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Gestão de Tecnologias na Escola Possibilidades de uma Prática Democrática

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[1] 
Gestão de Tecnologias na Escola: Possibilidades de uma Prática Democrática 
MARIA ELIZABETH BIANCONCINI DE ALMEIDA1 
O Sentido das Palavras 
Compreender o que  é  a  gestão de  tecnologias na  escola  implica  começar  a pensar no 
conceito primeiro de tecnologia e de gestão.  
Tecnologia é um  conceito  com múltiplos  significados, que variam  conforme o  contexto 
(Reis,  1995),  podendo  ser  vista  como:  artefato,  cultura,  atividade  com  determinado 
objetivo,  processo  de  criação,  conhecimento  sobre  uma  técnica  e  seus  respectivos 
processos etc. Japiassu e Marcondes (1993, p. 232) acentuam o sentido da palavra técnica 
na ciência moderna como a “aplicação prática do conhecimento científico  teórico a um 
campo específico da atividade humana”. 
Em 1985, Kline (Reis, 1995, p. 48) propôs uma definição de tecnologia como o estudo do 
emprego de ferramentas, aparelhos, máquinas, dispositivos, materiais, objetivando uma 
ação deliberada e a análise de seus efeitos. Envolve o uso de uma ou mais técnicas para 
atingir determinado resultado, o que inclui as crenças e os valores subjacentes às ações, 
estando  relacionada  com  o  desenvolvimento  da  humanidade,  sua  emancipação,  ou 
controle e dominação. 
Ciência  e  tecnologia  formam  um  complexo  e,  ao  optar  por  determinada maneira  de 
utilizá‐las, o ser humano revela sua forma de ver e  interpretar o mundo e se posicionar 
diante  dele  como  sujeito  histórico  de  seu  tempo  e  lugar.  A mesma  tecnologia  ou  o 
mesmo  conhecimento  elucidativo,  que  enriquecem  o  saber  humano,  favorecem  novas 
conquistas  e  geram  a evolução,  a  libertação e  a  transformação da  sociedade,  também 
podem provocar a subjugação da humanidade e ameaçar o ecossistema. 
                                                            
1 Professora na PUC/SP, Departamento de Ciência da Computação e Programa de Pós‐Graduação 
em Educação: Currículo,  linha Novas Tecnologias. Doutora em Educação, PUC/SP. Coordenadora 
do Projeto de formação de gestores educacionais “Gestão escolar e tecnologias”, da PUC/SP em 
parceria  com  Secretaria  de  Estado  da  Educação  de  São  Paulo  e  Microsoft  Brasil.  Autora  de 
publicações sobre Tecnologia, educação a distância e formação de educadores. Consultora dessa 
série. 
 
 
[2] 
Assim  como  tecnologia,  o  conceito  etimológico  de  gestão  traz  diversos  sentidos 
decorrentes da ação de gestar, trazer, ou do efeito de gerir, administrar, dirigir, proteger, 
abrigar  ou,  ainda,  produzir,  criar,  ter  consigo,  nutrir, manter, mostrar,  fazer  aparecer, 
digerir, pôr em ordem, classificar... (Dicionário Houaiss, 2001). 
Atualmente, a noção de gestão no âmbito das organizações engloba os processos sociais 
que nelas se desenvolvem e as complexas relações que se estabelecem em seu interior e 
exterior. Gestão  organizacional  passou  a  ser  um  conceito  abrangente  e  dinâmico,  que 
extrapola  a  concepção de organização  administrada  como máquina  e  se  aproxima dos 
paradigmas associados à sociedade da informação e às mudanças de suas práticas com o 
intenso  uso  das  tecnologias  de  informação  e  comunicação,  o  que  gera  uma  outra 
dimensão  da  gestão,  que  trata  da  gestão  de  informações  e  conhecimentos  (Vieira, 
Almeida e Alonso, 2003). 
A  rede de  informações e conhecimentos  tecida na organização constitui um organismo 
vivo,  cujo  sistema  tem  uma  capilaridade  que  se  realimenta  do  próprio  contexto,  das 
competências  individuais, projetos, recursos e conhecimentos produzidos  internamente, 
bem como do que é gerado no ambiente externo. Essa rede representa mais do que um 
recurso tecnológico, tendo a função de organizar e viabilizar as ligações (conexões) entre 
as  informações  (nós), processá‐las, mantê‐las em memórias dinâmicas,  realizar a busca 
seletiva e sua atualização instantânea.  
À  semelhança  dos  organismos  vivos,  as  organizações  educacionais  englobam  distintas 
dimensões  do  sistema  educativo,  destacando‐se  as  dimensões  cognitivas,  sociais, 
políticas, pedagógicas,  técnico‐administrativas e as  redes de conexões que articulam os 
distintos elementos que interferem em sua vida e funcionamento.  
A visão de gestão no contexto escolar representa a orientação e a  liderança da rede de 
relações complexas que se estabelecem em seus espaços, caracterizada pela diversidade, 
pluralidade  de  interesses  e  movimentos  dinâmicos  de  interação  e  mudanças  que 
emergem no conflito de interesses e dinamizam a dialética das relações. 
Nessa  perspectiva,  a  concepção  de  gestão  educacional  assume  um  significado 
abrangente,  democrático  e  transformador,  que  supera  e  relativiza  o  conceito  de 
administração escolar, embora não o despreze, porque ele constitui uma das dimensões 
da gestão escolar voltada à compreensão da escola como espaço de conflitos de relações 
 
