Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO RIO GRANDE DO NORTE THIAGO AUGUSTO XAVIER CAMPOS NATAL-RN, 29/09/2021 CAMPUS NATAL CENTRAL Saneamento Básico O desenvolvimento do saneamento básico no decorrer da história da humanidade se deu de maneira lenta e gradual, e ainda hoje muitas pessoas limitam o conceito de saneamento em água e esgoto, o que não está totalmente errado, mas sabe-se que vai além disso (DÍAZ e NUNES, 2020). O saneamento é um direito assegurado pela lei n°11.445/2007 da constituição e é definido como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais (TRATA BRASIL, 2021). Saneamento Básico Em todo o mundo, uma em cada três pessoas não tem acesso a água potável, duas em cada cinco pessoas não têm um lavatório básico com água e sabão e mais de 673 milhões de pessoas ainda praticam a defecação a céu aberto. (ONU, 2021). Nos dias atuais, a pandemia COVID-19 demonstrou a importância crítica do saneamento, higiene e acesso adequado a água potável para prevenir e conter doenças. No entanto, bilhões de pessoas ainda carecem de saneamento e de água potável (ONU, 2021). História do Saneamento No ano 3750 a.c. babilônicos da cidade de Nipur utilizavam coletores de esgoto. No ano 2750 a.c., egípcios possuíam tubulação de cobre no palácio do faraó Chéops e por volta do ano 2000 a.c., para clarear a água, adotaram o uso de sulfato de alumínio (REZENDE e HELLER, 2002, apud DÍAZ e NUNES, 2020). Os romanos merecem destaque pela preocupação com a higiene. Eles possuiam extensos aquedutos e banheiros comunitários em meados de 400 a.c. (DÍAZ e NUNES, 2020) História do Saneamento Azevedo Netto (1959), mostra cronologicamente já no século XIX e XX, alguns acontecimentos marcantes para a história do saneamento, dentre os quais: 1809 – Adoção de fossas fixas estanques na França. 1848 – Construção da rede de esgotos de Londres. 1855 – Elaboração do projeto do sistema de esgotos de Chicago. 1857 – Execução da rede de esgotos do Rio de Janeiro. 1891 – Invenção dos tanques sépticos de compartimentos superpostos. 1923 – Realização do I Congresso Brasileiro de Higiene. História do Saneamento Obras da rede de esgoto de Londres Fonte: Google imagens Aqueduto da Carioca. Arcos da Lapa no Brasil colonial. Fonte: Google imagens Saneamento e Saúde Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento básico é “o controle de todos os fatores do meio físico de homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-estar físico, mental ou social”. Também menciona o saneamento básico precário como uma grave ameaça à saúde humana. Foto: Fernando Melo Foto: Magnus Nascimento Saneamento e Meio Ambiente Segundo Bovolato (2015), as ações de saneamento devem ter também o objetivo de assegurar um meio ambiente favorável à vida humana e demais seres vivos, uma vez que o homem e suas atividades causam prejuízos de diferentes formas, utilizando a água como meio de transporte de dejetos e rejeitos, contaminando o solo com a deposição de resíduos sólidos a céu aberto e alterando a qualidade do ar com emissões de gases nocivos pelas indústrias e veículos automotivos. Saneamento e Meio Ambiente Fonte: Google imagens Saneamento Básico no Brasil O Brasil conta hoje com um robusto sistema de conhecimento dos serviços de saneamento básico, denominado de Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o sistema permite avaliar a evolução dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário (desde 1995), manejo de resíduos sólidos urbanos (desde 2002) e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (desde 2015), com acesso público e gratuito a essas informações. Índices de cobertura no Brasil Segundo dados de 2019 do Sistema Nacional de Informação sobre saneamento, a população do Brasil era estimada em 210,1 milhões de habitantes onde 178 milhões destes vivendo em área urbana, em 5.570 municípios e