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1 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 Anamnese do Idoso 1 1 SENESCÊNCIA: alterações relacionadas ao envelhecimento normal. SENELIDADE: alterações determinadas por afecções que acometem o idoso. ↪ Processo patológico de envelhecimento. População idosa acima de 60 anos ↪ A saúde do idoso está relacionada com a sua capacidade de funcionar sozinho, de cuidar da sua própria vida (AVD). SÍNDROMES GERIÁTRICAS 5 I’S Insuficiência cognitiva: compromete as funções encefálicas superiores sendo capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. O que afeta as atividades diárias do indivíduo. (Ex: Alzheimer) ↪ As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência, depressão, delirium e doenças mentais. Incontinência urinária e/ou fecal: caracterizada pela perda involuntária de urina/fezes. ↪ Condição altamente prevalente nos idosos. ↪ Condição que não é natural do envelhecimento. ↪ Tipos: transitória e estabelecida. - Transitória: perda de urina precipitada por uso de medicamento, aspecto psicológico, que cessa ou melhora após o controle do fator desencadeante. (Exemplo de causa: Infecção urinária) - Permanente/estabelecida: perda involuntária de urina que ocorre com o aumento da pressão intra- abdominal (tosse, espirro, atividade física) na ausência de contrações vesicais. ↪ Perguntas para diferenciar o tipo de incontinência que o paciente apresenta: “O senhor (a) perde urina ao longo do dia? Com que frequência isso acontece? Em quais situações acontece?” ↪ Fazer o mesmo para a investigação das fezes. Instabilidade postural e quedas: paciente que sente alteração devido a patologias que possibilitem a queda ou questões psicológicas. (Monica) ↪ A instabilidade postural do idoso leva à queda. ↪ É importante analisar condições de como ocorreu, quais os sinais e sintomas que a antecederam, a existência de comorbidades, se o idoso conseguiu levantar sozinho e se houve consequências. ↪ Uma das principais causa de óbitos de pacientes idosos, principalmente daqueles que estão internados. ↪ Uma causa fisiológica é o declínio da forca muscular. (sarcopenia). Imobilidade: qualquer limitação de movimento. ↪ Deterioração dos sistemas corporais secundários à inatividade musculoesquelética. ↪ Causas: quedas ↪ Configura-se como imobilidade, quando o período de repouso (7 a 10 dias) é ultrapassado e passa para o período de 10 a 15 dias. ↪ Síndrome da imobilidade: ocorre quando há supressão de todos os movimentos articulares, que, prejudica a mudança postural compromete a independência, leva à incapacidade, à fragilidade e à morte. Iatrogenia: qualquer alteração patogênica provocada pratica médica. ↪ Qualquer ato médico que causa uma consequência danosa ao paciente ↪ Exemplo: medicamentosa, polifarmácia, distanásia. CICLO CELULAR OBSERVAÇÃO: Atribuir doenças ao envelhecimento é um erro! ↪ Doenças: Hipertensão arterial, diabetes, artrite reumatoide. Demência x demência senil -> demência senil é natural, não é evolutiva e não traz tanto prejuízo como a demência. Idoso não é adulto velho Não infantilizar. CICLO CEL COMPLEXIDADE DO IDOSO Doenças ocultas (doenças que não são naturais do envelhecimento e o idoso e/ou familiares acham que é natural do envelhecimento. (Exemplo: incontinência urinária/fecal). Coexistência de múltiplas doenças (Exemplo: diabetes e hipertensão). Polifarmácia (uso de mais de 5 medicamentos e automedicação). Incapacidade e perda funcional Síndromes Geriátricas (são os 5 I’S + fragilidade/síndrome da fragilidade) ANAMNESE CONCEITOS 2 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 Fragilidade (decorrente do acúmulo de vários fatores: doenças potencialmente não relacionadas, disfunções subclínicas e deficiência em determinados órgãos, partes ou sistemas do organismo, declínio de força, velocidade da marcha reduzida). Apresentações atípicas (sintomas inespecíficos, como a febre) Maior probabilidade de morte/final da vida/doença sem perspectiva de cura. ↪ Detalhes da vida social importantes: a idade, estado civil, profissão (atividades laborais que o idoso exerceu durante sua vida), religião, tipo de moradia, qual o valor da aposentadoria. PECULIARIDADES DO IDOSO ATENÇÃO: Estabelecer vínculo (chamar pelo nome e pegar na mão). Comunicação – considerar déficits sensoriais (auditivo e visual). Acessibilidade – identificar limitações (fácil acesso de telefone, estrutural e profissional – poder ligar para o médico e tirar dúvidas). Identificar relação com cuidador/acompanhante (saber se a relação é estável ou instável e também para identificar quando o idoso está tentando esconder informações para o médico). Escuta qualificada – multifatores envolvidos (atenção ao paciente) OBSERVAÇÃO: iatrogenia da palavra -> ocorre quando o médico mente para o paciente sobre cura, promessas que não serão cumpridas pelo profissional. (Monica) - Tratado de Geriatria: associada ao desconhecimento de técnicas de comunicação de más notícias. AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA – AGA Processo diagnóstico multidimensional (investiga de forma aprofundada o paciente). Gerenciamento de recursos necessários para o tratamento Identificação de problemas/limitações/demandas e planejamento terapêutico. (situações que podem piorar ao longo do tempo; acompanhamento em longo prazo). PASSOS DA AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Avaliação global do