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Processos Patológicos e Adaptativos Introdução • Patologia: pathos = doença/sofrimento e logos = dotrina/estudo; • Definição: ciência que estuda causas, mecanismos, locais, alterações morfológicas e funcionais, permitindo, assim, que seja possível o entendimento da doença; Ex: o paciente faz tomografia do tórax, mostrando consolidação pulmonar e esse fato não pode levar diretamente ao diagnóstico de COVID. É mostrado um acúmulo de secreção em resposta a uma agressão ocupando o espaço alveolar, mas sem saber o agente causal desse processo. Se não sabe a causa, não se sabe o mecanismo e, portanto, não é possível realizar um diagnóstico certeiro • Patologia: - Causas: etiologia. O agente etiológico é o agente causal, que pode ser uma bactéria, um vírus, parasita entre outros; - Mecanismos: patogênese. O passo-a- passo em que a doença é desencadeada; - Anatomia patológica: alterações morfológicas e ou moleculares que ocorrem em um determinado local; - Fisiopatologia: alterações funcionais, em que a célula deixa de estar em seu estado normal; • Oferece bases para o entendimento das manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento, evolução e prognóstico. Doença • É um estado de sofrimento, em que há uma sensibilidade que causa uma irritabilidade ao paciente, sendo os sintomas aquilo que é sentido pelo doente através de queixas por uma manifestação subjetiva que deve ser seguida por uma investigação que permita organizar os sinais (manifestação objetiva), buscando uma linha de pensamento para chegar ao diagnóstico; • O diagnóstico pode ser feito através dos sinais do exame físico e de uma boa anamnese, além dos exames que permitem a visualização pela imagem, análise da secreção, busca do agente causal (exames de sangue, imunologia) e outros exames laboratoriais; • Um diagnóstico precoce evita um sofrimento prolongado da célula, que pode levar a uma adaptação ou até mesmo morte desta que foi acometida, fazendo com que o prognóstico seja afetado; • Adaptação: é uma forma de sobrevivência celular e que pode ser observada por variações bioquímicas e fisiológicas; • Morte celular: ocorre por grandes alterações funcionais em que não houve uma adaptação; • Em estado de normalidade (homeostasia) é o estado normal da célula. Algumas situações podem nos tirar desse estado, em que: Marianne Barone (15A) Anatomia Patológica I – Prof. Janaina Pereira Dina Toreli - Situações de stress ou aumento de demanda de uso do organismo, seja por excesso de trabalho, levam a uma adaptação celular. As células que se adaptam de forma temporariamente ao stress não estão em homeostase e, em certos casos, podem evoluir a uma injúria; Ex: as células do coração podem aumentar em tamanho por um aumento celular pelo menor tempo de repouso causado pelo estresse, aumentando seu tempo de contração. A função cardíaca pode ser alterada pela alteração de tamanho, assim, aquilo que parecia adaptado foi injuriado - Injúrias focais, como contato com patógeno, corte em tecidos, fratura óssea ou queda, assim, menos agressivos que o stress; • Os danos celulares podem estar em diferentes graus: - Alterações de pequena monta (subcelulares), ou seja, em que as células não estão em seu estado normal, mas não atingiram uma incapacidade funcional; - Injúria grave que provoque de fato um dano na estrutura celular. Ela pode levar a morte da célula do tecido levando a uma disfunção radical, esta que pode ser necrose (acidental e indesejada, de forma rápida e inusitada) ou apoptose (morte programada pelo organismo, em que morrem de forma delicada pequenas quantidades de células e que pode ter sua velocidade ou quantidade alteradas pela doença). Lesão ou processo patológico Ex: infarto cardíaco: 1ª imagem: um corte do ventrículo esquerdo, podendo ver o miocárdio e uma região de hiperemia reativa (um aumento do volume de sangue reagindo a algum dano ocasionado na região), podendo indicar um infarto. O infarto geralmente ocorre por forma isquêmica (obstrução das artérias coronárias) ou hemorrágica (ocorre o rompimento do vaso), causando uma redução abrupta da oferta de oxigênio e nutrientes ao tecido do miocárdio, sendo que, o resultado mais grave é a redução do fornecimento de oxigênio, visto que, ele é extremamente necessário para o processo de produção de energia nas mitocôndrias e, com a redução da quantidade de ATP, pode ocorrer a morte celular por não manter as bombas iônicas funcionando e por viver alterações de seus volumes hídricos. A hiperemia reativa não indica automaticamente que houve um rompimento de vaso, mas sim que houve um processo inflamatório na região pela morte celular; 2ª imagem (fase aguda): As células do miocárdio, organizadas em feixe, não possuem seus núcleos por terem morrido (cariólise). O organismo, ao perceber que as células de um tecido estão morrendo por falta de oxigênio, desencadeia uma reação a isso, enviando células do sistema imunológico para o órgão para que elas possam fagocitar o provável agente causador e também compreender o que está ocorrendo. Além disso, é observável um aumento do número de células do sangue (invasão neutrofílica + hemácias que escapam) que saem dos vasos em direção ao local lesado para buscar “entender” o que está ocorrendo. As células inflamatórias, então, por não se tratar de um processo causado por um patógeno, realizam a fagocitose apenas de restos celulares. Em meio as células musculares, então, é encontrado um volume causado pelo aumento da quantidade de células, alterando os espaços entre as fibras e acrescentando células inflamatórias que buscam “entender” o que está acontecendo. Elas conseguem remover algumas células que foram lesadas, mas não resolvem o problema, então, tem-se início um processo de adaptação; 3ª imagem (fase tardia): as células que morreram são fagocitadas e removidas do local e, como forma de adaptação, ocorre a substituição do tecido lesado por um tecido cicatricial (fibrótico). Esse processo adaptativo, ainda que busque uma melhoria a lesão, pode ter consequências que variam de acordo com a extensão da lesão e quantidade de células afetadas, podendo levar a áreas de imobilismo do coração, afetando sua capacidade contrátil e perda de atividade cardíaca. O prognóstico de uma lesão do miocárdio do VE é ruim, visto que esse lado do coração é o que deve exercer a maior força de contração para bombear o sangue pelo corpo → Termos: • Período de incubação: é um termo muito aplicado a patologias a qual se tem um agente causal vivo. Ele refere-se à possibilidade de o paciente já estar infectado, porém assintomático, podendo ou não transmitir a doença sem o conhecimento de estar doente; • Período prondrômico: trata-se do período em que o paciente começa a ter alguns sinais inespecíficos e gerais, não permitindo saber se tem a doença ou não, podendo ainda transmitir a doença. O paciente geralmente procura ajuda quando os sintomas são intensificados; • Período de estado: paciente apresenta uma sintomatologia que permite o diagnóstico, sendo os sintomas mais específicos; • Evolução: cura (sem ou com sequelas), cronificação, complicação ou óbito. Ações dos agentes agressores • Todas as vezes que um tecido adoece, seja esse paciente saudável ou não, ocorre a participação