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AULA 1_2021_Psicologia - ficha de estudo

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1 Psicologia Geral, 2020 
 
UNIDADE I: PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA 
Psicologia 
É a ciência que se dedica a estudar o indivíduo em sua essência: sua mente, razão, 
instintos, desejos, emoções, comportamentos e seus conflitos nas relações com os 
outros e consigo mesmo. 
Psicologia como ciência 
Tradicionalmente a psicologia foi referida como o estudo da Alma [ psiquê + logos = mente + 
conhecimento], mas tal levou a informações erradas baseadas na fé e crenças populares bem 
como ao surgimento da parapsicologia. 
A Psicologia é uma ciência que estuda os comportamentos e processos mentais, partindo da sua 
descrição para a explicação desses comportamentos de modo a poder prever e controlar as 
respostas comportamentais. 
O objecto de estudo 
Um dos marcos de grande importância desta disciplina refere-se ao facto de ter como objecto de 
estudo – o homem. Por exemplo, Astrónomos estudam astros e Geólogos o solo. Para dizer que 
nestas e outras áreas de actuação o homem estuda um fenómeno (ou objecto) com o qual não 
corre o risco de se misturar ou confundir. Contudo, a psicologia, sociologia, antropologia e 
outras ciências humanas voltam-se para si próprias estudando o homem, se aventurando na 
possibilidade de se mesclar e confundir-se com o fenômeno que está estudando. 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (1996) se perguntarmos a um psicólogo 
comportamentalista ele dirá que estuda o comportamento humano, se perguntarmos a um 
psicanalista ele dirá que estuda o inconsciente. Portanto podemos pegar emprestada a definição 
dos autores e dizer que o objecto de estudos da psicologia é os fenômenos psicológicos, e que a 
matéria-prima deste campo é a vida dos seres humanos. 
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos 
(psiquismo), cabe agora definir tais termos*: 
 Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do 
método científico as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento 
objectivo, baseado em fatos empíricos. Pelo seu objecto de estudo a psicologia 
desempenha o papel de elo de ligação entre as ciências sociais, como a sociologia e a 
antropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes como 
as ciências cognitivas e as ciências de saúde. 
 Comportamento é a actividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos 
na sua busca de adaptação ao meio em que vivem. 
 Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, 
mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção - ao contrário, por 
exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um conjunto. 
 Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona - pensar, planejar, 
tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia#cite_note-Zimbardo-2
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
2 Psicologia Geral, 2020 
 
compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua 
base. 
Como toda a ciência, objectivo da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e o controle 
do desenvolvimento do seu objecto de estudo. Como os processos mentais não podem ser 
observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição, 
explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociência que permitem visualizar 
o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de 
seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos 
mentais se desenrolam). Descrever o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro 
lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível 
objetivos e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A 
observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos 
padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um 
sinal sonoro ou visual. A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, 
esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina 
de uma série de factores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), 
disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meio 
ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As previsões em psicologia 
procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com que um 
determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas 
explicações de prever o comportamento futuro se determina também a sua validade. Controlar o 
comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento 
adquirido. Essa é parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na 
psicoterapia. 
A gênese da psicologia moderna reside no primeiro laboratório de psicologia do mundo 
localizado em Leipzig na Alemanha, fundado por Wilhelm Wundt em Dezembro de 1879 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 1992). Este acontecimento efectivamente separa a psicologia da 
filosofia e marca o começo da conquista de um campo de actuação e pesquisa próprio. Após este 
feito, em 1887, G. Stanley Hall funda o American Journal of Psychology (primeira revista 
psicológica publicada nos EUA) e James Mckeen Cattel (que fora discípulo de Wundt) é 
reconhecido como o primeiro docente em psicologia da história. Vale ressaltar que, embora 
tenha sido fundada na Alemanha, foi nos Estados Unidos que a psicologia encontrou campo para 
ligeiro crescimento em decorrência do avanço económico que postou os EUA à frente do sistema 
capitalista. 
 
Métodos em psicologia 
Método Introspectivo 
A Introspecção no sentido restrito da palavra propõe o conhecimento das emoções através da 
observação interna e reflexão por parte do próprio sujeito. O indivíduo é ao mesmo tempo sujeito 
do conhecimento e objecto de estudo num processo de auto-observação. 
A Introspecção controlada implica a presença de observadores externos e estruturação da 
descrição das emoções. É defendido pela corrente associacionista de modo a permitir o estudo 
das emoções e estados da consciência de uma forma sistemática: orienta-se para o estudo do 
consciente. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Personalidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicoterapia
3 Psicologia Geral, 2020 
 
Etapas da introspecção controlada: 
1. Apresentação de pequenos estímulos visuais ou auditivos a um conjunto de observadores 
treinados. 
2. Os sujeitos descrevem as suas emoções recorrendo a termos predefinidos. 
3. Os dados eram depois relacionados e interpretados por uma equipa de psicólogos 
Este método foi desvalorizado por não conseguir evitar o subjectivismo: 
- Observação é retrospecção - O conhecimento das emoções é feito depois de elas terem 
acontecido. A observação de um facto é distinto da sua vivência o que levaria a uma separação 
do ser humano em dois: o que sente e o que pensa. 
 
- Objectividade nas emoções - ao relatarmos as nossas emoções temos a tendência de eliminar as 
emoções não aceites socialmente acabando por as modificar 
 
- Controlo exterior - Não existe garantia de que as emoções expressas sejam reais pelo que a 
investigação ficaria limitada. 
 
- Racionalização - O sujeito tende a explicar as suas emoções mais fortes e desconexas, 
apresentando as suas emoções de uma forma controlada e dentro de um sistema lógico. 
 
- Linguagem e expressão de emoções - Expressar as emoções verbalmente representa inúmeras 
dificuldades, o que não está ao alcance de crianças, deficientes mentais, limitando assim a sua 
utilização. 
 
- Limites de aplicação - Não se aplica a fenómenosinconscientes, aos factos de natureza 
fisiológica 
Apesar destas limitações este método permite o estudo dos pensamentos e uma tomada de 
consciência dos actos pelo que se continua a utilizar, embora em contextos diferentes dos 
propostos por Wundt. 
Método da Observação 
Na afirmação da nova ciência, a Psicologia define o seu objecto, e estabelece o seu método de 
trabalho. Os diferentes ramos da psicologia resultam de diferentes modos de abordagem do 
comportamento humano. 
Desde a Introspecção ao método clínico, o estudo da psicologia passa pela observação dos 
fenómenos psíquicos. A realização da observação isolada do método experimental sucede por, 
em determinadas ocasiões e por motivos práticos ou deontológicos, não ser possível o recurso ao 
método experimental. 
Contudo é sempre possível estabelecer hipóteses e recorrer a técnicas de observação que 
permitam a verificação das hipóteses sem passar pela experimentação. 
As condições em que essa observação é produzida levam a identificar diferentes formas: 
- Laboratorial - Produzida em condições controladas 
- Naturalista - Elaborada no meio natural em que se desenrola a situação 
-Invocada - Realizada a partir de situações ocasionais e em que as condições não são 
controladas nem previstas 
http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/objecto/index.html
4 Psicologia Geral, 2020 
 
A Observação Laboratorial é utilizada ao nível do método experimental. A 
realização da experiência em condições controladas, num laboratório, leva a que 
a situação observada seja uma situação artificial. 
Esta observação implica uma sistematização prévia em que se define o que se 
pretende observar, com a construção de grelhas de registo. Para além da observação directa 
temos ainda outros instrumentos de observação como as entrevistas, questionários e testes. 
Em todo o caso o sujeito observado tem consciência dessa observação o que pode condicionar o 
seu comportamento. Numa tentativa de eliminar esse condicionamento o observador recorre a 
meios técnicos (espelhos de uma via, câmaras de vídeo) para poder observar sem ser notado. 
A vantagem deste tipo de observação é o seu rigor pois permite a presença de observadores 
independentes que anotam todo o tipo de comportamento de uma forma descritiva para posterior 
análise. Contudo ao ser produzida em condições experimentais fica limitada. 
A Observação Naturalista (ou ecológica) é defendida pelo método clínico, fundamentando-se 
na necessidade de observar as condições reais de uma situação. Ao observador eram colocadas 
duas alternativas: 
- Dissimulado, de modo a não ser notada a sua presença, permanecia exterior à situação. Para tal 
era necessária a colocação de meios técnicos no local da observação, facto que não sendo de 
realização imediata poderia igualmente alterar a situação. 
 
