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Legislação DSTs

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Legislação Sobre DST e Aids no Brasil - Página Inicial
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/home1.htm [15/04/03 12:38:32]
Apresentação
 
 
APRESENTAÇÃO 
A Construção do Direito, a elaboração da lei e a sua regulamentação devem atender 
as necessidades do cidadão, sua liberdade/vontade, inteligência/sensibilidade e 
conhecimento/capacidade. Garantir o respeito a esses valores da individualidade no 
contexto das relações exige habilidade no entendimento e consideração das 
circunstâncias sociais, econômicas e culturais que fazem de nós cidadãos 
contemporâneos, parte de uma sociedade em processo dinâmico. É uma habilidade 
compreender essa condição e dar respostas convincentes e adequadas ao indivíduo 
e à comunidade mobilizados em prol dos Direitos Humanos. 
O reconhecimento do direito à saúde, exemplo que toca diretamente a Rede de 
Direitos Humanos da CN-DST/AIDS, impõe-nos a responsabilidade e missão de 
propor, regulamentar e aplicar uma legislação que equacione e proponha a solução 
dos conflitos gerados pela manifestação e ameaça da doença, e da epidemia do HIV. 
A segunda cuidadosa edição desta obra reúne a produção da legislação brasileira 
em saúde, mais especificamente ligada às doenças sexualmente transmissíveis e 
aids. Seu objetivo maior continua sendo o de oferecer extenso material de consulta, 
comparação e reflexão sobre as diversas leis e suas interpretações à realidade da 
epidemia, para melhor enfrentar esse desafio à Saúde Pública, manter a nossa 
convivência em paz e segurança, a nossa integridade biopsicossocial e os princípios 
da cidadania que tanto lutamos por reconstruir e preservar na Democracia. 
Paulo R. Teixeira 
Coordenador 
Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids 
 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/apresent.htm [15/04/03 12:38:33]
Prefácio
 
 
PREFÁCIO 
Esta 2a edição vem completamente reformulada, buscando dar maior agilidade à 
pesquisa. O leitor encontrará a publicação dividida em três volumes. O primeiro 
volume apresenta os principais instrumentos internacionais 
de proteção aos direitos humanos, que por força do comando constitucional (§1o e 2o 
do art. 5o da Constituição Federal) são auto-aplicáveis, integrando-se ao nosso 
sistema normativo; e outros nacionais, como o Decreto Presidencial no 1.904 de 
13.05.96, que instituiuo Programa Nacional de Direitos Humanos _ PNDH _ e de 
forma específica prevê, a curto prazo, a formulação e implementação de políticas e 
programas de melhoria de acesso, ampliação de serviços e proteção dos direitos 
humanos das pessoas com HIV/aids, com vistas na redução de seu impacto. A 
segundo volume, dividido nos tomos I e II, apresenta as normas federais; e o terceiro 
volume apresenta as normas estaduais e municipais.
As páginas foram numeradas de forma corrida, ou seja, cada volume inicia-se na 
página conseguinte à última página do volume que a precede. O capítulo que reunia 
os projetos de lei foi suprimido por ser considerado inadequado ao objetivo da obra, 
que visa reunir a legislação vigente, deixando para um novo trabalho o desafio de 
analisar os projetos de leis em tramitação. 
Como o trabalho pretende, além do objetivo de compilar as principais leis sobre 
doenças sexualmente transmissíveis e aids, oferecer subsídios para ativistas e 
profissionais ligados às questões de saúde e de direitos humanos, serão 
reproduzidas não só as leis específicas, como também as correlatas, permitindo uma 
visão global do quadro legislativo para sua melhor operacionalização, já que a 
ausência de leis específica não implica em redução ou inaplicabilidade dos direitos 
humanos constitucionalmente consagrados, nem mesmo daqueles que dependem 
de uma prestação positiva do Estado, como os da Seguridade Social (Saúde, 
Previdência e Assistência Social), devendo o Poder Executivo e podendo os 
cidadãos utilizarem os instrumentos genéricos para respaldarem e/ou reivindicarem 
políticas públicas adequadas aos princípios norteadores dos direitos humanos. 
Com o advento da aids, as reivindicações de profissionais da área de saúde e de 
pessoas atingidas diretamente pela epidemia inovaram a interpretação das leis já 
existentes e geraram um grande número de novas leis mais apropriadas a uma 
política antidiscriminatória, que não só vêm permitindo às pessoas afetadas pela 
epidemia uma melhora na qualidade de vida, mas experiências eficientes e 
enriquecedoras que, gradativamente, vêm sendo estendidas para outros agravos de 
saúde e situações discriminatórias. Cabe ainda lembrar que a maioria das políticas 
públicas inovadoras em relação à aids foi impulsionada por um forte ativismo de 
grupos organizados e antecedeu o nascimento das leis específicas sobre a questão, 
as quais, em sua maioria, vieram apenas regular e assegurar uma prática existente, 
de forma a garantir a sua conservação. 
Exemplo atual é a política de distribuição de medicamentos iniciada por meio da 
Portaria no 21 do Secretário de Assistência 
à Saúde de 21/03/95, que antecedeu a Lei no 9.313 de 13/11/96 (regulada pela 
Portaria no 874 do Ministro da Saúde de 03/07/97) e veio afirmar a obrigação dos 
Poderes Públicos de distribuir toda medicação necessária ao tratamento da aids (ver 
vol. II, Cap. II,Tomo I). A política nacional de sangue, igualmente, vem sendo 
garantida, mesmo diante da ausência de lei específica que concretizará 
legislativamente o §4o do art. 199 da Constituição Federal (ver Volume 2, Tomo I 
Cap. II, item 1), pelo Executivo Federal (ver Volume II, Cap. II ,Tomo II, item 10.7) e 
por algumas iniciativas Estaduais, como a de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), 
nos idos anos de 1986 e 1987 (ver Volume III), que antecederam não só a iniciativa 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/prefacio.htm (1 of 3) [15/04/03 12:38:34]
Prefácio
federal, mas a própria Constituição, demonstrando a importância do direito local. 
Espero que a presente compilação estimule e auxilie o debate e o aperfeiçoamento 
dos instrumentos legais. 
Metodologia e dificuldades encontradas 
A coleta do material deu-se basicamente de três maneiras: 
a) pesquisa nas publicações do Diário Oficial da União _ Seção I, de 1993 a 1998, 
diminuindo assim as omissões sempre presentes em obras dessa natureza; 
b) solicitação às organizações não-governamentais; e 
c) solicitação aos Programas e Coordenações Estaduais e Municipais de DST e 
Aids. 
Quanto aos dados recebidos, onze estados enviaram-nos algum tipo de material: 
Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, 
Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. O Distrito Federal 
também encaminhou as leis existentes no âmbito do seu território. 
Os municípios que responderam positivamente, enviando-nos a legislação 
encontrada, foram vinte e dois: Balneário de Camboriú (SC), Belo Horizonte (MG), 
Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Guarulhos (SP) João Pessoa 
(PB), Manaus (AM), Natal (RN), Niterói (RJ), Piracicaba (SP); Presidente Prudente 
(SP), Poços de Caldas (MG), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), 
São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), São José dos Campos (SP), Salvador 
(BA), Santo André (SP) Teresina (PI) e Vitória (ES). 
