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1 Bibliografia: aula do prof. Chavier !!! ATENÇÃO !!!: Contém imagens de pacientes, use somente para o seu estudo pessoal. Tudo o que foi falado na aula de varizes é insuficiência venosa, porém em uma fase inicial. Veja acima a quantidade de veias que o paciente tem, é uma fase avançada de varizes, mas ainda não tem lesões tróficas. Com o passar do tempo, a hipertensão piora no terço inferior, porque todas as veias da planta e do dorso do pé drenam em um sentido cefálico, mas o refluxo ocorre em sentido caudal. Forma-se, assim, grande hipertensão, hiperpigmentação, dermolipoesclerose e abertura de úlcera nessa região. As alterações nas pernas são as mais frequentes. O maior sofrimento é do joelho para baixo. Quando prescrever meias, tem que palpar o pulso do paciente. Definição A insuficiência venosa crônica seria uma incapacidade persistente da função de drenagem venosa, em consequência da incompetência das válvulas, dando insuficiência das paredes – leva à hipertensão venosa do terço inferior. A pressão é transmitida às vênulas, formando insuficiência capilar e trazendo lesões tróficas e úlceras. O sangue flui em sentido cranial (cefálico). Quando há refluxo, parte sobe e parte reflui, criando hipertensão. O futuro é: começar a pigmentar, formar placa dura e úlcera. É uma doença das camadas sociais menos favorecidas. Nessa fase, começa a usar meias e acelera o retorno venoso, a fim de que não chegue a formar úlceras ou pigmentação. O paciente sofre muito porque ele não tem acesso à saúde. Epidemiologia Repercussão econômica da IVC • IVC está entre 50 doenças que afastam do trabalho. • IVC é 14ª causa de afastamento temporário e 32ª causa de afastamento definitivo. Etiopatogenia da IVC • Varizes de longa permanência: trazem pigmentação, dermolipoesclerose e úlcera. Essa é a causa mais frequente. o As varizes geralmente ocorrem por incompetência das válvulas. • Síndrome pós-trombótica: causa mais grave e consiste nas consequências da trombose venosa; obstrução venosa ou insuficiência valvular. o O trombo gera um processo inflamatório na parede da veia, destruindo o sistema valvular, fica um tubo de sangue, que acarreta as alterações. o Quanto mais alta a trombose, maior a intensidade do sofrimento do paciente. • Insuficiência venosa primária: ainda não conseguiu identificar causa • Fístula arteriovenosa • Lesões neuromusculares: deixa a musculatura flácida, o paciente não caminha direito e não tem a pressão da panturrilha para auxiliar no retorno venoso. • Falha na bomba da panturrilha • Artrose tibiotársica: a pessoa não faz o movimento do pé ao caminhar, não há estímulo na panturrilha. É quando pisa e faz um movimento fofinho reproduzido pelo prof. 2 Classificação CEAP da IVC • Clínica • Etiológica • Anatômica • Patológica 1. Clínica (certeza que cai na prova) • C0: ausência de veias visíveis ou palpáveis. • C1: telangiectasias e veias reticulares. • C2: varizes • C2r: varizes de repetição (depois que opera) • C3: edema • C4a: hiperpigmentação ou eczema varicoso • C4b: lipodermoesclerose ou atrofia branca. • C4c: amontoado de varizes que se cria em torno de uma ulcera ou cicatriz – coroa flebectásica • C5: cicatriz de úlcera • C6: úlcera aberta em atividade • C6r: paciente que tem úlcera recorrente em atividade. 