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Doença do refluxo gastroesofágico A doença de refluxo é uma patologia de alta frequência na prática clínica diária; sua prevalência atinge 20% no mundo ocidental, sendo um pouco menor nos países asiáticos. O diagnóstico da doença pode ser feito com um questionamento simples na maioria dos casos, na presença de sintomas típicos, como pirose regurgitação, e às vezes pode exigir confirmação com a realização de um teste terapêutico com drogas sendo que ambas as estratégias têm alto valor preditivo para o diagnóstico preciso da DRGE. Esofagite de refluxo Cerca de 1/3 dos pacientes com DRGE apresentam sinais de danos e lesões na mucosa esofágica e constituem o fenótipo da doença erosiva. A presença de achados típicos de enantema, erosão, ulceração e estenose péptica têm especificidade muito alta para o diagnóstico de DRGE. Aproximadamente 2/3 dos pacientes com DRGE apresentam um exame endoscópico normal, formando o grupo de pacientes com doença não erosiva. A gravidade da lesão da mucosa não está relacionada à intensidade dos sintomas e, do ponto clínico, ambos os grupos de pacientes são indistinguíveis. A determinação por endoscopia do fenótipo de apresentação tem implicações no prognóstico e no manejo terapêutico do paciente, especialmente no grau de satisfação e resposta à terapia com i da bomba de prótons. Ana Carolina Thomaz Mendes Doença do refluxo gastroesofágico A doença de refluxo é uma patologia de alta frequência na prática clínica diária; sua prevalência atinge 20% no mundo ocidental, sendo um pouco O diagnóstico da doença pode ser feito com um questionamento simples na maioria dos casos, na de sintomas típicos, como pirose e regurgitação, e às vezes pode exigir confirmação com a realização de um teste terapêutico com drogas IBP, sendo que ambas as estratégias têm alto valor preditivo para o diagnóstico preciso da DRGE. Cerca de 1/3 dos pacientes com DRGE apresentam sinais de danos e lesões na mucosa esofágica e A presença de achados típicos de enantema, erosão, ulceração e estenose péptica têm especificidade Aproximadamente 2/3 dos pacientes com DRGE apresentam um exame endoscópico normal, formando o grupo de pacientes com doença não A gravidade da lesão da mucosa não está relacionada à intensidade dos sintomas e, do ponto de vista clínico, ambos os grupos de pacientes são A determinação por endoscopia do fenótipo de apresentação tem implicações no prognóstico e no manejo terapêutico do paciente, especialmente no grau de satisfação e resposta à terapia com inibidores A classificação mais usada hoje para os achados endoscópicos nas formas de doença erosiva é a Classificação de Los Angeles, que provou ser confiável, apresentando taxas adequadas de concordância entre observadores tanto em centros de excelência quanto na prática usual na comunidade. O uso de uma classificação para a graduação da esofagite erosiva é importante prognóstico e o tratamento do paciente e guia o médico na investigação da fisiopatologia da A classificação de esofagite erosiva classificação de esofagite erosiva distal mais utilizada e mais validada em estudos científicos devido a sua simplicidade para reprodução entre diferentes observadores. As alterações mínimas da TEG (opacidade, edema, vermelhidão, etc) não são contempladas nesta classificação devido a baixa interobservadores. O desenvolvimento e a severidade da erosiva tem relação com o pH do refluxato, bem com o tempo de exposição deste no esôfago. ● GRAU A Uma (ou mais) solução de continuidade da mucosa confinada às pregas mucosas, não maiores que 5 mm cada; A classificação mais usada hoje para os achados endoscópicos nas formas de doença erosiva é a Classificação de Los Angeles, que provou ser confiável, apresentando taxas adequadas de concordância entre ntros de excelência quanto na prática usual na comunidade. O uso de uma classificação para a graduação da esofagite erosiva é importante, pois muda o prognóstico e o tratamento do paciente e guia o médico na investigação da fisiopatologia da DRGE. A classificação de esofagite erosiva – Los Angeles