do sistema imunológico no processo da doença, seja esta a presença de um patógeno ou um simples corte; Ex: 1: no infarto, ocorre um problema pela falta do fluxo de oxigênio, tal que não pode ser revertido pelas células imunológicas mas, mesmo assim, elas são concentradas na lesão devido ao fato da cascata do ácido araquidônico (mediadores inflamatórios) e pela liberação de substâncias vasodilatadoras pelas células de defesa (basófilos tem grânulos que tem substâncias químicas que alteram a permeabilidadedas paredes dos vasos e permitem a saída das células de defesa); 2: um paciente que sofreu um AVC hemorrágico (hipertenso e isso causou rompimento de um vaso). Ocorre o decréscimo do fornecimento de nutrientes e oxigênio em dada região cerebral, dependendo do vaso acometido, e derramamento de sangue sobre as células do tecido. Embora não haja um patógeno, mas sim um acidente vascular (hemodinâmico), há a migração de leucócitos para esse território, causando um processo inflamatório. Um exemplo são as enzimas que são encontradas nos lisossomos de um neutrófilo, que são responsáveis por degradar as estruturas que foram fagocitadas pela célula, como um patógeno. Dependendo do processo patológico, as células são necessárias, mas, no AVC, esses neutrófilos não têm tanta funcionalidade e existe a chance da potencialização do dano pelo curto período de vida desta célula que, quando morre, libera as suas enzimas lisossomais nos tecidos adjacentes. Para um paciente pós AVC, geralmente, são administrados corticoides para diminuir esse processo inflamatório e, assim, evitar a destruição do tecido, além de evitar o edema (aumento pressão = alteração física) 3: um patógeno chamado de S. pneumoniae, tratando-se de uma bactéria que é encapsulada (torna o processo de fagocitose pelos macrófagos e neutrófilos mais difícil) e, por possuir em seu genoma uma sequência de aminoácidos, pode sintetizar uma proteína chamada de hialuronidase (enzima que degrada o ácido hialurônico, presente no tecido conjuntivo do pulmão), uma outra enzima chamada de pneumolisina (enzima que tem capacidade de destruir pneumócitos, que compõem a parede do alvéolo) e, por fim, a protease IgA (enzima que destrói a imunoglobulina tipo A, encontrada nas secreções da porta de entrada do organismo, como nasal, oral, ocular e auditiva, sendo um anticorpo que se liga na superfície de patógenos que tentam entrar por essas passagens abertas e comunicantes com o meio externo, os marcando e tornando mais fácil a identificação pelos macrófagos, diminuindo o tempo para que ocorra a fagocitose e impedindo que eles se instalem e causem alguma doença). A cavidade alveolar fica repleta de células inflamatórias e, por ter sido causada pela S. pneumoniae, suas consequências para o tecido são muito graves, como perda de nutrientes e oxigênio (são desviados para a bactéria) e pela grande quantidade de enzimas lisossômicas das células de defesa que são enviadas em grande número para a região por diapedese e morrem • Ação direta: respostas moleculares e morfológicas, causada pelo agente agressor; à rompimento do vaso em um AVC • Ação indireta: é uma resposta orgânica de destruição ao agente causal, causada pela resposta do corpo ao patógeno; à dano causado nos tecidos pela liberação das enzimas do lisossomo Ex: no COVID, o vírus SARS-COV-2 invade as células através da proteína chamada de enzima conversora de angiotensina tipo II (encontrada em vários tecidos) e utiliza de seu maquinário como um “berçário”, podendo levar a célula à morte. O corpo é afetado em grande parte pela resposta imunológica do corpo, que desencadeia um evento chamado de “tempestade de citocinas inflamatórias”, que são proteínas liberadas por células de defesa que recrutam ainda mais células de defesa para a região, causando uma lesão no tecido por seu produto enzimático após sua morte, assim, vêm sido utilizados corticoides para diminuir esse processo inflamatório que causa uma dificuldade para respirar. A destruição do pulmão causa uma fibrose, que resulta em enfisema pulmonar • Diversas áreas teciduais podem ser lesadas; • A alteração causada pelo patógeno ou pela situação que levou a patologia (ex: isquemia) pode lesar várias estruturas de um tecido, como as células parenquimatosas (típicas do órgão) e células estromais (fazem parte do órgão, mas não são sua parte funcional, atuando como uma sustentação) e existem diferentes doenças que afetam esses diferentes tipos de células separadamente; Ex: 1: a vilosidade intestinal é formada pelos microvilos, que são constituídos pelos enterócitos (células colunares, com núcleos em alturas diferentes. Ela é responsável pelo processo de absorção) e pelas células caliciformes, de forma que, esses dois tipos celulares são as células parenquimatosas. O tecido conjuntivo é formado pelas células estromais, sendo vascularizado e inervado, e serve como um meio de sustentação para a parte funcional do órgão 2: no pulmão, as células parenquimatosas são os pneumócitos (existem tipos I e II), que compõem a parede alveolar em uma camada única de células. Dando sustentação aos sacos alveolares (compostos por pneumócitos) é encontrado o tecido conjuntivo, tratando-se das células estromais, que é permeado por vasos e pode haver, em meio a eles, bronquíolos terminais, • A doença pode ser instalada nas células parenquimatosas, células estromais, no interstício, circulação ou inervação, resultando em alterações estruturais em cada uma delas. Causas de lesões • Exógenas: agentes que estão no meio ambiente; • Endógenas: agentes que são do próprio organismo e surgem por desordens dele mesmo; • Criptogenética: aqueles que podem estar no genoma, os quais não temos consciências e que, em algum momento, podem ser expressos e causarem uma doença. → Agentes causais: • Podem causar lesão reversível ou irreversível; • Hipóxia (captação ou distribuição de oxigênio) e anóxia, reperfusão, radicais livres, alteração em ácidos nucleicos e reação imunitária; • Força mecânica, variação de pressão, variações de temperatura, corrente elétrica, radiação ionizante, ondas de rádio; • Vírus, bactérias, fundos, parasitas, agentes químicos, poluentes ambientais (água, ar e solo), aditivos alimentares, drogas de abuso, medicamentos entre outros. Adaptações → Hipertrofia: • Trata-se de uma adaptação em que ocorre um aumento dos sinais tróficos das células de um tecido em um determinado órgão; • O aumento da demanda funcional de um órgão resulta a uma adaptação a uma nova exigência de trabalho para que ele tenha condições de atender a demanda que é exigida; • Deve haver, para que o órgão possa atender a demanda de trabalho: - Boa vascularização, para que ocorra uma entrega adequada de oxigênio e nutrientes; - Conexão plena com o sistema nervoso central para receber o sinal trófico que o estimulará a funcionar de maneira mais intensa; • Diante dessas duas condições, o órgão pode adaptar suas estruturas celulares, que sofrem um aumento quantitativo de suas organelas para suprir suas necessidades e, com isso, ocorre um aumento em dimensão das células do órgão em hipertrofia. Ex: as mitocôndrias são multiplicadas por divisão e o estímulo que dá início a essa multiplicação é o aumento da necessidade de ATP. Assim, um aumento da atividade do órgão causa