haviam10.229 prestadores de serviço. Amostras SNIS Água Esgoto Resíduos Sólidos Águas Pluviais População total* 204,2 188,8 173,8 166,8 População urbana* 174,8 165,4 154,2 147,7 Municípios 5.191 4.226 3.712 3.653 Fonte: SNIS 2019 *Milhões de habitantes Atendimento / Cobertura em 2019 Água Esgoto Coleta Domiciliar Resíduos Sólidos* Sistema de Drenagem Urbana* População total* 170,8 83,7% 110,3 54,1% 192,1 92,1% 54,3% dos municípios possuem sistema exclusivo para drenagem, 22,5% possuem sistema unitário e 15,1% não possuem sistema de drenagem População* Urbana 162,2 92,9% 108,1 61,9% 175,7 98,8% Índices de cobertura no Brasil Fonte: SNIS 2019 *Milhões de habitantes Índices de cobertura no Brasil O Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento coletou em 2019 amostras em 4.226 municípios dos 5.570 existentes, contabilizando 75,9% da totalidade de municípios e 89,9% da população total. De todo esgoto gerado no Brasil 49,1% é tratado. A rede de esgoto tem extensão de 354,3 mil quilômetros e 34,6 milhões de ligação de esgoto. Os investimentos em sistemas de esgoto foram da ordem de R$ 5,33 bilhões. Dados de Esgotamento Sanitário no Brasil Fonte SNIS. Índice de atendimento total de esgoto. Índice de atendimento total de esgoto População total atendida 110,3 milhões (Média do Brasil 54,1%) Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 0.123 0.28299999999999997 0.57699999999999996 0.79500000000000004 0.46300000000000002 Esgotamento Sanitário no Nordeste Cerca de 28,0% da população tem o esgoto coletado e o volume de esgoto tratado se aproxima de 36,2%. As perdas das águas chegam a 46,0% devido aos furtos, vazamentos, erros de leitura de hidrômetros, entre outros (TRATA BRASIL, 2021). Em 2018 cerca de R$40 milhões foram empregados nos tratamentos das doenças de veiculação hídrica. Os investimentos em saneamento nos últimos anos tiveram impactos positivos, geração de empregos nas obras e operações de água e esgoto, e os casos de internação por doenças de veiculação hídrica vem diminuindo na região Nordeste (TRATA BRASIL, 2021). Esgotamento Sanitário no Nordeste População Acesso a água Acesso a coleta de esgoto Esgoto tratado sobre água consumida Perdas na distribuição Internações por doenças associadas a falta de saneamento Alagoas 74,60% 21,40% 16,20% 33,90% 3.271 Bahia 81,60% 39,50% 52,40% 37,50% 19.856 Ceará 59,00% 25,50% 38,80% 44,00% 13.829 Maranhão 56,40% 13,80% 13,50% 61,00% 42.188 Paraíba 74,30% 36,10% 47,20% 37,70% 7.080 Pernambuco 80,50% 27,50% 31,50% 50,70% 7.653 Piauí 75,90% 14,40% 13,80% 51,20% 9.801 Rio Grande do Norte 87,10% 23,90% 32,20% 49,50% 4.172 Sergipe 86,90% 25,50% 32,00% 48,70% 1.222 Panorama Geral do Saneamento no Nordeste Fonte: Trata Brasil 2021 Esgotamento Sanitário no RN A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN sediada em Natal, é uma sociedade de economia mista criada na forma da Lei n° 3.742/69, tem como finalidade a prestação de serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A companhia é responsável pelo abastecimento de 152 municípios, dos 167 que compõem Rio Grande do Norte, atendendo também 42 com esgotamento sanitário. O Governo do Estado é o acionista majoritário com 95% das ações (CAERN 2020). (Dados com base no ano de 2017). Dados de Esgotamento Sanitário no RN Características do esgotamento sanitário no RN Com rede de esgotamento sanitário - 77 unidades. ✓ Em funcionamento – 76 unidades. ✓ Rede coletora unitária ou combinada – 3 ✓ Rede coletora separadora absoluta – 74 • Com estação de tratamento de esgoto (ETE) em operação – 61 • Com disposição final do efluente tratado ou esgoto sem tratamento ✓ Efluente tratado – 59 ✓ Esgoto sem tratamento – 17 Com cobrança ou contribuição pelo serviço de esgotamento sanitário – 47 ✓ Em implantação – 1 Sem rede de esgotamento sanitário – 90 unidades Extensão total da rede coletora de esgoto – 2.274 