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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO - 1 (1)

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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. 
RESUMO 
Atualmente, no Brasil encontramos uma questão de extrema importância ao se tratar da precariedade da alfabetização, pois nota-se que muitas pessoas já escolarizadas são consideradas analfabetas funcionais, ou seja, não são capazes de compreenderem o que leem. Portanto, através da realidade presente nas escolas é fundamental que os professores compreendam o que é alfabetização e o que é letramento para poderem desenvolver melhor a sua prática pedagógica, visando uma alfabetização significativa. Logo, o presente texto é resultado de uma pesquisa bibliográfica sobre alfabetização e que teve por objetivo expressar os significados do processo de alfabetização e do processo de letramento, mostrando a especificidade de cada um e a importância da conciliação entre ambos, além de propor uma reflexão entre teoria e prática educacional de se alfabetizar letrando. Os resultados obtidos na pesquisa mostram que a especificidade da alfabetização é, em si, o ensino do código alfabético e ortográfico enquanto a especificidade do letramento é o uso social deste código. Porém, mesmo sendo processos distintos, precisam ser conciliados para que as práticas nas classes de alfabetização tenham qualidade, na qual os alunos sejam capazes de compreender o mundo que os rodeia e percebam que a alfabetização é uma forma de melhor se expressar e interagir em sociedade. Concluindo assim, que é possível atingir a qualidade da educação nas classes de alfabetização, com práticas educacionais que utilizem diferentes metodologias, que proporcionem tanto o desenvolvimento da alfabetização quanto o desenvolvimento do letramento de cada sujeito, no qual ele possa contribuir para a transformação social.
COLOCAR O TÍTULO DO TCC NO RESUMO
Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Práticas Pedagógicas.
ABSTRACT
Currently, in Brazil, we find an extremely important issue when dealing with the precariousness of literacy, as it is noted that many people who have already gone to school are considered functionally illiterate, that is, they are not able to understand what they read. Therefore, through the reality present in schools, it is essential that teachers understand what literacy is and what literacy is in order to be able to better develop their pedagogical practice, aiming at a significant literacy. Therefore, this text is the result of a bibliographic research on literacy, which aimed to express the meanings of the literacy process and the literacy process, showing the specificity of each and the importance of conciliation between them, in addition to proposing a reflection between theory and educational practice of becoming literate. The results obtained in the research show that the specificity of literacy is, in itself, the teaching of the alphabetic and orthographic code, while the specificity of literacy is the social use of this code. However, even though they are different processes, they need to be reconciled so that practices in literacy classes have quality, in which students are able to understand the world around them and realize that literacy is a way to better express themselves and interact in society . Thus, concluding that it is possible to achieve the quality of education in literacy classes, with educational practices that use different methodologies, which provide both the development of literacy and the development of literacy for each subject, in which he can contribute to social transformation.
Keywords: Literacy. Literacy. Pedagogical practices.
INTRODUÇÃO
	Sabe-se que uma das maiores riquezas de um país é a educação do seu povo e que uma boa educação começa nas séries iniciais com uma alfabetização de qualidade. Porém, processo de alfabetização inicial na maioria das escolas brasileiras muitas vezes tem tido como resultado o insucesso e uma defasagem muito grande, prejudicando a aprendizagem dos alunos que saem das séries iniciais do ensino fundamental. 
	A realidade é que as escolas brasileiras, de modo geral, formam alunos que mal conseguem ler e escrever, que não sabem ao menos interpretar e produzir pequenos textos. Assim, tem-se constatado uma triste realidade: que as escolas brasileiras de ensino fundamental nas séries iniciais, de modo geral têm contribuído para a formação de analfabetos funcionais, que não são poucos, e para comprovar isto, existem inúmeras pesquisas educacionais. E mesmo com tal constatação, pouco se tem feito para mudar os índices do analfabetismo funcional brasileiro. As taxas de analfabetismo funcional apresentam um índice muito alto em todos os estados brasileiros. A maior porcentagem de analfabetos funcionais encontra-se na região Nordeste. Porém, o Sul e o Sudeste também apresentam taxas significativas. 
	A hipótese com que os pesquisadores trabalharam é que ainda que o trabalho eficiente de alfabetização das séries iniciais do ensino fundamental não seja a única solução para o analfabetismo funcional, ajudará e muito a minorar o problema já descrito. Para que isto aconteça, é necessária a tomada de várias decisões, que passam pelo compromisso com a qualidade, com o conhecimento das necessidades dos alunos e a escolha de um método de alfabetização que melhor se adapte a elas. Na aprendizagem inicial as práticas utilizadas são, muitas vezes, baseadas na junção de silabas simples, memorização de sons decifração e cópia. Tais maneiras fazem com que a criança se torne um espectador passivo ou receptor mecânico, pois não participa do processo de construção do conhecimento. 
	Para Ferreiro (1996) a leitura e escrita são sistemas construídos paulatinamente. As primeiras escritas feitas pelos educandos no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de grande valor, porque de alguma forma os seus esforços foram colocados nos papéis para representar algo.
A alfabetização e letramento são processos sobre os quais sempre me instiguei a entender como e de que maneira acontecem na escola, principalmente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Entender esses dois processos é indispensável para que, o trabalho na Educação Infantil e nos Anos Inicias do Ensino Fundamental sejam significativos para os sujeitos que nela atuam.
Nesse contexto, a alfabetização é entendida como uma técnica que tem como objetivo ensinar a ler e escrever de maneira coerente, já o letramento se trata da habilidade de fazer o uso da leitura e escrita não só na escola, mas em outros espaços sociais. Assim, alfabetizar e letrar são interdependentes. Então quando bem articulados ao planejamento de um educador, podem trazer benefícios, ou seja, uma aprendizagem mais significativa e eficaz na vida dessas crianças.
O principal objetivo desta monografia é ressaltar a função da Educação Infantil, e entender como o letramento pode ser executado nesta etapa, e de que maneira isso se evidencia.
O tema alfabetização e letramento é extremamente importante, pois é considerado como a fase mais importante da escolarização. Nesse sentido, a pesquisa apontou pressupostos teóricos que confirmam a importância da alfabetização e letramento na Educação Infantil, bem como a necessidade de promover o desenvolvimento integral da criança, respeitando sempre seu nível de desenvolvimento e sua faixa etária.
Deste modo, destaca-se o importante papel da escola de propiciar à criança o contato com o mundo letrado, através de práticas pedagógicas que envolvam a criança em situações de aprendizagem que possibilitem o contato com a escrita e a leitura de maneira natural.
Que práticas poderiam estimular a aprendizagem da leitura e da escrita pela criança? Qual a postura do educador perante este desafio de alfabetizar e letrar na Educação Infantil? De que maneira se pode tornar a alfabetização e o letramento práticas que configurem um aprendizado natural por parte das crianças na fase pré-escolar? (CONTEXTUALIZAR ESSE PARÁGRAFO PARA QUE NÃO COMECE COM A PERGUNTA)Esses questionamentos remetem a uma reflexão sobre a forma de ensinar na EducaçãoInfantil e também sobre sua função e objetivos. A Educação Infantil é um espaço de ampliação das capacidades de comunicação, de expressão e de acesso ao mundo letrado ao qual toda criança tem direito.
Assim, foi realizada pesquisa bibliográfica com o objetivo de pesquisar os conceitos de alfabetização e de letramento e de demonstrar a importância da alfabetização e do letramento na Educação Infantil e a importância da literatura infantil como recurso pedagógico.
O presente trabalho vem dividido e apresentado em três capitulos para se ter uma melhor compreensão e conhecimento a respeito do tema, no primeiro capítulo, trago a origem da alfabetização e também exponho alfabetização e letramento em outra perspectiva, a de leitura de mundo. Alfabetizar e letrar é sim aprender a ler e escrever de maneira coerente, mas também, é a compreensão do mundo, a sociedade, o tempo e o espaço, sendo interpretados, de modo que compreendam a realidade pois, nessa perspectiva a leitura e a escrita ainda não são executadas sistematicamente. Nesse sentido, a alfabetização e letramento são processos que podem estar presentes no cotidiano da maioria dos seres humanos, e são necessários para que possam inserir-se na realidade e entender, compreender o mundo, a sociedade no qual se encontra.
No segundo capítulo, ressalto a etapa da Educação Infantil e suas especificidades, destacando o que de fato acredito, pautado nas obras de pesquisadores da infância, que seja ideal estar presente no cotidiano das crianças que frequentam esse ambiente. Então evidencio a possibilidade de elaboração de um currículo que tenha com base os princípios éticos, políticos e estéticos que garantem experiências e vivências de modo que se desenvolvam. Então, por meio currículo elaborado pelos educadores das escolas pesquisadas, é que se pode organizar um planejamento que atinja as metas e objetivos estabelecidos no Projeto Político Pedagógico. Para a organização deste, proponho que sejam elencadas os campos de experiência conforme a Base Nacional Curricular Comum apresenta.
