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1 PROF. MARDEN MATTOS – ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DANIELE BARBOSA DE MEDEIROS – GAMA XIV Hemograma – 05/08/2021 Introdução: O hemograma completo é um tipo de exame que analisa informações específicas sobre os tipos e quantidades dos componentes no sangue, como: hemácias, leucócitos e plaquetas. Esse exame serve para confirmar ou indagar um diagnóstico, monitorar algum tratamento que está sendo feito pelo paciente ou apenas para procurar alguma alteração no organismo do indivíduo. Durante a coleta do sangue existem diferentes tipos de tubos para determinados tipos de exames a serem feitos. O tubo de tampa roxa tem um anticoagulante chamado EDTA que preserva as características morfológica das hemácias durante um período maior, usado para realização do hemograma. O tubo de tampa vermelha e amarela não possuem anticoagulante, usado principalmente em analises hormonais. O tubo de tampa azul possui um anticoagulante chamado citrato de sódio que vai inibir alguns fatores da coagulação, mas vai preservar a maioria, usado para avaliar o coagulograma. Hematopoese A hematopoese é a produção das células sanguíneas (vermelhas, brancas e plaquetas). Durante o período embrionário esse mecanismo acontece no fígado e no baço, e após o nascimento e desenvolvimento da criança o processo da hematopoese é todo feito na medula óssea. A medula é encontrada no interior dos ossos e contém células- tronco hematopoiéticas que produzem os componentes do sangue. Nas regiões mais proximais das epífises de ossos longos, como as epífises proximais do fêmur, encontra-se a polpa vermelha responsável pela atividade de produção sanguínea. O processo da hematopoese acontece por mecanismo de diferenciação. Isso se deve ao fato de que dentro da medula óssea existem células pluripotentes chamadas de células tronco, todavia essas células que estão dentro da medula já são células adultas, ou seja, possuem limitação na capacidade de diferenciação, são elas as células mieloides e as células linfoides. 2 PROF. MARDEN MATTOS – ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DANIELE BARBOSA DE MEDEIROS – GAMA XIV A célula linfoide é mais limitada e só gera por diferenciação linfócitos maduros, linfócitos T, B e células NK. No entanto, a célula mieloide consegue oferecer todo o restante das células que são encontradas no sangue, inclusive os megacariócitos que dão origem as plaquetas após a fragmentação do seu citoplasma. Saber isso é importante, visto que, quando se pega um hemograma eventualmente pode-se observar células jovens. Por exemplo, 65% de mielócito e 30% de pro mielócito, ou seja, um percentual alto de células blasticas, isso é chamado de desvio a esquerda, só que nesse caso é um desvio a esquerda muito profundo visto que se observa células de linhagens intramedulares que não deviam estar na circulação periférica. Quando isso acontece o que você vai pensar? Leucemia, linfoma ou mielodisplasia. Você vai tratar esse paciente com antibiótico? Não né! DESVIO A ESQUERDA: o desvio à esquerda pode ser definido como aumento de neutrófilos não segmentados ou imaturos (mielócitos, metamielócitos e bastões) no sangue periférico. Está associado principalmente a infecções bacterianas, quando há consumo de neutrófilos, de modo que a medula óssea é estimulada a liberar células imaturas. Quando ocorre uma infecção bacteriana comum, nós precisamos de uma inflamação aguda para combatê-la. A célula que participa do primeiro momento da inflamação são os neutrófilos, então quando você pegar o hemograma vai estar lá uma leucocitose mostrando que o global está aumentado com neutrofilia e desvio a esquerda. A neutrofilia é porque aumentou as células maduras, o neutrófilo segmentado, e o desvio a esquerda pois aumentou o percentual de bastonetes apenas. A medula óssea está produzindo tanta célula que não está dando 3 PROF. MARDEN MATTOS – ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DANIELE BARBOSA DE MEDEIROS – GAMA XIV tempo de amadurecer todas, então alguns bastonetes vão sair para circulação periférica gerando esse desvio. Na linhagem dos eritrócitos existe uma grande possibilidade de ter aumento dos reticulócitos e de eritroblastos quando se faz a contagem separada. Quando ocorre o aumento de células jovens na linhagem das hemácias? Sequestro esplênico, alterações que levam hiperesplenismo. Nesse caso haverá um sequestro esplênico gerando mecanismo hemolítico importante, diante disso a medula tende a compensar liberando mais células e várias delas imaturas. As anemias hemolíticas também aumentam as células jovens na linhagem das hemácias, visto que está ocorrendo destruição das mesmas. Aumentou reticulócito tem alguma coisa errada, algum mecanismo que está levando a destruição. Pessoas com sangramento também apresentam aumento dos reticulócitos. Qualquer situação que leve a destruição de hemácias ou perda de hemácias por sangramento estimula o aumento de reticulócitos. Mais de 2% de reticulócitos com DHL elevado associado a diminuição de hemácias, de hemoglobina e hematócrito sugere processo hemolítico com sequestro esplênico, todavia para chegar à conclusão de fato é necessário exames mais complexos e refinados. Entender o processo da hematopoese e que ele acontece por mecanismos de diferenciação ajuda a entender a interpretação do hemograma. A célula mieloide se diferencia em mieloblasto, o mieloblasto se diferencia em promielocito, mielócito, metamielocito, bastonetes e neutrófilos segmentado, mas o mieloblasto pode se diferenciar em eosinófilo imaturo e em eosinófilo bastonete e segmentado, basófilo imaturo, basófilo bastonete e segmentado. Devido a isso, ocorre um processo de diferenciação celular até originar a célula madura, entre ou durante esse processo de diferenciação no hemograma eventualmente pode aparecer células jovens, isso significa que está ocorrendo algum problema intramedular, perdeu a capacidade de controle de proliferação das células e geralmente tem relação com neoplasias. Por exemplo, uma infecção bacteriana, paciente com sepse, o hemograma dele com 32mil leucócitos, uma leucocitose muito significativa, 90% de neutrófilo segmentado e 8% de bastonetes, neutrofilia com desvio a esquerda muito significativa, paciente ciclando febre. Agora você pega o paciente ambulatorial e o hemograma dele 200mil leucócitos com 80% de blastos, é diferente né? Você vai dar antibiótico? Não né, não é infecção bacteriana, o problema é bem mais complexo! Você encaminha para o hematologista, não dá antibiótico não! As hemácias são células ovais, um disco bicôncavo, anucleadas em que a hemoglobina fica nas extremidades tendo um alo central de cor mais pálida, esse alo pode aumentar de tamanho relacionado com as baixas da hemoglobina, hipocromia. Hipercromia é mais raro de observar. Quando se pensa na linhagem dos linfócitos, eles se dividem em granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e agranulócitos (monócito e linfócito). Durante o processo inflamatório os grânulos são liberados e possuem ação proteolítica, de destruição de agentes infecciosos. O eosinófilo e o basófilo liberam grânulos que possuem ação vasodilatadora. Monócito é um apresentador de antígeno e faz fagocitose. Neutrófilo, bactéria, inflamação aguda, eosinófilo e basófilo alergia, atividade imune para parasitos, linfócitos microrganismo intracelulares associado a um aumento de monócitos. 4 PROF. MARDEN MATTOS – ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DANIELE BARBOSA DE MEDEIROS – GAMA XIV O hemograma completo é formado por três partes o eritrograma, leucograma e o plaquetograma. O eritrograma faz contagem de hemácias e avaliação morfológica delas, a dosagem de hemoglobinas, o percentual do hematócrito e os índices hematimétricos, VCM, HCM, CHCM sendo esses calculados pelo citometro, cálculos matemáticos, laboratorialmente atravésdo esfregaço também é possível saber como essas células estão, para conferir se está batendo com o VCM, HCM e CHCM. Fazer lâmina é importante para agregar ao resultado gerado pelo aparelho. O leucograma traz a contagem global e a diferencial. A contagem global é quando se conta todos os leucócitos por milímetro cubico de sangue, tudo junto, leitura geral da quantidade de células de defesa que o paciente está tendo, se o global está aumentado passa informação que provavelmente tem algum processo inflamatório instalado no organismo daquele paciente. Já a contagem diferencial é quando conta as células separadamente, só neutrófilo, só basófilo, só monócito. Exemplo, paciente anginoso, CK-MB e troponina elevado, você pega o hemograma dele e está com leucocitose, vai dar antibiótico? Não né? Processo inflamatório no coração é agudo, gerou inflamação, aí você pega leucocitose com neutrofilia, o cara infartado você vai da antibiótico para ele? Não né? Não se pode generalizar, leucocitose com neutrofilia é 100% infecção bacteriana? Não! Primeiro a história clinica né, bom senso. O plaquetograma ou estará aumentado ou diminuído, quando o laboratório faz lâminas consegue diferenciar variação morfológica plaquetária. Eritrograma No eritrograma a primeira coisa que irá se olhar é se a hemoglobina está baixa ou não, se estiver baixa o paciente está anêmico. Anemia é a dificuldade de distribuir oxigênio para os tecidos, essa dificuldade leva a sinais clínicos comuns como: cansaço, desânimo, fraqueza, sonolência, palidez de mucosas. Quem vai dar informações importantes para diferenciar o tipo de anemia é o eritrócito (hemácias). Existem anemias em que os eritrócitos estão normais? Sim! Tem anemia em que ocorre alteração na hemoglobina, mas não ocorre alteração nas hemácias. No entanto, também existem anemias em que o número de hemácias vai cair, como anemias hemolíticas e sangramentos. O índice de anisocitose é definido pelo o RDW e para confirmar esse dado deve-se olhar o VCM (volume corpuscular médio das hemácias) se o VCM estiver alto, as hemácias estarão macrocíticas, se o VCM estiver baixo as hemácias estarão microcíticas, mas também existe hemácias normocíticas. Além do tamanho das hemácias presta-se atenção no tamanho do alo das hemácias, só que quem vê isso é o biomédico né? Se tiver algum problema e o laboratório não liberar essa observação, como você faz? Você olha o HCM e o CHCM, o que o HCM faz? Ele diz se aquela hemácia possui hipocromia, normocromia ou hipercromia. O HCM e CHCM tem a mesma finalidade? Sim! Mas tem um detalhe, quando você quer avaliar a hipocromia do seu paciente, se ela é significativa durante uma anemia, deve-se tomar cuidado pois existem anemias em que o número de eritrócitos é normal e existem anemias que o número de eritrócitos é baixo. 5 PROF. MARDEN MATTOS – ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DANIELE BARBOSA DE MEDEIROS – GAMA XIV Olha a conta do HCM, o cálculo é dividir a hemoglobina pelo número de hemácias, se tem um paciente anêmico com hipocromia, mas o número de hemácias está baixo, quando você faz o HCM acaba tendo interferência devido ao número de hemácias, logo, o HCM deixa de ser confiável onde o número de hemácias está baixo. Todavia, no CHCM você divide a hemoglobina pelo hematócrito. Apesar do hematócrito ter relação com as hemácias você possui uma interferência menor para avaliação de hipocromia, quando as anemias tiverem número de hemácias reduzido. Durante uma anemia com hipocromia em que o número de hemácias está reduzido o parâmetro a ser levado em consideração para avaliação da hipocromia é o CHCM pois a interferência do calculo é menor.
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