos sarcômeros e maior o DS e a FE; mas um aumento excessivo do VDF leva à desestruturação das fibras, causando aumento da PD2 e redução do DS. Na IC sistólica, há dilatação ventricular por esvaziamento incompleto do ventrículo e hipervolemia pela retenção de sódio e água pelos rins (SRAA), o que piora o DC. Contratilidade dos miócitos remanescentes: o baixo DC percebido pelos barorreceptores arteriais ativa o sistema adrenérgico, que estimula os cardiomiócitos ainda não lesados, aumentando o inotropismo e o DS. Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE): ocorre por sobrecarga de pressão (HAS, estenose aórtica), com aumento concêntrico, ou de volume (regurgitação mitral), com aumento excêntrico, cursando aumento da massa de miocárdio pelo aumento do número de sarcômeros, melhorando a capacidade contrátil, mas trazendo problemas, como arritmogênese, piora da função diastólica e risco para eventos CV. Aumento da FC: para manter o DC, com baixo DS, o sistema adrenérgico estimula o nó sinusal, aumentando o cronotropismo e a FC. Filipy Rocha Remodelamento cardíaco O baixo DC nos barorreceptores periféricos estimula o aumento do tônus adrenérgico e a noradrenalina estimula o crescimento miocárdico e a liberação de renina. O baixo DS também causa hipoperfusão renal, que estimula o SRAA e provoca o acúmulo de sódio e água. Com o remodelamento cardíaco, a parede do ventrículo se torna alongada, menos espessa e a cavidade se torna esférica. ● Noradrenalina: age sobre beta-1 e beta-2 fazendo os miócitos se tornarem alongados e hipofuncionantes até entrar em apoptose; ● Angiotensina II: age sobre AT1 fazendo com que os miócitos entrem em apoptose e os fibroblastos se proliferem; ● Aldosterona: age sobre receptores citoplasmáticos fazendo com que os fibroblastos se proliferem. Pós-carga cardíaca A pós-carga é a dificuldade enfrentada pelo ventrículo na ejeção, definida pelo tônus arteriolar periférico e pela geometria cardíaca (a Lei de Laplace diz que um ventrículo com cavidade grande e parede fina faz um esforço maior para ejetar sangue do que um ventrículo de cavidade menor e parede espessa). A pós-carga do ventrículo aumenta na ICC por vasoconstrição arteriolar periférica (compensar baixo DS), retenção hídrica (compensar VDF), e remodelamento cardíaco (aumento da relação R/h). Qu�d�� �líni�� Manifestações pulmonares (IVE) A síndrome congestiva pulmonar ocorre por congestão pulmonar e causa acúmulo de líquido intersticial e intra-alveolar, aumentando o trabalho respiratório e estimulando receptores J pulmonares, apresentando dispnéia aos esforços, que evolui com ortopneia e dispnéia paroxística noturna (DPN), associada à tosse seca (congestão da mucosa brônquica, que pode gerar asma cardíaca). ● Estertoração pulmonar em ⅓ inferior dos hemitórax por congestão pulmonar; ● Sibilos por asma cardíaca; ● Derrame pleural por congestão e edema pulmonar na IVE e na IC biventricular; ● Respiração de Cheynes-Stokes. O EAP ocorre por congestão pulmonar (HAP > 25 mmHg) e se apresenta como taquidispneia, ortopneia, insuficiência respiratória com cianose central e expectoração de secreção rósea. ● A ausculta apresenta estertores em ½ superior dos hemitórax e asma cardíaca. ● A radiografia, dilatação vascular nos ápices e infiltrado bilateral em “asa de borboleta”. Manifestações sistêmicas (IVD) A síndrome congestiva sistêmica ocorre por congestão sistêmica e se apresenta com síndrome edemigênica (edema de MMII, de bolsa escrotal e ascite) e congestão orgânica (dispneia por derrame pleural; hepatomegalia congestiva; saciedade precoce, dor ABD, náuseas e diarreia por congestão da mucosa intestinal). ● Turgência jugular pat. a 45° (TJP) por IVD; ● Pulso venoso com aumento da onda A por elevadas pressões de enchimento VD ou aumento da onda V por insuficiência tricúspide secundária à dilatação VD; ● Refluxo hepatojugular (RHJ) (pressão no QSD aumenta altura do pulso jugular > 1 cm) por congestão sistêmica ; ● Hepatomegalia congestiva por congestão sistêmica; que pode descompensar com congestão hepática grave e hepatite aguda. A síndrome do baixo DC ocorre mais na IC sistólica e causa hipoperfusão tecidual (o coração não aumenta o DC), que se apresenta como fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço e lipotímia. O emagrecimento e a caquexia ocorrem porque o DC não é suficiente para atender a demanda metabólica da musculatura esquelética, que atrofia, e porque a absorção intestinal de nutrientes é reduzida pela congestão mucosa. ● O pulso arterial inicialmente é normal, mas evolui com baixa amplitude; pulso alternans ocorre em fase avançada. O choque cardiogênico ocorre pela síndrome do baixo DC quando há extenso IAM ou na fase terminalda ICC, que causam hipoperfusão tecidual e hipotensão grave (PA < 80 mmHg). Manifestações cardiovasculares Alterações precordiais: ● CMP dilatada: o ictus de VE é difuso (> 2 polpas digitais), fraco e desviado para a esquerda (lateral à LHC) e para baixo (inferior ao 5º EIC); o ictus de VD pode ser palpável e proeminente. B3 e B4 palpáveis. ● CMP hipertrófica: o ictus de VE está em posição normal, mas é sustentado. ● CMP restritiva: o ictus não se altera. Alterações na ausculta cardíaca: ● B1 hipofonética: hipocontratilidade VE; ● B2 hiperfonética: HAP; ● B3: desaceleração do fluxo no final da fase de enchimento rápido da diástole; ● B4: doença isquêmica e HAS; ● Sopro sistólico no FoM por insuficiência mitral (dilatação do VE), ou no FoT, por insuficiência tricúspide (dilatação do VD). Di�g�ós�i�� Critérios Clínicos de Framingham Major Pulmonares: EAP, DPN, Estertores Jugulares: TJP, RHJ, PVC > 16 cmH2O Miscelânea: Cardiomegalia ao RX; B3; Perda de peso > 4,5 kg por tratamento Minor Congestão sistêmica: Edema maleolar bilateral, Hepatomegalia, Derrame pleural Pulmonares: Dispneia/esforços, Tosse à noite Miscelânea: Capacidade vital menor que 1/3 do previsto, Taquicardia > 120 bpm Diagnóstico: 2 MAJOR ou 1 MAJOR + 2 MINOR A radiografia de tórax apresenta cardiomegalia com índice cardiotorácico > 50%. No aumento VE, o coração mergulha no diafragma; no aumento VD, a ponta do coração se eleva e a borda anterior ocupa > ⅓ do espaço retroesternal. Na congestão pulmonar ocorre: (1) inversão do padrão vascular (veias mais proeminentes nos ápices); (2) linhas B de Kerley nas laterais dos hemitórax inferiores; (3) infiltrados intersticiais peri-hilares ou infiltrado alveolar (EAP); (4) derrame pleural bilateral predominante à direita ou loculado. O eletrocardiograma apresenta alterações inespecíficas de acordo com a doença de base, mas o ECG normal pode excluir disfunção sistólica. Os exames laboratoriais inespecíficos apresentam anemia, hiponatremia e azotemia. Em dispneicos, o BNP (Peptídeo Natriurético Cerebral produzido em resposta ao estiramento ventricular) aumenta na ICC, mas não em pneumopatias. Valores entre 100-400 pg/ml indicam disfunção VE assintomática, TEP ou cor pulmonale; Valores > 400 pg/ml indicam IC sintomática. O eco-Doppler permite diferenciar a ICFER (FE < 50%, diâmetro sistólico final > 3,7 cm, diâmetro diastólico final > 5,7 cm) da ICFEN (avalia enchimento ventricular e função valvar). O eco-Doppler também pode avaliar os volumes ventriculares, a espessura da parede, o tamanho atrial, aórtico, do pericárdio e das valvas, a presença de trombos intracavitários e a existência de disfunção segmentar. A cineangiocoronariografia é indicada em pacientes com fatores de risco para DAC. O SPECT avalia a perfusão miocárdica e a função ventricular. O PET avalia a viabilidade miocárdica. A RM cardíaca avalia os volumes, a massa e a função do VE e do VD. O holter é usado para documentação de arritmias ventriculares em pacientes com queixas de palpitações, lipotímia ou síncope. O estudo eletrofisiológico é feito em pacientes com suspeita de bloqueio trifascicular ou taquiarritmias supraventriculares/ventriculares. Classificação Funcional NYHA Sobrevidaem 5 anos Classe I – Sem limitação às atividades cotidianas; > 6 METs na ergometria. 