Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Resposta orgânica ao trauma e choque - Existe uma agressão, onde nosso corpo vai gerar uma resposta a ela. - Pode ser uma agressão causada de forma orientada na cirurgia ou em um acidente. - A resposta é a mesma diante dos dois quadros - A resposta é gerada na intenção de proteger a homeostase e deixar o paciente dentro das condições ideais para que ele se mantenha vivo. - Sepse exige uma resposta orgânica semelhante à que vamos estudar aqui. Ela entra na categoria de traumas de natureza biológica. -A resposta inicialmente prioriza o coração e o cérebro ao ter a manutenção do fluxo sanguíneo. - Mobiliza também a energia para que o organismo possa responder adequadamente através de multiplicação celular e resposta imunológica. (Isso na forma de glicose). - Na fase catabolica é onde ocorre esse processo de disponibilização de energia, inicialmente glicogênio, depois proteína e gordura. - Fase anabólica é onde o organismo volta à homeostase e começa a cicatrização e construção proteica. - Resposta orgânica é benéfica, porém quando é exacerbada e persiste por muito tempo, pode ser maligna. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Temos caminhado para fazer cirurgias cada veze menos traumáticas e invasivas. Com menor lesão celular, temos uma resposta orgânica mais organizadas e benéficas. Não apenas a incisão, mas diminuímos a lesão celular por inteiro, incisa menos, usa menos bisturi elétrico, expõe menos a cavidade abdominal, menor perda de calor, sangue e líquidos. Quanto menor a capacidade do organismo responder ao trauma, mais vai acabar gerando formas ainda mais descontroladas do paciente responder ao trauma, e mais lesiva ao paciente. Injuria tecidual e lesão celular levam a liberação de citocinas inflamatórias. A menor pressão também ativa resposta do SNA. Resposta fisiológicas podem se tornar patológicas dependendo dos fatores citados no slide. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Quando as respostas são excessivas, o paciente entra em um ciclo vicioso de retroalimentação, e não sai da fase de catabolismo, sendo lesivo para o paciente em questão. Os órgãos ficam mal perfundidos e pode acabar em uma evolução ruim. Vias que ocorrem essa resposta orgânica. - O sistema nervoso periférico consegue detectar a injuria, e levar ao SNC que através do eixo hipotálamo-hipofisário, levando a uma resposta neurológica ao trauma. Isso ocorre por meio do sistema nervoso autônomo, desencadeando uma taquicardia, vasodilatação periférica, e mecanismos de via endócrina também são ativadas. A principal via é o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA), onde vai ter o aumento da noradrenalina, epinefrina, e liberação do cortisol. Barorreceptores também são formas de ativar o SNA. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Todos esses mecanismos se relacionam e buscam o objetivo de manter a homeostase. Ocorre uma agressão, e as vias aferentes vão detectar através da dor ou outras vias, e ativam o SNC que respondem de forma neuroendócrina ativando SN simpático e hormonal. Primeiro começa a fase catabólica que dura em média 1 semana. 2 semanas depois, começa a fase anabólica. Fase da agressão e mobilização de energia. - Nas primeiras 24h começa a utilizar o glicogênio e depois, utiliza a gordura e as proteínas; Faz a gliconeogênese e glicose com a proteína. - Na fase de supressão (anabólica), a diminuição da peristalse é comum, porém causa um nível de desnutrição ao paciente, mas volta a ter uma peristalse nessa fase. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 - Tem um aumento de catecolaminas por causa de eixo HPA, que tem a função de aumentar o ritmo e o debito cardíaco, gliconeogênese pela quebra de lipídio e proteínas. - Glicocorticoides tem a função de aumentar o fator energético - Citocinas aumentam permeabilidade vascular e mobilizam neutrófilos. Percebemos isso laboratorialmente com aumento de proteína de fase aguda (PCR e a transferrina}. Vemos também o aumento dos leucócitos no hemograma, Reconstrução da região lesada. Hormônios se alteram e o doente ganha um pouco mais de peso com formação de proteínas. Resposta neuroendócrina ocorre por 3 vias. Hormonal, autonômica e tecidual local. - Eixo hormonal ocorre pela liberação de glicocorticoides pela adrenal, e liberação de adrenalina e noradrenalina também pela adrenal, pode ativar via SNA. - Adrenal pode ser ativada também pelo eixo do hipotálamo liberando glicocorticoides. - Hipófise libera ADH para reter liquido. - Vasoconstrição e retenção de liquido tem como objetivo de melhorar volemia do paciente, porém pode acabar causando hiponatremia e edemas. - Existe liberação de endorfina para diminuir a dor do paciente Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 - A resposta hormonal ocorre principalmente pela liberação do cortisol, mas existe também a liberação do TRH e TSH para a ativação da tireoide do paciente, para melhorar a resposta a agressão e aumentar metabolismo e frequência cardíaca. - GH pode fazer um controle da ação anabólica - Prolactina não sabemos a finalidade. Alguns pacientes podem apresentar galactorreia. - Hormônios sexuais vão aumentar e mulheres podem ter desregulações menstruais, e homens podem ter baixa da