A Educação Infantil precisa levar em conta que, esta é uma fase em que as crianças estão em desenvolvimento, e por isso precisa proporcionar vivências significativas. São essas vivências que se dão de maneira lúdica, por meio do brincar, do descobrir o mundo e a si mesmo que fazem parte do dia a dia nesta etapa. É por meio desse ambiente curioso que sugiro que esta etapa seja um ambiente que evidencia o letramento de maneira que os instigue ao mundo letrado. A educação Infantil não tem como foco a alfabetização, mas sim proporcionar o letramento e o contato com mundo da leitura.
Ressaltando-o, no terceiro capítulo, que a alfabetização se inicie nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Destaca-se a perspectiva de alfabetizar letrando, em um ambiente alfabetizador que interligue com o planejamento do educador. Proponho que a sala do primeiro ano seja um ambiente lúdico e que ofereça materiais que instiguem as crianças a aprender a ler e escrever. Alfabetizar letrando é mais do que ensinar ler e escrever, mas acima de tudo é perceber o uso da leitura e da escrita no contexto social, como uma prática que faz parte da realidade social de cada sujeito.
ESSES ULTIMOS QUATRO PARÁGRAFOS PODEM SER MAIS CURTOS/SIMPLIFICADOS
TERMINAR A INTRODUÇÃO, FALANDO DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPITULO I - A ORIGEM DA ALFABETIZAÇÃO
	Estudando a origem da alfabetização é possível constatar que devido às necessidades da comunicação do dia a dia da humanidade é que surgiu a escrita e a leitura, e que ao inventar a escrita, o homem também fez surgir a necessidade de que ela continuasse a ser usada e passada para as novas gerações. Devido a essa necessidade surgiu à alfabetização, ou seja, processo inicial de transmissão de leitura e escrita. Com relação à necessidade do surgimento da escrita para o dia a dia da humanidade, Cagliari (1998, p. 14) confirma que: 
De acordo com os fatos comprovados historicamente, a escrita surgiu do sistema de contagem feito com marcas em cajados ou ossos, e usados provavelmente para contar o gado, numa época em que o homem já possuía rebanhos e domesticava os animais. Esses registros passaram a ser usados nas trocas e vendas, representando a quantidade de animais ou de produtos negociados. Para isso, além dos números, era preciso inventar os símbolos para os produtos e para os proprietários. 
	Com o passar dos tempos em função da necessidade que a escrita e a leitura passasse de geração em geração e que realmente se entenda o que está escrito surgiram às regras da alfabetização. Em relação a essa necessidade, Cagliari (1998 p. 15) afirma que: 
“O longo do processo de invenção da escrita também incluiu a invenção de regras de alfabetização, ou seja, as regras que permitem ao leitor decifrar o que está escrito e saber como o sistema de escrita funciona para usá-lo apropriadamente”. 
Essa necessidade de passar o conhecimento da leitura e da escrita de geração a geração, cada vez mais está ganhando importância, porém é muito recente essa conscientização em relação ao processo inicial de transmissão da leitura e escrita, principalmente como forma de evitar o número de insucesso na formação final de alunos. Ferreiro (2001) afirma que, “é recente a tomada de consciência sobre a importância da alfabetização inicial como a única solução real para o problema de alfabetização remediativa (de adolescentes e adultos)”. No tempo em que surgiu a escrita, pouca importância se dava ao processo de alfabetização, até porque a necessidade de domínio da mesma era menor. Aprendia-se e ensinava-se apenas o básico para se comunicar através da leitura e da escrita, tendo como forma de ensino um modelo mecânico. 
	Isto acontecia por que 
Nessa época de escrita primitiva, ser alfabetizado significava saber ler o que aqueles símbolos significavam e ser capaz de escrevê-los, repedindo um modelo mais ou menos padronizado, mesmo porque o que se escrevia era apenas um tipo de documento ou texto (CAGLIARI, 1998, p. 14). 
Na antiguidade não existiam vários métodos e formas de se alfabetizar uma pessoa. Havia apenas um modelo padronizado e mecânico de cópia e leitura. Com relação à forma em que as pessoas eram alfabetizadas nesse tempo Cagliari (1998, p. 15) afirma que, 
Na antiguidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo já escrito e depois copiado. Começavam com palavras e depois passavam para textos famosos, que eram estudados exaustivamente. Finalmente, passavam a escrever seus próprios textos. O trabalho de leitura e cópia era o segredo da alfabetização. 
	Muito mais tarde o ensino da leitura e da escrita, ou seja, o processo de alfabetização chegou ao Brasil, tendo inicio com os jesuítas, dos quais ensinavam a ler e a escrever, Paiva (2003, p. 43) confirma que, “desde que chegaram ao Brasil, os jesuítas estabeleceram escolas e começaram a ensinar a ler, a escrever, e a contar e cantar”. Mas, o Brasil com o passar dos tempos não alfabetizava muito diferente da forma adotada na antiguidade, e infelizmente ainda no país acontece de professores ensinarem de forma padronizada e mecânica, contribuindo para uma grande defasagem na formação de crianças que saem das séries inicias do ensino fundamental. A partir dos relatos de Ramos (1953, p. 102) pode-se confirmar a forma mecânica em que era e ainda ás vezes é realizado o ensino desse processo de aquisição da leitura e escrita. Escreveu ele: 
Enfim consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me exibiram outras vinte e cinco, diferentes da primeira e com os mesmos nomes delas. Atordoamento, preguiça, desespero, vontade de acabar-me. Veio terceiro alfabeto, veio quarto, e a confusão se estabeleceu, um horror de quiproquós. Quatro sinais com uma só denominação. Se me habituasse às maiúsculas, deixando as minúsculas para mais tarde, talvez não me embrutecesse. Jogaram-me simultaneamente maldades grandes e pequenas, impressas e manuscritas.
	Através desses relatos citados acima é possível observar que a forma em que foi realizadaa alfabetização foi prejudicial, pois o que foi ensinado se deu de uma forma mecânica e tradicional, que infelizmente ainda persiste em muitos lugares do Brasil. A mudança deste paradigma é um trabalho bastante árduo.
1.1 Alfabetização e Letramento
	O termo Alfabetização, segundo Soares (2007), etimologicamente, significa: levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar a ler e a escrever. Assim, a especificidade da Alfabetização é a aquisição do código alfabético e ortográfico, através do desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita. Na história do Brasil, a alfabetização ganha força, principalmente, após a Proclamação da República, com a institucionalização da escola e com o intuito de tornar as novas gerações aptas à nova ordem política e social. A escolarização, mais especificamente a alfabetização, se tornou instrumento de aquisição de conhecimento, de progresso e modernização do país. (MORTATTI, 2006) 	
	Com o passar do tempo muito se desenvolveu no campo da alfabetização, surgiram conceitos, teorias, metodologias etc. Porém, mesmo com toda evolução, o Brasil e outros países não desenvolvidos, ainda enfrentam um problema de muita relevância: a qualidade da educação básica, especialmente, a dos anos iniciais do ensino fundamental. São evidências dessa baixa qualidade os índices de fracasso, reprovação e evasão escolar, que nunca deixaram de se perpetuar nestas sociedades. Este problema tão concreto, historicamente, já foi muito abordado. Artigos acadêmicos tentaram indicar possíveis causas desta baixa qualidade, colocando a “culpa”, às vezes, no método utilizado, no aluno que apresenta muitas dificuldades, na má formação do professor, nas condições sociais desfavoráveis ou, ainda, em outras causas diversas.
	Enfim, foram muitas as tentativas de superação, embora, nenhuma apresentasse grande êxito. (MORTATTI, 2006) Com certeza, esses estudos foram de muita valia, pois todos os fatores citados caracterizam a qualidade da educação, logo, a escola não somente influência a sociedade, mas também é por ela influenciada, ou seja, este conjunto de possíveis causas que estão dentro e no entorno da escola, realmente, afetam o ensino-aprendizagem. Há algumas décadas, a principal causa que apontava para a baixa qualidade da alfabetização era o ensino fundamentado na Pedagogia Tradicional.
	Atualmente, entre outros fatores que envolvem um bom ensino-aprendizagem, as principais causas estão ligadas à perda da especificidade da alfabetização, devido à compreensão equivocada de novas perspectivas teóricas e suas metodologias, que foram surgindo em contraposição ao tradicional, e a grande abrangência quase tem dado ao termo alfabetização.
	Concordando, com Magda Soares, em seu artigo Letramento e Alfabetização: as muitas facetas (2003), a expansão do significado de alfabetização em direção ao conceito de letramento, levou à perda de sua especificidade. 
[...] no Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, [...] o que tem conduzido a certo apagamento da alfabetização que, talvez com algum exagero, denomino desinvenção da alfabetização [...]. (SOARES, 2003, p.8) 
Essa fusão dos dois processos, que leva à chamada “desinvenção da alfabetização”, aliada à interpretação equivocada das novas perspectivas teóricas acarretou na prática a negação de qualquer atividade que visasse à aquisição do sistema alfabético e ortográfico, como o ensino das relações entre letras e sons, o desenvolvimento da consciência fonológica e o reconhecimento das partes menores das palavras, como as sílabas, pois eram vistos como tradicionais. 
