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Neoplasia Introdução • Na vida celular normal, ocorre constante- mente a multiplicação celular, uma função indispensável à sobrevivência; • Essas células e o ciclo celular sofrem ação de agentes internos e externos a todo o tempo e, com isso, podem ser desorganiza- dos e causar uma anormalidade prolifera- tiva; • A neoplasia é uma massa de crescimento autônomo e anormal de tecido, que ultra- passa e não é coordenado com o dos tecidos normais, persistindo mesmo na interrupção dos estímulos; • A neoplasia se difere de tumor e/ou cân- cer: - Neoplasia: “novo crescimento”; - Tumor: aumento de volume localizado, seja ele neoplásico ou inflamatório; - Câncer: é uma desordem genética cau- sada por mutações do DNA que em sua maior parte são adquiridas espontanea- mente ou induzidas por agressões do ambi- ente. Todo câncer é sempre maligno; • Todo câncer é neoplasia (maligna), porém, nem toda neoplasia é câncer; • No Brasil, o câncer que mais acomete os homens é o câncer de próstata, seguido pelo trato gastrointestinal e pelo pulmonar. Ou- tro tumor prevalente em homens é o de pele não melanoma; • O câncer que mais acomete as mulheres é o câncer de mama e seguido pelo de colo uterino, de colón e reto; • Há uma hipercelularidade, com perda de estratificação (epitélio perde as camadas es- tratificadas) e pleomorfismo celular (varia- ção no tamanho e na forma das células). → • Hipoplasia: trata-se de um desenvolvi- mento defeituoso ou incompleto de um te- cido ou órgão, que ocorre, geralmente, por diminuição do número de células; • Hiperplasia: é o aumento benigno de um tecido causado pela multiplicação de suas células; • Metaplasia: trata-se da substituição de um tipo celular de um tecido por outro; • Displasia: é o desenvolvimento anormal do fenótipo celular; • Anaplasia: é definida como a perda da di- ferenciação celular; • Neoplasia: proliferação celular anormal; • A diferença entre a displasia e a hiperpla- sia é exatamente a autonomia da prolifera- ção. → • Agentes químicos; • Agentes físicos (radiação UV, X ou ioni- zante); • Agentes virais (HPV e hepatite B); • Indivíduo suscetível geneticamente. → • As neoplasias podem ser classificadas por: - Seu comportamento clínico, podendo ser benigno ou maligno; - A sua origem, que pode ser: epitelial, mesenquimal ou embriológica; - Sua análise morfológica; • A classificação ocorre, também, a partir dos seus aspectos histopatológicos, através da realização das chamadas biópsias. → • A neoplasia é constituída pelas células ne- oplásicas (formando o parênquima tumoral, sendo as primeiras estruturas a surgirem) e Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof.v Marianne Barone (15A) Anatomia Patológica I – Prof. Carla Cristina Maganhin por um estroma conjuntivo e vascular, que fornecem meios favoráveis para sua proliferação; • Ela não apresenta tecido nervoso, assim, a dor ocorre pela infiltração ou compressão das terminações nervosas de tecidos vizi- nhos; • Os aspectos morfológicos macroscópicos dos tumores estão relacionados com sua forma, limite e consistência; • Os aspectos morfológicos microscópicos dos tumores estão relacionados com sua di- ferenciação, diferenciação, arranjos arquite- turais, atipia celular (células alteradas no te- cido), aspectos nucleares (tamanho dos nú- cleos), índice proliferativo (mitoses) e grau de invasão (os tumores benignos são cir- cunscritos por uma cápsula fibrosa, en- quanto o maligno é metastático); • Os tumores podem ter as seguintes formas de apresentação: - Tipo nodular: o tumor forma uma massa expansiva que tende a ser esférica. Geral- mente, são tumores benignos e malignos em órgão compactos (fígado, rim, pulmão) - Tipo vegetante: são os tumores benignos ou malignos que crescem em superfície (pele e mucosas). Esse tipo é caracterizado por ser uma massa de crescimento que pode assumir vários tipos e pode ulcerar-se pre- cocemente; - Tipo infiltrativo: é exclusivo dos tumo- res malignos, caracterizado por infiltração maciça da região acometida sem formar nó- dulos; - Tipo ulcerado: quase exclusivo de neo- plasias malignas, sofre ulceração precoce. Esta lesão cresce infiltrando tecidos adja- centes e ulcera-se no