um aumento na demanda de ATP e, com isso, a célula aumentam o número de mitocôndrias. O mesmo ocorre com todas as outras organelas, buscando sempre suprir as necessidades exigidas • As células em um mesmo corpo podem apresentar características e quantidades de organelas diferentes, variando de acordo com as necessidades de cada tecido; • Aumento de sinal trófico à aumento dos constituintes estruturais e das funções celulares (aumento volumétrico das células e dos órgãos afetados) à aumento de oxigênio e nutrientes (organelas, sistemas enzimáticos e inervação íntegros) à é uma forma de adaptação a maior exigência de trabalho, que pode ser fisiológica ou patológica. Ex: 1: hipertrofia cardíaca: o aumento da espessura do miocárdio de qualquer dos lados diminui a luz desse ventrículo, visto que, como o órgão está localizado no mediastino e divide a sua posição com outros órgãos, há um limite de aumento de massa cardíaca, podendo causar um problema anatômico quandoisso ocorre. Ela pode acontecer por exagero das atividades físicas, resultado da hipertensão (aumento da frequência e da força da contração cardíaca). Quanto maior a massa muscular do coração, maior é a sua demanda por oxigênios. * Ela pode acontecer como uma forma de compensar a insuficiência cardíaca causada pela doença de Chagas, em que o Tripanossoma cruze, ao ser inoculado pela picada, invade as células musculares para se multiplicar, causando a ruptura dos cardiomiócitos quando esses servem de “ninho” para sua proliferação, causando em sua morte e, para manter o coração vivo, ocorre o aumento do tamanho dos cardiomiócitos que ainda vivem. Além disso, coexistem as células de defesa no processo inflamatório causado pela doença; 2: hipertrofia da bexiga urinária: ocorre pela obstrução do colo vesical (dificultando a saída da urina da bexiga), causando um aumento da distensão muscular para um maior armazenamento e, com isso, as células do músculo tendem a se tornarem hipertróficas; * Um outro motivo, em homens, pode ser causado por uma hiperplasia prostática que comprime o segmento da uretra prostrática, afetando a saída da urina da bexiga. A hipertrofia das células da bexiga urinária causa um aumento do próprio órgão, podendo causar dor no paciente por ter uma compressão deste órgão em outros órgãos ou outras estruturas e, além disso, há uma diminuição da luz da bexiga, que acaba por diminuir a quantidade de urina que pode ser armazenada; * A cistite (inflamação) da bexiga urinária pode causar uma hipertrofia da mesma pela morte das células, estabelecendo feixes fibróticos que faz com que as células musculares que sobraram busquem a hipertrofia para compensar a perda das outras; • Em casos de interrupção da conexão do sistema nervoso, o membro é afetado por não haver a contração muscular e, com isso, esse músculo terá uma menor quantidade de células hipertróficas e mais células atróficas. Algumas que mantém algum grau de conexão com o sistema nervoso ainda conseguem estar hipertróficas, de forma que, é possível encontrar algumas células hipertróficas em meio aquelas atróficas, coexistindo em um mesmo tecido, como uma forma de compensação. → Hipotrofia/atrofia: • Trata-se de uma situação em que ocorrem ações contrárias a hipertrofia. Pode ocorrer a redução do número das células do órgão (numérica) ou diminuição do tamanho celular que compõe o órgão; • Pode ser parte de um processo fisiológico como fruto do envelhecimento ou por causas patológicas; • Fisiológica: ocorre no envelhecimento de forma marcante (o programa genético de renovação celular, com o passar dos anos, vai permitindo com que a renovação celular diminua e além, do programa genético, há uma questão hormonal de estímulo para a reprodução celular, este que diminui) e pode ser compatível com a idade (como ocorre no timo, que é um órgão mais ativo em crianças, já que elas não possuem um sistema imunológico tão desenvolvido e são constantemente expostas a estímulos patogênicos que são novos. O hemograma de uma criança tem um elevado número de leucócitos quando comparado com os de neutrófilos. Com o amadurecimento imunológico, ocorre uma inversão nesse quadro e, como resultado, o organismo está mais preparado com anticorpos e ocorre uma atrofia do timo); • Patológica: ocorre a redução do volume dos órgãos além do limite normal de variabilidade e, com a reversibilidade do processo patológico, talvez podem ser impedidas. Podem ter como causas: - Inanição: é uma oferta de nutrientes e oxigênio é menor que o necessário, podendo ser resultado, por exemplo, de restrição alimentar. As células do indivíduo não terão o aporte nutricional e oxigenatório mínimo necessário para que elas mantenham com qualidade a renovação dos conteúdos proteicos e disponibilidade de carboidratos para a produção de energia. Assim, tudo aquilo que cause uma diminuição na oferta de nutrientes e oxigênio pode estimular uma redução do tamanho das células. A redução ocorre, também, por diminuição do número de organelas causadas pela incapacidade celular de suprir com qualidade o seu maquinário (número menor de mitocôndrias, lisossomos, retículos endoplasmáticos entre outros); - Desuso: os tecidos possuem menor aporte de tudo; Ex: um paciente que sofreu lesão medular e, assim, houve perda de conexão neuronal com algum membro. O fluxo de sangue para esse tecido que foi “esquecido” pelo sistema nervoso é menor, então, a chegada de nutrientes é menor - Compressão (tumores, cistos, aneurismas): ocorre comprometimento da chegada de nutrientes, oxigênio e da inervação; ▷ Com isso, há uma diminuição da chegada de estímulos tróficos e, com a falta de reabastecimento daquilo que é necessário, ocorre a deficiência, por exemplo, da proliferação de organelas; ▷ Em casos de aneurismas, em que há alterações estruturais das paredes de grandes vasos, estes que formam imagens saculares, ganhando outra anatomia, alargando seu diâmetro e afinando suas paredes, com risco de rompimento e não levando aporte necessário de células; - Obstrução vascular: disfunção de valvas, obstruções por placas, formações de trombos e outros fatores tornam a dinâmica de entrega de hormônios e oxigênios ruim, podendo fazer com que ocorra diminuição tanto no tamanho quanto no número de células; - Substâncias tóxicas que bloqueiam enzimas e, com isso, pode afetar a produção de energia por alteração no mecanismo de produção de energia. A diminuição da quantidade de ATP resulta num prejuízo da manutenção do metabolismo celular; - Hormônios e inervação (órgão que não tem conexão com o SNC não é tão “percebido” ou privilegiado no recebimento de substâncias pela circulação); - Inflamações crônicas: uma área inflamada tender a cair no desuso pelo sintoma da dor (toda vez que tem uma inflamação ocorre a liberação de mediadores inflamatórios que causam a dor), que causa uma diminuição do afluxo de sangue e, consequentemente, do aporte nutricional, oxigênio e hormônios. Ex: 1: atrofia muscular: a falta de movimentação resulta na diminuição do estímulo que seria responsável por estimular a chegada de sangue na região causa uma redução no tamanho das células, que pode levar a uma redução em seus números por morte celular. Em corte histológico, é possível ver um grande número de células atróficas e outras que não se sabe