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Aula 5 - Medida de Acolhimento Familiar

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1 
C 
 
URSO M
 
ARCO LEGAL 
DA PRIMEIRA INFÂNCIA 
Trilha Medidas Protetivas
Aula 5: Acolhimento Familiar: desafios e 
perspectivas de implementação
2 
Aula 5: Acolhimento Familiar: desafios e perspectivas de 
implementação1 
O que é o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora? 
O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SAF) é um serviço da Proteção Social 
Especial de Alta Complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que organiza e 
acompanha o acolhimento temporário, na residência de famílias acolhedoras, de crianças e 
adolescentes afastados da família de origem mediante medida protetiva. 
O serviço deve contar com uma equipe profissional, composta por coordenador e 
equipe técnica (psicólogo e assistente social) que seleciona, capacita e acompanha as famílias 
acolhedoras para que possam desempenhar bem sua função. As famílias acolhedoras são 
famílias voluntárias que recebem e cuidam em suas residências de tais crianças ou 
adolescentes, até poderem retornar de forma segura à sua família de origem ou, se isso não 
for possível, serem encaminhadas para adoção. 
Outras atribuições da equipe técnica do serviço são o acompanhamento das crianças e 
adolescentes acolhidos e de suas famílias de origem (natural e/ou extensa), além do trabalho 
articulado com os demais serviços da rede local e a comunicação permanente com o Sistema 
de Justiça, incluindo o envio de relatórios periódicos para o Judiciário. 
Como os demais serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, o SFA deve 
organizar-se segundo os princípios da i. Excepcionalidade e provisoriedade do acolhimento; ii. 
Investimento na reintegração à família de origem, nuclear ou extensa; iii. Preservação da 
convivência e do vínculo afetivo entre grupos de irmãos. 
1 Elaborado pelas especialistas Ana Angélica Campelo de Albuquerque e Melo, Especialista em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental, Secretaria Nacional de Assistência Social, Secretaria Especial do 
Desenvolvimento Social, Ministério da Cidadania e Alice Bittencourt, Especialista em Direito da Criança e 
do Adolescente pela Escola do Ministério Público do Rio Grande do Sul, formadora e integrante do 
Conselho Gestor do NECA SP. 
 
 3 
Principais pontos da metodologia de funcionamento do SFA: 
 Divulgação do serviço e mobilização da sociedade; 
 Seleção, capacitação e acompanhamento das famílias acolhedoras pela equipe técnica 
do serviço; 
 Acompanhamento das famílias de origem, com vistas à reintegração familiar segura; 
 Articulação com a rede serviços, com a Justiça da Infância e da Juventude e com os 
demais atores do Sistema de Garantia de Direitos. 
Quem pode ser família acolhedora? 
 Família que se disponha a acolher temporariamente crianças e adolescentes afastados 
da família de origem por medida protetiva e cumprir as regras do serviço. (Qualquer 
configuração familiar, uma vez que o que importa não é o formato da família, mas a 
capacidade de cuidado, afeto e proteção); 
 As famílias passam por avaliação e formação pela equipe técnica do serviço; 
 A família acolhedora não tem vínculos prévios – consangüíneos ou de afinidade – com 
a criança ou adolescente acolhido; 
 A família acolhedora recebe auxílio material, na forma de bolsa, para atender às 
necessidades da criança ou do adolescente que acolheu; 
 Há proibição do cadastramento de famílias inscritas nos cadastros de adoção ou que 
tenham o desejo de adotar. 
Qual a diferença entre Família Acolhedora e Família Adotiva? 
A família acolhedora compõe um SERVIÇO SOCIOASSISTENCIAL. Ela se disponibiliza a 
acolher temporária e sucessivamente, crianças e adolescentes que precisaram ser afastados 
de suas famílias. Após uma criança acolhida ser reintegrada à família ou encaminhada à uma 
família adotiva, a Família Acolhedora acolherá outra criança/adolescente que necessite de 
acolhimento, e assim sucessivamente. Esse serviço substitui o serviço de acolhimento 
institucional (abrigos e casas-lares), possibilitando que as crianças sejam cuidadas em 
ambiente familiar durante o período de acolhimento. 
A família acolhedora NÃO substitui a família de origem: a criança continua com os 
laços jurídicos com tal família durante o acolhimento. Trata-se de um acolhimento provisório. 
 