centro, formando uma cratera, sendo uma combinação de todas as formas; • O grau de diferenciação do tumor pode ser: - Bem diferenciado: ele é formado por cé- lulas semelhantes às células normais madu- ras do tecido de origem da neoplasia, po- dendo elaborar produtos característicos das células normais, mas apresentando alguma alteração citológica e de arquitetura; - Pobremente diferenciado tendendo à anaplasia: apresentam pouca semelhança em arquitetura com o tecido de origem, sendo as anormalidades citológicas mais pronunciadas; - Indiferenciados (anaplásicos): pos- suem células não especializadas, que pare- cem primitivas, com um aspecto de “célula- tronco” e não tem nenhuma capacidade de assemelhar-se às células normais das quais surgiu; ▷ As células sofrem pleomorfismo, apre- sentando-se de diversos tamanhos e formas; ▷ As características microscópicas que são consideradas índices de atipias, são ple- omorfismo, núcleos hipercromáticos, mito- ses atípicas e alteração da relação núcleo/ci- toplasma. Estrutura Tumor Benigno Tumor Maligno Tecidos epiteliais Epitélio de re- vestimento Papiloma Carcinoma Epitélio glan- dular Adenoma Adenocarcinoma Tecidos conjuntivos Tecido fibroso Fibroma Fibrossarcoma Tecido adi- poso Lipoma Lipossarcoma Tecido cartila- ginoso Condroma Condrossarcoma Neuroblasto Ganglioneuroma Ganglioneuroblastoma Vasos Sanguíneos Hemangioma Angiosarcoma Linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma Neoplasias benignas • Elas são compostas por células bem dife- renciadas e que se assemelham bastante das células normais que as originaram; • Geralmente, as mitoses são raras e sua configuração é nromal; • Nomenclatura geral: célula de origem + oma; • A nomenclatura de tumores epiteliais be- nignos leva em consideração o padrão microscópico, e em outros casos, o padrão macroscópico, então, há uma variação em sua forma de nomenclatura; • Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópi- cas são consideradas relativamente ino- centes, indicando que permanecerá loca- lizado, e é tratável com a remoção cirúrgica, com um bom prognóstico, geralmente; • Eles podem produzir mais do que massas localizadas e, algumas vezes, são responsá- veis por doença grave, por causarem uma compressão de órgãos e vasos, produção em excesso de alguma substância e, por fim, pode levar ao óbito, dependendo de seu vo- lume e localização; • As neoplasias benignas, geralmente, apre- sentam crescimento lento (baixa atividade mitótica), são bem delimitados e diferenci- ados e possuem pouca ou nenhuma atipia celular (não tem muita irregularidade celu- lar), com núcleos sem alterações; • O seu crescimento lento garante o desen- volvimento de vasos, assegurando uma boa nutrição às células e garantindo que não ocorra necrose, degeneração e hemorragia; • Há a presença de cápsula fibrosa e seu crescimento é não invasivo, estando bem delimitados (facilita a remoção cirúrgica e não causa metástase); • Em geral, não são reincidentes. → • Fibroma: é o tumor benigno no tecido conjuntivo fibroso, como fibroma nos ová- rios e tumores moles de pele; • Condroma: é o tumor benigno do tecido cartilaginoso. Ocorre, principalmente, em ossos curtos das mãos e dos pés, mas pode atingir ossos longos; • Osteoma: é o tumor benigno no tecido ós- seo, sendo, geralmente, assintomáticos. Atingem, mais comumente, os ossos do na- riz e seios paranasais; • Leiomioma:é o tumor benigno no tecido muscular liso, acometendo comumente o útero durante a idade fértil da mulher; • Rabdomioma: é o tumor benigno do te- cido muscular esquelético, sendo comum no tecido cardíaco e de diagnóstico pré-na- tal/feto. → • Papiloma: é o tumor benigno de epitélio de revestimento da pele, com projeções epi- teliais em forma de papilas ou verrugas; • Adenoma: é o tumor benigno de glându- las, podendo ocorrer no cólon, mamas, pul- mões e garganta; • Fibroadenoma: é o tumor benigno bem comum em mulheres jovens, ocorrendo nas mamas, sendo identificáveis como nódulo firme, mole, de formato bem definido e in- dolor, móvel quando tocado; • Cistoadenomas: são grandes massas cís- ticas, como ocorre nos tumores benignos de ovário; • Cistoadenomas papilares: é um padrão paplar nos espaços císticos, como os cistos de