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RESENHA DO LIVRO MARXISMO E CRÍTICA LITERÁRIA

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RESENHA DO LIVRO “MARXISMO E CRÍTICA LITERÁRIA 
Nadson Cardoso de Jesus
Resumo do capítulo “o escritor e o engajamento”
A arte e o proletariado
Nessa primeira parte do capítulo, o autor deixa um espaço para falar como a crítica literária marxista é fortemente associada ao stalinismo, sendo inteiramente moldado por esse período. Vemos ainda que durante esse período houve ideias de acabar com todas as obras do passado, pois a literatura deveria servir aos interesses do partido. 
Isso tudo acabou levando ao congresso dos escritores soviéticos de 1934, na qual houve a adoção do realismo socialista, movimento criado por Stalin e Gorki e promulgada por Jdanov, que defendia que o escritor tinha o dever de "fornecer um retrato verdadeiro e histórico-concreto da realidade em seu progresso revolucionário". Desse modo os escritores deveriam construir uma literatura tendenciosa, otimista, heroica e voltada para o partido. Esses fatores, como mostra o autor do livro, foi um dos grandes ataques a cultura artística na história moderna.
Lenin, Trotski e o engajamento
Nessa segunda parte, o autor destaca como Lenin foi deturpado para que o realismo socialista fosse promulgado. Lenin defendia que apenas a literatura do partido não poderia ser imparcial ou contrária aos ideais marxistas. Contudo, Jdanov ignorou o contexto e atribuiu a fala de Lenin a toda a literatura.
O autor também mostra como Lenin tinha uma mente aberta para questões culturais. Ele defendia que a cultura proletária só poderia ser construída através do conhecimento da cultura anterior, e que "toda a valiosa cultura deixada pelo capitalismo, ele insistia, deve ser cuidadosamente preservada”. (EAGLETON, 2011)
Pensamento parecido ao de Trotski, que defendia que "uma obra de arte deve ser julgada, em primeiro lugar, conforme suas próprias leis" (EAGLETON, 2011). Desse modo, o escritor não ficaria preso a escrever sobre fábricas ou revoltas contra o capitalismo.
Marx, Engels e o engajamento 
Aqui o autor mostra que o realismo socialista afirmava ser descendente de Marx e Engels, porém seus verdadeiros antecedentes eram os críticos "democrático-revolucionários", que foram russos do século XIX, eram eles Belinski, Tchernichevski e Dobroliubov. Para os três, "a literatura deveria desprezar as técnicas estéticas elaboradas e se tornar um instrumento de desenvolvimento social". (EAGLETON, 2011)
O autor também mostra como esse movimento influenciou Georgi Plekhanov, importante nome do realismo socialista, sendo através da tradição que a "ideia de literatura como tipificadora e como espelho da sociedade entra na formulação do realismo socialista".
Por fim, mostra como Marx e Engels tratavam a questão do engajamento. Ambos não eram contra a tendência política da ficção, porém o autor não deveria ser partidário de modo tão aberto. Tal tendência deveria surgir de maneira discreta a partir das situações dramatizadas na obra, desse modo a ficção revolucionária influenciaria a consciência burguesa de forma indireta. Essas ideias nos fazem chegar ao conceito de partidarismo objetivo, que no stalismo daria lugar ao partidarismo subjetivo.
A teoria reflexionista 
Aqui vemos que o realismo socialista tem como um de seus preceitos a ideia de que a literatura reflete ou reproduz a realidade social de maneira direta. "Não obstante, o reflexionismo tem sido uma tendência arraigada na crítica marxista, como modo de combater as teorias formalistas da literatura que trancam a obra literária em seu próprio espaço lacrado, isolado da história". (EAGLETON, 2011)
O autor ainda mostra que a ideia da literatura refletir a realidade é inadequada, pois sugere uma "relação passiva e mecanicista entre literatura e sociedade" (EAGLETON, 2011), tornando a obra praticamente uma chapa fotográfica da realidade.
Em seguida o texto é dedicado para a exposição das ideias de diferentes estudiosos. Podemos ver que Georg Lukács adota a teoria do reflexo de Lenin, que diz que "toda percepção do mundo exterior é apenas um reflexo dele na consciência humana" (EAGLETON, 2011). Já para Trotski a criação artística é "uma deflexão, uma alteração e uma transformação da realidade, de acordo com as leis peculiares à arte" (EAGLETON, 2011). Pierre Macherey defendia que o efeito da literatura é essencialmente o de deformar e não o de imitar.