 
[3] 
interpessoais;  de  negociação  entre  interesses  coletivos  e  projetos  pessoais  para  a 
construção do projeto político‐pedagógico da escola; de democratização dos processos e 
produtos; de emergência e alternância de lideranças; de socialização de tecnologias e sua 
utilização  na  produção  de  saberes,  no  acompanhamento  de  suas  atividades;  na 
identificação  e  articulação entre  competências, habilidades e  talentos das pessoas que 
atuam na escola, com vistas à resolução de suas problemáticas. 
A  gestão  de  tecnologias  na  escola  implica  compreender  e  articular  duas  concepções 
essenciais  a  esse processo:  gestão e  tecnologias,  cuja  conexão  se  viabiliza nas práticas 
escolares com o uso de tecnologias.  
 
Tecnologias e Gestão na Escola 
 A trajetória percorrida na  introdução de tecnologias na escola pode caracterizar‐se pela 
sujeição  de  professores,  alunos,  coordenadores  e  gestores  a meros  consumidores  de 
informações,  apresentando‐se  como  uma  barreira  à  criação  de  ambientes  de 
aprendizagem  mais  abertos,  permeáveis,  flexíveis  e  participativos.  A  par  disso,  se 
observam  práticas  de  uso  de  tecnologias  em  escolas  que  revelam  novos  papéis  dos 
agentes educativos como organizadores de  informações e criadores de significados, que 
apóiam  suas  atividades  no  estudo  de  fontes  externas  e  na  realização  de  atividades 
colaborativas  para  a  produção  de  conhecimentos  relacionados  com  a  resolução  de 
problemas concretos do contexto. Nesta última situação, as tecnologias são selecionadas 
e  agregadas  ao  trabalho  conforme  as  necessidades  da  atividade  em  realização  e  suas 
características intrínsecas. 
Em qualquer um dos casos, a atuação do gestor como liderança da escola é essencial! O 
gestor  líder é aquele que apóia a emergência de movimentos de mudança na escola e 
percebe nas tecnologias oportunidades para que a escola possa se desenvolver. Ele busca 
criar  condições  para  a  utilização  de  tecnologias  nas  práticas  escolares,  de  forma  a 
redimensionar seus espaços, tempos e modos de aprender, ensinar, dialogar e lidar com 
o conhecimento. Ele procura  identificar as potencialidades dos recursos disponíveis para 
proporcionar  a  abertura  da  escola  à  comunidade,  integrá‐la  aos  distintos  espaços  de 
produção  do  saber,  fazer  da  escola  um  local  de  produção  e  socialização  de 
 