	Passou-se a acreditar que o aluno aprenderia o sistema simplesmente pelo contato com a cultura letrada, como se ele pudesse aprender sozinho o código, sem ensino explícito e sistemático. Atualmente, se reconhece a importância de se usar algumas práticas da escola tradicional, que são entendidas como as facetas da alfabetização segundo Soares, assim como-os equívocos de compreensão do construtivismo foram percebidos e ajustados e muitos aspectos da escola nova tidos como essenciais. Com tudo isso, não se pode negar uma prática ou outra, só por ela estar fundamentada em uma ou em outra concepção, mas, sim, avaliar quais são as suas contribuições e se convêm serem utilizadas para um processo de alfabetização significativa. 
Dermeval Saviani, em seu livro Escola e Democracia (2008), apresenta que aspectos da escola tradicional são importantes para a educação. Com a teoria da curvatura da vara, ele mostra que para a educação ter mais qualidade, a “vara” deve permanecer reta, e não curvada para a teoria nova, nem para a teoria tradicional, mas sim, alinhada. E ainda argumenta que uma pedagogia comprometida com a qualidade educacional e voltada para a transformação social, deve incorporar aspectos positivos e relevantes da pedagogia tradicional e da pedagogia nova, de modo que o ponto de partida seja a prática social sincrética e o de chegada uma prática social transformada.
	Assim, se faz necessário resgatar a significação verdadeira da alfabetização e delinear corretamente o conceito de letramento, de forma que eles não se fundam e nem se confundam, apesar de, como já foi dito, necessitarem acontecer de maneira inter-relacionada. Com uma prática educativa que faça uma aliança entre alfabetização e letramento, sem perder a especificidade de cada um dos processos, sempre fazendo relação entre conteúdo e prática e que, fundamentalmente, tenha por objetivo a melhor formação do aluno.
	Visando a compreensão do que é letramento e alfabetização, estudos apontam discussões históricas que mostram como se desenvolveu o processo de alfabetização no Brasil desde há muito tempo. É a partir da necessidade de alfabetizar “as grandes massas iletradas” que o Estado-Nação passa a preocupar-se com a preparação de profissionais para atuar na área educacional.
	De acordo com Saviani (2009, p. 143), a necessidade da formação docente surge desde Comenius, no século XVII. Ele ainda apresenta a primeira escola voltada a formação docente em 1684, por São João Batista de La Salle, em Reims. Contudo, a ideia de institucionalizar escolas próprias para a formação do professor, surge da sistematização das ideias liberais em expandir o ensino a todas as camadas sociais no século XIX. Essas prioridades, no entanto sofrem grandes influências e acabam por preconizar-se devido às dificuldades encontradas na relação escola-cidadão. O fracasso que surge na alfabetização desde esse período nos atinge até a atualidade exigindo uma atenção especial e soluções para um ensino de qualidade. Portanto é preciso compreender que alfabetização e letramento são práticas distintas, porém, indissociáveis, interdependentes e simultâneas. No entanto, a falta de compreensão destes termos gera grande confusão em seu uso teórico e prático, levando à perda da especificidade destas. (SOARES, 2003) 
A palavra “letramento” foi introduzida por volta de 1980 no Brasil, na França (illettrisme) e em Portugal (literacia) para definir práticas sociais de leitura e escrita que decorrem do processo de aprendizagem da leitura e escrita. Letramento é “um estado ou condição que um grupo social ou um indivíduo adquire como consequência de ter dominado a escrita e suas práticas sociais” (Soares,1998, p. 4). Esse termo contrasta fortemente com alfabetização, que significa ter aprendido a ler e a escrever.
Resumindo, letrado é alguém que aprendeu a ler e escrever (alfabetizado) e usa essas habilidades para se envolver em atividades que o integram à sociedade. Isso inclui ler diversos tipos de textos, desde notícias simples a romances complexos, escrever bilhetes simples, uma carta, um ensaio ou até mesmo uma dissertação.
O construto letramento é interessante para se analisar o problema do baixo nível de aprendizado de leitura e escrita nas escolasbrasileiras. As pesquisas no Brasil podem estar dizendo que uma certa parcela da população não é alfabetizada, mas na realidade avaliando se essas pessoas são letradas. Assim, precisamos definir qual é o objetivo real das nossas escolas. Queremos alfabetizar? Alfabetizar e letrar?
Outro aspecto importante é que, com a revolução digital (ex: smartphones, apps e mídias sociais), o uso da linguagem escrita está aumentando dramaticamente para as classes de renda mais baixa. Isso é importante porque permite que elas leiam e participem mais das  práticas letradas, mas traz alguns desafios – principalmente em relação às suas imagens pessoais e profissionais, quando cometem erros de compreensão e grafia.
Aparentemente, o objetivo do sistema educacional brasileiro deve ser ensinar aos alunos a ler e escrever (alfabetização) e garantir que façam o uso social dessas habilidades (letramento). É necessário trabalharmos para que estas duas habilidades sejam atingidas por todos os estudantes.
Ao refletir sobre essas concepções e em anuência com Soares (2003) encontramos uma grande problemática, que acaba refletindo na qualidade da educação brasileira. Muitos profissionais da educação acabam por mesclar e confundir o significado destes dois conceitos, ampliando o conceito de alfabetização, sobrepondo o de letramento, como se letramento tivesse o mesmo sentido de alfabetização e, assim, não desempenhando um bom trabalho.
Deste modo, letramento de acordo com Soares, 2003, a palavra letramento é de uso ainda recente e significa o processo de relação das pessoas com a cultura escrita. Assim, não é correto dizer que uma pessoa é iletrada, pois todas as pessoas estão em contato com o mundo escrito. Mas, se reconhece que existem diferentes níveis de letramento, que podem variar conforme a realidade cultural. Este termo ganha espaço a partir da constatação de uma problemática na educação, pois através de pesquisas, avaliações e análises realizadas, chegou- se à conclusão de que nem sempre o ato de ler e escrever garante que o indivíduo compreenda o que lê e o que escreve. 
	Entretanto, se reconhece que muito mais que isso, é realizar uma leitura crítica da realidade, respondendo satisfatoriamente as demandas sociais. Para exemplificar essa situação no país, destaca-se Salla, 2011, que traz o resultado da prova de leitura do PISA de 2009, no qual metade dos avaliados obteve a máxima nota de proficiência.
	Fica claro que o problema destacado neste resultado não é apenas o da alfabetização, no que diz respeito ao ler e escrever, mas a questão aparece quando se exige interpretação e raciocínio, ou seja, há uma ausência de letramento na alfabetização das pessoas. Deve-se cuidar para não privilegiar um ou outro processo (alfabetização/letramento) e entender que eles são processos diferentes, mas, indissociáveis e simultâneos.
Assim, como descreve Soares (2003, p.11): Entretanto, o que lamentavelmente parece estar ocorrendo atualmente é que a percepção que se começa a ter, de que, se as crianças estão sendo, de certa forma, letradas na escola, não estão sendo alfabetizadas, parece estar conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como processo autônomo, independente do letramento e anterior a ele. Analisando dialeticamente a evolução humana, fica explícito que o homem antes mesmo de aprender a escrita, apreende o mundo a sua volta e faz a leitura crítica desse imenso mundo material. Por isso, é incorreto dizer que uma pessoa é iletrada, mesmo que ela ainda não seja alfabetizada, pois ela desde o princípio da vida reflete sobre as coisas. O letramento está intimamente ligado às práticas sociais, exigindo do indivíduo, uma visão do contexto social em que vive. Isso faz da alfabetização uma prática centrada mais na individualidade década um e do letramento uma prática mais ampla e social.
	Nesse sentido, destacamos o papel do professor dentro desse processo. Este profissional deve acreditar e promover a construção de pensamento crítico em si próprio e em seus alunos. Assim, o letramento se torna uma forma de entender a si e aos outros, desenvolvendo a capacidade de questionar com fundamento e discernimento, intervindo no mundo e combatendo situações de opressão. (FREIRE, 1996) 
Uma aliança entre Alfabetização e Letramento defendida a especificidade de cada conceito, tem-se agora o objetivo de mostrar que se pode chegar à qualidade, conciliando ambos os procedimentos e produzindo uma prática reflexiva de aliança entre os dois processos. Partindo das reflexões de Brandão (2004), sobre a metodologia freiriana de se alfabetizar, é possível compreender a importância da indissociabilidade e simultaneidade destes dois processos. Em seu método de alfabetização, ele propõe que se parta daquilo que é concreto e real para o sujeito, tornando a aprendizagem significativa, mas utilizando também os mecanismos de alfabetização.
	Ele ainda coloca em sua obra Pedagogia da Autonomia (1996), que o sujeito quanto mais amplia sua visão de mundo, mais se liberta da opressão, ou seja, o sujeito letrado que já possui seus conhecimentos prévios, com um determinado ponto de vista, quando alfabetizado, pode modificar seus pensamentos, ampliando-os de forma que passa a refletir criticamente sobre a prática social.
