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Maressa Duarte A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível e multifatorial caracterizada pela elevação sustentada da PA > ou igual 140 x 90 mmHg, medida por técnica correta em 2 ocasiões diferentes. Fatores de Risco Genético: influência de 30 a 50%. Idade: mais comum em idosos em virtude do enrijecimento progressivo e da perda da complacência de grandes artérias. 65% ocorre após os 60 anos. Sexo: quando menor a faixa etária, o risco é maior em homens, mas quando maior a faixa etária, o risco é maior em mulheres. Etnia: não houve diferença significativa no Brasil, mas acredita- se que seja mais em negros. Sobrepeso/Obesidade: relação direta. Pacientes com IMC e CA maiores tem mais chances de desenvolver HAS. Ingestão aumentada de sódio: está associada ao aumento do risco de DCV e AVE quando a ingestão é superior a 2g de sódio por dia (5g de sal de cozinha). Baixa ingestão de potássio: pois foi conferido que o aumento da ingestão de potássio reduz os níveis pressóricos. Sedentarismo: inexistência de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana. Álcool: há maior prevalência de HAS em pacientes que ingerem 6 ou mais doses ao dia (30g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja = 2 taças de vinho). Fatores socioeconômicos: menor escolaridade, habitação inadequada, baixa renda familiar. Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) Outros: uso de drogas ilícitas (cocaína, MDMA), uso de certas medicações (simpatomiméticos, descongestionantes nasais, antidepressivos tricíclicos, hormônios tireoidianos, contraceptivos orais, AINES, glicocorticoides). Etiologia Primária A etiologia está relacionada à: hereditariedade e a hábitos. Dentre os hábitos temos: alta ingestão de sódio, uso de bebidas alcoólicas e estresse de duração prolongada. Pode ainda ocorrer por reatividade vascular anormal e disfunção do sistema renina angiotensina. Inicialmente há alterações funcionais das arteríolas, que evoluem para o espessamento da camada muscular dos vasos. Secundária É decorrente de uma causa identificável que pode ser tratada determinando a cura ou melhora dos níveis pressóricos. Estima ser responsável por 10 a 20% da HAS. Deve ser sempre descartada quando houver indícios. CAUSAS NÃO ENDÓCRINASMMMMMMMMMMMMMMMM 1. DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC): A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina). Caracteriza-se por ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e) < 60 mL/min, ou presença de albuminúria (30 mg/24 h ou razão albuminúria/creatininúria 30 mg/g). A HAS decorre do declínio da função renal, atingindo 90% dos pacientes em estágio 5. A HAS acelera a DRC. 2. HIPERTENSÃO RENOVASCULAR (HARV): Causa secundária mais comum e potencialmente reversível. É decorrente da estenose parcial ou total, uni ou bilateral da artéria renal ou de seus ramos, desencadeando e mantendo isquemia renal significante. Ocorre em obstruções > 70%. Em jovens, principalmente mulheres, é mais causada por displasia fibromuscular. Em idosos é causada mais frequentemente por aterosclerose. Possui manifestações clínicas heterogêneas, pois muitas lesões que evoluem com repercussão hemodinâmica mínima são silenciosas, até progredirem para ativação de mecanismos fisiopatológicos hipertensivos e de isquemia renal. Indicadores clínicos de hipertensão renovascular: - Início de hipertensão arterial antes de 30 anos - Início de hipertensão arterial grave após 55 anos, associada à doença renal crônica e à insuficiência cardíaca congestiva - Hipertensão arterial e sopro abdominal - Hipertensão arterial com piora rápida e persistente em paciente previamente controlado - Hipertensão arterial resistente ou refratária - Crise hipertensiva com lesões em órgãos-alvo (insuficiência renal aguda, insuficiência cardíaca congestiva, encefalopatia hipertensiva, retinopatia hipertensiva grau 3-4) - Piora da