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AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 Tromboembolismo Pulmonar OBJETIVOS Conceito Epidemiologia Fisiopatologia (tríade de Virchow) Fatores de risco (alto, moderado, baixo) Manifestações clínicas (sinais e sintomas) Probabilidade pré-teste (Genebra modificado, Wells) Escore PERC Exames complementares: - Laboratório: D-dímero, MNM, BNP, gasometria arterial. - Imagens (inespecíficos): ECG, RX de tórax, Ecocardiograma. - Imagens (específicos): USG doppler de MMII, cintilografia ventilação-perfusão, angiotomografia, arteriografia. Estratificação de risco: PESI Tto (anticoagulação, trombólise/filtro de veia cava, embolectomia – quando indicar?) - Hemodinamicamente estáveis - Hemodinamicamente instáveis. CONCEITO ↪ Tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma síndrome clínica definida como a presença de trombos que impactam e ocluem vasos arteriais pulmonares, levando a uma grande variedade em suas manifestações clínicas; ↪ Tromboembolismo pulmonar (TEP): migração de um ou mais coágulos das veias sistêmicas para o leito vascular pulmonar; ↪ A maioria dos trombos é originária da trombose venosa profunda dos MMII; ↪ Outros tipos de embolismo pulmonar não causados por trombos: embolia gordurosa, gasosa (descuido na manipulação de equipos, descompressão súbita em mergulhadores), tumoral, corpos estranhos (ex.: talco, em usuários de drogas ilícitas) e êmbolos sépticos; TEP – sínd. clínica que se origina de uma TVP dos MMII, onde o trombo ascende até os vasos pulmonares. EMBOLIA PULMONAR – obstrução da artéria pulmonar ou de suas ramificações por um material (trombo, tumor, gordura ou ar) que se origina no corpo. ↪ O TEP é uma condição clínica prevalente e com alta taxa de mortalidade. Pode ser dividido em TEP agudo, subagudo e crônico de acordo com o tempo de instalação do quadro, e também pode ser classificado como de alto, médio e baixo risco de acordo com a estabilidade hemodinâmica e presença de sinais de sobrecarga do ventrículo direito; ↪ MEDCURSO: Na prática médica, a maioria dos casos de EP é devido ao Tromboembolismo Venoso (TEV), uma entidade que tem como base a Trombose Venosa Profunda (TVP), e como complicação aguda o Tromboembolismo Pulmonar (TEP); OBSERVAÇÃO - Em todo paciente com FATORES DE RISCO que apresente qualquer ALTERAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA AGUDA! Escores validados (que estimem a probabilidade pré-teste) são úteis para tornar a suspeita clínica mais objetiva; - Quando a probabilidade for alta devemos “perseguir incansavelmente” o diagnóstico de todas as maneiras possíveis, oferecendo tto ao paciente até que o TEP seja excluído ou confirmado, mesmo na presença de outras doenças que possam contribuir para os sintomas!!! EPIDEMIOLOGIA ↪ O Tromboembolismo Venoso (TVP/TEP) é a terceira doença cardiovascular mais comum – perdendo apenas para a doença coronariana e a doença cerebrovascular; ↪ As taxas de incidência anual de EP variam de 39 115 por 100.000 habitantes; para TVP, as taxas de incidência variam de 53162 por 100.000 habitantes; ↪ A TEP é a principal complicação pulmonar aguda em pacientes hospitalizados; ↪ A incidência de TEP aumenta com a idade, principalmente nas mulheres, alcançando uma taxa de > 500 casos por 100.000 mulheres acima dos 75 anos; ↪ A incidência de TEV é 8x maior em indivíduos com idade >= 80 anos do que na 5ª década de vida; ↪ Alguns estudos sugerem que a incidência do TEP é maior em homens do que em mulheres (respectivamente, 56 contra 48 casos por 100.000 habitantes); ↪ Mortalidade subestimada devido a casos subdiagnosticados. FISIOPATOLOGIA ↪ A patogênese do TEP envolve os fatores que predispõe à ocorrência de trombose venosa profunda (os elementos da Tríade de Virchow) e migração de êmbolos para os pulmões; ↪ Na maioria dos casos, há formação de trombos nos MMII em território de vasos venosos íleo-femorais (vasos proximais dos MMII) que se movimentam em direção à circulação pulmonar, ocluindo os vasos arteriais pulmonares; ↪ Os trombos podem se originar em MMSS, porém é menos comum; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ O principal sítio venoso envolvido no TEP é a região iliofemoral; ↪ O trombo ascende dos MMII (mais comum) pela veia cava inferior e acessa o coração através do átrio direito. Posteriormente vai para o ventrículo direito e por fim alcança a circulação pulmonar; ↪ Os grandes trombos que se impactam na bifurcação do tronco da artéria pulmonar são chamados de trombos “em sela” ou “a cavaleiro”. Estudos de necrópsia mostraram que na maioria das vezes encontrando-se êmbolos com várias idades, muitos dos quais provavelmente passaram despercebidos antes do evento fatal; ↪ A obstrução dos vasos leva a diminuição da pré- carga e a liberação de mediadores inflamatórios como o tromboxano A2 e serotonina que age promovendo a vasoconstrição e elevando a resistência pulmonar; ↪ O ventrículo direito tenta manter o equilíbrio, ou seja, mantém o débito cardíaco à custa do aumento da pressão pulmonar. Como consequência desta instalação súbita as fibras cardíacas podem se esgarçar levando à dilatação da câmara direita, que pode deslocar o septo interventricular (situação visualizada no ecocardiograma); - O aumento abrupto da RVP resulta em dilatação do VD, o que altera as propriedades contráteis do miocárdio do VD por meio do mecanismo de Frank Starling. O aumento da pressão e do volume do VD leva a um aumento da tensão da parede e do estiramento do miócito. O tempo de contração do VD é prolongado, enquanto a ativação neuro-humoral leva à estimulação inotrópica e cronotrópica. ↪ A hipertensão pulmonar pode permanecer mesmo após o tto do episódio agudo, sendo, portanto, uma complicação; ↪ Com a obstrução de um ramo da artéria pulmonar, surge uma área de espaço morto patológico no pulmão, definida como uma área em que há ventilação, no entanto, não há perfusão para que ocorra a troca gasosa. Dessa maneira, há uma alteração na relação ventilação/perfusão (V/Q), o que contribui o desenvolvimento de sintomas respiratórios como dispneia e alterações como hipóxia. Além disso, a dinâmica respiratória também é alterada na TEP em decorrência da resposta inflamatória, que contribui para a ocorrência de atelectasia, taquipneia e consequentemente hipoxemia e alcalose respiratória, nos casos mais graves. ↪ Na presença de qualquer um desses fatores a seguir teremos favorecimento da trombogênese: Estase – gerando hipóxia intravascular; Lesão vascular – disfunção/desnudamento endotelial, com exposição do subendotélio; Hipercoagulabilidade – hereditária (trombofilias) e/ou