Freire acreditava ser fundamental que as pessoas compreendam o seu lugar no mundo e sua função social nele. O professor, portanto, tem um papel muito importante a realizar, para que esse pensamento crítico se desenvolva em seus alunos.
Para Freire (1996, p.14) “[...] percebe-se assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo”. 
	É fundamental que o educador esclarecido de uma realidade de opressão, não torne o processo de ensino bancário e improdutivo, mas uma educação que desvende o mundo material e liberte as pessoas da opressão, como defende Freire (1970). 
Para isso, as práticas alfabetização e letramento são necessárias, cada uma com suas especificidades, como explicita Tfouni (1995): 
“Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.” (TFOUNI, 1995 apud MORAES, 2005, p.4). 
	Logo, o letramento vai além do ler e escrever, ele tem sua função social, enquanto a alfabetização encarrega-se em preparar o indivíduo para a leitura e um desenvolvimento maior do letramento do sujeito. Nessa perspectiva, alfabetização e letramento se completam e enriquecem o desenvolvimento do aluno.
	Alfabetizar letrando é uma prática necessária nos dias atuais, para que se possa atingir a educação de qualidade e produzir um ensino, em que os educandos não sejam apenas uma caixa de depósito de conhecimentos, mas que venham a ser seres pensantes e transformadores da sociedade.
1.2 Métodos de Alfabetização
Em nosso país, a história da alfabetização tem sua face mais visível na história dos métodos de alfabetização, em torno dos quais, especialmente desde o final do século XIX, vêm-se gerando tensas disputas relacionadas com “antigas” e “novas” explicações para um mesmo problema: a dificuldade de nossas crianças em aprender a ler e escrever, especialmente na escola pública.
Os métodos usados pelas cartilhas no final do século XIX trouxeram grande base para a alfabetização em nosso país. O Método Sintético foi o primeiro método utilizado no Brasil, a ênfase no ensino da escrita estava por começar a ensinar as palavras da parte para o todo, ou seja, da formação de sílabas, para formação de palavras e por fim a formação de frases e contextos. A marcha sintética se baseava nos conhecimentos das letras conhecido também como o método da soletração, e do conhecimento dos sons das letras - o método fônico. Nesse sentido, a partir dos conhecimentos das letras, formavam-se as sílabas, palavras, frases e então, pequenos textos. O método sintético faz a ligação entre o som e a grafia,se aprende letra por letra, sílaba e palavras, o aluno aprendia que, com a junção de consoantes e vogais, ele poderia construir as bases para sua alfabetização e entraria no mundo letrado.
O método sintético teve algumas derivações e também ficou conhecido como método silábico, método da soletração e método fônico. Como o próprio nome já diz o método fônico se refere aos sons que as letras produzem, é a combinação de consoantes e vogais para formar sílabas, palavras e para a construção de texto. O método silábico ou silabação consiste na aprendizagem primeiro das sílabas e depois na formação das palavras. Também enfatiza a questão da soletração. 
Segundo Mortatti (2006, p.5):
Para o ensino da leitura, utilizava-se, nessa época, métodos de marcha sintética (da “parte” para o “todo”): da soletração (alfabético), partindo do nome das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às letras); e da silabação (emissão de sons), partindo da sílabas. Dever-se-ia, assim, iniciar o ensino da leitura com a apresentação das letras e seus nomes (método da soletração/ alfabético), ou de sons (método fônico), ou das famílias silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem crescente da dificuldade. Página da cartilha da Infância, de Thomaz Galhardo (141. ed., 1939). Fonte: BCPP – AHSM. In: MORTATTI, 2000, p. 228.
O segundo método difundido no Brasil para o ensino da linguagem escrita foi o Analítico, que propunha o contrário do sintético - a decomposição das palavras. Esse método tornou-se no final do século XIX, um caminho bastante trilhado nas escolas públicas, conhecido também como método da palavração, ou Método João de Deus. Esse por sua vez trazia uma proposta diferente, ao invés de começar da parte para o todo, ele partia do todo para a parte, ou seja, a decomposição dos textos, para frases, para palavras, sílabas e por fim as letras. O método analítico não se diferenciava muito da primeira proposta do método sintético, ele foi conhecido como método da palavração, cujas palavras eram divididas e, assim, estudadas. 
Afirma Mortatti (2006, p.7):
De acordo com o método analítico, o ensino da leitura deveria ser iniciado pelo “todo”, para depois se proceder à análise de suas partes construtivas. No entanto, diferentes se foram tornando os modos de processuação do método, dependendo do que seus defensores consideravam o “todo”: a palavra, ou a sentença, ou a “historieta”.
Assim, podemos considerar que as primeiras cartilhas introduzidas no Brasil foram produzidas em Portugal, essas cartilhas eram consideradas uma grande revolução para a aprendizagem, ela trazia consigo o método de João de Deus. 
De acordo com Mortatti (2000, p.49):
A recorrência discursiva da ideia de revolução nos métodos de ensino da leitura representada pela Cartilha Maternal remete às concretizações rotineiras, para a época, em relação a esse ensino, sobretudo àquelas centradas na marcha sintética – soletração e silabação- que, a despeito das novas ideias, continuavam a ser adotadas nas escolas de primeiras letras do país. Capa da Cartilha Maternal, de João de Deus (edição de 1990). Fonte: CRPHE. In: MORTATTI, 2000, p. 226.
Com o passar do tempo esse método ficou conhecido como uma forma mecânica de aprender a ler e escrever, ou seja, um método mecanizado e repetitivo, pelo qual foi bastante criticado, pois acabava cansando a aprendizagem das crianças e era totalmente fora do contexto das mesmas. 
	Nesse sentido, para resolver o problema dos conflitos gerados pelos métodos sintéticos e analíticos, houve a necessidade de se juntar os dois métodos criando aquilo que se chamou de Método Misto. 
Segundo Mortatti (2006, p.8): 
Os defensores do método analítico continuaram a utilizá-lo e a propagandear sua eficácia. No entanto, buscando conciliar os dois tipos básicos de métodos de ensino da leitura e escrita (sintéticos e analíticos), em várias tematizações e concretizações das décadas seguintes, passaram-se a utilizar: métodos mistos ou ecléticos (analítico- sintético), considerados mais rápidos e eficientes.
Com o passar dos anos, os métodos de alfabetização foram sendo considerados tradicionais e começaram a ser questionados, principalmente na década de 1980, com a chegada do construtivismo no Brasil, no qual essa teoria dizia que os métodos mecanizavam a alfabetização. 
Segundo Mortatti (2000, p.268):
O construtivismo, enquanto teoria para a alfabetização é assumido oficialmente pelo Estado de São Paulo. Com base na teoria construtivista são oferecidos inúmeros cursos de capacitação aos docentes da rede estadual. Textos são impressos e distribuídos. Livros, veiculando a teoria construtivista, bem como suas diferentes apropriações, chegam a todas as escolas e delegacias de ensino.
Nesse contexto, Smolka afirma que (2008, p.17):
Em 1980, começou a ser divulgado no Brasil o trabalho pioneiro de Emília Ferreiro sobre os processos de aquisição da linguagem escrita em crianças de pré-escolas argentinas e mexicanas, levantando e difundindo fundadas suspeitas com relação aos métodos de alfabetização.
O estudo construtivista sobre os processos de alfabetização elaborados por Emília Ferreiro, baseados nos pressupostos teóricos de Jean Piaget considerava os métodos de alfabetização tradicionais, trazendo conflitos em relação ao ensino e à alfabetização.
A ênfase da teoria construtivista na prática centra o processo de aprendizado no educando e não no educador, o professor faz sua mediação na aprendizagem dos alunos, mas estes estão subordinados ao desenvolvimento dos processos cognitivos de cada criança. Afirma Ferreiro (2001, p.29):
Tradicionalmente, as discussões sobre a prática alfabetizadora têm se centrado na polêmica sobre os métodos utilizados: métodos sintéticos, fonético versus método global etc. Nenhuma dessas discussões levou em conta o que agora conhecemos: as concepções das crianças sobre o sistema de escrita. Daí a necessidade imperiosa de recolocar a discussão sobre novas bases. Se aceitarmos que a criança não é uma tábula rasa onde se inscrevem as letras e as palavras segundo determinado método; se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas de quem aprende; se aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada (e, portanto transformada) para ser operante, então deveríamos também aceitar que os métodos (como consequência de passos ordenados para chegar a um fim) não oferecem mais do que sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjunto de proibições. Método não pode criar conhecimento.
Nesse contexto, na década de 80 do século XX, época em que o construtivismo é aceito como norte para as práticas de alfabetização, algumas questões foram levantadas com relação aos conteúdos e ao papel do professor e do aluno na aprendizagem da escrita. Com a crítica ao uso das cartilhas, e entendendo a alfabetização como processo que leva em consideração o ponto de vista do aluno, surge uma nova discussão no meio educacional, que é a aprovação continuada. 