 4 
Essa abertura ao acolhimento sucessivo de novas crianças e adolescentes que 
necessitem é o que faz o serviço funcionar. Se cada família acolhedora simplesmente adotar 
uma criança acolhida, e deixar de acolher temporariamente novas crianças, o serviço deixará 
de funcionar. 
Família Adotiva, por outro lado, é uma família que, definitivamente, passa a ser a 
família da criança/adolescente. Os laços jurídicos com a família de origem são rompidos e a 
criança/adolescente passa a ser, para todos os efeitos, filho dos novos pais. 
 
SAIBA MAIS 
“Família Acolhedora: A Tempestade Passa... A Vida Continua!*2 
Uma das características da medida protetiva de acolhimento é a provisoriedade. Ela é utilizada 
pelo Estado apenas em situações consideradas graves, visando a garantia da proteção, 
integridade outros direitos da criança e/ou adolescente. 
No entanto, desde o início, sabe-se que o acolhimento tem caráter temporário. Com o 
trabalho da equipe do SFA e da rede de serviços, o acolhimento dará lugar a outra situação, 
esta sim de caráter definitivo: a reintegração familiar ou o encaminhamento para adoção. 
Nesse contexto, o SFA pode ser compreendido como uma ponte, uma etapa da trajetória de 
algumas crianças e/ou adolescentes e de suas famílias para facilitar a passagem para um novo 
estágio. O acolhimento familiar é um porto seguro em um momento de turbulência na vida da 
criança e/ou adolescente, oferecendo segurança, cuidado e disponibilidade afetiva até que a 
tempestade passe! 
Apesar do importante papel que a família acolhedora desempenha e da relação próximacom a 
criança e/ou adolescente, o vínculo quese estabelece não é o de filiação, como ocorrena 
adoção. Vejamos abaixo os principais pontosde diferenciação entre acolhimento em família 
acolhedora e adoção: 
→ No SFA, a família que se dispõe a acolher exerce uma função de cuidado temporário, 
participando de uma política pública que se baseia na corresponsabilização social pela 
proteção da infância e adolescência. Já a adoção é uma via deformação familiar, alinhada a um 
projeto de vida pautado em parentalidade e filiação, ou seja, de vínculos definitivos; 
→ A família acolhedora, em razão da provisoriedade, recebe a guarda com uma finalidade 
específica,atrelada à medida protetiva. Nos casos de adoção, a criança e/ou adolescente passa 
a ser filho dos adotantes, adquirindo os mesmos direitos de filhos biológicos, e os pais, as 
mesmas responsabilidades; 
→ No SFA, salvo em casos com determinação judicial em contrário, o vínculo com a família de 
origem deve ser preservado, enquanto na adoção ocorre a destituição do poder familiar. Do 
ponto devista legal, na adoção o vínculo com a família de origem não se mantém; 
 
2* O slogan “A tempestade passa... A vida continua!”é parte de uma campanha desenvolvida pelo 
município de Campinas/SP e disponibilizada pelo Ministério da Cidadania para qualquer localidade que 
queira utilizar as peças, disponível no link: http://mds.gov.br/central-de-conteudo/selos-e-
marcas/familia-acolhedora 
 
http://mds.gov.br/central-de-conteudo/selos-e-marcas/familia-acolhedora
http://mds.gov.br/central-de-conteudo/selos-e-marcas/familia-acolhedora
 
 5 
→No acolhimento familiar, assim como em outras modalidades de acolhimento, existe o 
acompanhamento psicossocial de todos os envolvidos e o acompanhamento processual pelo 
Sistema de Justiça. Na adoção, após a conclusão do processo, não há mais acompanhamento 
técnico; 
→ Durante a medida protetiva, não há mudanças em relação à identidade do acolhido, já nos 
casos de adoção, há alteração do nome dos pais e do sobrenome da criança e/ou adolescente. 
Para evitar a confusão de papéis e paragarantir o bom desenvolvimento dos objetivos 
relacionados ao acolhimento em seu caráter temporário, não são aceitas como famílias 
acolhedoras pessoas que estão em processo de habilitação ou habilitadas no Sistema Nacional 
de Adoção e Acolhimento (SNA).” (GUIA DE ACOLHIMENTO FAMILIAR, Caderno 1 , no prelo) 
A “Coalizão pelo Acolhimento Familiar”, responsável pela elaboração do GUIA DE 
ACOLHIMENTO FAMILIAR (no prelo) também criou e disponibilizou para uso gratuito uma série 
de orientações e materiais de divulgação. 
Acesse esses materiais no link: www.acolhimentofamiliar.com.br/guia-101 
 