se elas estão em seus tamanhos normais ou sofreram (de forma compensatória) uma hipertrofia; 2: nefrite: no rim normal é possível ver a cápsula de Bowman (células pavimentosas e achadatas), glomérulo (vasos) e túbulos contorcidos. A nefrite demonstra os glomérulos alterados pelos vasos estarem cheios de sangue pelo processo inflamatório, espessamento da cápsula de Bowman, aumento de linfócitos no interstício (alterando a composição química do meio). Os túbulos tem suas paredes compostas por células cúbicas e, na nefrite, tem seu lúmen reduzido, podendo ser considerada uma atrofia numérica (número de células cúbica que compõem a parede do túbulo é reduzido, com a morte dessas células da parede tubular. Isso faz com que os túbulos ganhem uma outra dimensão e ocorra uma diminuição de seus diâmetros, causada por essa perda de células). Ocorre uma perda da capacidade de excretar e reabsorver substâncias, além de comprometer a permeabilidade dos glomérulos, resultando em perda de albumina e alterações iônicas (sódio, potássio etc), prejudicando o processo de filtração sanguínea. Quando causada por um patógeno, a solução é administrar o mais cedo possível o medicamento para diminuir a perda numérica celular. Em casos de nefrite crônica, ocorre por características autoimunes em que os anticorpos atacam as próprias células tubulares e causam inflamação. Na inflamação, ocorre uma alteração da permeabilidade das paredes dos vasos,em que ocorrem aumento das frenestras (por conta de mediadores inflamatórios) que permite que saia o plasma e as células de defesa, causando um edema intersticial. Os leucócitos saem dos vasos em direção aos tecidos e, lá, liberam enzimas que podem causar mortes celulares; 3: doença de Alzheimer: ocorre uma atrofia numérica causada por morte dos neurônios. No cérebro saudável, os sulcos são estreitos por um maior tamanho dos giros, enquanto num cérebro envelhecido ou afetado por alguma patologia, os giros são menores e, consequentemente, os sulcos adquirem um maior tamanho. Os giros são formados por corpos de neurônios e, com sua morte, ocorre uma diminuição de seu tamanho, resultando em uma dilatação dos ventrículos como uma tentativa de compensar o espaço que o cérebro tem pela morte celular. Menos neurônios = menos conexões neuronais = alterações nas capacidades funcionais do paciente. Ocorre também a deposição de proteínas. → Hipoplasia: • Ela é caracterizada pela diminuição da quantidade de população de células em um determinado tecido, resultando em uma redução de tamanho e peso; • Os tecidos mais vulneráveis aos quadros de hipoplasias são aqueles que as células tem uma renovação mais constante; • Hipoplasia = não houve uma redução significativa no número de células para causar uma atrofia, mas ele ainda é menor que o número normal, ocorrendo de forma progressiva; • Fisiológica: o timo, antes de atrofiar e se torne diminuto no adulto, existe um período de transição, de forma que, o órgão não deixa de ser ativo de uma hora pra outra. Ocorre uma redução gradativa do número de células, diminuindo progressivamente de tamanho até atingir o tamanho atrófico na fase adulta, quando não há uma demanda tão intensa de maturação de linfócitos. No período de transição, o órgão passa por um período de hipoplasia celular. O mesmo ocorre com o organismo da mulher, que conforme passa pela transição para o período da menopausa, pode-se observar uma diminuição no tamanho do ovário por hipoplasia (diminuição no número de células), até tornar-se um ovário atrófico; • Patológica: em alguns casos, a população celular de um órgão pode diminuir de forma não fisiológica, caracterizando uma delibitação ao organismo. Ex: hipoplasia da medula óssea vermelha: dentro dos ossos chatos, existe ativa uma célula tronco que é capaz de se diferenciar em células mielóides ou linfoide. Quando ela se diferencia na linhagem mielóide, ela origina as hemácias, os neutrófilos, megacariócitos, monócitos, basófilos = linhagem branca e plaquetas. A diferenciação na linhagem linfoide origina os linfócitos B e T (helper e citotóxico). As células da medula tem um tempo de vida curto (hemácias vivem cerca de 120 dias, sendo removidas pelo baço após esse período), enquanto os leucócitos vivem apenas horas (quando não em confronto, vive 8h), assim, para manter os leucócitos sempre em produção como forma de proteger o organismo e para manter a quantidade de hemácias suficiente para o transporte de oxigênio a medula deve estar sempre ativa. A medula, portanto, não pode passar por processos de hipoplasia já que ocorreria problemas de coagulação (megacariócitos à plaquetas = falta de coagulação), imunológicos e transporte de oxigênio → Hiperplasia: • Ocorre um aumento do número de células de um órgão, resultando em seu aumento de volume e peso; • Geralmente, em locais que se tem hiperplasia é encontrada uma boa circulação para fornecer suprimentos necessários para que ocorra a proliferação celular, ou seja, apresenta um bom suprimento sanguíneo, integridade morfofuncional das células e inervação; • Suas causas podem ser: - Indução a uma proliferação aumentada, que pode ocorrer por hormônios endógenos (atravessam a membrana e agem no núcleo das células, ativando os genes de proliferação); - As células não morrem em seu tempo previsto, não realizando a apoptose quando necessária. Ocorre um acúmulo pela proliferação normal ao mesmo tempo em que não ocorre a morte das outras células existentes no tecido. Pode ocorrer o acúmulo de células em uma única região, podendo formar massas de células que resultam em um tumor benigno (sem displasia ou alterações nucleares); - Aumento na síntese de fatores de crescimento e de seus receptores, além da ativação de rotas intracelulares de estímulo a divisão celular é reversível; • A hipertrofia (célula aumentada) e a hiperplasia (mais quantidade de célula) podem coexistir; • Pode ser: - Fisiológica: ocorre, por exemplo, em um útero durante a gravidez, visto que, para abrigar o feto o útero deve ter uma extensibilidade muito grande, ocorrendo o aumento de células no miométrio. Ocorre, também, durante o crescimento das mamas na transição da infância para a adolescência na puberdade; - Compensatório: após a remoção de um rim, em que, o outro rim é aumentado para compensar a perda do outro órgão; - Patológica: ocorre um aumento no número de células, gerando um aumento no volume do órgão que acaba por comprimir outras estruturas e resultar em efeitos secundários; Ex: próstata: uma próstata saudável possui um formato túbulo-alveolar (similaridade aos alvéolos pulmonares) e é constituída por duas camadas de células, sendo uma delas achatada (células basais à primeira camada), enquanto a segunda camada é formada por células colunares. A região glandular é apoiada em um tecido fibromuscular (musculatura lisa). Em condições normais, a parte prostática da uretra passa pela próstata (formato túbulo- alveolar) sem ter alguma alteração em sua luz. Em casos de aumento da próstata, geralmente com atividade aumentada por ação hormonal (testosterona) e cessação de apoptose, acaba por ocorrer uma compressão da uretra e da bexiga por aumento do órgão, dando ao paciente uma sensação de “bexiga nunca vazia” e dificuldade ao urinar, com um jato urinário torto. Esse processo