Segundo Soares (2003, p. 1): 
“Essa concepção de certa maneira está associada ao construtivismo. Não estou afirmando que seja errada, mas a maneira como ela se difundiu no sistema é que pode ser uma das causas da perda de especificidade do processo de alfabetização”.
A mudança conceitual que veio dos anos 80 fez com que o processo de construção da escrita pela criança passasse a ser feito pela sua interação com o objeto de conhecimento. Interagindo com a escrita, a criança vai construindo o seu conhecimento, vai construindo hipóteses a respeito da escrita e, com isso, vai aprendendo a ler e a escrever numa descoberta progressiva.
Sabemos que só um método pode não garantir a alfabetização das crianças, mas não tem como alfabetizar sem método. Assim, segundo as análises de Mortatti (2006), a teoria construtivista ao negar o método como componente essencial das práticas de alfabetização, acabou gerando equívocos com relação às práticas alfabetizadoras, pois não mostrou como se alfabetiza em termos de atividades.Afirma Mortatti (2000, p.287), “afinal, construtivismo não é método, nem proposta didática, mas uma teoria sobre aquisição do conhecimento”.
Segundo Soares (2003, p.17), antes “havia um método, mas não uma teoria. Hoje acontece o contrário: todos têm uma bela teoria construtivista da alfabetização, mas não têm método. Se antigamente havia método sem teoria, hoje temos uma teoria sem método”.
Nesse sentido, o estudo sobre os métodos de Alfabetização está também ligado à história do fracasso escolar em nosso país. 
[...] Não estou dizendo que o fracasso de agora seja novidade, pois sempre tivemos fracassos em alfabetização. Antes, a criança repetia a mesma série por até quatro vezes e havia o problema da evasão. Agora, e talvez isso seja mais grave, a criança chega à 4ª série analfabeta. E por que talvez isso seja mais grave? Porque, quando a criança repetia o ano – pois tínhamos métodos que não estavam fundamentados em teorias psicológicas, psicolinguísticas nem linguísticas – ela não aprendia. Então ela repetia, mas, pelo menos, ficava claro para ela que havia o “não sei” [...]. (SOARES, 2003, p.19).
Como fazer para que a alfabetização seja prática contínua e realizada com sucesso, e que as crianças possam realmente aprender, adquirir conhecimento em sua prática escolar? Tem como trabalhar essa prática educativa, juntando a teoria e bons métodos, para se obter melhores resultados? Segundo Soares (2003, p.20):
Entretanto, voltar para ao que já foi superado não significa que estamos avançando. Avançamos quando acumulamos o que aprendemos com o passado, juntando a ele as novidades que o presente traz. Estamos no momento crítico desse avanço. As pessoas estão insatisfeitas com o construtivismo, as denúncias já estão sendo feitas e começam a surgir iniciativas no sentido de corrigir essa situação. Estamos na fase de reinvenção da alfabetização.
Nesse sentido, “embora ela (a alfabetização) esteja precisando ser reinventada e seja preciso recuperar sua especificidade, não podemos voltar ao que já foi superado. A mudança não deve ser um retrocesso, mas um avanço”. (SOARES, 2003, p.21).
1.3 Alfabetização e Letramento: Uma relação constante com o meio em que vivemos
Quando pensamos em alfabetização e letramento, logo ponderamos que este processo se inicia ao ingressar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ou até mesmo na Educação Infantil. Entretanto, ressalto que alfabetizar e letrar são práticas que precisam ser executadas em seu tempo, em meio ao desenvolvimento de cada sujeito.
Ao tratar de alfabetização e letramento como um processo contínuo, que vai se constituindo conforme nos desenvolvemos, saliento o estímulo da oralidade desde cedo para que impulsione este processo. A oralidade é uma produção cultural que se desenvolve conforme a língua que um sujeito traz consigo, diante da cultura em que vive, por isso se desenvolve por meio da interação coletiva com outros sujeitos.
A todo momento os sujeitos estão em constante contato com a oralidade, então, desde que o bebê se encontra no ventre de sua mãe por exemplo está sendo estimulado pelos adultos a iniciar o processo de aquisição da oralidade, que se inicia por meio de conversas, cantigas e histórias. Através desses estímulos, começam a perceber que as coisas, os objetos e as necessidades básicas possuem uma denominação, e consequentemente surgem as primeiras tentativas de expressar sua necessidade por meio da fala.
Esse vínculo afetivo desde muito cedo é, como uma base para que, ao nascer, crescer e ingressar na Educação Infantil os sujeitos já estejam provocados e instigados ao processo de alfabetização e letramento. É por meio desse processo que se inicia, antes mesmo de nascerem, que a oralidade vai se constituindo, contribuindo para o processo de alfabetização e letramento numa perspectiva de leitura de mundo.
Conforme este sujeito cresce, vai percebendo que tudo ao seu redor tem um significado e aos poucos inicia um processo de leitura de mundo, interpretando e conhecendo o espaço em que está inserido. Isso significa que mesmo sem saber que um determinado objeto pode ser lido e tem uma grafia, entende e interpreta que o mesmo tem sua função. Como exemplo disso, pode se pensar em uma criança que necessita para dormir uma chupeta e, toda noite antes de deitar-se encontra este objeto para usá-lo. Esta criança mesmo sem saber que a chupeta possui uma grafia, interpreta e entende que objeto é este, e que é necessário para que possa dormir.
Além disso, o ambiente em que está inserido apresenta representações de variados lugares com que se depara cotidianamente, ou seja, toda representação de uma loja por exemplo, com roupas e manequins na vitrine mesmo que não saiba sua denominação, interpreta que este local representado é uma loja de roupas. Ferreiro afirma:
Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens, comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, histórias em quadrinhos, etc...)(1996, p.65).
Logo que inserem-se no espaço em que vivem, vão percebendo que as representações estão presentes por todos os lados, bem como que necessitam se apropriar, entender o modo como as pessoas se comunicam, mesmo que ainda não saibam ler e escrever no sentido convencional. Assim, a alfabetização e letramento “passa a ser entendida como um longo processo que começa bem antes do ano escolar em que se espera que a criança seja alfabetizada e consiga ler e escrever pequenos textos” (BRANDÃO; ROSA, 2010 p.20).
A alfabetização e letramento se inicia antes de os sujeitos ingressarem na escola, pois inseridos na sociedade em que vivem tem de interpretar as representações que seu cotidiano oferece, os livros, folders, anúncios entre outras e localizar-se no espaço social. 
Não se trata da alfabetização e letramento somente como o ato de ler e escrever, este processo é muito mais amplo que este simples ato, ele envolve tudo ao nosso meio, ao nosso redor, então, o nosso cotidiano gira em torno da alfabetização e letramento, é aprender a linguagem do mundo. Assim, ler o mundo é um estudo do ser humano no decorrer de seu desenvolvimento na sociedade para que possa compreender o espaço, as coisas, os objetos, e executar tarefas simples de seu dia a dia. A leitura e escrita são atividades de linguagem que pertencem ao cotidiano de todo ser humano, portanto, importante mediador para inserir-se na realidade.
Entretanto, se tratando do processo de alfabetização e letramento na perspectiva de leitura e escrita, esse processo apresenta um conceito mais definido do que é alfabetizar e letrar. A alfabetização é a capacidade que um sujeito desenvolve de ler e escrever de maneira coerente, reconhecendo os fonemas e grafemas apresentados em um determinado texto. Alfabetizar, é oferecer condições para que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas neste sujeito com a aptidão de executá-las.
Em conformidade com Rangel, “a alfabetização em seu sentido próprio, específico, envolve o processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita. Neste caso, alfabetizar significa adquirir a habilidade de codificar a língua oral em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita em língua oral (ler)” (2008, p.9). Já o processo de letramento está relacionado com a prática da leitura e da escrita no contexto social.
Alfabetização e letramento embora tenham suas especificidades, caminham juntas no processo de leitura e escrita, e nesse sentido, ser letrado é fazer o uso da leitura e escrita, é ler e escrever mas acima de tudo saber interpretar esta ação. Então o letramento interligado com a alfabetização traz uma proposta pedagógica de alfabetizar letrando nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, envolvendo práticas de leitura e escrita, o que discutirei mais adiante.
Portanto, a alfabetização e letramento começa bem antes que as crianças saibam ler e escrever formalmente, uma vez que se trata de um processo que se faz presente antesmesmo da criança vir ao mundo e se integrar na sociedade. Ele pode estar presente no cotidiano de todos seres humanos e conforme se desenvolvem percebem que saber ler e escrever é uma necessidade para que possam interpretar o mundo a sua volta.