A tabela abaixo apresenta algumas das especificidades entre o acolhimento 
institucional e o familiar, em relação à forma de oferecer cuidado e proteção: 
 
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ACOLHIMENTO EM FAMÍLIA 
ACOLHEDORA 
Criança e do adolescente mora em um ambiente 
institucional, com viés coletivo. 
Criança e/ou adolescente mora em ambiente 
familiar, sob cuidado de uma família 
acolhedora do SFA, com viés individual. 
Rotina adaptada para o atendimento coletivo Rotina cotidiana familiar 
Rodízio de cuidadores/educadores em turnos de 
trabalho, o que pode dificultar a formação de vínculos 
próximos e estáveis 
Continuidade dos cuidados e da convivência, 
o que pode favorecer a formação de vínculos 
e relação de confiança. 
Maior desafio na adaptação do atendimento para 
responder às demandas específicas de cada criança e 
adolescente, tendo em vista o caráter grupal/coletivo. 
Configuração mais favorável à adaptação do 
atendimento para responder às demandas 
específicas de cada criança e adolescente. 
Convivência comunitária tende a ser um desafio, por 
conta da inserção em contexto institucional 
Convivência comunitária tende a ser 
favorecida, por conta da inserção em 
contexto familiar. 
Tabela 1 – Diferença entre os tipos de Serviços de Acolhimento. 
Fonte: GUIA DE ACOLHIMENTO FAMILIAR, 2021 (no prelo) 
 
 
 6 
É ruim a criança se vincular a uma família acolhedora e depois ser 
separada dela? 
Uma questão comumente levantada por aqueles que, pela primeira vez ouvem falar de 
acolhimento familiar, é “E se a família e a criança se apegarem? A separação vai gerar muito 
sofrimento, vai ser ruim para as crianças.” Em relação a isso, cabe destacar que diversos 
estudos têm demonstrado a importância de vínculos afetivos e cuidado individualizado para o 
desenvolvimento infantil, demonstrando claramente que o vínculo afetivo NÃO é o problema, 
o problema é a FALTA DE VÍNCULO! 
Quando a família acolhedora é preparada e acompanhada para sua função, é capaz de 
desenvolver um vínculo afetivo com a criança/adolescente acolhido, porém sem o sentimento 
de “posse” para com essa criança. Dessa forma, no momento de a criança ir para um lar 
definitivo – quer por meio da reintegração à sua família de origem ou extensa, quer por meio 
da adoção – a família acolhedora estará preparada para apoiar o processo de transição, sendo 
uma “ponte” para essa mudança de vínculo, que deve ocorrer de forma gradativa, com a 
participação de todos os envolvidos. 
Tal transição saudável só é possível quando a família acolhedora tem consciência do 
seu papel temporário de cuidado e proteção àquela criança/adolescente, e é preparada para 
atuar nesses momentos de transição para uma família definitiva. 
Para que a transição entre a saída da família acolhedora e o retorno à família de 
origem ou encaminhamento para adoção ocorram de maneira GRADATIVA e CUIDADOSA. 
Nesse sentido, a imagem abaixo apresenta alguns “passos” que devem nortear essa transição: 
 
 
Comunicação efetiva 
e afetiva
Processo gradual 
de aproximação, 
com ampliação 
paulatina do 
convívio.
Inserção na 
rotina de 
cuidados e 
responsabilidade
s cotidianas
Rituais de 
Despedida
 
 7 
Por que o Serviço de Acolhimento Familiar é importante? 
Diversas pesquisas têm demonstrado os benefícios do cuidado em ambiente familiar 
para crianças e adolescentes que necessitem ser afastadas de suas famílias para sua proteção. 
As crianças e adolescentes que necessitam de acolhimento sofreram violações de 
direitos que geram impacto em seu desenvolvimento. Nesse sentido, a depender da qualidade 
dos cuidados que venham a receber no serviço de acolhimento, tais impactos da negligência 
ou violência sofridas, e da própria separação da família de origem, podem vir a ser diminuídos 
ou aprofundados. 
No acolhimento institucional há aspectos como a rotatividade de funcionários e o 
atendimento coletivo que dificultam a manutenção da estabilidade e a oferta de cuidado 
reparador para as crianças e adolescentes, fatores que são favorecidos no acolhimento familiar 
(VANDERFAELLIE; CARLIER; FRANSEN, 2018). 
Diversos estudos vêm demonstrando que o acolhimento em família acolhedora, ao 
oportunizar cuidado individualizado e vivências familiares e comunitárias significativas, 
oferece diversos benefícios às crianças e adolescentes acolhidos, como vínculos afetivos 
estáveis, maior bem-estar subjetivo, melhor auto-estima, melhores índices de 
desenvolvimento e de aprendizagem (DELGADO; CARVALHO; CORREIA, 2019; MONTSERRAT; 
CASAS; BERTRAN, 2013). Estudos mostram, ainda que crianças e adolescentes em acolhimento 
institucional estão mais expostas a abuso sexual do que crianças e adolescentes em 
acolhimento familiar (EUSER; THARNER; BAKERMANS, 2013). 
 
