Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Beatriz Macedo, Beatriz Melo, Gabriel Andrade, Harrison Reis e Lara Bianca Problemas de desenvolvimento neuropsicomotor Aspectos-chave Os problemas no desenvolvimento neuropsicomotor são subdiagnosticados; 04 01 02 03 É importante em todas as consultas de puericultura, o desenvolvimento infantil ser avaliado cuidadosamente, em especial aos 9, 18, 24 e 30 meses; As causas desses problemas são diversas, mas raramente há necessidade de um diagnóstico etiológico; O envolvimento dos pais como parceiros, assim como da equipe multidisciplinar, seja no rastreamento, seja no plano da intervenção, é fundamental para obter êxito no tratamento. Do que se trata? O desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) não termina com o parto; Continua até cerca dos três primeiros anos de vida; O MFC deve conhecer e reconhecer essas etapas ao longo das consultas de puericultura; As aquisições neuropsicomotoras são sequenciais e evoluem no sentido craniocaudal. Qualquer regressão na aquisição do desenvolvimento deve constituir um alerta para o médico da família e comunidade Proporcionar condições psicossociais como amor, afeto e meio familiar com estabilidade para o pleno desenvolvimento neuropsicomotor; Subdiagnóstico (afeta a área motora, a cognitiva, a sensorial, a emocional e a social). 16% das crianças tenham alguma alteração do seu desenvolvimento, mas dessas apenas 30% têm alguma identificação antes da entrada na escola; A primeira avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) deverá ocorrer no hospital, logo após o nascimento. O MFC tem a responsabilidade de iniciar a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor o mais precoce possível, de preferência aos 15 dias de vida. A visão e a audição são os dois sentidos que mais rapidamente evoluem; Nessa fase eles ainda mantém os reflexos primitivos Os três meses são outro momento considerado chave na observação do desenvolvimento. Já existe algum controle da cabeça; Nessa fase o bebê observa frequentemente as suas mãos, que agora já se mantêm mais abertas; Do ponto de vista motor, há uma maior agitação com movimentos dos membros superiores e inferiores. Na parte da comunicação, destacam-se o sorriso social (bem-estar e afeto) e a vocalização; Quanto à vocalização, ocorre inicialmente a vocalização de vogais (“e”, “o” e “a”) e depois consoantes (“m”, “g”, “p”, “b” e “q”); Dos 3 aos 6 meses, há vários ganhos no desenvolvimento, o controle cefálico é um dos mais importantes. 3 meses Fase oral; Por volta dos 9 meses, inicia-se a busca pela posição ereta. Faz pinça fina ou digital. Começa a pronunciar palavras como “mamã” ou “papa”; A verdadeira tentativa para andar inicia-se por volta dos 10 e aos 12 meses, quando a criança começar a dar os primeiros passos com apoio. Grande parte das crianças já consegue andar sozinha entre os 12 e os 15 meses. O MFC deve perguntar o que a criança já aprendeu com a família. Aos 18 meses, há um bom controle locomotor. Procura explorar tudo o que se encontra em seu redor. Já se entretém brincando sozinha. Procura imitar o adulto em várias tarefas. Conhece o significado de 500 palavras, verbalizando entre 6 a 26. Aos 2 anos, há uma maior destreza; Maior controle do seu esfíncter anal e vesical; Um dos grandes marcos do desenvolvimento dos 3 anos é o processo de socialização; Amigos imaginários; “Por quê?”, “Onde?”, “Quem?” Diferença entre o que é permitido e o que é proibido. Já reconhece algumas cores; A linguagem oral está mais desenvolvida; Aos 4 anos, os “Por quês?” intensificam-se; A criança já faz sua higiene sozinha; A agilidade e o equilíbrio são notáveis aos 5 anos; Já se expressa corretamente, algumas vezes, se confunde com alguns sons como “s-f-v”. Pergunta frequentemente o significado de termos abstratos; E boa parte das suas brincadeiras já representam cenas da vida real; Já utiliza a faca e o garfo; Avaliação do desenvolvimento Levanta a cabeça em decúbito ventral Mãos fechadas Segue bola pendente a 20-25 cm Sorriso presente às 6 semanas Fixa faces Chora quando desconfortável Para e pode voltar os olhos em direção a certos sons 1º mês Segura a cabeça