CAPITULO II - EDUCAÇÃO INFANTIL: RECONHECENDO ESTA ETAPA E SUA FUNÇÃO PEDAGÓGICA
Muito se discute sobre o que precisa ser proporcionado às crianças entre quatro e cinco anos em plena fase de desenvolvimento na Educação Infantil. O que percebo, é que muitas vezes esta etapa é considerada menos importante para as escolas, educadores e pais. Pensar desta forma é um equívoco, por isso discutir o ambiente da Educação Infantil me remete a pensar que etapa é essa e qual sua função pedagógica no âmbito escolar.
A Educação Infantil é a etapa no qual, as crianças tem seu primeiro contato com a escola, a partir daí encontram-se inseridas no contexto escolar. Para muitas crianças este contato se inicia muito cedo, por volta dos seis meses, um ano de idade, outras, iniciam este contato somente com quatro anos, já que sua frequência a partir desta idade é obrigatória por lei. Entretanto, independentemente da idade em que estes sujeitos ingressam na Educação Infantil, a permanência nesta etapa é muito importante para o desenvolvimento dos mesmos. Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil esta fase é considerada a:
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (2010, p.12).
Esta etapa da Educação Infantil, proporciona às crianças a compreensão do universo, percebendo o espaço, o tempo, a escola, o lugar em que mora e costuma frequentar, bem como as pessoas que as rodeiam. Mas, além delas integrarem-se na sociedade, são seres que estão em desenvolvimento e por isso precisam ser estimulados. A Educação Infantil possibilita vivências significativas aos sujeitos atuantes. Ao referir-me em vivências significativas ressalto que nessa fase todas as vivências proporcionadas devem e tem de ter um significado, já que estão em pleno desenvolvimento e esta é a função da escola.
A escola se define como um ambiente em que sua principal função é ensinar, entretanto, ensinar significa também oferecer vivências e experiências significativas na vida desses sujeitos, estimulando-os a agirem de forma cidadã perante a sociedade no qual estão inseridos. É neste local em que os sujeitos permanecem grande parte de seu dia, alguns em período integral, outros somente por um período, mas independentemente do tempo em que a frequentam, todos estão em um ambiente que precisa proporcionar a aprendizagem.
A escola não precisa se preocupar muito com a aprendizagem: isto as crianças farão por si. Precisa preocupar-se com dar chances às crianças para vivenciarem o que precisam aprender; sentirem que o que fazem é significativo e vale a pena ser feito. Sem esse interesse realmente sentido pelas crianças, as atividades da escola podem não passar de um jogo, de um brinquedo, de uma obrigação, que alguns podem realizar e, outros, inconformados, deixar de lado (ROJO, 1998, p.64).
Para que isso ocorra, a escola precisa estar organizada com uma proposta pedagógica que define os objetivos e metas para cada faixa etária, ressaltando o que cada sujeito precisa aprender e vivenciar nas etapas em que a escola oferece. Esta definição das metas e objetivos no Projeto Político Pedagógico da escola, tem de ser do conhecimento de todos os educadores desta instituição, bem como que todos tenham participação na elaboração do mesmo.
Se tratando da Educação Infantil, não é uma etapa que apresenta conteúdos definidos como acontece no Ensino Fundamental, mas sim que elabora um currículo que proporcione vivências dos princípios, atendendo as necessidades dos sujeitos. Os princípios conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil são:
Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades.
Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. (2010, p.16).
Esses princípios definidos são um norte para a elaboração do currículo determinando as metas e objetivos para esta etapa. O currículo da Educação Infantil precisa levar em conta que estes sujeitos estão em constante desenvolvimento e por isso precisam ser estimulados por meio de vivências que os permitem a aprendizagem. Essas vivências se dão em meio ao ambiente da sala de aula, com os materiais utilizados, e a rotina que estes sujeitos tem, sendo um ambiente acolhedor no qual a aprendizagem tem uma relação íntima com o local que essas crianças ocupam. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil deve garantir experiências que:
Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais; Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e conhecimento da diversidade; Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; Promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos; (2010, p.25).
Assim, o currículo pode elencar todas essas experiências citadas, adentro dos princípios éticos, políticos e estéticos que envolvem as metas e objetivos do Projeto Político Pedagógico da escola. Um bom currículo, organizado pelos educadores de uma instituição de ensino é aquele que oferece às crianças a oportunidade de aprender.
A Educação Infantil além de apresentar princípios norteadores para elaboração das metas, apresenta campos de experiências conforme a Base Nacional Comum Curricular para elaboração do planejamento dos educadores, que determinam as aprendizagens e os objetivos, são eles: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Traços, sons, cores e imagens. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações (2016; p.21). (NAS CITAÇÕES DIRETAS, COLOCAR ENTRE ASPAS PARA QUE FIQUE DELIMITADOO INÍCIO E O FIM DA CITAÇÃO)
É com base nos campos de experiência que o planejamento da Educação Infantil pode ser organizado, de maneira que proporcione vivências significativas, favorecendo às crianças a autonomia e desenvoltura, além da expressão corporal, a fala e a imaginação. Por ser uma fase em que os sujeitos estão desenvolvendo-se, o planejamento pode levar em conta o desenvolvimento motor, que envolve a mudança de comportamento, físico, envolvendo as alterações fisiológicas e morfológicas, e o cognitivo, no qual os sujeitos começam a compreender o mundo.
O ambiente da Educação Infantil também proporciona descobertas, isto é, descobrir as cores, os tamanhos, as alturas, o grande e o pequeno, o duro e o mole, o corpo e suas partes, os gestos, os sons, as palavras, os objetos, as necessidades físicas e fisiológicas. Bem como descobrir-se como sujeito, os outros sujeitos como seres diferentes, a fala como forma de interagir e comunicar-se, fazer amizades, brincando de diversas formas e com diferentes parceiros, bem como ter autonomia de escolha das brincadeiras. Além de descobrir o espaço diferenciado da sala de aula, da escola, que se distingue do espaço de casa, descobrir os gostos, sabores, e sobretudo descobrir o mundo em que se encontra inserido.
Assim, o brincar nesta etapa assume um papel fundamental, pois é através dele que as crianças descobrem e aprendem o que está a sua volta. O brincar de diversas maneiras é uma estratégia de aprendizagem, pois em meio a este ato seja qual for a forma como executa o brincar, o sujeito tem de tomar decisões, resolver, estabelecer estratégias e pensar. “É brincando que as crianças participam do mundo adulto e aprendem suas características” (BRANDÃO; ROSA, 2010, p.21). O brincar proporciona que as crianças se sintam em um mundo de faz de conta, onde imaginam, sonham e até mesmo pretendem alcançar esses sonhos, isso faz com que o brincar se torne algo prazeroso.
Sem perceber, os sujeitos vão vivenciando novas formas de brincar e fazendo descobertas em meio a este ato de descobrir o mundo. É isto que precisa ser evidenciado na Educação Infantil juntamente com o lúdico, que além de envolver o brincar, as brincadeiras e os jogos, também engloba a contação de histórias, a música, o teatro, a dança. Isso requer que o educador esteja ciente do que realmente se evidencia neste espaço escolar, organizando um planejamento que atenda todas essas demandas.
Então, o que se espera é que as escolas tenham como base os princípios definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil na elaboração do currículo, adentro as metas e objetivos do Projeto Político Pedagógico. Bem como que o currículo da escola seja definido através de uma proposta pedagógica que considere a realidade a qual está inserida. Assim, a escola leva em consideração que as crianças são sujeitos sociais e históricos e, que se desenvolvem por meio da interação com os outros proporcionando vivências e experiências, que os constituem como sujeitos críticos, participativos e autônomos.
No dia a dia, para que se deem as interações da criança com o mundo físico e social, é necessário que se oportunizem situações para a tomada de decisões, escolhas e intercâmbios dos pontos de vista, promovendo a manifestação da autonomia, da cooperação, tão importantes na formação do cidadão (RODRIGUES; AMODEO, 2002, p.9).
Adequar a Educação Infantil conforme o que foi exposto é um desafio! Esta é uma etapa que precisa proporcionar as crianças vivências e experiências articuladas a descobertas, por meio do brincar, de maneira que interpretem e conheçam o mundo em que vive. Sendo que é fundamental para o desenvolvimento das crianças e por isso precisa ser bem aproveitada pelos educadores, estando preparados para assumir a sua função, oferecendo oportunidades para a aprendizagem e, tendo conhecimento da importância da etapa da Educação Infantil, agindo de modo que alcance os objetivos que delimitou para as que nela atuam. “Assim, a importância do professor apropriar-se, antes de tudo de sua identidade como profissional de educação infantil, apoiando-se em pressupostos teóricos consistentes, definindo o seu norte e traçando linhas norteadoras de ação junto à criança” (RODRIGUES; AMODEO, 2002, p.13). Portanto, o educador precisa desenvolver um trabalho que atenda as funções da Educação Infantil, de acordo com os objetivos e metas estabelecidos no currículo e Projeto Político Pedagógico, com a finalidade de atender as necessidades e proporcionar desenvolvimento das crianças.
2.1 Por que a alfabetização não se evidencia na Educação Infantil?
A alfabetização na Educação Infantil é um tema que gera constantes discussões a seu respeito. Há quem diga que alfabetizar nesta fase auxilia para que ao ingressarem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, já estejam preparados e avançados nos níveis de leitura e escrita, favorecendo a aprendizagem.