85% Classe II – Limitação leve; sintomas durante atividades cotidianas; 4-6 METs na ergometria. 75% Classe III – Limitação acentuada; sintomas com qualquer atividade, mesmo as mais leves que as do cotidiano; 2-4 METs na ergometria. 50% Classe IV – Incapacidade física; sintomas em repouso ou com mínimos esforços; não tolera a ergometria. 50% em 1 ano 1 MET (3,5 ml/min/kg de VO2): equivalente metabólico, medido em consumo de O2 (VO2) correspondente ao gasto energético de um adulto em repouso. O paciente que atinge o estágio 3 do protocolo de Bruce na ergonomia alcança 7 METs. Classificação Evolutiva AHA/ACC Estágio A - Pacientes assintomáticos com risco de desenvolver disfunção ventricular, por apresentarem HAS, DAC, DM, obesidade, etc. Estágio B - Pacientes assintomáticos com disfunção ventricular. Inclui pacientes com hipertrofia, dilatação ou hipomotilidade ventricular, doença valvar ou IAM prévio. Estágio C - Pacientes sintomáticos com disfunção ventricular associada. Estágio D - Pacientes sintomáticos em repouso, apesar de medicação otimizada e que internam frequentemente. Presença de doença estrutural ventricular avançada. FE Sobrevida média em 5 anos FE > 35% Classe funcional I ou II: 80%Classe funcional III ou IV: 70% FE < 35% Classe funcional I ou II: 60%Classe funcional III ou IV: 15-35% Marcadores neuro-humorais: os níveis séricos de noradrenalina, ADH, endotelina-1 e BNP (cada aumento de 100 pg/ml aumenta em 35% o risco de morte) são proporcionais à mortalidade. Complicações: (1) TEP, por formação de trombo em veias ou no AD e no VD, facilitada pela estase venosa; (2) tromboembolismo sistêmico por formação de trombos murais, facilitada pela estase sanguínea e lesão endocárdica (anticoagulação é indicada em casos de FA, trombo mural e acinesia apical); e (3) arritmias cardíacas, como extrassístoles, flutter atrial, FA, TV e BAV. Causas de morte: a maioria dos pacientes com ICC (50-60%) morrem por FV ou bradiarritmia/ assistolia. O restante morre de falência ventricular progressiva, que evolui com choque cardiogênico ou edema agudo refratário. Filipy Rocha Tra����n�o �� IC s���óli�� Medidas gerais Dieta: a restrição de sal (4-6 g/dia de sal ou 2-3 g/dia de sódio) é indicada quando há sintomas congestivos. A restrição líquida (1-1,5 L/dia) é indicada em pacientes com hiponatremia por diluição (< 130 mEq/L) ou retenção de líquido refratária ao uso de DIU e restrição de sal. Os suplementos calóricos são indicados para pacientes com caquexia cardíaca na IC avançada (28 kcal/kg em nutrido x 32 kcal/kg em caquético sem edema). Repouso: o paciente muito sintomático ou descompensado deve ficar de repouso. Pacientes compensados devem realizar atividades normais. Reabilitação CV: aumenta a tolerância ao exercício e a qualidade de vida do paciente com IC controlada (NYHA II-III) mas não reduz mortalidade. Controle dos fatores descompensantes Fatores descompensantes da ICC ● Abuso de sal; ● Má aderência à terapia (principal fator) ou terapia inadequada; ● Repouso inadequado; ● Estresse emocional; ● Tabagismo (aumenta o risco de DAC e de infecções pulmonares); ● Gestação; ● Fatores ambientais (mudança climática); ● HAS não controlada; ● Arritmias cardíacas (principal: FA); ● IAM ou isquemia; ● Embolia pulmonar; ● Infecção respiratória (vacinação é importante); ● Drogas inotrópicas negativas (ex.: verapamil, BB). ● Drogas retentoras de líquido (ex.: corticoide, estrogênio, AINEs, hipoglicemiantes orais tiazolidinedionas); ● Anemia; ● Tireotoxicose. IC sistólica (drogas que aumentam a sobrevida) Inibem os efeitos deletérios dos mediadores neuro-hormonais e otimizam a hemodinâmica cardíaca, reduzindo o remodelamento, a mortalidade e a progressão da ICC. iECA: promovem arteriolo e venodilatação e reduzem os efeitos deletérios da angio II. Começam com doses reduzidas, aumentadas a cada 2 semanas até a dose alvo, observando os níveis de K+ e Cr (suspensão se aumento da Cr > 30-35% ou franca hipercalemia K+ > 5,5 mEq/l). ● Captopril 50 mg 3x/dia; ● Enalapril 10 mg 2x/dia; ● Ramipril 10 mg/dia; ● Lisinopril 20 mg/dia. BRA: promovem redução dos efeitos deletérios da angio II no miocárdio e da produção suprarrenal de aldosterona e vasodilatação. São alternativa aos iECA se houver efeitos colaterais; IRA e/ou hipercalemia são contraindicações. BB: reduzem a liberação de noradrenalina e seus efeitos deletérios, o consumo de O2 no miocárdio e a FC. Começam com doses reduzidas, aumentadas a cada 2-4 semanas até a dose alvo. Asma e bradiarritmias são contraindicações, PAS < 85 mmHg ou hipoperfusão são motivos de redução. ● Carvedilol 25-50 mg 2x/dia; ● Metoprolol 200 mg/dia; ● Bisoprolol 10 mg/dia. DIU poup.de potássio: reduzem os efeitos deletérios da aldosterona sobre o miocárdio e previnem hipocalemia por DIU de alça ou tiazídicos. São indicados em NYHA II-IV. Franca hipercalemia (K+ > 5,5 mEq/l) é contraindicação. ● Espironolactona 25 mg/dia; ● Eplerenona 25-50 mg/dia. Hidralazina + Nitrato: promovem arteriolo venodilatação. São indicados em: (1) pacientes negros com NYHA II a IV em uso de iECA e BB; (2) alternativa em pacientes brancos intolerantes a iECA/BRA; e (3) pacientes refratários. ● Hidralazina 75 mg + Dinitrato de isossorbida 40 mg 3x/dia. Nitroglicerina. Nitroprussiato. Ivabradina 5-7,5 mg 12/12h VO: novo inibidor da corrente If (despolarização automática do nó SA) que reduz a FC. É indicada em pacientes NYHA II-IV com disfunção sistólica e terapia otimizada, desde que FC ≥ 70 bpm e ritmo sinusal. IC sistólica (drogas que aliviam os sintomas) DIU de alça e tiazídicos: reduzem a congestão. A dose ótima de furosemida IV é titulada (máximo 120 mg), a dose VO deve ser o dobro (a congestão da mucosa prejudica a absorção). Se o paciente continuar edemaciado, os tiazídicos são associados. São indicados para NYHA III-IV. Digitálicos: possuem efeito Inotrópico positivo, ação colinérgica e arritmogênica. São indicados em pacientes refratários com NYHA III-IV e na IC com FA de alta resposta ventricular. A IC diastólica pura, CMP hipertrófica, DAC sem IC sistólica, BAV Mobitz II, BAVT são contraindicações. ● Digoxina VO 0,125-0,375 mg/dia; ● Deslanosídeo IV 0,4-0,12 mg/dia. BCC: o anlodipino pode ser usado como adjuvante para o controle da HAS. Anticoagulantes e Antiplaquetários A anticoagulação é indicada em: (1) história prévia ou familiar de tromboembolismo; (2) FA paroxística/persistente; (3) amiloidose; (4) CMP dilatada familiar. A varfarina é mais usada, mas os novos ACO são aceitos como alternativa. A profilaxia em pacientes internados é feita com heparina SC em doses profiláticas (HBPM > HNF). O uso de antiplaquetários não é indicado. A aspirina pode ser usada na menor dose possível (75-100 mg) na DAC. MP Biventricular na IC sistólica O MP biventricular ressincroniza a contração do miocárdio dos dois ventrículos em pacientes com disfunção de VE e bloqueio de ramo completo, otimizando a sístole. São indicados em pacientes com NYHA III-IV, FE ≤ 35% e QRS ≥ 120ms (BRE ou BRD), refratário à terapia otimizada. Cardiodesfibrilador implantável (CDI) O CDI é indicado para prevenção secundária em pacientes que tiveram morte súbita abortada e para prevenção primária em pacientes pós-IAM ou não isquêmicos, com disfunção VE, FE < 35%, NYHA II-III e terapia otimizada. Os antiarrítmicos não melhoram a sobrevida. Tratamento de acordo com o estágio Não farmacológico Farmacológico A 1. Cessar tabagismo; 2. Reduzir álcool; 3. Exercício físico. 