paciente: história e exames físicos tradicionais são insuficientes para avaliar as dimensões que interferem na vida do idoso, mas são imprescindíveis para diagnosticar as causas da incapacidade, em conjunto com a AGA. Discussão multidisciplinar Desenvolvimento do plano de cuidados Implementação do plano de cuidados Monitoramento de resposta Revisão do plano. Dimensões avaliadas Instrumentos e meios de avaliação Capacidade funcional ABVDs: índice de Katz, escala de Barthel, MIF (Medida de Independência Funcional) AIVDs: questionário de Pfeffer, escala de Lawton, QMC, MIF AVDs avançadas: individualizada – lazer, trabalho, interação social. Cogniçao Bateria breve de tester (MEEM, FV, TR, figuras, CERAD) Humor Escala geriátrica de depressão - GDS Mobilidade Avaliação do risco de quedas, teste de velocidade de marcha, TGAG, Romberg, equilíbrio unipodálico. Comunicação Acuidade visual, auditiva, avaliação da linguagem. Polifarmácia, suporte social, questões financeiras História clínica Avaliação nutricional Força de preensão, CP, MAN, deglutição, dentição ↪ Adicionais (incontinência, disfunção sexual, segurança ambiental, espiritualidade, diretivas antecipadas, testamento vital). 3 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 FUNCIONALIDADE ↪ Avalia as limitações do idoso e quais medidas são mais eficazes dentro dessas limitações de atividades que sugerem independência. ↪ Exemplo de adaptações: se o paciente não consegue mais amarrar os sapatos, sugerir que troque por calçados que não precise amarrar; Saber se na alimentação o idoso necessita de ajuda; Avalia se o idoso necessita de ajuda na sua locomoção de um local para outro, entre outros. ESCORE: 9 - Totalmente dependente 10 a 15 - Dependência grave 16 a 20 - Dependência moderada 21 a 25 - Dependência leve 26 a 27 - Independente ↪ Avalia a autonomia do idoso que são atividades que o paciente escolhe fazer, como trabalhos domésticos, trabalhos manuais, lavar e passar roupa e fazer escolhas na área financeira. (atividades instrumentais). ↪ Considerar sempre o “pior” do paciente para tratar logo e curá-lo da causa mais imediata e após poder proceder com as demais etapas. ↪ Feita com o próprio paciente. 4 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 ↪ Considera a funcionalidade cognitiva com a capacidade de realizar atividades instrumentais (AIVDs). ↪ É aplicado diretamente ao cuidador do idoso. ↪ Não pode ser aplicado ao idoso sozinho. ↪ Escores > 6 devem chamar a atenção e, se associados a outros testes de função cognitiva alterados, indica encaminhamento para avaliação neurológica mais aprofundada (BRASIL, 2007). CASOS CLÍNICOS CASO 1: IDENTIFICAÇÃO Idosa, 80 anos, viúva, feminino, evangélica, natural do Maranhão, mora em Davinópolis com cinco filhos, sete netos, analfabeta, ex quebradeira de coco. Acompanhante neta Edilene – cooperativa QUEIXA PRINCIPAL Relata esquecimentos rotineiros, onde guardou objetos, nomes de pessoas, porém lembra depois. Relata que tem medo de ficar “esclerosada” já que ainda cuida dos afazeres da casa. Percebeu que isso começou após problemas de alcoolismo do filho mais velho, e que agora vive nervosa e preocupada. Chorou durante consulta, mas acredita estar mais emotiva hoje porque discutiu com o filho ontem. INTERROGATÓRIO COMPLEMENTAR AMP: hipertensão arterial compensada, sem cirurgias prévias. AMF: desconhece doenças e causa de morte dos pais, irmãos com hipertensão e diabetes. EM USO DE: captopril 25 mg 2x ao dia, dipirona, se dor. Nega alergias a medicamentos. CABEÇA E PESCOÇO: nega tonturas e cefaleia. DENTIÇÃO E DEGLUTIÇÃO: próteses bem adaptadas, ida recente ao dentista. VISÃO E AUDIÇÃO: sem déficit ACR: nega sintomas cardiorrespiratórios TGI: nega sintomas gástricos, evacuação normal diária. AGU: relata incontinência de urgência, menopausa aos 51 anos, acompanhamento ginecológico > 10 anos. OSTEOARTICULAR: lombalgia mecânica – piora com esforços, leve, não incapacitante. NEUROPSIQUIÁTRICO: nega tremor, nega alterações de marcha. ↪ Relata que não lembra quando começou os esquecimentos, diz que sempre foi muito preocupada e às vezes desatenta. ↪ Queixa de memória não tem caráter progressivo, queixa não confirmada por acompanhante. FUNCIONALIDADE: não tem dificuldades na realização de suas tarefas rotineiras, é independente para atividades instrumentais e básicas de vida. QUEDAS: nega quedas no último ano. DIETA: apetite preservado, dieta rica em carboidratos (mingaus, arroz e cuscuz), baixa ingesta de água, de verduras e frutas. HUMOR: relata que está mais triste nos últimos meses, se preocupa com filho desempregado e alcoólatra, chorou durante consulta, relata anedonia. HÁBITOS DE VIDA Tabagismo atual: masca fumo 2 – 3 x por dia desde a juventude. Etilismo: nega Sono: não reparador, sonolência diurna. Deita as 22h, dorme as 00H, acorda as 6h, múltiplos 5 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 despertares, demora a dormir, pois fica pensando nos filhos. Vacinação: tomou a de influenza Atividade física: não pratica atividade física Sexualidade: sem atividade sexual desde viuvez há 15 anos Atividade de lazer: não tem. CONDUTA: CASO 2: Idosa aposentada, mora com um filho alcoólatra, desempregado, uma filha balconista solteira, um filho técnico de enfermagem, dois netos pequenos. Cuida da casa (só não faz faxina pesada), cozinha, cuida dos netos durante o dia. Aposentada com um salário mínimo, filhos que moram com