função renal após tratamento com bloqueadores do sistema renina angiotensina - Atrofia renal não justificada, assimetria renal ou piora de função renal inexplicada - Edema agudo de pulmão Rastreamento = arteriografia renal convencional (padrão- ouro), USG com doppler renal e angiografia por RM por subtração digital ou método BOLD, ou TC espiral. Maressa Duarte Tratamento = uso de fármacos bloqueadores do SRAA para reduzir a hiperfiltração do rim contralateral e a proteinúria na HARV unilateral. Em casos de HARV aterosclerótica deve ser realizada mudança do estilo de vida, cessação do tabagismo, controle glicêmico e prescrição de estatinas e antiagregantes. O procedimento de revascularização é indicado para portadores de displasia fibromuscular e portadores de etiologia aterosclerótica que não conseguem controlar a PA ou possuem perda renal progressiva ou descompensação clínica como edema agudo de pulmão, insuficiência cardíaca e angina refratária. 3. COARCTAÇÃO DA AORTA: Consiste em uma alteração congênita que causa constrição da aorta geralmente justaductal, proximal ao canal arterial ou ao ligamento. A coractação é considerada significativa em casos de pressão pré e pós-coarctação > 20 mmHg. 4. APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (AOS): Condição caracterizada pelo colapso intermitente das vias aéreas superiores durante o sono, acarretando em obstruções totais (apneias) e parciais (hipopneias). Causa a HAS por levar a ativação do sistema nervoso simpático, pelo aumento na produção de espécies reativas de oxigênio e pela disfunção endotelial. CAUSA ENDÓCRINAS MMMMMMMMMMMMMMMMMMM 1. HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO: Consiste em uma HAS acompanhada de supressão da atividade da renina plasmática e aumento da excreção de aldosterona. Rastreamento = teste de infusão salina, teste de captoprilla, teste de fludrocortisona, teste de furosemida intravenosa. 2. FEOCROMOCITOMA: São tumores de células cromafins do eixo simpático- adrenomedular secretores de catecolaminas. Os sintomas (tríade): cefaleia sudorese profusa e palpitações com HAR/HARf ou paroxística. O diagnóstico laboratorial baseia-se na dosagem dos metabólitos de catecolaminas no sangue e na urina, com elevação das metanefrinas plasmáticas livres. 3. HIPOTIREOIDISMO: Relacionada ao risco maior de HAS diastólica, pelo aumento da resistência vascular e o volume extravascular. Possui uma elevação da PA discreta (< 150/100 mmHg). 4. HIPERTIREOIDISMO: Eleva o débito cardíaco por causa do aumento do consumo periférico de O2 e do aumento da contratilidade cardíaca. O quadro clínico é mais proeminente na doença de Graves (palpitação, perda de peso, exoftalmia, bócio, tremores de extremidades, pele quente e intolerância ao calor, entre outros sintomas) ou adenoma tóxico. 5. HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO: Não há uma correlação exata com a HAS. 6. SÍNDROME DE CUSHING: A iatrogênica causada pelo uso de corticoide exógeno é mais comum que a endógena (rara). Causa HAS pelo estímulo do cortisol nos receptores mineralocorticoides e ativação de SRAA pelo aumento da produção hepática de andiotensinogênio. Rastreamento = dosagem de cortisol basal, cortisol salivar a meia-noite e cortisol em urina de 24h, teste de depressão com dexametasona 1mg. Investigação radiológica. 7. OBESIDADE: Caracterizada por alterações hormonais, inflamatórias e endoteliais que ativam a cascata de eventos que liberam citocinas e adipocinas que aumentam a resistência à insulina causando hiperatividade do SRAA e do SNS. 8. ACROMEGALIA: É gerada por adenomas hipofisários secretores do hormônio de crescimento (GH). O excesso de GH estimula a secreção hepática de insulin-like growth factor-I (IGF-1). A HA ocorre em aproximadamente 30% dos casos e é de natureza multifatorial, com componente de retenção hidrossalina, efeito direto antinatriurético doGH, hiperatividade do SRAA, do SNS e disfunção