km Volume de esgoto tratado por dia – 85.351m³ Tipo de tratamento do esgoto ✓ Preliminar – 1.757 m³ ✓ Primário – 2.000 m³ ✓ Secundário – 36.083 m³ ✓ Terciário – 45.512 m³ Dados de Esgotamento Sanitário no RN Tipo de Tratamento mais utilizado no RN O sistema predominante de tratamento utilizado pela CAERN é com lagoas de estabilização que realizam o tratamento a nível secundário, são consideradas as formas mais simples para o tratamento dos esgotos, podendo ser construídas isoladas ou em série (CAERN 2014). Vantagens Elevada eficiência para reduzir matéria orgânica (70 a 80%) e patogênica (>90%). Não requer mão-de-obra especializada para operação. Baixo custo operacional. Tipo de Tratamento mais utilizado no RN O sistema predominante utiliza: Lagoas Anaeróbias Lagoas Facultativas Lagoas de Maturação Lagoas Aeradas Facultativas Principais ETES Operadas Pela CAERN ETE Ponta Negra – Natal-RN ETE do Baldo – Natal-RN ETE DIN – Extremoz/RN ETE Pendências – Pendências-RN Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Principais ETES Operadas Pela CAERN ETE Ponta Negra – Natal-RN ETE do Baldo – Natal-RN ETE DIN – Extremoz/RN ETE Pendências – Pendências-RN Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Tratamento Preliminar Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Desarenamento nas caixas de areia Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Calhas Parshall Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Lagoas Facultativas Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Lagoas de Maturação Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Lagoa Aerada Facultativa Tipo de Tratamento mais utilizado no RN Leitos de secagem Referências AZEVEDO NETTO, J. M. Cronologia dos serviços de esgotos, com especial menção ao Brasil. Edição: 33. São Paulo: SABESP, 1959. BOVOLATO, Luís Eduardo. Saneamento Básico e Saúde. Araguaína: Revista do Curso de História de Araguaína, 2010. CAERN, A Companhia. <http://portal.caern.com.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=496&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=A+Caern> acesso em 11 de Set, 2021. CAERN, Tratamento de Esgoto. <http://portal.caern.com.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=12037&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=> acesso em 11 de Set, 2021. DÍAZ, R. R. L.; NUNES, L. R. A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua privatização no Brasil. Guanambi: Revista de Direito da Faculdade Guanambi, 2020. FERREIRA, Mateus de Paula; GARCIA, Mariana Silva Duarte. Saneamento básico: meio ambiente e dignidade humana. Dignidade Re-Vista, [S.l.], v. 2, n. 3, p. 12, july 2017. ISSN 2525-698X. Disponível em: <http://periodicos.puc-rio.br/index.php/dignidaderevista/article/view/393>. Acesso em: 05 de Set, 2021. FIGUEIREDO, Fabio Fonseca; FERREIRA, Jose Gomes. O saneamento básico no Nordeste e no Rio Grande no Norte: avanços e constrangimentos. <https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/23431> Acesso em: 03 DE Set, 2021. IBGE, Cidades. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/pesquisa/30/0 Acesso em: 05 de Set, 2021. Referências Referências OMS, Water, Sanitation and Hygiene. https://www.who.int/health-topics/water-sanitation-and-hygiene-wash - Acesso em 02 de Set, 2021. SIQUEIRA, M. S.; ROSA, R. S.; BORDIN, R.; NUGEM, R. C. Internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado na rede pública de saúde da Região metropolitana de Porto Alegre. Rio Grande do Sul, 2010-2014. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 2017. TRATA BRASIL, O que é saneamento? <https://www.tratabrasil.org.br/saneamento/o-que-e-saneamento> - Acesso em 22 de Ago, 2021. TRATA BRASIL, Saneamento e Saúde na Região Nordeste. http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-e-saude-na-regiao-nordeste Acesso em 13 de Set, 2021. Obrigado!
Compartilhar