pode resultar em uma hipertrofia da bexiga, visto que, a próstata está dificultando a passagem da urina e, com isso, o músculo detrusor deve realizar uma maior força para eliminar a urina. Na próstata hiperplásica, o tecido fibromuscular possui fibras em muitos sentidos, fator que é causado pelo quantitativo de células que existe nesse estroma e impede a organização, mas essa hiperplasia pode ocorrer também no epitélio da glândula. • Uma hiperplasia nem sempre é maligna, visto que pode ocorrer um aumento no número de células, mas essas ainda preservam seus núcleos normais, fazendo com que esta seja uma hiperplasia benigna; • Uma ressonância magnética com espectroscopia de prótons pode ser utilizada para a observação da anatomia do corpo associada a utilização de recursos bioquímicos para analisar, por exemplo, a membrana celular (seus íons, proteínas etc); Ex: um alto nível de fosfatidilcolina (proteína de membrana) pode indicar um maior número de células (= mais proteína = mais membranas = mais células). Na próstata, as células armazenam o citrato para a produção de ATP através do ciclo do ácido cítrico. A característica de normalidade ou não da célula é avaliada pela quantidade de citrato que ela contém, sendo que, na próstata, o citrato é sempre alto e quando ele está baixo indica um consumo energético alto (= neoplasias). A análise de lactato pode avaliar se ocorre a compressão de vaso ou não, de forma que, quando o lactato está alto há uma baixa quantidade de oxigênio chegando à região e, para a produção de energia, é feito um metabolismo anaeróbico que acaba por produzir lactato como produto final, indicando que a chegada de sangue e oxigênio é insuficiente. Altos níveis de lactato podem indicar uma necrose na região. Em tumores grandes, a angiogênese ocorre e consegue suprir várias regiões, mas o centro dele (tumor) pode não ser suprido suficientemente, então, pela falta de O2, há uma tentativa de compensara queda na produção de energia, produzindo lactato e, em alguns casos, resultando em necrose *OBS: 1: hiperplasia do músculo uterino: o útero tem o endométrio, que é a camada mais interna e que descama mensalmente e possui glândulas responsáveis pela produção de nutrientes que sustentam o início da gestação. Além dela, é encontrada o miométrio (músculo) e o perimétrio (tecido conjuntivo). O miométrio pode sofrer estímulos hormonais (geralmente pelo estrógeno) e dar início a um processo de proliferação somado a cessação da apoptose. Essa camada muscular, em condições normais, possui suas fibras musculares dispostas em um único sentido e, quando ela sofre esse estímulo hormonal, ocorre uma desorganização de suas células causada pelo aumento de números de células e falta de apoptoses, causando saliências chamadas de miomas (lesão benigna da musculatura lisa, típica do tecido uterino). Pode resultar em desordens de vascularização, inervação, compressão de outras estruturas etc. 2: hiperplasia glandular cística do endométrio: ocorre por ação do estrogênio. O endométrio é responsável pelo ciclo menstrual, sendo a parte do útero que descama mensalmente e ele é um tecido conjuntivo vascularizado que possui em meio a ele glândulas que são compostas por um epitélio cúbico simples (produzem os nutrientes no início da gravidez, fornecendo ao feto até que ocorra a implantação da placenta). São glândulas tubulares por possuírem um lúmen em seu interior. Em hiperplasia, ocorre um aumento no número de camadas epiteliais e, caso não sejam notáveis alterações em seu núcleo diz-se que é um processo proliferativo hiperplásico. Conforme a glândula tem um aumento em sua parede, é comprometido o estroma (tecido conjuntivo, vasos), que normalmente é bem espesso, vai perdendo seu tamanho e volume. Pode causar alterações displásicas que podem evoluir para neoplasias. → Metaplasia: • Trata-se da modificação de um tecido normal adulto por um outro tecido normal adulto; • Não ocorre a mudança no número ou tamanho das células, mas sim no tipo do tecido em busca por resistência. Ocorre quando o epitélio original é agredido constantemente e não é capaz de suportar essa agressão, então, há uma substituição por um epitélio que pode ser mais eficiente que o anterior; • Essa alteração resulta da inativação de alguns genes (cuja expressão define a diferenciação do tecido que sofre metaplasia) e desrepressão de outros (que condicionam o novo tipo de diferenciação). A ativação dos genes que estavam reprimidos permite a síntese de novas proteínas e, com isso, novos tipos de tecidos; Ex: 1: metaplasia da traqueia: geralmente, ocorre pelo uso do cigarro por tempo prolongado (varia de acordo com cada organismo). O epitélio que reveste a traqueia é um epitélio pseudoestratificado ciliado (formato cilíndrico em que os núcleos estão em alturas diferentes com uma única camada), sendo que possui uma alta eficiência no mecanismo vibratório de remoção de partículas, somada a secreção mucosa. A lesão causada pelo cigarro faz com que as células percebam que não são “suficiente” na remoção de partículas e, com isso, ocorre a ativação de genes e inativação de outros, sofrendo alterações morfológicas. O epitélio original é substituído por um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, como tentativa de dar uma maior característica de resistência; 2: esôfago de Barret: normalmente, o epitélio do esôfago é do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado, já que é por ele que o alimento passa causando um atrito, sendo necessário alguma forma de manter a resistência. Nos pacientes que vivem casos de esofagite, que ocorre por refluxo do suco gástrico (pH ácido) para as porções mais superiores do esôfago, ocorre lesões da região por o órgão não estar adaptado a esse pH ácido. Como uma forma de resistência a lesão, ocorre a substituição por um epitélio colunar que contém muitas células caliciformes, ou seja, ocorre a substituição por um tecido semelhante ao tecido do trato gástrico (mimetização do intestino, que são aptas a alterações bruptas do pH), além da presença de glândulas muco secretoras • Inicialmente, a metaplasia é um processo reversível, em caso de interrupção de uma lesão. Pode, também, ocorrer uma transformação displásica que pode evoluir para um grupamento de células neoplásicas, quando as células tem um metabolismo acelerado, multiplicação exagerada e capacidade de angiogênese; • Antes de ocorrer a metaplasia, o organismo tenta, por processos inflamatórios, impedir que essa troca de tipo de tecido ocorra. Processos degenerativos • A degeneração é uma agressão tão intensa que pode resultar em morte celular, ou seja, caminha para uma lesão irreversível; • A lesão degenerativa, se tratada com rapidez e eficácia, é reversível. Porém, às vezes, isso não ocorre e elas caminham com alterações bioquímicas graves e acúmulo de substâncias no interior das células, levando a morte da estrutura celular; • Nomenclatura e natureza da substância: alterações no interior da célula - Hidrópica: acúmulo de água e eletrólitos; - Hialina e mucoide: acúmulo de proteínas; - Esteatose e as lipidoses: acúmulo de lipídeos; - Glicogênica: acúmulo de carboidratos. → Degeneração hidrópica: • No interior da célula houve um acúmulo de água; • A membrana celular é uma dupla camada lipídica que tem