adquirida. CONSEQUÊNCIAS DA EMBOLIA PULMONAR - MEDCURO Pulmonares: ↪ A súbita instalação de oligoemia no parênquima pulmonar dá origem a regiões bem ventiladas e mal perfundidas, aumentando-se o chamado espaço morto fisiológico; ↪ Ao mesmo tempo, áreas do parênquima distantes do território hipoperfundido começam a sofrer atelectasia, devido a uma importante queda na produção de surfactante! Essa queda ocorre devido a isquemia dos ácinos alveolares, o qual libera uma série de mediadores inflamatórios (ex.: serotonina e tromboxano) que atuarão nas proximidades do segmento afetado, inibindo os pneumócitos tipo II no tecido pulmonar saudável. Além disso, esses mesmos mediadores são capazes de induzir broncoespasmo difuso, piorando a ventilação como um todo; ↪ Assim, a principal consequência respiratória da embolia é a hipoxemia, devido a um impor tante desequilíbrio na relação ventilação-perfusão (distúrbio V/Q); ↪ As áreas de pulmão bem perfundido não estão livres dos efeitos do TEP: pelo contrário, elas desenvolvem atelectasia e broncoespasmo, e se tornam HIPOVENTILADAS. São essas áreas “sobram” após a obstrução de parte da rede arterialpulmonar, e nelas que acaba ocorrendo o fenômeno do shunt direita-esquerda intrapulmonar, isto é, o sangue desoxigenado atravessa o pulmão sem receber oxigênio; ↪ Outra consequência comum da embolia pulmonar é a taquidispneia, resultante da estimulação dos receptores J alveolares pelos mediadores inflamatórios liberados, o que desencadeia hiperventilação reflexa (levando à alcalose respiratória), além de uma terrível sensação subjetiva de “falta de ar”. AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 Cardiocirculatórias: ↪ Aumento da resistência vascular do pulmão, que resulta em hipertensão pulmonar aguda. TRÍADE DE VIRCHOW LESÃO ENDOTELIAL ↪ A lesão endotelial é uma causa importante de trombose, particularmente no coração e nas artérias, onde as altas taxas de fluxo poderiam, por outro lado, prevenir a coagulação impedindo a adesão plaquetária ou diluindo os fatores de coagulação; ↪ A franca perda de endotélio expõe a MEC subendotelial (levando à adesão plaquetária), libera fator tecidual e reduz a produção local de PGI2 e de ativadores de plasminogênio; ↪ O endotélio não precisa ser desnudado ou rompido fisicamente para contribuir para o desenvolvimento de trombose; qualquer perturbação do equilíbrio dinâmico dos efeitos protrombóticos do endotélio pode influenciar localmente a coagulação; ↪ O endotélio disfuncional elabora maiores quantidades de fatores pró-coagulantes (p. ex., moléculas de adesão plaquetária, fator tecidual, PAI) e sintetiza menores quantidades de moléculas anticoagulantes (p. ex., trombomodulina, PGI2, t-PA). FLUXO SANGUÍNEO ANORMAL ↪ A turbulência contribui para trombose arterial e cardíaca por causar lesão ou disfunção endotelial, e também por formar contracorrentes e bolsas locais de estase; ↪ A estase é um fator importante no desenvolvimento de trombos venosos. Sob condições normais de fluxo sanguíneo laminar normal, plaquetas (e outras células sanguíneas) são encontradas principalmente no centro do lúmen do vaso, separadas do endotélio por uma camada plasmática em movimento lento. Em contrapartida, estase e fluxo sanguíneo turbulento (caótico) têm os seguintes efeitos deletérios: • Ambos promovem a ativação das células endoteliais e aumentam a atividade pró-coagulante, em parte por meio de alterações induzidas pelo fluxo na expressão genética endotelial. • A estase permite que plaquetas e leucócitos entrem em contato com o endotélio quando o fluxo é lento. • A estase também torna lenta a eliminação dos fatores de coagulação ativados e impede o influxo de inibidores de fator de coagulação. ↪ O fluxo sanguíneo turbulento e estático contribui para a trombose em uma série de quadros clínicos: placas ateroscleróticas ulceradas não apenas expõem a MEC subendotelial, mas também causam turbulência; dilatações aórticas e arteriais anormais, chamadas aneurismas, criam estase local e, consequentemente, um local fértil para trombose; infarto agudo do miocárdio resulta em não contração focal do miocárdio. HIPERCOAGULABILIDADE ↪ É um importante fator de risco para trombose venosa; ↪ É definida livremente como qualquer alteração das vias de coagulação que predisponha as pessoas afetadas à trombose, e pode ser dividida em desordens primárias (genéticas) e secundárias (adquiridas); ↪ A hipercoagulabilidade primária (herdada) com mais frequência é causada por mutações no fator V e nos genes da protrombina; ↪ A hipercoagulabilidade secundária (adquirida) é observada em muitas situações. Em algumas situações (p. ex., insuficiência cardíaca ou trauma), estase ou lesão vascular pode ser o fator mais importante. A hipercoagulabilidade associada ao uso de contraceptivos orais e ao estado de gravidez pode estar relacionada a aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e à redução da síntese de antitrombina III. Em cânceres disseminados, a liberação de produtos tumorais pro- coagulantes (p. ex., mucina do adenocarcinoma) predispõe à trombose; - A hipercoagulabilidade observada com o avançar da idade é atribuída ao aumento da agregação plaquetária e reduzida liberação de PGI2 do endotélio. Tabagismo e obesidade promovem a hipercoagulabilidade por mecanismos desconhecidos. - Entre os estados trombofílicos adquiridos, dois são particularmente problemas clínicos: Síndrome trombocitopênica induzida por heparina (TIH) e síndrome do anticorpo antifosfolipídico. RELEMBRANDO CONCEITOS: é a pressão que o sangue faz na parede do Pré-carga: ventrículo antes da contração dos átrios (sístole); depende do retorno venoso; determina o grau de estiramento do sarcômero no final da diástole; - Quanto maior o estiramento, maior o número de sítios onde haverá acoplamento actina-miosina (até um limite). - Depois de um limite, a capacidade contrátil passa a declinar. AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 é a resistência enfrentada durante a ejeção Pós-carga: do ventrículo; o sangue enfrenta dificuldades de seguir no momento em que ele é expelido para as respectivas artérias. FATORES DE RISCO ↪ A TEV é considerada uma consequência da interação entre fatores de risco relacionados ao paciente - geralmente permanentes - e fatores de risco relacionados ao ambiente - geralmente temporários; ↪ TEV prévio – pode ser considerado o fator de risco mais importante. Os pacientes são divididos em dois grupos: (1) aqueles que tiveram TEV no contexto de fatores de risco temporários (ex.: pós-operatório); (2) TEV idiopático ou associado a fatores permanentes (ex.: paraplegia)… - No