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Gabarito da 2a Prova de Análise Real II-IC 268-T01, 2020.5 1. Seja f : R→ R cont́ınua e periódica de peŕıodo T > 0, isto é, f(x+T ) = f(x) para todo x ∈ R. Prove que ∫ a+T a f(x)dx = ∫ T 0 f(s)ds para toda constante a ∈ R. R. Suponha 0 < a < T . O Caso a < 0 < T é análogo. Primeiro usando a pro- priedade de adição da integral, pode-se escrever ∫ a+T a f(x)dx = ∫ T a f(x)dx+∫ a+T T f(x)dx. Agora, usando o teorema de mudança de variável na segunda integral, que diz: Se g é derivável com derivada integrável em [a, b] e se f é cont́ınua na imagem da g, g([a, b]), então ∫ g(b) g(a) f(x)dx = ∫ b a f(g(x))g′(x)dx. Assim, tomando g(x) = x+T definida em [0, a], tem-se g(0) = T, g(a) = a+T , g′(x) = 1 é constante, logo integrável e por hipótese, f é cont́ınua em R, logo pode aplicar a mudança e pode-se escrever a segunda integral∫ a+T T f(x)dx = ∫ g(a) g(0) f(x)dx = ∫ a 0 f(g(x))g′(x)dx = ∫ a 0 f(x+T )dx = ∫ a 0 f(x)dx onde na última passagem usa-se a hipótese de f ser periódica. Assim,∫ a+T a f(x)dx = ∫ T a f(x)dx+ ∫ a 0 f(x)dx = ∫ T 0 f(x)dx, onde usa-se novamente a propriedade de adição e o fato que 0 < a < T . 2. Seja f : R→ R uma função real. (a) Se f ′ = f , então prove que existe uma constante C ∈ R tal que f(x) = Cex para todo x ∈ R. Dica: Considere h(x) = f(x) ex e derive. R. Defina a função h : R → R por h(x) = f(x) ex . Note que h está bem definida, uma vez que a função exponencial é diferente de zero para todo x. Além disso, como f é derivável e a exponencial também é derivável, com derivada igual ela mesma, segue que h é derivável. Usando a regra do quociente, tem-se h′(x) = f ′(x)ex−f(x)(ex)′ e2x = 0 pois f ′ = f e ex = (ex)′. Portanto, segue que existe C uma constante tal que h(x) = C, ou seja, f(x) = Cex. (b) Se f for cont́ınua e tal que f(x) = ∫ x 0 f(s)ds, então prove que f ≡ 0. R. Note que a hipótese de f ser cont́ınua adicionada a hipótese f(x) =∫ x 0 f(s)ds, implica pelo Teorema Fundamental do Cálculo que de fato f é derivável e f ′(x) = f(x). Segue então do item anterior que existe uma constante C tal que f(x) = Cex. Novamente a hipótese f(x) = ∫ x 0 f(s)ds implica que f(0) = ∫ 0 0 f(s)ds = 0. Portanto, como f(x) = Cex e f(0) = 0, segue que C = 0 e assim f(x) = 0 para todo x ∈ R. 3. Considere a função de duas variáveis definida por F (x, λ) = ∫ x a f(s, λ)ds, onde a ∈ R. Suponha que f é derivável em relaçao a λ, isto é, existe ∂f ∂λ = lim ∆λ→0 f(s,λ+∆λ)−f(s,λ) ∆λ , ∀ s ∈ R. Prove que F é derivável em relação a λ e ∂F ∂λ = ∫ x a ∂f ∂λ (s, λ)ds. R. Note que deve-se provar que lim ∆λ→0 F (s,λ+∆λ)−F (s,λ) ∆λ = ∫ x a ∂f ∂λ (s, λ)ds. Seja então ε > 0 dado arbitrariamente. Usando que f é derivável com ε x−a , sendo x constante em relação a λ, então existe δ > 0 tal que se 0 < |∆λ| < δ, então ∣∣∣f(s,λ+∆λ)−f(s,λ)∆λ − ∂f(s,λ)∂λ ∣∣∣ < εx−a . Assim, para este mesmo δ > 0, se 0 < |∆λ| < δ, tem-se que∣∣∣∣F (s,λ+∆λ)−F (s,λ)∆λ − ∫ x a ∂f ∂λ (s, λ)ds ∣∣∣∣ =∣∣∣∣∫ x a [ f(s, λ+ ∆λ)− f(s, λ) ∆λ − ∂f(s, λ) ∂λ ]ds ∣∣∣∣ ≤∫ x a ∣∣∣∣f(s, λ+ ∆λ)− f(s, λ)∆λ − ∂f(s, λ)∂λ ∣∣∣∣ ds < ε x−a ∫ x a ds = ε x− a (x− a) = ε 4. Seja fn : X → R uma sequência de funções uniformemente cont́ınuas para todo n ∈ N e que converge uniformemente para f : X → R. Prove que f é uma função uniformemente cont́ınua. R. Note