é a fagite erosiva distal mais utilizada e mais validada em estudos científicos devido a sua simplicidade para reprodução entre diferentes As alterações mínimas da TEG (opacidade, edema, vermelhidão, etc) não são contempladas nesta devido a baixa concordância O desenvolvimento e a severidade da esofagite tem relação com o pH do refluxato, bem com o tempo de exposição deste no esôfago. Uma (ou mais) solução de continuidade da mucosa confinada às pregas mucosas, não maiores que 5 mm ● GRAU B Pelo menos uma solução de continuidade da mucosa com mais de 5 mm de comprimento, confinada às pregas mucosas e não contíguas entre o topo de duas pregas; ● GRAU C Pelo menos uma solução de continuidade da mucosa confluente entre o topo de duas (ou mais) p mucosas, ocupando menos que 75% da circunferência do esôfago; ● GRAU D Uma ou mais quebra de mucosa que envolve ao menos 75% da circunferência do esôfago. Pelo menos uma solução de continuidade da mucosa com mais de 5 mm de comprimento, confinada às pregas mucosas e não contíguas entre o topo de duas Pelo menos uma solução de continuidade da mucosa confluente entre o topo de duas (ou mais) pregas mucosas, ocupando menos que 75% da circunferência Uma ou mais quebra de mucosa que envolve ao O emprego sistemático de biópsias endoscópicas antes da descoberta de lesão mucosa só se jus em pacientes com comprometimento imunológico ou na presença de achados endoscópicos que sugerem outra etiologia infecciosa, como ulcerações extensas e profundas, distribuição proximal de lesões, nodularidade ou sinais de esofagite eosinofílica (traqueização, felinização, fragilidade da mucosa). Pacientes com formas de esofagites moderadas ou graves requerem novas endoscopias de controle após a conclusão do tratamento médico para a determinação confiável da cura da esofagite ou da presença de esôfago de Barrett. A única etiologia conhecida para Barrett é a DRGE, logo a presença de esôfago de Barrett confirma o diagnóstico de DRGE. Em contraste, existem outras etiologias além da DRGE que podem erosiva, como: infecções, impactação de medicamentos e alterações inflamatórias. Esôfago de Barrett O EB é uma condição pré-malign pela forma crônica da DRGE transformação do epitélio escamoso normal do esôfago em um revestimento metaplásico de tipo intestinal especializado (MI). É o fator de risco mais relevante para o desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico (ACE). Os pacientes com diagnóstico de DRGE têm 10 a 15% de risco de desenvolver MI, que é observado d endoscópica como uma mucosa congesta de cor salmão no terço distal do esôfago. O objetivo da pesquisa e do acompanhamento de pacientes com EB é identificar aqueles indivíduos com risco de progressão para ACE, uma doença que mantém uma incidência crescente nas últimas quatro décadas e que possui uma letalidade marcada com uma sobrevida de menos de 20% em 5 anos. Diagnóstico EB é diagnosticado por observação endoscópica do deslocamento da junção colunar proximalmente no esôfago distal. A referida mucosa deve ser biopsiada em busca de metaplasia intestinal especializada (epitélio cilíndrico simples com células caliciformes, características do epitélio intestinal). O emprego sistemático de biópsias endoscópicas antes da descoberta de lesão mucosa só se justifica em pacientes com comprometimento imunológico ou na presença de achados endoscópicos que sugerem outra etiologia infecciosa, como ulcerações extensas e profundas, distribuição proximal de lesões, nodularidade ou sinais de esofagite eosinofílica ueização, felinização, fragilidade da mucosa). Pacientes com formas de esofagites moderadas ou graves requeremnovas endoscopias de controle após a conclusão do tratamento médico para a determinação confiável da cura da esofagite ou da de Barrett. A única etiologia conhecida para Barrett é a DRGE, logo a presença de esôfago de Barrett confirma o diagnóstico de DRGE. Em contraste, existem outras etiologias além da DRGE que podem causar esofagite : infecções, impactação de edicamentos e alterações inflamatórias. Esôfago de Barrett maligna adquirida, causada DRGE, que