“Pode-se considerar que a plasticidade do desenvolvimento humano favorece a 
possibilidade de ressignificação de vínculos afetivos entre pessoas que viveram maus 
tratos e violações de direitos. 
Assim, o acolhimento familiar traz a possibilidade de a criança ter uma nova referência 
na construção de vínculos afetivos, um outro espaço de subjetivação e de ressignificação 
de si e das relações parentais. A convivência em uma família de suporte, de 
acolhimento, auxilia na construção de sua personalidade, alterando modelos relacionais, 
favorecendo novas aprendizagens. 
Nesse sentido, podemos pensar que o acolhimento familiar previne ou rompe com um 
ciclo de violência, por vezes geracional, ao propiciar modelos de relação que são de 
 
 8 
suporte e não violentas”. Nina Rosa Costa20 
Fonte: GUIA DE ACOLHIMENTO FAMILIAR, 2021 (no prelo) 
Um dos estudos que traz com maior clareza os malefícios da institucionalização para o 
desenvolvimento infantil, especialmente na primeira infância, e os consequentes benefícios do 
acolhimento familiar é o estudo longitudinal denominado “Órfãos da Romênia”3, realizado por 
pesquisadores da Universidade de Harvard - demonstram que a permanência de crianças e 
adolescentes em instituições, especialmente nos primeiros anos de vida,pode causar danos ao 
seu desenvolvimento. Tal estudo demonstrou também que tais prejuízos são minimizados 
quando as crianças são cuidadas em serviços de acolhimento em famílias acolhedoras – que 
proporciona um ambiente familiar, atenção e vínculo individualizados. 
Assista a uma pílula do documentário O Começo da Vida, que traz o resumo de estudo “Órfãos 
da Romênia” pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=QmKggL2oJeo 
 
Priorização da medida de acolhimento familiar na primeira infância 
 
Diante das evidências científicas que demonstram os benefícios do acolhimento 
familiar, especialmente durante a primeira infância, a lei 12.010/2009 instituiu oficialmente, 
em 3 de agosto de 2009, o acolhimento familiar como parte do sistema de acolhimento de 
crianças e adolescentes e dá preferência ao acolhimento em famílias acolhedoras em 
detrimento do acolhimento institucional. 
Art. 34. § 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de 
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, 
observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da 
medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
Onze anos depois, o número de serviços de família acolhedora, bem como de famílias 
acolhendo, pouco avançou. Provavelmente pensou-seque, com o tempo, a política de 
 
3Programa de Intervenção Precoce de Bucareste: Charles A. Nelson III, Escola de Medicina de Harvard e 
do Hospital deCrianças de Boston; Nathan A. Fox, Universidade de Maryland;Charles H. Zeanah, da 
Universidade de Tulane, em cooperação com o novo governo romeno. 
https://www.youtube.com/watch?v=QmKggL2oJeo
 
 9 
acolhimento familiar cresceria frente aos evidentes benefícios que o atendimento 
personalizado traria para as crianças e adolescentes. Não foi assim. 
De acordo com Castro, Melo, Pereira, Carmo (2016, p. 254), “um dos principais 
desafios da política de assistência social no que se refere à promoção do direito à convivência 
familiar consiste na implantação e qualificação de serviços de acolhimento em famílias 
acolhedoras no Brasil”. Este desafio contou com uma nova perspectiva de implementação a 
partir do reforço trazido pelo Marco Legal da Primeira Infância, que em seu artigo 28, alterou o 
artigo 34 do Estatuto da Criança e do Adolescente: 
Art. 28. O art. 34 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 , passa a vigorar 
acrescido dos seguintes §§ 3º e 4º: 
“Art. 34. ...................................................................... 
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em 
família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe 
que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em 
residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não 
estejam no cadastro de adoção. 
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e 
municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família 
acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família 
acolhedora.” (NR) (Lei 13.257/2016) 
 