ela ajudam nas despesas da casa. Demais filhos moram próximo, porém não a visitam regularmente. Casa própria, pequena, com 4 cômodos e quintal amplo, sem escadas, não possui animal de estimação. Trabalhou desde cedo ajudando a mãe em casa e depois quebrando coco para extração de azeite e carvão. Manteve-se nessa função até os 65 anos e parou por limitações motoras. AGA Problemas identificados: - Distúrbio do humor - Distúrbio do sono - Queixa cognitiva sem alteração de funcionalidade - Erro alimentar/baixa ingesta de água - Baixo suporte social PLANO TERAPÊUTICO Avaliar uso de antidepressivo com efeito no sono Acompanhamento com psicologia Higiene do sono Orientações nutricionais e aumentar ingesta de líquidos Oriento sobre queixa cognitiva Presença de filhos em próxima consulta Avaliação de Força e Mobilidade MMSS e II PESQUISA DAS FUNÇÕES DE MEMBROS SUPERIORES ↪ A Avalia a capacidade proximal e distal/dinamometria. ↪ A mão do homem é um instrumento complexo que se destina a objetivos múltiplos: Órgão sensorial: fornece informações sobre o ambiente (temperatura, textura, sentir aspectos mais delicados); Órgão do sistema locomotor: consegue fazer distinções sobre o meio externo, já que combina força e destreza; Tem grande influência na eficiência social e criativa do homem. ↪ Sarcopenia: está ligada não apenas com a diminuição da massa muscular esquelética, mas também com um declínio gradual na função muscular, incluindo um decréscimo na capacidade de produção de força, na velocidade máxima de encurtamento e uma lentidão geral no processo de contração e relaxamento. [avaliada através da circunferência da panturrilha esquerda, que se for inferior a 31 cm indica diminuição da massa muscular (OMS)]; ↪ A avaliação da força é um dos elementos da função manual mais simples de se mensurar além de ser rápida e objetiva; ↪ A avaliação válida e confiável da força de preensão manual é um parâmetro importante para determinar a efetividade de várias estratégias terapêuticas, definir metas de tratamento e avaliar a habilidade do paciente para retornar a atividades funcionais; ↪ Quando o antebraço está em ângulo reto com o braço, o tendão do bíceps está inserido cerca de 5 cm à frente do fulcro no cotovelo, e o comprimento total da alavanca do antebraço é aproximadamente 35 cm. Nesse caso, a quantidade de potência de levantamento pelo bíceps na mão seria somente um sétimo da força muscular de 136 kg ou, mais precisamente, em torno de 19,5 kg. ↪ Com o envelhecimento, a musculatura vai diminuindo, especialmente as fibras do tipo II, de contração rápida, como as encontradas nas mãos. Com isso, a força muscular vai diminuindo, estando na 8ª década de vida 40% quando comparada à 2ª década. AVALIAÇÃO DA FORÇA ↪ Essa avaliação difere do jovem para o adulto; ↪ Instrumento reconhecido na literatura e na clínica para avaliação de mão é o dinamômetro. É recomendado pela American Society of hand Therapists 6 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 (ASHT) para medir a força de preensão na avaliação de pacientes com diversas desordens na extremidade superior tais como: artrite reumatoide, síndrome do túnel do carpo, epicondilite lateral, AVC, lesões traumáticas e doenças neuromusculares; ↪ Objetivos: para comparar a efetividade de procedimentos cirúrgicos e terapêuticos; definir metas de tratamento; e avaliar a habilidade do paciente para retornar às atividades funcionais; ↪ Estudos demonstram que os resultados dos testes de força de preensão manual podem ser influenciados por variações na posição do corpo (ARTIGO: Medida da força de preensão manual – validade e confiabilidade do dinamômetro saehan); ↪ Posição recomendada (ASHT): paciente deve estar sentado confortavelmente em uma cadeira sem braços, com os pés apoiados no chão e quadril e joelho posicionados a aproximadamente 90 graus de flexão. O ombro do membro testado deve ficar aduzido e em rotação neutra, cotovelo em flexão de 90 graus, o antebraço na posição neutra e a posição do punho pode variar entre 0 e 30 graus de extensão e entre 0 a 15 graus de adução. A mão do membro não testado repousa sobre a coxa do mesmo lado. ↪ Mão direita e esquerda são avaliadas alternadamente, por 3 vezes cada, e feita a média dos valores (intervalo de 15 a 30 segundos de repouso na mesma mão); ↪ A medida das três vezes que é testado nos braços direito e esquerdo, devem ser somadas e feita a média de cada um; ↪ O examinador deve ficar à frente e a baixo do paciente segurando o aparelho para posicioná-lo e mostrar como o instrumento funciona, explicar que ele deve fazer força máxima ao apertar o aparelho. E depois o examinador solta o aparelho e o paciente para testar se esse entendeu o procedimento, sem que seja exercida força no aparelho nessa primeira etapa, a qual é realizada somente para conhecimento; ↪ O paciente deve ser instruído a manter o posicionamento durante os testes e corrigido pelo examinador quando necessário; ↪ Acessórios tais como relógios, pulseiras, anéis e braceletes devem ser removidos de ambos os membros superiores do paciente antes do início dos testes; ↪ O paciente não deve fazer força em nenhum outro membro, apenas no membro testado; ↪ A força máxima deve ser feita entre 3 a 6 segundos de duração, após isso, o movimento do aparelho não se modifica; ↪ Geralmente, ocorre variação na medida de força entre homens e mulheres, onde os homens apresentam medida mais alta. E também