primeiro grupo, a taxa de recorrência é baixa. Mas no segundo, ela pode chegar a 30% nos próximos dez anos!!! ↪ Idade – quanto mais velho > a chance de desenvolver TEP; ↪ Traumas maiores, cirurgia, fraturas de MMII e substituições de articulações e lesão da medula espinhal são fortes fatores provocadores de TEV; ↪ O câncer é um fator predisponente bem conhecido para TEV. O risco de TEV varia com os diferentes tipos de câncer; câncer de pâncreas, neoplasias hematológicas, câncer de pulmão, câncer gástrico e câncer cerebral representam o maior risco; - O tumor mais frequentemente associado ao TEV, de um modo geral, é o câncer de pulmão, seguido pelos carcinomas de pâncreas, cólon, rim (invasão direta da veia renal), e próstata. Entretanto, quando o TEV for a primeira manifestação de uma neoplasia subjacente, os tumores mais prováveis são o câncer de pâncreas e próstata. ↪ Uso de anticoncepcionais orais que tem estrogênio é um fator de risco para TEV (mulheres em idade reprodutiva); - Os anticoncepcionais orais combinados de terceira geração, contendo progestogênios como desogestrel ou gestodeno, estão associados a um risco > de TEV do que os anticoncepcionais orais combinados de segunda geração, que contêm progestogênios como levonorgestrel ou norgestrel; - Dispositivos intrauterinos de liberação de hormônio e algumas pílulas só de progesterona (usadas em doses contraceptivas) não estão associados a um aumento significativo no risco de TEV; com isso, é aconselhável usa-los, para mulheres com um histórico pessoal ou familiar de TEV, após a avaliação de risco completa; - Em mulheres pós-menopausa que recebem terapia de reposição hormonal, o risco de TEV varia, depende da formulação usada. ↪ Em crianças, a EP geralmente está associada à TVP e raramente não é provocada; ↪ Condições médicas crônicas graves e acessos venosos centrais são considerados prováveis desencadeadores de EP; ↪ Obesidade - agente facilitador de TVP e TEP: IMC > 40 confere risco de TEV em torno de 2 a 3x acima do normal, o qual se eleva desproporcionalmente quando existirem outros fatores (ex.: aumento de 24 vezes em mulheres obesas usuárias de ACO); , ↪ Cirurgia nos últimos 3 meses - as de maior risco são as ortopédicas (notavelmente as artroplastiasde quadril e joelho), as oncológicas, e as grandes cirurgias vasculares e neurológicas em geral; ↪ Imobilização e viagens prolongadas – risco de TEV geralmente ocorre em viagens (seja por terra, água ou ar) com mais de 8h; ↪ Doenças clínicas - Síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, ICC, DPOC, doenças mieloproliferativas (como a policitemia vera e a trombocitose essencial), hemoglobinúria paroxística noturna e a síndrome nefrótica são verdadeiros estados de hipercoagulabilidade adquiridos! Pacientes com doenças agudas graves (ex.: pneumonia, IAM, AVC); ↪ Vida sedentária - atividades laborativas que obriguem o indivíduo a passar longos períodos sentado (ex.: escritores) podem favorecer a ocorrência de trombose, caso existam fatores de risco concomitantes (ex.: trombofilia subclínica). Uma entidade cada vez mais reconhecida é a “E-trombose” (“E” de Eletrônica), vista em pessoas que passam o dia inteiro na frente de um computador. AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↪ Os sinais e sintomas clínicos da EP aguda são inespecíficos; ↪ Tríade da TEP: dispneia, hemoptise e dor pleurítica; ↪ Sintomas suspeitos: dispneia, dor torácica, pré- síncope ou síncope, hemoptise, tosse, dor retroesternal, febre e dor pleurítica; ↪ O sintoma mais prevalente nos pacientes com TEP é a dispneia, seguido pela dor torácica de caráter pleurítico e tosse, que pode se apresentar seca ou hemoptoica; ↪ A síncope pode ocorrer e está associada a uma maior prevalência de instabilidade hemodinâmica e disfunção do VD; ↪ Em alguns casos, a EP pode ser assintomática ou descoberta acidentalmente durante a investigação diagnóstica de outra doença; ↪ A dispneia pode ser aguda e grave na EP central; no PE periférico pequeno, é frequentemente leve e pode ser transitório; ↪ A dor torácica é um sintoma frequente e geralmente é causada por irritação pleural devido a êmbolos distais que causam infarto pulmonar; ↪ Observe que o TEP não costuma se apresentar como colapso circulatório, pelo menos inicialmente… Quando isso acontece, a presença combinada de dispneia + taquipneia é observada em 91% dos pacientes, além de serem comuns sinais clínicos de insuficiência do VD como distensão jugular, terceira bulha à direita e VD palpável no precórdio; ↪ De maneira simplificada podemos dizer que o principal sintoma em portadores de TVP é uma dor na perna que vai aumentando ao longo dos dias, ao passo que em portadores de TEP o principal sintoma é a dispneia súbita inexplicada; APRESENTAÇÃO CLÍNICA TEP MACIÇA - Paciente hemodinamicamente instável (PAS < 90 mmHg); - Importante frisar que o termo maciço não envolve o território acometido pelo trombo e sim a condição de instabilidade do paciente; - Existe obstrução em pelo menos metade do leito arterial pulmonar, usualmente bilateral, e o paciente apresenta altíssimo risco de morte (bastaria só mais um “embolozinho”); - O uso de trombolíticos está indicado; pode-se considerar as opções invasivas (ex.: embolectomia por cateter ou cirurgia) em pacientes com contraindicações ao trombolítico ou naqueles em que houve falha terapêutica do trombolítico. AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 TEP SUBMACIÇA (MODERADA A GRANDE) - Paciente está estável, porém apresenta disfunções miocárdicas no ecocardiograma (disfunção de VD, áreas de hipocinesia); - PA normal; - A cintigrafia de ventilação/ perfusão geralmente mostra que cerca de 30% dos campos pulmonares não estão sendo perfundidos. TEP NÃO MACIÇA (PEQUENO A MODERADO) - Paciente estável e sem alterações miocárdicas, ou seja, aquele que não preenche aos critérios anteriores; - PA normal, sem sinais de disfunção do VD; - Esta é a forma com melhor prognóstico, e o tto é satisfatório apenas com anticoagulação. ↪ Eis uma velha dica à beira do leito: “Sempre desconfie de TEP em todo o paciente com dispneia súbita que mantém os ‘pulmões limpos’ na ausculta do tórax!”; ↪ O TEP é classificado de acordo com sua repercussão hemodinâmica. A instabilidade hemodinâmica é definida como pressão arterial sistólica (PAS) < 90mmHg ou queda da PAS em mais de 40mmg em um intervalo de 40 minutos, e quando presente, configura quadro de TEP maciço ou de alto risco; ↪ Quando não há repercussão hemodinâmica, mas há sinais eletrocardiográficos ou ecocardiográficos de sobrecarga do ventrículo direito, o TEP é classificado como submaciço, ou de risco