A alfabetização como um processo que precisa ser colocado em prática o quanto antes pelos educadores, mas este é o grande problema, a alfabetização é um processo demorado e requer estratégias do educador. A etapa da Educação Infantil não é o ambiente no qual se ensina ler e escrever formalmente, mas oferece oportunidades para que em seguida, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental iniciam a alfabetização formal. 
Percebo também a cobrança dos pais em relação a alfabetizar na Educação Infantil, indagando que este processo é bom para as crianças, e cobrando dos educadores de forma geral que isto se execute. O que acontece é que muitas vezes os pais podem não ter noção do que de fato as crianças precisam vivenciar na Educação Infantil. Ouve-se muito que “tal escola é boa, por que tal filho já sabe ler e escrever, está ainda na Educação Infantil”. Daí a importância de o educador juntamente com a escola organizar reuniões ou uma simples conversa com cada pai, esclarecendo o que esta etapa deve proporcionar.
Mas por que de fato não podemos alfabetizar na Educação Infantil? Primeiramente alfabetizar não é tarefa fácil, e requer o tempo necessário para que cada sujeito desenvolva essa prática. Conforme o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, a alfabetização deve ser assegurada até os 8 anos de idade, ao fim do terceiro ano do Ensino Fundamental.
Isso significa que a maioria das crianças não terão desenvolvido totalmente a capacidade de ler e escrever de maneira coerente ao terminar o primeiro ano letivo do Ensino Fundamental, o que não é um problema ou um atraso na leitura e escrita, já que é um processo complexo que demanda tempo e organização. A escola precisa respeitar o tempo e a maneira que cada sujeito precisa para aprender a ler e escrever, e iniciar a alfabetização de maneira formal na Educação Infantil não contribuirá para que saibam ler e escrever antes do tempo que é necessário a cada criança. Essa alternativa somente irá tornar a Educação Infantil um ambiente que ensina ler e escrever, tirando o tempo das crianças de brincar e extrapolando com a possibilidade de despertar essas crianças ao mundo da leitura e escrita. 
Para muitos pais, a alfabetização deve se iniciar com cinco anos de idade, fazendo a criança desenvolver e despertar o lúdico e o estímulo pela leitura, ou seja, na Educação Infantil. Este é um exemplo claro que muitos pais não tem clareza da idade e etapa em que a alfabetização formal deve iniciar, mas percebe que o lúdico e o incentivo à leitura são importantes. Percebe-se também que outros pais têm maior noção que a alfabetização se inicia aos seis anos de idade, e que o contato com a leitura, os livros e o letramento está presente desde que as crianças nascem.
Defende-se, que as crianças sejam instigadas a leitura e escrita na Educação Infantil. Assim o contato com o letramento é permitido de maneira que seja um ambiente alfabetizador mas, que tem como objetivo o letramento, e não a execução da leitura e escrita de maneira convencional, isso significa que os sujeitos da Educação Infantil não devem saber ler e escrever, mas sim ter conhecimentode maneira lúdica das grafias que formam o alfabeto e os números.
O fenômeno do letramento, então, extrapola o mundo da escrita tal qual é concebido pelas instituições que se encarregam de introduzir formalmente os sujeitos do mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa-se, não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos, (alfabeto, numérico) processo geralmente concebido em termos de uma competência individual necessária para o sucesso e promoção na escola (KLEIMAN, 2003, p.20).
O letramento na Educação Infantil tem como contribuição despertar o interesse por meio desse espaço lúdico, em aprender a ler e escrever adiante ao ingressar no Ensino Fundamental. Esta etapa permite que estejam curiosos para conhecer as grafias que os adultos utilizam, oferecendo possibilidades de inserir-se no mundo da leitura e escrita.
As crianças estão inseridas no mundo rodeadas de palavras, desde a sua casa até a escola deparam-se com inúmeras grafias em diversos lugares, o que desperta o interesse em ler e escrever. Entretanto a sala de aula da Educação Infantil é o ambiente no qual o letramento deve se evidenciar, apesar do convívio diário com variadas grafias, e da interação dos adultos com os sujeitos, a escola é quem proporciona de fato este letramento. 
As letras que compõem o nosso alfabeto precisam estar presentes para que as crianças o conheçam e reconheçam também em outros lugares. Mas isso não significa que os sujeitos devam decorar e repetir inúmeras vezes a grafia de cada letra para que possam “aprender”, não é esta aprendizagem e letramento que me refiro para a etapa da Educação Infantil, bem como nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Os educadoras devem organizar os planejamentos de maneira lúdica, oferecendo um contato diário com o letramento. Utilizando a contação de histórias, alfabeto exposto na sala de aula, cartazes com números e quantidades, murais com trabalhos dos alunos, calendário, chamada com listagem, jogos, manipulação de livros, cartaz dos aniversariantes, palavras mágicas, pintura, recorte, colagem, textos coletivos tendo a professora como escriba. 
Sugere-se que o letramento esteja vinculado as atividades diárias no planejamento do educador, proporcionando aos sujeitos o conhecimento de maneira lúdica das grafias que compõem o alfabeto. A função do educador nesse sentido é de assumir-se como mediador do conhecimento no processo de aprendizagem por meio da ludicidade, permitindo uma relação entre educador/criança que favoreça a troca de ideias, o diálogo na resolução de conflitos diários, estabelecendo a sala de aula como um espaço de mediação.
(...)é possível dar múltiplas oportunidades para ver a professora ler e escrever; para explorar semelhanças e diferenças entre textos escritos; para explorar o espaço gráfico e distinguir entre desenho e escrita; para perguntar e ser respondido; para tentar copiar ou construir uma escrita; para manifestar sua curiosidade em compreender essas marcas estranhas que os adultos põem nos mais diversos objetos (FERREIRO, 1993, p.39).
O ambiente da Educação Infantil precisa interagir com a aprendizagem, despertando a curiosidade em aprender a ler e escrever, permitindo que cada criança construa de maneira autônoma seu próprio conhecimento, ou seja, descobrindo, pensando, experimentando, discutindo com os colegas. A sala de aula desta etapa é um ambiente de construção, então precisa ter a cara dos alunos e não da professora, assim todas as atividades desenvolvidas dos mais variados métodos pelas crianças, podem ir sendo expostas na sala de aula transformando num ambiente alfabetizador.
Portanto, a Educação Infantil é uma etapa que proporciona o letramento e mesmo que a alfabetização não se evidencie, acaba se tornando um ambiente alfabetizador que instiga as crianças ao mundo da leitura, e é por meio desse interesse que o educador tem a possibilidade de despertar nos sujeitos atuantes na Educação Infantil, basta organizar um planejamento que permita a descoberta e inserção no mundo da leitura, mesmo que ainda não saibam ler e escrever de maneira coerente.
CAPITULO III - ALFABETIZAR LETRANDO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A alfabetização e letramento são processos que estão em construção a todo momento na vida de uma criança ou adulto, isso porque a prática da leitura e escrita torna-os cada vez mais aptos a esse exercício. Entretanto, um sujeito alfabetizado nem sempre é um sujeito letrado, isso porque o ato de alfabetizar é a habilidade de ler e escrever de maneira coerente, já o letramento está relacionado com a prática da leitura e escrita conforme seu contexto social. Acontece que nem sempre o hábito de ler e escrever é incentivado pela escola/educadores e então formam-se sujeitos apenas alfabetizados, mas não se constituem como sujeitos que praticam o letramento.
Nessa perspectiva destaca-se o processo de alfabetizar letrando nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, evolvendo mais do que aprender a ler e escrever mas executar esses processos como uma prática social, em seu dia a dia, sendo o letramento nesse sentido o “resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita” (SOARES, 2003, p.39).
Um sujeito letrado compreende a importância dessa prática em seu meio social e tem domínio sob a leitura e escrita, ou seja, é um sujeito que utiliza a leitura e escrita como uma prática social. Para que os educandos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental compreendam a leitura e a escrita em seu contexto social, destaco a possibilidade da escola, os educadores, os pais, a sociedade em geral fazerem parte da aquisição desse processo.
Primeiramente ressalta-se que a sala do primeiro ano precisa ser um ambiente alfabetizador, organizado com diversas atividades que os próprios alunos desenvolvem, além de livros infantis, jornais, revistas, folders, cartazes, textos e histórias diversificadas. Ferreiro afirma:
Em cada classe de alfabetização deve haver um “canto ou área de leitura” onde se encontrem não só livros bem editados e ilustrados, como qualquer tipo de material que contenha a escrita (jornais, revistas, dicionário, folhetos, embalagens e rótulos comerciais, receitas, embalagens de medicamentos etc.). Quanto mais variado esse material, mais adequado para realizar diversas atividades de exploração, classificação, busca de semelhanças e diferenças e para que o professor, ao le-los em voz alta, de informações sobre “o que se pode esperar de um texto” em função da categorização do objeto que veicula. Insisto: a variedade de materiais não é so recomendável (melhor dizendo, indispensável) no meio rural, mas em qualquer lugar onde se realize uma ação alfabetizadora (1993, p.33).
