Prévia do material em texto
Síndromes hipertensivasSíndromes hipertensivas na gestação Gabriela Brito S5-GO São a maior causa de morte materna no Brasil (cerca de 35% dos casos), dentro das síndromes hipertensivas tem a incidência de 39% de cesariana e tem complicações em 12 a 22%. É uma doença multifatorial e multis- sistêmica específica da gestação. Tem incidência de cerca de 1,2 a 4,2% e de eclâmpsia (convulsão decorrente da síndrome hiper- tensiva) essa incidência é de 0,1 a 2,7%. Aumenta a morbi-mortalidade tanto materna quanto perinatal. 10 a 15% das mortes maternas diretas estão associadas à pré- eclâmpsia/eclâmpsia. Pré-eclâmpsia é definida como a soma de HAS associada à protei- núria. Para ser decorrente da gesta- ção, a gestante deve ser previa- mente normotensa, ocorrendo a associação de HAS e proteinúria após a 20ª semana de gestação. Antes de 20 semanas, não é pré- eclâmpsia. Em caso de pré- eclâmpsia muito cedo, importante pesquisar se é mola ou alguma coisa anteriormente da gestação. Em caso de ausência de proteinúria, a HAS + lesão de órgãos-alvo pode ser pré- eclâmpsia. HAS + Proteinúria OU HAS + Lesão de órgão-alvo Ambos surgindo na gestação (após 20 semanas). ETIOLOGIA É grande parte de origem desconhecida, podendo ser associa- da à problemas de adaptação imunológica ao trofoblasto levando a problemas de placentação cau- sando hipóxia. S5-GO Gabriela Brito A hipóxia vai ter liberação de fatores angiogênicos, citocinas, fatores associados à circulação para tentar se adaptar à essa placenta relativa- mente isquêmica. Essas modifica- ções vão provocar uma alteração sis- têmica vascular (principalmente capilar), promovendo a pré-eclâm- psia. PLACENTAÇÃO NORMAL Uma placenta normal, tem uma baixa resistência natural para manter um bom fluxo. Se não tiver, o corpo libera fatores para promover essa baixa resistência placentária, que a invasão trofoblástica não fez. É quando a invasão trofoblástica não chega no miométrio, fica somente na PLACENTAÇÃO ANORMAL decídua, promovendo a placentação anormal. As alterações no desenvolvimento placentário, vai tornar insuficientes as modificações na circulação uterina, assim não se teve natural- mente a baixa resistência na placenta. Isso causa estresse oxida- tivo e produção excessiva de fatores inflamatórios e antiangiogênicos, em busca de promover essa redução de resistência, o que vai lesar o endotélio sistemicamente, levando à hipertensão arterial e comprome- timento de órgãos-alvos. Em resumo, a tentativa de adaptação do organismo para reduzir a resistência da placenta, vai levar a uma HAS e lesão de órgãos-alvos, devido fatores inflamatórios e antiangiogênicos que vão lesar o endotélio. S5-GO Gabriela Brito Pré-eclâmpsia = Distúrbio placentário Vasoconstrição: Acarreta no aumento da resistência peri- férica. Alterações na permeabilidade capilar: Vai ser responsável pelo edema. Ativação do sistema de coagu- lação: Por alterações hepáticas e liberação de algumas subs- tâncias. A ativação endotelial vai determinar: 1. 2. 3. Vasoespasmo: Permeabilidade capilar: Ativação da coagulação: A perfusão uteroplacentária reduzida vai promover a liberação de agentes vasoativos e citocinas que levam à disfunção endotelial, causando vasoespasmo, permeabilidade capilar e ativação da coagulação, que vão ter repercussões em todo o organismo. Na vasculatura da gestante. Causa HAS, convulsão, DPP, oligúria e isquemia hepática. Causa edema, hemoconcentração e proteinúria. Causa trombocitopenia. REPERCUSSÕES SISTÊMICAS Qual dos mecanismos abaixo melhor se correlaciona com a fisiopatologia da pré-eclâmpsia grave? A) Transformação inadequada do cito para o sinciciotrofoblasto. B) Invasão inadequada da muscular média das arteríolas espiraladas. C) Alterações na morfologia do crescimento dos sistemas tambores. D) Dificuldade de transformação de vilos secundários em terciários. Pra ser considerado pré-eclâmpsia deve ter HAS e proteinúria. PA > ou igual 160x110 (gravidade). Proteinúria > 2g/dl (gravidade). S5-GO Gabriela Brito São 4 formas clínicas de síndromes hipertensivas na gestação: - Hipertensão gestacional; - Hipertensão arterial crônica; - Pré-eclâmpsia; - Pré-eclâmpsia sobreposta à hiper- tensão arterial crônica; HAS prévia e descompensa na gestação ATENÇÃO: Também se considera pré- eclâmpsia quando, na ausên- cia de proteinúria, ocorre dis- função de órgãos-alvos, asso- ciado à HAS!!!! Crise hipertensiva: Sinais de iminência de eclâm- psia: Eclâmpsia: Síndrome de HELLP: PA > 160x110. Cefaleia, fotofobia, escotomas, hiper- reflexia, náuseas, vômitos e dor epigástrica ou em hipocôndrio direito. Convulsões. Hemólise intensa- Esquizócitos, equi- nócitos, elevação do DHL e/ou das Oligúria: Insuficiência Renal Aguda: Dor torácica Edema agudo de pulmão bilirrubinas indiretas; Comprometimento hepático; Consumo de plaquetas; Diurese inferior a 500 ml/24h. Creatinina sérica > 1,2 mg/dL. Precoce: Tardia: A pré-eclâmpsia pode ser precoce ou tardia, de acordo com o momento em que ela acontece. Antes de 34 semanas, é associada à maior comprometimento do desen- volvimento placentário e da circu- lação uteroplacentária. Mais direta- mente associada à alteração de inva- são trofoblástica. Após ou em 34 semanas, é associada à síndromes metabólicas, inflamação e comprometimento endotelial crô- nicos. É menos sofrida para o bebê, porém pode acelerar o agravamento de um quadro materno. S5-GO Gabriela Brito Uma mulher de 38 anos de idade, tercigesta, com história de dois partos normais a termo e sem intercorrências, o último há 10 anos. Refere que vem fazendo controles de “pressão alta” na UBS (unidade básica de saúde) há 2 anos, onde lhe receitaram captopril e hidrocloro- tiazida. Na primeira consulta de pré- natal, com 9 semanas pela cronologia, está assintomática, sem edema e com PA de 140x90 mmHg, confirmada após repouso. O exame ultrassonográfico mostra feto único compatível com a data da última menstruação. Qual a hipótese diagnóstica? A) Hipertensão arterial gestacional. B) Pré-eclâmpsia. C) Hipertensão arterial crônica. D) Hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia sobreposta. E) Hipertensão transitória. Doppler das artérias uterinas: Marcadores sanguíneos: Biomarcadores, exames e avaliações podem ser usados para tentar predizer a pré-eclâmpsia, porém não há evidências totalmente certeiras. Primeiro e segundo trimestres PAPP-A, ADAM-12, PP-13, SFLT-1, ác. Marcadores urinários: úrico, leptina, hemocisteína e PLGF. Albuminúria e calciúria. Não costumam ser muito utilizados na rotina. Pré-eclâmpsia anterior é muito importante e também mudança de parceiro (em relação à gestação). - Antecedente de pré-eclâmpsia (fa- miliar ou pessoal); - HAS crônica; - Obesidade (IMC > 30); - Diabetes; - Doenças renais; - Doenças autoimunes; - Síndrome antifosfolípide; - Gravidez múltipla; FATORES DE RISCO AAS: Suplementação de cálcio Mulheres que tem fator de risco para pré-eclâmpsia devem usar: 100 a 150 mg ao dia da 12 a 36ª semana de gestação S5-GO Gabriela Brito Tercigesta, secundípara, de 39 anos, encontra-se com 14 semanas de gravidez em primeira consulta de pré-natal. AP: pré-eclâmpsia em gestação anterior, HAS controlada com metildopa 750 mg por dia. A conduta sobre a utilização de ácido acetilsalicílico na gestação e sua justificativa são: A)Prescrever aspirina (100mg ao dia) para redução da incidência de pré-eclâmpsia. B)Prescrever aspirina (500mg ao dia) para redução da incidência de hipertensão gestacional. C)Prescrever aspirina (100mg ao dia) para redução da incidência de parto pré-termo, antes da 34ª semana de gravidez. D)Prescrever aspirina (500mg ao dia) para redução da incidência de eclâmpsia. Gestante portadora de hipertensão crônica procura seu médico de família para avaliar a medicação anti-hipertensiva em uso. Refere estar na 14ª semana de sua segunda gestação; na gravidez do primeiro filho, desenvolveu pré-eclampsia so- breposta, que ocasionou parto prematuro na 30ª semana. Além da adequação da terapia anti-hiper- tensiva, se indicado, e pensando na prevenção de novo quadro de pré- eclampsia nesta gravidez, o médico deve prescrever: A) Metildopa. B) Hidralazina. C) Sulfato de magnésio. D) Aspirina em baixa dose. Se faz através de exames, como: - PA; - Proteinúria; - Sinais de iminência - Laboratório; Hemólise, aumento de enzimas hepáticas (Elevated Liver enzimes) e plaquetopenia (Low Platelets). S5-GO Gabriela Brito Acompanhar vitalidade fetal: Avaliação laboratorial: Corticóide: A conduta é feita de acordo com o quadro e a gravidade. Uma pré- eclâmpsia leve não precisa sondar, basta fazer um acompanhamento ambulatorial, já uma grave é importante ficar observando de perto e com maior frequência. Cardiotocografia, USG (rastrear de restrição de crescimento intrauterino RCIU) e doppler. Síndrome de HELLP. Feito em qualquer sinal de descom- pensação. - Avaliar HAS secundária e investigar lesão de órgão-alvo (fazer ECG, perfil lipídico e ecocardiograma); - Monitorar PA domicilia; - Evitar ganho excessivo de peso e reduzir ingesta de sódio; - Anti-hipertensivos em caso de PAS > 15 mmHg e PAD em 90-100 mmHg usar metildopa 250mg 2x/dia ou ni- HAS CRÔNICA fedipina 10-20 mg a cada 4-6h. Terapia anti-hipertensiva: Terapia preventiva anticon- vulsivante: Pico= 160x110 mmHg, faz uso de nifedipina 10mg VO ou hidralazina 5mg IV. Fazer somente no pico!!! Deixar a paciente em DLE (decúbito lateral esquerdo) e verificar PA de 5/5 minutos (repetir medicação após 20-30 minutos se não tiver reduzido a pressão). Indicado em pacientes com sinais de gravidade (pico pressórico, protei- núria > 2g, sinais de sofrimento fetal) prescrever SULFATO DE MAGNÉSIO. Monitorar diurese, FR e reflexo patelar. Manter medicação por 24h após o parto ou após a última convulsão. PRÉ-ECLÂMPSIA S5-GO Gabriela Brito Na pré-eclâmpsia sem gravidade, fica acompanhando a paciente semanalmente, faz corticóide e tenta segurar a gestação até 37 semanas. Nas 37 semanas avalia a possibilidade de parto vaginal, se possível, induz o parto. A maioria dos casos é feito cesárea. Em caso de pré-eclâmpsia grave, faz a internação da paciente, faz sulfato de magnésio e controle pressórico em caso de descompensação (hidralazina) e sempre avaliar laboratório e o feto. Em caso de não conseguir controlar, resolução do parto. Se estabiliza, tenta segurar pelo menos até 34 semanas. Se tudo bem, segura até 37 semanas, se mais ou menos mas controlou, tenta segurar até 34 semanas e se não controlar, tira antes. Em caso de a mulher estar convulsionando, estabiliza primeiro e depois faz a cesárea. A estabilização de uma paciente descompensada, sempre vem antes da cesárea. Sempre que possível, estabilizar a paciente. S5-GO Gabriela Brito Sobre os distúrbios hipertensivos na gestação, analise as assertivas abaixo: I. Primigestação, história prévia ou familiar, hipertensão crônica, raça negra são importantes fatores de risco para pré-eclâmpsia. II. Pressão arterial sistólica persistente >160 mmHg e/ou pressão diastólica > 110 mmHg e proteinúria de 24 horas superior a 5g são critérios de gravidade na pré- eclâmpsia. III. Eclâmpsia pode ocorrer na gestação durante o parto e no puerpério imediato. Quais estão corretas? A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas III. D) Apenas I e II. E) I, II e III. Uma mulher gestante evoluiu sem intercorrências até a 28a semana de gravidez, quando apresentou há 3 horas quadro de “dor de cabeça intensa, dor no estômago, mal-estar, azia e escotomas”. PA=150X100, edema MMII++/4, dinâmica uterina ausente, AU= 28cm, BCF= 142bpm. Os exames foram solicitados e a avaliação inicial urinária mostrou proteína++. Os exames de avaliação materno-fetal foram solicitados e os resultados foram: cardiotocografia padrão normal, ultrassom Doppler mostra preservação da circulação fetal com biometria compatível com 28 semanas, ILA (índice de líquido amniótico) normal, placenta grau zero. Hematócrito 42% Hb= 14g/dL, plaquetas= 155.000/mm3, ácido úrico= 7,5 mg/dL, proteinúria 1.500 mg/24h. A melhor conduta nesse momento é: A) Uso de corticosteroide, sulfato de magnésio e acompanhamento da gestação. B) Uso de anti-hipertensivo, corticosteroide e interrupção da gestação. C) Uso de hidralazina, corticos- teroide e resolução da gestação. D) Uso de diazepam, corticosteroide e acompanhamento da gestação. E) Interrupção imediata da gestação. Primigesta, 24 anos, 34 semanas, comparece ao pré-natal com PA = 165x105 mmHg, peso 71 kg, edema de MMII 3+/4+. Nega hipertensão prévia. Duas semanas antes, a PA era 100 x 70 mmHg, edema 1+/4+, 68 kg, 1+ de proteína na fita urinária. S5-GO Gabriela Brito Qual a melhor conduta? A)Internação e preparo imediato do colo com misoprostol para indução do trabalho de parto. B)Como apenas a hipertensão sugere o diagnóstico de pré- eclâmpsia, é possível que nova aferição com 30 minutos de intervalo, em ambiente calmo, possa mostrar que se trata de hipertensão por estresse da consulta. C)Internação para prescrição de terapia anti-hipertensiva e prope- dêutica de avaliação para doença hipertensiva específica da gesta- ção e vitalidade fetal. D)Não há necessidade de internação, podendo-se prescrever repouso em casa e medicação anti- hipertensiva, com retorno agendado para observação em 7 dias. E)Indicar a interrupção da gestação via cesariana, considerando-se a instalação de hipertensão e a idade gestacional.