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Fichamento - Para quê servem os afetos?

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FICHAMENTO (Texto Traduzido): Para que servem os afetos? – Michael Hardt 
Forewords: What Affects Are Good For (ix-xii) 
Tradução de Luiz Roberto Leite Farias; Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 
CLOUGH, Patricia Ticineto. HALLEY, Jean. The Affective Turn - theorizing the social. 
Durkham and London: Duke University Press. 2007 
Prefácio do livro. Michael Hardt faz uma breve introdução sobre a importância dos afetos – 
qual seria sua utilidade? –, defendendo o que Patricia Clough identificou aqui como “virada 
afetiva”, tantos nas humanidades, quanto nas ciências sociais. Para tal, Hardt dialoga com 
Baruch Spinoza em seus estudos da teoria dos afetos, trazendo a problemática de os afetos se 
estabelecerem como uma ponte transversal entre os paralelos: poder da mente de pensar e o 
poder do corpo de agir, e entre o poder de ser afetado e o poder de agir; sendo esses alguns 
dos desafios centrais enfrentados pelos textos constituintes da virada afetiva (incluindo os 
textos deste livro). Em síntese, para compreender a perspectiva dos afetos é necessária a 
problematização da relação entre ação e paixão, razão e emoção. 
 
• “Especificamente, os dois principais precursores da virada afetiva nos trabalhos acadêmicos 
nos Estados Unidos são o enfoque no corpo, mais extensivamente desenvolvido pela teoria 
feminista; e a exploração das emoções, predominantemente conduzida pela teoria queer.” 
(p. ix) 
 
• “O desafio da visada afetiva reside primariamente na síntese corpo/mente que essa 
perspectiva requer, ao envolver tanto a razão quanto as paixões.” (p. ix) 
 
• “Em outras palavras, eles iluminam tanto o nosso poder de afetar o mundo a nossa volta, 
quanto o de sermos afetados por ele – além de propor o relacionamento entre esses dois 
poderes.” (p. ix-x) 
 
Normalmente somos levados a separar corpo e mente, dando muito mais importância ao poder 
da mente de pensar, mas aqui somos chamados a pensar tanto corpo quanto mente com poderes 
equivalentes e ambos capazes de envolver razão e paixão e quais as consequências dessa 
relação que muitas vezes ignoramos. 
 
• “Baruch Spinoza, [...] agrupa os poderes dos afetos em dois conjuntos paralelos de 
desenvolvimentos ou correspondências. Primeiro, propõe que o poder da mente para pensar 
seja idêntico ao poder do corpo para agir. Isto não significa que a mente pode determinar ao 
corpo que aja, ou que o corpo pode determinar à mente que pense. Ao contrário, Spinoza 
sustenta que a mente e o corpo são autônomos, mas que prosseguem ou se desenvolvem em 
paralelo. [...] Em segundo lugar, Spinoza propõe uma correspondência entre o poder de agir 
e o poder de ser afetado.” (p. x) 
 
• “Quanto maior o nosso poder de ser afetado, maior o nosso poder de agir.” (p. x) 
 
• “Spinoza estabelece uma correspondência, mas não fixa uma proposição determinada.” (p. 
x) 
 
• “Para o autor, os afetos podem ser ações – determinados por causas internas; ou paixões – 
determinadas por causas externas. [...] A perspectiva dos afetos não supõe que razão e paixão 
sejam a mesma coisa, mas, em vez disso, focalizam a ambas num continuum. Para Spinoza, 
o projeto ético-político envolve um esforço constante de transformar paixões em ações; de 
substituir encontros que resultam de causas externas, e que podem ser alegres ou tristes, por 
encontros determinados por causas internas – que são necessariamente alegres.” (p. x-xi) 
 
• “É preciso lembrar ainda que a preferência de Spinoza pelas causas internas não conduz ao 
um isolamento de qualquer tipo, já que todo aumento no poder de agir e pensar corresponde 
a um poder de ser afetado. O crescimento da autonomia do sujeito, em outras palavras, 
sempre corresponde ao crescimento de sua receptividade.” (p. xi) 
 
Justamente o fato de corpo e mente terem poderes autônomos é o que os faz serem paralelos, 
ou seja: não se encostam, não agem um sobre o outro. Mas para todo poder da mente de pensar, 
existe um poder do corpo de agir equivalente, e o mesmo se dá na correspondência entre afetar 
e ser afetado. Poderia se dizer, então, que, para tais potências, as grandezas são diretamente 
proporcionais. 
 