Ressalta-se também, que o ambiente do primeiro ano pode oferecer ludicidade, brinquedos, jogos de modo que a aprendizagem seja significativa. A criança do primeiro ano depara-se com inúmeras grafias, letras, palavras e se a alfabetização for proporcionada de maneira lúdica os instigará a aprender de maneira que a leitura e escrita seja algo prazeroso para ela. 
A escola é o principal ambiente que alfabetiza as crianças, é quem ensina de fato a habilidade de ler e escrever, entretanto é na sociedade que alfabetização se concretiza. Por isso, é importante que as crianças percebam que o ato de ler e escrever não é para a escola, mas sim para que cada sujeito possa inserir-se na realidade, como uma garantia de existência na sociedade em que vivem. Daí a importância de o educador mostrar que a alfabetização encontra-se nos rádios, na TV, nos jornais, nas revistas, nas ruas, no local onde vivem, e possibilitar que outras pessoas falem sobre sua profissão ou contam uma história, então a alfabetização é extraclasse, não ocorre somente no espaço escolar, ela engloba todo contexto em que estes sujeitos estão inseridos.
Instigados pela curiosidade em aprender a ler e escrever não só no contexto na escola, massim englobando todo local que vivem, o educador pode utilizar desta disposição das crianças e utilizar a favor do processo de alfabetização e letramento. Isso significa que o educador precisa levar em conta a cultura, o conhecimento e o tempo que cada sujeito leva para compreender esses processos.
O planejamento do educador precisa estar interligado com o ambiente no qual ele alfabetiza, este que pode ir se modificando conforme os avanços das crianças. É muito importante que o planejamento seja organizado conforme os interesses e necessidades das crianças de modo que tenha como centralidade o lúdico, despertando gosto e interesse pela prática da leitura e escrita de modo que compreendam o uso de ambas em diversos contextos do cotidiano. 
Assim, dá-se a possibilidade de alfabetizar letrando, propondo atividades que envolvam as práticas sociais das crianças além do contexto escolar, envolvendo a realidade que cada sujeito vive. Alfabetizar letrando é mais do que ensinar a ler e escrever, é fazer o uso dessa prática no dia a dia e buscar alternativas para ampliar a leitura e a escrita. As crianças aprendem a ler e escrever por meio do que vivem, conforme a cultura em que está inserido, com quem e como interage com outros sujeitos e é por meio dessa interação que a leitura e a escrita vão avançando.
Ler e escrever não são apenas habilidades estabelecidas em torno da decodificação; muito mais do que isso, saber ler e escrever significa apropriar-se das diversas competências relacionadas à cultura orientada pela palavra escrita, para dessa forma atuar nessa cultura e, por decorrência, na sociedade como um todo (SCHOLZE; RÖSING, 2007, p.9).
Portanto, alfabetização e letramento andam juntas no processo de aquisição da leitura e escrita, partindo do pressuposto que alfabetizar letrando é trazer pra dentro da sala de aula a prática da leitura e escrita, conforme a realidade de cada sujeito. “Os processos de alfabetização e letramento escolares envolvem, fundamentalmente, a apropriação e o uso competente da leitura e da escrita de textos variados, com significado e relevância social” (SCHOLZE; RÖSING, 2007, p.38). Assim, a prática da leitura e escrita é buscada pela criança conforme o interesse e a forma como lhe trará algum significado social, e é por meio desse interesse que a alfabetização vai se constituindo e sendo ampliada no decorrer de seu processo de alfabetização e letramento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reconhecendo que a educação brasileira passa por uma problemática, a falta de qualidade da alfabetização, necessita-se que surjam novos olhares e práticas transformadoras. Logo, a educação das séries iniciais, que coincide com o período de início da alfabetização, é o alicerce de toda estrutura da educação que se desenvolverá depois, necessita de uma atenção especial. Os professores alfabetizadores precisam estar habilitados, serem competentes criativos e cientes de sua responsabilidade de formação dos sujeitos como intelectuais e cidadãos comprometidos com a transformação social.
É essencial, também, que haja discussões sobre o tema alfabetização e letramento nos cursos de formação de docentes e nos cursos ou reuniões de formação continuada, de modo que gerem reflexões sobre o tema e a prática docente, buscando soluções para problemas específicos da alfabetização e procurando desenvolver os profissionais e as instituições de ensino para que a educação tenha cada vez mais qualidade.
Sem dúvidas, a contribuição de Freire é considerada um exemplo no contexto da alfabetização. Visto que ele foi um grande pensador e até hoje influência a educação. Ele, com sua filosofia existencialista, com traços da fenomenologia nos mostra que é possível fazer uma conexão do mundo da escrita com o mundo real, levando ao desenvolvimento através da relação entre o próprio eu e o mundo. De maneira, que a alfabetização e a educação em geral, promovam a desmistificação da realidade, que nos livre das vendas e opressões, tornando os sujeitos cada vez mais críticos e transformadores da sociedade, numa sociedade melhor e mais justa para todas as pessoas.
Por fim, acredita-se que é possível, sim, atingira qualidade na educação das classes de alfabetização, com práticas educacionais que utilizem diferentes metodologias, que proporcionem tanto o desenvolvimento da alfabetização quanto o desenvolvimento do letramento de cada sujeito, através do qual ele possa ser autor de sua vida e de transformações. Sempre haverá essa discussão sobre os métodos de alfabetização, o que funciona, o que é ultrapassado, o que é moderno ou mais fácil de ser usado. Mas, independente do que sejam empregados, todos os profissionais devem ter consciência da sua responsabilidade sobre o ato de alfabetizar e desempenhar da melhor forma a alfabetização, pois o alicerce de todo o saber, quando os alunos encontram uma boa estruturada, terão grandes progressos em suas vidas escolares, tendo facilidades para se adaptarem e entenderem todo o processo pedagógico.
Ao desenvolver a presente monografia, foram buscados conceitos de diversos autores que tratam do tema alfabetização e letramento. Estes são processos que iniciam antes mesmo de um bebê nascer e se constituir na sociedade. Isso significa que, mesmo dentro do ventre da mãe, o bebê percebe a fala dos adultos, os movimentos, as histórias contadas, as músicas. Assim, conforme um sujeito nasce, cresce e se desenvolve, por meio da interação dos adultos, começa a se constituir e inserir-se no tempo e espaço no qual se encontra. Aos poucos, em seu desenvolvimento inicia a percepção de tudo que está ao seu redor, principalmente de suas necessidades básicas. Esta é a perspectiva de leitura de mundo, no qual um sujeito que ainda não sabe ler e escrever formalmente entende o sentido de suas necessidades do cotidiano. Para isso, a oralidade é um recurso no qual os adultos estimulam os bebês, de modo que percebam que as coisas, os objetos e as necessidades básicas possuem uma denominação, e consequentemente os sujeitos iniciem as primeiras tentativas de expressar-se por meio da fala.
O objetivo deste trabalho foi buscar a compreensão da finalidade da Educação Infantil e de que modo o letramento pode ser evidenciado. Sendo assim, o ambiente da Educação Infantil proporciona o contato com a leitura de maneira lúdica, por meio de brincadeiras, jogos, contação de histórias, a fim de despertá-los para o mundo letrado. Portanto, a Educação Infantil é um ambiente letrado, no qual a presença das letras se faz presente em meio a sala de aula e ao planejamento do educador, de modo que as crianças conheçam e reconheçam, partindo de uma organização curricular com metas e objetivos com base nos princípios éticos, políticos e estéticos. Bem como, os campos de experiência elencados pela Base Nacional Curricular Comum proporcionando vivências e experiências a fim de seu desenvolvimento.
Deste modo, a alfabetização não se evidencia na Educação Infantil, reconhecendo que alfabetizar nesta etapa não contribui para que a leitura e escrita se desenvolva com mais rapidez, apenas extrapola com a curiosidade que precisa ser despertada na Educação Infantil.
Entendendo que a alfabetização formal se inicia nos anos Iniciais do Ensino Fundamental, proponho a perspectiva de alfabetizar letrando. A alfabetização é a habilidade de ler e escrever pequenos textos de maneira coerente, já o letramento está relacionado as práticas sociais da leitura e da escrita. Com base nestes conceitos, o alfabetizar letrando possibilita além do aprender a ler e escrever. Dando enfoque na prática da leitura e escrita conforme a realidade social em que os sujeitos estão inseridos. Sendo assim, o papel do educador é de mostrar aos sujeitos atuantes que, aprender a ler e escrever é importante para cada um em sua própria formação como cidadão no contexto social. Ler e escrever não é para a escola nem para o educador, mas sim para que cada sujeito se constitua, desenvolva e perceba sua prática no dia a dia.
Este trabalho é um exercício para que os educadores reflitam sobre sua

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