 
[4] 
conhecimentos para  a melhoria da  vida de  sua  comunidade, para  a  resolução de  suas 
problemáticas, para a transformação de seu contexto e das pessoas que nele atuam.  
Compreender  as  potencialidades  inerentes  à  cada  tecnologia  e  suas  contribuições  ao 
ensinar e aprender poderá  trazer avanços  substanciais à mudança da escola, a qual  se 
relaciona com um processo de conscientização e transformação que vai além do domínio 
de  tecnologias  e  traz  subjacente  uma  visão  de  mundo,  de  homem,  de  ciência  e  de 
educação.Para que  seja possível usufruir as  contribuições das  tecnologias na escola, é 
importante  considerar  suas  potencialidades  para  produzir,  criar,  mostrar,  manter, 
atualizar,  processar,  ordenar,  o  que  se  aproxima  das  características  da  concepção  de 
gestão.  Tratar  de  tecnologias  na  escola  engloba  processos  de  gestão  de  tecnologias, 
recursos,  informações  e  conhecimentos  que  abarcam  relações  dinâmicas  e  complexas 
entre parte e todo, elaboração e organização, produção e manutenção. 
A  criação  de  redes  proporciona  a  superação  de  concepções  dicotômicas  e  entrelaça 
conceitos que se tornaram disjuntos pela ciência moderna. Deste modo, a escola e seus 
atores  e  autores,  sujeitos  do  ato  educativo,  têm  a  oportunidade  de  encontrar  nas 
tecnologias  o  suporte  adequado  ao  desenvolvimento  e  integração  entre  as  atividades 
técnico‐administrativas, políticas,  sociais e pedagógicas por meio de nós e  ligações que 
compõem a tessitura da rede.  
 
Gestão de Tecnologias na Escola 
Atualmente, muitos  autores  colocam  o  foco  de  seus  estudos  na  gestão  escolar.  Lück 
(2001) acentua a importância da tomada de consciência dos gestores para a sua atuação 
nas mudanças, uma vez que a realidade pode ser mudada a qualquer momento, quando 
as pessoas se compreendem como produtoras de sua realidade por meio de seu trabalho 
– práxis. Ela reafirma “a importância de se dirigir a instituição não impositivamente, mas, 
sim, a partir dela mesma, em sua relação integrada com a comunidade a que deve servir. 
Isso porque o homem, para conhecer as coisas em si, deve primeiro  transformá‐las em 
coisas  para  si  (Kosik,  1976,  p.  18)”.  Lück  traz  importantes  contribuições  para  se 
compreender a gestão escolar  transformadora e democrática. Embora ele não  leve em 
conta  as  contribuições  das  tecnologias  para  sua  concretização,  não  direcionando  seu 
 
 
[5] 
olhar  para  a  gestão  de  tecnologias,  os  aspectos  que  enfatiza  ajudam  a  entender  a 
apropriação e gestão das TIC no contexto escolar. 
É evidente que o profissional que não domina as  tecnologias existentes na escola, nem 
compreende as possíveis contribuições destas ao seu fazer profissional, tende a rejeitá‐las 
e não as coloca à disposição da comunidade para a construção coletiva de significados e 
sentidos no âmbito de seu contexto. Isso se evidencia em incontáveis situações em que a 
escola não se apropriou dos artefatos tecnológicos disponíveis em seus espaços, desde os 
mais  convencionais  (retroprojetor, microscópio, máquina  fotográfica  etc.)  até  as  TIC,  e 
não  faz a gestão desses recursos, os quais se encontram  ignorados em algum depósito, 
numa atitude incongruente com a proposta de gestão compartilhada. A incorporação de 
tecnologias nas atividades da escola envolve distintos aspectos da gestão decorrentes do 
efeito  de  gerir,  administrar,  proteger, manter,  colocar  em  ordem,  ou  seja,  de  tornar 
utilizáveis os recursos tecnológicos. Isto significa registrar, organizar, recuperar e atualizar 
as informações; produzir estratégias de comunicação e participação; abrigar e administrar 
as  atividades,  conteúdos  e  recursos;  gerir  ambientes  e  processos  de  avaliação; 
estabelecer novas relações com a história, consigo mesmo, com o mundo e com o saber. 
Paralelamente, no atual estágio de desenvolvimento das TIC, assiste‐se à incorporação de 
propriedades  de  distintas  tecnologias  em  um  único  artefato  tecnológico,  no  qual 
convergem diferentes formas de expressar o pensamento e representar o conhecimento 
pela integração de linguagens verbais, icônicas, sonoras, visuais, textuais e hipertextuais, 
as quais proporcionam novos modos de  criar, pensar,  comunicar,  interagir, aprender e 
ensinar, viabilizando o exercício do diálogo, a polifonia em relação à forma e ao conteúdo 
e à reconstrução de significados.  
Ao analisar as reações, manifestações e percepções expostas por gestores numa situação 
de formação semipresencial para a inserção das TIC, realizada pelo projeto Formação de 
Gestores  Escolares  e  Coordenadores  para  a  Gestão  de  Tecnologias  de  Informação  e 
Comunicação,  realizado  pela  PUC/SP  no  ano  de  2002,  em  parceria  com  o  ProInfo2‐
SEED/MEC2, UFPA e SEE/PA, Fontes (2004) encontrou elementos essenciais a considerar 
em programas de  inserção das TIC na escola. Destacam‐se os elementos: a  importância 
                                                            