Contudo, “para além das questões inerentes à gestão pública, a implantação destes 
Serviços implica a necessidade de uma mudança cultural da sociedade brasileira, para uma 
maior adesão a essa alternativa de acolhimento” (CASTRO e col., 2016, p. 254). De fato, a 
oferta do Serviço de Acolhimento só é possível a partir da disponibilidade de famílias 
pertencentes à sociedade acolherem crianças encaminhadas pela Justiça e assumirem seus 
cuidados e proteção, no período em que a situação jurídica da criança seja definida, seja para 
retorno à família de origem ou para colocação em família por adoção. Neste sentido, o Serviço 
de Família Acolhedora representa uma parceria entre o poder público e indivíduos comuns da 
sociedade, a fim de oferecer à criança um ambiente familiar, que possibilite um atendimento 
individualizado e personalizado, como medida protetiva. 
Como vimos, o reconhecimento da importância de cuidados personalizados e 
interações afetivas estáveis indica que o ambiente familiar é o mais favorável ao 
desenvolvimento na primeira infância. Isso tem mobilizado a oferta da modalidade de 
Acolhimento Familiar como medida protetiva mais adequada em casos de necessidade de 
afastamento da criança do convívio familiar original. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art34%C2%A73
 
 10 
Apesar da previsão no ECA de priorização da oferta de serviços de acolhimento em 
famílias acolhedoras, a imensa maioria dos serviços de acolhimento para crianças e 
adolescentes no Brasil ainda segue o modelo institucional. De acordo com o Censo SUAS2018, 
apenas 4% das crianças e dos adolescentes estavam acolhidos em famílias acolhedoras. 
A transição do modelo prevalente de acolhimento – do institucional para o familiar – e 
a redução do hiato entre o ECA e a realidade é um caminho necessário para a concretização do 
direito das crianças e dos adolescentes de serem acolhidos, prioritariamente, em famílias 
acolhedoras. E assim seguirem o curso do desenvolvimento em ambiente familiar, no período 
em que a medida protetiva de acolhimento for necessária. 
Nesse sentido, Valente (2014), afirma: 
Pode-se inferir que a convivência familiar oferecida a partir de um serviço de 
acolhimento em família acolhedora atende a importantes aspectos inscritos 
no necessário desenvolvimento humano: é possível compreender que a 
política pública precisa repensar a prática oferecida às crianças e 
adolescentes inseridos nos serviços de acolhimento institucional, para que o 
direito possa ser exercido para além das necessidades de alimentação, de 
moradia, de vestuário, e atingir o necessário desenvolvimento expresso a 
partir do cuidado e da proteção, com vistas no exercício do pertencimento 
social, que se inicia no reduto da convivência doméstica(p.294). 
 
Assista a um vídeo sobre o porquê da implantação e da preferência do acolhimento em 
famílias acolhedoras: Acesse no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=TS3kBhhM31g&list=PLvL7fvVsqLGq-
Dx3iMdbQwk_ZHxQSMf9P&index=9 
O serviço de família acolhedora é um serviço de delicadezas e sutilezas. E necessário 
que os candidatos tenham uma formação inicial que contemple entrevistas com a equipe 
técnica com os adultos da família, entrevistas com as crianças e adolescentes do grupo familiar 
(se houver), entrevistas com o grupo familiar completo, visitas nas residências dos candidatos 
para observação da dinâmica familiar. Após isto, inicia-se a formação grupal dos técnicos (um 
grupo com adultos e um grupo com os filhos destes adultos) onde irão observar a dinâmica 
comportamental de cada grupo e seus integrantes. 
Após esta formação inicial, que de preferência deve ter no mínimo de 30 horas de 
atividades, a equipe realiza nova conversa com cada grupo familiar onde dará uma devolutiva. 
A este grupo novo de famílias habilitadas deve-se somar o antigo grupo de famílias 
https://www.youtube.com/watch?v=TS3kBhhM31g&list=PLvL7fvVsqLGq-Dx3iMdbQwk_ZHxQSMf9P&index=9
https://www.youtube.com/watch?v=TS3kBhhM31g&list=PLvL7fvVsqLGq-Dx3iMdbQwk_ZHxQSMf9P&index=9
 
