Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS APRESENTAÇÃO Os serviços ambulatoriais realizados no SUS incorporam funções da Atenção Primária e Secundária, envolvendo, em sua maioria, procedimentos de média complexidade, com serviços médicos especializados, diagnósticos, terapêuticos, de urgência e emergência. A Atenção Ambulatorial, portanto, por não envolver internação, auxilia a atender à grande demanda de serviços nos hospitais, permitindo ampliar o acesso a diversas especialidades. Nesse sentido, as informações sobre os procedimentos realizados nos ambulatórios do SUS são fundamentais para o serviço de faturamento a fim de que seja realizada a cobrança dos serviços prestados. O registro de tais procedimentos ocorre por meio do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), que auxilia a verificar a produção ambulatorial, possibilitando visualizar os gastos, as despesas e demais elementos importantes para a formação de contas hospitalares. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá mais sobre as principais características e segmentações dos procedimentos ambulatoriais realizados no SUS, bem como aprenderá sobre os processos de faturamento das contas a partir do SIA/SUS e as principais ferramentas e instrumentos utilizados nesse contexto. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os procedimentos ambulatoriais e sua segmentação dentro do SIA/SUS.• Descrever o processo de faturamento das contas ambulatoriais a partir do sistema SIA/SUS. • Identificar as principais ferramentas de cobrança e os indicadores gerenciais do SIA/SUS.• INFOGRÁFICO Os serviços ambulatoriais do SUS têm como base de suas operações o SIA/SUS, uma vez que esse sistema é responsável pelo fluxo de informações envolvidas no ambulatório. Tal fluxo, portanto, necessita de uma série de etapas para que os dados gerados sejam transformados em informações, que devem ser administradas com eficiência para gerar resultados para a instituição. Neste Infográfico, você saberá mais sobre as definições de cada etapa do fluxo de informações, as ferramentas usadas e as características do processo. CONTEÚDO DO LIVRO Os serviços ambulatoriais do SUS desempenham um importante papel no serviço de faturamento por meio do SIA/SUS. Com as informações oriundas desse sistema, é possível avaliar a produção ambulatorial e produzir as contas hospitalares. Assim, é fundamental que os gestores que atuam no serviço de faturamento tenham conhecimento sobre os procedimentos e serviços realizados no ambulatório do SUS e seus impactos nas contas hospitalares. No capítulo Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS, da obra Faturamento e auditoria em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizado, você conhecerá mais sobre as características dos procedimentos realizados nos ambulatórios do SUS, bem como sobre o fluxo de informação envolvido e as principais ferramentas e instrumentos utilizados nesse contexto. Boa leitura. FATURAMENTO E AUDITORIA EM SAÚDE Bárbara Foiato Hein Machado Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os procedimentos ambulatoriais e sua segmentação dentro do SIA/SUS. Descrever o processo de faturamento das contas ambulatoriais a partir do sistema SIA/SUS. Identificar as principais ferramentas de cobrança e indicadores ge- renciais do SIA/SUS. Introdução O conhecimento sobre os procedimentos realizados nos ambulatórios do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como as informações oriundas da atuação do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) nesse contexto, é fundamental para os gestores que estão envolvidos nos processos de coordenação e auditoria dos serviços de saúde da rede ambulatorial do SUS pelas justificativas que detalharemos ao longo dos nossos presentes estudos. Neste capítulo, você conhecerá mais sobre os tipos de procedimentos ambulatoriais realizados via SUS e como eles interagem com as funções do SIA/SUS. Além disso, você também compreenderá quais são os impactos do SAI/SUS no faturamento de contas ambulatoriais, além das principais ferramentas de cobrança e dos principais instrumentos gerenciais envol- vidos nesse processo. 1 Os procedimentos ambulatoriais no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS São considerados serviços ambulatoriais aqueles que possuem densidade tecnológica intermediária, podendo ser um atendimento clínico com diagnóstico, tratamento e reabilitação, desde que não haja permanência do paciente em leito hospitalar por 24 horas ou mais, posto que essa exigência caracterizaria a necessidade de uma autorização de interna- ção hospitalar (STURGESS; PROUDFOOT, 2009). No que concerne à atenção ambulatorial especializada, Canonici (2014, p. 3) discute que se trata de “[...] segmento ou nível de atenção caracterizado por elevada fragmentação, com frágil interação com os demais níveis de atenção e dificuldades operacionais significativas [...]”