1. Controle e tratamento dos fatores de risco. B 1. Cessar tabagismo; 2. Reduzir álcool; 3. Exercício físico. 1. IECA e BB. C 1. Restrição salina e hídrica; 2. CDI (prevenção morte súbita). 1. IECA e BB; 2. BRA, antagonista de aldosterona, DIU, digitais ou nitrato + hidralazina. D 1. Restrição salina e hídrica 2. CDI (prevenção morte súbita). 1. IECA e BB; 2. BRA, antagonista de aldosterona, DIU, digitais ou nitrato + hidralazina Tratamentos alternativos Ressincronização: (1) Tratamento cirúrgico; (2) Transplante cardíaco; (3) Assistência ventricular Tra����n�o �� IC d�a��óli�� O diagnóstico de ICFEP requer 3 condições: (1) sinais de ICC; (2) FE normal; e (3) evidências de disfunção diastólica VE (relaxamento e enchimento anormais, distensibilidade diastólica reduzida ou “rigidez” diastólica). Os IECA/BRA não reduzem a mortalidade, mas os BB promovem regressão da HVE, controle da FC e da HAS. Os sintomas congestivos devem ser controlados com DIU (o tratamento é iniciado com doses reduzidas para prevenir baixo débito, pois a IC diastólica não retêm tanto líquido quanto a sistólica). A isquemia e FA devem ser corrigidos. A HAS deve ser controlada com drogas que reduzem a hipertrofia ventricular (iECA/BRA, DIU, BB, verapamil, diltiazem ou anlodipino). Tra����n�o �� E�P O EAP é o estágio mais grave da congestão pulmonar, causado por IVE descompensada (IAM, crise HAS, miocardite, endocardite infecciosa, rotura de cordoalha mitral). O quadro apresenta taquicardia, taquidispneia, ortopneia, expectoração de secreção rósea, estertoração em > ½ do pulmão, asma cardíaca, diaforese e pulsos finos. O tratamento é feito com medicamentos com rápida ação sobre a hemodinâmica cardíaca. Se o paciente não melhorar, é feita VNI (CPAP ou BIPAP) com máscara, se há queda do nível de consciência, é feita IOT e VM. EAP hipertensivo: é feito OVM (O2, veia, monitor) e ECG para afastar IAM. O tratamento visa reduzir a PA e a congestão pulmonar. ● Nitroglicerina 10-20 mcg/min IV ou nitrato (dinitrato de isossorbida) 5 mg SL; ● Captopril 25 mg SL; ● Nitroprussiato de sódio 0,5-5 mcg/kg/min IV em casos graves ou refratários de HAS; ● Furosemida 20-80 mg IV; ● Morfina 2-4 mg IV. EAP não hipertensivo: é feito OVM e ECG. O tratamento visa reduzir a pré e a pós-carga, dar suporte inotrópico e corrigir a causa básica. ● Dobutamina 5-20 µg/kg/min IV; ● Dinitrato 5 mg SL; ● Furosemida 20-80 mg IV; ● Morfina 2-4 mg IV. EAP relacionado à arritmia cardíaca: se taquiarritmia (FA), a conduta é cardioversão elétrica sincronizada (200 J); se bradiarritmia, a conduta é MP transcutâneo depois MP transvenoso. Tra����n�o ��rúr�i�� A cirurgia é voltada para a etiologia da IC (DAC = revascularização miocárdica; doença valvar = valvoplastia/troca valvar) ou para IC cuja etiologia não pode ser corrigida (transplante). O transplante cardíaco é indicado em pacientes com IC sistólica grave NYHA III ou IV, refratários à terapia otimizada (estágio D). A sobrevida média é 60% em 6 anos. Contraindicações ao Transplante ● Idade avançada (> 70 anos); ● Infecção ativa (CMV, hepatites virais e HIV); ● Hepatopatia, nefropatia ou pneumopatia severa e irreversível (pode-se optar pelo transplante desses órgãos, junto ao transplante cardíaco); ● Doença psiquiátrica, cerebral ou DCV avançada; ● Doença vascular periférica (ATS avançada); ● Câncer incurável ou de estadiamento incerto; ● Obesidade mórbida; ● Doença sistêmica grave limitante; ● Resistência Vascular Pulmonar (RVP) alta: > 5 unidades Wood, após vasodilatadores. Filipy Rocha 💗 HI���T���ÃO �R���I�L SI��ÊMI�� (HA�) Fis���a��l��i� �� hi���t���ão p���ári� A prevalência de HAS no Brasil é de 32,5% em adultos e até 60% em idosos, número maior em negros e menor em mulheres pré-menopausa (a proporção se inverte após o climatério). A HAS primária (95%) não possui causa conhecida, mas um dos componentes da PA = DC x RVP está alterado. Um aumento do DC aumenta a RVP e vice-versa (teorias apontam para o aumento do DC como evento inicial). A PA elevada crônica estimula a liberação de substâncias tróficas que promovem a proliferação e o desarranjo celular da parede dos vasos e causam o remodelamento vascular: médias e pequenas artérias sofrem hipertrofia da muscular, enquanto arteríolas sofrem alterações proliferativas que reduzem seu lúmen. Em normotensos, os rins respondem ao aumento da PA com uma maior natriurese (PNA), mas em hipertensos, a ingestão de sal pode aumentar a PA em até 10 mmHg. A ativação do SRAA promove aumento da PA por vasoconstrição, retenção de sódio e água e efeito trófico vascular. A renina é regulada pela volemia e pela PA, em hipertensos, seu nível deveria estar baixo, mas costuma estar normal (60%). A predisposição genética (30-60%), a raça negra, o baixo peso ao nascer e a prematuridade (desenvolvimento renal insuficiente ou redução do número de néfrons) estão relacionados à HAS. Teorias patogênicas Heterogeneidade de néfrons: uma parte dos néfrons com arteríola aferente de calibre reduzido estimula a produção excessiva de renina que aumenta a retenção de sódio e líquido Redução do n° de néfrons: um menor número de néfrons ao nascimento promove a hiperfiltração nos remanescentes, o que leva à escleroseglomerular, com consequente retenção de sal e líquido Não modulação da angio II intra-renal: a presença de níveis não suprimíveis de angio II no parênquima renal propicia hipersensibilidade ao sódio Hiperativação do SNAS: estresse crônico e alterações primárias dos centros barorreguladores mantêm hiperatividade adrenérgica, que causa vasoconstrição periférica, remodelamento vascular, aumento de renina-angiotensina intra-renal e aumento inicial do DC Resistência à insulina e hiperinsulinemia: o excesso de insulina eleva a PA por: (1) aumento da reabsorção renal de sódio; (2) aumento da atividade simpática; (3) hipertrofia do mm. liso vascular (efeito mitogênico); (4) aumento do cálcio citosólico no tecido vascular Lesão de órgãos alvo (LOA) Lesão vascular: o remodelamento causa lesão endotelial: (1) arteriolosclerose hialina, por deposição de material amorfo extracelular na parede vascular e aumento de fibras colágenas, podendo levar a formação de (2) microaneurismas de Charcot-Bouchard (dilatações pós-estenóticas em artérias cerebrais); (3) arteriolosclerose hiperplásica, por proliferação de células mm. lisas e reduplicação da membrana basal; e (4) ATS. Aterosclerose (ATS): a quimiotaxia, adesão e recrutamento de leucócitos para a íntima das grandes artérias forma uma estria gordurosa: foco de lesão com acúmulo de células espumosas (macrófagos abarrotados de LDL oxidado). Após anos de estabilidade, pode evoluir para uma placa de ateroma: lesão aterosclerótica extensa com um cerne contendo lipídios, células espumosas e uma área de necrose, envolta por uma capa fibrótica com miócitos. Ocorre com frequência em coronárias, carótidas e bifurcações arteriais. As consequências são: (1) obstrução do lúmen arterial, que causa angina estável, hipertensão renovascular, claudicação intermitente; (2) fraqueza da parede arterial, que forma aneurismas arteriais; e (3) trombose da placa por ruptura devido à ativação leucocitária em seu interior, fragilizando a capa fibrótica, expondo o conteúdo lipídico trombogênico da placa às plaquetas e aos fatores da coagulação e causando IAM, AVE e isquemia mesentérica aguda. A HAS é o principal fator de risco para ATS por estimular o remodelamento e ATS é o principal fator de risco para DAC. Fatores de risco para ATS e eventos CV ● Tabagismo ● Obesidade ● Sedentarismo ● Dieta aterogênica ● Dislipidemias (↑LDL, ↓HDL ou ↑TG) ● HAS ● Resistência à insulina ● DM I e DM II ● Hiper-homocisteinemia ● PCR aumentada ● Microalbuminúria ● Homem > 55 anos ● Mulher > 65 anos ● História familiar ● Infecção pelo HIV Cardiopatia hipertensiva: o aumento da pós-carga e a ação de substâncias tróficas provocam sobrecarga de pressão e HVE compensatória (50%), definida ao ECO por massa VE > 116 g/m² em homens ou > 96 g/m² em mulheres. A HVE pode ser concêntrica (redução da cavidade com parede espessa) ou excêntrica (aumento da massa VE sem parede espessa). A disfunção diastólica (40-50%) ocorre pela cardiopatia hipertrófica e causa congestão pulmonar; o ECO apresenta déficit de relaxamento ventricular. A disfunção sistólica (50-60%) ocorre por cardiopatia dilatada e causa IVE, que evolui com IC biventricular. Doença cerebrovascular: a DCV (segunda causa de morte no Brasil) decorrente da HAS pode se manifestar como: (1) AVE isquêmico (80%) por tromboembolismo de ATS carotídea ou local; (2) Ataque Isquêmico Transitório (AIT) por êmbolos das carótidas extracranianas; (3) AVE hemorrágico (10-15%) por ruptura dos microaneurismas de Charcot-Bouchard; (4) hemorragia subaracnóidea (5%) por ruptura de aneurisma sacular congênito ou de malformação arteriovenosa (MAV); ou (5) demência multivascular e atrofia cerebral por arterioloesclerose difusa (doença de Binswanger). Nefropatia hipertensiva: a disfunção renal (ClCr < 50 ml/min) ocorre por arterioloesclerose hialina nas arteríolas aferentes renais e o primeiro sinal de comprometimento é a microalbuminúria, (albuminúria em 24h entre 30-300 mg). Retinopatia hipertensiva: de acordo com a evolução a fundoscopia mostra: (1) estreitamento arteriolar; (2): cruzamento arteriovenoso; (3): hemorragias/exsudatos retinianos; (4): Papiledema. Os graus 1 e 2 são causados por remodelamento vascular das arteríolas retinianas, os 3 e 4, pela hipertensão acelerada maligna, que provoca lesão tecidual grave com isquemia e hemorragia. Outras: aortopatia (aneurisma de aorta ABD) e a arteriopatia de MMII (ATS aa. femorais). Identificação de lesões de órgãos-alvo subclínicas ● ECG ou ECO com sinais de HVE ● Espessura médio-intimal de carótida > 0,9 mm ou presença de placa de ateroma ● ITB < 0,9 ● TFG < 60 ml/min/1,72 m² ● Microalbuminúria 30-300 mg/24h Fis���a��l��i� �� hi���t���ão s����dári� A HAS secundária (5%) possui etiologia conhecida e quase sempre é reversível se tratada. Doenças parenquimatosas renais (2-3%): qualquer nefropatia crônica pode causar HAS por sobrecarga de volume e ativação do SRAA. Os exames apresentam ClCr < 50 ml/min e proteinúria > 2 g/24h. O tratamento é feito com iECA/BRA ou nefrectomia unilateral (HAS grave, rim pequeno disfuncionante, rim contralateral c/ função normal). Estenose de aa. renal (1-2%): ocorre por ATS e causa edema pulmonar súbito e piora da função renal com IECA/BRA. Os exames de triagem são angio-TC, USG-Doppler, renograma e arteriografia renal. O tratamento é feito com: (1) iECA + DIU ± BCC; (2) angioplastia percutânea em casos refratários ou recorrentes; ou (3) cirurgia de bypass. A fibrodisplasia é tratada com angioplastia percutânea com balão. Hiperaldosteronismo primário (0,3%): ocorre pelo aumento excessivo e autônomo da produção de aldosterona suprarrenal e causa hipertensão resistente ao tratamento, hipocalemia e/ou nódulo adrenal. Os exames apresentam relação aldosterona/atividade de renina plasmática (ARP) > 30 e níveis de aldosterona > 15 ng/dl. O tratamento é feito com altas doses de espironolactona e ressecção do adenoma. Feocromocitoma: é um tumor hipersecre- tante de catecolaminas suprarrenal, que causa hipertensão paroxística com cefaléia, sudorese e palpitações. O diagnóstico é feito com dosagem de catecolaminas e seus metabólitos no sangue e urina e TC/RM ABD. O tratamento é a ressecção. Outras: uso de anticoncepcionais orais (0,5-1%), hiper/hipotireoidismo, síndrome de Cushing, hiperparatireoidismo primário, coarctação da aorta, policitemia vera, uso de drogas como ciclosporina, cocaína e anfetaminas. Apneia obstrutiva do sono: é comum na HAS e se apresenta como episódios de obstrução de VAS no sono, causando hipóxia noturna, hiper- ativação simpática reflexa (↑PA), roncos, sonolência diurna e ausência de descenso noturno da PA no MAPA. O diagnóstico é feito com polissonografia e o tratamento é a correção de fatores mecânicos, perda de peso e uso de CPAP noturno. Di�g�ós�i�� Critérios diagnósticos da HAS 1. PA no consultório: média entre duas aferições da PA ≥ 140 x 90 mmHg em pelo menos 2 consultas ou PA > 180 x 110 mmHg em 1 consulta. 2. Monitorização Residencial (MRPA): média entre duas aferições da PA ≥ 135 x 85 mmHg. Protocolo: 3 medidas matinais antes do café da manhã e 3 à noite antes do jantar por 5 dias consecutivos; ou 2 medidas antes do café e 2 antes do jantar por 7 dias. 3. Monitorização Ambulatorial (MAPA): média das aferições da PA ≥ 135 x 85 mmHg durante o período de vigília; PA ≥ 130 x 80 mmHg em 24 horas; ou PA ≥ 120 x 70 mmHg no sono. ● Hipertensão do Jaleco Branco: PA ≥ 140 x 90 mmHg quando aferida por um profissional de saúde. ● Efeito do jaleco branco: aumento da PAS ≥ 20 mmHg e/ou da PAD ≥ 10 mmHg quando aferida por profissional de saúde. ● Hipertensão mascarada: PA normal no consultório (< 140 x 90 mmHg), mas elevada no MAPA (pode haver LOA). ● Hipertensão sistólica: PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg; comum em idosos, maior risco de eventos cardiovasculares. Filipy Rocha Avaliação clínico-laboratorial e estadiamento Clínica: pesquisar tratamentos prévios; fatores de risco CV; hipertensão secundária e LOA; medicamentos que interferem no tratamento.Classificação PAS PAD Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121-139 81-89 Hipertensão estágio I 140-159 90-99 Hipertensão estágio II 160-179 100-109 Hipertensão estágio III ≥ 180 ≥ 110 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 Avaliação inicial de rotina ● EAS, urina tipo 1 ou sumário de urina ● Potássio plasmático ● Creatinina e TFG ● Ácido úrico plasmático ● Glicemia de jejum ● Lipidograma completo ● ECG Exames adicionais Radiografia do tórax Suspeita clínica de ICC, acometimento pulmonar e/ou aórtico Ecocardiograma Critérios de HVE no ECG;suspeita clínica de ICC USG-Doppler de carótida Sopro carotídeo, sinais de DCV ou ATS em outros territórios USG-Doppler renal Sopro ou massa ABD Velocidade da Onda de Pulso Hipertensos de médio e alto risco (Valores > 12m/s são anormais) RM de cabeça Déficit cognitivo ou demência (avaliarinfartos cerebrais e hemorragias) Teste ergométrico Suspeita de DAC estável, DM ou história familiar de DAC Albuminúria DM, síndrome metabólica oudois ou mais fatores de risco Hemoglobina glicada Glicemia de jejum > 99 mg/dl; história familiar de DM 2; diagnóstico prévio de DM 2 e obesidade A estratificação (RCV) na HAS pode ser feita com 2 estratégias: (1) Estimativa do RCV diretamente relacionado à HAS (hipertensos); ou (2) Estimativa do RCV em dez anos (independe de HAS), tabela no resumo Cardiologia - DAC. Estimativa do RCV relacionado à HAS ≥ 130x85 Estágio I Estágio II Estágio III Sem FRCV Semrisco Risco baixo Risco médio Risco alto 1-2 FRCV Riscobaixo Risco médio Risco alto Risco alto ≥ 3 FRCV Riscomédio Risco alto Risco alto Risco alto LOA, DCV, DRC, DM Risco alto Risco alto Risco alto Risco alto Fator de Risco Cardiovascular (FRCV) adicionais ● Sexo Masculino; ● Homem ≥ 55 anos ou mulher ≥ 65 anos; ● DCV “prematura” em parente de 1º grau; ● Tabagismo; ● Dislipidemia (CT > 190 mg/dl; LDL > 115 mg/dl; HDL < 40 mg/dl; TG > 150 mg/dl); ● Resistência à insulina: (Glicemia de jejum 100-125 mg/dl; Glicemia 2h após TOTG 140-199 mg/dl; HbA1C 