O número relativamente pequeno de respostas por parte dos estados e municípios 
talvez se deva ao fato de inexistir leis específicas sobre o tema, ou da ausência de 
projetos de acompanhamento da produção legislativa; certo é que essas ausências, 
somadas às dificuldades de pesquisa nos arquivos do Diários Oficiais de cada 
estado e município, resultaram em uma compilação das leis locais (estadual e 
municipal) que não podemos considerar precisa, mas que servirá para traçar um 
perfil bem delineado das normas existentes que regulam o tema em cada estado 
brasileiro. 
Assim, continua a solicitação para que qualquer incorreção ou omissão percebida 
pelo leitor seja encaminhada à Rede Nacional de Direitos Humanos e Saúde em HIVe Aids da CN_DST/AIDS, ou diretamente à autora, pelo e-mail: 
venturaadv@easyline.com.br, possibilitando a atualização constante da obra e a 
formulação de propostas para mudanças legislativas necessárias a uma adequada 
política global de saúde. 
Agradecimentos 
Por fim, agradecemos a valiosa colaboração de todos que nos encaminharam 
respostas possibilitando a conclusão do trabalho, especialmente a equipe da Rede 
Nacional de Direitos Humanos e Saúde Mental em HIV e Aids, da Coordenação 
Nacional, que nos auxiliou no envio de informações; e a Henrique e Cléia Ventura, 
que com carinhosa e paciente dedicação, realizaram toda digitação e formatação do 
texto, proporcionando uma leitura mais agradável de extensa e pormenorizada 
informação legal. 
Miriam Ventura da Silva 
Consultora 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/prefacio.htm (2 of 3) [15/04/03 12:38:34]
Prefácio
 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/prefacio.htm (3 of 3) [15/04/03 12:38:34]
Introdução
 
INTRODUÇÃO 
1. AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E A SAÚDE PÚBLICA 
As doenças sexualmente transmissíveis estão entre os agravos à saúde mais 
comuns no mundo inteiro. A gravidade dessas doenças de alta morbidade pode 
resultar em infertilidade, doenças neonatais e infantis, câncer e muitas outras. A 
sífilis congênita, por exemplo, apesar de sua relativa facilidade de controle e 
prevenção, ainda registra número de casos altíssimo. No Brasil estima-se mais de 
100.000 casos de sífilis congênita, dos quais aproximadamente 40.000 resultam em 
óbitos.1 Estudos demonstram que a população, em sua maioria, as desconhece, e 
que, em determinadas regiões do País, até 70% dos casos de DST são atendidos e 
"tratados" por balconistas de farmácia, em sua maioria do sexo masculino, já que as 
mulheres, por serem geralmente assintomáticas durante um largo período, fator 
somado à carência de serviços e de pessoal treinado para o diagnóstico das DST, 
além do grande estigma em relação a essas doenças, ficam sem diagnóstico e 
tratamento.2 
A infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), que por suas 
características e evolução demonstra que a via sexual é a sua principal entrada, bem 
como os estudos que apontam que outras DST podem aumentar o risco de 
transmissão e aquisição do HIV. Ademais, o difícil controle e incurabilidade da aids, 
até o presente momento, reforçam a necessidade de se estabelecer políticas de 
prevenção e controle das DST, para um efetivo combate à epidemia. 
Apesar das críticas quanto à abordagem da aids no elenco das DST, em razão das 
principais características das medidas tradicionais para prevenir sua disseminação, a 
Organização Mundial de Saúde _ OMS endossou a abordagem adotada por muitos 
países2, argumentando que a maioria das infecções pelo HIV são adquiridas e 
transmitidas sexualmente.3 
1 Dados extraídos do artigo escrito por Fábio Moherdaui, publicado no periódico 
Ação Anti-Aids no 26, janeiro 1995, editada no Brasil pela ABIA - Associação 
Brasileira Interdisciplinar de Aids. 
2 O Brasil adota a classificação do HIV/aids como doença sexualmente 
transmissível. 
3 A OMS justificou da seguinte forma a associação entre o controle da AIDS e de 
DST: 
"O principal modo de transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e de 
outras DST é sexual, embora existam outras vias de transmissão para ambos, dentre 
elas o sangue, produtos derivados do sangue, "órgãos ou tecidos doados e através 
da mãe infectada ao feto ou durante o parto. Muitas das medidas para a prevenção 
da transmissão sexual do HIV e de DST são as mesmas, bem como o público alvo 
dessas intervenções." Declaração de Consultation on Global Strategies for Co-
ordination of AIDS and STS Control Programmes, Genebra, 11-13 de julho de 1990, 
OMS/GPA/INF/90.2 (1990). 
Sob o aspecto técnico a orientação da OMS está correta face à natureza da 
intervenção que deve ser realizada para o controle da epidemia. Merece, sim, ser 
aperfeiçoada a legislação concernente ao assunto e os modelos tradicionais de 
intervenção cuja ineficácia já se encontra comprovada, buscando-se um novo 
modelo que reduza a estigmatização e vulnerabilidade de determinados grupos, e 
amplie o acesso aos serviços mediante a implementação de uma política global onde 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (1 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
as questões concernentes à saúde sejam tratadas em sua dimensão maior, e não 
apenas baseadas em ações curativas. 
Interromper a cadeia de transmissão dessas doenças precocemente é o que espera 
a Saúde Pública mundial, quer seja para deter a epidemia da aids e erradicar as 
doenças sexualmente transmissíveis, quer seja para reduzir o custo financeiro de 
assistência para os estados e o impacto econômico-social da aids, que acomete a 
população mais jovem em idade produtiva e reprodutiva, trazendo seqüelas de 
grande dimensão para todo o mundo. Infelizmente, o controle dessas doenças 
continua sendo um dos maiores desafios em razão dos obstáculos comportamentais, 
psicológicos, sociais, culturais e estruturais existentes, implicando em uma completa 
revisão dos modelos até então utilizados pela Saúde Pública. 
A infecção pelo HIV é, sem dúvida, a maior vilã, e é por esta razão que observamos 
um grande número de leis regulando especificamente o tema. Algumas ainda trazem 
uma abordagem tradicional e inadequada, merecendo reformulação que só será 
possível a partir do seu conhecimento e dos calorosos debates entre a sociedade 
civil e os poderes públicos. 
2. OS MODELOS DE INTERVENÇÃO E A LEGISLAÇÃO 
É um erro ver o Direito como pura restrição à liberdade, pois, ao contrário, ele 
constitui a afirmação da liberdade de todos. (Roberto Lyra Filho) 
Historicamente, uma das reações mais comuns é atribuir a responsabilidade da 
doença ao próprio doente, associando hábitos e costumes considerados 
desregrados de determinados grupos à doença, gerando, imediatamente, a idéia tão 
combatida de "grupos de riscos", os quais seriam os responsáveis diretos pela 
proliferação dos agravos. 
Em razão dessa reação social _ a doença do outro _ foram, por exemplo, as 
prostitutas consideradas na história das doenças venéreas o grande alvo da 
legislação restritiva, vítimas de medidas, na maioria das vezes, atentatórias aos 
princípios básicos dos direitos humanos. Na história da aids, foram os homossexuais 
masculinos, da mesma forma, considerados o grupo nocivo à sociedade. 