 11 
acolhedoras para que cresçam juntos na caminhada de formação com as trocas de 
experiências e construindo respostas para dúvidas comuns. 
A superação do desafio de oferecer cuidados baseados no interesse superior da 
criança, em uma parceria com o poder público, que por sua vez também requer revisão de 
conceitos e crenças, exige uma mudança cultural e o envolvimento dos atores chaves para a 
implementação do serviço de acolhimento familiar: os gestores da política de Assistência 
Social, os juízes da Infância e da Juventude, os promotores de justiça, os defensores públicos e 
as famílias da comunidade que se disponibilizem ao acolhimento. 
 
Você pode acompanhar um pouco mais o significado da Família Acolhedora, assistindo ao 
vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=w68c24l2g34 
 
 
Para saber mais: 
• GUIA DE ACOLHIMENTO FAMILIAR, Coalizão pelo Acolhimento Familiar, 2021 (no 
prelo). Disponível em na biblioteca do curso. 
• 1º Encontro do Sistema de Justiça: A prioridade do Acolhimento Familiar. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=aZN9WhAtpew&t=13351s 
• VALENTE, Jane. As relações de cuidado e de proteção no serviço de acolhimento, 
2013. Disponível em:<https://www.paulus.com.br/assistencia-social/wp-
content/uploads/2014/12/familia-acolhedora.pdf> 
• Instituto Fazendo história. Família acolhedora: acolhendo a primeira infância, 2019. 
Disponível em: 
<https://static1.squarespace.com/static/56b10ce8746fb97c2d267b79/t/5d3622ad42b
5000001a80d58/1563828984034/WEB+_LIVRO+FAM%C3%8DLIAS+ACOLHEDORAS+07
+JULHO+2019+FINAL.pdf 
• Manual de Acolhimento Familiar. Tribunal de Justiça do Paraná. Disponível em: 
https://www.tjpr.jus.br/documents/11900/4588702/Manual+de+Acolhimento+Famili
ar+-+Orienta%C3%A7%C3%B5es+Iniciais/c28d62b6-0f50-242b-4f50-8d3acb0f303c 
https://www.youtube.com/watch?v=w68c24l2g34
https://www.paulus.com.br/assistencia-social/wp-content/uploads/2014/12/familia-acolhedora.pdf
https://www.paulus.com.br/assistencia-social/wp-content/uploads/2014/12/familia-acolhedora.pdf
https://static1.squarespace.com/static/56b10ce8746fb97c2d267b79/t/5d3622ad42b5000001a80d58/1563828984034/WEB+_LIVRO+FAM%C3%8DLIAS+ACOLHEDORAS+07+JULHO+2019+FINAL.pdfhttps://static1.squarespace.com/static/56b10ce8746fb97c2d267b79/t/5d3622ad42b5000001a80d58/1563828984034/WEB+_LIVRO+FAM%C3%8DLIAS+ACOLHEDORAS+07+JULHO+2019+FINAL.pdf
https://static1.squarespace.com/static/56b10ce8746fb97c2d267b79/t/5d3622ad42b5000001a80d58/1563828984034/WEB+_LIVRO+FAM%C3%8DLIAS+ACOLHEDORAS+07+JULHO+2019+FINAL.pdf
https://www.tjpr.jus.br/documents/11900/4588702/Manual+de+Acolhimento+Familiar+-+Orienta%C3%A7%C3%B5es+Iniciais/c28d62b6-0f50-242b-4f50-8d3acb0f303c
https://www.tjpr.jus.br/documents/11900/4588702/Manual+de+Acolhimento+Familiar+-+Orienta%C3%A7%C3%B5es+Iniciais/c28d62b6-0f50-242b-4f50-8d3acb0f303c
 
 12 
• E-book gratuito sobre Acolhimento Familiar. Instituto Geração Amanhã. Disponível 
em: https://geracaoamanha.org.br/ebookaf/https://geracaoamanha.org.br/ebookaf/ 
• Serviços de Acolhimento Familiar, no Seminário Nacional da Primeira Infância, 
Ministério da Cidadania. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ZBZd43W1-
2E&list=PLIJkyFU4BtJchhXndBn4IFtVgz4R0za6H&index=2 
 
 
https://geracaoamanha.org.br/ebookaf/https:/geracaoamanha.org.br/ebookaf/

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