. Nesse contexto, o SIA/SUS atua como a principal fonte de dados sobre os atendimentos ambulatoriais realizados via SUS. De acordo com o Manual de Operação do SIA/SUS (BRASIL, 2016a), esse sistema teve origem em 1992, sendo efetivamente implantado mais tarde, em 1995, com vistas a financiar os atendimentos ambulatoriais. Para isso, o SIA/SUS é composto por três instrumentos fundamentais: o boletim de produção ambulatorial, a autorização de procedimento ambulatorial e o registro das ações ambulatoriais de saúde. Por intermédio dessas ferra- mentas, o SIA/SUS busca gerar “informações referentes ao atendimento ambulatorial que possam subsidiar os gestores estaduais e municipais no monitoramento dos processos de planejamento, programação, regulação, avaliação e controle dos serviços de saúde, na área ambulatorial” (BRASIL, 2016a, p. 5). Dessa maneira, a produção ambulatorial do SUS pode ser verificada por meio do SIA/SUS, o qual é processado pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e gerido pelo Ministério da Saúde, dispondo de informa- ções relacionadas aos procedimentos a partir da implantação da tabela de procedimentos, medicamentos, órteses/próteses e materiais especiais do SUS, gerenciada pelo Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/Próteses e Materiais Especiais do SUS (SIGTAP). Segundo Tanaka e Drumond Júnior (2010, p. 357), “[...] na tabela de procedi- mentos do SIA estão contempladas ações básicas, de urgência, especializadas e de apoio diagnóstico e terapêutico ocorridas em ambulatórios, pronto- Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS2 -socorros e pronto-atendimentos públicos e contratados do SUS [...]”. Além da tabela de procedimentos do SUS, o SIA/SUS também utiliza o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a ficha de programação orçamentária magnética — muitas vezes conhecida apenas pela sigla FPO-Mag — e os apli- cativos BPA-Mag, APAC-Mag e RAAS — relativos aos boletins de produção ambulatorial, às autorizações de procedimentos ambulatoriais e ao registro das ações ambulatoriais de saúde, respectivamente — para processamento e geração de informação. Ademais, a produção ambulatorial do SUS articula-se em três níveis de gestão, quais sejam: as Secretarias Municipais de Saúde, as Secretarias Esta- duais de Saúde e o Ministério da Saúde, além dos estabelecimentos de saúde, os quais prestam serviços no âmbito desse setor. O fluxo de atendimento varia conforme o tipo de procedimento realizado, o qual pode ser de dois tipos, a saber (BRASIL, 2016a): Procedimentos que exigem autorização prévia: são os procedimentos principais e secundários, conforme a definição do SIGTAP. Vale atentar- mos ao fato de que um procedimento secundário só pode ser registrado junto a um procedimento principal com o qual seja compatível, osquais são registrados pelo aplicativo APAC-Mag. Então, ocorre a emissão do laudo para solicitação — ou autorização de procedimentos ambulatoriais —, o qual justifica a solicitação de determinado procedimento a ser autorizado pelo órgão autorizador. Procedimentos que não exigem autorização prévia: são registra- dos por meio dos aplicativos BPA-Mag e RAAS, sendo que esse se- gundo possui particularidades relacionadas ao atendimento de atenção psicossocial. Em conformidade com o Manual de Processos de Trabalho do Faturamento (UNICAMP, 2012), o boletim de produção ambulatorial consolidado in- clui procedimentos de menor complexidade, tais como consultas de exame laboratorial, raio-X, entre outros. Já o boletim de produção ambulatorial individualizado inclui procedimentos especializados, tais como ressonân- cia magnética, medicina nuclear, tomografia, fisioterapia, etc. Por fim, a autorização de procedimentos ambulatoriais refere-se aos procedimentos especializados e de maior complexidade, a exemplo de quimioterapia, radio- terapia, saúde auditiva, cateterismo e outros. 3Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS O Manual de Operação do SIA/SUS (BRASIL, 2016a, p. 20) especifica quem é o responsável por autorizar ou não autorizar os procedimentos que são enviados da seguinte forma: São considerados como órgão emissor/autorizador: o nível central das Secreta- rias Estaduais e Municipais de Saúde, seus órgãos administrativos e hospitais públicos. Os profissionais representantes desses órgãos, para serem autori- zadores, são designados pelos gestores estaduais e municipais e devem ser profissionais de nível superior da área de saúde, devidamente treinados e com conhecimento das normas específicas dos procedimentos a serem autorizados. Entre outros motivos, a rejeição de autorização de procedimentos pode ocorrer quando: a) há inconsistências no procedimento principal, o qual é classificado como inválido, não admitido para determinada condição, etc.; b) o procedimento exige habilitação não encontrada no Cadastro Nacio- nal de Estabelecimentos de Saúde, de modo que não há equipamento adequado, infraestrutura suficiente na instituição, etc.; c) há incompatibilidade entre o procedimento e a competência atual, ou seja, o procedimento registrado no sistema não atende à necessidade real do paciente. Assim, ao analisar os procedimentos apresentados e faturados nos ambu- latórios, é necessário verificar se os registros do prontuário estão em con- formidade com a autorização de procedimentos ambulatoriais e se os dados registrados nas fichas e nos boletins do ambulatório estão de acordo com os procedimentos cobrados ou autorizados que foram lançados no boletim de produção ambulatorial (BRASIL, 2016b). Para saber mais sobre a utilização dos serviços ambulatoriais, comparando essa uti- lização entre o SUS, a saúde suplementar e os serviços privados, sugerimos a leitura do artigo intitulado “Padrões de utilização de atendimento médico-ambulatorial no Brasil entre usuários do Sistema Único de Saúde, da saúde suplementar e de serviços privados”, de Dilélio et al. (2014). Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS4 2 O faturamento ambulatorial pelo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS De acordo com Moya (2014 apud MATHIAS; RACHED, 2019, p. 4527), os sistemas de informação comportam-se de modo ambígua, pois: Ora se comportam como sistema de informação e ora como sistema de fatu- ramento, e ao longo dos anos têm sido utilizados como instrumentos de con- trole, avaliação e auditoria das ações assistenciais associados ao componente faturamento, o uso que se faz dos sistemas é o que define o foco da análise. Nesse sentido, o SIA/SUS atua como fonte de informação para o faturamento da instituição de saúde, já que reúne os dados a serem conta- bilizados nas contas hospitalares, facilitando e qualificando a construção das contas. O processo de faturamento de contas busca apurar os valores de consultas, procedimentos, exames, atendimentos, procedimentos e demais serviços realizados no ambulatório do SUS, os quais são regis- trados no SIA/SUS, permitindo a geração da fatura hospitalar. Em face desse cenário, Mathias e Rached (2019) suscitam algumas questões a serem consideradas, a saber: O monitoramento dos registros está sendo realizado em uma base de dados confiáveis? Os dados registrados transmitem informações precisas sobre a assis- tência prestada? Qual é o grau de confiabilidade dos sistemas de informação utilizados? Os valores financeiros contabilizados são compatíveis com a quantidade de procedimentos realizados? Os procedimentos condizem com as regras definidas no Manual de Operação do SIA/SUS? Também é importante destacarmos qual é a informação que deve ser pro- duzida, qual é a sua relevância para o processo de faturamento de contas, como essa informação será utilizada e como será obtida. Logo, devemos recordar que os métodos e os padrões executados no processamento de informações acarretam impactos significativos no setor de faturamento, podendo evitar, inclusive, a ocorrência de glosas. As glosas ocorrem quando há erros ou 5Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS inconsistências nas contas hospitalares apresentadas, resultando em rejeição de pagamento, o que costuma suceder em função de falhas no processo de codificação de procedimentos, além de: Inabilidade no acesso ao SIGTAP, desconhecimento das regras do sistema, definidas pelo M.S. [Ministério da Saúde], escassez de faturistas, qualificação deficitária dos funcionários que exercem as funções de faturistas e alta rotati- vidade dos colaboradores alocados na atividade de faturamento (MATHIAS; RACHED, 2019, p. 4529). Assim, o Manual de Processos de Trabalho do Faturamento (UNICAMP, 2012, p. 8) discute a organização do serviço de faturamento, destacando que: O Convênio do SUS com a Instituição contempla os financiamentos