5,7-6,4%). ● Obesidade: IMC ≥ 30 kg/m2; CA ≥ 102 cm em homens ou ≥ 88 cm em mulheres. Lesões de órgão-alvo (LOA) que definem risco ALTO ● ECG ou ECO com sinais de HVE ○ ECG: (SV1 + RV5/RV6 ) ≥ 35 mm, ou onda R em aVL ≥ 11 mm; ○ ECO: índice de massa VE > 115 g/m2 homens ou > 95 g/m2 mulheres. ● USG-Doppler carótidas: Espessura médio-intimal > 0,9 mm ou presença de placa de ateroma ● VOP carótido-femoral > 10 m/s ● Índice Tornozelo-Braquial (ITB) < 0,9 ● DRC estágio III (ClCr 30-60 ml/min ou TFG < 60 ml/min/1,72 m²) ● Microalbuminúria 30-300 mg/24h Doença CV estabelecida que define risco ALTO ● DCV (AVC ou AIT) ● DAC (angina, IAM, Revascularização prévia) ● ICFER ou ICFEN ● Doença arterial periférica sintomática em MMII ● DRC estágio IV ou V (ClCr < 30 ml/min) ● Albuminúria > 300 mg/dia ● Retinopatia “avançada” Tra����n�o Decisão de Tratar (VII Diretriz Brasileira de HAS) Pré-hipertensos Não medicamentoso HAS estágio I risco baixo Não medicamentoso por três/seis meses, se a meta não for atingida, adicionar medicamentosoHAS estágio I risco médio HAS estágio I risco alto Não medicamentoso e medicamentoso HAS estágio II-III HAS sistólica isolada (PAS ≥ 140 mmHg) em idosos Metas pressóricas (VII Diretriz Brasileira HAS) Idosos ≥ 80 anos PAS < 150 HAS estágio I-II com risco baixo ou intermediário < 140 x 90 mmHg HAS estágio III HAS estágio I-II risco alto < 130 x 80 mmHg (deve ser > 120 x 70 mmHg na DAC) Associações de anti-hipertensivos iECA + BCC Associação de escolha iECA + BRA Associação contraindica (mesma classe) DIU + BB Associação contraindicada na vigência de DM/dislipidemia (ambos afetam o metabolismo glicídico/lipídico) DIU como 3ª droga Potencializa o efeito hipotensor das drogas anteriores HAS resistente 4ª droga: espironolactona ou amiloride em caso de intolerância 5ª droga: BB (carvedilol, nebivolol) 6ª droga: agonistas alfa-2a centrais 7ª droga: vasodilatadores diretos Tratamento não medicamentoso Controle do peso e da cintura ABD (CA): o ganho de peso e a obesidade aumentam a PA por: (1) resistência à insulina; e (2) hiperativação adrenérgica. Para cada 5% de perda ponderal ocorre uma queda de 20-30% na PA. ● IMC < 25 kg/m2 < 65 anos; ● IMC < 27 kg/m2 > 65 anos; ● CA < 94 cm homens ou < 80 cm mulheres. Dieta: a “dieta DASH” (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é rica em frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura, e pobre em carne vermelha, doces e bebidas adoçadas; polifenóis (vinho, café, chá verde e chocolate amargo são capazes de reduzir a PA. O consumo de sódio recomendado é de 2 g/dia de sódio ou 5 g/dia de sal. O consumo de álcool recomendado é de no máximo 1 dose/dia para mulheres e pessoas com baixo peso e 2 doses/dia para homens. Exercícios físicos: a prática evita o surgimento de HAS em pré-hipertensos e reduz a PA em hipertensos, sendo recomendado pelo menos 30 min/dia de atividade aeróbica por 5-7 dias da semana. Se PA muito alta, > 3 FRCV, DM, LOA ou cardiopatia, deve-se fazer um TE antes. Outras: cessação do tabagismo, "respiração lenta" (reduzir FR para < 6-10/min, durante 15-20 min/dia, por pelo menos 8 semanas) e técnicas para "controle do estresse" (psicoterapia, meditação, biofeedback, técnicas de relaxamento). Anti-hipertensivos de 1ª linha Drogas que reduzem a PA e a mortalidade, os que começam a agir após 1-3h (maioria) devem ser tomadas após acordar, os que demoram a agir (verapamil) devem ser tomados à noite. A PA deve ser reavaliada após 4 semanas, se o resultado for parcial, deve-se aumentar a dose do fármaco ou associar um novo anti-hipertensivo (preferencial); se houver efeitos colaterais deve-se reduzir a dose ou substituir os medicamentos. Diuréticos (DIU) DIU tiazídicos: primeira escolha na HAS. Os efeitos colaterais são 4 HIPO (volemia, natremia, calemia, magnesemia) e 3 HIPER (glicemia, lipidemia, uricemia). DM, gota e hiperpara tireoidismo (hipocalciúria) são contraindicações. ● Hidroclorotiazida (HCTZ) 12,5-25 mg/dia; ● Indapamida (Natrilix®) 1,25-2,5 mg/dia; ● Clortalidona (Higroton®) 12,5-25 mg/dia. DIU de alça: escolha na DRC avançada (ClCr < 30 ml/min) e/ou edema. O principal efeito colateral é a hipovolemia. Hipovolemia e história de nefrolitíase (hipercalciúria) são contraindicações. ● Furosemida (Lasix®) 20-80 mg 2x/dia; ● Bumetanida (Burinax®) 0,5-2 mg 2x/dia; ● Piretanida (Arelix®) 6-12 mg 2x/dia ● Ácido etacrínico 50-200 mg 2x/dia. DIU poup. de potássio: antagonistas da aldosterona são escolha no hiperaldosteronismo primário e bloqueadores do ENaC são associados com os tiazídicos se há hipocalemia. ● Espironolactona 50-100 mg 1-2x/dia; ● Eplerenona (Inspra®) 50-200 mg/dia; ● HCTZ + Amilorida (Moduretic®) 5-10 mg/dia; ● HCTZ + Triantereno (Iguassina®) 50 mg/dia. Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) Diidropiridínicos: mais usados na HAS. Os efeitos colaterais são edema maleolar, cefaléia, tontura e rubor facial. ● Nifedipina (Adalat®) 30-60 mg 1-2/dia; ● Anlodipina (Norvasc®) 2,5-10 mg/dia. Não-diidropiridínicos: escolha para pacientes que precisam reduzir a FC, mas não podem usar BB. Os efeitos colaterais são bradicardia, BAV e constipação (verapamil). ICFER é uma contraindicação. ● Diltiazem (Balcor®) 120-540 mg/dia; ● Verapamil (Dilacoron®) 120-480 mg/dia. Drogas que agem sobre o SRAA Inibidores da ECA (iECA): escolha em ICFER e IAM anterior extenso (diminuição do remodelamento cardíaco) e em nefropatia diabética ou DRC (efeito nefroprotetor: vasodilatação da arteríola eferente). Os efeitos colaterais são tosse seca e angioedema. DRC ou ICFER muito avançados, doença renovascular, cirrose hepática e hipovolemia são contraindicações, pois, nessas condições, a TFG está sendo mantida pela ativação do SRAA; se houver aumento da Cr > 30-35% e/ou franca hipercalemia, o IECA deverá ser suspenso. ● Captopril (Capoten®) 25-100 mg 2-3x/dia; ● Enalapril (Renitec®) 2,5-40 mg 1-2x/dia; ● Lisinopril (Zestril®) 10-40 mg/dia; ● Perindopril (Coversyl®) 4-8 mg 1-2x/dia; ● Ramipril (Triatec®)2,5-20 mg/dia. Filipy Rocha Bloqueadores do Receptor AT1 (BRA): alternativa aos iECA. A losartana aumenta a uricosúria (escolha em paciente com gota). ● Losartan (Cozaar®) 25-100 mg 1-2x/dia; ● Valsartan (Diovan®) 80-320 mg 1-2x/dia; ● Irbesartan (Avapro®) 150-300 mg 1-2x/dia; ● Candesartan (Atacand®) 8-32 mg 1-2x/dia; ● Telmisartan (Micardis®) 40-80 mg 1-2x/dia; ● Olmesartan (Benicar®) 20-40 mg 1-2x/dia. Betabloqueadores (BB) Primeira escolha em DAC e ICFER (carvedilol, metoprolol, bisoprolol), possuem efeitos antianginosos e anti-arrítmicos. Os efeitos colaterais ocorrem por dromotropismo (bradicardia, BAV) e por bloqueio de beta2 em vasos sanguíneos (vasoconstrição), brônquios (broncoconstrição) e hepatócitos (intolerância à glicose), além de disfunção erétil e dislipidemia. Asma, DPOC e BAV de 2º e 3º graus são contraindicações para os BB de 1ª e 2ª geração. ● Propranolol (Inderal®) 40-160 mg 2x/dia; ● Nadolol (Corgard®) 40-120 mg/dia; ● Pindolol (Visken®) 10-40 mg 2x/dia; ● Atenolol (Atenol®) 25-100 mg/dia; ● Metoprolol (Selozok®) 50-100 mg 1-2x/dia; ● Bisoprolol (Concor®) 5-20 mg/dia; ● Carvedilol (Coreg®) 12,5-50 mg 2x/dia; ● Labetalol (Trandate®) 100-300 mg 2x/dia; ● Nebivolol (Nebilet®) 2,5-10 mg/dia. Gerações dos BB 1ª G Não seletivos Propranolol, Nadolol, Penbutolol,Timolol, Pindolol 2ª G Seletivos Beta1 Atenolol, Metoprolol, Bisoprolol,Acebutolol, Esmolol 3ª G Não seletivos Carvedilol, Labetalol, Carteolol Seletivos Beta1 Nebivolol, Betaxolol, Celiprolol Peculiaridades ● O propranolol é usado em tremor essencial, síndromes hipercinéticas e enxaqueca (atravessa a BHE) e em hipertensão portal (vasoconstrição esplâncnica); os principais efeitos colaterais