2 Outros dados sobre o ProInfo/SEED podem ser obtidos em: http://www.proinfo.mec.gov.br. 
 
 
[6] 
do  trabalho coletivo; a  integração das atividades de uso das TIC nas práticas da escola, 
conforme  as  diretrizes  e  prioridades  do  seu  Projeto  Político‐Pedagógico;  o  incentivo  à 
criação de um fluxo de  informações e troca de experiências que favoreça a colaboração 
entre  professores,  alunos,  pais  e  comunidade  interna  e  externa  à  escola  e  a  gestão 
compartilhada; o acesso a redes de informações para a tomada de decisões; a criação de 
redes de pessoas que se  inter‐relacionam, produzem conhecimentos e convivem com as 
diferenças respeitando‐se mutua‐mente. 
Uma Prática Democrática de Gestão de Tecnologias 
Ao  levar  em  conta  os  elementos  identificados  na  formação  de  gestores  com  e  para  a 
inserção  das  TIC  na  escola  (Vieira,  Almeida  e  Alonso,  2003),  Fontes  (2004)  apontou  a 
mudança da atitude inicial dos gestores de desconfiança e resistência para a abertura ao 
novo, aceitação do uso,  incorporação das TIC e prazer ao utilizá‐las em suas práticas. O 
depoimento de um dos gestores/alunos do curso, em uma sessão de chat, realizado no 
ambiente  virtual  e‐ProInfo,  traz  indícios  dessa  mudança  que  se  evidenciam  no 
depoimento de uma diretora de escola: 
“Ontem nossa escola  teve um momento  ímpar, pois estamos numa nova  fase na escola 
(...) todos os funcionários da escola participaram do primeiro momento da elaboração do 
PPP [Projeto Político‐Pedagógico]. Usei o termo nova fase porque a coisa por aqui estava 
devagar.  Tivemos  a  participação  de  agentes  comunitários,  de  pais,  de  agentes  de 
segurança, dos professores, dos monitores.” 
No  final  da  formação,  emergem  novos  aspectos  da  mudança  de  perspectiva  do 
participante,  desta  feita  em  relação  à  concepção  de  gestão  escolar  compartilhada  e  à 
importância  de  esta‐belecer  parcerias  com  a  comunidade,  conforme  Fontes  (id.,  ibid.) 
observou no depoimento de outro gestor/aluno: 
“O  trabalho coletivo na escola é uma necessidade. O papel do gestor em  transformar o 
ambiente  escolar  em  um  ambiente  democrático  é  um  desafio  (...)  nossa  primeira 
conquista deverá ser dos parceiros internos, como conseguir? Convidando‐os a assumirem 
o papel de co‐responsáveis pelo sucesso/fracasso das ações escolares. O segundo ponto é 
a conquista da comunidade externa ao ambiente escolar.”  
Evidencia‐se,  na  atitude  desse  gestor,  um  “exercício  efetivo  da  liderança  enquanto 
elemento  integrador  e  catalisador  dos  esforços  do  grupo”  (Alonso,  2002,  p.  29),  para 
 