MAC (Média e Alta Complexidade) e Estratégico. No Financiamento MAC, o ressarcimento é feito através de uma cota preestabelecida em contrato, estipulada pela média histórica. Já no Estratégico, o ressarcimento é através do valor apresentado. Além da importância do ressarcimento financeiro, o Serviço de Faturamento funciona ainda como fonte de informação junto ao Ministério da Saúde, para fins estatísticos, produtividade histórica, planejamento, programação orçamentária e identificação do real perfil de complexidade da instituição. Em meio a essa conjuntura, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde atua como uma das principais bases no processamento de informações do setor de faturamento, visto que permite verificar se a capacidade operacional de determinada competência contempla a produção apresentada nessa mesma competência, ou seja, se o estabelecimento realmente possui estrutura adequada para atender a produção registrada no SIA/SUS (MATHIAS; RACHED, 2019). Por sua vez, o SIA/SUS é o encarregado por registrar os atendimentos realizados nos ambulatórios mediante o boletim de produção ambulatorial, de modo a fornecer relatórios que capacitem os gestores para o desenvolvimento de ações e estratégias de auditoria eficazes e eficientes (MATHIAS; RACHED, 2019; BRASIL, 2016a). Mathias e Rached (2019, p. 4530) ainda destacam que: [...] É preciso que haja alinhamento entre a qualificação, definida no CNES [Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde], capacidade operacional (FPO [ficha de programação orçamentária]) e a produção – BPA [boletim de produção ambulatorial] para a base de dados seja aprovada [...]. Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS6 No boletim de produção ambulatorial, os prestadores de serviços de saúde registram as informações referentes à assistência ambulatorial prestada, sendo realizada a conferência dos valores envolvidos. Já a autorização de procedimen- tos ambulatoriais viabiliza o monitoramento dos procedimentos realizados em determinado estabelecimentopor meio da ficha de programação orçamentária, a qual corresponde a um documento elaborado exclusivamente por procedimento, de modo que o gestor pode definir o nível de produção por estabelecimento. Portanto, o faturamento ambulatorial do SUS é um processo que envolve diversas informações provenientes do SIA/SUS, as quais facilitam os proces- sos de planejamento e avaliação de gastos e despesas dos serviços de saúde. Logo, é fundamental que os gestores tenham pleno conhecimento sobre as ferramentas e os instrumentos utilizados nesse sistema, pois eles refletem na produção das contas hospitalares diretamente. 3 As ferramentas e os indicadores do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS O SIA/SUS possibilita o acesso às informações referentes aos procedimentos ambulatoriais em nível nacional e de forma descentralizada. Para a realização da auditoria, os seguintes instrumentos são necessários (BRASIL, 2016b): Relatório de síntese de produção de autorização de procedimentos ambulatoriais; Relatório de síntese de produção ambulatorial; Sistema Informatizado de Controle de Óbitos da Previdência Social (SISOBI/DATAPREV); Relatório de frequência de procedimentos; SIGTAP; Relatório demonstrativo de autorizações de procedimentos ambulatoriais apresentadas ou aprovadas; Sistema de Informação sobre Mortalidade; Relatório de acompanhamento da produção físico-orçamentária; Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. O Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde é res- ponsável por armazenar os dados cadastrais de instituições de saúde, tais como o número de leitos disponíveis, as especialidades oferecidas, os profissionais 7Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS ativos, entre outros elementos que envolvem a infraestrutura e a mão de obra do estabelecimento. Os dados registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde são extremamente importantes para a revisão das contas hospitalares, pois propiciam a verificação da compatibilidade de determinado serviço ou procedimento com a estrutura da instituição de saúde — isto é, se há infraestrutura adequada para a realização do procedimento desejado, por exemplo. Já o Sistema de Informação sobre Mortalidade diz respeito à obtenção de dados referentes à mortalidade no nosso país com o intuito de elaborar indicadores, análises estatísticas e epidemiológicas, entre outros medidores que auxiliam no planejamento e na avaliação de estratégias a serem elaboradas pelas instituições