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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 1. Aspectos gerais da Administração ...................................................................................................................................................... 01 2. Papéis e habilidades do administrador ............................................................................................................................................... 03 3. Funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle. Organização: princípios de organização, tipos de estrutura organizacional, centralização e descentralização; tipos de departamentalização ....................................................................................................03 4. Controle: tipos de controle; controle por nível organizacional; ferramentas de controle ................................................................................ 26 5. Comportamento organizacional: motivação, comprometimento organizacional, comunicação e liderança .................................................... 31 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 1 ADMINISTRAÇÃO GERAL Definição e visão geral da Administração Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, processo ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente vem do latim “administrare”, significando “ajudar em alguma coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, executar, administrar”. Na mesma linha, “a palavra administração deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação de governar, de dirigir, de supervisionar, de gerir os negócios próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18). O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São Paulo (2014)1: Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica, ha- bilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir é apresentado a definição das três habilidades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três habilidades do administrador segundo Katz. - habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas específicas por meio da experiência profissional; - habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz; - habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação. A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de supervisão a posição de alta direção. A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de pensar, de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções. Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas. O administrador para ser bem sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva e a atitude. Figura – Níveis Organizacionais e as três Habilidades do Administrador segundo Katz. Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com inten- sidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado; Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia e independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades; 1. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo – Campus São Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 2 Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar as coisas para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas. Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade profis- sional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante: a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos. Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à sustentabilida- de e crescimento dos negócios. Figura – As competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do administrador divi- didos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014). Figura – Papéis do administrador segundo Mintzberg (apud Pereira, 2014) NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 3 Papéis e habilidades do administrador O administrador tem três papéis: Papéis interpessoais, papéis informacionais e papéis decisórios Papéis interpessoais São aqueles desempenhados quando os administradores se relacionam e interagem com as pessoas. São três os papéis inter- pessoais: papéis de chefe (símbolo), líder e ligação (contato). Papel de chefe (símbolo): Eles formalmente representam a organização em várias situações como por exemplo eventos so- ciais. Tem a função de relações públicas, tipo receber visitantes na empresa ou participar de eventos promovidos pelos funcionários como aniversários e casamentos. Papel de líder: Acompanha o desempenho de seus subordi- nados para o melhor andamento da empresa. É responsável pelos seus atos e de seus subordinados. O sucesso e fracasso da empresa está diretamente ligado a ele. Papel de ligação (contato): Oadministrador é o elo de ligação de sua unidade com as demais unidades da empresa ou outras or- ganizações. Ele usa este relacionamento para obter cooperação ou mesmo apoio para determinadas ideias que venha querer implan- tar. Papéis informacionais São aqueles desempenhados quando os administradores tro- cam e processam informações (fluxo de informação). O adminis- trador precisa de informações para tomar decisões. Além disso os subordinados precisam de suas informações para poder desempe- nhar suas funções da melhor maneira. São três os papéis informa- cionais: papéis de monitor (coletor), disseminador e interlocutor (porta-voz). Papel de monitor(coletor): O administrador controla o fluxo de informação. Ele está buscando constantemente informações tanto dentro como de fora da organização. Por causa disso ele é uma pes- soa extremamente bem informada. Papel de disseminador: O administrador informa outras pes- soas da organização. Os funcionários dependem dele para receber as informações necessárias para o bom desempenho das funções. Estas informações podem ser passadas através de reuniões, me- morandos ou outras maneiras. Ele é responsável pelo fluxo de in- formação que vem de fora da empresa e pela informação interna entre os funcionários. Papel de Porta-Voz: O Administrador informa pessoas de fora de sua organização, como por exemplo seus superiores, clientes, fornecedores ou mesmo órgãos de fiscalização do Governo. Papéis decisórios São aqueles desempenhados quando os administradores to- mam decisões. Ele junta todas as informações que tem para tomar decisões mais acertadas. São quatro os papéis decisórios: papéis de empreendedor, solucionador de problemas/ conflitos, alocador/ administrador de recursos e negociador. Papel de empreendedor: Sempre em busca da melhoria da em- presa, o administrador faz mudanças dentro da organização para torna-la mais eficiente ou mesmo para que ela possa se adaptar ao ambiente externo. Papel de solucionador de problemas (administrador de con- flitos): Toda organização têm problemas, e um dos papéis do ad- ministrador é solucionar estes problemas como greves, problemas interpessoais, reclamações, queda de lucro e etc… ele deve achar uma solução que seja menos prejudicial para empresa. Papel de alocador/ distribuidor de recursos: Ele decide onde, por que, como e por quem os recursos devem ser usados. Tanto os recursos materiais e humanos são limitados, por isso, ele deve achar um equi- líbrio na distribuição de recursos para o bom andamento da empresa. Papel de negociador: O administrador é que negocia, pois ele é que tem a autoridade e conhecimento para tomar decisões. Ele negocia com pessoas da empresa, outras unidades e com outras organizações. Ex.: Clientes e fornecedores Habilidades do administrador São três as habilidades do administrador: Habilidade técnica, habilidade humana e habilidade conceitual Habilidade Técnica Habilidade Técnica é a capacidade do administrador de usar procedimentos, técnicas e conhecimentos de um campo específi- co. Estas habilidades podem ter sido adquiridas através de estudos (cursos) ou por experiências práticas. Estas habilidades ajudam em funções que tem uma rotina com padrões técnicos a serem seguidos para se executar uma tarefa. Ex.: contabilidade Esta habilidade é usada pelo líder no nível Operacional Habilidades Humanas Toda organização é formada por pessoas. Saber se relacionar e entender as pessoas é muito importante, pois assim saberá motivá- -las para que exerçam bem suas funções e atinjam os objetivos da empresa de forma mais eficiente. O administrador tendo a habili- dade humana o ajudará a liderar, delegar tarefas, evitar conflitos e principalmente ter maior engajamento dos subordinados. Esta habilidade é usada pelo líder no Nível Intermediário (Ge- rencial ou Tático) Habilidades Conceituais É a habilidade de enxergar a empresa como um todo, sabendo que ela é composta de várias partes, na qual ele deve coordenar e integrar e que qualquer alteração em uma das partes afetará toda a empresa O Administrador deve ter uma visão estratégica e ver não só o que acontece dentro da empresa, mas também o que acontece fora dela, como a situação atual da empresa, o mercado em que está inserida, oportunidades e ameaças que possam estar aconte- cendo para a empresa. Ele deve analisar todas as informações