endotelial, além de disglicemia, hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e AOS. CAUSAS MEDICAMENTOSAS, HORMÔNIOS E SUBSTÂNCIAS EXÓGENAS Fisiopatologia Como a PA é definida por DC x RVP, para que haja HAS é necessário que um ou ambos os componentes estejam aumentados. Normalmente, há aumento do DC em jovens hipertensos e aumento da RVP por enrijecimento em idosos hipertensos. O débito cardíaco é determinado pelo volume sistólico e frequência cardíaca, no qual o volume sistólico está relacionado a contratilidade miocárdica (inotropismo) e o tamanho do compartimento vascular (volemia), enquanto a frequência cardíaca está relacionada ao cronotropismo cardíaco. A resistência vascular periférica é determinada pelas alterações funcionais e anatômicas das pequenas artérias e arteríolas. Envolvimento Renal O aumento do volume intravascular pode ocorrer pelo aumento do consumo de NaCl que não é totalmente excretado pelos rins (déficit na natriurese pressórica), e consequentemente é reabsorvido levando a retenção de líquidos e aumento do débito cardíaco. Indivíduos hipertensos excretam a mesma quantidade de uma dada carga de sódio dietética que os indivíduos normotensos, mas à custa de uma PA mais alta, e requerem muito mais horas para excretar essa carga e para alcançar o equilíbrio de sódio. Este reajuste acarreta nictúria. Contudo, com o tempo, a RVP aumenta e o DC reverte para o normal. SNA O reflexo adrenérgico dos barorreceptores modulam a PA ao curto prazo e a função adrenérgica e renal e hormonal modulam a longo prazo. Quando há aumento da PA ocorre a ativação Maressa Duarte desses receptores, levando a redução do fluxo simpático, reduzindo a PA e a FC. A HAS pode ser causada pelo aumento do fluxo simpático, sendo associado principalmente a obesidade e apneia obstrutiva do sono. O feocromocitoma é está relacionada a hipertensão pelo aumento da produção das catecolaminas por causa de um tumor. Os receptores α1 se localizam nas células pós-sinápticas do músculo liso das artérias e arteríolas, e quando ativados levam à vasoconstrição, aumentando a RVP, além de aumentar a absorção de sódio (aumento de DC). Os α2 estão nos neurônios produtores de norepinefrina, realizando feedback negativo. Os receptores β1 estimula a força de contração cardíaca e eleva a DC. Os β2 estão localizados nos brônquios e quando ativados causam broncoespasmos. SRAA Quando há o excesso de angiotensina II e de aldosterona. A AT2 promove a secreção de aldosterona, é mitogênico estimulando o crescimento do músculo liso vascular e. a vasoconstrição. A aldosterona induz alterações estruturais e funcionais no coração, vaso sanguíneo, levando a fibrose miocárdica, nefroesclerose e inflamação vascular. Mecanismo Vascular A liberação deficiente dos fatores vasodilatodores do endotélio (óxido nítrico) e liberação aumentada dos fatores constritores, pró-inflamatórios, pró-trombóticos e de crescimento, leva a alteração do tônus vascular, favorecendo a vasoconstrição e consequente elevação da RVP. A vasoconstrição induz ao remodelamento (eutrófico interno) arterial, levando à redução da luz vascular, aumentando a RVP. Quadro Clínico - Cefaleia frequentemente occipital, podendo predominar de madrugada ou pela manhã; - Zumbido no ouvido, - Fatigabilidade, palpitações e tontura - Sensação de peso ou pressão na cabeça. EXAME FÍSICO: pulsações da crossa aórtica na fúrcula esternal, hiperfonese da 2ª bulha cardíaca no foco aórtico e aumento da intensidade de ictus cordis. Quando há hipertrofia ventricular esquerda, o ictus cordis torna-se propulsivo e deslocado para fora e para baixo. Pode surgir uma 4ª bulha cardíaca indicativa da diminuição da complacência ventricular, que causa um sangue remanescente. Lesões de órgãos alvo Lesões Cardíacas CARDIOPATIA HIPERTENSIVA – caracterizada por hipertrofia ventricular esquerda, ICC, anormalidades do fluxo causadas por DAC aterosclerótica, doença microvascular e arritmias