que esse resultado é análogo ao teorema da convergência uniforme e continuidade, apenas acrescentou a hipótese da sequência ser uniformemente cont́ınua e obtém que a função limite também o é. 2 Dado então ε > 0, usando a convergência uniforme de fn para f com ε 3 > 0, tem-se que existe N = N(ε) ∈ N tal que para todo n ≥ N ⇒ |fn(x)− f(x)| < ε 3 . Em particular |fN(x)− f(x)| < ε3 Usando a continuidade uniforme, em particular de fN , tem-se que existe δ = δ( ε 3 ) > 0 tal que para quaisquer x, y ∈ X com |x−y| < δ ⇒ |fN(x)−fN(y)| < ε 3 . Portanto, para este δ > 0, tem-se que se |x − y| < δ, então segue da desi- gualdade triangular que |f(x) − f(y)| = |f(x) − fN(x) + fN(x) − fN(y) + fN(y) − f(y)| ≤ |f(x) − fN(x)|+ |fN(x)− fN(y)|+ |fN(y)− f(y)| < ε3 + ε 3 + ε 3 = ε Portanto, segue pela definição de continuidade uniforme que f é uniforme- mente cont́ınua. 5. Seja fn : X → R uma sequência de funções que converge uniformemente para f : X → R. Prove que f é uma função limitada se, e somente se, a sequência de funções {fn(x)} é uniformemente limitada a partir de um certo indice, isto é, existe K > 0 e n0 ∈ N tais que ∀n > n0 ⇒ |fn(x)| ≤ K para todo x ∈ X. R. (=⇒) Sendo f limitada, então existe M > 0 tal que |f(x)| ≤M para todo x ∈ X. Usando que fn converge uniformemente para f , então para ε = 1 existe n0 = n0(1) ∈ N tal que ∀ n > n0 ⇒ |fn(x) − f(x)| < 1. Logo, para este n0 tem-se que se n > n0, segue pela desigualdade triangular que |fn(x)| = |fn(x) − f(x) + f(x)| ≤ |fn(x) − f(x)| + |f(x)| < 1 + M para todo x ∈ X. (⇐=) Análogo a prova da ida na parte final, sabe-se que existe n1 ∈ N tal que para todo n ≥ n1, |fn(x)| < K para todo x ∈ X. Por outro lado, da convergência uniforme, para ε = 1, existe n2 ∈ N tal que n ≥ n2 ⇒ |fn(x)− f(x)| < 1. Tome n0 = max{n1, n2}. Então para todo n ≥ n0, tem-se pela desigualdade triangular |f(x)| = |f(x)−fn0(x)+fn0(x)| ≤ |f(x)−fn0(x)|+ |fn0(x)| < 1+K e portanto f é uma função limitada. 6. Se f é uma função cont́ınua definida sobre [0, 1] e se∫ 1 0 f(x)xndx = 0 (n = 0, 1, 2, ...), então prove que f(x) = 0 para todo x ∈ [0, 1]. 3 Dica: A hipótese acima implica que a integral do produto de f por qual- quer polinômio é zero. Use o Teorema de Stone-Weierstrass para provar que∫ 1 0 f 2(x)dx = 0. R. Como f é cont́ınua, então pelo Teorema de Stone-Weierstrass, existe uma sequência de polinômios pn(x) que converge uniformemente para f(x) em [0, 1]. Como f é cont́ınua no compacto [0, 1], segue que é limitada, logo o produto pn(x)f(x) converge uniformemente para f(x) 2 em [0, 1]. Por outro lado, a hipótese dada implica que ∫ 1 0 f(x)pn(x)dx = 0. Ora, pelo teorema da con- vergência uniforme e integração, segue que 0 = lim n→∞ ∫ 1 0 f(x)pn(x)dx = ∫ 1 0 [ lim n→∞f(x)pn(x)]dx = ∫ 1 0 f 2(x)dx. Assim, a função f 2 é cont́ınua, pois f é, f 2 é positiva e ∫ 1 0 f 2(x)dx = 0 e essas três condições implicam que f ≡ 0. De fato, supondo por absurdo que exista um ponto x0 em [0, 1] tal que f(x0) 6= 0, então f 2(x0) > 0 e sendo cont́ınua a função f 2, existe δ > 0 tal que f 2(x) > K > 0 em (x0 − δ, x0 + δ). Logo, ∫ 1 0 f 2(x)dx ≥ ∫ x0+δ x0−δ f 2(x)dx > ∫ x0+δ x0−δ Kdx = 2δK > 0, o que contra- diz a hipótese da integral ser nula. Portanto conclui-se que f(x) = 0 para todo x, ou f ≡ 0. 4
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