provoca a transformação do epitélio escamoso normal do um revestimento metaplásico de tipo É o fator de risco mais relevante para o desenvolvimento de adenocarcinoma Os pacientes com diagnóstico de DRGE têm 10 a 15% de risco de desenvolver MI, que é observado de forma endoscópica como uma mucosa congesta de cor salmão no terço distal do esôfago. O objetivo da pesquisa e do acompanhamento de pacientes com EB é identificar aqueles indivíduos com risco de progressão para ACE, uma doença que escente nas últimas quatro décadas e que possui uma letalidade marcada com uma sobrevida de menos de 20% em 5 anos. EB é diagnosticado por observação endoscópica do deslocamento da junção colunar proximalmente no esôfago distal. A referida mucosa deve ser biopsiada em busca de metaplasia intestinal especializada (epitélio cilíndrico simples com células caliciformes, acterísticas do epitélio intestinal). Ana Carolina Thomaz Mendes Estudos têm demonstrado que há um aumento significativo na probabilidade de encontrar MI com um número crescente de amostras de biópsia tomadas durante a endoscopia. É por isso que o número recomendado de biópsias aleatórias é de 4 para cada 1 ou 2 cm do segmento de EB. Pacientes com possíveis linguetas de EB menores do que 1 cm não apresentaram displasia em longo prazo e desenvolvimento de ACE, ao contrário de pacientes com segmentos de metaplasia intestinal com mais de 1 cm de comprimento, razão pela qual os primeiros não têm indicação de biópsia. O EB é classificado de acordo com a sua extensão em curto (<3 cm) e longo (>3 cm). Para a sua descrição adequada, é recomendado usar-se a classificação de Praga, que inclui dois critérios: C e M. C refere-se ao comprimento da metaplasia intestinal circunferencial; M refere-se à extensão proximal máxima da MI. Esta classificação é utilizada em todo o mundo para uniformizar o tamanho da mucosa de Barrett entre endoscopistas. Não devem ser incluídas as ilhotas na sua descrição, as quais devem ser descritas separadamente. É de vital importância que os critérios de Praga sejam usados nos laudos, como a distância da ADS à qual se reúnem a junção esofágica gástrica e o hiato diafragmático, a fim de compreender a anatomia esofágica do paciente, que inclui a presença de hérnia hiatal, uma situação importante em pacientes com esta doença. Embora a triagem de EB não seja recomendada na população em geral, sua implementação deve ser considerada em pacientes com DRGE crônica (>5 anos), sintomas semanais e pelo menos dois fatores de risco para EB/ACE:8 ● 50 anos ● Caucasianos ● Tabagistas ● Obesidade central ● História familiar de primeiro grau de EB ou ACE Se uma esofagite erosiva de graus B, C ou D de Los Angeles for observada na endoscopia índice, o procedimento endoscópico deve ser repetido após o tratamento com IBP após 2 a 3 meses, para excluir uma MI subjacente. A metaplasia intestinal inferior a 1 cm ou na JEG é uma condição encontrada em até 20% das endoscopias de rotina. Foi identificada como um estágio sem risco de progressão para displasia e/ou ACE após estudos de longo prazo e como condição associada à infecção por H. pylori. Investigação de displasia em EB: vigilância O objetivo da vigilância nesses pacientes é a detecção de displasia. A descrição histológica do EB é classificada em cinco tipos e sua importância no manejo de pacientes com EB é definir o risco para o desenvolvimento de ACE: 1. Negativo para displasia 2. Indefinido para displasia 3. DBG (displasia de baixo grau) 4. DAG (displasia de alto grau) 5. Adenocarcinoma As biópsias para detecção de displasia devem ser tomadas de acordo com o protocolo de Seattle: 1 por quadrante, a cada 2 cm de EB; e biópsia de 1 quadrante, para cada cm de extensão de EB, se o mesmo tiver um diagnóstico de displasia prévia. As lesões elevadas ou ulceradas e quaisquer outras anormalidades superficiais devem ser biopsiadas e rotuladas separadamente. Em caso da esofagite erosiva conjuntamente com EB, recomenda-se não biopsiar a mucosa de Barrett no momento e, sim, maximizar o tratamento antirrefluxo, uma vez que tais biópsias podem levar a