ovário, que são bolsas cheias de material líquido ou semilíquido; • Pólipos: há uma projeção macroscopica- mente visível acima da superfície da mu- cosa, tanto para neoplasia benigna ou ma- ligna. Neoplasias malignas • Os tumores malignos são referidos como cânceres, sendo que, “maligno” é empre- gado como a lesão que pode invadir e des- truir as estruturas adjacentes, provocando metástase; • Apresenta limites pouco definidos, com um alto índice mitótico e, assim, cresci- mento muito rápido (causa metástase por sua alta capacidade de mobilidade e disse- minação); • Tem muitas atipias celulares (pleomor- fismo), com suas células não muito diferenciadas e pouco unidas (baixa adesi- vidade); • Os núcleos das células apresentam altera- ção causada pelo aumento celular, além de hipercromasia (grande quantidade de cro- matina), mitoses atípicas e funções fisioló- gicas comprometidas; • Por possuir um crescimento muito rápido, acaba impedindo o surgimento de vasos, causando necrose, degeneração e hemorra- gia por má nutrição celular; • Não possui a cápsula fibrosa e tem um ca- ráter infiltrativo; • Tende a ser indiferenciado (anaplásicos), mas pode apresentar graus variáveis de di- ferenciação (bem diferenciados, moderada- mente ou pouco); • Nomenclatura: segue essencialmente a dos tumores benignos, com alguns acrésci- mos e exceções; - Neoplasias malignas que surgem em te- cidos mesenquimais “sólidos” são denomi- nados como “sarcomas” (tem pouco es- troma de tecido conjuntivo e são carnosos) e nas células mesenquimais sanguíneas são denominados com “leucemias” ou “linfo- mas”; - Neoplasias malignas que surgem em te- cidos epiteliais são denominados como “carcinomas” independente do tecido de origem como do epitélio tubular renal (mesoderma), epitélio da pele (ectoderma) ou epitélio intestinal (endoderma). Se os carcinomas crescerem em padrão glandular, serão chamados de “adenocarcinomas”. → • Fibrossarcoma: é um tumor maligno do tecido conjuntivo que afeta mais pernas, braços e tronco; • Lipossarcoma: é um tumor maligno do tecido adiposo, mais frequente na coxa, joelho e interior do abdome; • Leiomiossarcoma: é um tumor maligno do tecido muscular liso, geralmente no útero, vasos sanguíneos e tecido digestório; • Rabdomiossarcoma: é um tumor ma- ligno do tecido muscular estriado esquelé- tico, mais comum na região da cabeça e pes- coço; • Osteossarcoma: é um tumor maligno do tecido ósseo, mais comum em ossos longos dos braços e pernas. → • Carcinoma de células escamosas ou car- cinoma espinocelular (CEC): o epitélio escamoso ou pavimentoso é um epitélio ca- racterizado por sua camada de células mais superficiais formada por células pla- nas parecidas com escamas, é classificado como epitélio escamoso simples e estratifi- cado; - Ele é o segundo tipo de tumor epitelial mais frequente, possui capacidade de disse- minação (metástase) e é um tumor de pele não melanoma; - Um importante desencadeador para que isto ocorra é a radiação ultravioleta; - Quando oral tem como causa fumo e ra- diação solar, quando genital é causado pre- dominantemente por infecções crônicas pelo HPV; - Histologicamente, há proliferação des- controlada de queratinócitos; • Carcinoma basocelular: é o tumor epite- lial mais frequente, que possui crescimento lento e não disseminado; - Ele aparece em áreas que tomam muito sol e que a área fica exposta; - Histologicamente, há proliferação des- controlada de células da camada basal da epiderme; • Adenocarcinoma: é um tumor maligno do tecido glandular que acomete próstata, estômago, intestino, pulmões, mama, útero e pâncreas; • Melanoma: na maioria dos casos, o tumor é benigno (= nevo) e não requer tratamento, visto que, raramente se transformam em melanoma ou outros tipos de câncer de pele; - Um nevo que muda de forma, cresce ou escurece deve ser avaliado para remoção; - É o mais incomum tipo câncer de pele, tendo a radiação UV como fator de risco; - São caracterizados por serem tumores pigmentados e mal delimitados apresen- tando elevada capacidade de disseminação (metástase); - Histologicamente, há proliferação des- controlada de melanócitos (caracterizando sua cor mais escura). → Leucemia: • Leucemia: trata-se de uma neoplasia que se origina na