inseridas em si diversas proteínas, como aquela que é chamada de bomba de sódio e potássio, que garante a concentração osmótica dentro da célula (uma manutenção dos íons dentro da célula e a sua ação na água, esta que, por osmose, caminha do meio menos concentrado para o meio mais concentrado); • Normalmente, os níveis de sódio no interior da célula são baixos, enquanto no meio extracelular ele está em alta concentração. Já o potássio está em alta concentração no meio intracelular e em baixas quantidades fora da célula; • Entre as proteínas da membrana, são encontrados canais para a passagem do sódio e do potássio (cargas elétricas instáveis = não podem passar direto pela membrana). A entrada do sódio para o interior da célula por osmose eleva sua concentração lá (ocorre com o potássio de maneira inversa) e, para garantir a manutenção da concentração iônica, existe a bomba de sódio e potássio, que coloca para fora 3 íons de sódio e para dentro da célula 2 íons de potássio, com gasto de ATP por estar contra o gradiente de concentração, mantendo a diferença de concentração para os momentos de polarização e despolarização; • Por ter gasto de ATP, é necessária que a síntese seja constante para que assim seja mantida a osmolaridade constante pelo funcionamento da bomba de sódio e potássios; • Situações patológicas podem fazer com que não haja um bom funcionamento do ciclo de Krebs, que com a fosforilação oxidativa, são responsáveis pela maior síntese de ATP; • A realização do ciclo de Krebs depende da presença do oxigênio no interior da mitocôndria e, para ele chegar lá, deve ter uma captação normal de oxigênio, uma hematose normal, um transporte vascular normal e, por fim, ume entrega de oxigênio normal. Diversas patologias podem afetar esses requisitos que são necessários para a chegada do oxigênio a mitocôndria; • Caso o volume de oxigênio que chegue as células seja pequeno ou insuficiente, pode resultar em uma hipóxia; • A hipóxia causa uma incapacidade funcional da mitocôndria de produzir energia e, assim, o ciclo de Krebs não vai funcionar, não vai ter a fosforilação oxidativa (não produz os NADs e FADs no ciclo de Krebs) e, com isso, não tem ativação da bomba ATPase, não produzindo ATP e, por fim, a interrupção da bomba de sódio e potássio; • A interrupção da bomba de sódio e potássio resulta em um aumento alto da concentração de sódio no meio intracelular e de potássio do meioextracelular, já que os canais iônicos ainda estão abertos para a passagem deles enquanto não tem a bomba para retomar o equilíbrio iônico; • Essa hiperconcentração de sódio no meio intracelular resulta em um aumento da osmolaridade, já que a água tende a ir em direção ao meio mais concentrado, tornando a célula cada vez mais túrgida e, com isso, podendo causar em uma ruptura da membrana, resultando em necrose por morte celular; • Em casos de parada cardíaca, esse processo pode ocorrer não apenas no tecido cardíaco, mas em todos os do corpo já que não foi estabelecida uma circulação suficiente; • Outras causas podem resultar na perda de energia do corpo, como ocorre na hipertermia (endógena ou exógena) podem fazer com que o gasto de energia seja maior que a capacidade do corpo de produzir; Ex: a hipertermia febril pode roubar energia do organismo para a manutenção do quadro febril a ponto de fazer com que a bomba de sódio e potássio pare de funcionar, resultando em degeneração hidrópica; • As lesões de membrana podem levar a degeneração hidrópica. Elas ocorrem por conta de radicais livres, que são gerados por muitos mecanismos (ambiente, por exemplo); • Além disso, substâncias tóxicas, como inibidores da bomba de sódio e potássio, provocam um desequilíbrio iônico e elas podem ser causadas pela ingestão de medicamentos; • No microscópio, vendo uma célula que está invadida de água, é possível ver uma imagem vacular já que a água não cora. O núcleo não é deslocado na degeneração hidrópica, já na degeneração por gordura o núcleo é deslocado por não haver mistura de água com lipídio; • Ocorre um aumento no peso e volume dos órgãos; • O efeito balonizado que as células adquirem por esse aumento de volume causa compressões em outras estruturas, como capilares, impedindo a circulação sanguínea e piorando a situação de hipóxia. → Degeneração de lipídeos: Esteatose: • Trata-se do acúmulo de gorduras no citoplasma de células que não as armazenam. Assim, essa lesão aparece quando aumenta a captação ou a síntese de ácidos graxos ou dificulta sua utilização, transporte ou excreção; • É também chamada de esteatose, sendo uma patologia muito comum no fígado, em que há o acúmulo de gorduras no citoplasma das células • O fígado é um órgão com diversas funções, como a síntese de proteínas (albumina, da cascata da inflamação), síntese de glicogênio, síntese de triglicérides e frações de colesterol, bilirrubina etc.; • Um indivíduo com ingesta exagerada de calorias ou com uso de lipídios como fonte energética pode levar um transtorno bioquímico grande ao órgão que termina por resultar no acúmulo de gorduras; • Os quadros de esteatose hepática ocorrem principalmente, com maior incidência, em dois grupos populacionais: dieta hipercalórica (ingerem a caloria em forma de carboidratos ou lipídios) e alcoólatras (substituindo a ingesta de alimentos por álcool, que acaba por ser utilizado como fonte de energia); • Ambos os grupos terão um quantitativo de caloria maior que o necessário para a sobrevivência, ou seja, o gasto energético é menor que o ingerido e, assim, o fígado transforma através do metabolismo hepático essas calorias extras em gorduras (triglicérides) já que o corpo possui uma capacidade limite de armazenar calorias na forma de carboidratos na circulação; • O carboidrato é, também, armazenado no fígado na forma de glicogênio; • Quando o limite de armazenamento de carboidrato é atingido, os hepatócitos convertem ele em triglicérides, esse que é transformado em colesterol (HDL e LDL). Os indivíduos que tem uma alta ingesta calórica tem uma tendência a terem um acúmulo de triglicérides no interior dos hepatócitos e, geralmente, eles não têm uma harmonia de nutrientes, tendo muito mais carboidratos que aminoácidos, por exemplo, no organismo; • Por não ter uma quantidade adequada de aminoácidos, o organismo fica incapaz de sintetizar as apolipoproteínas que são essenciais para ter a síntese de HDL, LDL e VLDL e direcionamento desses lipídeos carreados por proteínas para diversos tecidos; • O HDL, LDL e VLDL são frações do colesterol e são moléculas que possuem uma membrana as envolvendo; - Na membrana e no interior dessa esfera são encontradas quantidades altas de triglicérides e colesterol. Na membrana, além dos lipídios, são encontradas proteínas de membrana e elas direcionam esse lipídio para o local em que ele deve ficar no organismo, sendo que uns ficam em tecidos pelo fato dessas proteínas da membrana terem afinidade com tecido, enquanto outros permanecem livres na circulação (LDL); - A síntese dessas moléculas demanda a presença de algumas matérias-primas, como o colesterol, triglicérides e as proteínas de membrana (apolipoproteínas), assim, uma ingesta mínima de aminoácidos é necessária para evitar um desequilíbrio no metabolismo lipídico e, assim, direcionar as frações lipídicas