Buscar

A escola no epicentro da crise social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

De qual lugar eu falo? Onde me situo? Por Locimar Massalai 
Qualquer questão ao ser analisada precisa ser olhada a partir de uma rede de 
relações mais ampla e contextualizada sempre. 
O marxismo e a psicanálise influenciaram propagaram na necessidade de 
contextualizar o objeto para melhor compreendê-lo em toda sua complexidade 
principalmente em seus aspectos menos transparentes. 
O marxismo: por enfatizar que a realidade não se revela de imediato e 
automaticamente. Enfatiza o contexto social e histórico tentando apreender a realidade 
em sua complexidade maior. 
Para a Psicanálise o sujeito não consegue apropriar-se de si mesmo porque também 
ele é constituído de mecanismos psicológicos que dificultam e impedem seu acesso à 
própria realidade psicológica. 
A escola desponta como um estabelecimento de grande destaque, como se fosse o 
carro-chefe da organização social. 
É no contexto da contemporaneidade, marcado por profundas transformações das 
instituições sociais e da subjetividade, que gostaríamos de pensar a escola. 
A crise institucional e a educação formal 
O sujeito contemporâneo: 
Não é mais fixo , identitário; 
Vive constantes transformações de idéias; instável,pluralista 
É um desassentado; 
Cada vez mais individualizado e liberado; 
A sociedade contemporânea: 
Não reprime e nem confina em espaços fechados; 
A disciplina está dando lugar ao controle; 
As famílias são polifórmicas 
O tempo contínuo gera outra forma de aprisionamento; 
Grande dispêndio de energia do sujeito. 
A família já não é o lugar apropriado para se educar. 
A escola e seu foco de trabalho 
Atrelada às ciências e à racionalidade técnica; 
Solicitada a absorver diferentes funções; 
Vista como super instituição que deve formar o nômade; 
Depositária dos fracassos de suas coirmãs; 
Vivencia tensões de todas as esferas: social ,econômica, afetiva e emocional 
O ritmo acelerado da vida não pode esperar a escola 
 
 
A escola continua sendo extremamente valorizada e preservada. 
É vista como imprescindível para o atendimento das demandas de formação 
intelectual e transmissão dos legados da cultura e é tida como remédio para quase 
todos os males. 
Não é a toa que virou lugar comum de dizer que “lugar da criança é na escola”. 
A crescente expansão da violência doméstica colocou a família como um lugar de 
risco, de pouca confiabilidade e sob suspeição quanto à sua capacidade de cuidar e 
educar a criança. 
Ninguém ousa criticar a escola a ponto de propor sua desmontagem. Ela continua 
sendo o grande sustentáculo da sociedade e considerada como elemento chave na 
formação do sujeito. 
Sobre a escola recai hoje a responsabilidade da formação integral, ou seja, é 
encarregada da tarefa de cuidar do desenvolvimento da criança e do adolescente no 
plano cognitivo, emocional, afetivo, social, político e tantos outros tidos como 
necessários para a formação do sujeito deste tempo. 
IMPORTANTE: 
Chega ser paradoxal visualizar o funcionamento social hoje primando pelos espaços 
abertos, pela automação, pelas relações impessoais, pela sociedade dispersiva, e, ao 
mesmo tempo, ainda mantendo a escola como espaço fechado e de confinamento 
organizado por segmentações rígidas de tempo e espaço, como muito bem demonstra 
a existência da clássica sala de aula, a divisão dos alunos em turmas e seriação. 
 
Talvez estejamos tentando recuperar territórios psicossociais provedores de 
proximidade, segurança, estabilidade, identidades bem estabelecidas e tantas outras 
condições perdidas e hoje vistas como preciosidades. Mas, pode ser também que 
estejamos num momento agudo de transição de um modelo para outro, indispensável 
para o aprofundamento das transformações psicossociais em curso. 
A escola, seja como for, está substituindo a família como instituição social primária 
encarregada do acolhimento e da formação básica do sujeito. Sobre ela recaem os 
maiores encargos da formação biopsicológica e social, além de ser colocada como 
instituição estratégica para a solução dos principais problemas e desafios do mundo 
contemporâneo. 
Dadas todas as contradições que permeia a escola, não se pode estranhar que ela 
seja um “barril de pólvora”. Afinal, é o lugar de compreensão dos problemas e tensões 
de todas as esferas - econômica, social, política, emocional e afetiva – onde 
subjetivações das condições vividas nesse tempo acontecem de forma intensa e com 
toda a radicalidade. 
A escola, no entanto, tal como está estruturada, enfrenta obstáculos sérios para lidar 
com as demandas desse sujeito contemporâneo, nômade, múltiplo, diverso, 
expandido, flanador e tribalista, que se constitui no movimento, na errância, no 
trânsito, no deslocamento de um lugar a outro em qualquer plano da vida. 
Enquanto o sujeito contemporâneo se constitui num tempo e num espaço ampliados, a 
escola continua com sua constituição fincada num tempo e num espaço constritos e 
fechados. 
Vivemos a era da instantaneidade, da superficialidade e do consumismo, inclusive no 
plano intelectual, e essa é uma das razões pelas quais uma formação acurada, 
profunda, sólida e consistente não tem mais lugar, é uma anacronia. 
Mas se a escola está defasada em relação à lógica do funcionamento do mundo atual, 
por que continua firme sólida e prestigiada? 
É fato que a educação de ponta começa a se dissociar da escola, criando e elegendo 
outras organizações e veículos para produzir e difundir conhecimentos, tecnologia e a 
cultura de maneira geral. 
As iniciativas de ensino à distância, embora ainda com dificuldades, apontam outra 
possibilidade de caminho para a educação fora da escola.

Continue navegando