medula óssea, a partir de célu- las branca do sangue - Tipos: leucemia mieloide (aguda ou crô- nica) e leucemia linfocítica (aguda ou crô- nica); - Pode ter crescimento lento (crônica → LMC ou LLC) ou rápido (aguda → LMA ou LLA), dependendo do tipo; - Sintomas: perda de peso, infecções fre- quentes e sangramento fácil/hematomas; - Tratamento varia de acordo com a gravi- dade; • Linfoma: trata-se de uma neoplasia que se origina no tecido linfoide, como no linfo- nodo. Apresenta como sintomas febre, perda de peso e sudorese noturna; • Ambos se originam de células brancas do sangue, sendo que a leucemia pode ser de linhagem linfoide ou mieloide e, linfoma só da linhagem linfoide. → • Trata-se de um tumor que pode ser be- nigno (teratoma maduro) ou maligno (tera- toma imaturo ou teratocarcinoma); • Ele tem origem de uma variedade de tipos celulares, sendo, em geral, das 3 camadas germinativas e das células totipotentes en- contradas nas gônadas (testículo e ovário); • Quando diferenciadas em qualquer um dos tipos celulares encontradas no adulto podem produzir pele, músculos, gordura, cabelo, estrutura dentária, ossos, etc. Diagnóstico, prognóstico e tratamento • É feito através do estadiamento; • Trata-se do diagnóstico da localização e fase; • É fundamental para o diagnóstico, prog- nóstico e tratamento por determinar e clas- sificar as fases de desenvolvimento, exten- são e gravidade de uma doença no corpo do paciente; • Ele é feito através da graduação histoló- gica, que divide as células nos seus graus de diferenciação: bem diferenciado, modera- damente diferenciado, pouco diferenci- ado ou indiferenciado; • Utiliza-se, também, do sistema TNM, que é baseado em três variáveis: - T: tamanho da lesão primária; - N: extensão da disseminação para linfo- nodos regionais; - M: presença ou ausência de metástases à distância. Metástase • Trata-se da disseminação de um tumor; • A capacidade de metástase é o que classi- fica uma neoplasia como maligna; • Metástase = “mudança de lugar”; • Tem-se a formação de uma nova lesão tu- moral a partir do tumor primário, mas sem uma continuidade entre as duas; • Geralmente, ocorre por uma invasão de vasos sanguíneos ou linfáticos; • Quanto mais anaplásica e maior a neopla- sia primária, mais provável será a dissemi- nação metastática; • A metástase é a maior causa de óbito em casos de câncer. Quanto mais agressivo o tumor, maior a chance de se ter metástase; • Vias de disseminação: - Hematogênica: via corrente sanguínea, ocorrendo principalmente nos sarcomas; -Linfática: através de vasos linfáticos onde são drenados pela linfa até os linfono- dos locais, sendo típica dos carcinomas; - Invasão local: implante direto em teci- dos adjacentes; • A disseminação por semeadura ocorre quando as neoplasias invadem uma cavi- dade corporal natural, sendo uma forma ca- racterística dos cânceres de ovário, que muitas vezes cobrem amplamente as super- fícies peritoneais e podem, ainda sim, não invadir os tecidos adjacentes, podendo se reimplantar em outros tecidos e locais; Ex: as neoplasias do sistema nervoso central, como o meduloblastoma ou o epen- dimoma, podem penetrar nos ventrículos cerebrais e ser transportadas pelo líquido cefalorraquidiano para se reimplantar nas superfícies meníngeas, dentro do cérebro ou na medula espinhal • Como há uma conexão entre os sistemas vascular e linfático, as diferentes formas de câncer podem se disseminar nos sistemas, sendo que, o envolvimento dos linfonodos depende do local da neoplasia primária e das vias de drenagem linfática local; - Linfonodo-sentinela: é o primeiro linfo- nodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário, permitindo determi- nar a extensão da disseminação do tumor; • Na disseminação hematogênica as arté- rias demoram mais para serem penetradas por células cancerígenas, diferentemente das veias, de forma que, com a invasão ve- nosa, as células seguem com o fluxo venoso, drenando a neoplasia e, então, as células tu- morais param no primeiro leito capilar que encontram, fluindo para os pulmões e para o fígado, que são locais secundários e fre- quentemente envolvidos com disseminação desse tipo. Carcinogênese • Trata-se do processo de surgimento do câncer a partir de