diagnósticos anatomopatológicos errôneos de displasia. Ana Carolina Thomaz Mendes Se a anatomia patológica relatada for “indefinido para a displasia”, sugere-se reforçar o tratamento antirrefluxo e repetir a endoscopia em 3 a 6 meses com novas biópsias para confirmar o diagnóstico. No caso de pacientes com EB com displasia, esse diagnóstico deve ser revisado por dois especialistas em patologia para confirmação. No caso desta certificação, o paciente deve estar informado dos tratamentos endoscópicos disponíveis para a erradicação da doença. A adesão a este protocolo de biópsias é baixa entre a comunidade médica e de pacientes, mas é de fundamental importância para diagnosticar e/ou tratar pacientes com esta patologia, aumentando o rendimento diagnóstico de áreas displásicas, se houver, pois a displasia no EB é geralmente de distribuição irregular (em zonas). A relação direta entre o tempo de observação da mucosa de Barrett e o diagnóstico de áreas de displasia é descrita quanto maior o tempo gasto na observação do EB, maior a possibilidade de achado de displasia nesses pacientes. Também é recomendável prestar atenção especial à mucosa de Barrett no lado direito do esôfago (das 12 às 6 horas), pois este é o setor com maior predileção para o surgimento de AEC. No entanto, a detecção de displasia em pacientes com EB é um marcador imperfeito, uma vez que sofre dificuldades técnicas na coleta de amostras (número de biópsias, erro de amostragem) e uma variabilidade considerável na interpretação de biópsias que é manifestada em um baixo acordo interobservador, tanto na avaliação da presença de displasia quanto na definição do grau da mesma. O acompanhamento dos pacientes com EB em condições ideais deve ser realizado com endoscópios luz branca de alta definição (HD), com esôfago limpo e usando técnicas de cromo-endoscopia eletrônica ou corantes vitais. A tabela a seguir mostra o aumento significativo na sensibilidade e especificidade de diferentes estratégias para melhorar a detecção de displasia das manchas mais comuns. Novos desenvolvimentos apareceram no campo da genética, visando a identificação de marcadores biológicos que permitam definir com altos níveis de confiança a progressão do EB sem displasia para adenocarcinoma. Tratamento endoscópico do esôfago de Barrett Todos os pacientes diagnosticados com o esôfago de Barrett devem ter controle efetivo da exposição ácida do esôfago, para o qual temos duas alternativas: o uso de drogas IBP ou cirurgia antirrefluxo. Os tratamentos endoscópicos para EB são indicados em pacientes com displasia de baixo grau, displasia de alto grau e adenocarcinoma intramucoso, e as modalidades de tratamento endoscópico são o padrão-ouro para seu manejo contra alternativas cirúrgicas com alta morbidade e mortalidade. A aplicação de técnicas endoscópicas em pacientes sem displasia não mostrou boa relação custo-benefício em comparação às estratégias de vigilância e monitoramento. O objetivo do tratamento endoscópico é a destruição do tecido displásico e a erradicação completa da metaplasia intestinal, obtendo-sea restituição do epitélio esofágico normal. Os pacientes que apresentam lesão endoscopicamente visível devem ser submetidos a técnicas de ressecção endoscópica (Mucosectomia/ESD) para fins terapêuticos e para avaliação da lesão, especialmente, em relação à sua extensão e profundidade, pois pode ocorrer comprometimento das margens e/ou invasão de submucosa, o que torna o tratamento endoscópico não curativo. Pacientes sem lesão endoscópica (e aqueles que sofreram ressecção mucosas anteriores) devem ser tratados com métodos de ablação que permitam a erradicação completa do tecido metaplásico Os métodos disponíveis para alcançar isso são a aplicação de radiofrequência, crioterapia e eletrocoagulação com argônio. Ana Carolina Thomaz Mendes Estas modalidades terapêuticas apresentam taxas relativamente boas de erradicação e demonstraram níveis de segurança adequados para que sejam atualmente de aplicação diária na maioria dos centros especializados em todo o mundo.
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