ocorre variação na medida de força da mão direita para a esquerda. AVALIAÇÃO DA MARCHA ↪ A marcha ou deambulação é a sequência dinâmica de eventos que possibilitam que o indivíduo se desloque, mantendo a posição bípede, com um gasto energético mínimo, uma postura aceitável e uma estabilidade adequada; ↪ Deve-se avaliar como o paciente para (base de sustentação), se essa base é alargada e se o paciente apresenta desequilíbrio; ↪ Avalia se o paciente possui alterações características de alguns tipos de marchas e se o paciente possui um membro maior ou menor que o outro. ↪ A avalia a distância entre os tornozelos (não pode ultrapassar 10 cm) e também deve ser observado o desvio do ângulo de um pé para o outro ao andar; ↪ É uma atividade complexa, que resulta de ações reflexas e voluntárias; ↪ Para que o indivíduo possa deambular são necessárias a integridade e sincronia entre a flexibilidade, a força muscular e o equilíbrio; ↪ O ciclo da marcha é composto por duas fases: Fase de apoio: que se inicia quando o calcanhar toca o solo e termina quando o hálux e a extremidade anterior dos dedos deixa o solo, caracterizando a impulsão; Fase de oscilação: começa com a impulsão e termina com o choque do calcâneo no solo. OBS: Pacientes que sofreram amputação do hálux (exemplo: diabéticos) perdem a impulsão na marcha e 7 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 apresentam-se com pé arrastado na deambulação e certa perda de equilíbrio. MARCHA SENIL – marcha fisiológica Caracterizada por: Base alargada Diminuição do balanço dos braços Postura encurvada Flexão de quadril e joelhos Dificuldade para retornar Passos curtos Lentidão O idoso perde o centro/eixo de gravidade POSTURA E EQULÍBRIO ↪ São frequentes em idosos a presença de hipercifose torácica (A) ou tóraco-lombar (B), associada à flexão do tronco, protrusão do pescoço e retificação da lordose lombar; ↪ Ocorre uma protrusão abdominal; ↪ Essas alterações deslocam o centro de gravidade para frente, predispondo o idoso a instabilidades posturais e a quedas; ↪ Essas alterações podem estar relacionadas a doenças comuns no processo de envelhecimento tais como osteoporose, osteoartrite, artrites reumatoides, AVC, Parkinson e outras podem desencadear alterações posturais graves acentuando as alterações posturais do envelhecimento; ↪ A partir dos 40 anos a altura vai diminuindo, o que contribui também para alterações posturais. ↪ A marcha, equilíbrio, coordenação motora, reflexos, força e tônus muscular devem ser avaliados; ↪ O idoso se torna inseguro e tem dificuldade no equilíbrio, como por exemplo, manter-se apoiado em um pé só ou nos calcanhares; ↪ Lesões no cerebelo podem produzir marcha de base alargada, atáxica e insegura; ↪ O tônus muscular é avaliado pela palpação e por movimentação passiva dos membros superiores ou inferiores; ↪ A força é avaliada em todos os grupamentos musculares. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DA MARCHA Para detectar a causa da alteração da marcha e realizar a abordagem especifica; Orientar o paciente e familiar que há uma alteração na deambulação, prevenindo riscos de quedas ou outra comorbidade – auxiliar quanto ao uso de calçados corretos, tapetes antiderrapentes, entre outros; Encaminhar ao fisioterapeuta para uma reeducação, treinos de marcha específicos e prescrição de auxílios para deambulação (andadores, bengalas e outros); Estimular o paciente a praticar exercícios dentro de suas limitações. TESTES DE AVALIAÇÃO DA MARCHA ↪ O teste Timed Get up and go é um bom teste de rastreio: o paciente levanta-se da cadeira, percorre três metros e senta-se novamente, um tempo maior que 20 segundos indica necessidade de intervenção; ↪ Já o teste Get up and go não analisa o tempo e sim como o idoso procede (qualidade). ↪ Escala de Mobilidade e equilíbrio de Tinetti (POMA – Brasil) - Definição: índice que detecta alterações na locomoção, diagnostica e quantifica a gravidade do comprometimento e prediz o risco de quedas (FREITAS et al., 2002; CHONG, 1995). Performance- Oriented Mobility Assessment (POMA), traduzido como 8 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 Avaliação da Mobilidade Orientada pelo Desempenho para o Brasil; - O principal objetivo de Tinetti et al. (1986) era a realização de um protocolo de treino para detecção de risco de quedas em indivíduos idosos. Composição: ESCALA DE EQUILÍBRIO - possui 09 itens: equilíbrio sentado, levantando, tentativas de levantar, assim que levanta, equilíbrio em pé, teste dos três tempos, olhos fechados, girando 360º e sentando. ESCALA DE MARCHA – possui 07 itens: início da marcha, comprimento e altura dos passos, simetria dos passos, continuidade dos passos, direção, tronco e distância dos tornozelos. INTERPRETAÇÃO: 0 – 19 pontos: elevado risco de queda (5x maior) 19 – 24 pontos: moderado risco de queda 24 – 28 pontos: baixo risco de queda. ↪ Teste Tríplice Prova (avalia principalmente AVDs) CABS MS – ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA ↪ De acordo com a caderneta do ministério da saúde, se o examinador avalia a função dos MMSS e função dos MMII através dos testes proximal e distal e Timed Get up and go, não precisa, necessariamente, realizar o exame físico completo dos MMSS e MMII. Porém, se os testes apresentarem alguma alteração de incapacidade, dor ou restrição do movimento, é necessário realizar um exame físico mais aprofundado de acordo com a alteração detectada. . AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ↪ Deve realizar a antropometria; ↪ Segundo a Associação Americana de Saúde Pública, o estado nutricional é definido como a “condição de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas através de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. Portanto, o estado nutricional é detectado a partir de vários parâmetros, que podem ser utilizados e avaliados de forma isolada ou associada; ↪ Para o idoso, a determinação do seu estado nutricional deve considerar, entre outros, uma complexa rede de fatores, onde é possível relatar o isolamento social, a solidão, as doenças crônicas, as incapacidades e as alterações fisiológicas próprias do processo de envelhecimento; ↪ Deve avaliar o estado de nutrição do idoso através do valor de perda de peso do idoso, IMC, formulário de avaliação do estado nutricional, circunferência da cintura, circunferência do braço, circunferência da panturrilha, dobra cutânea tricipital, dobra cutânea subescapular e força de preensão palmar; ↪ Se o paciente for avaliado através do formulário de avaliação do estado nutricional obtiver na primeira parte escore de 12 pontos, é desnecessário continuar a avaliação; ↪ É de fundamental importância conhecer as mudanças corpóreas normais que ocorrem durante o processo de envelhecimento, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a população idosa apresenta um envelhecimento funcional precoce. As alterações biológicas próprias deste processo incluem a progressiva diminuição da massa corporal magra e de líquidos corpóreos, o aumento da quantidade de tecido gorduroso, a diminuição de vários órgãos (como rins, fígado, pulmões) e, sobretudo, uma grande perda de músculos esqueléticos. Todos esses aspectos justificam a busca de condutas e diagnósticos nutricionais que visem a melhora da qualidade de vida desse grupo etário.. ↪ Para uma avaliação nutricional adequada devem ser utilizados parâmetros bioquímicos, dietéticos e clínicos, além dos antropométricos, que se referem às medidas das dimensões corporais que determinam os depósitos de tecido adiposo e massa magra, a avaliação subjetiva do estado nutricional e a avaliação da força de preensão palmar. ↪ A avaliação nutricional do idoso é parte integrante da Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) por ser uma ferramenta sensível de detecção dos fatores de risco associados à desnutrição. ↪ Mini Avaliação Nutricional – MNA - MNA é uma ferramenta de avaliação nutricional que pode identificar em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos, que estão desnutridos ou com risco de desnutrição. Consiste em um questionário que pode ser completado em 10 minutos. Ele é dividido, além da triagem, em quatro partes: avaliação antropométrica (IMC, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e perda de peso); avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida, medicação, mobilidade e problemas psicológicos); 9 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 avaliação dietética (perguntas relativas ao número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); e autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional). A soma dos escores da MNA permite uma identificação do estado nutricional além de identificar riscos. Avaliação do Estado Mental e Humor do Idoso COGNIÇÃO ↪ É a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. ↪ Constituída por um conjunto de funções corticais, formadas pela memória, linguagem, função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (percepção - capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis), função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si) e humor. ↪ Cognição é o termo empregado para descrever o funcionamento mental do indivíduo, incluindo a habilidade para perceber, lembrar, tomar decisões, planejar, sequenciar e produzir respostas adequadas às solicitações e estímulos externos (Cabral (et al., 2005). ↪ Quando for aplicar os testes, não falar que vai fazer testes pra avaliar a cognição, explicar com linguagem mais fácil sobre o que o teste avalia. FUNÇÃO COGNITIVA ↪ As doenças que causam limitações da função cognitiva constituem um dos maiores problemas dos pacientes idosos, pois resultam em dependência e perda de autonomia, com grande sobrecarga para os familiares e cuidadores. CONDIÇÕES EMOCIONAIS/ SINTOMAS DEPRESSIVOS ↪ Não existe nenhuma característica psíquica específica dos idosos. Os idosos têm maior risco para apresentarem doenças mentais como a depressão e a demência. Por isso, é importante pesquisar depressão em todos os pacientes idosos. AVALIAÇÃO COGNITIVA Cognição e Memória Abordagem do idoso com esquecimento ↪ Avaliação das funções cognitivas: Mini-Mental Reconhecimento de Figuras Lista de Palavras do CERAD Fluência Verbal Teste do Relógio C.D.R. (Clinical Dementia Rating) Escala Isquêmica de Hachinski ↪ Diagnóstico diferencial das principais síndromes demenciais. 