para poder tomar uma decisão correta que ajude a empresa a alcançar seus objetivos. Esta habilidade é usada pelo líder no nível Institucional – Es- tratégico Funções da Administração Planejamento O Planejamento deve ser visto como o processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais efi- ciente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos da empresa (OLIVEIRA, 1999, p.33). Planejar não é prever o futuro! É preparar-se para um futuro desejado. Antecede a deci- são e a ação, em organizações públicas ou privadas. PAPÉIS E HABILIDADES DO ADMINISTRADOR FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS: PLANEJAMENTO, OR- GANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE. ORGANIZAÇÃO: PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO, TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALI- ZAÇÃO; TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 4 Com a ação de planejar, busca-se: • Eficiência: medida do rendimento individual dos componen- tes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados. • Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa. • Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcança- dos e os objetivos propostos ao longo do tempo. No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetivi- dade são assim resumidos por Oliveira (1999): Eficiência - fazer as coisas de maneira adequada; - resolver problemas; - salvaguardar os recursos aplicados; - cumprir o seu dever; e - reduzir os custos. Eficácia - fazer as coisas certas; - produzir alternativas criativas; - maximizar a utilização de recursos; - obter resultados; e - aumentar o lucro. Efetividade - manter-se no ambiente; e - apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo (permanentemente) Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados institucionais da organização. Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o problema que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão. Importância do planejamento A organização pode ser entendida como uma série de com- ponentes – tarefas, indivíduos, organização formal e organização informal – cuja natureza de interação e relação entre si afeta a combinação para se chegar ao produto, definindo o tipo de sistema organizacional. Planejamento, por sua vez, é uma metodologia de administração que consiste em determinar os objetivos a alcançar e as ações a serem realizadas, compatibilizando-as com os meios disponíveis para sua execução. Na esfera das organizações o planejamento pode ser concei- tuado como um processo de gestão desenvolvido para o alcance de uma situação desejada com o máximo de eficiência, eficácia e efe- tividade, buscando a melhor concentração de esforços e recursos. O propósito do planejamento, conforme Djalma P.R. Oliveira (1999), pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Dentro deste raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamentotende a provocar aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos para a empresa. Para este autor, planejamento organizacional é a NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 5 esquematização dos requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos. Como exemplo, cita a estruturação da empresa em unidades estratégicas de negócios. A administração estratégica se ocupa com o futuro da orga- nização, assumindo uma filosofia da adaptação, buscando como resultado a efetividade por meio da inovação ou diversificação visando o desenvolvimento sustentado com atitudes pró-ativas (auto-estimulação...) com posturas de crescimento (conjuntura de oportunidades × fraquezas) ou de desenvolvimento (conjuntura de oportunidades × forças). Seu grande foco é a estruturação da organização com o objetivo de instalar as condições exigidas no esforço de um plane- jamento estratégico que promoverá a organização à níveis de maior competitividade e consequente vantagem no mercado de inserção. Começando com as premissas básicas (negócio, missão, visão, objetivos permanentes), diretrizes, políticas, análise do ambiente externo (oportunidades, fraquezas, concorrência...), do ambiente interno (forças, fraquezas), enfim todas as variáveis relevantes para a formulação do plano estratégico (HERRERA, 2007). GLOSSÁRIO Análise crítica – avaliação global de um projeto, serviço, produto, processo ou informação da organização, com relação a requisitos, objetivando a identificação de problemas e a proposição de soluções. Alta administração – corpo dos dirigentes máximos da orga- nização, conforme definição normativa ou decisão consensual. Geralmente abrange o principal dirigente, o seu substituto imediato e o seu staff. Alto desempenho institucional – corresponde ao nível de excelência no exercício da ação pública que se objetiva alcançar, ca- racterizado pelo pleno atendimento às necessidades dos cidadãos usuários e pela imagem positiva de organização pública e por ser referência em práticas de gestão e resultados. Benchmark – prática ou resultado considerado um referencial ou padrão de excelência, utilizado para efeito de comparação de desempenho. O melhor da classe. Dependendo da abrangência do conjunto de empresas considerado para sua seleção, o benchmark pode ser internacional, nacional, regional ou setorial. Benchmarking – procedimento de comparar processos, prá- ticas, funções e resultados com benchmarkings, para identificar as oportunidades para melhoria do desempenho. Trata-se de um processo contínuo. Essa comparação pode ser feita inclusive com resultados coletados em ramos de atuação diferentes do setor em que atua a organização. Cargo público – ocupação instituída na estrutura do serviço público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades específicas e estipêndio correspondente, a ser provido por um titular. Carreira – no setor público é um conjunto de cargos sujeito a regras específicas de ingresso, promoção, atuação, lotação e remu- neração, cujos integrantes detêm um repertório comum de quali- ficações e habilidades. A carreira é criada por lei e deve aplicar-se às atividades típicas de Estado. O cargo público pode ser isolado ou de carreira. Ciclo para aprendizado – conjunto de atividades visando avaliar, melhorar e/ou inovar as práticas de gestão e os respectivos padrões de trabalho. As organizações devem possuir eventos específicos e pró- ativos para reflexão e questionamento das práticas e padrões existentes e buscar a sua melhoria contínua. Ciclo para controle – conjunto de atividades visando verificar se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão sendo cum- pridos, estabelecendo prioridades, planejando e implementando, quando necessário, as ações de correção e/ou prevenção. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 6 Controle social – acompanhamento e fiscalização das ativi- dades de uma organização, exercidos pelas partes interessadas, pela comunidade, pela sociedade como um todo e pelos meios de comunicação social. Definição dos rumos – procedimento de projetar o estado fu- turo desejado da organização, partindo da sua missão institucional. Desempenho global – desempenho da organização como um todo, explicitado por meio de resultados que refletem as neces- sidades de todas as partes interessadas. Está relacionado com os resultados planejados pela estratégia da organização. Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resultados institucionais da organização. Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. Fatores Críticos de Sucesso – são condições fundamentais que precisam ser satisfeitas para que a instituição ou a estratégia tenha sucesso. Fornecedor – aquele que fornece insumos para os processos da organização, seja um produto, seja um serviço, seja informação ou orientação. No setor público, as relações entre organização e fornecedor, que envolvam a aquisição de bens ou serviços, são regulamentadas por lei e regidas por um contrato administrativo com características distintas das observadas em contratos privados, tais como a exigência de licitação, só dispensável em determinadas situações previstas em lei. Função – atribuição conferida a uma categoria profissional ou atribuída a um colaborador para a execução de serviços eventuais. Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As funções do cargo são definitivas, as funções autônomas são tran- sitórias. Indicador – dado que representa ou quantifica um insumo, um resultado, uma característica ou o desempenho de um processo, de um serviço, de um produto ou da organização como um todo. Pode ser simples (decorrente de uma única medição) ou composto; direto ou indireto em relação à característica medida; específico (atividades ou processos específicos) ou global (resultados preten- didos pela organização como um todo); e direcionadores (indicam que algo pode ocorrer) ou resultantes (indicam o que aconteceu). Indicadores de processo – representação objetiva de caracterís- ticas do processo que devem ser acompanhadas ao longo do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a eficiência e a eficácia dos processos. Informações relevantes – informações que a organização necessariamente tem que conhecer e manter atualizadas como subsídio ao seu processo decisório. Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e prefe- rências dos cidadãos usuários ou das demais partes interessadas. Organização do trabalho – maneira pela qual as pessoas são organizadas ou se organizam em áreas formais ou informais, temporárias ou permanentes, tais como: equipes, áreas funcionais, times, grupos de trabalho, comissões, forças-tarefa e outras. Padrões de trabalho – qualquer meio que oriente o funciona- mento das práticas de gestão, podendo estar na forma de diretrizes organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho, normas admi- nistrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis que se pretende atingir ou qualquer meio que permita orientar a execução das prá- ticas. O padrão de trabalho pode ser estabelecido utilizando como critérios as necessidades das partes interessadas, as estratégias, requisitos legais, o nível de desempenho de concorrentes, informa- ções comparativas pertinentes, normas nacionais e internacionais etc. Parceria institucional – relação de trabalho estabelecida entre duas ou mais organizações públicas e/ou privadas, por meio da qual cada uma desenvolve um conjunto de ações que, integradas, tem a finalidade de atingir a objetivos comuns. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 7 Partes interessadas – são as pessoas físicas ou jurídicas envol- vidas ativa ou passivamente no processo de definição, elaboração, implementação e prestação de serviços e produtos da organização, na qualidade de clientes, agentes, fornecedores ou parceiros. Podem ser servidores públicos,organizações públicas, instituições privadas, cidadãos, grupos de interesse, associações e a sociedade como um todo. Pessoal do Quadro Próprio – Pessoal vinculado ao Regime Jurídico Único ou à CLT, pertencente ao quadro de pessoal do órgão ou de outros órgãos públicos. Pessoal Terceirizado – Pessoal oriundo de empresa contratada para prestação de serviços especializados. Práticas de gestão – atividades executadas sistematicamente com a finalidade de gerenciar uma organização, consubstanciadas nos padrões de trabalho. São também chamadas de processos, métodos ou metodologias de gestão. Pró-atividade – capacidade de antecipar-se aos fatos com ações preventivas e de promover a inovação e o aperfeiçoamento de processos, serviços e produtos. Processo – conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos/ serviços (saídas). Esses processos são geralmente planejados e realizados para agregar valor aos produtos/serviços. Processo crítico – processo de natureza estratégica para o sucesso institucional. Processos de apoio – processos que dão suporte a alguma atividade-fim da organização, tais como a gestão de pessoas, a ges- tão de compras, o planejamento e o acompanhamento das ações institucionais etc. Processo finalístico – processo associado às atividades-fim da organização ou diretamente envolvido no atendimento às necessi- dades dos seus usuários. Qualidade – adequação para o uso (Juran). Fazer certo a coisa certa já na primeira vez, com excelência no atendimento. Totalidade de características de uma organização que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas dos clientes. Referenciais comparativos adequados – indicadores, práticas ou resultados desenvolvidos ou alcançados por organização pública ou privada, que possam ser usados para fins de comparação ou benchmarking. Requisitos – condições que devem ser satisfeitas, exigências legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo, serviço ou produto. São as necessidades básicas dos usuários ou das demais partes interessadas, explicitadas por eles, de maneira formal ou informal, e essenciais e importantes para sua satisfação. Responsabilidade pública – consiste na responsabilidade dos administradores e dos servidores públicos em promover e disse- minar os valores e os princípios fundamentais da Administração Pública e apresentar comportamentos éticos, exercendo um estilo de administração transparente, voltada para a prestação de contas, procurando estar continuamente consciente dos impactos públicos potenciais relacionados com sua atuação. Resultados da organização – são os resultados institucionais obtidos pela organização pública, no exercício de suas principais atividades, de acordo com suas atribuições e áreas de competência. Resultados orçamentários/financeiros – são os resultados relacionados com a utilização eficiente e eficaz dos recursos orça- mentários/financeiros da União ou oriundos de receita própria, me- didos, entre outros, por meio da redução de custos dos processos, pela relação entre o orçamento aprovado e projetos realizados etc. Sinergia – coordenação de um ato ou esforço simultâneo de várias organizações, unidades ou pessoas na realização de uma atividade ou projeto. Combinação da ação de dois ou mais agentes que usualmente gera resultados superiores quando comparado à ação individual desses agentes. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 8 Sistema de liderança – refere-se à forma como a liderança é exercida por toda a organização, de modo a captar as necessidades das partes interessadas e usar as informações para a tomada de decisão e a sua comunicação e condução em todos os níveis. Usuários atuais – todos os cidadãos efetivamente atendidos pela organização ou que têm acesso garantido ao serviço quando dele necessita. Usuários potenciais – todos os cidadãos com direito a receber o serviço prestado pela organização e que não consegue obtê-lo. Valores organizacionais – entendimentos e expectativas que descrevem como todos os profissionais da organização se compor- tam e sobre os quais todas as relações e decisões organizacionais estão baseadas. Visão de futuro – representação do que a organização espera de si mesma e de seu desempenho dentro de um cenário futuro. É uma projeção de si mesma, com base em suas expectativas. Estrutura do planejamento (estratégico, tático, operacional) O Planejamento Estratégico fundamenta-se nos princípios da prevenção de problemas e na visão de longo alcance como estraté- gia para o progressivo desenvolvimento institucional. Como se esta- belecem as diretrizes estratégicas, os fatores críticos para o sucesso e os principais planos estratégicos, e como são desdobrados em planos e metas para todas as áreas, para os fornecedores e parcei- ros da organização, considerando-se os objetivos da organização. O planejamento estratégico consiste em definir-se de maneira clara, participativa e com base em um diagnóstico atual e futuro dos ambientes interno e externo, a direção que se quer dar à organiza- ção, formulando missão, visão e valores, e ainda programar e con- trolar os objetivos, as estratégias2 e os planos de ações definidos. É o modelo de gestão que pauta a administração pública gerencial.3 Figura – Pensamento estratégico Fonte: LONA, Miriam, 2009. Percebe-se que o planejamento estratégico tem, na atualida- 2. “Caminho, maneira ou ação formulada e adequada para alcançar, preferen- cialmente, de maneira diferenciada, os objetivos e desafios, estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente” (Djalma Oliveira). “A estratégia consiste de ações e abordagens comerciais que a gerência emprega para atingir os objetivos de desempenho da empresa. “ (Arthur Thompson). 3. A administração pública gerencial caracteriza-se, entre outras coisas, pela descentralização política (os recursos são transferidos para os níveis regionais e locais) e administrativa, em que os administradores públicos são transforma- dos em gerentes autônomos. Organizações que adotam esse modelo gerencial contam com poucos níveis hierárquicos, e nelas existe confiança limitada, em substituição à desconfiança total, em relação aos funcionários e dirigentes. Trata-se de administração voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 9 de, um amplo leque de definições, especialmente no que tange a abrangência e aplicabilidade (esse conceito refere-se ao processo de planejar como um todo). O plano, por sua vez, refere-se ao documento que consolida e contempla os resultados das atividades desenvolvidas durante o processo de planejamento que, por si só, tem importância secundária, já que o processo de planejamento promove o amadurecimento e desenvolvimento efetivo das pessoas envolvidas e, consequentemente, das empresas. O plano estratégico tem como fim ser o roteiro que deve ser seguido pelos envolvidos na implementação das estratégias e táticas desenvol- vidas durante o planejamento. “Os movimentos estratégicos das empresas referem- se às constantes buscas por vantagens compe- titivas no ambiente econômico onde se desenrola o processo de concorrência.” (ANGELONI e MUSSI, 2008). Os três níveis de decisão em uma organização correspondem aos três tipos de planejamento: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, PLANEJAMENTO TÁTICO e PLANEJAMENTO OPERACIONAL. Planejamento