cardíacas. A HVE pode ser diagnosticada por ECG e pelo ecocardiograma, podendo ser revertido pelo controle da HAS. É causada pelo aumento crônico da pós-carga ventricular que impõe uma sobrecarga sistólica ao VE. Com isso, o miocárdio começa a se hipertrofiar primeiro de forma concêntrica e depois de forma excêntrica, evoluindo para uma disfunção diastólica. DISFUNÇÃO DIASTÓLICA - consiste no déficit de relaxamento ventricular, podendo ode ser mais avança quando associada a aumento atrial esquerdo e HVE. Evolui para disfunção sistólica. DISFUNÇÃO SISTÓLICA - também chamada de cardiopatia dilatada inicia-se com insuficiência ventricular esquerda, progredindo, para insuficiência biventricular congestiva. Após instalada a cardiopatica dilatada, a PA pode normalizar-se, devido ao baixo débito cardíaco decorrente da disfunção sistólica do VE. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA – relacionada com a disfunção sistólica, disfunção diastólica ou ambas. DOENÇA CORONARIANA – a HAS é o principal fator de risco para a doença aterosclerótica das artérias coronarianas. Lesões Cerebrais AVE – a sua incidência aumenta com o aumento dos níveis da PA, principalmente a sistólica em indivíduos com > 65 anos. DEFICIÊNCIA COGNITIVA – juntamente com a demência (vascular) pode ser consequência de um único infarto causado pela oclusão de um vaso maior “estratégico” ou infartos lacunares múltiplos. Difere da demência senil e da relacionada ao Alzheimer. ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA – relacionada com falha de autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral no limite de pressão mais alto, causando em uma vasodilatação e hiperperfusão. Os sinais e sintomas são: cefaleia grave, náuseas e vômitos (frequentem ente de natureza em jato), sinais neurológicos focais e alterações no estado mental. Se não tratada pode evoluir para estupor, coma, convulsões e morte em um período de horas. Lesões Renais DOENÇA RENAL CRÔNICA – está mais relacionada a pressão sistólica e em homens negros. O seu marcador é a proteinúria em que os pacientes com alta excreção de proteína na urina (> 3 g/24 h). ARTERIOLONEFROSCLEROSE – a HAS afeta primeiramente as arteríolas pré-glomerulares, resultando em alterações isquêmicas nos glomérulos e estruturas pós-glomerulares. Assim, a perda de autorregulação do fluxo sanguíneo renal na arteríola aferente resulta em transmissão de pressões elevadas para o glomérulo, o que resulta em um limiar de pressão arterial mais baixo para lesão renal e um a curva mais íngreme entre a pressão sanguínea e a lesão renal, com subsequente hiperfiltração, hipertrofia e esclerose glomerular segmentar focal. Lesões Vasculares Maressa Duarte ARTERIOLOSCLEROSE HIALINA - está associada à hipertensão benigna, e consiste no espessamento hialino homogêneo da parede das arteríolas, com consequente redução de seu lúmen. A hialinização é devida à deposição de um material amorfo extracelular na parede vascular, além do aumento do número de fibras colágenas na intima e na média dos vasos. ARTERIOLOSCLEROSE HIPERPLÁSICA - encontrada na hipertensão acelerada maligna, com níveis de PA maiores que 200 X 120 mmHg e responsável pela nefroesclerose hipertensiva maligna. Consiste no espessamento laminado concêntrico das arteríolas, dando o aspecto característico em “bulbo de cebola”, associado a um grave estreitamento do lúmen. O espessamento é devido à proliferação de células musculares lisas e à reduplicação da membrana basal. MICROANEURISMAS DE CHARCOT-BOUCHARD - são pequenas dilatações pós-estenóticas presentes em pequenas artérias cerebrais penetrantes, consequentes ao processo de arteriosclerose hialina. A ruptura desses microaneurismas é responsável pelo AVE hemorrágico intraparequimatoso. ATEROSCLEROSE - Aterosclerose é doença das artérias de tamanho médioe grande, em que as lesões de gordura, chamadas placas ateromatosas, se desenvolvem nas superfícies das paredes