são insônia, pesadelos e depressão. ● O pindolol possui atividade simpatomimética intrínseca (agonista parcial) e menos efeitos CV. ● O carvedilol e o labetalol causam vasodilatação periférica, o nebivolol aumenta da síntese de NO (menos disfunção erétil), o carvedilol e o nebivolol não prejudicam o metabolismo glicídico e lipídico. Anti-hipertensivos de 2ª linha Agonistas alfa-2a adrenérgicos e imidazólicos: segunda escolha na HAS, mas a metildopa é a primeira escolha na gestação. Os efeitos colaterais são sonolência, sedação, xerostomia, disfunção erétil, hipotensão postural, e hipertensão rebote após a retirada abrupta. ● Clonidina (Atensina®) 0,1-0,8 mg 2x/dia; ● Metildopa (Aldomet®) 250-1.000 mg 2x/dia; ● Guanabenzo (Lisapres®) 4-16 mg 2x/dia; ● Rilmenidina (Hyperium®) 1-2 mg 1-2x/dia; ● Moxonidina (Cynt®) 0,2-0,4 mg/dia. Alfabloqueadores: primeira escolha no feocromocitoma, reduz HPB e melhora o metabolismo glicídico/lipídico. Os efeitos colaterais são hipotensão postural e incontinência urinária. ● Prazosina (Minipress®) 2-30 mg 2-3x/dia; ● Doxazosina (Carduran®) 1-16 mg/dia; ● Terazosina (Hytrin®) 1-20 mg/dia. Vasodilatadores arteriais diretos: a hidralazina é a escolha para crises hipertensivas em gestantes. Os efeitos colaterais são taquicardia reflexa (BB), edema (DIU), cefaléia e rubor facial. SCA, aneurisma dissecante de aorta e hemorragia cerebral são contraindicações. ● Hidralazina (Apresolina®) 25-100 mg 2x/dia; ● Minoxidil (Loniten®) 2,5-80 mg 1-2x/dia. Comorbidades DRC e DM: qualquer droga pode ser usada, mas IECA/BRA são escolha se albuminúria ≥ 30 mg/dia. DIU tiazídicos para estágios 1-3 e DIU de alça para 4-5. A meta pressórica é PA < 140 x 90 mmHg e PA < 130 x 80 mmHg para diabéticos. Síndrome metabólica: as drogas de escolha são os IECA/BRA e os BCC. A meta pressórica é PA < 140 x 90 mmHg. DAC: as drogas de escolha são os BB e os IECA/BRA. A meta pressórica está entre 130 x 80 mmHg e 120 x 70 mmHg. DCV: qualquer anti-hipertensivo pode ser usado. A meta pressórica é PA < 130 x 80 mmHg. HA� re���t���e (HA�) Definição Clássica: PA de consultório não controlada com 3 drogas em dose máxima ou controlada com 4 ou mais drogas. ● HAR "Aparente" (Pseudorresistência): definição clássica; ● HAR "Verdadeira": definição clássica + documentação da curva pressórica pela MAPA + comprovação adesão terapêutica; ● HAS refratária: HAR "Verdadeira" não controlada com cinco ou mais medicações. Maior prevalência de HAS secundária: AOS (80%), hiperaldosteronismo primário (20%), estenose de artéria renal (2,5%). 💗 C�I�� H��E�T����VA A crise hipertensiva ocorre quando a alta PA causa prejuízo agudo. O quadro pode ser causado pela hipertensão (AVE hemorrágico, encefalopatia hipertensiva, EAP hipertensivo, nefroesclerose hipertensiva maligna) ou agravado por ela (IAM, angina instável, dissecção aórtica aguda). ● PAM = PAS + 2 PAD/3 O cérebro, os rins e o miocárdio possuem um mecanismo de autorregulação do fluxo, que funciona em uma faixa de PAM de 60-120 mmHg. A hipotensão grave (PAM < 60-80 mmHg) causa hipoperfusão orgânica e a hipertensão grave (PAM > 120 mmHg), aumento excessivo do fluxo, com extravasamento de líquido e ruptura vascular. Em hipertensos crônicos, a faixa é de 120-160 mmHg. An�i-hi���t���iv�� ��re���r�i� Nitroprussiato de sódio 0,25-10 µg/kg/min IV: indicado na maioria das crises hipertensivas, possui ação imediata e meia-vida curta. Pode causar intoxicação (nitrito de sódio 3%, tiossulfato de sódio 25%). Isquemia miocárdica (roubo coronariano) e eclâmpsia são contraindicações. Nitroglicerina 5-100 µg/kg/min IV: indicado em IAM e angina instável, possui ação imediata e meia-vida curta. Pode causar cefaléia, taquicardia reflexa, flushing. Hidralazina 10-20 mg IV ou 10-40 IM 6/6h: indicado na eclâmpsia, possui início de ação curto e meia-vida longa. Pode causar taquicardia, cefaléia, vômitos e piora da angina. Metoprolol 5 mg IV 10/10 min até 20 mg: indicado em IAM e dissecção aórtica aguda, possui início de ação curto e meia-vida longa. Pode causar bradicardia, BAV, broncoespasmo. Labetalol bolus 20-80 mg IV seguido de 2 mg/min IV: indicado em qualquer emergência hipertensiva, primeira escolha em dissecção aórtica aguda e AVE, possui início de ação curto e meia-vida longa, última escolha EAP hipertensivo. Esmolol ataque 500 µg/kg seguido de infusão de 25-50 µg/kg/min IV: indicado em IAM e dissecção aórtica aguda com contraindicação aos BB não confirmada, possui ação imediata e meia-vida curta. Furosemida 20-60 mg IV 30/30 min: indicado em EAP hipertensivo e outras crises hipertensivas, possui ação imediata e meia-vida curta. Pode causar hipocalemia. Hipovolemia acentuada e eclâmpsia são contraindicações. Nicardipina 5-15 mg/h IV: indicado em qualquer emergência hipertensiva, início de ação curto e meia-vida longa, última escolha em EAP hipertensivo. An�i-hi���t���iv�� ��a�s Captopril 12,5-50 mg VO: indicado em urgências hipertensivas, possui início de ação curto e meia-vida longa. Gravidez é uma contraindicação. Nifedipino 5-10 mg VO: alternativa em IRA precipitada por captopril, possui início de ação curto e meia-vida longa. Pode causar rubor facial, palpitações, cefaléia e hipotensão. Angina, IAM, AIT, AVE e dissecção aórtica são contraindicações. Clonidina 0,2 mg VO seguido de 0,1 mg 1/1h até 0,8 mg: indicado em urgências hipertensivas, possui início de ação médio e meia-vida longa. Comprometimento neurológico grave é uma contraindicação pelo efeito sedativo. Propranolol 10-40 mg VO ou 1 mg IV em bolus 5/5 min até 8 mg: possui início de ação médio e meia-vida longa. Ur�ên�i�� h��e�t����va� A PA está muito alta (≥ 180 x 120 mmHg), mas ainda não provocou prejuízo orgânico agudo (estabilidade clínica. O controle é feito em 24-48h com anti-hipertensivos orais de meia-vida curta (captopril, furosemida, propranolol, hidralazina, clonidina, metildopa), o paciente deve ficar internado até PA 160 x 100 mmHg e receber alta com um esquema anti-hipertensivo crônico. Eme��ên�i�� h��e�t����va� A PA acima do limite da autorregulação cerebral, renal e miocárdica causa um prejuízo agudo, com sintomas graves e risco de vida. Encefalopatia hipertensiva: um pequeno aumento da PA em normotensos ou um grande aumento em hipertensos crônicos (PA > 240 x 120 mmHg) pode causar edema cerebral.O paciente apresenta cefaléia, que piora ao acordar e evolui nos próximos dias com náuseas e vômitos, queda da consciência e crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, além de hiperreflexia, sinal de Babinski bilateral e mioclonia. A TC/RM de crânio confirma o diagnóstico e o tratamento é feito com nitroprussiato de sódio IV, nicardipina ou labetalol, associados a outros medicamentos para fazer o desmame do nitroprussiato. ● Meta primeira hora: PAD 100-110 mmHg. ● Meta entre 6-8h: PA 160 x 100 mmHg. ● Meta após 6-8h: PAD 85-90 mmHg. AVE hemorrágico: o aumento da PA pode causar ruptura de aneurisma sacular congênito com AVE parenquimatoso ou hemorragia subaracnóide. O edema cerebral e a hipertensão intracraniana ativam o reflexo de Cushing (↑PA, ↓FC) e pioram o sangramento e o edema, enquanto a rápida normalização da PA pode causar isquemia nas áreas com vasoespasmo e no tecido edemaciado. Filipy Rocha O paciente apresenta cefaléia intensa e súbita, associada a crise convulsiva focal ou generalizada, queda da consciência e súbito déficit neurológico focal. A hemorragia subaracnóide apresenta cefaléia súbita, síncope e queda da consciência. A TC/RM de crânio confirma o diagnóstico e o tratamento é feito com nitroprussiato de sódio IV, nicardipina ou labetalol; o manitol ajuda no edema e o nimodipino tem efeito protetor neuronal. ● Meta após 3h