 
[7] 
incorporar  as  TIC  dentro  de  uma  ótica  integradora  e  democrática. Outro  gestor/aluno 
mostra, em seu depoimento, que a cultura tecnológica começa a se expandir na escola e 
as  TIC  ocupam  espaços  diversificados  para  uso  em  atividades  diversas,  conforme  suas 
características e demandas, salientadas no depoimento do aluno/gestor: 
“Eu vejo a informática como um modo de motivar, de despertar nos alunos o interesse em 
apreender  (...) Nós  temos computadores nos  laboratórios, nas secretarias, nas salas dos 
pedagogos.  Falta  na  sala  de  leitura,  que  eu  estou  correndo  atrás.  Eu  pretendo  colocar 
computador até na cozinha, para atualização do estoque da merenda.” 
As  mudanças  observadas  por  Fontespodem  tornar‐se  mais  efetivas  caso  a  rede  de 
colaboração criada durante o curso permaneça ativa, ou podem arrefecer, se os gestores 
se  sentirem  sozinhos  e  sem  ter  com  quem  trocar  suas  experiências,  apoiando‐se 
mutuamente nas conquistas e dissabores. Evidencia‐se a  importância de se desenvolver 
programas  de  formação  voltados  para  as  especificidades  do  trabalho  dos  gestores, 
alicerçados  na  articulação  entre  as  dimensões  administrativas  e  pedagógicas,  na 
integração  entre  tecnologias  e metodologias  de  formação,  tendo  as  tecnologias  como 
artefatos  que  favorecem  os  encontros  entre  pessoas,  valores,  concepções,  práticas  e 
emoções. 
 
Tecnologias na Gestão Escolar e Gestão de Tecnologias 
Nessa  perspectiva  de  integração  entre  tecnologias  e  religação  das  dimensões  técnico‐
administrativa, política,  social e pedagógica, há muito desarticuladas, o projeto Gestão 
Escolar e Tecnologias, concebido e realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo,  sob  responsabilidade  do  programa  de  Pós‐Graduação  em  Educação:  Currículo, 
realiza a  formação de gestores de escolas públicas da  rede estadual de  São Paulo, em 
parceria  com  a Microsoft  Brasil,  para  a  utilização  das  TIC  “no  cotidiano  da  escola,  na 
gestão escolar, bem como para apoiar, comprometer‐se e prover condições para que os 
professores  possam  incorporar  as  TIC  à  prática  pedagógica  favorecendo  ao  aluno  a 
aprendizagem significativa” (PUC/SP, 2004). 
A  concepção  da  formação  está  embasada  em  estudos,  investigações  e  projetos  de 
intervenção  para  a  formação  de  gestores  escolares  (Vieira,  Almeida  e  Alonso,  2003) 
 
 
[8] 
voltada à  inserção da tecnologia de  informação e comunicação no cotidiano da escola e 
nas práticas de gestão escolar, que vem sendo adotada como referência para o trabalho 
de  incorporação do computador em  sistemas de ensino público de distintas  regiões do 
País  (SEED/MEC‐ProInfo,  2001),  ao  tempo  em  que  é  aprimorada  e  realimentada  pelas 
pesquisas acadêmicas desenvolvidas em paralelo à formação. 
A metodologia, reconstruída em conjunto com os parceiros, visa atender à realidade das 
escolas, em consonância com o contexto, recursos tecnológicos disponíveis e demandas 
da  SEE/SP,  resguardando  a  coerência  teórica  e  a  articulação  entre  conteúdos, 
cronogramas de execução e população atendida pelo Programa Progestão, destinado à 
formação ampla de gestores escolares, em implantação na rede estadual. 
A  formação  tem  como  fundamentos  teóricos  o  papel  das  tecnologias  na  gestão 
democrática compartilhada; a integração entre tecnologias, profissionais e competências; 
a interação entre todos os participantes; a troca de experiências; a produção colaborativa 
de conhecimentos (Almeida e Prado, 2003; Alonso e Almeida, 2003). Para tanto, distintas 
tecnologias  são  articuladas  nas  atividades  de  formação  (material  impresso,  vídeo,  CD‐
ROM, Internet, vídeo‐conferência etc.) que se desenvolvem em encontros presenciais e a 
distância,  integrados com práticas de gestão escolar com o uso de tecnologias, as quais 
são acompanhadas e orientadas a distância pelos professores.  
Evidencia‐se um processo de formação na ação (Almeida, 2004), voltado para a realidade 
da escola, as especificidades da atuação do gestor, a reflexão sobre a própria atuação, a 
gestão  democrática  e  a  parceria  com  os  supervisores  de  ensino  e  com  os  professores 
assistentes  técnico‐pedagógicos  de  tecnologia  educacional.  O  envolvimento  desses 
profissionais  indica  a  relevância  do  projeto  em  proporcionar  o  desenvolvimento  de 
competências  no  interior  da  rede  estadual  para  a  apropriação  da  formação  e 
continuidade da formação com outros grupos de gestores. 
O período de duração do projeto vai de julho de 2004 a novembro de 2006, atendendo a 
11.700  gestores  distribuídos  em  grupos  de  acordo  com  as  diretorias  de  ensino  a  que 
pertencem  suas escolas, que participam de um  curso  semipresencial de 80 horas,  com 
suporte em um ambiente virtual (solução Microsoft para educação a distância).  
No ano de 2004, participaram do curso os profissionais das equipes de gestão escolar de 
353  escolas,  distribuídos  em  31  turmas  de  aproximadamente  40  alunos‐gestores, 
 
 
[9] 
perfazendo  1.257  participantes,  dos  quais  foram  aprovados  87,43%.  Esses  resultados 
indicam  que  os  objetivos  estão  sendo  atingidos  e  que  há  o  desenvolvimento  de  uma 
cultura de uso de tecnologias na gestão escolar e de gestão de tecnologias da escola, o 
que pode ser constatado em depoimentos de professores e de alunos‐gestores do curso. 
“Uma  das minhas  turmas  está  usando  o  correio  a  todo  vapor!  Infelizmente  não  estou 
conseguindo dar conta do volume de  informações que circulam por  lá, mas está demais! 
Alguns  já estão com pena do curso acabar... o contato entre eles está muito  legal, eles 
estão  trocando mensagens,  combinando  chats que  eu nem  fico  sabendo  (eles pediram 
para deixar uma sala sempre aberta)” (Professor, 17.10.04) 
Embora a atuação o professor seja referência, é importante observar que ele se dá conta 
de  que  não  é  o  centro  do  processo.  Essa  postura  se  reflete  na  atitude  dos  alunos‐
gestores, conforme se pode observar no depoimento a seguir. 
“O  curso  está  sendo  de  grande  valia  para  mim,  pois  eu  não  gostava  de  operar  o 
computador,  só me  interessei  pelo mesmo  na  época  do  concurso  de  diretor,  não  por 
opção, mas porque era necessário. Depois me acomodei e tudo que precisava solicitava a 
alguém.  Porém,  com  o  curso  eu  percebi  que  estava me  tornando  uma  analfabeta  da 
informática  e  precisava  me  ressignificar,  pois  como  poderia  incentivar  os  meus 
professores a utilizar os meios tecnológicos, se eu mesmo não o  fazia? Nos últimos dias 
venho me empenhando muito, erro bastante, mas também estou aprendendo muito, fico 
feliz em  ter me  conscientizado da  importância da TIC, e acredito que daqui para  frente 
terei  muito  mais  subsídios  não  só  para  incentivar  meus  pares,  como  também  para 
primorar  o  desenvolvimento  pedagógico  da  escola  em  que  estiver  atuando.”  (Aluno‐
gestor, 30.10.04) 
Devido ao atendimento em  larga escala e ao dinamismo desse projeto, um  importante 
aspecto evidenciado se refere à própria gestão da formação, sob a coordenação de uma 
equipe  que  busca  continuamente  novas  tecnologias  para  a  resolução  dos  problemas 
emergentes  no  cotidiano  de  suas  atividades,  procurando  identificar  potencialidades  e 
limitações de cada recurso e possibilidades de incorporá‐los às suas práticas. 
Portanto, em um projeto de gestão escolar e  tecnologias,  também a gestão do projeto 
enfrenta o desafio de tomar consciência dos limites e avanços de suas práticas de gestão, 
para que possa gestar, administrar, proteger, abrigar, produzir, nutrir, manter, mostrar, 
digerir, orga‐nizar as diferentes dimensões da gestão: informações sobre o projeto e suas 
 
 
[10] 
produções,  sistemas  de  acompanhamento  da  participação  de  alunos  e  professores, 
materiais  de  apoio,  avaliação,  referências  conceituais,  ambiente  virtual,  prática 
pedagógica, tecnologias, democratização das informações etc. 
 
Referências bibliográficas 
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educadores a distância. São Paulo: Avercamp, 2003.  
ALMEIDA, M.  E.  B.  O  educador  no  ambiente  virtual:  concepções,  práticas  e  desafios. 
Fórum de Educadores. São Paulo: SENAC, 2004. 
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transformação: a contribuição das TICs.III Congresso Luso Brasileiro de Administração da 
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VIEIRA, A.  T., Almeida, M. E. B. e Alonso, M.  (2003).  Formação de  Educadores: Gestão 
Educacional e Tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003.

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