2. Etiológica • Ec: congênita • Ep: primária (causa indeterminada) • Es: secundária (pós-trombótica, pós-traumática e outras). • Em: sem causa aparente 3. Anatômica Divide em sistema superficial e profundo Sistema venoso superficial: A1 – A5 • A1: telangiectasias e veias reticulares • A2: veia safena magna acima do joelho • A3: veia safena magna abaixo do joelho • A4: veia safena parva • A5: veias não safenas Sistema venoso profundo: A6 – A18 Vai da cava até o pé. 4. Patológica • Po: obstrução • Pr: refluxo • Pro: obstrução e refluxo. Por exemplo, 1/3 superior da femoral obstruído e o 1/3 inferior tem refluxo, já recanalizou, mas o sangue reflui. As válvulas estão destruídas por obstrução, quando o trombo estava dentro do vaso. Exercício CEAP • C6r – Es – A13 – Pro: é um paciente que tem uma úlcera recorrente em atividade, secundária (pode ser pós-trombótica, pós traumática ou ter outra causa), está localizada a nível de veia femoral superficial e se relaciona com obstrução e refluxo. Fisiopatologia É uma sequência. Não escrever na prova usando setas, tem que explicar. Após obstrução, ocorre um processo inflamatório e, em seguida, recanalização (reabsorção dos trombos), com destruição das válvulas. Assim, ocorre incompetência valvular, que também é consequência nas varizes primárias. Obstrução com incompetência valvular causa hipertensão venosa. Isso transmite pressão para as perfurantes, as quais ficam incompetentes, levando, também, a uma insuficiência venosa superficial. Junta tudo isso e causa hipertensão venocapilar. Essa é a causa básica e primária. Essa hipertensão venosa vai até o capilar da pele, levando a lesões tróficas. Associado a isso, esses pacientes apresentam alterações musculares da bomba da panturrilha, bem como perda do reflexo venocapilar. Com o aumento da pressão no capilar, ocorre alargamento dos espaços intercelulares e afastamento do endotélio, abrindo passagem para todos os elementos do sangue. Primeiramente passa líquido, gerando edema. 3 Esse afastamento do endotélio vai permitir, também, a passagem de hemácias, que se degradam em hemossiderina, a qual se deposita na pele formando hiperpigmentação. Essa hipertensão venocapilar também causa adesão de leucócitos ao endotélio das vênulas, associado a empilhamento de hemácias, ativação de microcapilares com microtromboses e presença de proteínas, o que gera um processo inflamatório sem infecção. Por conseguinte, ocorre fibrose, que é a lipodermoesclerose. Essa hipertensão é transmitida ao capilar por ação da pele, ocorrendo extravasamento de fibrinogênio, o qual vai ser degradado em fibrina. A fibrina leva ao envolvimento dos capilares que trazem oxigênio para pele, gera anóxia e úlcera. Mudanças da pressão venosa (PV) no pé Temos três tipos de paciente: • Sem varizes • Varizes primárias • Varizes secundárias (SPT): mais grave. Em repouso horizontal: a pressão nas veias dos pés tende a ser similar nos três pacientes. O paciente que tem maior pressão a nível do pé é o com varizes secundárias. Durante a deambulação, o paciente que vai cair a pressão mais rápido é o que está sem varizes. A PV no pé cai mais em pessoas sem varizes. Em seguida, cai mais no paciente com varizes primárias. Na SPT, a queda de PV é muito menor. Se o sistema profundo estivesse todo obstruído e o paciente fosse andar, a pressão no pé cai ou aumenta? Aumenta, porque não tem por onde o sangue subir. Na TVP extensa, sem recanalização, a PV aumenta no pé. Abaixo, dermite ocre purpúrea, porque forma púrpura, devido à presença de ferro e hemácias na parede do tecido celular subcutâneo. Pode ter edema associado, o qual, com o tempo, vai sendo substituído por tecido fibroso, que é o linfedema. Eczema de estase ou varicoso É exatamente caracterizado por área de hiperemia, descamação e prurido. Acredita-se que essa alteração é em consequência de uma congestão intensa, por presença de proteínas, meias elásticas, curativos com ataduras, pó secante. Tanto em torno da úlcera como em torno da cicatriz. • Hipótese de reação autoimune por extravasamento de proteína • Alergia local