na hemorragia intraparen- quimatosa: 150 x 95 ou 180 x 105 mmHg. ● Meta após 3h na hemorragia subaracnóide: 130 x 95 ou 160 x 105 mmHg. AVE isquêmico: quando uma artéria cerebral é ocluída, surge uma área isquêmica, que evolui para um foco de necrose cercado por penumbra isquêmica em algumas horas. A rápida normalização da PA pode piorar a isquemia, pois a perfusão colateral da penumbra depende da PA. A hipertensão não é tratada na fase aguda, a não ser que PA ≥ 220 x 120, ou PA ≥ 185 x 110 no candidato a trombolíticos (∆T < 3h), quando o tratamento é feito com labetalol. ● Meta após 3 dias: PA 160 x 100 mmHg com captopril e furosemida (meia-vida curta). ● Meta após 7 dias: PA normalizada. IAM e angina estável: a isquemia miocárdica aguda estimula o SNAS, que eleva a FC e a PA, o que aumenta a pós-carga e o consumo miocárdico de O2, piorando a isquemia e o infarto. O tratamento da hipertensão é feito com nitroglicerina e BB (metoprolol, esmolol IV) se não houver contraindicações aos BB (Killip ≥ II, bradiarritmia, broncoespasmo). Dissecção aórtica aguda: a fraqueza da parede aórtica e a alta força de cisalhamento podem causar ruptura da íntima da aorta, então o sangue penetra entre íntima e média, percorrendo a “falsa luz” até retornar à luz arterial em uma nova ruptura. Classificação anatômica De Bakey: ● Tipo I (70%): ruptura na aorta asc. e desc; ● Tipo II (5%): ruptura apenas na aorta asc.; ● Tipo III (25%): ruptura apenas na aorta desc; ○ Tipo IIIa: apenas aorta desc. torácica; ○ Tipo IIIb: aorta desc. torácica e ABD. Se houver ruptura da média e da adventícia, a hemorragia pode ser fatal. A ruptura da (1) aorta ascendente causa hemopericárdio, com tamponamento cardíaco; da (2) aorta descendente torácica causa hemomediastino/hemotórax, com choque obstrutivo/hemorrágico; da (3) aorta descendente ABD causa hemorragia digestiva franca ou hemoperitônio, com choque hemorrágico. O quadro apresenta dor torácica retroesternal intensa e súbita, associada a náuseas e sudorese, que avança para a região dorsal do tórax e região lombar com a progressão da dissecção, enquanto há alívio no segmento anterior. Pode haver diferença de pulso ou PA (> 20 mmHg) entre os MMSS (dissecção da subclávia), déficit neurológico focal ou sopro carotídeo (dissecção da carótida) ou sopro de insuficiência aórtica aguda (dissecção dos folhetos valvares aórticos). Deve ser excluída a possibilidade de IAM pelo ECG e pela dosagem enzimática, mas se a dissecção acometer uma coronária e provocar IAM, os trombolíticos são contraindicados. O ECO transesofágico mostra a “falsa luz” e o “rasgo” da íntima na aorta asc. e arco da aorta. A TC helicoidal/RM de tórax são mais sensíveis e mostram a dissecção em qualquer ponto da aorta. O tratamento inicial visa reduzir a PAS para 100-120 mmHg em 20 min e a contratilidade miocárdica. A primeira escolha é o labetalol, a outra opção nitroprussiato de sódio + propranolol/ metoprolol IV. Verapamil ou diltiazem IV podem ser usados como alternativa aos BB. Os pacientes tipo I e II ou tipo III complicado devem ser encaminhados para a cirurgia. Eclâmpsia: ocorre por defeito da migração trofoblástica na 22ª semana, que leva à hipoperfusão e isquemia placentária, provocando a hiperprodução de mediadores inflamatórios que desencadeiam a formação de agregados celulares e de fibrina e comprometem a microvasculatura, levando à isquemia orgânica e a uma coagulopatia. O quadro apresenta hipertensão arterial, edema, proteinúria e encefalopatia a partir da 21ª semana ou nas primeiras 48h do puerpério, sendo mais comum em primíparas e muito fatal. O tratamento é: ● Controle das crises convulsivas: sulfato de magnésio 4 g IV em 5-10 minutos, seguido de 1g/h por 12-24h. ● Controle agressivo da hipertensão com hidralazina IV (nitroprussiato de sódio, iECA e DIU devem ser evitados). ● Interrupção da gestação por uma cesárea de urgência após a estabilização clínica (se prematuro, ADM corticóides 48h antes). Nefroesclerose hipertensiva maligna: ocorre quando altos níveis pressóricos (> 220 x 120 mmHg) causam lesões vasculares que acometem a retina (a fundoscopia apresenta retinopatia grau III ou IV) ou os rins (arteriosclerose hiperplásica) e podem evoluir com uma emergência hipertensiva grave (encefalopatia, EAP, hemorragia cerebral) ou IRA. O tratamento inicial é feito com uma droga de meia-vida curta (captopril VO) e monitorização da função renal (iECA pode piorar IRA na doença renovascular), a PA deve ser controlada em 24-48h. 💗 HI���T���ÃO �R���I�L PU���N�� (HA�) P�I�ÁRI� Fis���a��l��i� A circulação pulmonar, em relação à sistêmica, possui menor PA (PAS = 15-25; PAD = 5-10; PAM = 10-20 mmHg) e menor RVP. A HAP é definida como PAM > 25 mmHg em repouso. A HAP é causada pela produção de fatores de crescimento excessiva pelo endotélio lesado do leito arteriolocapilar pulmonar que atuam sobre células mm. lisas e fibroblastos causando hiperplasia e fibrose da íntima e hipertrofia da média e promovem um estado pró-coagulante local, facilitando a trombose. A predisposição genética é evidenciada pela alteração do canal K+ voltagem-dependente no mm. liso (cuja inibição promove vasoconstrição), aumento dos níveis de endotelina (vasoconstrição) e diminuição dos níveis de PGI2 e NO (vasodilatação). Além disso, a hipertensão promove o remodelamento vascular. A consequência é que, com o aumento da RVP, o VD hipertrofia até uma PAS 80-100 mmHg, quando entra em falência. Um aumento agudo da RVP (> 50 mmHg) causa falência aguda do VD. HAP idiopática: é uma doença rara com predomínio em mulheres, até 20% dos casos têm origem familiar (herança AD). HAP na hipertensão portal: substâncias vasoativas e deletérias à vasculatura pulmonar, produzidas no intestino e depuradas no fígado, alcançam os pulmões por um desvio de sangue da circulação porta para a pulmonar. Outros: anorexígenos aumentam o risco de HAP em até 20x, cocaína aumenta em até 3x, a incidência é aumentada nos portadores de HIV e de HHV-8. Além disso, todas as colagenoses (principalmente esclerodermia) podem causar HAP. Qu�d�� �líni�� O primeiro sintoma é a dispnéia aos esforços, pois o VD não consegue aumentar o DS, além de fadiga, fraqueza, pré-síncope ou síncope por baixo fluxo cerebral. A dor precordial ocorre por alargamento da artéria pulmonar que causa compressão da ACE. Em até 30% dos pacientes com HAP idiopática ocorre fenômeno de Raynaud. O exame físico apresenta hiperfonese de P2, pois o fechamento da valva pulmonar sofre o efeito da maior PAP e sintomas de IVD, no início ocorre TJP, ictus de VD palpável e B4 do VD por HVD; quando o VD entra em falência, surge B3 do VD e soprode insuficiência tricúspide. O edema periférico, a hepatomegalia e a ascite ocorrem em fases mais avançadas. Di�g�ós�i�� Radiografia de tórax: com aumento VD, o coração é empurrado para trás e para a esquerda, em perfil, o contato do VD com o esterno aumenta e o espaço retroesternal diminui, em PA, a ponta do coração se eleva (aspecto “em bota”), ocorre dilatação do Tc da aa. pulmonar (abaulamento arco médio da silhueta cardíaca) e o diâmetro transverso aumenta. Com o aumento AD, nas fases tardias, ocorre acentuação da curva do arco inferior da silhueta cardíaca. ECG: apresenta cor pulmonale. ● Desvio do eixo para a direita; ● R > S em V1; e S > R em V6; ● P pulmonale (P alta e apiculada > 2,5 mm nas derivações inferiores DII, aVF, DIII). Eco-Doppler: afasta causas cardiogênicas de HP secundária e estima a PAS Pulmonar. Na HAP primária, apresenta (1) aumento AD e VD; (2) movimento paradoxal na sístole e abaulamento do septo interventricular para a cavidade VE; (3) Insuficiência tricúspide; (4) redução no tamanho da cavidade