Estratégico 3 a 5 anos Visão, arquitetura, objetivos do negócio Planejamento Tático 1 a 2 anos Alocação de recursos, seleção de projetos Planejamento Operacional 6 meses a 1 ano Atendimento de prazos e orçamento Figura – Níveis de planejamento O Planejamento Estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo e com as ações que afetarão a organização como um todo. Deve-se privilegiar a eficácia, aeficiência e a efetividade. “O processo administrativo que proporciona sustentação metodológi- ca para se esclarecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada” (OLIVEIRA, 2002). O plano que ocupa a categoria “Estratégica” tem como foco a empresa ou unidade de negócios como um todo. Ele aborda todos os aspectos diretos e indiretos vinculados aos negócios, tendo como horizonte temporal o longo prazo, ou seja, tem como objetivo preparar a empresa para o futuro. O mesmo serve, adicionalmente, como orientador para que os planos de nível hierárquico inferior (táticos e operacionais) possam ser elaborados, criando, assim, uma consonância de pensamento entre os diversos níveis de co- laboradores da empresa. Esse é, usualmente, desenvolvido pela alta administração (presidência, diretoria e alta gerência) enquanto que, empresas pequenas e médias empresas, pelos proprietários, diretores e gerentes (Marcos Dortes, 2009). Nível Estratégico Nível Tático Nível NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 10 Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo estratégico e envolve toda a organização; é direcionado a longo prazo; foca o futuro e o destino; tem ação global. É o resultado de análises dos ambientes externos e internos à empresa cujos cenários podem mudar a qualquer momento. Por isso, deve ser sempre monitorado para que os ajustes sejam feitos periodicamente, deixando-os atualizados. Está associado a uma linha de atuação de forma a atingir objetivos de longo prazo. Define qual o negócio da organização, onde ela está hoje e onde quer chegar. Para isso, fixa macro-objetivos que necessitam ser detalhados e compatibilizados com as possibilidades a cada ponto de sua execução. É o caminho a ser seguido pela organização, como forma de responder às mudanças do ambiente. Deve levar em conta: • Ameaças e Oportunidades do ambiente externo • Expectativas da sociedade • Valores (princípios, motivações) • Pontos Fortes e Fracos da Organização No Planejamento Estratégico, premissas são os grandes balizamentos que mediante análise do ambiente interno e externo orientarão as ações da empresa. Servem para comunicar os princípios éticos e as intenções maiores da empresa. As premissas são compostas de: • Missão: Razão de ser da Instituição, do grupo ou organização que planeja. • Visão de Futuro: Situação desejada onde se pretende chegar. • Valores: São crenças, normas, princípios ou padrões que orientam a atuação da organização. Também expressam motivações e necessidades dos componentes das organizações. Figura – Esquema do planejamento estratégico Fonte: Chiavenato, 2005. A situação futura será diferente da situação atual. É fundamental buscar reduzir incertezas e riscos. O planejamento deve ser sistê- mico, único e integrado. A instituição deve estar permanentemente buscando competitividade. As etapas do planejamento estratégico envolvem: • Tendências de mercado • Potencial de mercado • Análise da concorrência • Análise SWOT • Segmentação • Visão (Obstáculos/Resoluções) • Objetivos numéricos de longo prazo • Estratégias para atingir a visão • Pessoas/Pensamento • Execução/Controle NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 11 No entanto, a realização de um planejamento estratégico, por si só, não garante os resultados. É necessário desenvolver o plane- jamento tático e o planejamento operacional, de modo que sejam elaborados os planos de ação de cada item sugerido e implementa- do com o seu devido acompanhamento. As organizações planejam a fim de identificar o que deve ser feito. Para saber qual a direção a ser tomada, é a questão do foco. Não há como identificar necessidades sem ter conhecimento do meio social em que está inserido e de sua realidade interna. Segun- do Mintzberg (1994), a organização precisa planejar porque: • necessita coordenar suas atividades de modo integrado; • necessita considerar o futuro: • Preparar-se para o inevitável; • Ter opções frente ao indesejável; • Controlar o controlável. • precisa de racionalidade através da adoção de procedimentos formalizados, padronizados e sistemáticos; • necessita exercer controle. A questão do que fazer é a fixação dos objetivos que poderão ser desenvolvidos em um planejamento. Planeja-se: 1. Para verificar prioridades – por que fazer? 2. Para estabelecer metas – quando fazer? 3. Para definir estratégias e ações – como fazer? 4. Para estabelecer responsabilidades – quem fará? 5. Para delinear recursos – qual o custo? 6. Para executar e acompanhar. Antes de desenvolver um planejamento estratégico é impor- tante saber que existem muitas metodologias para essa finalidade. Desde a década de 1970, autores clássicos como Ansoff e Steiner passaram a ver a formulação de estratégias como um processo formal, separado e sistemático. O modelo básico de planejamento, desenvolvido por Steiner surgiu dividido em seis etapas: • Fixação de objetivos; • Auditoria Externa; • Auditoria Interna; • Avaliação da Estratégia; • Operacionalização da Estratégia e • Programar o processo. A direção do planejamento estratégico, o nível hierárquico de início, pode ser uma opção. Existem organizações que preferem desenvolvê- la a partir do nível estratégico em direção ao nível ope- racional. A duplicidade de escolhas tem seus aspectos negativos e positivos: • A primeira demanda maior envolvimento da cúpula e pode acarretar falta de comprometimento do nível operacional. Este pro- blema pode ser sanado se a questão motivacional e de explicitação dos benefícios for bem trabalhada. • A segunda busca uma visão geral do que a maior parte dos colaboradores (servidores) deseja. Mas pode não ter nada a ver com o que a cúpula almeja para a organização. Uma forma eficiente de desenvolver um planejamento estraté- gico pode se dar em etapas: Etapa 1 – Pré-diagnóstico Em uma organização esta etapa é visualizada como um “pri- meiro olhar” sobre ela e seu ambiente externo, conversas informais com os dirigentes nos dirão se: - a organização precisa de um planejamento; - quem poderia desenvolver esse planejamento; - quais as expectativas dos dirigentes com relação aos resulta- dos. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 12 Esta etapa é fundamental para que não se inicie o processo de planejamento estratégico em momento errado. Esta avaliação pode ser feita em uma reunião ou em circulação pela organização. Etapa 2 – Sensibilização Uma vez identificada a necessidade de se desenvolver um planejamento estratégico, é fundamental sensibilizar os integrantes de toda a organização para a importância do planejamento, desmis- tificando os “fantasmas” que existem em torno de qualquer ação que provoque mudança. Etapa 3 – Diagnóstico Estratégico Após a etapa da sensibilização, o próximo passo a ser dado é o desenvolvimento de um diagnóstico estratégico mais detalhado da real situação da organização e de seu ambiente externo – meio social. É também chamado de análise situacional. Vale a pena observar que deve ser apenas um roteiro, poden- do- se acrescentar variáveis e alterando o que pensar ser interes- sante, a fim de adaptá-lo à realidade da organização na qual está sendo desenvolvido o diagnóstico estratégico. Para poder otimizar os resultados de qualquer diagnóstico é sempre bom considerar os conceitos de ponto forte, ponto fraco, oportunidade e ameaça: • Ponto Forte: é uma diferenciação da organização que lhe proporciona uma vantagem competitiva; • Ponto Fraco: é um aspecto negativo da organização que lhe proporciona uma desvantagem competitiva; • Oportunidade: é uma força ambiental externa que pode criar uma situação favorável para a organização; • Ameaça: é uma força ambiental externa que cria uma situa- ção de risco para a organização e que não pode ser evitada. Um roteiro no estilo de lista de verificação ou checklist pode ser utilizado para o desenvolvimento estratégico. Etapa 4 – Definição da base estratégica corporativa Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e con- sequentemente slogan, valores e objetivos para a organização. Abordando os temas separadamente, temos que: – A missão deve representar o que a organização quer ser. Tem uma conotação futura. Da mesma forma que a etapa de sensibilização, a definição da missão pode ser feita a partir de uma reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-chave ou até mesmo com todos os colaboradores. Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, se tivermos em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais simples. As questões que devem ser colocadas: • O que devemos fazer? • Qual o perfil de nosso “cliente”? • Como devemos atender nossos “clientes”? Quais meios devem ser escolhidos? • Qual a responsabilidade social que devemos ter? – A visão deve representar um sonho a ser perseguido. Há organizações que querem sobressair pelo tamanho (porte) e outras pela qualidade de seus produtos e serviços, e há ainda as que querem as duas coisas. Cabe a cada organização, e a seu gestor ou gestores, escolher o caminho e o seu sonho. A partir da definição de negócio, pode-se formular um slogan para a organização, que poderá e deverá ser usado como marketing institucional. – Os valores devem representar a forma de conduta de todas as pessoas da organização. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 13 Após a apresentação dos valores de uma organização, desenvolve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que aquele valor é importante para a organização. – Os objetivos estratégicos representam um resultado a ser atingido. Etapa 5 – Definição de estratégias Para cada estratégia definida, deve-se atribuir uma nota aos fatores. Quanto maior o valor atribuído, maior será o nível de gravidade, urgência ou tendência. A matriz GUT entra em ação. Etapa 6 – Definição de Planos de Ação Para cada estratégia definida, um conjunto de ações, para cada ação uma meta e um responsável em administrá-la. Envolvendo todos os níveis hierárquicos no planejamento elaborado dentro de um cronograma de execução. Etapa 7 – Definição de recursos Todos os gastos devem ser calculados, mesmo que a organização não vá gastar além dos desembolsos normais, tendo em vista que a partir do momento que as pessoas estão envolvidas com qualquer tipo de atividade, isso representa gasto para a organização. Etapa 8 – Implementação Nesta etapa, pode-se definir como será deflagrado o processo de implementação do planejamento e deve-se desenvolver um rela- tório detalhado do que foi planejado e distribuído aos responsáveis pelos objetivos, estratégias e ações. E mais, um relatório resumido e personalizado para as outras pessoas. Etapa 9 – Monitoração, Avaliação e Controle Como as mudanças ambientais não param somente porque estamos implementando um planejamento, deve-se definir o responsável pelo monitoramento, isto é, quem irá refazer o diagnóstico estratégico e com qual periodicidade. Segundo Dortes (2009), a atividade de planejamento estratégico não é uma atividade estática, que uma vez realizada termina em si própria. Planejamentos estratégicos devem ser realizados e revisados periodicamente, de forma que as diversas mudanças ambientais possam ser devidamente tratadas, no sentido de que a empresa continue ou efetue ajustes de rota para se manter sempre no melhor caminho que a leve a seus objetivos e consequentemente a seu sucesso. Neste sentido o processo de planejamento estratégico torna-se uma atividade cíclica, com periodicidade de revisão anual ou de bienal. A figura abaixo ilustra um ciclo típico de planejamento. Figura – Dinâmica de planejamento Fonte: Marcos Dortes, 2009. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 14 No conjunto “Ambiente Interno”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente interno da empresa, foco do pla- nejamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os elementos ambientais internos: pontos fortes e fracos, aspectos dos produtos, aspectos da área comercial (estrutura, experiência, número de funcionários, grau de atuação e agressividade, maturidade, política comercial, canais de distribuição etc.), área de marketing, área produtiva, área de logística, dentre outros diversos. Já no conjunto “Ambiente Externo”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente da empresa foco do planejamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento. Os elementos am- bientais externos: riscos, oportunidades, mercados alvo, perfil dos consumidores, hábitos de compra e consumo, concorrência (número de concorrentes, distribuição, grau de agressividade, grau de experiência, posicionamento etc.), aspectos macroeconômicos, político-sociais, tecnológicos, reguladores, dentre outros (DORTES, 2009). A ferramenta mais utilizada para a definição de cenários é a matriz de análise SWOT. O termo vem do inglês e representa as iniciais das palavras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Assim, a análise estratégica da organização se divide em: • Análise do Ambiente Externo – Permite construir uma visão integrada das principais tendências de curto, médio e longo prazos do contexto de atuação, sinalizando as oportunidades4 e ameaças5, no cumprimento de sua Missão e na construção de sua Visão de Futuro. • Análise do Ambiente Interno – Análise das características internas da organização vai revelar, sob um ponto de vista estratégico, as forças6 e fraquezas7, bem como, permite identificar as suas causas. O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos próprios membros da organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele deve ser ressaltado ao máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito. Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a empresa deve conhecê-lo e monitora-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar ameaças nem sempre é possível, no entanto pode- se fazer um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA). Figura – Análise estratégica da organização Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um processo de planejamento estratégico é basicamente um processo de mudança. Ele visa reduzir a lacuna existente entre o ganho de desempenho incremental, decorrente de uma evolução “natural” da situação atual, e o esempenho necessário. Superar essa lacuna demanda alteração do status quo, o que gera processos comuns de reação. A reação diante da mudança tem fonte nas incertezas, novas condições de prestação de contas, alteração nos hábitos profissionais estabelecidos, mudanças técnicas e sociais. Há quatro grupos de posicionamento tipicamente identificados em pessoas envolvidas em processos de mudança. Esses grupos podem ser agregados em dois conjuntos de características comportamentais. O processo de comuni- cação da estratégia precisa levar as pessoas do primeiro grupo ao segundo. 4. Oportunidades são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem contribuir em grau relevante e por longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho. 5. Ameaças são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem prejudicar substancialmente e por longo tempo para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho. De produção Deusuários De capacidade De estabilidade De diversificação - Estabilidade - Nicho - Especialização Expansão Inovação Parcerias - - - Liquidação Redução de custos Desinvestimento - - - Situacional NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 15 6. Forças (pontos fortes) são fenômenos ou condições internas capazes de auxiliarem, por longo tempo, o desempenho ou o cumprimento da missão e dos objetivos. 7. Fraquezas (pontos fracos) são situações, fenômenos ou condições internas, que podem dificultar a realização da missão e o cumprimento dos objetivos. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 16 Figura – conjuntos de características comportamentais Fonte: Conselho Nacional de Justiça-CNJ Os processos de planejamento estratégico definem três graus de intensidade de mudanças nas organizações: • Satisfação = é encontrada nos processos em que os aspectos financeiros relacionados são preocupações básicas, não possuindo, assim, outros desdobramentos tais como expansão, refinamento operacional, melhoria de qualidade ou outros. •Otimização = pode ser considerada um avanço da “Satisfação”, pois busca também, além da otimização e maximização dos aspectos financeiros, a otimização dos processos diversos da organização, porém atêm-se, somente, ao ambiente interno da empresa. • Adaptação = pode ser considerada um avanço da “Otimização”, pois, por ser mais abrangente, estabelece o equilíbrio entre o ambiente interno e externo como preocupação, promovendo, assim, a melhoria constante do processo, independente das alterações do ambiente externo. O Processo de Gestão da Estratégia (PGE) enfatiza três elementos gerenciais, quais sejam: • O ciclo de gestão da operação: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação das operações; • A gestão de projetos: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação da execução da carteira de projetos necessá- rios à implementação de uma dada estratégia (ou, à entrega de uma missão); e, • O ciclo de aprendizado estratégico: diz respeito à avaliação da execução da estratégia escolhida pela organização (ou, à entrega de sua missão). Na análise do ambiente externo, a análise PEST é uma ferramenta do planejamento estratégico, consistindo na análise de quatro variáveis do ambiente externo: Político-legal, Econômico, Sócio-cultural e Tecnológico. Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 05) “O acrônimo PEST é utilizado para identificar quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente quantificáveis: a Política, a Econômica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo afirma que essa ferramenta torna-se mais útil quando utilizada conjuntamente com outros instrumentos de análises, e a limitação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem uma razão de ser. Pois, quando há um excesso de informações, uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma variável importante de lado, perdendo o foco e deixando de agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta de análise qualitativa, Castor (2000) afirma que a utilização de métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas probabilidades a cada uma das variáveis, e feitas avaliações sobre os impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa de alcançar seus objetivos corporativos (SOBER, 2010).8 Na análise do ambiente interno, recomenda-se a Cadeia de valor, que consiste na análise de adequação e suficiência do sequencia- mento dos processos necessários ao fornecimento dos serviços aos clientes. Segundo Kaplinsky e Morris (2000), a cadeia de produção é chamada de cadeia de valor, que consiste no arranjo das atividades necessárias para produzir um bem ou serviço, desde a sua concepção, passando pelas diferentes fases da produção até a entrega para o consumidor final. Sob esse enfoque, os agentes presentes em cada um dos elos da cadeia de produção dão a sua contribuição para aumentar o valor do produto final. Vale ressaltar que o produto que chega ao consumidor final é a soma dos valores adicionados por cada um dos elos ao longo da cadeia produtiva, resultado da ação dos agentes e da coordenação entre eles (BESANKO et al., 2004). Sendo assim, as condições em que o produto chega ao consumidor final depende tanto das atividades internas à organização quanto da sua coordenação com os outros elos da cadeia produtiva da qual faz parte. Vale ressaltar que as relações entre os diferentes elos de uma cadeia produtiva geralmente são desiguais, o que revela a presença de agentes que capturam maior valor do que outros ao longo da cadeia (Roberta de Castro Souza e João Amato Neto, 2005).9 A abordagem do planejamento estratégico e o desdobramento dos planos da organização incluem o desenvolvimento, a tradução e o desdobramento eficaz dos requisitos globais de desempenho (operacional e em relação aos clientes), provenientes da estratégia. Enfatizam, portanto, que a qualidade centrada no cliente e a excelência do desempenho operacional são questões estratégicas críticas que, obrigatoriamente, precisam ser partes integrantes do planejamento da organização. Deste modo, a melhoria e a aprendizagem devem fazer parte das atividades diárias de todas as unidades de trabalho. O papel fun- damental do planejamento estratégico é direcionar o trabalho cotidiano, alinhando-o com as diretrizes estratégicas da organização e assegurando, dessa forma, que a melhoria reforce as prioridades da organização. 8. Obtido em http://www.sober.org.br/palestra/15/744.pdf 9. Obtido em ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/asp1-2-05.pdf http://www.sober.org.br/palestra/15/744.pdf NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 17 O Planejamento Tático são os objetivos de médio prazo. É o planejamento dos subsistemas organizacionais. O plano que ocupa a categoria “Tático” tem como foco os departamentos operacionais da empresa. Com base na visão, ob- jetivos e metas preestabelecidas pelo plano estratégico, os planos táticos tratam de estabelecer seus próprios objetivos e metas que, sendo cumpridos, colaborarão para o cumprimento dos objetivos e metas maiores (Marcos Dortes, 2009). Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo gerencial e envolve cada departamento; é direcionado a médio prazo; foca o mediato; tem Ação departamental. Tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e políticas fixadas no planejamento estratégico. Desenvolve-se em níveis organizacionais inferiores e busca a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente estabelecidos, segundo uma estratégia predeterminada. Visa às políticas orientativas para o processo decisório da empresa. Pode ser: mercadológico, financeiro, de recursos humanos, de produção, organizacional etc. Enquanto o planejamento estratégico relaciona-se com obje- tivos de longo prazo (institucionais) e com maneiras e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, o planejamento tático relaciona- se a objetivos de mais curto prazo e com maneiras e ações que geralmente, afetam somente uma parte da empresa. O Planejamento Operacional está relacionado com os objetivos a curto prazo e com os níveis hierárquicos mais baixos da organi- zação. Consiste nos planos de ação ou planos operacionais, que formalizam o processo de planejamento. “É a formalização, prin- cipalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas” (OLIVEIRA, 2002). O plano que ocupa a categoria “Operacional” ou de “Ação” nada mais é do que um desdobramento dos planos táticos que contempla o detalhamento de ações, recursos, tempos, prazos, enfim, todo o necessário ao cumprimento dos objetivos e metas es- tabelecidas nos planos táticos. Usualmente, são desenvolvidos porchefes de departamento, supervisores ou outros níveis próximos do escalão executivo(Marcos Dortes, 2009). Este tipo de planejamento exige também maior atuação do grupo gerencial e envolve cada tarefa/atividade; é direcionado a curto prazo; foca o imediato/presente; tem ação específica. É a formalização das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas. Apresenta-se principalmente através de documentos escritos. São os planos de ação ou planos operacionais, que corres- pondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático. Seu conteúdo abrange: • Recursos necessários para desenvolvimento e implantação • Procedimentos básicos a serem adotados • Produtos ou resultados finais esperados • Prazos estabelecidos • Responsáveis pela sua execução e implantação Organização O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as orga- nizações têm dois outros componentes importantes: processos de transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3). Maximiano explica: • Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais como satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empregos, promo- ver bem-estar social etc. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 18 • Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das organizações; além dos recursos humanos são necessários recur- sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tempo, conhecimentos, tecnologias). • Processos de transformação – os processos viabilizam o alcan- ce dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de atividades interligadas com início, meio e fim, combinando os recursos para fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de ação de um sistema, sendo os mais importantes: processo de produção (transformação de matérias-primas) e processo de administração de recursos humanos (transformação de necessidades de mão-de-obra em pessoas capacitadas e motivadas para atuarem na organização). • Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pessoas são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos objetivos da organização, sendo que a especialização faz superar limitações individuais. A soma das especializações de cada um produz sinergia, um resultado maior que o trabalho individual. Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização “é a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos e atribuição de trabalho em um departamento para que as atividades possam ser realizadas conforme o planejado”. Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, que cooperam entre si, comunicando-se e participando em ações conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Continua o autor em uma abordagem mais ampla: As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. Isso significa que as organizações são construídas de maneira planejada e elaboradas para atingir determinados objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou que se descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e menor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a constantes mudanças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13). Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicio- nal de divisão de trabalho ao se referir às diferentes atividades e à coordenação existente na organização e aos recursos humanos como participantes ativos dos destinos dessa organização. No que se refere à importância econômica e social, a organi- zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as necessidades são ilimitadas. Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos, infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado. Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não. Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei 10.406, de 2002): • Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas por lei (art. 41); • Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran- geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público (art. 42); • Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda- des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44). Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 19 Funções organizacionais são as tarefas especializadas que ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos e serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes são: • Operações – também chamada de produção, é a responsável pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma- ção dos recursos. • Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro- dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que não visam lucro em suas operações. • Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa-se com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange financiamento (busca de recursos financeiros), investimento (aplicação), controle do desempenho financeiro e destinação dos resultados. • Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas, busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun- cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen- to de mão-de- obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de desempenho e remuneração etc. • Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa- ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem como melhora os processos produtivos para redução de custos. Departamentalização A departamentalização é uma forma de fracionar a estrutura organizacional (divisões, seções, diretorias, departamentos, coor- denações, serviços etc.), objetivando agrupar as atividades que possuem uma mesma linha de ação, de forma a aumentar a eficiên- cia, o controle, e descentralizar a autoridade e a responsabilidade. Representa a divisão do trabalho no sentido horizontal, ou seja, em sua variedade de tarefas, uma vez que a divisão do trabalho no sentido vertical refere-se aos níveis de autoridade. Surge diante da necessidade de se aumentar a perícia, a efi- ciência e a melhor qualidade do trabalho em si, correspondendo a uma especialização de atividade e de conhecimentos. O grau de complexidade/diferenciação estrutural do núcleo operacional está relacionado predominantemente aos seguintes fatores (definidores de critérios de departamentalização): a) dife- renciação de produtos/serviços/áreas de resultado; b) segmentos de beneficiários; c) regiões deatuação; d) temas ou questões re- levantes (vínculos institucionais, assuntos sensíveis que envolvem riscos, regulações governamentais etc.); etc. (MARTINS, 2010). Idalberto Chiavenato, em sua obra Introdução à Teoria Geral da Administração, apresenta os seguintes tipos de departamenta- lização: 1. Por funções (ou funcional). 2. Por produtos ou serviços. 3. Por localização geográfica. 4. Por clientes. 5. Por fases do processo. 6. Por projetos. Departamentalização por Funções Características: Agrupamento das atividades de acordo com as funções principais da empresa. Vantagens: • Agrupa especialistas comuns em uma única chefia. • Garante plena utilização das habilidades técnicas das pessoas. • Permite economia de escala pela utilização integrada de pessoas e produção. • Orienta as pessoas para uma única e específica atividade. • Indicada para condições de estabilidade. • Reflete auto-orientação e introversão administrativa. Desvantagens: • Reduz a cooperação interdepartamental. • Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis. • Dificulta adaptação e flexibilidade a mudanças externas. • Faz com que pessoas focalizem sub objetivos de suas espe- cialidades. Departamentalização por Produtos/Serviços Características: Agrupamento das atividades de acordo com o resultado da organização, ou seja, de acordo com o produto ou serviço realizado. Vantagens: • Fixa a responsabilidade dos departamentos para um produto ou serviço. • Facilita a coordenação interdepartamental. •Facilita a inovação, que requer cooperação e comunicação de vários grupos. • Indicada para circunstâncias externas mutáveis. • Permite flexibilidade. Desvantagens: • Dispersa os especialistas em subgrupos orientados para diferentes produtos. • Contra-indicada para circunstâncias externas estáveis. • Provoca problemas humanos de temores e ansiedades com a instabilidade. • Enfatiza a coordenação em detrimento da especialização. Departamentalização Geográfica Características: Agrupamento das atividades de acordo com o território, região ou área geográfica. Vantagens: • Assegura o sucesso da organização pelo ajustamento às condições locais. • Fixa a responsabilidade de desempenho e lucro em cada local ou região. • Encoraja os executivos a pensar em termos de sucesso no território. • Indicada para empresas de varejo. • Indicada para condições de estabilidade. • Permite acompanhar variações locais e regionais. Desvantagens: • Reduz a cooperação interdepartamental. • Ocorre principalmente nas áreas de marketing e produção. • Inadequada para a área financeira. Departamentalização por Clientes Características: Agrupamento das atividades de acordo com os tipos de clientes servidos. Vantagens: • Quando a satisfação do cliente é o aspecto mais crítico da NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 20 organização. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 21 • Quando o negócio depende de diferentes tipos de clientes. • Predispõe os executivos a pensar em satisfazer as necessida- des dos clientes. • Permite concentrar competências sobre distintas necessida- des dos clientes. Desvantagens: • As demais atividades da organização – produção, finanças – tornam-se secundárias ou acessórias face à preocupação exclusiva com o cliente. • Os demais objetivos da organização – como lucratividade, produtividade, eficiência – podem ser sacrificados em função da satisfação do cliente. Departamentalização por Processo Características: Agrupamento das atividades de acordo com o fluxo do processo produtivo. Vantagens: •Muito utilizada no nível operacional de áreas de produção ou de operações. • Garante plena utilização e vantagens econômicas do equipa- mento ou tecnologia. • A tecnologia passa a ser o foco e o ponto de referência para o agrupamento. • Enfatiza o processo. • Permite ações de reengenharia dos processos e de enxuga- mento. Desvantagens: • Inadequada quando a tecnologia e ambiente são mutáveis. • Pouca flexibilidade a mudanças internas ou externas. • Centraliza demasiadamente a atenção no processo produtivo. Departamentalização por Projetos Características: Agrupamento das atividades de acordo com os projetos planejados pela empresa. Vantagens: • Agrupa equipes multifuncionais em projetos específicos de grande porte. • Ideal para empresas cujos produtos envolvam concentração de recursos e tempo. • Ideal para estaleiros, obras de construção civil ou industrial, hidroelétricas. • Facilita o planejamento detalhado para a execução de produ- tos de grande porte. • Adapta a empresa aos projetos que ela pretende construir. • Unidades e grupos são destacados e concentrados durante longo tempo. • É uma departamentalização temporária por produto. Desvantagens: • O projeto tem vida planejada. É descontínuo. • Quando ele termina a empresa pode desligar pessoas ou paralisar equipamentos. • Produz ansiedade e angústia nas pessoas pela sua desconti- nuidade. Maximiano acrescenta a departamentalização por Áreas do Conhecimento, ou seja, linhas de produto – comum em escolas, laboratórios e institutos de pesquisa. Nessas organizações, os departamentos são criados para realizar atividades especializadas NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 22 nas diferentes áreas do conhecimento, por exemplo: contabilidade, economia, engenharia elétrica etc. “Este tipo de organização pro- move a concentração de pessoas com as mesmas competências e que normalmente têm interesses similares de estudo e ensino. Por isso, facilita o desenvolvimento da competência técnica e a acumu- lação de conhecimentos” (MAXIMIANO, 2010, p.155). Chiavenato, fazendo uma apreciação crítica da departamen- talização, destaca os seguintes pontos: a) constitui ainda hoje o critério básico de estruturação das empresas; b) apesar de crité- rios mais recentes, não se descobriu ainda uma melhor maneira de organizar empresas; c) mesmo a organização por equipes e o modelo adhocrático não conseguiram substituir inteiramente os critérios de departamentalização; d) o departamento (ou unidade organizacional) ainda prevalece apesar de todo o progresso na teoria administrativa. Pinheiro et al (2012) relatam que o Modelo Adhocrático (la- tim ad hoc = para este fim) surgiu como resposta a um ambiente dinâmico e mutável, onde as organizações necessitam de modelos inovadores que rompam com padrões pré-estabelecidos. De acordo com Mintzberg, o modelo Adhocrático propõe um sistema gerencial baseado em projetos, ou seja, sistema provisório, variável e adaptável, no qual as equipes precisam ser enxutas e multidisci- plinares e ter um objetivo específico. Tal formato reduz burocracias, possibilitando maior troca de informações, criando equipes