testosterona. - O sistema renina angiotensina ativa para manter a volemia Esse sistema se retroalimenta de forma negativa, porém durante um stress exacerbado, essa retroalimentação não é adequada e há um aumento muito grande dos hormônios catabólicos e isso é lesivo para o paciente. Ilustrando como ocorre a resposta ao cortisol, liberado pelas adrenais através da via central Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Hormônio catabólico nesse momento, que diminui a massa muscular e gordurosa para promover a liberação de glicose para dar substrato energético ao paciente Ativada com a intenção de aumentar o metabolismo do paciente - GH vai ter ação glicolítica e antagonista da insulina. - Tem uma ação anabólica e vai estar aumentado principalmente na segunda fase de anabolismo. - Pode ter níveis elevados de insulina e glicemia por conta do aumento da liberação do hormônio GH Prolactina também vai estar elevada e pode causar galactorréia Hormônios sexuais estão alterados no momento, pode ter desregulações menstruais, perda da libido, diminui testosterona e massa muscular. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 - Função de manter a maior volemia através de aumento de reabsorção de agua nos túbulos coletores. - Perceptível pelo edema periférico. Vias novamente demonstradas ativadas pela hipovolemia, com intenção de aumentar o fluxo sanguíneo do coração para o cérebro. A lesão tecidual por si só já aumenta o potássio, e a androsterona faz com que aumente a reabsorção de sódio e diminuindo o potássio. Extremamente importante no momento da lesão, mas um aumento persistente da androsterona, vai causar quadros de hipopotassemia. Hormônio catabólico nas primeiras horas do trauma Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Depois da primeira semana aumenta com intenção anabólica, para as células se multiplicarem e ajudarem no processo de cicatrização.Íleo adinâmico: com o íleo paralitico, paciente tem dificuldade de se alimentar, vômitos frequentes, leva a desnutrição e predispõe o doente a um distúrbio eletrolítico. Ocorre pela lesão celular, onde as interleucinas são liberadas, sendo pró ou anti-inflamatórias, promovendo uma espécie de mecanismo de controle para que a resposta não seja muito exacerbada e lesiva ao paciente Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Os mecanismos inflamatórios acontecem no tecido lesado, aumenta a liberação de sustância de neutrófilos ativados, e pode ocorrer uma resposta bem intensa. É onde o doente entra na síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), que é bem lesivo. Acima de 2 dos 4 critérios no slide, o paciente já pode ser diagnosticado com a síndrome para que possa ser tratado o mais precocemente possível. Se além disso ele ainda tiver um foco bacteriano, paramos de falar de SIRS e começamos a pensar em sepse. Dali, outros critérios podem entrar, bem como o rebaixamento do nível de consciência, mas isso é assunto de outra aula. SIRS pode causar insuficiência renal, choque, coagulopatia, insuficiência renal... Doente fica mal perfundido e pode levar a falência de vários órgãos. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 A própria SIRS vai causar uma imunossupressão e predispor aquele paciente a uma infecção bacteriana e levar a sepse. Isso diminui ainda mais a perfusão e pode se tornar irreversível mesmo que com o tratamento riscos de disfunção de múltiplos órgãos. A vasoconstrição causada pela ação neuroendócrina pode afetar os 3 principais sistemas e suas consequências do slide. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Devemos conhecer esses quadros pra sabermos tratar adequadamente para que o paciente não venha a óbito Onde então podemos atuar para que a resposta orgânica não seja assim tão exacerbada? - Usar técnicas cirúrgicas com menos exposição e menos riscos. Existem ainda outros processos peri-operatórios que estão associados a pós- operatórios bem melhores, até com alta mais precoce. - É uma busca de caminhos para a recuperação mais rápida, aperfeiçoada e com menos riscos - Começa com o paciente bem orientado: qual incisão, como ele vai acordar, com dreno? Sem dreno? Os riscos e tal. Vai para a cirurgia com menos ansiedade e já começa aí uma recuperação otimizada. - Preparo intestinal é um pouco lesivo - Anestesia peridural pode bloquear sistema simpático e a via de resposta ao trauma, controlando a dor que é sistema de iniciação de alimentação de resposta exacerbada - Drenos são causadores de substancias inflamatórias e podem ser porta de entrada para infecções. - Opióds estão associados a íleo paralitico - Na auditoria, devemos saber se esses passos estão sendo seguidos e o impacto disso nos seus resultados, justamente para sempre podermos aperfeiçoar essas técnicos. - São organizados por diversas sociedades de várias especialidades que criam esses guide-lines. - Diminuição dos jejuns pré-operatórios para o paciente não broncoaspirar. Foram reduzidos de 8h para 6 horas de alimentos sólidos e 2h para alimentos líquidos. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Sociedade brasileira é o ACERTO: Aceleração da recuperação total operatória. Esses princípios já estão comprovados na literatura como benéficos, mas que não são adotados por muitas equipes de cirurgia.
Compartilhar