para seus locais certos e não fiquem acumulados no fígado na forma de colesterol e triglicérides; • A gordura que foi acumulada no fígado pode ser eliminada com o aumento da lipólise através da diminuição de glicose do sangue e do glicogênio do fígado, ou seja, quando o triglicérides se torna a única fonte de energia; • No caso dos alcoólatras é percebido um distúrbio mais severo; • A esteatose é classificada em 3 diferentes graus e eles aumentam de acordo com o aumento do volume de triglicérides no citoplasma celular; • Causas: - Maior aporte de ácidos graxos por ingestão excessiva ou lipólise aumentada, causado por aumento da ingesta calórica. Pode ocorrer por uma ingesta muito alta de carboidratos e, quando a quantidade de carboidratos superar o mínimo necessário, ele é convertido em glicogênio e aquilo que sobrar vira lipídio; - Síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil-CoA não oxidada no ciclo de Krebs (alcoolismo, hipóxia). A conversão do álcool consome os NADH que são úteis no ciclo de Krebs. Assim, o alcoolismo faz com que o indivíduo tenha a quantidade suficiente de energia por essa conversão do álcool para carboidrato, mas não tem os nutrientes necessários e que deveriam ser obtidos pela alimentação; - Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de apoproteínas (desnutrição proteica à não tem aminoácidos); - Distúrbios no transporte de lipoproteínas por alterações no citoesqueleto (agentes tóxicos e lesão de retículo sarcoplasmático); • A estenose pode resultar em cirrose hepática. Os hepatócitos podem sofrer um acúmulo tão grande de lipídios que eles rompem e ocorre a morte da célula. Em casos de morte de uma grande quantidade de hepatócitos, ocorre uma cicatrização pois a capacidade de regeneração não é suficiente. *OBS: 1: síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil-CoA não oxidada no ciclo de Krebs (alcoolismo): a molécula do álcool tem um quantitativo de hidrogênios e carbonos que é compatível com aquela encontrada nos carboidratos. O organismo, quando ingere álcool (caloria na forma de álcool), tenta transformar sua molécula em carboidrato como tentativa de dar uma utilidade para ela. No ciclo de Krebs e a glicólise tem como alvo principal do organismo o hidrogênio, que são presos no NAD e FAD, sendo responsáveis por carregar o hidrogênio para a matriz da mitocôndria e, assim, ativar a bomba de ATPase presa na membrana da crista mitocondrial. A molécula de álcool tem um grande potencial energético por ter um quantitativo alto de moléculas de hidrogênio. O ciclo de Krebs, porém, não consegue ser ativado pelo álcool, então, quando ele entra no organismo ele é convertido em uma molécula que pode entrar no ciclo de Krebs, fazendo com que a molécula de álcool sofra alterações estruturais. Ela perde 2 hidrogênios e eles são ligados a uma molécula de NAD por atividade enzimática no interior dos hepatócitos que promovem a desidrogenização.O NAD é utilizado para retirar o H+ do álcool, mas esse processo não era esperado pelo organismo, já que os NAD devem ser utilizados na glicólise e ciclo de Krebs. A remoção do H+ da molécula, além de utilizar o NAD, transforma o álcool em um composto intermediário, chamado de acetaldeido. Ela ainda não é capaz de entrar no ciclo de Krebs, então, ocorre a utilização de mais uma molécula de NAD que prende outros 2 hidrogênios que foram retirados do acetaldeido, agora chamado de acetato. O acetato entra no ciclo de Krebs quando há uma necessidade de produção de energia e, quando não é preciso mais, esse acetato é convertido em lipídio. Ocorre uma falta de NAD+ para aceitar elétrons no ciclo de Krebs e, com isso, o ciclo pode ser inibido e resulta em um aumento no número de acetatos (= conversão em lipídio). Ou seja, ciclo de Krebs parado e aumento de acetato = esteatose; * A glicólise resulta em duas moléculas de ácido pirúvico (C3H4O3), formando-se também poucas moléculas de NADH. A expectativa do organismo é que a molécula de ácido pirúvico consiga entrar no ciclo de Krebs na matriz mitocondrial. Se o ciclo de Krebs está parado por não ter NAD, a molécula de ácido pirúvico não vai entrar na matriz mitocondrial, então, ocorre uma interação no citoplasma do ácido com o NADH (é um aceptor intermediário de hidrogênio, ou seja, fica com ele temporariamente. Como o ciclo de Krebs não está funcionando, ele doa os H+), formando o C3H6O3, ou seja, lactato e que quando acumulada altera o pH do organismo. Pode resultar em disfunção hepática (redução da síntese de albumina (funciona como um colóide no sangue, sendo responsável por trazer a água de volta para o vaso sanguíneo pela pressão coloidosmótica) = inchaço, redução na síntese das proteínas de coagulação = sangra mais fácil etc), acúmulo de substâncias tóxicas, incapacidade do fígado de converter amônia em ureia, acúmulo de triglicérides no interior dos hepatócitos, resultando em quadros de toxicidade; 2: a molécula de acetoldeido é uma molécula que interage com as proteínas do citoesqueleto dos hepatócitos, podendo provocar alterações estruturais nessas células. • Nos hepatócitos de um fígado em esteatose, as células são lotadas em seu interior de sequências lipídicas de carbonos e hidrogênios, em que no citoplasma a sua constituição lipídica misturada ao conteúdo hídrico do citoplasma não tem afinidade, então, o lipídio por não misturar com a água torna o núcleo do hepatócito lateralizado com uma imagem não corada (lipídio não é corado), assim, há uma semelhança com um adipócito; • Conforme as células ganham um aumento de volume, ocorre um efeito compressivo sob os capilares, resultando em uma congestão (aumento da quantidade de sangue em um local de difícil circulação). O trânsito de sangue ruim resulta em uma entrega de nutrientes e oxigênio deficiente para os tecidos do órgão, podendo ser um outro fator de risco para o mesmo; • A alteração de permeabilidade dos capilares pela compressão exercida pelos hepatócitos ricos em triglicerídeos, pode ocorrer, no mesmo órgão com esteatose, uma degeneração hidrópica (ocorre quando a oferta de O2 é ruim, afetando o funcionamento da mitocôndria, reduzindo a síntese de ATP e, devido a isso, tem a falência da bomba de sódio e potássio, que faz com que a concentração de sódio intracelular aumente e, com isso, aumenta a quantidade de água intracelular por fator osmótico); • Tanto a esteatose quanto a degeneração hidrópica representam um risco de rompimento da célula que, se ocorrer, resulta em morte celular, levando a necrose e, por fim, fibrose por não ter uma capacidade de regeneração suficiente para suprir o que foi perdido. Lipidoses: • Trata-se do acúmulo intracelular de outros lipídeos que não são triglicerídeos (se for triglicérides é esteatose), como o colesterol; • Ocorre por uma produção de colesterol maior que o normal. O colesterol total é formado por HDL, LDL e VLDL, podendo esse valor total ter porcentagens diferentes dessas frações; • Um aumento na quantidade de LDL em relação ao HDL causa uma maior tendência de o LDL (lipídio circulante) se depositar na parede tecidual. Esse depósito de um lipídio que é circulante na parede tecidual faz com que o corpo reconheça ele como um corpo estranho; • Existe uma célula chamada de célula APC (célula apresentadora de antígeno à