coesas e comprometidas, nas quais os níveis hierárquicos tornam-se horizontalizados, pois cada projeto terá um líder que possua as habilidades necessárias para cumprir os objetivos específicos de cada projeto (MINTZBERG, 2000).10 No artigo “Bases Conceituais de um Modelo de Gestão para Or- ganizações Baseadas no Conhecimento”, o Prof. Heitor José Pereira fala das vantagens do modelo adhocrático: MINTZBERG (1998) cita que as formas organizacionais tradi- cionais não são capazes de introduzir “sofisticação inovadora”. O modelo adhocrático é o que melhor responde a essa necessidade. Numa adhocracia, os gerentes “raramente gerenciam no sentido usual de dar ordens; em vez disso, passam boa parte do tempo agindo na forma de elemento de ligação, para coordenar o trabalho lateralmente, entre as diversas equipes que executam seu trabalho” (MINTZBERG, 1998, p. 239) QUINN (1998) destaca que as grandes companhias inovadoras tentam manter toda a organização horizontal e as equipes de proje- tos pequenas, constituindo-se de seis a sete pessoas, que segundo o autor, propiciam massa crítica de habilidades e o máximo de comunicação e comprometimento entre os membros.Grupos de pequenas equipes multidisciplinares reunidos sem barreiras organizacionais ou físicas para o desenvolvimento de no- vos produtos, utilizados por grandes empresas, imita as práticas das pequenas empresas, o que o autor se refere como “abordagem vale tudo”. Essa abordagem elimina as burocracias, permite comunica- ções rápidas e diretas para experiências e incute um alto grau de identidade grupal e lealdade. Esse ambiente é altamente interativo e inovador (PEREIRA, 2002).11 Delegação As delegações são frequentes no âmbito administrativo. O con- ceito de delegação é exposto por Hely Lopes Meirelles da seguinte forma: Delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente competiam ao delegante. As delegações dentro do mesmo Poder são, em princípio, admissíveis, desde que o delegado esteja em condições de bem exercê-las. O que não se admite, no nosso sis- 10. Obtido em http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/tra- balhosPDF/925.pdf 11. Obtido em http://www.sincor-pr.org.br/arquivos_pdf/bases_ conceituais_para_um_modelo_de_gestao.pdf http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/tra- http://www.sincor-pr.org.br/arquivos_pdf/bases_ NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 23 tema constitucional, é a delegação de atribuições de um Poder a outro, como também não se permite delegação de atos de natureza política, como a do poder de tributar, a sanção e o veto de lei (MEI- RELLES, 1998, p. 107). Meirelles (1998) destaca as seguintes restrições à delegação: • Como emanam do poder hierárquico, não podem ser recusa- das pelo inferior, como também não podem ser subdelegadas sem expressa autorização do delegante. • A delegação de atribuição conferida pela lei especificamente a determinado órgão ou agente. “Delegáveis, portanto, são as atribuições genéricas, não individualizadas nem fixadas como privativas de certo executor (Meirelles, 1998, p.107). Vale destacar a delegação de competência, que o Decreto-lei n. 200 de 1967 considera como princípio autônomo, mas Hely Lopes Meirelles entende ser uma forma de aplicação do princípio da descentralização. Centralização, descentralização e desconcentração De acordo com o Manual de Orientação para Arranjo Institucio- nal de Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão-MP, 2008), o princípio da descentralização de processos de trabalho deve ser aplicado para descongestionar o núcleo central de atuação do Estado. Ana Patricia da Cunha Oliveira comenta no artigo Administra- ção Gerencial o processo de descentralização no Brasil: A Constituição de 1988, em seu artigo 175, até hoje não alterado por emendas constitucionais, é categórica ao atribuir ao Poder Público, (União, dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal), conforme a repartição administrativa de competências plasmada nos artigos 21, 23, 25, 30 e 32 da Carta Política, que a prestação de serviços públicos, de ser realizada por meio de órgãos, agentes e pessoas jurídicas e sua organização encontra-se calcada em três situações fundamentais: centralização, descentralização e desconcentração. [...] A existência da centralização e da descentralização, é o que fun- damenta a estrutura da Administração Pública, em Direta (União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal) e Indireta (Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista), possuindo por excelência uma função executiva de governo. A descentralização administrativa acarreta a especialização na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em termos de técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967, ao disciplinar a denominada – Reforma Administrativa Federal –, o Decreto-Lei nº 200, em seu artigo 6º, inciso III, elegeu a – descen- tralização administrativa – como um dos princípios fundamentais da Administração Federal. Afirmativa de MELLO (2009), é que no processo de descen- tralização de atividades do Estado para o particular, aquele deve demonstrar a regularidade do instituto. “O Estado tanto pode desenvolver por si mesmo as atividades administrativas que tem constitucionalmente a seu encargo, como pode prestá-las através de outros sujeitos.” Da mesma forma ensinava MEIRELLES (2003): “Descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é atribuir a outrem poderes da Administração.” O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, foi o mais sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da ad- ministração federal. Esse dispositivo legal era uma espécie de lei orgânica da administração pública, fixando princípios, estabelecen- do conceitos, balizando estruturas e determinando providências. Apoiava- se numa doutrina consistente e definia preceitos claros de organização e funcionamento da máquina administrativa, eis NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO 24 que prescrevia que a administração pública deveria se guiar pelos princípios do planejamento, da coordenação, da descentralização, da delegação de competência e do controle; estabelecia a distinção entre a administração direta e a indireta, constituída pelos órgãos descentralizados; fixava a estrutura do Poder Executivo federal, indi- cando os órgãos de assistência imediata do presidente da República e distribuindo os ministérios entre os setores político, econômico, social, militar e de planejamento, além de apontar os órgãos es- senciais comuns aos diversos ministérios; desenhava os sistemas de atividades auxiliares (pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, contabilidade e auditoria e serviços gerais); definia as bases do controle externo e interno; indicava diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos; e ainda, estatuía normas de aquisição e contratação de bens e serviços. Do ponto de vista da gestão pública, a Carta de 1988, no anseio de reduzir as disparidades entre a administração central e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade com que contava a administração indireta que, apesar de casos de ineficiên- cia e abusos localizados em termos de remuneração, constituía o setor dinâmico da administração pública. Ela foi equiparada, para efeito de mecanismos de controle e procedimentos, à admi- nistração direta. A aplicação de um regime jurídico único (RJU) a todos os servidores públicos abruptamente transformou milhares de empregados celetistas em estatutários, gerando um problema ainda não solucionado para a gestão da previdência dos servidores públicos, pois assegurou aposentadorias com salário integral para todos aqueles que foram incorporados compulsoriamente ao novo regime sem que nunca tivessem contribuído para esse sistema. Apesar do propalado retrocesso em termos gerenciais, a Constituição de 1988 não deixou de produzir avanços significativos, particularmente no que se refere à democratização da esfera públi- ca. Atendendo aos clamores de participação nas decisões públicas, foram institucionalizados mecanismos de democracia direta, favo- recendo um maior controle social da gestão estatal, incentivou-se a descentralização político-administrativa e resgatou-se a importân- cia da função de planejamento (OLIVEIRA, 2011).12 O Manual do MP esclarece que descentralizar processos organizacionais significa deslocar competências do núcleo central da Administração Pública para uma outra pessoa jurídica. No Poder Executivo Federal, verifica-se a descentralização administrativa por serviços, funcional ou técnica – que ocorre quando o Poder Públi- co cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público. Dá-se por lei e corresponde às figuras das autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas. Também pode ocorrer a descentralização por colaboração, que se verifica quando, por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, se transfere a execução de determinado serviço público
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