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Hannah Arendt Em 14 de outubro de 1906, nasceu Hannah Arendt, em Hannover, Alemanha. Hannah Arendt destacou-se como uma das pensadoras mais originais em filosofia política no século XX. Seus livros e artigos indicam um modo próprio de relacionar acontecimentos históricos com apontamentos filosóficos, enfatizando a questão da liberdade. Principais ideias de Hannah Arendt Hannah Arendt escreveu em um estilo próprio, relacionando acontecimentos e teorias que ofereceram uma nova abordagem para lidar com as dificuldades que estavam ocorrendo em seu tempo. Pode-se dizer que há um tema em comum em todas as suas reflexões: a vida política. Com base em uma abordagem fenomenológica, analisou os acontecimentos históricos sem partir de conceitos tradicionais da história da filosofia. Evidenciava, assim, o que estava na base dos fenômenos. Nesse sentido, não propôs apenas uma abordagem histórica, como se tentasse induzir algo de uma acumulação de fatos. Hannah Arendt era adepta do conceito de “pluralismo” no âmbito político. Pelo pluralismo seria possível gerar o potencial de uma liberdade e igualdade política entre as pessoas. Ela trabalhou acerca da questão da importância do pensamento crítico como guia das ações humanas. Mas, sem dúvidas, suas principais ideias dizem respeito ao totalitarismo e à noção de mal. Banalidade do mal: talvez o conceito mais importante de sua teoria. Depois de assistir ao julgamento de Eichmann, em 1961, Hannah Arendt cunhou o conceito da banalidade do mal. Para a teórica política, o mal não deve ser encarado pela moral, mas sim pela política. O sujeito que pratica o mal porque sucumbiu às falhas de pensamento e de juízo. Para Arendt, os sistemas políticos opressivos tiram vantagem do fato de o homem ser suscetível a falhas e fazem com que atos, a princípio, impensáveis pareçam normais. O mal, portanto, não é um monstro que se instala, mas sim algo que pode acontecer a qualquer momento por um erro de julgamento. Liberdade: Arendt defendia a existência de um Estado que defenda as liberdades individuais, de forma que os direitos humanos e a cidadania não sejam confrontados. A liberdade, portanto, é um direito inalienável do homem e é o sentido da política. Ideologia: de acordo com Hannah Arendt, ideologia é o instrumento usado para criar um sistema de explicações. A ideologia possui três elementos básicos. O primeiro é próprio de movimentos totalitários, pois explica a História de um jeito total e sem perspectiva de mudança. O segundo é o caráter de propaganda e doutrinação da ideologia. O terceiro elemento é como a filosofia distancia as pessoas das experiências reais da vida em detrimento da primazia da razão. Autoridade: Arendt aborda a questão da autoridade a partir das instituições, da cultura e das tradições políticas do Ocidente. Segundo ela, não é possível existir autoridade se o Estado utiliza a força e a violência para conter ou controlar o povo. Um exemplo disso é quando os policiais reprimem manifestantes em protestos. A autoridade na política é, para a filósofa, a confiança do povo em seu sistema político. Solidão e isolamento: sobre isso, no livro “As origens do totalitarismo”, Arendt diz: “Posso estar isolado – numa situação em que não posso agir porque não há ninguém para agir comigo – sem estar solitário; e posso estar solitário – numa situação em que me sinto completamente abandonado da companhia humana- sem estar isolado”. Ou seja, o isolamento é uma impotência, a solidão é a noção de vida privada. Essas são as principais ideias de Hannah Arendt. No entanto, ela também teceu críticas ao marxismo e ao conceito de trabalho em Marx, além de estudar outras formas de governo e criticar a democracia representativa. Hannah Arendt A condição humana A condição humana, apresenta a noção de vita activa em oposição à concepção contemplativa, teorética. Essa noção apresenta três aspectos da atividade humana: labor, trabalho e ação. É ela que melhor caracteriza a capacidade do ser humano de começar algo novo, provocar o início, já que não há restrições ou condicionamentos no resultado dessa ação. O lugar de manifestação dessa ação é âmbito público, que se assemelha à noção de pólis na filosofia grega antiga. Segundo Hannah, "pretendo designar três atividades humanas fundamentais. Trata-se de fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na terra.” O labor: é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujos crescimentos espontâneos, metabolismo e eventual declínio têm haver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condição humana do Labor é a própria vida. O trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, existência essa não necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie, cuja mortalidade não é compensada por este último. O trabalho produz um mundo artificial de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condição humana do trabalho é a mundanidade. A ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e não o homem, vivem na terra e habitam humanos. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política: mas essa pluralidade é especificamente a condição de toda a vida política . A condição humana (1958): obra de teor filosófico na qual investiga diversos tipos de ação para especificar os constituintes da atitude política. Criticou a valorização da perspectiva teórica, implementada tradicionalmente pela filosofia, em detrimento da ação. CITAÇÃO: Os homens são seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condição da sua existência. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as coisas que devem sua existência exclusivamente aos homens também condicionam seus autores humanos.”
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