arteriais. Lesões Oculares A hipertensão arterial sistêmica grave causa esclerose das arteríolas retinianas, hemorragias em chama de vela, infartos focais do feixe de fibras nervosas (exsudatos algodonosos), bem como vazamentos de lipídeos e líquido (exsudatos duros) sobre a mácula. As arteríolas retinianas podem ser avaliadas pela fundoscopia. Seu comprometimento vascular pela hipertensão pode ser espelho de acometimento vascular de outros órgãos. Existe então, a classificação de Keith-Wagner-Barker: - Grau 1: estreitamento arteriolar; - Grau 2: cruzamento arteriovenosos patológico; - Grau 3: hemorragias e/ou exsudatos retinianos; - Grau 4: papiledema. Os primeiros graus são consequência do remodelamento vascular, enquanto os 2 últimos são marcos de hipertensão acelerada maligna, que leva à lesão tecidual grave. Diagnóstico Anamnese Obter história clínica completa, obtendo informações sobre uso de medicamentos usados, história familiar (principalmente de DCV), e sintomas que indiquem a HAS. Pesquisar causas secundárias de hipertensão. Exame Físico - Obter medidas repetidas e acuradas em ambos os braços da PA - Medida da FC - Procurar sinais de LOA e achados que possam sugerir etiologia secundária (características de doenças endócrinas como Cushing, hiper ou hipotireoidismo) - Coletar dados antropométricos: peso, IMC, altura e circunferência abdominal. - Verificação de estase jugular e palpação de tireoide - Palpar carótidas e pulsos periféricos - Ausculta Pulmonar - Fundoscopia - Observar as extremidades: edemas, pulsos em membros superiores e inferiores (na presença de pulso femorais diminuídos, sugere coartação de aorta, doença da aorta ou ramos) - Palpar e auscultar o abdômen: frêmitos, sopros, massas abdominais indicativas de rins policísticos e tumores - INDÍCE TORNOZELO BRAQUIAL: consiste na razão entre a pressão arterial sistólica (PAS) do braço e a do tornozelo, tanto esquerdo quanto direito. A relação normal é > 0,90. - A medida da pressão sistólica central está indicada em casos de suspeita de hipertensão sistólica isolada no jovem. ➢ MEDIDA DA PA EM CONSULTÓRIO A PA deve ser inicialmente medida nos 2 braços e caso ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre eles, há o aumento do risco CV. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medida deverá ser realizada também nos membros inferiores. Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel), pois a hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3o minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. ➢ AMPA A Automedida da pressão arterial é realizada por pacientes ou familiares, não-profissionais de saúde, fora do consultório, geralmente no domicílio. Valores > 130/85 mmHg, pela AMPA, devem ser considerados alterados. ➢ MRPA O Monitoramento residencial da pressão arterial o registro da PA, que pode ser realizado obtendo-se 3 medidas pela manhã, antes do desjejum e da tomada de medicamento, e 3 à noite, antes do jantar, durante 5 dias, ou 2 medidas em cada sessão, durante 7 dias, realizada pelo paciente ou outra pessoa capacitada, durante a vigília, no domicílio ou no trabalho, com equipamentos validados. Apesar de não haver um consenso na Maressa Duarte literatura em relação a critérios de normalidade, são consideradas anormais medidas de PA > 130/85 mmHg. ➢ MAPA O Monitoramento ambulatorial da pressão arterial de 24 horas é o método que permite o registro indireto e intermitente da pressão arterial durante 24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. São consideradas anormais as médias de PA de 24 horas > 125 x 75 mmHg, vigília > 130 x 85 mmHg e sono > 110/70 mmHg. Laboratorial Tem o objetivo de detectar lesões clínicas ou subclínicas em órgãos-alvo e para estratificar o risco cardiovascular. - Glicemia e hemoglobina glicada - IMC e determinação de obesidade abdominal - Velocidade de onda de pulso (VOP) - Dosagem de: potássio, ácido úrico, creatinina e ureia, glicemia e perfil lipídico - EAS - ECG (mostra sobrecarga) - Ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e) - Doppler das carótidas Risco Cardiovascular A estratificação do risco cardiovascular em paciente com HAS, revela que o aumento da PA em sinergia com outros fatores de risco, favorecem o estabelecimento de doenças cardiovasculares. Risco de DCV = HAS + FRCV adicionais Os FRCV adicionais são: 1. Idade > 65 anos, 2. Sexo (homens > mulheres), 3. Frequência cardíaca (> 80 bpm), 4. Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ) 5. Diabetes melito, 6. Dislipidemia: LDL-c ≥100mg/dL e/ou não HDL-colesterol 130 mg/dL e/ou HDL-colesterol ≤ 40mg/dL no homem e e ≤ 46mg/dL na mulher e/ou TG >150 mg/dL 7. História familiar de DCV prematura em parentes de 1º grau (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos) 8. História familiar de HAS, 9. Tabagismo 10. Fatores psicossociais e/ou socioeconômicos; 11. LOA: presença de HVE, DRC moderada a grave (RFG-e < 60 mL/min/1,73m2) ou de outra avaliação que confirme presença de LOA e de doenças prévias: DAC, IC, AVE, DAOP, FA e DRC estágio 3 ou maior. Metas Terapêuticas A PA deve alcançar valores menores que 140/90 mmHg e não inferiores a 120/70 mmHg. Pacientes jovens sem fatores de risco podem-se alcançar valores inferiores a 130/80 mmHg. HIPERTENSO DE RISCO BAIXO OU MODERADO - tratamento medicamentoso (TF) + tratamento não medicamentoso (TNF). Deve-se atingir a meta abaixo de 140/90 mmHg e, se tolerada, próximo a 120/80 mmHg. HIPERTENSO DE ALTO RISCO - Com doença coronariana - PA < 130/80 mmHg, mas não inferior a 120/70 mmHg. Com AVE - Para aqueles com um ou mais episódios prévios de AVE, a meta mais adequada para casos crônicos é manter a PAS entre 120 e 130 mmHg. Com IC – a meta adequada nessa população é < 130/80 mmHg, mas com o cuidado de manter acima de 120/70 mmHg. Com DRC - meta de PA < 130/80 mmHg. Com Diabetes - redução da PAS para 130-139 mmHg, com valores próximos a 130 mmHg. A PAD pode ser reduzida para 70-79 mmHg. A meta recomendada em diabéticos é < 130/80 mmHg. Valores de PAS < 120 mmHg devem ser evitados. 1. EFEITO DO AVENTAL BRANCO: diferença igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD entre as medidas obtidas no consultório e fora dele. 2. HAS DO AVENTAL BRANCO: caracterizada por valores anormais da PA no consultório, e valores considerados normais pela MAPA ou MRPA. Muitas vezes apresentam PA de 140 X 90 mmHg por ter sido aferida por um profissional que use jaleco branco. 1. HIPERTENSÃO MASCARADA: valores normais da PA no consultório, mas PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais. 2. HIPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA: É definida como PAS aumentada (> 140 mmHg) com PAD normal. Maressa Duarte HIPERTENSO IDOSOS – o limiar de tratamento em idosos hígidos é ≥140 x 90 mmHg, já em idosos frágeis é ≥160 x 90 mmHg. Já a meta pressórica em idosos hígidos é entre 130-139 x 70-79 mmHg e em idosos frágeis é entre 140-149 x 70-79 mmHg. Não pode haver a redução brusca da PA pois deixa o idoso suscetível a complicações como isquemia cerebral. Tratamento Não Farmacológico Visa a mudança do estilo de vida (MEV) a partir da eliminação ou redução de fatores agravantes à PA. TABAGIMOS – deve ser incentivado a cessação devido ao risco CV e de neoplasias. Pode-se utilizar medicamentos para essa cessação como bupropiona de liberação sustentada, vareniclina, goma de nicotina e outros.PADRÃO ALIMENTAR – adoção da dieta DASH atribuindo o maior consumo de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura e cereais integrais, além de consumo moderado de oleaginosas e redução no consumo. de gorduras, doces e bebidas com açúcar e carnes vermelhas. Melhor escolha = DASH + Restrição de sódio A dieta do Mediterrâneo é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, além de ser pobre em carnes vermelhas, contudo possui um efeito mais modesto sobre a PA. REDUÇÃO DE