10 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 ABORDAGEM DO IDOSO COM PERDA DE MEMÓRIA ↪ A presença de esquecimento ou “perda de memória” é frequente em todas as faixas etárias. No idoso, esta queixa torna-se mais evidente e o diagnóstico diferencial deve ser feito com: 1. Esquecimento normal ou percepção mais aguçada dos lapsos de memoria; 2. Transtorno cognitivo leve; 3. Incapacidade cognitiva. ↪ Saber diferenciar qual desses achados o idoso apresenta. ↪ O elemento diagnóstico mais importante é a presença de repercussão do esquecimento nas tarefas diárias do indivíduo (atividades de vida diária), limitando a sua participação social, familiar e/ou comunitária. Neste caso, o diagnóstico sindrômico é de incapacidade cognitiva. ↪ Na ausência de repercussão no funcionamento cotidiano da pessoa, a maior possibilidade é a percepção mais aguçada dos lapsos de memória ou o transtorno cognitivo leve. TRANSTORNO COGNITIVO LEVE ↪ É considerado uma transição entre o envelhecimento normal (senescência) e a demência leve. ↪ Pode ser considerado um estado pré-demencial. ↪ A taxa de progressão para demência varia de 10 a 15% ao ano, comparado com 1 a 2% por ano de progressão observado em idosos saudáveis. ↪ Os critérios diagnósticos para o transtorno cognitivo leve são: 1. Queixa de memória, preferivelmente confirmada por um informante (familiar ou cuidador); 2. Déficit de memória indicado por testes (com desempenho de aproximadamente 1,5 desvio padrão abaixo da média de controles normais da mesma idade); 3. Funções cognitivas gerais normais (CDR 0,5 E Mini- Mental ≥ 24); 4. Atividades funcionais (sócio-ocupacionais) intactas, prejuízo mínimo das AIVDs; 5. Ausência de demência. MINI EXAME DO ESTAO MENTAL - MEEM ↪ É um dos testes mais empregados e estudados em todo o mundo para avaliação do funcionamento cognitivo. ↪ Elaborado por Folstein et al. (1975). ↪ É o teste mais utilizado para avaliar a função cognitiva por ser rápido (em torno de 10 minutos), de fácil aplicação, não requerendo material específico. ↪ Objetivo: é um teste neuropsicológico para avaliação da função cognitiva. ↪ Usado isoladamente ou incorporado em instrumentos mais amplos, permite a avaliação da função cognitiva e rastreio de quadros demenciais. ↪ O MEEM foi desenvolvido para ser utilizado na prática clínica na avaliação da mudança do estado cognitivo de pacientes geriátricos. ↪ Examina a orientação temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, coordenação dos movimentos, habilidades de linguagem e visuo-espaciais. ↪ Deve ser utilizado como instrumento de rastreio não substituindo uma avaliação mais detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação temporal, espacial, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem- nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho) o faz de maneira superficial. ↪ NÃO serve para diagnóstico de demência, mas serve para indicar que funções devem ser melhor investigadas. ↪ Inclui onze itens, dividido em duas seções: Respostas verbais a questões de orientação, memória e atenção; Leitura e a escrita exigem habilidades de nomeação, seguir comandos verbais e escritos, escrever uma frase e copiar um desenho (polígonos). - Todas as questões são realizadas na ordem listada e podem receber um score imediato somando os pontos atribuídos a cada tarefa completada com sucesso. - Pontuação: o score pode variar de 0 a 30, sendo o ponto de corte 24. Pontuação total = 30 pontos. As notas de corte sugeridas são: Analfabetos = 19; 1 a 3 anos de escolaridade = 23; 4 a 7 anos de escolaridade = 24; .> 7 anos de escolaridade = 28. - Providências com os achados/resultados: escores muito baixos associados aos outros testes de função 11 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 cognitiva sugerem encaminhamento para avaliação neuropsicológica específica. - O MEEM é influenciado pela idade, pelo grau educacional e pelos distúrbios visuais, motores e de linguagem. OBS: Antes de realiza-lo, perguntar ao paciente se é analfabeto e se tem alguma limitação na fala, visão e motora. FLUÊNCIA VERBAL ↪ O teste de fluência verbal também é extremamente simples e avalia a memória semântica (conhecimento geral sobre o mundo, dos fatos, das palavras, sem relação com o momento do seu aprendizado). Consiste na avaliação de categorias semânticas pré-definidas, como por exemplo, animais e frutas. ↪ Objetivo: verificar declínio cognitivo. ↪ Aplicação do teste ▪ Solicita-se ao paciente que enumere o máximo de animais (“bichos”) e frutas em 1 minuto cronometrado. ▪ “Você deve falar todos os nomes de animais que se lembrar, no menor tempo possível. Qualquer animal vale: insetos, pássaros, peixes e animais de quatro patas. Quanto mais você falar, melhor. Pode começar”. (Considere “boi e vaca” como dois animais, mas “gato e gata” como um só. Se disser “passarinho, cobra, lagarto” conte como três animais; se disser “passarinho, canário e peixe”, conte como dois. Ou seja: a classe vale como nome se não houver outros nomes da mesma classe). ▪ Anote o número de animais lembrados em 1 minuto: __ ↪ Interpretação do Teste – Fluência Verbal: A fluência verbal para animais e frutas é útil na avaliação da: • Linguagem; • Memória semântica; • Função executiva. O teste depende também do nível de escolaridade: ↪ Avaliações dos resultados: É importante verificar como a pessoa idosa utilizou o tempo disponível para a execução da tarefa. Pacientes com demência, além de produzirem escores baixos, tendem a interromper a geração de palavras após 20 segundos do teste. Pacientes deprimidos podem apresentar escores baixos, mas tendem a gerar palavras durante todo o minuto. O escore esperado é de 14 ou 15 animais citados. ↪ Providências com os achados/resultados: escores muito baixos associados aos outros testes de função cognitiva sugerem encaminhamento para avaliação neuropsicológica específica. TESTE DO RELÓGIO ↪ O teste do relógio também faz parte da triagem cognitiva pela sua simplicidade. ↪ Aplicação do teste: ▪ Consiste em solicitar ao paciente desenhar os números do relógio, marcando determinada hora (11:10h.), sem mencionar a necessidade de ponteiros. O círculo pode ou não ser oferecido previamente. ▪ O teste é considerado completo quando o paciente desenha todos os números do relógio, espacialmente bem distribuídos, e os ponteiros marcando 11:10h. ▪ O teste não é cronometrado e pode ser repetido quantas vezes forem necessárias. ↪ Objetivo: Teste válido e confiável para rastrear pessoas com lesões cerebrais. Verifica a habilidade visuoconstrutiva ou praxia construcional que é a capacidade de desenhar ou construir a partir de um estímulo (no caso, um comando verbal). Independe da linguagem verbal e por essa razão é considerada uma prova cognitiva não-verbal. A tarefa tende a ser mais complexa e mais abstrata dada sua natureza integradora com input auditivo e output motor e maior necessidade de utilização de memória. ↪ Avaliação dos resultados: Se o paciente desenha um mostrador pequeno, onde não cabem os números, já há evidencia preliminar de uma dificuldade com o planejamento. Na negligência unilateral, os números serão colocados apenas na metade do relógio. Pacientes com disfunção executiva (lesão frontal) podem apresentar dificuldade para colocar os ponteiros. 12 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 ↪ Interpretação do Teste do Relógio: - O teste do relógio é de fácil aplicação e sofre menor influência do grau de alfabetização, aumentando a fidedignidade do teste em pacientes com baixo nível de escolaridade. É considerado um bom teste de rastreio. Avalia diversas funções cognitivas: • Memória semântica; • Função executiva (planejamento); • Linguagem (compreensão do comando); • Praxia; • Função visuo-espacial A interpretação do teste é eminentemente qualitativa. Considera-se o teste bastante alterado quando o resultado é 0, 1 ou 2.. ÍNDICE DE PFEFFER - QPAF ▪ O Índice de Pfeffer é constituído por 10 itens relacionados com a capacidade do indivíduo para realizar AIVDs e funções cognitivas/sociais; ▪ Quanto menor a pontuação obtida pelo indivíduo, maior a sua independência e autonomia. ▪ O score mínimo é 0 e o máximo é 30. Quanto maior a pontuação, maior é a dependência do paciente, sendo considerada a presença de prejuízo funcional a partir de um score de 3 (CASSIS et al., 2007). ▪ Scores iguais ou superiores a 5 possuem boa especificidade e sensibilidade para o diagnóstico de alterações da cognição com declínio funcional (JACINTO, 2008). ▪ A combinação do MEEM com o Questionário de Pfeffer indica uma maior especificidade para a medida de declínio cognitivo mais grave. Ainda considerando o viés produzido pela baixa escolaridade nos resultados do MEEM parece ser adequada a associação do QPAF para se obter a confirmação do declínio cognitivo acompanhado de limitações funcionais sugerindo a presença de demência ou outros transtornos associados. AVALIAÇÃO DE HUMOR CRITÉRIOS DIAGNÓTICOS PARA DEPRESSÃO MAIOR: ↪ Presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas presentes durante o período de duas semanas (todos os dias ou quase todos os dias) e que representaram uma alteração do seu funcionamento anterior; ↪ Pelo menos um dos sintomas é: humor deprimido ou perda do interesse ou prazer, e: Interesse ou prazer acentuadamente diminuído; Humor deprimido indicado por relato subjetivo (sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros; Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta, ou diminuição ou aumento do apetite; Insônia ou hipersonia; Agitação ou retardo psicomotor; Fadiga ou perda de energia; Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente. ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA DE YESAVAGE GERIATRIC DEPRESSION SCALE (GDS) (5 – 15 – 30) ↪ Trata-se de uma escala de hetero-avaliação, composta por 5, 15 ou 30 itens, com duas alternativas de resposta (sim ou não), consoante com o modo como o idoso tem se sentido ultimamente, em especial na semana passada. ↪ Como procedimento para a avaliação da GDS, deve atentar-se que os itens 1, 5, 7, 9, 13, 15, 19, 21, 27, 29 e 30, devem ser pontuados negativamente; isto é uma resposta “não” corresponde um ponto. ↪ Aos itens 2, 3, 4, 6, 8, 10, 11, 12, 14, 16, 17, 18, 20, 22, 23, 24, 25, 26 e 28 será atribuído um ponto à resposta positiva “sim”. ↪ O diagnóstico de depressão deve ser suspeitado em idosos com, respectivamente, acima de 6 e 2 respostas positivas para depressão na GDS-15 e GDS-5. INCONTINÊNCIA URINÁRIA ↪ Conceito: perda involuntária de unia; ↪ Anatomofisiologia: Bexiga: músculo liso, formado pelos músculos detrusor e trígono, com capacidade para armazenar 350 a 450 ml de urina; Uretra: constituída por duas camadas de fibras musculares lisas, oriundas do detrusor, e por fibras do trígono, as quais são entremeadas por grande quantidade de tecido conectivo e por rica rede vascular, contribui para a manutenção da pressão uretral e para a continência. Micção: envolve a integração de nervos periféricos, medula e centros encefálicos no córtex cerebral, ponte, bulbo e mesencéfalo. 