quando colocado em posição sentado Apoia-se nos antebraços em decúbito ventral elevando a cabeça De pé, flete os joelhos não fazendo apoio Membros com movimentos ritmados Abre as mãos e junta-as na linha média levando em direção ao queixo e à boca Sorri Responde à aproximação de uma face familiar Volta-se em direção aos sons Vocaliza 3º mês Apoia-se nas mãos em em decúbito ventral Roda sobre si mesmo Mantém-se sentado sem apoio De pé, faz apoio Leva os objetos à boca Transfere objetos Preensão palmar Ativo, atento e curioso Dá gargalhadas 6º mês Põe-se de pé com apoio Tem preensão e manipulação Leva tudo à boca Aponta com o indicador Inicia pinça fina Atira objetos ao chão e procura o que caiu Senta-se sozinho e roda nos dois sentidos 9º mês Mastiga Distingue familiares de estranhos Sinais de angústia de separação Repete sílabas ou sons do adulto Atenção rápida para sons perto ou longe Localiza sons suaves Reconhece o seu nome 9º mês Engatinha Põe-se de pé e abaixa-se com ajuda das mãos Passa da posição de decúbito dorsal a sentado Procura o objeto escondido Bebe pelo copo com ajuda Segura a colher, mas ainda não a usa 12º mês Ajuda a vestir-se Demostra afeto Compreende ordens simples Jargão Diz as primeiras palavras 12º mês Anda bem Apanha objetos do chão Faz rabiscos mostrando preferência por uma mão Olha livro com bonecos, mas folheia-o mal Faz torre com três cubos Bebe sozinho pelo copo Segura colher e leva à boca 18º meses Usa de 6 a 26 palavras reconhecíveis Faz torre com três cubos alimentos à boca Indica necessidade de ir ao banheiro Indica certas partes do corpo Começa a copiar atividades domésticas 18º meses Sobe e desce lance de escadas com os dois pés no mesmo degrau Corre Imita rabisco circular Gosta de ver livros e vira uma página por cada vez Faz torre de seis cubos Usa bem a colher Põe o chapéu e os sapatos 2 anos Controle de esfíncter anal e vesical durante o dia Diz o seu primeiro nome Faz frases curtas Fala sozinho ao brincar Nomeia objetos Linguagem por vezes incompreensível Repete 2 anos Equilíbrio momentâneo em um só pé Sobe escadas alternadamente, mas desce com os dois pés no mesmo degrau Copia o círculo e a cruz Constrói torre com nove cubos Conhece o vermelho e o amarelo Come com colher e garfo Vai sozinho ao banheiro Despe-se sozinho se desabotoarem o vestuário Sabe o seu nome e sexo Dificuldade na articulação e imaturidade de linguagem 3 anos Fica em um pé sem apoio por alguns segundos Nomeia quatro cores básicas Pode vestir-se e despir-se, com exceção de abotoar Sabe o seu nome completo e a sua idade Salta em um pé só Constrói escadas com seis cubos atrás ou dar laços Gosta debrincar com crianças de idade próxima à sua Sabe esperar pela sua vez Lava mãos, rosto e limpa-se sozinho 5 anos Sinais de Alarme Ausência de tentativa de controle da cabeça na posição sentado Hiper e hipotonicidade na posição de pé ou quando suportado na posição ventral Nunca segue a face humana Não sorri Não se mantém em situação de alerta, nem por breves momentos 1º e 2º mês Não fixa nem segue objetos Não vira os olhos ou a cabeça para o som (nem voz humana) Deixa cair a cabeça para trás quando tracionado pelas mãos e antebraços Membros rígidos e/ou mãos sempre fechadas Postura assimétrica Chora sempre que alguém o toca Pobreza de movimentos Sobressalto ao menor ruído Ausência de controle de cabeça 3º e 4º mês Membros inferiores rígidos e passagem direta à posição de pé quando tenta se sentar Não olha nem agarra nenhum objeto Assimetria na postura Não reage aos sons Não vocaliza Não manifesta interesse pelo meio que o rodeia Estrabismo manifesto e constante 6º mês Não se senta Quando sentado, permanece imóvel sem tentar mudar de posição Sem preensão palmar e não leva os objetos à boca Não reage a sons Vocaliza monotonamente ou perde a vocalização Não estabelece relações preferenciais Engasga-se com facilidade Estrabismo 9º mês Não aguenta peso nas pernas Permanece imóvel e não procura mudar de posição Assimetrias Não pega nos brinquedos ou os pega apenas com uma mão Não responde à voz Não brinca nem estabelece contato Não mastiga 12º mês Não se põe em pé Anda sempre nas pontas dos pés Assimetrias Não