moderado. PROBABILIDADE PRÉ-TESTE ↪ A combinação de sintomas e achados clínicos com a presença de fatores predisponentes para TEV permite classificar os pacientes com suspeita de EP em categorias distintas de probabilidade clínica ou pré-teste; ↪ Essa probabilidade é feita através da história clínica + sinais/sintomas + exames comuns (raio x de tórax e ECG para diagnóstico diferencial), para isso usa-se escores; ↪ A conduta recomendada: diante de um paciente cujo quadro clínico seja com patível com TVP/TEP, estime a probabilidade pré-teste desses diagnósticos; ↪ O escore mais amplamente utilizado é o escore de Wells, que avalia tanto a probabilidade de TVP quanto de TEP; ↪ Recentemente foi publicado o escore de Genebra revisado, que mostrou ser equivalente ao escore de Wells. Tal escore também é baseado apenas em dados clínicos; ESCORE DE WELLS ↪ Em decorrência da inespecificidade do quadro clínico são necessários exames complementares para fechar o diagnóstico de TEP. Para facilitar na condução da propedêutica e terapêutica utilizamos pré-testes diagnósticos (escores – tabela 1) para determinar a probabilidade clínica e não retardar o início da anticoagulação, buscando assim reduzir a mortalidade do quadro; ↪ Pacientes com escore de Wells < 2 pontos - baixa probabilidade de TEP; ↪ Entre 2 e 6 pontos - risco intermediário para TEP; ↪ Pacientes com ≥ 7 alto risco para TEP; ↪ Uma alternativa menos específica é separar os pacientes em 2 grupos, de acordo com o escore de Wells: *Pacientes com < 4 pontos - TEP como diagnóstico improvável *Pacientes com > 4 pontos - TEP como diagnóstico provável. ESCORE DE GENEBRA REVISADO ↪ Avalia apenas a probabilidade de TEP, se valendo de certos dados laboratoriais básicos; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ Feita a probabilidade pré-teste e esta ter sido moderada/alta + quadro clínico + fatores de risco pra TEP: EXAME DE IMAGEM NA HORA! ↪ E se não houver contraindicação importante, começa a anticoagular o paciente. ESCORE PERC ↪ Se o paciente for classificado como de baixa probabilidade pelo Wells ou Genebra modificado, deve- se usar o escore PERC; ↪ Todas as perguntas do PERC devem ter resposta negativa. Se houver qualquer resposta “sim” indica que o escore PERC não pode descartar EP; ↪ Utilizado para excluir diagnóstico de TEP. EXAMES COMPLEMENTARES : LABORATÓRIO D-dímero - produto de degradação da fibrina; é utilizado pelo seu alto valor preditivo negativo, ou seja, quando os níveis do D-dímero são baixos (D- dímero < 500 ng/ml) em pacientes com baixo risco da doença, o TEP pode ser excluído como hipótese diagnóstica; - D-dímero > 500ng/ml, não podemos afirmar que é TEP, já que outras situações também cursam com a sua; - Pode estar elevado em pacientes com câncer, pacientes hospitalizados, com infecções graves (sepse), doenças inflamatórias, ICC, envelhecimento e a gravidez; - Pacientes com alto risco para TEP não apresentam indicação de dosagem de D-dímero, uma vez que nesse grupo de pacientes, avaliação radiográfica por angiotomografia ou arteriografia ainda seria indicada mesmo na presença de níveis de D-dímero < 500ng/ml; - O valor preditivo negativo do teste de dímero D é alto (vantagem de realiza-lo), e um nível normal de dímeroD torna improvável a TEP aguda ou TVP; - A especificidade do dímero D na suspeita de EP diminui continuamente com a idade para 10% em pacientes> 80 anos de idade. MNM e BNP - não servem para o diagnóstico de TEP (são insensíveis e inespecíficos), porém são muito úteis na estratificação de risco dos pacientes com TEP definido; - MNM (útil p/ prognóstico): níveis elevados provavelmente indica a ocorrência de microlesões miocárdicas na parede do VD, secundárias à sobrecarga aguda dessa câmara. Valores muito aumentados conferem um mau prognóstico a curto prazo (primeiros 30 dias - AGUDO); - O aumento do BNP também está relacionado à dilatação ventricular, e quando combinado com altos níveis de troponina, constitui-se em poderoso instrumento de avaliação do prognóstico (ex.: TnT > 0,07 mcg/L + BNP > 600 ng/L estão associados a uma mortalidade em 40 dias de 33%, ao passo que se o BNP estiver < 600 ng/L a mortalidade se aproxima de zero); - BNP (útil p/ prognóstico): A sobrecarga de pressão do VD devido à TEP aguda está associada ao aumento do estiramento miocárdico, que leva à liberação de peptídeo natriurético tipo B (BNP) e N- terminal (NT)-proBNP. Assim, os níveis plasmáticos de peptídeos natriuréticos refletem a gravidade da disfunção do VD e o comprometimento hemodinâmico na TEP aguda; Gasometria arterial - o paciente com TEP apresenta um distúrbio V/Q, com perfusão inadequada. Consequentemente, o paciente tenta compensar hiperventilando, que pode levar a uma diminuição da PCO2 no sangue. - Alterações encontradas: hipoxemia e hipocapnia (alcalose respiratória pela taquipneia) ou hipercapnia (achados inespecíficos); AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 - Pode vir NORMAL em alguns casos, sobretudo, indivíduos jovens. - A hipoxemia é um achado sensível, mas também bastante inespecífico! - No TEP maciço, com choque cardiogênico, é comum encontrarmos acidose mista (respiratória + lática, por causa do choque); - Validade duvidosa e inespecífica; : IMAGENS (INESPECÍFICOS) ECG - útil para afastarmos a possibilidade de infarto agudo do miocárdio; - Mesmo na presença de IAM não podemos afastar a ocorrência de TEP somente com o ECG; - A alteração mais comum, absolutamente inespecífica, é a taquicardia sinusal; - Anormalidades de ST-T também são frequentes (ex.: inversão da onda T de V1 a V4). Os sinais ominosos mais importantes são aqueles que revelam a presença de sobrecarga do VD; - síndrome S1Q3T3 (onda S em D1, onda Q em D3 e onda T invertida em D3) é considerada o sinal mais sugestivo de TEP no ECG, porém possui baixa sensibilidade. - Algumas alTerações eletrocardiográficas como bradicardia, fibrilação atrial, novo bloqueio de ramo direito, ondas Q nas derivações inferiores (D2, D3 e AVF) e inversão da onda T indicam pior prognóstico em pacientes com TEP. RADIOGRAFIA SIMPLES DE TÓRAX – achados comuns: cardiomegalia, atelectasia, derrame pleural, infiltrados no parênquima; - Duas situações que o raio X reforça a hipótese de TEP: (1) paciente com fatores de risco e início súbito de dispneia, cujo exame é normal (dissociação clinicorradiológica: sintomas >>> RX); (2) presença de sinais clássicos de TEP; - Principais alterações que podem ser encontradas: • Sinal de Westermark: é a consequência da obstrução do vaso, ou seja, são áreas de hipoperfusão pulmonar; oligoemia focal; • Sinal de Palla: dilatação da artéria pulmonar