Os tradicionais modelos de intervenção profiláticos ou preventivos utilizados pelas 
políticas de Saúde Pública incorporaram essas reações, determinando medidas de 
controle que, basicamente, visavam identificar esses indivíduos, isolá-los e paralisar 
a cadeia de transmissão por um sistema jurídico-punitivo, onde o tratamento é uma 
obrigação do doente e não um direito, juntamente com o dever legal de não 
transmitir a doença para os indivíduos sãos, desconsiderando a responsabilidade de 
quem, uma vez que existem métodos disponíveis para evitar, não tomou as 
precauções devidas. 
Com o advento da aids e o seu caráter de doença incurável, esses modelos 
renasceram fortemente, sendo a primeira década (1980-1990) marcada pelos 
freqüentes conflitos entre as abordagens de Saúde Pública ditas tradicionais e as 
pressões em favor do respeito aos direitos humanos. 
Ocorre que o momento histórico e a própria epidemia de aids possui componentes 
diferenciados, podendo-se destacar:4 
1. A aids é a primeira epidemia internacional da era moderna dos direitos humanos. 
Surge justamente após o período marcado pelas lutas para liberação dos costumes, 
libertação feminina, afirmação da sexualidade fora do casamento e escolha dos 
parceiros sexuais; e pelas manifestações de orientações sexuais fora dos 
parâmetros tradicionais (homossexuais masculinos e femininos). Pela primeira vez, 
os julgamentos arbitrários de valores tinham uma resposta específica e imediata dos 
integrantes rotulados como "grupos deriscos". 
2. A aids não é uma doença, mas um conjunto de sintomas decorrentes da 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (2 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
deficiência imunológica causada pelo HIV, podendo seu portador viver muitos anos 
sem apresentar qualquer sintoma ou, até mesmo, sem saber que é portador do vírus. 
Assim, a aids não atinge somente o presente, mas também o passado, como bem 
coloca a escritora Susan Sontang: Agora a sensualidade não mais retira da esfera 
social, ainda que por um momento apenas os que a ela se entregam. Não pode mais 
ser encarada simplesmente como uma relação a dois: É toda uma cadeia, uma 
cadeia de transmissão vinda do passado.5 
Restou, claro, nesta década de discussão, que um ambiente social discriminatório, 
modelos de intervenção que invadem a intimidade, privacidade e direitos daqueles 
acometidos pela doença eram contra-producente para os programas de prevenção, 
informação/educação e tratamento. A exclusão da sociedade ou a discriminação com 
base em raça/etnia, sexo ou orientação sexual, levaram a um aumento do risco de 
infecção por afastar grande parte da população dos serviços de saúde. Surge, assim, 
a necessidade de um novo modelo para o combate às doenças transmissíveis, 
especialmente à aids, que tenha como base estrutural a solidariedade e como 
linguagem os direitos humanos. 
4 Cf. AIDS e Direitos Humanos, de Katarina Tomasevski e outras, publicado no livro 
"AIDS no Mundo", editado pela ABIA, IMS-UERJ e 
Relume Dumará. 
5 Aids e suas metáforas, Susan Sontang. São Paulo: Companhia das Letras, 
pág..86/87, 1989. 
Esse novo modelo pretendido deve externar, nas políticas públicas e governamentais 
e, conseqüentemente, na legislação essa nova realidade, no momento em que: 
a) organiza as políticas de intervenção na área da saúde, distribuindo competência e 
estabelecendo deveres, diretrizes e estratégias para o enfrentamento da epidemia, 
com vistas na mudança de comportamento de grupos específicos e/ou da população 
em geral, como por exemplo, aconselhar pessoas após e antes dos testes sobre 
tratamento e cuidados com os doentes, serviços sociais e financeiros de suporte etc.; 
b) regula e disciplina medidas e condutas pessoais para o controle da expansão da 
epidemia, como por exemplo, exames médicos obrigatórios, notificação compulsória 
ao poder público etc.;
c) garante a proteção das pessoas contra qualquer tipo de discriminação ou 
subtração de direitos em razão de sua condição de portador de uma doença, como 
por exemplo, a obrigatoriedade do sigilo médico, a proibição de exames de 
rastreamento etc.; 
Harmonizar essas funções, coordenando interesses que, às vezes, traduzem-se no 
sacrifício de um em benefício de outrem, por meio de um sistema de compensações, 
não é tarefa fácil. A coerção, muitas vezes, é a condição de eficácia utilizada para o 
cumprimento da norma, limitando, em uma primeira análise, a liberdade individual. 
Infelizmente, a história mostra-nos que a coerção pode ser empregada para tornar 
eficaz uma norma que é incompatível com a noção ideal do direito, passando a ser 
arbitrária, desprovida de validade e legitimidade; ou pode, quando bem trabalhada, 
conciliar a noção ideal do direito. 
Daí a importância de definirmos o conceito de direito, identificarmos seus princípios e 
diferenciá-los da norma jurídica que lhe dá forma e que, nem sempre, traduz esses 
princípios; quando não se chocam até mesmo com a norma maior contida nas 
Constituições dos países. Assim, a norma que faculta a tortura ou o tratamento 
degradante como meio de obter uma confissão, por exemplo, tem a forma do direito 
sem o ser, porque o direito não pode desconhecer as conquistas da civilização; e 
sendo com elas incompatível, deve ser expurgado. 
Essa breve introdução é, sem dúvida, importante para trabalharmos com a série de 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (3 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
leis que serão apresentadas nesse trabalho, que vão desde 1940, como as do 
Código Penal, até os dias atuais. A sua aplicação deve buscar o direito vivo, atual. A 
interpretação dessas leis deve variar com o tempo e com a realidade social, e deve, 
efetivamente, mudar quando impossível conciliar a nova necessidade com a norma 
vigente, incompatível com a realidade. Desta forma, a lei deixa, (assim) de ser 
simples fator de conservação social, para tornar-se o vetor das grandes 
transformações da sociedade.6 
6 Fábio Konder Comparato, Para viver a democracia, Editora Brasiliense, p. 168. 
Nossa Constituição Federal preceitua que ninguém será obrigado a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (Inciso II, Art 5o de nossa Constituição 
Federal). Em decorrência deste comando maior, a legislação torna-se instrumento 
indispensável para uma política de saúde adequada que assegure os direitos de 
todos, garantindo o direito fundamental do homem à vida e à saúde e servindo de 
apoio para as medidas sanitárias e sociais necessárias, as quais exigem, às vezes, 
medidas de coerção e restrição de alguns direitos individuais. 
O descompasso, teórico e prático no mundo inteiro, entre as normas legais e os 
modelos de intervenção utilizados pela Saúde Pública, provoca constantes conflitos 
entre os profissionais de saúde e a população atingida, principalmente sobre 
medidas de vigilância sanitária e epidemiológica. Tal fato resulta da forma de 
abordagem dessas normas, que em determinados momentos atende à linguagem 
técnica do setor de saúde, mas contêm impropriedades jurídicas relevantes, 
chegando a entrar em desacordo com normas constitucionais e princípios de direitos 
humanos consagrados. Em outros momentos, ocorre o oposto, o legislador produz 
uma legislação que atende à boa técnica legislativa, mas ignora medidas básicas 
para o sistema de saúde, tornando-a ineficaz. 
A preocupação com esse descompasso é antiga e já na Resolução no WHA 30-44, 
da Organização Mundial de Saúde, de 19.05.77, foram os países-membros 
convocados a realizarem uma ampla revisão e atualização de todo repertório jurídico 
concernente à saúde, com o objetivo de promover a difusão, ensinamento e 
aplicação das normas aprovadas, atendendo aos princípios consagrados de direitos 
humanos. Sendo assim, é irrefutável a importância de uma legislação adequada e 
ágil que considere a velocidade com que devem ser tomadas decisões importantes 
de controle; mas, ao mesmo tempo, que atente para as intervenções fundamentadas 
nos princípios básicos humanitários. Esse é o desafio. 
3. O SISTEMA NORMATIVO NACIONAL 
No sistema legal brasileiro, as normas jurídicas devem atender sempre ao comando 
maior da norma-princípio, contida na Constituição Federal, face à hierarquia dos atos 
normativos, determinada na própria Constituição (art. 59 CF), que confere ao 
cidadão diversos instrumentos de controle da constitucionalidade das leis, como o 
mandado de segurança, coletivo e individual, o habeas corpus, a ação popular, a 
ação civil pública, a ação direta de inconstitucionalidade, dentre outros. 
Desta forma, a lei, no sentido estrito, deve se submeter à Constituição, ao 
regulamento à lei, à Portaria do Ministro, ao Decreto Presidencial, à Resolução do 
Secretário, ao Decreto do Governador, e assim sucessivamente. Cada comando 
normativo encontra respaldo naquele que lhe é superior. Se essa verticalidade falhar, 
o cidadão pode se insurgir contra a ordem ou norma expedida, utilizando um dos 
instrumentos processuais acima elencados, compatíveis com a natureza do 
descumprimento, retirando, pela decisão os efeitos da norma impugnada e/ou 
expurgando a própria norma do sistema, por inconstitucionalidade. 
Esse processo de adequação, apesar de sua aparente facilidade, é trabalho árduo, 
principalmente, porque atravessamos um período de adaptação do sistema 
normativo à nova Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988. Várias leis já 
foram expedidas sob a égide da nova Constituição, como aLei Orgânica da Saúde 
em 1990, a Lei que dispõe sobre a Previdência Social em 1991, e a Lei Orgânica da 
Assistência Social em 1993. Essas leis inovaram praticamente em tudo, tornando 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (4 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
insubsistente a maioria dos textos legais anteriores, sejam os de ordem nacional 
como os de origem estadual ou municipal, impondo uma reformulação completa, 
tanto organizacional quanto da sociedade em si, adequando os novos mandamentos 
legais, como por exemplo, a implantação do Sistema Único de Saúde, o SUS (ver 
volume II, Cap. II, item 2). 
O trabalho é ainda mais árduo porque a lei não se destina à vigência temporária e 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue, como determina o art. 2o do Decreto-
Lei no 4.657, de 04.09.42, que regula a matéria. Porém, essa Revogação pode ser 
expressa ou tácita. Expressa, quando o novo texto legal declara revogado texto 
anterior; e tácita, quando o novo texto é incompatível com o anterior, ou regula 
inteiramente a matéria de que tratava, ficando, nessa segunda hipótese, para o 
intérprete, a análise do que é compatível ou não com determinada lei ou sistema 
legal vigente. Verificando-se a incompatibilidade de uma lei nova com a anterior, esta 
pode ser retirada do sistema normativo, espontaneamente, pela autoridade que a 
emitiu, ou através de decisão do Poder Judiciário, utilizando-se o cidadão dos 
instrumentos processuais já mencionados. 
4. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA BRASILEIRA 
Distribuição de competências/Poder Estatal e suas funções: Legislativo, Judiciário, 
Executivo/Administração Pública e Administração Pública Federal 
A Organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende 
a União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos e 
com competências próprias (art. 18, Constituição Federal). A autonomia das 
entidades federativas pressupõe repartição de competências e distribuição 
constitucional de poderes, a fim de possibilitar o exercício e desenvolvimento de sua 
atividade normativa. 
A Constituição Federal de 1988 estruturou o sistema combinando de competências 
exclusivas, privativas e principiológicas, com competências comuns e concorrentes 
norteadas pelo princípio geral da predominância do interesse. Dessa forma, à União 
cabe legislar sobre matérias e questões de predominante interesse geral nacional, 
aos estados os assuntos de predominante interesse regional, e aos municípios os de 
interesse local. 
Mas o que vem a ser competência? 
Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, ou de um órgão 
ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competência são as diversas 
modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para 
realizar suas funções.7 
Tal definição permite classificarmos as competências em dois grandes grupos: 
a) Competência material - traduz-se nas atribuições administrativas, e se divide em: 
exclusiva (art. 21 da CF) e comum (art. 22 da C F). 
b) Competência legislativa - traduz-se na possibilidade de regulamentar determinada 
matéria pela expedição de leis, e se divide em: exclusiva (art. 25 § 1o e 2o da CF), 
privativa (art. 22 da CF), concorrente (art. 24 da CF) e suplementar (art. 24 § 2 o da 
CF). 
A competência é exclusiva quando é atribuída a uma entidade com exclusão das 
demais, sem possibilidade de delegação (transmitir o poder). Privativa é a 
competência descrita como própria de uma entidade, podendo, contudo, ser 
delegada a outra. Competência comum significa legislar ou praticar atos em pé de 
igualdade com outros, sem que o exercício de um venha a excluir a competência de 
outro (art. 23 da CF). Competência concorrente é a possibilidade de dispor sobre o 
mesmo assunto ou matéria por mais de uma entidade federativa, podendo ser plena, 
no âmbito de seu território, quando inexistir legislação federal ou suplementar, 
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Introdução
quando as normas vierem suprir a ausência ou omissão de determinado ponto da 
norma geral nacional, ou desdobrem seu conteúdo visando atender peculiaridades 
locais (art. 23 e 30 da CF). Sempre a legislação federal terá primazia sobre as 
elaboradas, concorrente ou suplementarmente, pelas outras unidades da federação. 
Após essas considerações iniciais, passemos a fixar as competências da União, 
Estados e Municípios, nas áreas de nosso interesse (Saúde, Educação, Trabalho, 
Seguridade Social, direitos civis e penal). 
Compete privativamente à União legislar sobre:8 
I - direito civil, penal e do trabalho; 
II - naturalização, emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de 
estrangeiros; 
III - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de 
profissões; 
IV - seguridade social; e 
V - diretrizes e bases da educação nacional. 
7 Conforme José Afonso Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo - 10a ed. - 
Ed. Malheiros, p. 453. 
8Cf. art. 30 da Constituição Federal. 
É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:9 
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis, das instituições democráticas e 
conservar o patrimônio público; 
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência; e 
III - promover programas que combatam as causas da pobreza e os fatores de 
marginalização, promovendo a integração social dos grupos desfavorecidos. 