- Participava na situação sem o estatuto de observador, sendo este o único modo em que não 
necessitamos de controlar as condições da experiência. É a estratégia utilizada por Piaget no 
estudo de crianças, mas em que a observação por estar ligada à interpretação. 
Esta técnica de observação tem um grau de objectividade menor, especialmente a última 
estratégia, permite pelo contrário o estudo nas condições reais de uma situação sendo ainda 
extremamente prática. 
Método Experimental 
O Método Experimental baseia-se no método científico comum à maioria das ciências. É 
defendido pelo Behaviorismo mas utilizado por outras correntes de psicologia. O seu objectivo é 
permitir conhecimentos sobre comportamentos comuns a um grupo de pessoas. 
Fases do método 
Hipótese Prévia - Estabelecimento de uma relação causa-efeito explicativa de uma situação. 
Pretende relacionar a presença de um facto (situação) com a modificação de outro 
(comportamento). 
 
Experimentação - Fase de verificação da hipótese. Nesta fase é determinante o rigor das 
observações e controlo da situação experimental: 
 
-Controlo de variáveis - Elementos que constituem a situação de estudo relativamente à 
alteração ou manifestação de um comportamento cuja natureza se desconhece. O objectivo desta 
fase é comprovar se o efeito que a variáveis independentes provocam na variável dependente é 
aquele que se supusera na hipótese. 
 
http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/metodos/experimental.html
http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/objecto/watson.html
5 Psicologia Geral, 2020 
 
- Dependente - Elemento que constitui a modificação do comportamento a explicar surgindo 
como a variável de resposta, consequência da variável independente. 
- Independente - São os factores supostamente responsáveis pela situação e que vamos 
manipular e controlar para verificar a variável dependente. Aparecem ligadas à situação ou à 
personalidade. 
- Externas - Elementos de uma experiência que não são controláveis ou sucedem 
inesperadamente mas que podem influenciar uma experiência, podendo-se estudar essas 
condicionantes relativamente a: 
 
Ao sujeito - Atitudes e expectativas do sujeito observado ( Efeito de Hawthorne = A atenção 
prestada ao trabalho de um sujeito aumenta o seu desempenho mesmo sob condições adversas) 
 
Ao observador - Atitudes, expectativas, estatuto, credibilidade e personalidade do observador (o 
psicólogo pode colocar o indivíduo à vontade ou provocar um grau de tensão) 
 
Às condições - As condições ambientais devem ser iguais relativamente aos sujeitos observados: 
local, hora do dia. 
 
Registo de observações - Para garantir o rigor das observações e permitir a análise dos dados 
por investigadores independentes. 
Registos de ocorrências e duração de comportamentos. 
Escalas de classificação - Níveis de frequência de um facto. 
Controlo de condições - Validação da informação. 
Grupo Experimental - Grupo de sujeitos onde é testada uma variável independente sendo que 
as restantes condições e constituição devem ser iguais ao grupo de controlo para permitirem a 
comparação de resultados. 
Grupo de controlo ou testemunha - Grupo de sujeitos em que as condições da experiência são 
mantidas inalteráveis, garantindo assim os dados resultantes da observação do grupo 
experimental. 
Amostra - Conjunto de indivíduos onde decorre a experimentação, sendo constituído a partir da 
segmentação do universo a estudar. A amostra deve ser significativa e representativa da 
população a estudar. 
Amostragem simples (aleatória) - Quando a população a estudar é homogénea todos os seus 
membros possuem condições iguais para o estudo pelo que são escolhidos ao acaso. 
Amostragem estratificada - Quando a população a estudar é heterogénea os diversos grupos 
devem estar representados pelo que é necessário seleccionar a amostra, recorrendo-se aqui a 
técnicas da estatística. 
Trabalho de Campo - Verificação da hipótese em situação real. 
Generalização - Estabelecimento das conclusões pela generalização dos dados da amostra para o 
universo a estudar. 
Apesar de toda a preocupação no controlo da experiência determinados erros podem surgir nas 
diversas fases: 
- Planificação - Possibilidade de erros na elaboração da amostra, na selecção das variáveis e no 
controle experimental. 
- Isolamentos de variáveis - Determinadas elementos terão uma reacção diferente a um 
conjunto de variáveis presentes ao mesmo tempo e não a cada uma individualmente 
6 Psicologia Geral, 2020 
 
- Generalização - A amostra pode ser insuficiente ou demasiado selectiva. 
A estes aspectos há ainda a acrescentar os problemas éticos na produção de condições 
experimentais (lesões físicas ou mentais por exemplo) o que leva ao recurso à experiência em 
animais (hoje igualmente alvo de contestação social) e à experiência invocada: 
A Experiência Invocada é realizada aproveitando as circunstâncias acidentais de um fenómeno, 
constituindo um estudo paralelo de factos que só costumam serem observados em laboratório 
pelo seu caracter excepcional.É assim que a existência de catástrofes ou guerras permitem o 
estudo real de situações daí resultantes. por outro lado questões éticas impedem a produção de 
determinadas experiências (separar gémeos para analisar o seu desenvolvimento, provocar lesões 
cerebrais, etc.), restando por isso o aproveitamento de acontecimentos fortuitos. Esta foi a 
técnica mais utilizada para o estudo do cérebro mesmo ainda antes da existência de aparelhos 
modernos. 
 
Método Clínico 
Não é um método de pesquisa nem pretende descobrir leis do comportamento mas constitui-se 
como uma série de procedimentos de diagnóstico e tratamento de pessoas com problemas de 
comportamento e /ou emocionais. Deste modo o estudo desenvolve-se sobre um único indivíduo 
ao longo de determinadas fases: 
Anamnese - Levantamento da história individual do paciente, recorrendo a fontes externas e 
trazendo à memória informações perdidas. Esta fase permite elaborar algumas hipóteses de 
trabalho que vão condicionar a fase seguinte 
 
Entrevista - Colocação de questões ao paciente na tentativa de seleccionar hipóteses a partir das 
suas respostas verbais e não-verbais (gestos, reacções, etc.) 
 
Observação - Estudo dos comportamentos do paciente no seu ambiente natural de modo a 
confirmar a hipótese seleccionada. 
 
Testes - Realização de testes de personalidade (do tipo projectivo) de modo a certificar as 
conclusões. Note-se que estes testes podem ser igualmente utilizados no início do processo de 
modo a fornecer informações. 
A partir da confirmação da hipótese deduz-se qual o tratamento a desenvolver. 
 
 
 
Método Psicanalítico 
Com o objectivo de conhecer o inconsciente Freud Estabelece um conjunto de procedimentos 
que nos podem fornecer informações sobre o inconsciente do paciente, responsável pelos seus 
distúrbios. 
 - Hipnose - Induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, num estado semelhante ao 
sono mas no qual é possível estabelecer a comunicação com o hipnotizador e ser sugestionado, 
7 Psicologia Geral, 2020 
 
podendo assim revelar memórias ocultas ou ser condicionado para determinada acção ou 
comportamento. 
- Interpretação dos sonhos - Os sonhos apresentam imagens figurativas de recalcamentos, 
ansiedades e medos, que depois de interpretados vão permitir ao psicanalista confirmar os 
resultados das suas investigações sobre problemas de comportamento apresentados pelo 
paciente. É o meio de exploração mais seguro dos processos psíquicos pelo que acaba por 
abandonar a técnica da hipnose. 
 
Actos falhados - fenómenos ligados a lapsos de linguagem, de escrita, esquecimentos 
momentâneos de palavras. São acidentes de carácter insignificante e de curta duração. 
 