direita, causado pelo desvio do sangue da artéria obstruída para outra região; • Sinal de Hampton (opacidade em cunha): é alteração clássica da TEP na radiografia, corresponde a área de infarto ou hemorragia pulmonar, que forma necrose e área de atelectasia podendo ou não estar associada a derrame pleural; infiltrado em forma de cunha, base apoiada sobre o diafragma (infarto pulmonar). - Pode ser normal. ECOCARDIOGRAMA - fundamental para o prognóstico, pois irá auxiliar na estratificação do paciente pós-TEP já que pode avaliar disfunções no VD; - Válido na identificação da etiologia da dispneia e dor torácica; - A maioria dos episódios de TEP cursam com eco normal; - O ecocardiograma transesofágico apresenta maior sensibilidade e especificidade quando comparado ao transtorácico na detecção de trombos na artéria pulmonar. Pode mostrar a presença de trombos tanto no tronco quanto nos principais ramos da artéria pulmonar; - A EP aguda pode causar sobrecarga e disfunção da pressão do VD; - A disfunção de VD no ecocardiograma é um marcador de mau prognóstico: mesmo em pacientes normotensos, sua presença confere um risco duas vezes maior de mortalidade! - A dilatação do VD é encontrada em 25% dos pacientes com EP na ecocardiografia transtorácica (ETT) e é útil para a estratificação de risco da doença; - Sinais típicos de sobrecarga aguda do VD como dilatação de sua cavidade (com paredes finas), hipocinesia e regurgitação tricúspide são AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 observados em cerca de 30-40% dos casos, sendo ainda mais frequentes no TEP maciço; - Sinais de sobrecarga crônica do VD: hipertrofia miocárdica; - No cor pulmonale crônico, a hipocinesia do VD costuma ser difusa, ao contrário do que é visto no TEP, onde apenas a parede basolateral está disfuncionante, enquanto o ápice se contrai normalmente (sinal de McConnell); - Anomalia menos comum, porém bastante sugestiva de TEP, é a presença de um trombo na cavidade ventricular direita; - Em alguns pacientes com suspeita de EP aguda, a ecocardiografia pode detectar aumento da espessura da parede do VD ou velocidade de jato da insuficiência tricúspide além dos valores compatíveis com sobrecarga de pressão aguda do VD (>3,8 m/s ou gradiente sistólico de pico da válvula tricúspide> 60 mmHg); - O exame ecocardiográfico não é obrigatório como parte da investigação diagnóstica de rotina em pacientes hemodinamicamente estáveis com suspeita de EP, embora possa ser útil no diagnóstico diferencial de dispneia aguda. : IMAGENS (ESPECÍFICOS) USG doppler de MMII (eco Doppler) - melhor exame para identificação de TVP ileofemoral; - Principal critério diagnóstico ultrassonográfico de obstrução venosa é a perda da compressibilidade vascular (não colabamento do lúmen quando pressionamos o transdutor contra a pele do paciente; indica presença de coágulo); - Outra manobra utilizada no exame: compressão da panturrilha, feita com o intuito de aumentar o fluxo venoso (analisado pelo Doppler), o que não acontece nos casos de TVP importante; - Trombo agudo: hipoecoico e homogêneo; - Exame normal não exclui a possibilidade de TEP; Nesses casos, ou o trombo se deslocou por inteiro, ou a trombose tem sede nas veias pélvicas, longe do território analisado pelo método; - O duplex-scan também é capaz de detectar outras doenças, como o cisto de Baker e o hematoma muscular dissecante; - Em pacientes admitidos na emergência com instabilidade hemodinâmica e suspeita de EP, uma combinação de ultrassom venoso com ultrassom cardíaco pode aumentar ainda mais a especificidade; - Pode ser usado quando há contrain dicação à angio TC, pacientes com alergia ao contraste, portadores de IRC ou em gestantes; - Se confirmado TVP, já inicia tto anticoagulante. OBSERVAÇÃO - E a flebografia com contraste? Apesar de ainda ser o padrão-ouro no diagnóstico de TVP dos membros inferiores, saiba que este exame foi praticamente substituído pelo duplex-scan. CINTILOGRAFIA VENTILAÇÃO-PERFUSÃO - consiste na inalação de albumina marcada com tecnésio 99. Após a inalação, são realizadas várias imagens que relacionam ventilação com perfusão de cada área; - O exame compara a perfusão com a inalação: se há áreas com ventilação SEM perfusão, deve-se pensar em diagnóstico de TEP; - Para aumentar a especificidade do teste empregamosa cintigrafia de ventilação, que consiste na inalação de xenônio radioativo (Xe 133); - Se a cintigrafia de perfusão revelar a presença de áreas mal perfundidas, devemos verificar se elas também estão sendo mal ventiladas (V/Q matching). Se este for o caso, a baixa perfusão local é justificada por uma doença do parênquima, e não por embolia. Por outro lado, se existirem áreas mal perfundidas, porém normalmente ventiladas (V/Q mismatching), temos o indicativo de que existe uma doença vascular pulmonar, provavelmente embólica; - Uma cintigrafia normal virtualmente exclui a possibilidade de TEP, o que dá por encerrada a pesquisa diagnóstica (elevado valor preditivo negativo); - Por ser um procedimento de menor radiação e menor meio de contraste, a varredura V/Q pode ser aplicada preferencialmente em pacientes ambulatoriais com baixa probabilidade clínica e uma radiografia de tórax normal, em pacientes jovens (principalmente do sexo feminino), em mulheres grávidas, em pacientes com história de anafilaxia induzida por meio de contraste e pacientes com insuficiência renal grave; - Os resultados da varredura pulmonar plana são classificados de acordo com os critérios estabelecidos no estudo PIOPED: varredura normal (excluindo EP), varredura de alta probabilidade (considerada diagnóstica de EP na maioria dos pacientes) e varredura não diagnóstica; - O diagnóstico de TEP pela cintilogra fia consiste na probabilidade: • Alta probabilidade clínica e com alta probabilidade cintilográfica → TEP AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 • Baixa probabilidade clínica e cintilografia pulmonar normal → Exclui TEP • Baixa ou intermediária probabilidade cintilográfica → para elucidar o diagnóstico devemos lançar mão de outro exame. ANGIOTOMOGRAFIA – é considerada o teste de escolha na investigação inicial de TEP; - Maiores qualidades: exame não invasivo, facilmente acessível, com aquisição rápida das imagens, avaliando a presença de TEP com alta sensibilidade e especifidade; - Sensibilidade de 83% e a especificidade > 90%; - Apresenta como vantagem também a possibilidade de avaliação do parênquima pulmonar, da pleura, mediastino e pericárdio (identifica infarto pulmonar, derrame pleural, aumento de câmara cardíaca direita); - O “corte” tomográfico é feito até a pelve e grandes veias proximais dos MMII; - Exame útil para o diagnóstico e prognóstico; - A dilatação do VD pode ser notada durante o exame, e a presença desse sinal quintuplica o risco de mortalidade. ARTERIOGRAFIA PULMONAR - exame invasivo considerado método padrão ouro para o diagnóstico da TEP. É realizado através do cateterismo da artéria pulmonar, com injeção direta do contraste em seu lúmen - Apesar de ser considerado padrão ouro, a arteriografia pulmonar é reservada aos casos em que outros métodos não confirmaram TEP e a suspeita clínica permanece alta; - O TEP pode ser evidenciado pela presença de falha de enchimento no leito arterial pulmonar, ou a interrupção abrupta de um vaso (cutoff); - Principais complicações do exame: anafilaxia e nefrotoxicidade induzidas pelo uso do contraste; - Principal indicação: método confirmatório nos casos que receberão tratamento intervencionista endovascular (embolectomia por cateter). A arteriografia localiza o êmbolo com exatidão, permitindo ao médico posicionar corretamente o cateter para fragmentação e aspiração do material trombótico. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO - PESI ↪ O PESI é uma ferramenta que estratifica o risco de mortalidade em 30 dias por tromboembolia pulmonar aguda (TEP), auxiliando os médicos a definirem o tratamento do paciente após um episódio de TEP; ↪ Após diagnóstico de EP, os pacientes devem obrigatoriamente ser avaliados quanto a gravidade do evento, ou seja, do risco de morte precoce através do PESI; ↪ Dos escores clínicos que integram gravidade EP e comorbidade, o Índice de Gravidade de Embolia Pulmonar (PESI) é o que foi mais extensivamente validado; ↪ Pacientes PESI Classe I ou II: o tratamento deve ser feito em domicílio com uso de anticoagulante oral, sem necessidade de internamento hospitalar para avaliação diagnóstica. São classificados como baixo risco; ↪ Paciente PESI Classe > II: internamento hospitalar para investigação do quadro e avaliar prognóstico. Deve-se solicitar ecocardiograma transtorácico (eco-TT) + enzimas cardíacas (troponina e BNP). Esses pacientes são classificados como risco intermediário e podem ainda ser divididos em risco intermediário baixo (eco-TT OU enzimas cardíacas alteradas OU nenhum dos dois alterados) ou risco intermediário alto (ambos os exames alterados); ↪ Pacientes com alteração no ecocardiograma transtorácico e/ou alteração de troponina/BNP apresentam pior prognóstico; ↪ Locais de tto conforme risco: Risco baixo: tratamento ambulatorial. Risco intermediário: tratamento hospitalar em enfermaria. Risco alto: tratamento hospitalar em unidade de terapia intensiva. TRATAMENTO ↪ As modalidades terapêuticas no TEV incluem o uso de anticoagulantes, trombolíticos, filtro de veia cava e procedimentos invasivos (cirúrgicos ou endovasculares); ↪ Oxigenoterapia - pacientes com SpO2 < 90% devem receber oxigênio suplementar. Em caso de AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 hipóxia, instabilidade hemodinâmica grave, rebaixamento do nível de consciência e insuficiência respiratória grave, há indicação de intubação orotraqueal e ventilação mecânica; ↪ Suporte hemodinâmico – pacientes que apresentam hipotensão devem receber fluidos com cautela, sendo recomendada infusão de 500 a 1000ml de cristaloides. Em caso de ausência de resposta adequada, insituir terapia com droga vasoativa. Esses pacientes com instabilidade hemodinâmica apresentam indicação de realização de trombólise. ANTICOAGULAÇÃO ↪ Os pacientes que não morrem dentro das primeiras duas horas após o TEP geralmente falecem mais tarde por causa de recorrência da embolia. A anticoagulação reduz a taxa de mortalidade (80-90%) por evitar a recorrência do TEP (prevenção secundária); ↪ A anticoagulação é a base do tto da TEP; ↪ Diminui a recorrência de trombos, visto que não degrada os trombos formados, mas impede a formação de novos trombos; ↪ Deve-se alcançar o estado de anticoagulação plena nas primeiras 24h de terapia. Isso é possível apenas com o uso de medicações parenterais ou com os novos anticoagulantes orais (inibidores diretos da trombina ou do fator Xa), cujo início de ação é imediato; ↪ A anticoagulação geralmente é feito com heparina de baixo peso molecular ajustada por peso subcutânea (HBPM) ou fondaparinux ou heparina não fracionada IV (UFH); ↪ Um efeito anticoagulante igualmente rápido poder ser alcançado com anticoagulante oral não-vitamina K antagonista (NOAC), e os ensaios clínicos de fase III demonstraram a eficácia não inferior de uma estratégia de anticoagulação com medicamento oral único usando doses mais altas de apixabana por 7 dias ou rivaroxabana por 3 semanas; ↪ A HBPM e o fondaparinux são preferidos à HNF para anticoagulação inicial da TEP, pois apresentam menor risco de induzir sangramento importante e trombocitopenia induzida por heparina; ↪ O uso de HNF é hoje amplamente restrito a pacientes com instabilidade hemodinâmica evidente ou descompensação hemodinâmica iminente nos quais o tratamento de reperfusão primária será necessário; também é recomendada para pacientes com DRC grave (estágio 5) ou obesidade grave; ↪ Em pacientes que recebem cumarínicos (anticoagulantes orais antagonistas da vitamina K), leva cerca de 5-7 dias para o efeito anticoagulante ser atingido. Por isso, quando usar essas medicações, é preciso manter uma droga parenteral até que se comprove a obtenção do efeito anticoagulante pleno do cumarínico (p. ex.: duas medidas consecutivasde INR dentro da faixa terapêutica, que fica entre 2-3); ↪ Casos onde a suspeita clínica de TEP for muito grande, mas os exames confirmatórios não podem ser realizados de imediato, pode-se anticoagular empiricamente (isto é, até que se providenciem os exames confirmatórios necessários); ↪ É recomendável que o paciente evite a deambulação até estar plenamente anticoagulado. Na TVP isolada, não é necessário; ↪ Pacientes com história recente de AVC hemorrágico, cirurgias recentes ou hemorragia ativa NÃO devem receber anticoagulação empírica, pois os riscos superam os benefícios do tratamento. Nesses pacientes o diagnóstico deve ser confirmado, e avalia-se a possibilidade de instituir terapias alternativas como trombectomia ou filtros de veia cava para prevenir novas embolizações. HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR - As HBPM são superiores à HNF para anticoagulação de pacientes com TEP que se mantêm hemodinamicamente estáveis; - Possui efeito rápido e menor risco de sangramento e plaquetopenia em relação à HNF; - Esta medicação deve ser contraindicada ou ajustada em pacientes com disfunção renal grave já que sua excreção é renal; - A enoxaparina é a droga