de saúde. Portanto, as informações presentes no Sistema de Informação sobre Mortalidade podem ser utilizadas como referência em conjunto com o SISOBI/DATAPREV, o qual registra informações rela- cionadas a óbitos com base em cartórios de registro civil para a posterior avaliação de medidas de controle de determinadas doenças que tenham provocado tais óbitos. Por sua vez, o SIGTAP é um instrumento que viabiliza o acompanhamento dos dados e das atualizações de procedimentos realizados, fornecendo também informações sobre características, compatibilidades e especificações de todos os procedimentos realizados no SUS. Trata-se de uma base de dados utilizada como referência na produção e revisão das contas hospitalares. No que tange aos relatórios elaborados no SIA/SUS, podemos destacar o relatório de frequência de procedimentos, o qual possibilita a verificação da frequência com que ocorrem determinados procedimentos em relação à infraestrutura do hospital e às condições técnico-operacionais do atendimento ambulatorial envolvidas, identificando possíveis excessos e prejuízos. Por sua vez, o relatório de síntese da produção ambulatorial abrange procedimentos, atendimentos e outras ações realizadas no ambulatório do SUS, as quais se refletem na produção ambulatorial final, de modo a auxiliar os gestores na identificação de cobranças indevidas, por exemplo. Já o relatório de síntese de produção de autorização de procedimentos ambulatoriais reflete a produção da instituição a partir da autorização de procedimento ambulatoriais, o que envolve a realização de procedimentos em oncologia, terapia de substituição renal, medicamentos excepcionais, facectomia, fotocoagulação a laser, entre outros, classificados como de alta complexidade. Na sequência, o relatório demonstrativo de autorizações de procedimentos ambulatoriais apresentadas ou aprovadas, como o próprio nome já informa, apresenta quais autorizações de procedimentos ambulatoriais Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS8 foram apresentas ou aprovadas diante do autorizador, permitindo identificar erros e cobranças inadequadas de procedimentos. Por fim, há o relatório de acompanhamento da produção físico-or- çamentária, o qual apresenta as metas físico-orçamentárias, viabilizando a comparação entre o que tem sido feito entre as competências e o que foi idealizado com vistas à realização de ajustes e adequações que respeitem a limitação do teto financeiro da instituição. Além dos instrumentos supramencionados, é importante assinalarmos as fontes de dados que compõem o SIA/SUS, entre as quais podemos citar como principais as seguintes: Boletim de produção ambulatorial: é utilizado para o registro do atendimento ambulatorial no SUS e divide-se em: ■ Boletim de produção ambulatorial consolidado magnético: os registros são realizados de forma agregada de acordo com a quanti- dade de serviços realizados por mês de competência; ■ Boletim de produção ambulatorial individualizado magnético: os registros são feitos individualmente, possibilitando a verificação de informações sobre os usuários do SUS e as suas condições por intermédio da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). Autorização de procedimento ambulatorial: necessita de autorização prévia para registrar os dados do paciente e da utilização dos serviços por ele, podendo ser: ■ Autorização de procedimento ambulatorial inicial, ou de conti- nuidade: quando pode ser apresentada em diversas competências; ■ Autorização de procedimento ambulatorial única: quando pode ser apresentada uma única vez. Registro de ações ambulatoriais de saúde: visa monitorar ações e serviços de saúde, organizando-se em atenção domiciliar e psicossocial. Fundamentados no que estudamos ao longo deste capítulo, podemos afir- mar que os instrumentos e as ferramentas do SIA/SUS propiciam a análise e a avaliação do desempenho dos serviços por meio do fluxo de informação envolvido, o qual pode auxiliar no faturamento ambulatorial da instituição, uma vez que o processamento de contas pauta-se pelas informações do SIA/ SUS. Assim sendo, podemos constatar que o SIA/SUS desempenha um papel fundamental nos serviços ambulatoriais realizados via SUS, pois contribuem com a gestão das informações relacionadas aos procedimentos promovidos 9Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS nesse âmbito. Isso permite que os gestores analisem a utilização dos serviços com base no processamento, no registro e na difusão de dados. Nesse sentido, é essencial que haja a capacitação e a conscientização