agentes cancerígenos que causam alterações nos genes da célula, po- dendo ser ambientais (substâncias químicas, radiação ou vírus) ou por fatores genéticos hereditários, sendo um processo lendo, gra- dual e complexo; • Ela é caracterizada por crescimento autô- nomo, angiogênese, invasibilidade, poten- cial replicativo ilimitado, ausência de res- posta a sinais celulares inibitórios, evasão da apoptose (inativação do p53) e defeitos no reparo de DNA; • Câncer: é o crescimento desordenado de células, de caráter maligno, que invadem te- cidos e órgãos; • Neoplasia: divisão celular sem controle, podendo ser benigno ou maligno; • Tumor: qualquer aumento de volume. → • Iniciação: as células sofrem os efeitos dos agentes cancerígenos que provocam modi- ficação em alguns genes de forma perma- nente, causando alterações genéticas nas cé- lulas. É uma fase que ainda não é possível se realizar um possível diagnóstico, porém, estão “preparadas” para a ação de um se- gundo grupo de agentes que atuarão no pró- ximo estágio; • Promoção: as células geneticamente alte- radas irão se transformar em célula maligna que futuramente podem causar os tipos de neoplasia, resultando da exposição contínua de agentes cancerígenos, como pesticidas, hormônios, radiação UV, chamados de on- copromotores. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes inter- rompe o processo nesse estágio; • Progressão: se caracteriza pela multipli- cação descontrolada dessas células altera- das, sendo um estágio irreversível e incon- trolado até o momento que começa o apare- cimento das primeiras manifestações clíni- cas; • Metástase: fase que o câncer invade os te- cidos adjacentes (pior prognóstico); • Portanto, observa-se que, o câncer é um processo de acúmulo de danos no DNA ao longo do tempo e que não conseguiram ser reparados, resultando em alterações nas vias de sinalização de controle do ciclo celular, apoptose, mecanismos de reparo e adesão celular; • Ocorre em células saudáveis que são ex- postas a algum agente cancerígeno, for- mando-se células tumorais. As mutações sucessivas e acumulativas originam células heterogêneas, que podem morrer (apoptose, deficiência de irrigação, entre outros) e ou- tras adquirem antigenicidade, sendo elimi- nadas pelo sistema imunológico; • As que sobrevivem ganham propriedades variadas. Com isso, o tumor resultante é for- mado por populações celulares heterogê- neas quanto à capacidade de crescimento, perda de inibição por contato, resistência a medicamentos, invasibilidade, formação de metástases, entre outras características. → • É sabido que uma única célula que sofre a perda de seus mecanismos de controle de proliferação e apoptose forma uma massa tumoral por expansão clonal, desta forma, ocorrem danos que permitem que as células cresçam em ritmo acelerado, invadam teci- dos e, assim, disseminem por metástases; • O funcionamento normal da célula é con- trolado por genes envolvidos na multiplica- ção, sendo eles: - Proto-oncogenes: são genes dominan- tes (a mutação de um único alelo pode levar a alterações celulares) que promovem o crescimento em células normais e atuam inibindo a apoptose. Sua mutação que gera câncer é aquela que faz com que esse gene ganhe função, como ocorre no Ras; - Genes supressores de tumor: são genes recessivos (ambos os alelos precisam ser mutados para gerarem alterações celulares) que atuam impedindo o crescimento celular descontrolado. Sua mutação que gera cân- cer é aquela que faz com que esse gene perca função, como ocorre no p53; - Genes que regulam a apoptose: são ge- nes que induzem a apoptose pela expressão da Bax. Na mutação, não ocorre a expressão da Bax, então, não ocorre a indução da apo- ptose nas células tumorais; - Genes de reparo de DNA: são genes que atuam diminuindo a ocorrência de mutações aleatórias no DNA, reparando seus erros durante a replicação ou aqueles induzidos por agentes mutagênicos. Sua mutação de perda de função faz com que os erros não sejam corrigidos, assim, pode-se aumentar a taxa de mutações em outros genes, como proto-oncogenes e supressores de tumor; • Todas as pessoas possuem proto-oncoge- nes e genes supressores de tumor; - Alguma mutação aleatória pode fazer com que os proto-oncogenes se tornem oncogenes, causando uma proliferação des- controlada; - A inativação do gene supressor de tumor faz com que ele deixe de evitar o processo tumoral; • A carcinogênese ocorre por mutações que afetam, portanto: as vias de sinalização de controle do ciclo celular, apoptose, meca- nismo de reparo e adesão celular. Com isso, ocorre um crescimento independente das células com potencial ilimitado de replica- ção e capacidade de invasão, com uma po- tencial angiogênese; • Célula neoplásica → mutação (onco- gene ou supressor tumoral) → cresci- mento descontrolado → expansão clonal → novas mutações → progressão tumo- ral podendo invadir órgãos e tecidos → metástases; • Heterogeneidade das neoplasias: as mu- tações iniciais de certos genes irão se proli- ferar de inúmeras formas e o tumor terá vá- rios sítios de mutações com genes diferentes, podendo ser intramural, ontermetastática, intrametastática e inter-paciente; - Uma célula iniciada contém pelo menos uma mutação (cada mutação é representada por um ponto); - Mutações sucessivas e cumulativas origi- nam células heterogêneas. Algumas células morrem por apoptose, deficiência de irriga- ção etc. Outras adquirem antigenicidade e são eliminadas pelo sistema imunitário; - As que sobrevivem ganham propriedades variadas, de modo que o tumor resultante é formado por populações celulares heterogêneas quanto à capacidade de cres- cimento, perda de inibição por contato, re- sistência a medicamentos, invasividade de tecidos vizinhos e formação de metástases (desprendem-se), etc. P53: • Trata-se de uma proteína clássica que é co- dificada por um gene supressor de tumor; • Na maioria dos cânceres, pode ser consta- tado uma mutação na proteína p53. Caso o indivíduojá tenha essa mutação ao nasci- mento, ele apresentará cânceres múltiplos no corpo ao longo de sua vida; • O gene TP53 é responsável por codificar a proteína p53, estando no cromossomo 17 e foi o segundo principal gene supressor de tumor descoberto. Ele é mutado em ≈ 50% dos tumores humanos; • Sua função normal é bloqueio do ciclo ce- lular ou apoptose quando o DNA desta está danificado, impedindo a proliferação celu- lar e uma transformação neoplásica ao in- terromper o ciclo celular temporariamente (quiescência), indução do ciclo celular per- manente (denominada senescência) ou de- flagrando a morte celular programada (de- nominada apoptose), protegendo contra os danos do DNA; • A perda da p53 resulta na perda do con- trole do ciclo celular que é necessário para o reparo do DNA lesado, resultando num aumento de células com mutações e no au- mento nas alterações no DNA, alterando outros genes (e oncogenes); • Pode ocorrer a perda da apoptose, que é um importante ativador da morte celular programada, assim, muitas células falham em entrar em apoptose em resposta as le- sões no DNA. Essa lesão de DNA pode resultar em mutações ou rearranjos que le- vam à transformação neoplásica. Transformação maligna: • São 7 alterações essenciais: - Autossuficiência de sinais de cresci- mento; - Não responde a sinais celulares inibitó- rios; - Evasão da apoptose (inativação do p53); - Proliferação ilimitada; - Angiogênese; - Capacidade de invasão e metástase; - Defeitos no reparo do DNA. → Carcinogênese química: • Os fatores carcinogênicos químicos atuam sobre o DNA e causam mutações; • Outros alvos: qualquer gene, sendo que, os oncogenes e genes supressores de tumor são mais comumente mutados, principal- mente p53; • São divididos em duas categorias: - Ação direta: não requerem conversão metabólica, como quimioterápicos. Eles in- duzem mutações e provocam câncer quando os sistemas reparadores do DNA falham; - Ação indireta: dependem de uma con- versão metabólica para que se torne um car- cinógeno ativo (quando se tornam ativados, comportam-se como os carcinógenos dire- tos na gênese do câncer), como combustí- veis e tabaco. Sua metabolização ocorre por enzimas dependentes de citocromo P-450, sendo que, pode haver menor ou maior sus- cetibilidade, variando entre indivíduos; • Etapas: - Iniciação: a célula sofre ação dos agen- tes cancerígenos iniciadores, que inicial- mente alteram a estrutura do DNA. Esses agentes iniciadores são: agentes alquilantes, hidrocarbonetos policíclicos, amigas aro- máticas, inseticidas, fungicidas, tabaco etc.; - Promoção: a célula alterada continua a sofrer ação de agentes que estimulam sua multiplicação ilimitada e transformam-se em células malignas/cancerosas. Os agentes promotores são agentes que não promovem a mutação, mas estimulam a divisão das cé- lulas mutadas, como hormônios e drogas; - Progressão: estágio de progressão pela multiplicação descontrolada das células afe- tadas e acúmulo das células cancerosas, for- mando o tumor. Carcinogênese física: • Ocorre por ação de radiação UV ou radia- ção ionizante, dependendo do tipo de radia- ção UV e intensidade de exposição; • Possui um grande período de latência, tendo efeitos acumulativos; • Estão associados com o aparecimento de câncer de pele, com aumentada incidência de carcinoma de células escamosas, carci- noma basocelular e melanoma de pele; - Câncer de pele (não melanoma): expo- sição intensa total acumulativa de raio UV; - Melanomas: exposição intermitente (“pegar sol”); • Tipos de raio UV: - UVA: envolvido no envelhecimento cu- tâneo precoce; - UVB: envolvido na indução de câncer de pele, causando danos no DNA pela via de reparo da extração de nucleotídeos; - UVC: é mutagênico, mas não apresenta risco por ser quase totalmente filtrado pela camada de ozônio; • Radiação ionizante: é composta pelos raios X e raios gama, estando relacionada com o aumento da incidência de leucemias e de outros tumores sólidos a partir de um período de latência (como na mama, colón, tireoide e pulmão); - Ocorre por exposição médica ou ocupa- cional, acidentes de usinas nucleares e bom- bas atômicas; - Sabe-se que qualquer célula pode ser transformada em uma célula cancerosa se houver exposição suficiente à energia de ra- diação, mas pele, ossos e trato gastrointesti- nal são relativamente resistentes a mutações induzidas por radiação; • Etapas: - Iniciação: a célula sofre ação dos agen- tes cancerígenos iniciadores, que inicial- mente alteram a estrutura do DNA, sendo estes a radiação UV ou radiação ionizante; - Promoção: a célula alterada continua a sofrer ação de agentes que estimulam sua multiplicação ilimitada e transformam-se em células malignas/cancerosas. Seus agen- tes romotores são agentes que não promo- vem a mutação, mas estimulam a divisão das células mutadas, como hormônios e drogas; - Progressão: estágio de progressão pela multiplicação descontrolada das células afe- tadas e acúmulo das células cancerosas, for- mando o tumor. Carcinogênese microbiana: • Trata-se do aparecimento de câncer cau- sado por microrganismos, como vírus e bac- térias; • O vírus da leucemia de células T huma- nas tipo 1 (HTLV-1) é um RNA vírus transmitido no ato sexual, por meio de pro- dutos do sangue e amamentação; - Ele é responsável pela formação de lin- foma e leucemia de células T CD4+ (ou seja, possui o mesmo tropismo que o vírus do HIV); - A leucemia se desenvolve a partir de um período latente de 40 a 60 anos após a infec- ção. O acúmulo de mutações somado a ins- tabilidade genômica, promove proliferação e desenvolvimento da carcinogênese; • Existem 4 DNA vírus relacionados ao sur- gimento de câncer: Epstein-Barr ou EBV (mononucleose), Hepatite B ou HBV (aco- metimento do fígado) e o Herpesvírus 8 (causador do Sarcoma de Kaposi); • Papilomavírus humano (HPV): é um DNA vírus com um quadro clínico diverso, podendo ser exemplificado por verrugas ge- nitais de curso benigno (papiloma esca- moso); - Causa câncer de colo de útero e da região anogenital (HPV 16 e HPV 18); - Responsável por cerca de 20% de casos de câncer de orofaringe; - Na infecção por HPV é observada uma interação do genoma viral com o do hospe- deiro, causando uma integração do DNA vi- ral ao DNA humano que promove a prolife- ração e instabilidade genômica. A infecção por tipos de HPV de alto risco simula a perda dos genes supressores de tumor, ativa as ciclinas, inibe a apoptose e combate a se- nescência celular. Assim, muitas caracterís- ticas do câncer são impulsionadas pelas pro- teínas do HPV, havendo alta proliferação, porém, é importante ressaltar que apenas a a infecção por HPV não é suficiente para a carcinogênese, estando ela ligada a fatores genéticos e fatores ambientais (tabagismo, infecções microbianas coexistentes, defici- ências nutricionais e alterações hormonais); - A prevenção pode ser feita pela vacina anti-HPV. *OBS: exame de Papanicolau: • Deve-se colocar espéculo em 45o e de- pois gira horizontal e abre (é colocado em 45o para fugir da uretra, que está em cima). Então, direciona-se ponta do espéculo para baixo (para cóccix) para finalizar introdu- ção do espéculo para fundo do saco. Por fim, observa-se a vagina e a região do colo do útero, cor da mucosa, saída de secreção, sangue etc.; • As indicações são: não pode ter tido relação sexual nas últimas 72 horas, não pode fazer ducha intravaginal nas últimas 72 horas, não pode estar menstruada, não usar creme ou gel vaginal 72 horas antes do exame e, por fim, não há necessidade de se depilar; • Coleta: usar Espátula de Ayres para raspagem da mucosa 360o, com pressão firme na superfícieda ectocérvice. Colocar essa amostra na lâmina no sentido vertical. Realizar a coleta em seguida da região en- docervical a partir do uso da escova cervical. Introduza a escovinha endocervical delica- damente no canal cervical, realize um movimento rotativo de 360º, coloque o ma- terial na lâmina no sentido horizontal e passe fixador celular. Por fim, deve-se en- caminhar à avaliação microscópica. Critérios Benignos Malignos Encapsulação Frequente Geralmente ausente Crescimento Lento e bem delimitado Rápido, infiltrativo e com delimitação imprecisa Diferenciação e Anaplasia Bem diferenciadas, semelhantes ao tecido de origem Desde bem diferenciadas até anaplasi- cas Invasão local Não invade tecidos adjacentes Localmente infiltrativo, com invasão de tecidos vizinhos Mitoses Raras e típicas Frequentes e atípicas Metástases Não ocorrem Frequentes Disseminação • Trata-se de um processo complexo que ocorre em diversas etapas nas neoplasias malignas por não terem uma cápsula fi- brosa; • Vias de disseminação: - Hematogênica: é a via preferencial dos sarcomas, ocorrendo pela corrente sanguí- nea e são transportadas para qualquer local. Afeta em maior frequência o fígado e pul- mão. As artérias são mais resistentes que as veias a invasão tumoral; - Linfática: são drenados pela linfa dos vasos linfáticos até os linfonodos locais. É a via preferencial dos carcinomas. Os gânglios linfáticos regionais agem como barreiras contra a disseminação; - Invasão local: implante direto em teci- dos adjacentes; • As etapas de invasão, chamada de cascata de invasão-metástase, é constituída por: invasão local, intravasamento nos vasos sanguíneos e linfáticos, trânsito na vascula- tura, saída dos vasos, formação de micro- metástases e crescimento destes em tumores macroscrópicos. Essa sequência pode, em qualquer momento, ser interrompida por fa- tores do hospedeiro ou do tumor. → • Expansão clonal, proliferação e angiogê- nese → adesão e invasão da membrana ba- sal → passagem pela matriz extracelular → corrente sanguínea →êmbolo neoplásico → adesão à membrana basal do vaso→ extra- vasamento e depósito metastático → angio- gênese → proliferação; • 1o passo: ocorre a nvasão da célula tumo- ral através da lâmina basal pelo rompimento da membrana basal. Há uma diminuição da expressão de moléculas de adesão; • 2o passo: as células migram para a matriz do estroma com enzimas capazes de degra- darem a matriz extracelular; • 3o passo: tem o rompimento da parede vascular por meio da ação das metaloprotei- nases a fim de digerir a parede dos vasos para que haja a passagem das células tumo- rais pelos poros das paredes dos vasos - Os macrófagos, junto com as células tu- morais, auxiliam no processo pois eles libe- ram as metaloproteinases; - Dentro da circulação, as células se agre- gam em grupos e formam os êmbolos neo- plásicos por adesões homotípicas (células iguais) ou adesões heterotípicas (células tu- morais + plaquetas + células do sangue); - O ambiente vascular é muito agressivo às células tumorais; • 4o passo: por fim, há o extravasamento dos êmbolos pela adesão ao endotélio (pa- rede dos vasos) e saída através da mem- brana basal do endotélio. Dessa forma, as células tumorais irão invadir novos tecidos e formarão novas massas tumorais, com a ocorrência da angiogênese.
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