de escolha em pacientes com CA e TEP; - Vantagens da HPBM em relação à HNF são: (1) Farmacocinética mais previsível; (2) Uso subcutâneo; (3) Menor risco de Trombocitopenia Induzida por Heparina (HIT); (4) Não é necessário monitorar a anticoagulação (dispensa o PTTa). Isso ocorre porque as moléculas de HBPM se ligam com menos intensidade às células e proteínas plasmáticas do que as moléculas de HNF, o que significa que elas têm uma biodisponibilidade mais uniforme ao longo do tempo. - Situações onde deve-se dosar o antifator Xa para avaliar o efeito do medicamento: *Obesidade mórbida > 150kg *Braixo peso < 40kg *Disfunção renal - Nessas situações citadas, a dose ideal de HBPM não foi adequadamente estudada, e não existe consenso se as doses padrão devem ser mantidas nesses casos. Por causa disso, a monitoração do efeito anticoagulante é interessante... Dosa-se o AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 antifator Xa 4h após adm a heparina, e ajusta-se a posologia segundo algoritmos próprios, com o intuito de manter seus níveis séricos em torno de 0,6 a 1,0 U/ml. - A meia-vida da HBPM é maior que a da HNF (12h versus 6h) – desvantagem em relação a HNF; - Nos pacientes mais graves e que serão expostos a procedimentos invasivos, se ele estiver em uso de HNF, a reversão do efeito anticoagulante é atingido rapidamente após suspensão da droga, o que não é observado com HBPM. Além disso, o sulfato de protamina (antídoto da heparina) neutraliza a HNF com muito mais eficácia do que a HBPM (devemos administrar plasma para uma rápida reversão de seus efeitos). HEPARINA NÃO FRACIONADA - possui efeito rápido e pode ser usado em pacientes com disfunção renal; - É o anticoagulante de escolha para tratar os pacientes com TEP que apresentem instabilidade hemodinâmica; - A HNF deve ser feita em bomba de infusão, ajustando-se a tx de infusão contínua de acordo com o Tempo de Tromboplastina Parcial ativado (TTPa), verificado de 6/6h; TTPa deve ficar entre 65-85; - Existem diversos esquemas terapêuticos para o uso da heparina não fracionada (HNF) em dose plena. Um dos principais esquemas sugere adm uma dose de ataque de 80UI/kg, seguido por uma dose de manutenção de 12-18UI/kg/h em bomba de infusão, com dose máxima de 1000UI/kg; - De maneira genérica, o bolus é feito com 5.000- 10.000 UI, e a infusão contínua com 1.000-5.000 UI/h; - A anticoagulação estará garantida quando mantivermos um PTTa 1,5 a 2,5 vezes acima do valor do controle (60-80 segundos), o que com frequência requer ajustes na dose; - A HNF se liga de maneira variável a uma série de moléculas e superfícies celulares no organismo, o que costuma ser absolutamente imprevisível (e pode variar, no mesmo indivíduo, de um momento para outro), por isso a necessidade da monitoração laboratorial; - Uma de suas complicações mais temidas é a trombocitopenia induzida por heparina, que costuma surgir a partir do 5º dia de uso; - É mandatório suspender a heparina quando essa contagem estiver abaixo de 100.000 cél/ml ou < 50% do valor basal; - Gestantes que são anticoaguladas por longos períodos com HNF podem desenvolver osteoporose… A chance dessa complicação está aumentada a partir de uma dose cumulativa > 20.000 UI/dia por > 30 dias! Em pacientes que precisam de > 40.000 UI/dia de heparina para ajustar o PTTa, devemos considerar fortemente a possibilidade de deficiência de antitrombina (trombofilia hereditária que funciona como uma espécie de “resistência à heparina”). INIBIDOR DO FATOR XA - esta classe de medicamento faz parte dos novos anticoagulantes orais e apresenta como benefício a não interação com alimentos (diferente do que ocorre com os cumarínicos), assim não há restrição alimentar; - Não necessita de exames para acompanhar sua atividade anticoagulante, portanto, NÃO se faz controle do INR; - FONDAPARINUX: É um pentassacarídeo sintético derivado da heparina, que promove uma interação seletiva entre a antitrombina e o fator Xa, inativando este último; *Possui efeito rápido e agudo. É muito utilizado em pacientes com trombocitopenia induzido pela heparina; *Contraindicado em casos de disfunção renal (clearance de creatinina < 30ml/min); *Principais vantagens são: (1) não causa HIT; (2) uso subcutâneo; (3) não precisa de monitoração laboratorial; *NÃO existe antídoto contra essa droga; Doses conforme peso – SC 1x/dia - Peso < 50 kg: 5 mg; - Peso entre 50-100 kg: 7,5 mg; - Peso > 100 kg: 10 mg. ANTAGOSITA DE VITAMINA K (Warfarin) – Cumarínicos: - É uma das drogas mais utilizadas para anticoagulação dos pacientes após a alta hospitalar, no entanto, não pode ser utilizado isoladamente no paciente admitido com TEP, uma vez que os inibidores da vitamina K (como a varfarina) apresentam inicialmente um efeito pró-trombótico paradoxal, devendo ser combinados ao uso da HNF AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ou enoxaparina até atingir os níveis de INR adequados; - Se a HNF for utilizada, recomenda-se iniciar o warfarin somente após se atingir a faixa alvo do TTPa; - É utilizado como uma ponte terapêutica, já que seu efeito demora cerca de 3 a 5 dias; - Devem ser evitados durante a gestação por apresentar atividade teratogênica. Porém durante a amamentação pode ser utilizada já que não é excretado pelo leite materno; - Orientar ao paciente que evite o consumo de alimentos ricos em vitamina K (exemplo: folhas verde-escuras), já que os cumarínicos exercem sua função anticoagulante inibindo os fatores de coagulação de pendentes de vitamina K; - Estes pacientes devem fazer o controle regular do INR (15 em 15 dias). A meta do INR é ficar entre 2-3 (meta 2,5), para que o paciente seja considerado adequadamente anticoagulado; - Em caso de INR < 2 devemos subir a dose da medicação (paciente não anticoagulado); - Níveis > 3 aumenta-se a chance de sangramento, assim devemos reduzir a dose da medicação e em casos de INR muito elevado, por exemplo, acima de 6, o paciente deve ser internado para controle do INR; - POSOLOGIA: A dose inicial é geralmente 5 mg/dia; *Indivíduos obesos podem precisar de 7,5 a 10 mg/dia. *Pacientes desnutridos ou que se submeteram a um longo curso de antibioticoterapia devem receber 2.5 mg ao dia, pois é comum que apresentem deficiência de vitamina K. *Pacientes que desenvolveram um primeiro episódio de TEP na vigência de fatores de risco transitórios (ex.: cirurgia), o tempo de anticoagulação deve ser de 3 a 6 meses. *Pacientes com TEP idiopático, ou TEP recorrente, anticoagular por 6-12 meses. - Complicações – além de sangramento, o warfarin pode ocasionara chamada necrose cutânea induzida pelo warfarin. É caracterizada inicialmente pelo