macrófago). O macrófago fagocita o corpo estranho, digere por enzimas e, através de receptores proteicos que ele possui na sua sua superfície, ele apresenta essa substância que ele reconhece como estranha, liberando interleucinas para as células de defesa se concentrarem no local; • O macrófago fagocita mas não consegue digerir a gordura (por ser apenas uma estrutura lipídica, sem ter alguma coisa para “ser apresentada” por não ter antigênico), então ela fica acumulada em seu interior, no seu citoplasma, que acaba por aumentar de tamanho; • Na região de acúmulo de LDL, então, são encontrados “macrófagos xantomisados”, ou seja, com um aumento de tamanho por fagocitar gordura e não conseguir realizar uma digestão e, além disso, apresentando uma imagem vacular. O lipídio só fica colorido na coloração sudan; Ex: 1: xantoma: áreas na pele onde se formam placas ou nódulos com cor amarela por um quantitativo alto de macrófagos xantomizados (gordura no interior) acumulado. Pode ocorrer em adultos ou crianças, indicando um distúrbio lipídico, já que, se os macrófagos estão xantomisados a desordem das frações de colesterol é grave. Essas mesmas placas podem estar sendo formadas no interior dos vasos, podendo indicar problemas vasculares; * Dislipidemias: problemas de origem genética. Ocorre em crianças, podendo indicar ateroesclerose, obstruções vasculares e morte súbita por lesão vascular; * Em pacientes de meia idade pode ser também problema genético, mas a maior probabilidade é de ser por erros de oferta alimentar (dietas hipercalóricas, sedentarismo, diabetes associadas a alteração na produção de lipídios); 2: ateroesclerose: os vasos sanguíneos possuem 3 camadas: camada íntima (epitélio simples pavimentoso), camada média (camada muscular) e camada adventícia (tecido conjuntivo). A camada íntima (interna) tem um mecanismo de impedir a adesão de células em suas paredes. A molécula de LDL é um lipídio (colesterol) circulante e em alta concentração aumenta a quantidade de lipídio que circula no sangue e entra em contato com o endotélio é grande e, assim, aumenta as chances de adesão no LDL na parede vascular. As células epiteliais reconhecem o LDL como corpo estranho, expressando receptores (interleucinas) de varredura para as células de defesa (inflamatórias). O macrófago é a primeira célula a chegar a região, buscando fagocitar essas placas de gordura e apresentar o antígeno, mas como não consegue digerir a gordura fica acumulada em seu interior. Ainda sim, o macrófago libera citocinas inflamatórias e outras células inflamatórias se agregam na região, principalmente linfócitos, formando placas de macrófagos xantomisados e regiões vaculares na parede vascular; * A lesão da camada íntima é entendida como o menor fator de risco. Uma reação inflamatória é desencadeada causando uma grande lesão da parede e tentativa de cicatrização, formando grandes áreas de fibrose tentando reparar a lesão que teve início pela presença do LDL; * A espessa camada de tecido fibrótico segue em direção a luz do vaso, resultando em obstrução e, com isso, a circulação e o fluxo sanguíneo são prejudicados = insuficiência oxigenatória e possível morte do paciente. → Degeneração hialina: • Trata-se do acúmulo de material proteico sem forma, mas com característica acidófila (mais rosa que roxa), podendo ter diversas origens e sem, inicialmente, se saber um motivo; • No microscópio, é observado umaestrutura amorfa (não tem forma, mas algo ocupa esse lugar) e de coloração rosa (adquire essa cor pela proteína ter um pH ácido à eusina); • Ação degradante de estruturas celulares por radicais livres, ação viral, bacteriana ou reacional (imunoglobulinas, que são proteínas produzidas por linfócitos); • As imunoglobulinas são produzidas por reação a presença de um corpo estranho. A precipitação de imunoglobulinas como uma imagem amorfa pode ser reacional (depende de um histórico), mas pode ser também sem a presença de uma infecção, em que a produção da imunoglobulina ocorre de forma anormal, como em casos de linfoma (câncer de linfócitos à podem sintetizar sem necessidade imunoglobulinas); Ex: uma deposição de material hialino no rim pode ser por infecção, doença autoimune ou linfoma • A degeneração hialina pode ser causada por infecção, doença autoimune ou linfoma. Ela ajuda a entender o que causa a doença ou o quão destruído o tecido está. Ex: 1: alcoolismo: no fígado de um alcoólatra é possível ver um núcleo lateralizado, indicando esteatose (degeneração gordurosa) e, nas células do lado, pode-se assumir a possibilidade de uma degeneração hidrópica (não tem núcleo deslocado) pela compressão dos vasos sanguíneos causados pela esteatose; * Nessa imagem, é possível ver no interior do hepatócito balonizado um precipitado. No caso do alcoolismo, durante a conversão do etanol em acetoaldeido são formados radicais livres, que interagem com as proteínas do citoesqueleto. Essa degeneração é conhecida como alteração hialina de Mallory. Trata-se de um material proteíco e amorfo, corado em rosa; 2: doença de Alzheimer: ocorre uma deposição proteica, amorfa e corada de rosa. Ocorre uma redução numérica de neurônios e a precipitação de material proteico no SNC em pacientes em desenvolvimento do mal de Alzheimer. Essas proteínas são proteínas de membrana das células, funcionando como receptor de membrana. Acredita-se que no processo de destruição dos neurônios a célula é destruída e tudo aquilo que é proteico é precipitado, formando manchas no tecido em processo de perda de células; 3: síndrome da angústia respiratória: é uma resposta inflamatória que o pulmão vive com uma intensidade imensa. Há uma destruição que impede a diferenciação do que é parede alveolar e o que não é. Entre essas estruturas, é possível observar um precipitado proteico e amorfo, podendo ser resto de parede de pneumócito, resto de célula de defesa que “perdeu” nessa batalha imunológica, mostrando o quão prejudicado e destruído foi esse tecido. → Glicogenose: • Trata-se do acúmulo da glicose no interior das células, causado por um distúrbio em sua utilização; • A insulina se liga no receptor GLUT para modular a abertura do canal de glicose e, assim, a glicose entra e sofre glicólise no citoplasma, gerando o ácido pirúvico que deve entrar na mitocôndria para vivenciar o ciclo de Krebs e a fosforilação para, assim, gerar o ATP; • Em certas situações, em que o paciente apresenta deficiência enzimática, a glicólise não consegue ser processada. Para a glicólise acontecer devem estar presentes no citoplasma da célula 10 diferentes tipos de enzimas; • Os pacientes que apresentam a glicogenose observa-se que a glicose entra na célula, porém, não é degradada até o final por essa deficiência enzimática e, com isso, o paciente apresenta uma baixa síntese de ATP; • Pode afetar, principalmente, o fígado, rins, músculos esqueléticos e coração; • Tipo 1: no hepatócito pode observar-se vacúluos no citoplasma da célula, com uma coloração específica e com uma anamnese bem-feita (o paciente, por exemplo, apresenta disfunção muscular associada); • Os pacientes podem não apresentar as enzimas ou terem uma síntese insuficiente de enzima. A glicose acumulada vai se ligando uma a outra e formando o glicogênio.
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