SÓDIO – deve-se reduzir o consumo de sódio para 2g/dia com redução do consumo de alimentos ricos em sódio. POTÁSSIO – o potássio está associado a baixos níveis pressionais. Deve-se aumentar a ingestão de potássio. LATICÍNIOS – preconizado o consumo de laticínios com baixo teor de gordura. CAFÉ E CAFEÍNA – pode aumentar a PA de forma aguda, mas a ingestão a longo prazo está associado a um efeito de discreta redução do risco de HAS. PERDA DE PESO – está relacionado à redução dos níveis pressóricos. A redução de 5,1 KG reduziu em média a PAS em 4,4 mmHg e a PAD em 3,6 mmHg. O ideal é manter o IMC < 25. CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS – A ingestão não deve ultrapassar 30g de álcool/dia ou seja, 1 garrafa de cerveja ou 2 taças de vinho. Esse limiar deve ser reduzido à metade para homens com baixo peso, mulheres, indivíduos com sobrepeso e/ou triglicerídeos elevados. ATIVIDADE FÍSICA – recomenda-se 150 minutos de atividade física aeróbica por semana. Farmacológico As principais classes de fármacos anti-hipertensivos são: - Diuréticos (DIU), - Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC), - Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), - Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) - Betabloqueadores (BB) Outras classes que associam-se a maior taxa de eventos adversos e só devem ser usadas quando não há controle da PA são: - Alfabloqueadores - Simpatolíticos de ação central - Antagonistas de aldosterona - Vasodilatores diretos. HAS ESTÁGIO 1 RISCO BAIXO OU PRÉ-HIPERTENSO DE RISCO CV ALTO: Monoterapia + TNF Os principais AH usados são: DIU (principalmente tiazídicos) BCC, IECA e BRA. Pacientes assintomáticos com PA elevada devem ter tratamento feito de forma gradativa. HAS ESTÁGIO 1 COM ALTO RISCO CV OU ESTÁGIO 2 OU 3 Realiza a combinação de 2 fármacos AH. As melhores combinações são: BRA + DIU tiazídico BRA + BCC IECA + DIU tiazídico IECA + BCC Não se pode associar BRA com IECA pois ambos tem a mesma linha de ação. Quando não se atinge a meta terapêutica, realiza o aumento da dose dos fármacos e se mesmo assim não houver melhoras, deve haver a implementação de outro fármaco, sendo as melhores combinações: IECA + DIU tiazídico ou similar + BCC BRA + DIU tiazídico ou similar + BCC Pode acrescentar espironolactona se necessário. HAS E DM Todo paciente com DM e PA ≥ 140/90 mmHg tem a necessidade de tratamento farmacológico. As melhores opções de fármacos são os bloqueadores do SRAA (IECA e BRA). Em casos de necessidade de associação, usa-se BCC e/ou DIU. HAS E SINDROME METABÓLICA O tratamento medicamentoso deve ser iniciado sempre quando PA for ≥ 140/90 mmHg. Prioriza-se IECA ou BRA ou BCC. DIU e betabloqueadores (BB), com exceção dos vasodilatadores de ação direta, podem ser indicados como medicamentos adicionais. HAS E DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA HA + DAC (incluindo pacientes pós-IAM) = BB, IECA ou BRA + estatinas + aspirina Os BB são os preferidos. O objetivo é alcançar uma PAS < 130 mm Hg e PAD < 80 mmHg, devendo-se evitar níveis abaixo de 120/70 mmHg. HAS E DRC CONSERVADOR IECA ou BRA em pacientes com ou sem albuminúria. Pode associar DIU e BCC. OBS.: A HAS sistólica isolada é tratada com vasodilatadores arteriolares (hidralazina). OBS.2: Os fármacos que reduzem o risco de IC são os BB, BRA, IECA e antagonista de aldosterona. Maressa Duarte HAS E DRC EM TERAPIA RENAL SUBSTITUITIVA O tratamento da HA em pacientes em tratamento diálitico é eficaz em apenas 1/3 dos indivíduos. Prefere-se pelo uso de bloqueador beta-adrenérgico. HAS E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A meta de PA deve ser < 130/80 mmHg. O tratamento da HA pode ser feito com: bloqueadores de SRAA e os antagonistas da aldosterona. Podem ser associados a DIU; combinação dos vasodilatadores hidralazina e nitrato; ou BCC di-hidropiridínicos. É contra-indicado o uso de BB.
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