surgimento de placas eritematosas em mamas, coxas e abdome. As lesões progridem para bolhas e necrose cutânea. A biópsia revela trombose dos vasos da pele. NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS - essas drogas vêm sendo cada vez mais empregadas no tto do TEV. Além do uso oral, outras vantagens são: (1) uso de doses fixas; (2) anticoagulação plena logo após a primeira tomada; (3) não é necessário monitoração laboratorial; (4) não possuem tantas interações medicamentosas como o warfarin. - Dividem-se em dois grupos principais: inibidores diretos do fator Xa (rivaroxaban, apixaban e edoxaban) e inibidores diretos da trombina (dabigatran); - Vantagens: menor sangramento em relação à varfarina, possuem pouca interação com alimentos e não é necessário o controle de INR; - Desvantagens: contraindicado em pacientes com disfunção renal, FA com uso de prótese valvar e pacientes com estenose mitral. Além disso, é um medicamento caro. INIBIDORES DE FATOR Xa - Rivaroxaban (xarelto) - (único aprovado até o momento): - 15 mg 2x ao dia por 3 semanas, depois, 20 mg 1x ao dia, ao jantar. TROMBÓLISE ↪ Os trombolíticos reduzem de maneira efetiva a “carga” de trombos formados; leva a melhorias mais rápidas na obstrução pulmonar; ↪ Pacientes instáveis é preconizado o uso de trombolíticos [Estreptoquinase, Alteplase (rtPA), Tenecteplase* ou uroquinase]; Essas drogas atuam ativando o plasminogênio tecidual; *SANAR ↪ O maior benefício é observado quando o tto é iniciado dentro de 48h do início dos sintomas, mas a trombólise ainda pode ser útil em pacientes que apresentam sintomas por 6 a 14 dias; ↪ A terapia trombolítica foi associada a uma redução significativa no risco de descompensação hemodinâmica ou colapso, mas foi acompanhada por um risco aumentado de hemorragia extracraniana e intracraniana grave; ↪ Os trombolíticos só podem ser adm quando confirmado o diagnóstico de TEP; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ A ÚNICA indicação absoluta para seu uso no TEP é a presença de instabilidade hemodinâmica; ↪ Outras indicações propostas, mas ainda sem consenso são: - Trombose venosa profunda extensa; - Envolvimento extenso (múltiplos segmentos ou um lobo inteiro); - Hipoxemia grave; - Disfunção ventricular direita evidente ao ecocardiograma (principalmente se associada a um aumento nos níveis de troponina). ↪ A heparina deve ser suspensa até o término da infusão do trombolítico. Após isso, se o PTT for inferior a duas vezes o limite superior da normalidade, a heparina pode ser reiniciada sem dose de ataque. Caso este valor seja superior, pedimos um novo PTT em quatro horas e reavaliamos. Estreptoquinase: dose de ataque – 250.000 UI EV em bolus em 30min, seguida de 100.000 IU/h por 24h ou 1.500.000 UI IV em 2 horas – preferível. Uroquinase: dose de ataque – 4.400 IU em 10min, seguida de 4.400 IU/kg/h por 12 a 24h. Altaplase ou t-PA: 100 mg em infusão contínua por 2h (preferível) ou 0,6 mg/kg EV em 15 minutos (dose máxima de 50 mg). Tenecteplase – 30 mg para ≤ 60 kg; 35 mg para 61 a 69 kg; 40 mg para 70 a 79 kg; 45 mg para 80 a 89kg; 50 mg para ≥ 90 kg. FILTRO DE VEIA CAVA ↪ É utilizado quando houver contraindicação ao uso de anticoagulante ou reincidência de quadros de TEP em paciente anticoagulados corretamente e profilaxia primária em pacientes com alto risco de TEV; ↪ Os filtros de veia cava inferior conseguem impedir a recidiva do TEP em curto prazo, porém aumentam o risco de TVP em longo prazo – por este motivo, o ideal é que sejam posteriormente retirados, se possível; ↪ O objetivo da interrupção da veia cava é impedir mecanicamente que os coágulos venosos atinjam a circulação pulmonar; ↪ Esses filtros devem ser posicionados abaixo das renais, através de punção da veia femoral direita ou da veia jugular interna direita. Uma venocavografia deve ser realizada após o procedimento; ↪ O filtro foi associado a uma redução significativa no risco de TEP (redução de 50%) recorrente e a um aumento significativo no risco de TVP (aumento de 70%), sem uma diferença significativa no risco de TEV recorrente ou morte; ↪ Principais indicações: ↪ Complicações: penetração da parede venosa com alguns casos apresentando envolvimento de órgãos adjacentes; em casos raros, remoção cirúrgica do filtro, colocação de stent endovascular ou embolização, endovascularização. EMBOLECTOMIA ↪ A embolectomia cirúrgica geralmente é realizada com circulação extracorpórea, sem pinçamento aórtico e parada cardíaca cardioplégica, seguida de incisão das duas principais artérias pulmonares com retirada ou aspiração de coágulos frescos; ↪ Possui menor % de recorrência quando comparada a trombólise; ↪ Quando indicar? pacientes com embolia maciça (alto risco), instáveis hemodinamicamente e que apresentam contraindicação ao trombolítico ou refratariedade ao trombolítico idealmente devem ser submetidos à embolectomia cirúrgica, realizada com CEC (Circulação Extracorpórea); AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ Vale ressaltar que esta é uma cirurgia “heroica” (sem ela o paciente morre em 100% dos casos); ↪ Na indisponibilidade da cirurgia com CEC deve-se optar pela embolectomia por cateter em pacientes com contraindicação ou falência da terapia trombótica. PACIENTE ESTÁVEL O paciente pode ser anticoagulado de imediato, mesmo que o diagnóstico ainda não tenha sido fechado, já que a medicina baseada em evidência nos permite iniciar a terapêutica quando há uma elevada suspeição, ou seja, nestes casos não devemos postergar e esperar o resultado de exames de imagem já que a mortalidade de TEP é elevada. As opções de anticoagulantes usados na fase inicial são: HBPM, heparina não fracionada, inibidor do fator Xa (fondaparinux, marevan, novos anticoagulantes orais (NOACs). PACIENTE INSTÁVEL É preconizado o uso de trombolíticos [Estreptoquinase, Alteplase (rtPA) ou Tenecteplase]. A janela terapêutica é de 14 dias (sendo que nas primeiras 72 horas há o maior benefício). Em virtude dos riscos desta terapêutica devemos ter o diagnóstico de TEP confirmado por exames de imagem. Pacientes instáveis são classificados a partir de uma PAS< 90mmHg. Apresentam a clínica da insuficiência cardíaca: pele pegajosa, perfusão periférica lentificada e outros sinais de baixo débito. Para relembrar, tais pacientes apresentam um aumento da resistência, que leva ao aumento de sangue dentro do VD e consequente abaulamento do septo interventricular com compressão do VE. O ventrículo esquerdo comprimido gera hipotensão! Para diminuir essa resistência inicial, deve-se realizar a fibrinólise QUÍMICA ou MECÂNICA.
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