acerca da utilização de sistemas de informações por parte dos gestores que atuam na área da saúde, de modo que eles possam exercer as suas funções a partir de referências confiáveis. Para conhecer mais sobre as operações, os instrumentos e as ferramentas presentes no SIA/SUS, recomendamos a leitura do guia Auditoria no SUS: noções básicas sobre sistemas de informação, organizado pelo Ministério da Saúde em 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Re- gulação, Avaliação e Controle. Coordenação Geral de Sistemas de Informação. SIA: Sistema de Informação Ambulatorial do SUS: manual de operação do sistema. Brasília: Ministério da Saúde, 2016a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departa- mento Nacionalde Auditoria do SUS. Auditoria nas assistências ambulatorial e hospitalar no SUS: orientações técnicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2016b. CANONICI, E. L. Modelos de unidades e serviços para organização da atenção ambulatorial especializada em Sistemas Regionais de Atenção à Saúde. São Paulo: Proadi-Sus, 2014. MATHIAS, D.; RACHED, C. D. A. Valor financeiro como indicador da acuracidade da base de dados-SIA/SUS. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 5, n. 6, p. 4525–4535, 2019. STURGESS, I.; PROUDFOOT, A. Ambulatory care: what is it and do we need it? British Journal of Hospital Medicine, London, v. 70, supl. 1, p. 15–18, 2009. TANAKA, O. Y.; DRUMOND JÚNIOR, M. Análise descritiva da utilização de serviços ambulatoriais no Sistema Único de Saúde segundo o porte do município, São Paulo, 2000 a 2007. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 19, n. 4, p. 355–366, 2010. UNICAMP. Hospital de Clínicas da UNICAMP. Manual de processos de trabalho do fatura- mento. 2. ed. Campinas: Hospital de Clínicas da UNICAMP, 2012. Disponível em: https:// intranet.hc.unicamp.br/manuais/faturamento.pdf. Acesso em: 02 set. 2020. Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS10 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. Coorde- nação-Geral de Desenvolvimento, Normatização e Cooperação Técnica. Auditoria no SUS: noções básicas sobre sistemas de informação. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. DILÉLIO, A. S. et al. Padrões de utilização de atendimento médico-ambulatorial no Brasil entre usuários do Sistema Único de Saúde, da saúde suplementar e de serviços privados. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 30, n. 12, 2014. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csp/2014.v30n12/2594-2606/. Acesso em: 02 set. 2020. 11Faturamento de procedimentos ambulatoriais pelo SUS DICA DO PROFESSOR Dada a complexidade nos processos de informações, o SIA/SUS, como a maioria dos sistemas de informações disponíveis, apresenta vantagens e desvantagens que impacam nos serviços de saúde, inclusive no setor de faturamento. Assim, é necessário que os gestores tenham conhecimento sobre as características dos sistemas. Nesta Dica do Professor, você conhecerá mais sobre as desvantagens do SIA/SUS e os possíveis impactos delas nos serviços ambulatoriais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! NA PRÁTICA A informação e a forma como ela é processada trazem impactos significativos para o setor de faturamento. Isso porque os erros e as inconsistências nos dados provocam prejuízos financeiros para a instituição Conheça, em Na Prática, um estudo que propõe um instrumento para auxiliar os gestores do setor de faturamento de um ambulatório, qualificando os processos de informação com base em dados do SIA e do SIGTAP. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Faturamento Hospitalar - FPO x Faturamento BPA Neste vídeo, você verá uma discussão sobre o processo de faturamento realizado a partir da Ficha de Programação Orçamentária (FPO) e do BPA. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sistemas de informações em saúde como ferramenta de gestão das ações de média complexidade ambulatorial no âmbito do SUS Nesta Dissertação, você verá uma análise da utilização de sistemas de informação como instrumento de apoio aos gestores nos processos decisórios realizados na modalidade ambulatorial do SUS. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Análise espacial das informações de vigilância sanitária lançadas no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS nas Regiões Intermediárias de Articulação Urbana do IBGE Neste artigo, você verá uma análise das ações de vigilância sanitária com base nos registros do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar