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HEMOGRAMA SÉRIE VERMELHA Prof. Fernanda Osso, PhD Nutricionista graduada pela UFRJ Mestre e Doutora em Fisiopatologia – UERJ Pós doutorado em bioquímica nutricional – UFRJ Pós graduada em Medicina Ortomolecular – UVA Docente e Diretora do NutMed Atendimento especializado em Diabéticos e pré diabéticos fernandaosso_nutri nutmedcursos FORMAÇÃO DE CÉLULAS Produção de hemácias, leucócitos e plaquetas é feita na medula óssea Todas as células se originam das células tronco (stem cell) que são totipotentes FORMAÇÃO DE ERITRÓCITOS Regulação da síntese de eritrócitos (eritropoiese) Como interpretar cada elemento do hemograma série vermelha? Conhecendo o elenco! (VCM) (HCM) (CHCM) 1. Hemácias Passam por vários processos de maturação Reticulócitos: penúltimo na ordem de maturação Normalmente estão em pequena quantidade no sangue (< 2% das hemácias) interpretação Quantitativa: hemácias = anemia hemácias = policitemia Rarefação do ar Pacientes DBPOC interpretação Qualitativa: 1. VARIAÇÕES DE TAMANHO NORMOcítica VGM = 80 - 96 MICROcítica VGM < 80 MACROcítica VGM > 96 Anemia ferropriva Talassemia Deficiência de B12 e de folatos Reticulocitose Fumantes VGM: volume globular médio interpretação Qualitativa: 1. VARIAÇÕES DE TAMANHO Índice de anisocitose: reflete a variação do tamanho dos eritrócitos. Valores referência (RDW): 11,5 – 14,5% interpretação Qualitativa: 1. VARIAÇÕES DE TAMANHO Alteração precoce na def. Fe antes mesmo das alterações do VCM e da diminuição da hemoglobina. Na Anemia ferropriva: tendência à heterogeneidade do tamanho das hemácias; logo, de valores de RDW elevado Talassemia: tende a homogeneidade da população microcítica, levando a valores normais de RDW. Índice de anisocitose:. interpretação Qualitativa: VARIAÇÕES DE COR HIPOcrômica CHCM baixo Percentual de cada hemácia que é composta por Hb Valores referência: 34 +/- 2% NORMOcrômica CHCM normal 2. hemoglobina Principal constituinte das hemácias, a hemoglobina tem como sua maior função o transporte de oxigênio. Ela é composta por um pigmento, o heme, que tem ferro em seu interior, mantido no estado ferroso,e uma proteína, a globina, formada por dois pares de cadeias polipeptídicas que diferem na seqüência dos aminoácidos. 2. hemoglobina Não é influenciada pelo estado de hidratação. 11 g/dL indica investigação. Valores de referência 3. Hematócrito (OU Volume Globular OU Volume Corpuscular) Representa a proporção (em percentual – %) dos eritrócitos no total do sangue. O valor do hematócrito depende do volume ocupado pelos glóbulos vermelhos. Útil na indicação para transfusão e [ ] de hemácias. O valor do hematócrito está baixo em todas as anemias. 3. Hematócrito (OU Volume Globular OU Volume Corpuscular) Sofre influência do volume sanguíneo e de seu estado dilucional (ex: estado de hidratação). Não deve ser utilizado isoladamente no diagnóstico de anemia: ver em conjunto hemoglobina + hematócrito + VCM Valores diminuídos hemodiluição valores aumentados desidratação hemoglobina × 3 = hematócrito Valores de referência Estudo das anemias Avaliação clínica + laboratorial Anemia não é doença de base, mas sim sinal de doenças de base responsável pela alteração sanguínea! Passo 1 Avaliação clínica Avaliação Clínica (“síndrome anêmica”) Dispnéia aos esforços palpitações, taquicardia menor tolerância à esforços cansaço evidente anorexia Tonteira postural cefaléia Descompensação de DCV (angina, ICC) Sinais e sintomas -Relacionados à hipóxia tecidual - anemia crônica x aguda - idade Avaliação História clínica: crucial para investigação etiológica!! Duração, início e sintomas Icterícia e cálculos biliares – sugestivo hemólise Perda ou doação sanguínea Gestação – def. ferro ou folato Recorrências e remissões – investigar def, B12, Fe e folato Geofagia, criofagia – sugere def. ferro Parestesia, ataxia – sugere def. B12 Medicações em uso – investigar interação com Fe, B12 e folato Passo 2 Avaliar se hemograma indica anemia Avaliação Laboratorial É fundamental ter um hemograma inicial de cada pessoa para funcionar como padrão Passo 2: avaliar hemácia, hemoglobina, hematócrito, VCM, CHCM Passo 3 Avaliar se a medula óssea funciona Avaliação Laboratorial Passo 3: avaliar reticulócitos (0,5 a 2,0% das hemácias ou 25.000 a 75.000/mm3) Indice reticulócitos Alto (> 2,5): MO normal, perda de hemácias por hemólise ou hemorragia Indice reticulócitos Baixo (< 2,5): problema para síntese de hemácias na MO (alterações cel tronco, eritropoietina ou substratos) Índice de reticulócitos = reticulócitos (%) × (hematócrito observado / hematócrito normal) Com isso sei : 1. se o paciente é anêmico 2. Se a medula dele funciona 3. padrão celular Mas não sei diferenciar anemias com padrões celulares iguais!! Passo 4 Exames complementares Passo 4 Exames complementares: Microcitose? => ferritina, ferro sérico, transferrina, TIBC (CTLF) e saturação de transferrina Macrocitose? => B12 , ácido fólico, homocisteína e ácido metilmalônico (AMM) Ferritina Indicador mais sensível para a quantidade de ferro armazenada no organismo. Valores de ferritina abaixo do normal indicam diagnóstico de anemia. Para coleta: jejum de 4h Atenção: depleção orgânica acontece antes mesmo de o indivíduo apresentar diminuição dos níveis de hematócrito, hemoglobina, VCM e HCM. Valores de referência: Homem: 36–262 μg/L. Mulher: 20 - 110 μg/L. Mulher pós-menopausa: 24–155 μg/L E se a ferritina estiver normal com hemograma indicando anemia? Ferritina Considerações importantes: Só interromper a suplementação de ferro após normalização da ferritina que indica repleção das reservas. RISCO DE REINCIDÊNCIA DA ANEMIA Não usar hematócrito , Hb, VCM e CHCM sozinhos para parâmetro de avaliação do tratamento Ferritina Considerações importantes: Suplementação de ferro não elevou ferritina? paciente pode não estar tomando adequadamente a medicação presença de sangramento mais rápido que a reposição de hemácias pela medula óssea ferro suplementar não está sendo absorvido (esteatorréia?; doença celíaca?; DII?, hemodiálise?) Indicação de suplementação endovenosa: conduta médica! Transferrina Proteína de transporte do ferro pelo plasma. Está elevada na anemia ferropriva Está reduzida em fase aguda por ser PTN de fase aguda negativa constituída de uma única cadeia polipeptídica com dois locais de ligação, quimicamente distintos, para o ferro valores de referência homem : 215 - 365 mg/dL mulher: 250 - 380 mg/dL TIBC ou CTLF Total iron bind capacity ou capacidade total de ligação do ferro Referência: 250 a 450mcg/dl TBIC Saturação da transferrina % = ferro sérico TIBC -em indivíduos normais, apenas 1/3 dessa capacidade é aproveitada Fe plasma nunca é suficiente para saturar toda transferrina Referencia: 20 a 50% Ferro sérico Importante na anemia ferropriva e hemocromatose ferro sérico < 50 g/dL + saturação da transferrina <16%, há diminuição da eritropoiese antes do aparecimento de microcitose e hipocromia! Valores de referência para ferro sérico: Homem: 60–170 g/dL. Mulher: 50–160 g/dL Anemias microcíticas diagnóstico diferencial Ferropriva 1º momento: normo/normo 2º momento: micro/hipo Fe sérico baixo Ferritina baixa TIBC alto transferrina alta (exceto anemia crônica) Saturação transferrina baixa Tratamento: dieta + suplementação ferro elementar para adultos é de 120 a 200 mg/dia Resposta: -Reticulocitose a partir do 4º dia tto - Hb e Ht ↑ em 2 semanas e normalizam em 4 a 6 semanas - continuar TTO por mais 4 meses Anemia da dç crônica TNF-alfa e IL-1=>dificultam mobilização do ferro da ferritina. Normo/normo – 2/3 casos Micro/hipo – 1/3 casos Fe sérico baixo Ferritina normal ou alta TIBCnormal ou baixo Transferrina baixa Saturação transferrina geralmente normal Tratamento: - Suplementar ferro? - Abordagem para ↓ inflamação? Anemias Megaloblásticas Atenção: O termo megaloblastose não se refere ao tamanho da célula mas sim à defeito no núcleo. A anemia megaloblástica é causa de anemia macrocítica. Principais causas: Def.B12 e ácido fólico B12 folato Anemias megaloblásticas Achados laboratoriais VCM > 130 fl é um forte indicativo de megaloblastose Pode haver anisocitose (investigar anemia mista: ferropriva + megaloblástica) Pode ocorrer pancitopenia Pode haver aumento de indicadores de anemia hemolítica como bilirrubina indireta Reticulócitos baixos Anemias megaloblásticas diagnóstico diferencial CLÍNICO Em geral mesmo quadro anêmico de toda anemia! ATENÇÃO!! Def. de B12 cursa com manifestações neuropsiquiátricas (mesmo com hematócrito ainda normal) e a de folato não! Parestesia em extremidades Desequilíbrio Ataxia Déficit cognitivo Demência e psicose Por que def.B12 cursa com alteração neuropsiquiátrica? B12 é fundamental para síntese da bainha de mielina, que envolve os axônios e é responsável pela condução dos impulsos nervoso. Anemias megaloblásticas diagnóstico diferencial LABORATORIAL Dosar sempre B12 + folato Atenção: é preferível a dosagem de folato eritrocitário, já que o sérico sofre interferência da alimentação do dia. Anemias megaloblásticas diagnóstico diferencial – outros exames úteis LABORATORIAL – ácido metilmalônico (AMM) O ácido metilmalônico apresenta sua concentração aumentada SOMENTE na presença da deficiência de vitamina B12, a def. folato não altera seus valores. A dosagem é feita na urina, soro ou plasma. ATENÇÃO para Situações clínicas que também favorecem a elevação do MMA: insuficiência renal, gestantes, doenças da tireóide aumento intestinal de bactérias produtoras de ácido propiônico (precursor do AMM). AMM Acido succínico B12 Anemias megaloblásticas diagnóstico diferencial – outros exames úteis LABORATORIAL – Homocisteína Está elevada na def. de ambos Avaliação em conjunto com AMM: Ambos aumentados: def. B12 Somente homocisteina aumentada: def. folato Anemias megaloblásticas TRATAMENTO B12: reposição parenteral (conduta médica) ou sublingual A reticulocitose se inicia no 5º dia e as alterações neurológicas melhoram com 4 a 6 meses de TTO Folato: 1 a 5mg/ dia por 3 a 4 semanas CUIDADO: Suplementação de folato isolado => resposta no hemograma => pode mascarar def. B12 => lesão neurológica irreveresível! geralmente def. por disabsorção e não por carência na dieta fernandaosso@nutmed.com.br fernandaosso_nutri nutmedcursos
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