Transfert - Transferência inconsciente para a figura do psicanalista de sentimentos de ternura 
ou de hostilidade (transfert positivo ou negativo) actualizando situações reprimidas e esquecidas 
de forma a que o psicanalista possa detectar as razões do conflito inconsciente. É um processo 
de catarse, descarga psíquica, restabelecendo a relação entre a emoção e o objecto que 
inicialmente a despertou. 
Estas técnicas, indirectas, permitem que o próprio paciente tome consciência dos seus problemas, 
só assim sendo possível a sua cura. Por seu lado a Hipnose, que não permitia a tomada de 
consciência do problema pelo paciente, vem a ser abandonada. [consultar - Freud] 
 
Tecnicas 
Inquéritos e entrevistas 
 Não-directivos - não controlados 
 Semi-directivos - com algum controlo 
 Directivos - controlados ao nível das questões e respostas 
 
Testes Psicológicos 
A realização de testes escritos e/ou visuais permitem ao mesmo tempo a obtenção de 
informações sobre o paciente e a sua certificação. Constituem a forma mais objectiva de 
trabalho. 
- Aptidão - Permitem detectar capacidades para determinadas áreas do saber (ex. testes 
psicotécnicos): pode ver exemplos e fazer teste on-line 
 
- Personalidade - Analisam características de personalidade. 
 
Questionários - testes fechados, com recurso a questões de opção perante uma situação 
 
Projectivos - Testes figurativos no qual o sujeito se coloca na situação apresentada, revelando a 
sua personalidade. Exemplos: Testes TAT de Morgan e Murray, Teste da Família de Corman, 
Teste da árvore de Koch, Manchas de Rorschach. 
 
http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/objecto/freud.html
8 Psicologia Geral, 2020 
 
As técnicas projectivas levantam dificuldades ao nível da objectividade da sua interpretação. (ex: 
teste automático de Rorschach) 
 
Inteligência - Testes de avaliação das capacidades intelectuais traduzidos num quociente 
intelectual ou Q.I. 
Como exemplos: Escala de Inteligência para Crianças de Wechsler (WISC) e Escala de 
Inteligência para Adultos (WAIS). 
Os testes devem ser produzidos em condições rigorosas de modo a controlar as interferências das 
variáveis externas. 
 - Padronização - Estandardização das condições de realização dos testes. 
- Fidelidade - Grau de consistência ou garantia de igualdade de resultados na repetição do 
mesmo teste em condições semelhantes e com um pequeno intervalo de tempo. A objectividade 
de um teste aumenta a sua fidelidade, bem como o tipo de informação recolhida. 
 
- Validade - Grau de exactidão da medição resultante da aplicação do teste 
Validade de Conteúdo - Se os conteúdos avaliados estão de acordo com os objectivos que se 
pretende medir. 
 
Validade Preditiva - Quando os resultados do teste são semelhantes aos obtidos pelos sujeitos 
na vida real. 
 
- Sensibilidade - Grau de eficiência de um teste na selecção e colocação em categorias dos 
sujeitos avaliados relativamente a uma característica. 
Por outro lado o utilizador fica ainda sujeito a um código de ética, procurando-se assim que a sua 
influência na situação a avaliar seja mínima: Código de utilização dos testes em educação. 
Actualmente as diferentes técnicas são integradas sempre que possível, destacando-se três 
métodos: Experimental, Clínico e Psicanalítico. 
 
Áreas de actuação contemporâneas 
 Actualmente a psicologia “quebrou” a barreira exclusivamente clínica dos consultórios e passou 
a ser entendida como uma possibilidade de práxis muito mais abrangente. A crescente 
preocupação com aspectos do ser humano fez com que a psicologia passasse a ser aproveitada 
nos mais diversos contextos como pode ser observado no quadro abaixo. Além dos exemplos 
citados, o conhecimento psicológico é utilizado em áreas profissionais como publicidade, 
turismo, marketing, administração, relações públicas e direito. 
 
Nome Descrição Ex. de locais de actuação 
Psicologia Organizacional e 
do Trabalho 
Estuda fenómenos 
psicológicos nas organizações 
e a relação do Homem com o 
Empresas, instituições, 
consultorias, etc. 
http://www.psychomedia.it/pm/inftel/informatic/pralp3.htm
http://www.psicologia.freeservers.com/testes/code.html
9 Psicologia Geral, 2020 
 
trabalho em si. 
 
Psicologia hospitalar Envolve temas como 
vitimização e psicologia da 
morte, por ex. envolve desde 
trabalho com familiares e 
pacientes ate a própria equipa 
medica. 
Hospitais, pronto atendimento, 
enfermarias, etc. 
Psicologia escolar Estuda psicologia aplicada nos 
contextos de aprendizagem. 
Envolve conceitos de 
psicologia, problemas de 
aprendizagem e praticas 
pedagógicas. 
Escolas, universidades, 
institutos, cursos, etc. 
Psicologia do desporto Ligada a contextos 
desportivos: trabalho com 
equipas ou atletas de 
modalidades individuais. 
Clubes, equipes desportivas, 
escolas, associações, etc. 
Psicologia forense Actua junto ao poder judicial, 
oferecendo subsídios a tomada 
de decisões. Elaboração de 
laudos psicológicos para uma 
causa de custódia de menores, 
por ex. 
Poder judicial (tribunais, 
instituições da policia), órgãos 
municipais, etc. 
Psicologia do trânsito Preocupa-se com os aspectos 
ligados a fenómenospsicológicos no trânsito, 
abarca estudos e pesquisas de 
comportamentos no trânsito, 
alem de práticas intensivas. 
Órgãos municipais, escolas de 
condução, ONG‟s, etc. 
 
A prática 
A prática do psicólogo envolve necessariamente uma formação em psicologia, o que implica no 
credenciamento em seu órgão de classe – o CRP (Conselho Regional de Psicologia), do 
respectivo pais ou região específica em que exerce as suas funções e também delimita a área de 
actuação do profissional, sendo vetadas acções como a prescrição de medicamentos de qualquer 
natureza, inclusive homeopáticos e florais (sendo que o profissional habilitado para prescrever 
intervenção medicamentosa deve necessariamente vir da área médica – como o psiquiatra, por 
exemplo) e inclusão de práticas não reconhecidas como leitura de cartas (tarô), massagens e 
actos religiosos durante o atendimento psicológico. 
10 Psicologia Geral, 2020 
 
Portanto, o conhecimento psicológico pode ser utilizado em muitas áreas profissionais, 
respeitando-se sempre os limites legais de tal prática. O fato é que a psicologia enquanto ciência 
também permite seu estudo, aprimoramento e refutação constante para a evolução do 
conhecimento científico como um todo. É claro que aliado ao crescimento científico também 
deve se atrelar a prática de tais conhecimentos em prol do bem-estar dos seres humanos 
(MORRIS; MAISTO, 2005). 
 
Correntes de psicologia 
Estruturalismo e funcionalismo 
O estruturalismo teve como expoente maior Titchener, discípulo de Wundt considerado o pai da 
Psicologia. Segundo o Estruturalismo a Psicologia é a ciência da consciência ou da mente, 
sendo que a última , ou seja, a mente, seria a soma total dos processos mentais. Para Titchener, 
cada totalidade psicológica compõe-se de elementos, sendo que a tarefa da Psicologia seria a de 
descobrir quais são os elementos, qual o verdadeiro conteúdo da mente e a maneira pela qual é 
estruturada. Titchener é adepto do paralelismo psicofísico , ou seja, distingue o físico da mente. 
De forma resumida, podemos dizer que os pontos centrais sugeridos por Titchener são: O 
Objecto é a consciência, a relação mente - corpo é o paralelismo, o método é a introspenção, 
embora também defenda o uso da experimentação, e a questão é descobrir o que, o como e por 
quede seus elementos. O Estruturalismo procura entender a concatenação da unidade no todo. 
Falemos agora sobre o Funcionalismo segundo o qual a consciência exerce uma actividade 
adaptativa e é também um instrumento destinado a ajustar a acção. Dito de outra forma, a 
consciência seria um instrumento destinado a resolução de problemas. O Funcionalismo teve 
William James com um de seus pioneiros. O Funcionalismo encara a Psicologia como sendo o 
estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio. Desta forma 
acredito que algumas das dúvidas relativas as propostas do Estruturalismo e do Funcionalismo, 
possam ter sido esclarecidas. 
 
Estruturalismo 
Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente científica para a nova 
ciência. Assim realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objectivos que 
poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal 
científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reacções simples a estímulos 
realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo 
por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura 
consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por 
Titchener era a introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios 
pensamentos e sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências 
sensoriais. A tónica do trabalho era assim antes compreender o que é a mente, do os como e 
porquês de seu funcionamento. As principais críticas levantadas contra o Estruturalismo 
foram: 
 Por ser reducionista, ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a 
simples sensações; 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estruturalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Titchener
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sensa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Introspec%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reducionismo
11 Psicologia Geral, 2020 
 
 Por ser elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de partes ou elementos ao invés de 
estudar estruturas mais complexas, como as que são típicas para o comportamento 
humano e; 
 Por ser mentalista, ou seja, basear-se somente em relatórios verbais, excluindo 
indivíduos incapazes de introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além 
disso a introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser um verdadeiro método 
científico objetivo. 
Funcionalismo 
William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos 
conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma descrição de 
elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma 
característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção 
estava mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu 
entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências 
religiosas e místicas - enfim, tudo o que faz cada ser humano único. As idéias de James foram 
desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação 
O pioneiro da Psicologia Funcional desenvolvida nos Estados Unidos foi o americano William 
James (1842-1910) que, segundo pesquisa realizada 80 anos após sua morte, perdia prestígio 
apenas para Wilhelm Wundt. Mas sua importância perdia um pouco de brilho, devido ao seu 
interesse por assuntos místicos como telepatia, clarividência, espiritismo e comunicação com os 
mortos. Tinha verdadeira aversão pelo método de experimentação em psicologia e pouco 
trabalho realizou nessa área. 
James foi considerado o maior psicólogo americano por três razões básicas: ele escrevia com 
uma clareza rara na ciência, se posicionou contra o objetivo de Wundt na psicologia, que era 
analisar a consciência a partir de seus elementos e forneceu uma maneira alternativa de analisar a 
mente, a abordagem funcional da psicologia. A visão que se tornou o ponto central do 
funcionalismo americano foi a teoria de que a psicologia não tem como meta a descoberta dos 
elementos da experiência, mas sim o estudo sobre a adaptação dos seres humanos ao seu meio 
ambiente. A função da nossa consciência é guiar-nos aos fins necessários para a sobrevivência. 
A consciência é vital para as necessidades dos seres complexos em um ambiente complexo; de 
outra forma, a evolução humana não ocorreria. 
Os psicólogos funcionalistas definem a psicologia como uma ciência biológica interessada em 
estudar os processos, operações e atos psíquicos (mentais) como formas de interação adaptativa. 
Partem do pressuposto da biologia evolutiva, segundo a qual os seres vivos sobrevivem se têm as 
características orgânicas e comportamentais adequadas a sua adaptação ao ambiente. Consideram 
as operações e processos mentais (como a capacidade de sentir, pensar, decidir, etc.) o 
verdadeiro objeto da psicologia, e o estudo desse objeto exige uma diversidade de métodos. Não 
excluem a auto-observação, embora não aprovem a introspecção experimental no estilo 
titcheneriano, porque esta seria muito artificial. Não confiam totalmente na auto-observação, 
dadas as suas dificuldades científicas: é impossível conferir publicamente se uma auto-
observação foi bem feita e, por isso, é difícil chegar a um acordo baseado em observações desse 
tipo. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Funcionalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/William_James
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vontade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Valores
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Deweyhttp://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-funcional/
12 Psicologia Geral, 2020 
 
Associacionismo 
Origem: filho do empirismo britânico, se desenvolveu a partir do princípio da contiguidade, isto 
é, se duas coisas são vizinhas no tempo é provável que se associem entre si. Influências 
Antecedentes: Aristóteles (384/322 a.C.) – Leis do Associacionismo: Contiguidade, 
Semelhança, Contraste. 
O principal representante do Associacionismo é Edward L. Thorndike, e sua importância está 
em ter sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. O termo 
associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das 
ideias – das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender uma coisa complexa, a 
pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que elas estariam associadas. 
Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia 
Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo o comportamento deum organismo vivo (um 
homem, um pombo, um rato, etc.) tende a se repetir, se nós o recompensarmos (efeito) assim que ele o emitir. Por 
outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. 
E, pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas situações com outras semelhantes 
As leis da associação surgem com Locke, mas são mais tarde formuladas com mais exactidão por 
David Hume, sendo ele o expoente máximo desta teoria. Segundo Hume, o conhecimento 
humano está constituído exclusivamente por impressões e ideias. Para ele, as ideias associam-se 
principalmente quando existe entre elas uma proximidade espacial e quando são semelhantes e 
ainda sempre que se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre os acontecimentos que 
elas representam. As impressões seriam os dados primitivos recebidos através dos sentidos, 
enquanto as ideias seriam as cópias que a mente recolhe dessas mesmas impressões. Assim, o 
conhecimento tem origem nas sensações e nenhuma ideia poderia conter informação que não 
houvesse sido recolhida previamente pelos sentidos. As ideias não têm valor em si mesmas. O 
núcleo central da teoria psicológica baseia-se na ideia de que o conhecimento é alcançado 
mediante a associação de ideias seguindo os princípios de semelhança, continuidade espacial e 
temporal e causalidade. Ao longo dos tempos, este modelo foi usado por vários psicólogos, 
como por exemplo Sigmund Freud, com a sua famosa associação de palavras, e também com 
Pavlov, com a associação entre os estímulos, entre outros. 
 
Pavlov e a Reflexologia 
Pavlov, ao estudar as secreções gástricas, descobre que sempre que era apresentado um estímulo 
eram produzidas secreções, facto que acontecia de um modo semelhante em todos os elementos 
de uma espécie animal: são chamados reflexos inatos [reacções automáticas naturais]: (ex. 
num cão verifica-se a produção de saliva quando é apresentado um alimento, facto que serve 
para ajudar a ingestão do alimento.) 
Para além destes reflexos descobre que se podem desenvolver reflexos aprendidos podendo 
assim proceder-se a uma alteração dos comportamentos. Os reflexos aprendidos ou 
condicionados eram produzidos pela associação de um estímulo novo (estímulo que não 
produzia inicialmente nenhuma resposta específica) ao estímulo antigo (que já desencadeava o 
reflexo inato). Para Pavlov, aquilo que se denominava por espírito mais não era do que a 
13 Psicologia Geral, 2020 
 
actividade do cérebro. Dedica-se, por isso, a estudar profundamente a actividade nervosa 
superior, estabelecendo um conjunto de leis fisiológicas que acabaram por lhe merecer o Prémio 
Nobel da Medicina em 1904. É no córtex cerebral que se vão formar, modificar e desaparecer os 
reflexos condicionados. 
A psicologia, que deveria tomar a designação de Reflexologia, estaria limitada ao estudo dos 
reflexos: Os reflexos - inatos e condicionados - seriam o fundamento das respostas dos 
indivíduos aos estímulos provenientes do meio. E é a partir das suas pesquisas sobre o 
condicionamento que Pavlov vai explicar os processos de aprendizagem, destacando-se o estudo 
sobre a aquisição da linguagem. 
O Condicionamento: Apresentando repetidamente o estímulo novo e de seguida o estímulo 
antigo (do qual resultava a resposta inata) ao estímulo 2 passava a ser semelhante ao estímulo 1. 
Após um determinado número de repetições bastava apresentar o estímulo 2 para obter a resposta 
inicialmente provocada pelo estímulo 1. (ex. tocando uma campainha antes de se apresentar a 
comida ao cão este começava a salivar não só quando via o alimento - reflexo inato - mas 
também ao ouvir a campainha - reflexo condicionado). 
Para estabelecer esta experiência foi necessário isolar o cão do meio externo, controlando todos 
os estímulos que este recebia (sons, imagens) pelo que até o som do tratador a aproximar-se 
passou a significar a possibilidade de comida. Contudo este condicionamento não era definitivo 
já que após algumas situações sem apresentação da comida, o cão deixava de responder à 
campainha. 
As formulações de Pavlov e de seu colaborador Bechterev influenciaram a psicologia norte-
americana através da escola behaviorista. Skinner, posteriormente, vai caracterizar as formas de 
condicionamento pavlovianos- watsonianos como "respondentes" em contraposição aos 
condicionamentos operantes. O comportamento respondente corresponderia às acções 
vinculadas ao sistema nervoso autónomo, enquanto que o comportamento operante está 
ancorado no sistema nervoso central. 
Actualmente este tipo de condicionamento é identificado como condicionamento clássico sendo 
depois desenvolvido por Skinner num condicionamento operante. 
 
Teoria behaviorista 
O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, 
comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o 
comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse 
por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas concepções 
são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra 
„comportamento‟. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o 
Behaviorismo Radical. 
Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia 
como um comportamentista a vê“. Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar 
processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível 
http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/
14 Psicologia Geral, 2020 
 
de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, 
ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é 
conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e 
controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas 
teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência com o cachorro, 
que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada de 
sua refeição. Assim, qualquer modificação orgânica resultante de um estímulo do meio-ambiente 
pode provocar as manifestações do comportamento, principalmente mudanças no sistema 
glandular e também no motor. 
O behaviorismo é uma teoria que estuda eventos psicológicos a partir de evidências 
comportamentais e se apresenta como uma psicologia objectiva em oposição ao subjectivismo. 
Segundo Graham (2007), o behaviorismo é uma doutrina que entende a psicologia como ciência 
do comportamento e não da mente. Nessa perspectiva, o comportamento é explicado sem 
referência a eventos mentais, pois estes podem ser traduzidos em conceitos comportamentais. 
Watson (1930) se intitula o fundadordo behaviorismo. Sob a influência do positivismo, rejeita a 
consciência e o subjectivismo e considera que a matéria de interesse da psicologia é o 
comportamento humano, defendendo, consequentemente, a pesquisa experimental. Watson 
considera ilógica qualquer tipo de introspecção e propõe, por analogia com a medicina, a 
química e a física, a abolição do vocabulário científico de termos tais como “sensação, 
percepção, imagem, desejo, propósito, e até pensamento e emoção conquanto definidos de forma 
subjectiva” . O behaviorismo, na concepção de Watson, se limita a formular leis sobre os 
fenómenos observáveis – os comportamentos. Diz Watson (1930, p.6): Nós podemos observar o 
comportamento – o que o organismo diz ou faz. 
O Condicionamento é uma forma básica de aprendizado que envolve uma resposta simples ou 
uma série complexa de respostas a determinados estímulos (Comportamento Aprendido). É um 
dos processo de aprendizagem e modificação de comportamento através de mecanismos 
estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central do indivíduo. Esse processo é vinculado ao 
Behaviorismo ou Comportamentalismo, que é o conjunto de ideias presente na Psicologia que vê 
o comportamento como único, devendo ser o objecto de estudo da Psicologia. 
O primeiro tipo de condicionamento, denominado Condicionamento Clássico, foi desenvolvido 
pelo fisiologista russo Ivan Pavlov. Pavlov fez uma experiência envolvendo um cão, uma 
campainha e um pedaço de carne. O fisiologista percebeu que quando o cão via o pedaço de 
carne, ele salivava, o que foi chamado de reflexo não-condicionado. Pavlov também começou a 
tocar a campainha (estímulo neutro) quando ia mostrar o pedaço de carne. Rapidamente o cão 
passou a associar a carne com a campainha, salivando também toda vez que ela era tocada. Essa 
reação a um estímulo neutro foi chamada de Reflexo Condicionado. 
Alguns psicólogos concordam com a divisão do condicionamento em dois tipos: o 
Condicionamento Respondente ou clássico e o Condicionamento Operante ou instrumental. 
O Condicionamento Respondente, também chamado condicionamento pavloviano, diz 
respeito às relações entre estímulos e resposta. Ele serve para explicar o comportamento 
involuntário e as reacções emocionais condicionadas. Pavlov mostrou que um estímulo 
incondicionado provoca uma resposta incondicionada; um estímulo condicionado, uma resposta 
condicionada; e um estimulo incondicionado associado a um estímulo neutro passa a ser 
condicionado. Este tipo de condicionamento é comumente relacionado ao comportamento 
involuntário, e está intimamente ligado ao sistema nervoso autónomo. As crianças em geral 
http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/
15 Psicologia Geral, 2020 
 
desenvolvem aversões e preferências semelhantes às de seus pais, podendo ocorrer em relação ao 
comportamento emocional aprendido, ódio a animais, repulsa às aranhas, medo de lugares altos, 
etc. 
Já o Condicionamento Operante procura explicar outros aspectos do comportamento humano. 
Estão nesse caso nossos atos ou comportamentos voluntários, que algumas vezes dependem de 
atos voluntários. As diferenças entre condicionamento respondente e operante são dadas porque 
ajudam a distinguir quanto aos modos como diferentes comportamentos são aprendidos. Este 
Condicionamento ocorre quando uma resposta operante é reforçada. As respostas operantes são 
emitidas quando um organismo deve se adaptar a condições ambientais ou resolver problemas. 
Por exemplo, quando um animal é colocado numa gaiola, dá respostas tipicamente de fuga 
(respostas operantes). A resposta que leva à liberdade é reforçada pela fuga, e tende a ser dada 
toda vez que o animal é recolocado na gaiola. A maioria das aprendizagens complexas são de 
tipo operante. 
O comportamento operante ocorre sem qualquer estímulo antecedente externo observável. A 
resposta do organismo parece ser espontânea, ou seja, não relacionada com qualquer estímulo 
observável conhecido. Isso não significa que não haja um estímulo que elicite a resposta, mas 
que não é detectado quando ocorre a resposta. No entanto, na visão do observador, não existe 
estímulo porque ele não aplicou e não consegue vê-lo. 
 
Cognitivismo 
Os principais autores são Ulrich Neisser (teoria de sistemas), Herbert Simon (modelos 
matemáticos), Allan Newell (inteligência artificial) e John Anderson (aprendizagem). 
Em 1967, ULRIC NEISSER publicou o texto clássico "Psicologia Cognitiva". Sua definição é 
que a "Psicologia Cognitiva se refere a todo processo pelo qual o input sensório é 
transformado, reduzido, elaborado, armazenado, recuperado e usado". 
A cognição começa como input sensório, que em seguida é alterado ou transformado. Nosso 
aparato sensório está sintonizado com certos tipos de energia presentes no mundo. Este sensório 
converte a energia física em energia neural, ou como os psicólogos cognitivistas dizem, a 
estimulação física é encadeada em eventos neuronais. 
O objecto de estudo passa a ser o subjectivo, os conteúdos mentais e uma das principais tarefas 
passa a ser a construção de modelos matemáticos e axiomatizados em diferentes campos de 
investigação; como exemplo a inteligência artificial, a memória semântica, os estilos cognitivos 
da personalidade, a formação de conceitos e a resolução de problemas. 
Os psicólogos cognitivistas do processamento da informação geralmente analisam a maneira 
como as pessoas solucionam difíceis tarefas mentais e constroem modelos para essas 
explicações. Esses modelos podem tomar a forma de programas de computador, de gráficos ou 
de outras esquematizações do fluxo de processamento cognitivo no desenrolar das tarefas. O 
objetivo é sempre o de compreender as capacidades, os processos, estratégias e representações 
mentais básicos subjacentes ao comportamento inteligente apresentado pelas pessoas no 
desempenho de tarefas. 
Existem duas principais abordagens em Psicologia Cognitiva atualmente: a) abordagem do 
Processamento da Informação b) abordagem Conexionista 
16 Psicologia Geral, 2020 
 
A mente tem similaridades com o computador em alguns aspectos, tais como a memória e sua 
organização. Ambas são capazes de seguir direções em bases lineares, ambas representam 
informação internamente, ambas recebem informação de fora de uma forma e colocam na 
memória de outra forma.Todos os aspectos levantados como sendo comuns aos seres humanos e 
aos computadores constituem o embasamento da abordagem do processamento de informação, 
no qual os processos cognitivos se tornam o equivalente aos programas mentais. 
A abordagem conexionista amplia essa visão afirmando que o nosso sistema cognitivo pode 
fazer muitas "coisas" ao mesmo tempo, o que sugere que nosso sistema cognitivo, como nosso 
cérebro, trabalha como máquinas paralelas mais que seriais pois faz várias coisas 
simultaneamente. 
Algumas das perguntas básicas que se fazem os estudiosos são referentes ao relacionamento da 
cognição para a conscientização, ao como o conhecimento humano pode ser descrito e explicado 
e se os processos cognitivos são separados ou modulares de um para outro. 
Na abordagem do processamento da informação: os eventos cognitivos ou mentais são abstractos 
no sentido que, embora dependam dos eventos neurais eles não são eventos neurais por si. 
A definição de Neisser de Psicologia Cognitiva começa com o input sensório. No momento que 
acontece o input sensório, é apropriado pensar em dois sistemas acontecendo simultaneamente; 
um sistema neural e outro cognitivo. 
Uma informação sensorial inicial passa por uma sucessão de transformações, não transformações 
da energia física neural, mas sucessão de transformações que envolvem eventos abstractos A 
pergunta que é feita é se ocorram serialmente (passo a passo) ou paralelamente (transformação 
de mais de um código simultaneamente). 
Enquanto a abordagem do Processamento da Informação para o estudo da cognição é descritocomo uma análise abstrata, a ênfase Conexionista é sobre bases neurais e matemáticas. 
Para os conexionistas qualquer tentativa de modelo dos processos cognitivos humanos deve ser 
baseado no processamento Paralelo e não no processamento Serial. Isto quer dizer que nosso 
cérebro e nosso sistema cognitivo devem rotineiramente fazer mais de uma coisa por vez. 
A abordagem do processamento da informação implica que alguns processos cognitivos dirigem 
hierarquicamente outros processos e que o sistema cognitivo como um todo tem uma 
organização modular.Isto quer dizer que existem partes ou subunidades que parecem ser mais ou 
menos separadas umas das outras. 
A abordagem conexionista enfatiza a base neurológica, do processamento paralelo e que os 
neurônios não mantém uma relação hierárquica com outros neurônios. Acham que o sistema 
cognitivo não é modular e que não pode ser quebrado em partes. Em cada ato cognitivo o 
cognitivo e o neural trabalham como unidades inteiras, não como componentes de sistema 
cooperando. 
 
Tópicos que são estudados pela Psicologia cognitiva: 
1) Atenção: Somos capazes de concentrar nossa atenção em apenas uma coisa por vez ou várias 
coisas ao mesmo tempo? 
2) Modelos de reconhecimento: que informações devem estar presentes no mundo para permitir 
que nosso sistema sensório e cognitivo detecte e categorize? Ou: que tipos de programas 
17 Psicologia Geral, 2020 
 
cognitivos existem em nossa mente que permitem a detecção e categorização de informações do 
mundo? Como interpretamos correctamente o input sensório ambíguo? 
3) Memória: os psicólogos cognitivistas estão interessados na natureza da organização do 
conhecimento em nossa memória. Os dois conhecimentos, procedural e declarativo, se 
organizam da mesma forma em nossa memória? 
4) Organização do Conhecimento: de que forma o material é organizado? Os psicólogos 
cognitivistas têm várias teorias de como o conhecimento declarativo é armazenado, usando as 
abordagens conexionistas e de processamento da informação, mas não tem o mesmo para o 
conhecimento procedural . 
5) Linguagem: os pesquisadores estudam o desenvolvimento da linguagem, o curso normal e 
anormal, o papel da experiência na aquisição da linguagem e trabalham com a linguística. 
6) Raciocínio: estudam o tipo de raciocínio das pessoas; lógico ou intuitivo. 
7) Resolução de Problemas: como podemos descrever o conhecimento que nos permite gerar, 
criar um plano de ação? Que estratégias usamos para gerar planos e tácticas para problemas que 
nunca encontramos antes? 
 
Os eventos mentais podem ser vistos de muitas outras formas, entretanto os psicólogos 
cognitivistas geralmente não levam em conta os fatores sociais no estudo da cognição, não 
consideram o papel das expectativas do experimentador e sua influência sobre os resultados da 
pesquisa. 
Teoria de Piaget 
Jean Piaget (1896-1980) foi um dos investigadores mais influentes do séc. 20 na área da 
psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o que distingue o ser humano dos outros 
animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstracto. 
Piaget acreditava que a maturação biológica estabelece as pré-condições para o 
desenvolvimento cognitivo. As mudanças mais significativas são mudanças qualitativas (em 
género) e não qualitativas (em quantidade). 
Como biólogo, Piaget estava interessado em como é que um organismo se adapta ao seu 
ambiente (ele descreveu esta capacidade como inteligência). O comportamento é controlado 
através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para 
representar o mundo e para designar as acções. 
De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo consiste em adaptações às novas 
observações e experiência. Adaptação: capacidade de adaptar as suas estruturas mentais ou 
comportamento para se adaptar às exigências do meio. Organização: à medida que aumenta a 
maturação da criança, elas organizam padrões físicos ou esquemas mentais em sistemas mais 
complexos. 
Estádios de desenvolvimento 
Estádio sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve um conjunto de 
"esquemas de acção" sobre o objecto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da 
realidade. Nesta etapa desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói esquemas 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Perman%C3%AAncia_do_objeto&action=edit
18 Psicologia Geral, 2020 
 
sensório-motores e é capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada vez 
mais complexas 
Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a construção da 
relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-
de-conta. 
 Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir 
conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o 
conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos 
concretos, não fazendo ainda abstracções. 
 Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o 
pensamento abstracto, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os 
diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente. 
A teoria de Piaget é de grande importância porque capta as grandes tendências do pensamento da 
criança e encara as crianças como sujeitos activos da sua aprendizagem 
 
Críticas a teoria de Piaget 
- As tarefas apresentadas por Piaget são muito complexas 
- Requerem aptidões verbais 
- Natureza subjectiva das entrevistas clínicas 
- Subestimou a importância do conhecimento 
- Subestimou as capacidades das crianças 
- Subestimou o impacto da CULTURA 
A perspectiva de Piaget é frequentemente comparada com a de Lev Vygotsky (1896-
934), que olhou mais para a interacção social como fonte primária da cognição e do 
comportamento. 
Teoria de Vygotsty 
Lev Vygotsky desenvolveu a teoria sociocultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria 
tem raízes na teoria marxista do materialismo dialéctico, ou seja, que as mudanças históricas 
na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana. 
Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de 
olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e 
analisou a participação do sujeito nas actividades sociais. Ele propôs que o desenvolvimento 
não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao 
desenvolvimento das funções mentais. Acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer 
através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um 
aprendiz mais experiente. 
O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma 
social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos 
19 Psicologia Geral, 2020 
 
culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de 
uma ordem de pensamento mais elevada. 
Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o 
conhecimento sozinho, Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das 
interacções com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança. 
Esses instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas 
matemáticos, signos. 
Um pressuposto básico de Vygotsky é a de que durante o curso do desenvolvimento, tudo 
aparece duas vezes: 1º a criança entra em contacto com o ambiente social, o que ocorre ao 
nível interpessoal. Depois a criança entra em contacto com ela própria, num nível 
intrapessoal. 
Vygostsky sublinhou as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da criança: 
- O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social;A cultura afecta a forma como 
pensamos e o que pensamos; Cada cultura tem o seu próprio impacto; O conhecimento 
depende da experiência social 
 A criança desenvolve representações mentais do mundo através da cultura e da linguagem. Os 
adultos têm um importante papel no desenvolvimento através da orientação que dão e por 
ensinarem (“guidance and teaching”). 
 
Gestalt 
Uma importante reacção ao funcionalismo e ao comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a 
psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang 
Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da 
psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos 
como um todo e não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra gestalt 
significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume 
assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes"
[3]
. Distinta da psicologia da gestalt, 
escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a 
gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls). 
Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, 
principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao 
tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à 
Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt 
Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até 
os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e 
transformou-se em uma sólida linha filosófica. 
Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e 
sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. 
Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o 
psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras 
pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes 
ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt
http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Wertheimer
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kurt_Koffka
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_K%C3%B6hler
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_K%C3%B6hler
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia#cite_note-Zimbardo-2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt-terapia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fritz_Perls
http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/
http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/
http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/
20 Psicologia Geral, 2020 
 
nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito 
importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim 
deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese. 
Leis da Gestalt 
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, 
chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas 
podem ser resumidas como: 
Proximidade: Os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns 
dos outros. Logicamente, elementos que estão mais perto de outros numa região tendem a ser 
percebidos como um grupo, mais do que se estiverem distante de seus similares. 
Semelhança: Eventos semelhantes se agruparão entre si. Essa semelhança se dá por intensidade, 
cor, odor, peso, tamanho, forma etc. e se dá em igualdade de condições. 
Continuidade: Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para conectar os 
elementos de modo que eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção específica. 
Pregnância: A mais importante de todas, possivelmente, ou pelo menos a mais sintética. Diz 
que todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples. É o princípio da 
simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada. 
Experiência passada: Esta se relaciona com o pensamento pré-Gestáltico, que via nas 
associações o processo fundamental da percepção da forma. A associação aqui, sim, é 
imprescindível, pois certas formas só podem ser compreendidas se já a conhecermos, ou se 
tivermos consciência prévia de sua existência. Da mesma forma, a experiência passada favorece 
a compreensão metonímica: se já tivermos visto a forma inteira de um elemento, ao 
visualizarmos somente uma parte dele reproduziremos esta forma inteira na memória. 
Fechamento ou clausura: o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre si mesma, 
formando uma figura delimitada. O conceito de clausura relaciona-se ao fechamento visual, 
como se completássemos visualmente um objeto 
incompleto. 
A psicologia da Gestalt também fala da questão 
da “figura/fundo” que seria a tendência de 
organizar as percepções do objeto sendo visto e 
do fundo sobre o qual ele aparece. A figura seria 
aquilo que procuramos ou voltamos a atenção e 
fundo seria o contexto no qual a figura está 
inserida, como por exemplo: quando você está 
com fome e busca um restaurante e o encontra, a 
figura é o restaurante e o fundo seria a rua. Assim 
como as páginas para o livro, as letras para o 
papel. 
 
Psicanalise 
Nos primeiros trabalhos, Freud sugeria a divisão 
da vida mental em duas partes: consciente e inconsciente. A porção consciente, assim como a 
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parte visível do iceberg, seria pequena e insignificante, preservando apenas uma visão superficial 
de toda a personalidade. A imensa e poderosa porção inconsciente - assim como a parte 
submersa do iceberg - conteria os instintos, ou seja, as forças propulsoras de todo 
comportamento humano. 
Nos trabalhos posteriores, Freud reavaliou essa distinção simples entre o consciente e o 
inconsciente e propôs os conceitos de Id, Ego e Superego. O "ID", grosso modo, correspondente 
à sua noção inicial de inconsciente, seria a parte mais primitiva e menos acessível da 
personalidade. O id desconhece o julgamento de valores, o bem e o mal, a moralidade". As 
forças do id buscam a satisfação imediata sem tomar conhecimento das circunstâncias da 
realidade. Funcionam de acordo com o princípio do prazer, preocupadas em reduzir a tensão 
mediante a busca do prazer e evitando a dor. 
O id contém a nossa energia psíquica básica, ou a libido, e se expressa por meio da redução de 
tensão. Assim, agimos na tentativa de reduzir essa tensão a um nível mais tolerável. Para 
satisfazer às necessidades e manter um nìvel confortável de tensão, é necessário interagir com o 
mundo real. Por exemplo: as pessoas famintas devem ir em busca de comida, caso queiram 
descarregar a tensão induzida pela fome. Portanto, é necessário estabelecer alguma espécie de 
ligação adequada entre as demandas do id e a realidade. Id: fonte de energia psíquica e o aspecto 
da personalidade relacionado aos instintos. ID: Constitui o reservatório de energia psiquica, é 
onde se localizam as pulsões de vida e de morte. As características atribuídas ao sistema 
incosciente. É regido pelo princípio do prazer (Psiquê que visa apenas o prazer do indivíduo). 
O ego serve como mediador, um facilitador da interação entre o id e as circunstâncias do 
mundo externo. O ego representa a razão ou a racionalidade, ao contrário da paixão insistente 
e irracional do id. Freud chamava o ego de ich, traduzido para o inglês como "I" (Eu" em 
português). Ele não gostava da palavra ego e raramente a usava. Enquanto o id anseia cegamente 
e ignora a realidade, o ego tem consciência da realidade, manipula-a e, dessaforma, regula o 
id. O ego obedece ao princípio da realidade, refreando as demandas em busca do prazer até 
encontrar o objecto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão. 
O ego não existe sem o id; ao contrário, o ego extrai sua força do id. O ego existe para ajudar o 
id e está constantemente lutando para satisfazer os instintos do id. Freud comparava a interacção 
entre o ego e o id com o cavaleiro montando um cavalo fornece energia para mover o cavaleiro 
pela trilha, mas a força do animal deve ser conduzida ou refreada com as rédeas, senão acaba 
derrotando o ego racional. Ego: aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos 
instintos. É o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da 
realidade e as ordens do superego. A verdadeira personalidade, que decide se acata as decisões 
do (Id) ou do (Superego). 
A terceira parte da estrutura da personalidade definida por Freud, o superego, desenvolve-se 
desde o inicio da vida, quando a criança assimila as regras de comportamento ensinadas pelos 
pais ou responsáveis mediante o sistema de recompensas e punições. O comportamento 
inadequado sujeito à punição torna-se parte da consciência da criança, uma porção do 
superego. O comportamento aceitável para os pais ou para o grupo social e que proporcione a 
recompensa torna-se parte do ego-ideal, a outra porção do superego. Dessa forma, o 
comportamento é determinado inicialmente pelas acções dos pais; no entanto, uma vez formado 
o superego, o comportamento é determinado pelo autocontrole. Nesse ponto, a pessoa 
administra as próprias recompensas ou punições. O termo usado por Freud para o superego foi 
über-ich, que significa literalmente "sobre-eu". 
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22 Psicologia Geral, 2020 
 
O superego representa a moralidade. Freud descreveu-o como o "defensor da luta em busca da 
perfeição - o superego é, resumindo, o máximo assimilado psicologicamente pelo indivíduo do 
que é considerado o lado superior da vida humana". Observe-se então, que, obviamente, o 
superego estará em conflito com o id. Ao contrário do ego, que tenta adiar a satisfação do id 
para momentos e lugares mais adequados, o superego tenta inibir a completa satisfação do id. 
Superego: o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões 
recebidos dos pais e da sociedade. Origina-se com o complexo do Édipo, a partir da 
internalização das proibições, dos limites e da autoridade. (É algo além do ego que fica sempre te 
censurando e dizendo: Isso não está certo, não faça aquilo, não faça isso, ou seja, aquela que dói 
quando prejudicamos alguém, é o nosso "freio".) 
Assim Freud imaginava a constante luta dentro da personalidade quando o ego é pressionado 
pelas forças contrárias insistentes. O ego deve tentar retardar os ímpetos agressivos e sexuais do 
id, perceber e manipular a realidade para aliviar a tensão resultante, e lidar com a busca do 
superego pela perfeição. E, quando o ego é pressionado demais, o resultado é a condição 
definida por Freud como ansiedade. 
No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de 
Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o 
desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas 
vidas. Freud introduziu o conceito no seu livro Interpretação dos Sonos (1899). O termo deriva 
do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe. Freud atribui o 
complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente 
terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus 
instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não 
traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente 
estimulante, o estágio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, 
ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reacções similares na vida adulta. 
O Superego, o factor moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no 
processo de gerar o complexo de Édipo. Freud considerou a reação contra o complexo de 
Édito a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram 
a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais. 
Complexo de Eletra 
O complexo de Electra define-se como sendo uma atitude emocional que, segundo as doutrinas 
psicanalíticas, todas as meninas têm para com a sua mãe; trata-se de uma atitude que implica 
uma identificação tão completa com a mãe que a filha deseja, inconscientemente, eliminá-la e 
possuir o pai. Freud referia-se a ele como Complexo de Édipo Feminino, tendo Jung dado o 
nome "Complexo de Electra", baseando-se no mito de Eletra, filha de Agamémnon. Freud 
rejeitava o uso de tal termo por este enfatizar a analogia da atitude entre os dois sexos. 
O complexo de Electra é, muitas vezes, incluído no complexo de Édipo, já que os princípios que 
se aplicam a ambos são muito semelhantes. 
Fases do desenvolvimento psicossexual 
Freud em suas investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, 
descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de 
ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na vida infantil 
estavam as experiências de carácter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem 
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dos sintomas atuais e, confirmava-se, desta forma, que as ocorrências deste período de vida 
deixam marcas profundas na estruturação da personalidade. As descobertas colocam a 
sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o segundo conceito mais importante da 
teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Estas afirmações tiveram profundas repercussões na 
sociedade puritana da época pela concepção vigente de infância "inocente". 
Os principais aspectos destas descobertas são: 
-A função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a partir da 
puberdade como afirmavam as ideias dominantes. 
- O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as funções 
de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. 
Esta afirmação contrariava as ideias predominantes de que o sexo estava associado, 
exclusivamente a reprodução. 
- A libido, nas palavras de Freud, é a "energia dos instintos sexuais e só deles". 
Foi no segundo dos "Três ensaios de sexualidade" das obras completas, que Freud postulou o 
processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois 
nos primeiros tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência. O corpo 
é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) e 
há um desenvolvimento progressivo também ligado as modificações das formas de gratificação e 
de relação com o objecto, que levou Freud a chegar nas fases do desenvolvimento sexual: 
Fase oral (0 a 2 anos) - a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de 
alimentose à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. Objectivo sexual consiste na 
incorporação do objecto. 
Fase anal (entre 2 a 4 anos aproximadamente) - a zona de erotização é o ânus e o modo de 
relação do objecto é de "activo" e "passivo", intimamente ligado ao controle dos esfíncteres (anal 
e uretral). Este controle é uma nova fonte de prazer. 
Acontece entre 2 e 5 anos o complexo de édipo, e é em torno dele que ocorre a estruturação da 
personalidade do indivíduo. No complexo de Édipo, a mãe é o objecto de desejo do menino e o 
pai (ou a figura masculina que represente o pai) é o rival que impede seu acesso ao objecto 
desejado. Ele procura então assemelhar-se ao pai para "ter" a mãe, escolhendo-o como modelo 
de comportamento, passando a internalizar as regras e as normas sociais representadas e 
impostas pela autoridade paterna. Posteriormente por medo do pai, "desiste" da mãe, isto é, a 
mãe é "trocada" pela riqueza do mundo social e cultural e a criança pode, então, participar do 
mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas através da identificação com o pai. Este 
processo também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de 
identificação. Freud fala em Édipo feminino. 
Fase fálica(3/4-5/6) - a zona de erotização é o órgão sexual. Apresenta um objecto sexual e 
alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objecto. Assinala o ponto culminante e o 
declínio do complexo de Édipo pela ameaça de castração. No caso do menino, a fase fálica se 
caracteriza por um interesse narcísico que ele tem pelo próprio pénis em contraposição à 
descoberta da ausência de pénis na menina. É essa diferença que vai marcar a oposição fálico-
castrado que substitui, nessa fase, o par actividade-passividade da fase anal. Na menina esta 
constatação determina o surgimento da "inveja do pénis" e o consequente ressentimento para 
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com a mãe "porque esta não lhe deu um pénis, o que será compensado com o desejo de Ter um 
filho. 
Em seguida vem um período de latência (5/6-11/12), que se prolonga até a puberdade e se 
caracteriza por uma diminuição das actividades sexuais, como um intervalo. 
Fase Genital (11/12-17/18) - E, finalmente, na adolescência é atingida a última fase quando o 
objecto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objecto externo 
ao indivíduo - o outro. Neste momento meninos e meninas estão conscientes de suas identidades 
sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e 
interpessoais. 
Mecanismos de Defesa 
 
Mecanismos de defesa são processos subconscientes que permitem à mente encontrar uma 
solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência 
de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Freud utilizou a 
expressão pela primeira vez no seu "As neuroses e psicoses de defesa", de 1894. Os mecanismos 
de defesa mais importante são: 
Repressão é afastar ou recalcar da consciência um afecto, uma ideia ou apelo do instinto. Um 
acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido 
e se tornar não evocável. 
Defesa de reacção consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos ambos opostos 
aos impulsos verdadeiros, quando estes são inconfessáveis. Um pai que é pouco amado, recebe 
do filho uma atenção por vezes exagerada para que este convença a si mesmo de que é um bom 
filho. 
Projecção consiste em atribuir ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que 
justifique a própria acção. O estudante cria o hábito de cabular nas provas dizendo, para se 
justificar, que os outros cabulam ainda mais que ele. 
Regressão é o retorno a atitudes passadas que provaram ser seguras e gratificantes, e às quais a 
pessoa busca voltar para fugir de um presente angustiante. Devaneios e memórias que se tornam 
recorrentes, repetitivas. Aplica-se também ao regresso a fases anteriores da sexualidade. 
Substituição: O inconsciente, em suas duas formas, está impedido de manifestar-se directamente 
à consciência, mas consegue fazê-lo indirectamente. A maneira mais eficaz para essa 
manifestação é a substituição, isto é, o inconsciente oferece à consciência um substituto 
aceitável por ela e por meio do qual ela pode satisfazer o Id ou o Superego. Os substitutos são 
imagens (representações analógicas dos objectos do desejo) e formam o imaginário psíquico que, 
ao ocultar e dissimular o verdadeiro desejo, o satisfaz indirectamente por meio de objectos 
substitutos (a chucha e o dedo, para o seio materno; tintas e pintura ou argila e escultura para as 
fezes, uma pessoa amada no lugar do pai ou da mãe, de acordo com as fases da sexualidade). 
Além dos substitutos reais, o imaginário inconsciente também oferece outros substitutos, os mais 
freqüentes sendo os sonhos, os lapsos e os actos falhos. Neles, realizamos desejos inconscientes, 
de natureza sexual. São a satisfação imaginária do desejo. Alguém sonha, por exemplo, que sobe 
uma escada, está num naufrágio ou num incêndio. Na realidade, sonhou com uma relação sexual 
proibida. Alguém quer dizer uma palavra, esquece-a ou se engana, comete um lapso e diz uma 
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outra que o surpreende, pois nada terá a ver com aquela que queria dizer: realizou um desejo 
proibido. Alguém vai andando por uma rua e, sem querer, torce o pé e quebra o objecto que 
estava carregando: realizou um desejo proibido. 
Sublimação: A Ética pede a renúncia às gratificações puramente instintuais por outras em 
conformidade com valores racionais transcendentes. A sublimação constitui a adopção de um 
comportamento ou de um interesse que possa enobrecer comportamentos que são instintivos de 
raiz. Um homem pode encontrar uma válvula para seus impulsos agressivos tornando-se um 
lutador campeão, um jogador de futebol ou até mesmo um cirurgião. Para Freud as obras de 
arte, as ciências, a religião, a Filosofia, as técnicas e as invenções, as instituições sociais e as 
acções políticas, a literatura e as obras teatrais são sublimações, ou modos de substituição do 
desejo sexual de seus autores e esta é a razão de existirem os artistas, os místicos, os pensadores, 
os escritores, cientistas, os líderes políticos, etc. 
Transferência: Freud afirmou que a ligação emocional que o paciente desenvolvia em relação 
ao analista representava a transferência do relacionamento que aquele havia tido com seus pais 
e que inconscientemente projectava no terapeuta. O impasse que existiu nessa relação infantil 
criava impasses na terapia, de modo que a solução da transferência era o ponto chave para o 
sucesso do método terapêutico. Embora Freud demorasse a considerar a questão inversa, a da 
atractividade do paciente sobre o terapeuta, esse problema se manifestou tão cedo quanto ainda 
ao tempo das experiência de Breuer, que teria se deixado afectar sentimentalmente por sua 
principal paciente, Bertha Pappenheim. 
Os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e 
o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, 
nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do 
Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material 
reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço 
defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são 
formadas. Para a psicanálise, as psicoses significam uma severa falência do sistema defensivo, 
caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. A diferença entre o 
estado neurótico e o psicótico seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa. 
 
Referências bibliográficas 
 
Fadiman, J e Frager, R - Teorias da Personalidade; Harbra editora GARCIA-Roza,L.A.

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