Por fim, vemos como Lukács- novamente voltamos ao partidarismo- defendia que os escritores modernos deveriam fazer mais do que o simples exercício de refletir o desespero e a insatisfação da sociedade burguesa tardia, "eles devem tentar adotar uma perspectiva crítica dessa futilidade, revelando possibilidades positivas além dela". (EAGLETON, 2011) 
Ao pedir que os autores vão além da decadência de Joyce e Beckett, ele não exige que façam até chegar ao realismo socialista, bastava chegar ao realismo crítico. Para ele, o realismo crítico é inferior ao realismo socialista, mas seria ao menos um passo em direção a ele. Tais ideias o fizeram sofrer diversos ataques. Foi acusado de transformar o realismo do século XIX em um fetiche e que era cego à melhor arte modernista; até mesmo o partido comunista teceu críticas a ele, pois ele demonstrava atitude notavelmente desinteressada pelo realismo socialista.
O engajamento literário e o marxismo inglês 
Nessa parte do texto vemos como o engajamento da literatura foi bem menos discutida pela crítica marxista inglesa. Parte disso se deu devido a uma confusão teórica. Sendo uma mistura e contradições de ideias pragmáticas (mecanicista) e românticas da arte. Tal confusão provavelmente veio a acontecer devido a influência do romantismo inglês, fato que fez diversos críticos não escaparem dessa contradição, como Caudwell.
Aqui também vemos como parte da crítica marxista se dedica a avaliar o valor político da obra, na qual, em muitos casos, a forma como o escritor retrata a vida popular de um modo mais profundo e historicamente concreto é mais importante que a estética.
Vemos ainda como toda grande obra é progressista, e para ser tratada como tal precisa de um contexto histórico, na qual não pode ser resolvida de maneira dogmática para todo o sempre.
Análise crítica 
Levando em conta o caráter espontâneo da literatura, querer limitar as obras sobre uma única perspectiva acaba por barrar o surgimento de livre expressão, tanto dos autores, quanto das pessoas. 
Posteriormente o autor reforça essa concepção de censura através da exposição sobre o que se pensava que deveria ser o papel da literatura, através do relato sobre o que aconteceu com a arte no período Bolchevique, nesse relato ele mostra que a arte era vista com um forte teor político e de que se pensava que ela possuía grandes características da burguesia e que para ser uma arte que representava o novo governo, precisava adentrar as perspectivas do proletariado. Essa concepção foi se intensificando de tal forma que ao passar do tempo aqueles que quisessem publicar, deveriam estar regularizados no Sindicato dos escritores e para isso era necessário o egresso no partido. Isto é, para que os escritores pudessem publicar, era necessário que fossem membros do partido, tornando obrigatório o egresso dos escritores e culminando em obras que seguiam o teor ideológico do partido, quase que "obrigados”.
O pensamento de que a cultura deixada pelo capitalismo é valiosa, é bastante interessante, mas essa ideia de que a cultura proletária só poderia ser construída a partir do conhecimento anterior é um equívoco, pois todo conhecimento é valioso, mas crer que algo não poderia surgir por falta de algo (conhecimento) é uma afirmação que não se pode fazer, em geral, para construir grandes obras os autores buscam conhecimento em diversificados campos, tempos e estilos, um autor normalmente não se limita a seguir à risca um único e mesmo se segue, não há como comprovar que aquele único estilo foi o responsável por aquela “construção”.
Conclusão
Por fim, destacamos que a obra em geral acaba sendo bastante recomendável para aqueles que querem iniciar o assunto, isso se dá muito em virtude dacapacidade do autor em entregar ao leitor um texto coerente, coeso e de fácil compreensão. Que consegue viajar entre diferentes teóricos, ajudando assim o leitor a conhecer teorias necessárias para a compreensão do texto. Vemos isso quando ele narra fatos históricos que ajudam o leitor a conhecer o marxismo mais detalhadamente. Somado a isso temos mais um facilitador: os subtópicos, que foram feitos com maestria, ajudando o leitor a aumentar seu conhecimento continuamente e fazendo o mesmo não se perder, podendo até a fazer pequenas pausas sem prejudicar o aprendizado. Destacamos ainda a linguagem não muito complexa, fato que ajuda aqueles que não tem muita experiência com textos teóricos. 
Referência
EAGLETON, Terry. Marxismo e crítica literária. Tradução Matheus Corrêa. São Paulo: editora Unesp, 2011.

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