13 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 Estes centros superiores dirigem aos órgãos do trato urinário inferior influências neurológicas excitatórias e inibitórias e recebem aferências sensitivas desses órgãos. IMPACTO DO ENVELHECIMENTO ↪ Aumento nas fibras de colágeno na bexiga, acarretando diminuição da elasticidade; ↪ Os receptores de pressão também se alteram, explicando o surgimento de contrações intempestivas durante a fase de enchimento vesical; ↪ Hiperatividade do detrusor foi encontrada em 21% de idosos saudáveis e continentes na comunidade. CLASSIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA 1. Transitória (reversível): incontinência relacionada a situações potencialmente reversíveis – delirium, restrição de mobilidade, retenção urinária, infecção e efeito medicamentoso. 2. Estabelecida (persistente): urgência, esforço ou estresse, hiperfluxo ou transbordamento, mista e funcional. Morbidades associadas: candidíase perineal, celulite, úlceras de pressão, ITU’s recorrentes, urosépsis, interrupção do sono, aumento no risco de quedas e fraturas, disfunções sexuais, além de contribuir para isolamento social, depressão, estresse do cuidador e institucionalização precoce. ESTABELECIDA (PERSISTENTE) Incontinência de urgência: ↪ A incontinência de urgência ou urge-incontinência é a mais comum em pacientes idosos de ambos os sexos. ↪ Caracteriza - se clinicamente por intenso desejo de urinar (urgência), seguido da perda involuntária de volume de urina, que pode ser de moderado a grande. É desencadeada por contrações não inibidas da bexiga, referidas como hiperatividade do detrusor, condição que, geralmente, ocorre na presença de função contrátil normal. Idosos fragilizados, entretanto, podem apresentar incontinência na presença de detrusor hiperativo, mas hipocontrátil, caracterizando-se a denominada “hiperatividade do detrusor com redução da contratilidade”. Essa condição se manifesta, clinicamente, com urgência, frequência, jato urinário fraco e grande volume residual, sintomas que se confundem com aqueles provocados por obstrução mecânica do fluxo urinário. ↪ O diagnóstico diferencial é obtido com base na urodinâmica. Incontinência de esforço: ↪ Incontinência de esforço ocorre quando aumentos na pressão intra-abdominal superam a pressão de fechamento esfincteriano, na ausência de contrações vesicais. ↪ É o tipo de incontinência mais comum em mulheres jovens e o segundo mais comum em mulheres idosas. É causada, na mulher, por deslocamento da uretra de sua posição anatômica durante esforços (hipermotilidade uretral) ou por deficiência esfincteriana intrínseca, decorrente de trauma cirúrgico; no homem, ocorre por deficiência esfincteriana, consequência de lesão causada por prostatectomia radical. Incontinência por transbordamento (hiperfluxo) ↪ O termo “incontinência por transbordamento ou de hiperfluxo” é utilizado para descrever o quadro de gotejamento ou perda contínua de urina, associada a esvaziamento vesical incompleto, jato urinário fraco, esforço miccional, intermitência, hesitação, frequência e noctúria. ↪ A incontinência por transbordamento é provocada por dois mecanismos distintos: hipocontratilidade do detrusor e obstrução da saída vesical. Hipocontratilidade do detrusor ocorre em 5 a 10% dos idosos, como consequência de hipoestrogenismo, de neuropatia periférica e de lesão das vias eferentes do detrusor (herniação discal, estenose do canal medular, tumores). Obstrução da saída ocorre, no homem, em consequência de aumento da próstata ou estenose uretral e, nas mulheres, devido a lesões uretrais cicatriciais e a prolapso vesical e uterino volumosos. Incontinência mista ↪ Esta modalidade refere-se à coexistência de mais de um tipo de incontinência em um mesmo paciente. ↪ É a variedade de incontinência mais frequente na mulher. ↪ O suposto mecanismo fisiopatológico envolve a associação de hiperatividade do detrusor com redução da função esfincteriana. Incontinência funcional ↪ Trata-se da incontinência que acomete pacientes sem comprometimento dos mecanismos controladores da micção. ↪ Deve-se à incapacidade desses pacientes para alcançar o toalete a tempo de evitar a perda de urina, seja por limitações físicas, transtornos psíquicos, déficit cognitivo, hostilidade ou limitações ambientais (iluminação inadequada, banheiros e urinóis de difícil acesso). ↪ Pacientes idosos hospitalizados, não prontamente atendidos pelo corpo de enfermagem ou por cuidador durante o desejo de urinar, podem tornar-se, com o tempo, funcionalmente incontinentes. A presença de incontinência urinária deve ser avaliada, cerca de 30 a 60% das mulheres idosas e 10 a 35% dos homens idosos na comunidade e até 14 Habilidades Clínicas – Geriatria Larissa Lima M3 80% dos institucionalizados tem incontinência urinária e nem sempre a referem na avaliação clínica ou por vergonha, ou por acharem ser normal no processo de envelhecimento. A frequência e a importância do evento estão associadas às repercussões emocionais e sociais. Perguntar diretamente se a pessoa idosa perdeu urina recentemente ou sentiu-se molhada é uma forma rápida de verificar o problema. Se a resposta for afirmativa, investigar possíveis causas. Diário Miccional ↪ É o registro da frequência e do volume das micções em 24 h, levando-se em consideração a quantidade de líquidos ingerida e eventos do tipo urgência e perdas urinárias, os quais são anotados em forma de tabela. ↪ Preenchido pelo idoso e/ou cuidador 24 a 72 horas, fornece informações sobre: Hora micção e perda involuntária; Perda urinária – circunstância; Ingestão hídrica; Sensação de urgência.
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