Celulite ou erisipela: não faz parte da insuficiência venosa, mas pode surgir de forma concomitante. A presença de ulcerações e/ou micose favorece penetração dos micróbios. A infecção ocorre, principalmente, por gram positivos (S. aureus, Streptococcus).4 Lipodermoesclerose Inicia-se por placas avermelhadas dolorosas (fase necrose). É um vermelho bem brilhante, com uma celulite endurecida, hiperêmica e presença de muita dor. Não é para prescrever ATB. Com o tempo, torna-se crônica e o tecido celular subcutâneo é substituído por fibrose, isso comprime nervos, dói por 3 meses. Quando o paciente não é hipertenso nem diabético, pode fazer corticoide de depósito. Na fase crônica, a pele fica escurecida. A atrofia branca ocorre em aproximadamente 40% dos pacientes com IVC. • Coroa flebectásica: telangiectasias em torno da úlcera no 1/3 distal da perna. Isso tudo culmina em uma perna em forma de bombacha ou garrafa invertida. O sangue vem pela artéria, retorna, vai para arteríola que nutre tecidos. O linfático, que é o verdinho, reabsorve. Quando o sangue vai da arteríola para a veia já cai proteína e hemácias, o linfático está aí justamente para absorver. Com a veia estando competente, o sangue retorna. Se ela não estiver competente, cria uma pressão venosa grande demais, que é maior que a pressão do capilar arterial. A estase venosa não deixa o sangue arteriolar nutrir bem o tecido, o sangue fica estagnado sem oxigênio, por isso necrosa e abre ulcera. Teorias da lipodermoesclerose • Teoria isquêmica: paciente de pé muito tempo, cria hipertensão, necrose asséptica e fibrose. • Teoria da anóxia tecidual: liberação de fibrinogênio, que é degradado em fibrina e forma manguito em torno dos capilares que fornecem sangue à pele. Sem boa oxigenação, forma necrose, fibrose e úlcera. • Teoria da inflamação crônica: mais aceita; adesão de leucócitos às vênulas dérmicas, ativação e migração de leucócitos e de plaquetas, liberação de enzima proteolíticas e radicais livres de oxigênio e, por fim, lesão endotelial e tecidual com bloqueio da microcirculação. Quadro clínico Dor, queimação, fadiga, cansaço, edema, peso, varizes, celulite ou erisipela (secundário à estase), hiperpigmentação, dermite ocre, eczema de estase, lipodermoesclerose/atrofia branca, cicatriz de úlcera, úlcera em atividade, perna em forma de bombacha ou garrafa invertida; 5 Na imagem anterior, o cursor do professor mostra atrofia branca (C4b). A imagem do lado já é um C5. Diagnóstico complementar • Testes não invasivos o Doppler ultrassônico de ondas contínuas: faz valsalva, pode localizar uma poplítea se é duplicada. o Mapeamento duplex colorido: é o principal e vai mostrar se há veias competentes, válvulas pérvias, se existe fibrose, além de confirmar síndrome pós trombótica o Pletismografia: mais de volume. Coloca sensor de pé e faz 10 excussões na ponta dos pés. Serve para saber qual o volume de sangue residual que tem ali. o Termografia: bota mão na perna que tem varizes, a qual está muito mais quente. • Testes semi invasivos: angiotomografia, RNM (mal formação arteriovenosa – hemangiomas). • Testes invasivos: flebografia, arteriografia (avaliar fístulas), linfocintilografia (linfedema), medida de pressão venosa ambulatorial direta (cateteriza veia do dorso do pé e coloca o paciente para caminhar para ver se caiu a pressão), ultrassom intravascular (IVUS; usa mais durante procedimento). Tratamento clínico 1. Medidas gerais, higienodietéticas • Tratar a obesidade, restringir sal e álcool. • Evitar ortostatismo e pernas pendentes por períodos prolongados • Evitar vestes apertadas • Desaconselhar calçados com saltos muito altos • Breves períodos de repouso diário com membros elevados • Evitar o uso de travesseiros ou almofadas sob os joelhos • Corrigir arco plantar, artrodeses • Praticar exercícios que ativem a musculatura da panturrilha • Evitar futebol, tênis, basquete. 