faz pinça fina Não responde quando o chamam Não vocaliza espontaneamente nem usa palavras soltas Não estabelece contato Não se interessa pelo que o rodeia Joga fora os objetos ou leva-os sistematicamente à boca Estrabismo 18º mês Não anda Joga fora objetos Não constrói nada Não parece compreender o que lhe dizem Não pronuncia palavras inteligíveis Não estabelece contato nem se interessa pelo que está ao seu redo Não procura imitar Estrabismo 2 anos 4-5 anos Linguagem incompreensível, substituições fonéticas, gaguez Estrabismo ou suspeita de déficit visual Transtorno do comportamento O que pode ocasionar? Naturalmente, existe ainda uma inter-relação entre fatores biológicos, ambientais e sociais no que se refere ao DNPM. Se uma criança não for corretamente estimulada, seja do ponto de vista cognitivo, seja do ponto de vista sensorial, ou mesmo social, ela pode apresentar alterações do desenvolvimento sem que tenha qualquer compromisso biológico/genético. O que fazer? “ É fundamental a avaliação do desenvolvimento na criança para promover um crescimento físico e mental ótimos, assegurar um diagnóstico precoce do problema, um tratamento adequado e, eventualmente, descobrir as causas do problema para tentar promover meios para a sua prevenção. —Mary Sheridan É fundamental o conhecimento da criança e do seu meio, do seu contexto sociofamiliar, pois crianças em meios desfavorecidos e com diferentes tipos de estimulação não terão necessariamente as mesmas aquisições que crianças de outros meios sociais. Avaliação da criança Avaliação da criança Essa avaliação requer um conhecimento claro do que se espera que a criança adquira ao logo do seu crescimento e dos sinais de alerta Nem sempre algumas das alterações isoladas têm significado patológico, podendo tratar-se de uma variação do normal. Avaliação da criança Segundo a Canadian Task Force, 3 não há evidências nos estudos randomizados controlados (ECRs) de que a realização de rastreamento com testes padronizados em crianças sem queixas para atraso no desenvolvimento traga algum benefício para a saúde dessas crianças. Além disso, a presença, nos testes, de resultados falsopositivos é motivo de muita angústia para os pais, bem como a intervenção de condutas desnecessárias, que podem trazer consequências. Avaliação da criança É suficiente o acompanhamento de puericultura no qual é feita a avaliação clínica do desenvolvimento infantil. Durante a consulta, é importante uma postura atenta, observando desde o momento em que a criança entra no consultório, seu comportamento, seus interesses com o novo ambiente, sua relação com a mãe e o pai e, principalmente, o contexto social e cultural em que a família está inserida. Aspectos que não podem ser esquecidos Estar atendo às preocupações dos pais Manter seguimento do desenvolvimento Estar atento à observação da criança Identificar fatores de risco e fatores protetores Registrar todo o processo e respectivos resultados Conduta proposta Traçar perfil de desenvolvimento. Pode ser feita no domicilio ou instituição de origem Modelo inclusivo Quando Referenciar ALTERAÇÃO EM TESTE DE RASTREAMENTO = REFERENCIAMENTO Precocidade Intervenção terapêutica Equipe multidisciplinar Identificação de perfil funcional Diagnóstico e possível etiologia Reajuste constante Testes descontextualizados Prematuridade Observação desatenta Erros Frequentes Dependente do tipo de problema Idade do diagnóstico Tempo entre diagnóstico e intervenção Prognóstico e complicações Atividades Preventivas e Educativas Prevenir e conscientizar os pais: A criança não tem culpa e os próprios pais não são responsáveis Estabelecimento de regras, não sendo muito restritivos e nem permissivos Evitar comparações Buscar envolvimento nas atividades da criança Papel da Equipe Multiprofissional Referencia primária – pediatra ligado à area do desenvolvimento Atrasos de linguagem ligados a audição – otorrinolaringologista Alterações mmotoras – fisiatria Distúrbios de linguagem – fonoaudiólogos Estimulação cognitivo comportamental – terapeutas ocupacionais Chave do sucesso Detecção célere, diagnóstico preciso e intervenções apropriadas Árvore da decisão Obrigado!
Compartilhar