Compete concorrentemente à União, Estados e Distrito Federal:10 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário; 
II - educação, cultura e ensino; 
III - previdência social, proteção e defesa da saúde; 
IV - assistência jurídica e defensoria pública; 
V - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; e 
VI - proteção da infância e da juventude. 
A competência concorrente será a mais utilizada na área do nosso estudo. Contudo, 
ressalte-se, mais uma vez, a importância jurídico-social do direito local; e que a 
competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos estados. Assim sendo, e em caso da inexistência de lei federal nas 
áreas da competência concorrente, a competência legislativa dos estados e do 
Distrito Federal é plena para atender as suas peculiaridades. Sobrevindo lei federal 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (6 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
sobre normas gerais, suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário. 
(art. 24 da CF). 
Finalmente, cumpre fixar a competência Municipal:11 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e estadual no que couber; 
III - organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, os 
serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter 
essencial; 
9 Cf. art. 23 da Constituição Federal. 
10 Cf. art. 24 da Constituição Federal. 
11 Cf. art. 30 da Constituição Federal. 
IV - manter a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de 
educação pré-escolar e de ensino fundamental; e 
V - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de 
atendimento à saúde da população. (art. 30 CF). 
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências reservadas aos estados e 
municípios. 
O Poder Estatal e suas funções 
Além da divisão de competência entre as entidades que compõem a Federação, a 
Constituição Federal determina a distribuição de funções no âmbito de cada unidade, 
o que tradicionalmente chamamos de "tripartição dos poderes". 
São Poderes da União o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e 
harmônicos entre si. Assim, as funções típicas estabelecidas constitucionalmente 
são: Legislativa, Executiva e Judiciária. Embora a atividade dos três poderes se 
interrelacionem,em um sistema de freios e contrapesos, na busca da harmonia 
necessária à realização do bem da coletividade e para evitar o arbítrio e o desmando 
de um em detrimento do outro, como veremos a seguir, a regra constitucional é a da 
indelegabilidade de atribuições.12 As hipóteses de delegação devem estar previstas 
na Constituição, daí podermos afirmar que são independentes. A propósito do tema, 
vale transcrever a elucidativa lição de José Afonso da Silva, extraída da obra citada, 
pág. 111 e 112: 
"Se ao Legislativo cabe a edição de normas gerais e impessoais, estabelece-se um 
processo para sua formação em que o executivo tem participação importante, quer 
pela iniciativa das leis, quer pela sanção e pelo veto. Mas a iniciativa legislativa do 
Executivo é contrabalançada pela possibilidade que o Congresso tem de modificar o 
projeto por vias de emendas e até de rejeitá-lo. Por outro lado, o Presidente da 
República tem o poder de veto, que pode exercer em relação a projetos de iniciativa 
dos congressistas como em relação às emendas aprovadas a projetos de sua 
iniciativa. Em compensação, o Congresso, pelo voto da maioria absoluta de seus 
membros, poderá rejeitar o veto, e, pelo Presidente do Senado, promulgar a lei, se o 
Presidente da República não o fizer no prazo previsto (art. 66). 
Se o Presidente da República não pode interferir nos trabalhos legislativos, para 
obter aprovação rápida de seus projetos, é-lhe, porém, facultado marcar prazo para 
sua apreciação, nos termos dos parágrafos do art. 64. 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/introd.htm (7 of 9) [15/04/03 12:38:35]
Introdução
Se os tribunais não podem influir no Legislativo, são autorizados a declarar a 
inconstitucionalidade das leis, não as aplicando neste caso. O Presidente da 
República não interfere na função jurisdicional; em compensação os ministros dos 
tribunais superiores são por ele nomeados, sob controle do Senado Federal, a quem 
cabe aprovar o nome escolhido (art. 51, III, a). 
São esses alguns exemplos apenas do mecanismo dos freios e contrapesos, 
caracterizador da harmonia entre os poderes. Tudo isso demonstra que os trabalhos 
do Legislativo e do Executivo, especialmente, mas também do Judiciário, só se 
desenvolverão a bom termo se esses órgãos se subordinarem ao princípio da 
harmonia, que não significa nem o domínio de um pelo outro nem a usurpação de 
atribuições, mas a verificação de que, entre eles, há de haver consciente 
colaboração e controle recíproco (que, aliás, integra o mecanismo), para evitar 
distorções e desmandos. A desarmonia, porém, se dá sempre que se acrescem 
atribuições, faculdades e prerrogativas de um em detrimento do outro."13 
Como podemos concluir, essa tripartição significa que cada órgão do Poder exerça, 
preponderantemente, uma função e, secundariamente, as duas outras. Atipicamente, 
o Legislativo também administra quando, por exemplo, dispõe sobre sua organização 
e provimento de cargos de seus serviços e julga, pois compete ao Senado Federal, 
privativamente, julgar o Presidente da República e os Ministros de Estado. O 
Executivo também julga, quando defere ou indefere pedidos de administrados e 
aprecia defesas e recursos administrativos; e legisla, quando expede medidas 
provisórias, leis delegadas, decretos, regulamentos. O Judiciário, por sua vez, legisla 
ao editar seus Regimentos Internos e administra ao organizar seus serviços 
auxiliares. 
O Poder Legislativo 
Nosso legislativo nacional é bicameral, atendendo à forma de Estado federal. São 
duas casas legislativas do Congresso Nacional que desempenham a função 
legislativa: a Câmara dos Deputados, onde se encontram os representantes do povo 
brasileiro; e o Senado Federal, onde estão os representantes dos estados e do 
Distrito Federal. A função preponderante do Legislativo é a de ditar leis nacionais, 
que obrigam a todos no território brasileiro. Como ambas as casas estão 
encarregadas da elaboração da lei, os estados participam de sua formação através 
do Senado Federal, e o povo por meio da Câmara dos Deputados. 
Nos estados e municípios, o Legislativo é unicameral, exercido pela Assembléia 
Legislativa e pela Câmara dos Vereadores, respectivamente. 
O Poder Judiciário 
O Poder Judiciário exerce a jurisdição, que consiste no poder de dizer o direito 
aplicável a uma controvérsia, em caráter definitivo, quando deduzida 
processualmente. 
Esse caráter definitivo deriva do poder de produzir a coisa julgada (art. 5o inciso 
XXXVI da CF), e de não ser possível excluir de sua apreciação qualquer lesão ou 
ameaça ao direito (art. 5o Inc. XXXV da CF). 
Dessa forma, como dito anteriormente, qualquer lei ou ato normativo, desde que fira 
direito ou o ameace, pode submeter-se ao controle do judiciário pela ação judicial 
própria, que lhe retirará a validade. 
O Poder Executivo 
Executar é administrar, é dar. Administrar, dar, conferir o preceituado na lei.14 
Como já vimos, embora administrar seja a função típica, o Executivo tem outras 
atribuições, desde a expedição de atos com força de lei (medidas provisórias), até a 
participação no processo legislativo, pela iniciativa, sanção, veto e promulgação das 
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Introdução
leis. Os chefes dos Poderes Executivos exercitam suas principais funções jurídicas 
por meio dos decretos e regulamentos. Na área da saúde, comumente, a lei reserva 
ao Executivo expedir normas que dependam de conhecimento técnico específico 
para torná-la operativa. Dessa forma, o Executivo legisla sem poder extrapolar os 
limites legais impostos, sob pena de imediata ilegalidade (verticalidade já falada 
nesta Introdução). Michel Temer, na obra citada, define com precisão esse sistema: 
A lei inova a ordem jurídica infraconstitucional, o regulamento não altera. A lei 
depende da Constituição, nela encontra seu fundamento de validade...15. O 
Executivo tem de tornar a lei operativa, facilitando a sua execução e dispondo de 
normas destinadas à Administração. 
Administração Pública 
O Presidente da República é auxiliado pelos Ministros de Estado, e os Governadores 
e Prefeitos por seus Secretários, competindo-lhes exercer a orientação, coordenação 
e supervisão dos órgãos e entidades da administração na área de sua competência; 
e expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos, 
normalmente denominadas Portarias e Resoluções, dentre outras funções. 
14 Conforme Michel Temer, ob. citada, p. 149. 
15 Ob. cit., p. 151. 
Essas instruções são normas inferiores ao Decreto e ao Regulamento, e destinam-se 
a promover a execução das leis. Assemelham-se, nesse caso, ao Regulamento, com 
validade para o âmbito do Ministério ou da Secretaria que o expediu. 
Indagação comum é se o Ministro ou Secretário de Estado está impedido de expedir 
instrução para execução de determinada lei que se refira à área de sua competência, 
na ausência de regulamentação do Presidente da República, Governador ou 
Prefeito, ou expedir instruções existindo regulamento daquela lei. As respostas são 
afirmativas. A competência dos Ministros e Secretários para expedir instruções é 
conferida pelas Constituições (Federal e Estaduais). Assim, a instrução ministerial ou 
dos secretários pode existir, independentemente do Regulamento ou Decreto, 
quando estes não existirem e até a expedição destes (competência concorrente). Ou 
se existirem, expedir instruções nos claros deixados pelo Regulamento (competência 
suplementar). 
No que concerne à legislação de saúde, veremos que, por sua especificidade, é 
prática comum a expedição de normas pelos Ministros e Secretários, 
independentemente de decretos ou regulamentos, a fim de viabilizarem o 
funcionamento de seus órgãos. Pelo presente trabalho, o leitor poderá constatar que 
esse tipo normativo é preponderante na área pesquisada. 
 
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Instrumentos Internacionaisde Proteção dos Direitos Humanos Ratificados Pelo Brasil
Instrumentos 
Internacionais de proteção 
dos Direitos Humanos 
ratificados pelo Brasil 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
Decreto Legislativo 
no 56 de 19/04/95 
Decreto no 1.904 
de 13/05/96 
Direitos Humanos 
INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
RATIFICADOS PELO BRASIL 
O quadro abaixo elenca relevantes instrumentos internacionais de proteção dos 
direitos humanos, enfocados ao longo deste estudo. Por meio dele, destaca-se a 
data da adoção de determinado instrumento internacional, bem como a data de sua 
ratificação pelo Brasil. Há também o cuidado em separar os instrumentos de alcance 
global, dos instrumentos de alcance regional interamericano. 
Este quadro objetiva apresentar importantes instrumentos internacionais ratificados 
pelo Brasil, no âmbito do Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
SISTEMA GLOBAL 1 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/vol1.htm (1 of 2) [15/04/03 12:38:37]
Instrumentos Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos Ratificados Pelo Brasil
 
1 Quadros extraídos da obra de Flávia Piovesan, em Direitos Humanos 
e o Direito Constitucional Internacional, 2a edição, Max Limonad, 1997, 
pág. 335 a 337 
SISTEMA GLOBAL INTERAMERICANO 
 
Instrumentos 
Internacionais de proteção 
dos Direitos Humanos 
ratificados pelo Brasil 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
Decreto Legislativo 
no 56 de 19/04/95 
Decreto no 1.904 
de 13/05/96 
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Declaração Universal dos Direitos Humanos
Instrumentos 
Internacionais de proteção 
dos Direitos Humanos 
ratificados pelo Brasil 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
Decreto Legislativo 
no 56 de 19/04/95 
Decreto no 1.904 
de 13/05/96 
 
 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, 
da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em 
atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um 
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade 
de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta 
aspiração do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de 
Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião 
contra a tirania e a opressão, 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as 
nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos 
direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na 
igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o 
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, 
Considerando que os estados-membros se comprometeram a promover, em 
cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e 
liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, 
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais 
alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, 
A Assembléia Geral proclama: 
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser 
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo 
e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, 
por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e 
liberdades e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e 
efetivos, tanto entre os povos dos próprios eestados-membros, quanto entre os 
povos dos territórios sob sua jurisdição. 
Art. 1o - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São 
dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com 
espírito de fraternidade. 
Art. 2o - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades 
estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, 
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou 
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/vol1_1.htm (1 of 4) [15/04/03 12:38:38]
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou 
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um 
território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra 
limitação de soberania. 
Art. 3o - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Art. 4o - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico 
de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Art. 5o - Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, 
desumano ou degradante. 
Art. 6o - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como 
pessoa perante a lei. 
Art. 7o - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual 
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que 
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Art. 8o - Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes 
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam 
reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
Art. 9o - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Art. 10 - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e 
pública por Parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus 
direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
Art. 11 - Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida 
inocente até que a sua cul-pabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em 
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias 
necessárias à sua defesa. 
Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não 
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta 
pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato 
delituoso. 
Art. 12 - Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no 
seu lar ou na sua corres-pondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda 
pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. 
Art. 13 - Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das 
fronteiras de cada Estado. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, 
inclusive o próprio, e a este regressar. 
Art. 14 - Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar 
asilo em outros países. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição 
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos 
propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Art. 15 - Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,nem do direito de mudar 
de nacionalidade. 
Art. 16 - Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, 
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. 
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Declaração Universal dos Direitos Humanos
Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
O casamento não será válido senão como o livre e pleno consentimento dos 
nubentes. 
A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da 
sociedade e do Estado. 
Art. 17 - Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 
Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
Art. 18 - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; 
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de 
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela 
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 
Art. 19 - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito 
inclui a liberdade de, sem inter-ferência, ter opiniões e de procurar, receber e 
transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de 
fronteiras. 
Art. 20 - Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
Art. 21 - Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, 
diretamente ou por intermédio de re-presentantes livremente escolhidos. 
Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 
A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será 
expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto 
ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. 
Art. 22 - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e 
à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a 
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. 
Art. 23 - Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a 
condições justas e favoráveis de tra-balho e à proteção contra o desemprego. 
Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual 
trabalho. 
Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que 
lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade 
humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção 
de seus interesses. 
Art. 24 - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável 
das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas. 
Art. 25 - Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à 
sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de 
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/vol1_1.htm (3 of 4) [15/04/03 12:38:38]
Declaração Universal dos Direitos Humanos
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as 
crianças, nascidas dentro ou fora de matrimônio, gozarão da mesma proteção social. 
Art. 26 - Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos 
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigratória. A 
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, 
esta baseada no mérito. 
A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade 
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre 
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das 
Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será 
ministrada a seus filhos. 
Art. 27 - Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da 
comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus 
benefícios. 
Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de 
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. 
Art. 28 - Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os 
direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente 
realizados. 
Art. 29 - Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno 
desenvolvimento de sua perso-nalidade é possível. 
No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às 
limitações determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido 
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às 
justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade 
democrática. 
Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos 
contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Art. 30 - Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o 
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer 
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e 
liberdades aqui estabelecidos. 
Instrumentos 
Internacionais de proteção 
dos Direitos Humanos 
ratificados pelo Brasil 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
Decreto Legislativo 
no 56 de 19/04/95 
Decreto no 1.904 
de 13/05/96 
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/legislacao/vol1_1.htm (4 of 4) [15/04/03 12:38:38]
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
Instrumentos 
Internacionais de proteção 
dos Direitos Humanos 
ratificados pelo Brasil 
Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos 
Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
Decreto Legislativo 
no 56 de 19/04/95 
Decreto no 1.904 
de 13/05/96 
 
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
Preâmbulo 
Os estados-partes no presente Pacto, 
Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados na Carta das 
Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa 
humana, 
Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, o ideal do ser humano livre, no gozo das liberdades civis e políticas e 
liberto do temor e da miséria, não pode ser realizado, a menos que se criem as 
condições que permitam a cada um gozar de seus direitos civis e políticos, assim 
como de seus direitos econômicos, sociais e culturais, 
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos estados a obrigação de 
promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades da pessoa 
humana, 
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para 
com a coletividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e 
observância dos direitos reconhecidos no presente Pacto, acordam o seguinte: 
PARTE I 
Art. 1o -1.Todosos povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, 
determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu 
desenvolvimento econômico, social e cultural. 
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor livremente de 
suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes 
da cooperação econômica internacional, baseada no princípio do proveito mútuo e 
do Direito Internacional. Em caso algum poderá um povo ser privado de seus 
próprios meios de subsistência. 
3. Os estados-partes no presente Pacto, inclusive aqueles que tenham a 
responsabilidade de administrar territórios não autônomos e territórios sob tutela, 
deverão promover o exercício do direito à auto-determinação e respeitar esse direito, 
em conformidade com as disposições da Carta das Nações Unidas. 
PARTE II 
Art. 2o - 1.Os estados-partes no presente Pacto comprometem-se a garantir a todos 
os indivíduos que se encontrem em seu território e que estejam sujeitos à sua 
jurisdição os direitos reconhecidos no atual Pacto, sem discriminação alguma por 
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra 
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natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer 
outra situação. 
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a tornar 
efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os estados-partes 
comprometem-se a tomar as providências neces-sárias, com vistas a adotá-las, 
levando em consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as 
disposições do presente Pacto. 
3. Os estados-partes comprometem-se a: 
a) garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no presente 
Pacto hajam sido violados, possa dispor de um recurso efetivo, mesmo que a 
violência tenha sido perpetrada por pessoas que agiam no exercício de funções 
oficiais; 
b) garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito determinado 
pela competente autoridade judicial, administrativa ou legislativa ou por qualquer 
outra autoridade competente prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão 
e a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; 
c) garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de qualquer decisão que 
julgar procedente tal recurso. 
Art. 3o - Os estados-partes no presente Pacto comprometem-se a assegurar a 
homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis e políticos 
enunciados no presente Pacto. 
Art. 4o - 1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam 
proclamadas oficialmente, os estados-partes no presente Pacto podem adotar, na 
estrita medida em que a situação o exigir, medidas que derroguem as obrigações 
decorrentes desse Pacto, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as 
demais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito internacional e não 
acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, língua, 
religião ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza qualquer derrogação dos arts. 6o, 7o, 8o (§§ 
1o e 2o), 11, 15, 16 e 18. 
3. Os estados-partes no presente Pacto que fizerem uso do direito de derrogação 
devem comunicar imediatamente aos outros estados-partes no presente Pacto, por 
intermédio do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, as disposições 
que tenham derrogado, bem como os motivos de tal derrogação. Os estados-partes 
deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por intermédio do Secretário-
Geral das Nações Unidas, na data em que terminar tal suspensão. 
1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpretada no sentido de 
reconhecer a um estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a 
quaisquer atividades ou de praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir 
os direitos ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhes limitações 
mais amplas do que aquelas nele previstas. 
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos 
fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer estado-parte no presente Pacto 
em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o 
presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau. 
PARTE III 
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido 
pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
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2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá ser 
imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com a 
legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em 
conflito com as disposições do presente Pacto, nem com a Convenção sobre a 
Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena 
apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida por 
tribunal competente. 
3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio, entende-se que 
nenhuma disposição desse artigo autorizará qualquer estado-parte no presente 
Pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de qualquer das obrigações que 
tenha assumido, em virtude das disposições da Convenção sobre a Prevenção e 
Repressão do Crime de Genocídio. 
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. 
A anistia, o indulto ou a comutação da pena poderão ser concedidos em todos os 
casos. 
5. Uma pena de morte não poderá ser imposta em casos de crimes cometidos por 
pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em caso de gravidez. 
6. Não se poderá invocar disposição alguma do artigo para retardar ou impedir a 
abolição da pena de morte por um estado-parte no presente Pacto. 
Art. 7o - Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou de-gradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma 
pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas. 
Art. 8o - 1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de 
escravos, em todas as suas formas, ficam proibidos. 
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. 
3. a) ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios; 
b) a alínea "a" do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de 
proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalho 
forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, imposta por um 
tribunal competente; 
c) para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados trabalhos forçados 
ou obrigatórios: 
qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea "b", normalmente exigido de um 
indivíduo que tenha sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que, 
tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em liberdade condicional; 
qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a isenção por 
motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles 
que se oponham ao serviço militar por motivo de consciência; 
qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o 
bem-estar 
da comunidade; 
qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.
Art. 9o - 1.Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém 
poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de 
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sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os 
procedimentos nela estabelecidos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razõesda prisão e 
notificada, sem demora, 
das acusações formuladas contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser 
conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei 
a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de 
ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento 
não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada 
a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência e 
a todos os atos do processo, se necessário for, para a execução da sentença. 
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade, por prisão ou 
encarceramento, terá o direito 
de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legalidade de seu 
encarceramento e ordene 
a soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegal terá direito à 
reparação.
Art. 10 - 1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com 
humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. 
2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstâncias 
excepcionais, das pessoas condenadas e receber tratamento distinto, condizente 
com sua condição de pessoas não condenadas. 
b) As pessoas jovens processadas deverão ser separadas das adultas e julgadas o 
mais rápido possível. 
3. O regime penitenciário consistirá em um tratamento cujo objetivo principal seja a 
reforma e reabilitação moral dos prisioneiros. Os delinqüentes juvenis deverão ser 
separados dos adultos e receber tratamento condizente com sua idade e condição 
jurídica. 
Art. 11 - Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma 
obrigação contratual. 
Art. 12 - 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um estado terá o 
direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu 
próprio país. 
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrições, a menos que 
estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, 
saúde ou moral públicas, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e 
que sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no presente Pacto. 
4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito de entrar em seu próprio 
país. 
Art. 13 - Um estrangeiro que se encontre legalmente no território de um estado-parte 
no presente Pacto só po-derá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada 
em conformidade com a lei e, a menos que razões imperativas de segurança 
nacional a isso se oponham, terá a possibilidade de expor as razões que militem 
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contra a sua expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades 
competentes ou por uma ou várias pessoas especialmente designadas pelas 
referidas autoridades, e de fazer-se representar com este objetivo. 
Art. 14 - 1. Todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as Cortes de Justiça. 
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas garantias 
por um Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na 
apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na 
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público 
poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um julgamento, quer por motivo 
de moral pública, ordem pública ou de segurança nacional em uma sociedade 
democrática, quer quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na 
medida em que isto seja estritamente necessário na opinião da justiça, em 
circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses 
da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá 
tomar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento oposto ou 
o processo diga respeito a controvérsias matrimoniais ou à tutela de menores. 
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência 
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, às seguintes 
garantias mínimas: 
a) a ser informada, sem demora, em uma língua que compreenda e de forma 
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; 
b) a dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a 
comunicar-se com defensor de sua escolha; 
c) a ser julgada sem dilações indevidas; 
d) a estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermédio 
de defensor de sua escolha; a ser informada, caso não tenha defensor, do direito 
que lhe assiste de tê-lo, e sempre que o interesse da justiça assim exija, a ter um 
defensor designado ex officio gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo; 
e) a interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e a obter 
comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas 
condições de que dispõem as de acusação; 
f) a ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou não fale 
a língua empregada durante o julgamento; 
g) a não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada. 
4. O processo aplicável aos jovens que não sejam maiores nos termos da legislação 
penal levará em conta a idade dos mesmos e a importância de promover sua 
reintegração social. 
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da 
sentença condenatória e da pena a uma instância superior, em conformidade com a 
lei. 
6. Se uma sentença a condenatória passada em julgado for posteriormente anulada 
ou quando um indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos novos 
que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que sofreu a pena 
decorrente dessa condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos 
que fique provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente, a não-revelação 
do fato desconhecido em tempo útil. 
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7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi absolvido 
ou condenado por sentença passada em julgado, em conformidade com a lei e com 
os procedimentos penais de cada país. 
Art. 15 - 1. Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que não 
constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacional, no momento em 
que foram cometidos. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei 
estipular a imposição de pena mais leve, o delinqüente deverá dela beneficiar-se. 
2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a condenação 
de qualquer indivíduo por atos ou omissões que, no momento em que foram 
cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os princípios gerais de 
direito reconhecidos pela comunidade das nações. 
Art. 16 - Toda pessoa terá o direito, em qualquer lugar, ao reconhecimento de sua 
personalidade jurídica. 
Art. 17 - 1. Ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua 
vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de 
ofensas ilegais à sua honra e reputação. 
2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas. 
Art. 18 - 1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou crença de 
sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou 
coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de 
ritos,de práticas e do ensino. 
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua 
liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas às 
limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a 
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais 
pessoas. 
4. Os estados-partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos 
pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar aos filhos a educação 
religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções. 
Art. 19 - 1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 
2. Toda pessoa terá o direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a 
liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, 
independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, de 
forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha. 
3. O exercício de direito previsto no § 2o do presente artigo implicará deveres e 
responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a certas 
restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se 
façam necessárias para: 
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; b) proteger 
a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas. 
Art. 20 - 1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guerra. 
2. Será proibida por lei qualquer apologia ao ódio nacional, racial ou religioso, que 
constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência. 
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Art. 21 - O direito de reunião pacífica será reconhecido. O exercício desse direito 
estará sujeito apenas às res-trições previstas em lei e que se façam necessárias, em 
uma sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança ou 
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as 
liberdades das demais pessoas. 
Art. 22 - 1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o 
direito de constituir sindicatos e de a eles filiar-se, para proteção de seus interesses. 
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que 
se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da segurança 
nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral 
públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. O presente artigo não 
impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desses direitos por membros 
das forças armadas e da polícia. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os estados-partes, na 
Convenção de 1948, da Organização Internacional do Trabalho, relativa à liberdade 
sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas que 
restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas na 
referida Convenção. 
Art. 23 - 1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e terá o direito 
de ser protegida pela sociedade e pelo estado. 
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, contrair 
casamento e constituir família. 
3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre e pleno dos futuros 
esposos. 
4. Os estados-partes no presente Pacto deverão adotar as medidas apropriadas para 
assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos esposos quanto ao 
casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de 
dissolução, deverão adotar-se as disposições que assegurem a proteção necessária 
para os filhos. 
Art. 24 - 1. Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, 
sexo, língua, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, 
às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por parte de sua 
família, da sociedade e do Estado. 
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e deverá 
receber um nome. 
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. 
Art. 25 - Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de 
discriminação mencionadas no art. 2o e sem restrições infundadas: 
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de 
representantes livremente escolhidos; 
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio 
universal e igualitário 
e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; 
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. 
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Art. 26 - Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação 
alguma, a igual proteção 
da lei. A este respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir 
a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo 
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem 
nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. 
Art. 27 - Nos estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lingüísticas, as 
pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, 
conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de 
professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua.
PARTE IV 
Art. 28 - 1. Constituir-se-á um Comitê de Direitos Humanos (doravante: denominado 
"Comitê" no presente Pacto). O Comitê será composto de dezoito membros e 
desempenhará as funções descritas adiante. 
2. O Comitê será integrado por nacionais dos estados-partes no presente Pacto, os 
quais deverão ser pessoas de elevada reputação moral e reconhecida competência 
em matéria de direitos humanos, levando-se em consideração a utilidade da 
participação de algumas pessoas com experiência jurídica. 
3. Os membros do Comitê serão eleitos e exercerão suas funções a título pessoal. 
Art. 29 - 1. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista 
de pessoas que preencham os requisitos previstos no art. 28 e indicadas, com esse 
objetivo, pelos estados-partes no presente Pacto. 
2. Cada estado-parte no presente Pacto poderá indicar duas pessoas. Essas 
pessoas deverão ser nacionais do estado que as indicou. 
3. A mesma pessoa poderá ser indicada mais de uma vez. 
Art. 30 -1. A primeira eleição realizar-se-á no máximo seis meses após a data da 
entrada em vigor do presente Pacto. 
2. Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição do Comitê, e desde que 
não seja uma eleição para preencher uma vaga declarada nos termos do Art. 34, o 
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas convidará, por escrito, os 
Estados-partes no presente Pacto a indicar, no prazo de três meses, 
os candidatos a membro do Comitê. 
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas organizará uma lista por 
ordem alfabética de todos os candidatos assim designados, mencionando os estados-
partes que os tiverem indicado 
e a comunicará aos estados-partes no presente Pacto, no máximo um mês antes da 
data de cada eleição.
4. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões dos estados-partes convocadas 
pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas na sede da Organização. 
Nessas reuniões, em que o quorum será estabelecido por dois terços dos estados-
partes no presente Pacto serão eleitos membros do Comitê os candidatos que 
obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos 
representantes dos estados-partes presentes e votantes. 
Art. 31 - 1. O Comitê não poderá ter mais

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