2. Tratamento compressivo • Objetivo: reduzir o diâmetro das veias, absorver edema, impedir progressão da doença, acelerar retorno sanguíneo, reduzir a filtração capilar, melhorar a drenagem linfática, prevenir as complicações da IVC. 2.1 Compressão inelástica • Usa para úlcera • Bota de Unna (1925): óxido de zinco, glicerol, óleo de rícino, álcool ceto-esterílico, goma acácia. Se tiver infecção, trata primeiro ela, depois faz curativo com bota de Unna – é uma faixa feita com gases, embebida com esses produtos citados acima. O que faz cicatrizar é a retirada da hipertensão venosa quando o paciente está de pé, e não os produtos. A vantagem da compressão inelástica é que, à medida em que se caminha faz o sangue retornar, mas também pode dormir com ela. Se for compressão elástica contínua, não pode. Essa abordagem cicatriza muita úlcera de 30- 35 anos, mas tem que saber indicar. Não pode ter compressão importante acima do tornozelo. 2.2 Compressão elástica: meias de compressão contínua; seu uso varia de acordo com a doença. • 15 - 20 mmHg: C0 a C3 • 20 - 30 mmHg: C2 a C5 • 30 - 40 mmHg: C4 a C6 • 40 - 50 mmHg: em linfedema importante • > 50 mmHg: em linfedemas duros 6 Não prescreve meias kendall, porque ela não tem controle. Para prescrever meia, tem que palpar pulso do paciente. O pulso tem que ser normal ou levemente diminuído. Se for ausente ou muito diminuído, não indica uso de meias! 3. Tratamento medicamentoso 3.1 Drogas venoativas • Naturais: rutina, diosmina, hesperidina, escina, ácido flavonoico, alfa-benzopirona (cumarina). • Sintéticos: dobesilato de cálcio, tribenosídeos, aminaftona. 3.2 Drogas não venoativas • Antibióticos (em caso de infecção ou profilaxia) 3.3 Drogas tópicas: necessitam de estudos. Tratamento cirúrgico • Obstrução venosa: derivação com by-pass venoso (safena) – Fe-Fa cruzada. o Hoje em dia, não faz mais isso, faz fibrinolítico em pacientes jovens. Se tiver obstrução importante, usa stent. • Refluxo venoso o Interposição segmento venoso valvulado o Reconstituição valvular direta: abria a veia e tentava aproximar as válvulas; é um convite à trombose venosa, então não se faz mais isso. ▪ Valvuloplastia interna ▪ Valvulopastia externa Tratamento cirúrgico de perfurante insuficiente Quando abre a perna, encontra a perfurante e faz ligadura dela. Porém, há muita destruição de linfáticos ao fazer uma cirurgia dessas, portanto, não faz mais hoje em dia. Ligadura subfacial: menos agressiva; ligadura subfacial, entrando com um aparelho que faz uma incisão pequena. Laser: é o tratamento atual. • Síndrome de May-Thurner: antigamente, abria a barriga, dissecava artéria e veia, seccionava a artéria, passava ela por baixo da veia e fazia sutura. Hoje em dia, faz tratamento endovascular – punciona as duas femorais, sobe com o fio guia até chegar na cava e, em seguida, passa um balão, dilata e coloca um stent, que vai segurar a artéria sem fazer compressão na veia. • Tratamento por espuma: diluir o polidocanol com ar, fazendo espuma. Na hora que libera, atua em todo o endotélio do vaso, lesa e forma um trombo. o Indicações: contraindicação para a cirurgia (insuficiência cardíaca, hepática, pulmonar). CEAP C4, C5, C6 (com veias calibrosas). Polidocanol mancha muito, mas se a perna está sofrendo muito, não vai mudar mais uma mancha ou menos, o que vale é cicatrizar a úlcera. Se pegar uma safena que (tem 0,4 mm normalmente) de até 0,7 mm, usa 1% de polidocanol. De 0,8 mm em diante usa 3%
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