• “Assim como não é possível prever as ações de um corpo nem os pensamentos de uma 
mente, não é possível saber o que os afetos podem provocar. A perspectiva dos afetos requer, 
por isso, a exploração desses poderes ainda desconhecidos (p. xi) 
 
• “Os afetos estabelecem uma ponte problemática e transversal entre esses dois fossos: entre 
o poder da mente de pensar e o poder do corpo de agir, e entre o poder de agir e o poder de 
ser afetado.” (p. xi) 
 
• “O termo “trabalho afetivo” é utilizado para juntar elementos desses dois diferentes cursos 
e tentar compreender, simultaneamente, os aspectos corpóreos e intelectuais das novas 
formas de produção, reconhecendo que tais trabalhos se engajam, ao mesmo tempo, no 
âmbito da inteligência racional e no âmbito das paixões e sentimentos” (p. xii) 
 
O fato de trabalho afetivo, para Hardt, ser uma maneira de relacionar campos que à primeira 
vista são tão distintos – textos das feministas quanto formas de trabalho de gênero envolvendo 
afetos e considerando a natureza e o valor das atividades em economicamente remuneradas 
ou não, e textos de economistas italianos e franceses, e sociólogos do trabalho, buscando 
compreender o caráter intelectual cada vez maior de práticas produtivas do mercado de 
trabalho no geral – demonstra como os afetos na verdade estão sempre presentes nos diferentes 
campos intelectuais e podem ser um ponto de encontro ou uma formar ativa de pensar o 
acadêmico. 
 
• “A perspectiva dos afetos requer, assim, que problematizemos as relações que ligam os 
abismos entre mente e corpo, razão e emoção. Além disso, a identificação de uma categoria 
de trabalho que reúne conceitualmente uma variedade de atividades produtivas pode ser útil 
de várias maneiras ...” (p. xii) 
• “Finalmente, identificar a categoria do trabalho afetivo permite um avanço: considerá-la ao 
lado de outras formas de trabalho cujos produtos são basicamente imateriais, o que significa 
pensar a produção de afetos também como produção de códigos, informações, ideias e 
imagens. Este reconhecimento analítico possibilitaria, por exemplo, desvendar diferentes 
formas de exploração partilhadas por uma variedade de trabalhos, e sugerir alternativas 
políticas para a organização de práticas coletivas de recusa e libertação.” (p. xii) 
 
• “Os ensaios inovadores reunidos neste volume oferecem uma série de outros exemplos em 
diferentes áreas, mostrando o potencial da perspectiva dos afetos numa ampla variedade de 
campos e com uma diversidade de abordagens metodológicas. Alguns deste ensaios, por 
exemplo, investigam as funções dos afetos entre trabalhadores da saúde, trabalhadores do 
sexo e da indústria da moda. Outros empregam os discursos da microbiologia, da 
termodinâmica, das ciências da informação e do cinema para repensar o corpo e os afetos 
em termos de tecnologia. Outros, ainda, exploram os afetos do trauma em contextos de 
imigração e de guerra... [...] Como um todo, eles fornecem razões amplas para crer que existe 
atualmente uma tendência significativa na pesquisa acadêmica merecedora de ser chamada 
de “virada afetiva”.” (p. xiii) 
 
Novamente é possível perceber como os afetos estão presentes em diversas áreas do 
conhecimento.

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