VE, pelo baixo débito proveniente de VD. Prova de Função Respiratória (PFR): afasta HP secundária quando mostra um padrão obstrutivo na DPOC ou restritivo em doenças intersticiais pulmonares. Gasometria Arterial: pode apresentar hipocapnia por hiperventilação e hipoxemia, pois a paucidade de vasos “força” o sangue a passar por áreas de shunt arteriovenoso intrapulmonar. Em pacientes com forame oval patente, quando a PA direita fica maior que a esquerda, o forame é aberto e o sangue passa do AD para o AE (shunt intracardíaco) causando hipoxemia refratária à O2. Cintilografia pulmonar ventilação- perfusão: a fase de perfusão é feita com ADM de microagregados de albumina ligados a Tc 99, enquanto a fase de ventilação é realizada com Xe 133. Na HAP primária, o contraste mostra múltiplos pequenos defeitos perfusionais. Exames laboratoriais: afasta causas secundárias, como anticorpos anti-HIV 1 e 2, teste de função hepática (síndrome porto-pulmonar), fator reumatoide, anti-RO e anti-LA (colagenoses). Cateterismo cardíaco: afasta doenças do coração esquerdo como causa da HAP. O cateter mede as pressões no AD e VD e na aa. pulmonar. O balonete é inflado na ponta do cateter em um ramo da aa. pulmonar para determinar a pressão encunhada (reflete pressão AE), normal na HAP primária e elevada na secundária. A resposta da pressão pulmonar a infusão (epoprostenol, adenosina) ou inalação (NO) de vasodilatadoras de curta duração também é avaliada, uma diminuição da PAM > 10 mmHg é um marcador de melhor prognóstico e um indicativo de resposta aos BCC. Filipy Rocha Algoritmo de HAP primária por exclusão 1. Eco-Doppler: HAP sem patologia cardíaca 2. Radiografia de tórax: normal 3. PFP: normal ou levemente alterada 4. Gasometria arterial: normo/hipocapnia 5. Cintilografia de ventilação-perfusão: normal ou com defeitos não segmentares 6. Cateterismo cardíaco: normal Tra����n�o Os pacientes devem evitar grandes esforços físicos, mas fazer atividades físicas moderadas e aeróbicas, como natação, ciclismo e ginástica. Classificação funcional NYHA Sobrevidaem 5 anos Classe I – Sem limitação às atividades cotidianas; > 6 METs na ergometria. 85% Classe II – Limitação leve; sintomas durante atividades cotidianas; 4-6 METs na ergometria. 3,5 anos Classe III – Limitação acentuada; sintomas com qualquer atividade, mesmo as mais leves que as do cotidiano; 2-4 METs na ergometria. 3,5 anos Classe IV – Incapacidade física; sintomas em repouso ou com mínimos esforços; não tolera a ergometria. 6 meses Vasodilatadores BCC: podem reverter a vasoconstrição pulmonar, reduzindo a RVP e aliviando o trabalho do VD, mas só 25-35% respondem ao tratamento. ● Nifedipino: 30 mg/dia → 120-240 mg/dia; ● Amlodipina: 10 mg/dia → 20-40 mg/dia; ● Diltiazem: 120 mg/dia → 120-900 mg/dia. Terapia específica: para pacientes que não respondem ou não mantêm resposta sustentada aos BCC, são usados: (1) análogos da PGI2 (epoprostenol, Iloprost); (2) iPDE4 (sildenafil); e (3) antagonistas do receptor da endotelina (bosentan). ● Classe II ou III: Sildenafil, Bosentan, Iloprost; ● Classe IV: Epoprostenol. Anticoagulantes A terapia com warfarina visando INR 2,0-2,5 está indicada em todos os pacientes com HAP primária, pois melhora a sobrevida. Cirurgia Transplante pulmonar: o último recurso para os pacientes com sintomas graves (classe IV) e refratários à terapia é o transplante de pulmão ou o combinado de coração-pulmão. Septostomia atrial: (criação de shunt direita esquerda entre os átrios) pode ser realizada nos casos com sinais intensos de baixo débito, servindo como ponte até o transplante. 💗 HI���T���ÃO �R���I�L PU���N�� (HA�) SE���DÁRI� Síndrome pulmonares congestivas As causas são valvopatia mitral, disfunção VE (isquemia do miocárdio, CMP dilatadas, estenose ou insuficiência aórtica), tumor atrial esquerdo (mixoma) e cor triatriatum (membrana congênita que divide o AE em duas câmaras). A IVE (sistólica ou diastólica) aumenta as pressões de enchimento, que são transmitidas ao AE e ao leito venocapilar pulmonar, promovendo congestão pulmonar e edema. Os primeiros sintomas são dispnéia aos esforços, ortopneia e DPN. O exame físico mostra estertores pulmonares nas bases e exame do precórdio alterado, de acordo com a cardiopatia. O tratamento da congestão pulmonar e a resolução cirúrgica da lesão valvar mitral promovem uma regressão da HAP e da disfunção VD. Cardiopatias congênitas com shunt esq.-dir. As causas são CIV (Comunicação Interventricular), PCA (Persistência do Canal Arterial) e CIA (Comunicação Interatrial). O sangue do coração esquerdo passa para o direito, que recebe um volume extra e precisa aumentar o DS. Quando o DS do VD é > duas vezes maior do que o débito do VE, ocorre a síndrome do hiperfluxo pulmonar, que causa: (1) IVE por sobrecarga de volume; e (2) aumento da PAP. Com o tempo, o aumento da PAP estimula vasoconstrição reativa e remodelamento vascular, com aumento da RVP, que causa a síndrome de hiper-resistência pulmonar: a HAP é tão grave que pode causar Síndrome de Eisenmenger (reversão de shunt esquerda-direita para direita-esquerda por HAP secundária, causando cianose). Classificação de Heath-Edwards Grau I Hipertrofia muscular da camada média Grau II Proliferação da camada íntima Grau III Fibrose da camada íntima, com obliteração Grau IV Lesões plexiformes, como na HAP primária Grau V Lesões plexiformes, angiomatosas,cavernosas e hialinização da íntima Grau VI Arterite necrosante (necrose fibrinóide) O tratamento é a cirurgia para correção do shunt, que deve ser feita antes de evoluir para os graus IV, V e VI, quando o tratamento é semelhante ao da HAP primária ou transplante coração-pulmão. Doenças pulmonares - Cor pulmonale As causas são DPOC, Pneumopatias Intersticiais Difusas (FPI, colagenoses, pneumoconioses, pneumocistose), hipoventilação crônica (mielopatias, polineuropatias, cifoescoliose, síndrome de pickwick), TEP crônico e esquistossomose pulmonar. A vasoconstrição arterial pulmonar em resposta à hipóxia e acidose desvia o sangue das áreas mal ventiladas para as bem ventiladas, reduzindo o shunt arteriovenoso intrapulmonar. Mas quando a maioria dos alvéolos está mal ventilada, há vasoconstrição pulmonar difusa, que eleva a RVP e a PAP, causando remodelamento vascular e sobrecarga do VD até a falência (cor pulmonale). O paciente evolui com a síndrome de congestão sistêmica (TJP, hepatomegalia, edema de MMII) e baixo DC. A radiologia mostra sinais de hiperinsuflação pulmonar e retificação diafragmática na DPOC e redução volumétrica e infiltrado pulmonar difuso na PID. A terapêutica da pneumopatia geralmente não alcança bons resultados, pois a DPOC e a maioria das PIDs são doenças incuráveis e progressivas. Tromboembolismo pulmonar crônico No TEP crônico, ocorrem episódios tromboembólicos de repetição, que não são bem dissolvidos pelo sistema fibrinolítico, causando obstrução e HAP. O diagnóstico é feito inicialmente com cintilografia pulmonar deventilação-perfusão e confirmado com angiografia pulmonar. O tratamento do TEP crônico deve ser a anticoagulação plena com warfarina, visando INR entre 2,5-3,5. Esquistossomose pulmonar Na esquistossomose, a infestação por Schistosoma mansoni no sistema porta causa fibrose com hipertensão porta e esplenomegalia. O desvio portopulmonar da circulação pode levar alguns ovos aos vasos pulmonares, causando fibrose e obliteração de pequenas artérias e arteríolas pulmonares por hipersensibilidade. Se a doença for diagnosticada e tratada (oxamniquine, praziquantel), os parasitas adultos morrem, parando de eliminar os ovos e a lesão arterial pulmonar para de progredir. Filipy Rocha
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