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LEANDRO AVILA FACHIN FILHO A CONDUTA DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS E SEUS POSSÍVEIS ENQUADRAMENTOS FRENTE À LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA CANOAS 2021 LEANDRO AVILA FACHIN FILHO A CONDUTA DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS E SEUS POSSÍVEIS ENQUADRAMENTOS FRENTE À LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Ritter dos Reis como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientadora: Prof. Me. Sandra Regina Martini. CANOAS 2021 LEANDRO AVILA FACHIN FILHO A CONDUTA DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS E SEUS POSSÍVEIS ENQUADRAMENTOS FRENTE À LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Ritter dos Reis como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Canoas, ____ de junho de _____. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof. (Nome do orientador) ________________________________________ Prof. (Nome do professor avaliador) ________________________________________ Prof. (Nome do professor avaliador) Dedico este trabalho aos meus pais, por nunca terem medido esforços para me proporcionar um ensino de qualidade durante todo o meu período escolar. AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, qυе fez com que meus objetivos fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos. Aos meus pais Leandro Avila Fachin e Laci Cleonice Avila da Silva, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando ao longo de toda a minha trajetória, bem como por todo o esforço investido na minha educação. Ao meu querido irmão Zandor Leandro Avila da Silva Fachin, pela compreensão e ajuda durante estes anos. Por último, mas não menos importante, a minha noiva Fabiana Bof Bassan, a qual sempre esteve ao meu lado durante o meu percurso acadêmico. RESUMO A presente monografia tem como tema a conduta dos guardadores de veículos e seus possíveis enquadramentos frente à legislação penal brasileira. Propõe-se a analisar o contexto socioeconômico em que os guardadores de veículos estão inseridos, passando pela sua regulamentação através da Lei Federal nº 6.242/75, para, então, elucidar as possíveis implicações jurídico-penais que esta atividade assume no momento de sua abordagem para com os condutores de veículos. Contudo, embora os flanelinhas tenham sua atividade regulamentada, os mesmos não podem exigir valores pecuniários dos motoristas, fato esse que leva ao enquadramento de crimes previstos no ordenamento penal brasileiro, tais como: extorsão, estelionato, constrangimento ilegal e usurpação de função pública. Para tanto se usou a pesquisa bibliográfica onde, com ela, foi possível reunir dados e informações afim de se aprofundar sobre o tema. Desse modo é possível compreender que mesmo se proibindo esta atividade sempre vai existir em nossas vidas, o que permite concluir que cabe a nós o dever de informar as autoridades competentes sobre o mau atendimento desta categoria de trabalhadores. Palavras-chave: Conduta. Guardador de veículos. Contexto. Crimes. Trabalhadores. ABSTRACT This monograph has as its theme the conduct of vehicle guards and their possible frameworks in relation to Brazilian criminal law. It proposes to analyze the socio- economic context in which vehicle guards are inserted, passing through its regulation through Federal Law nº 6242/75, to then elucidate the possible legal-criminal implications that this activity assumes at the time of its approach to vehicle drivers. However, although flannels have their activity regulated, they cannot demand pecuniary amounts from drivers, a fact that leads to the classification of crimes provided for in the Brazilian criminal law, such as: extortion, embezzlement, illegal embarrassment and usurpation of public service. For this purpose, bibliographical research was used, where, with it, it was possible to gather data and information in order to go deeper into the subject. In this way, it is possible to understand that even if this activity is prohibited, it will always exist in our lives, which allows us to conclude that it is our duty to inform the competent authorities about the poor service provided to this category of workers. Keywords: Conduct. Vehicle Keeper. Context. Crimes. Workers. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS N°: Número ART: Artigo IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística DIEESE: Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos SEADE: Sistema Estadual de Analise de Dados FGTS: Fundo de Garantia do Tempo de Serviço STJ: Superior Tribunal de Justiça CF: Constituição Federal CTB: Código de Trânsito Brasileiro CP: Código Penal CLT: Consolidação das Leis do Trabalho PLCE: Projeto de Lei Complementar do Executivo SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................10 2. DO CONTEXTO SOCIOECONÔMICO E POLÍTICO DA ATIVIDADE DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS..............................................................................12 2.1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE NO BRASIL..........................12 2.2 DA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS.................................................................................................................15 3. A CONDUTA DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS E O CÓDIGO PENAL.......................................................................................................................19 3.1 DO CRIME DE EXTORSÃO.................................................................................19 3.2 DO CRIME DE ESTELIONATO...........................................................................22 3.3 DO CRIME DE CONSTRAGIMENTO ILEGAL.....................................................25 3.4 DO CRIME DE USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA.......................................27 4. DA PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NA CIDADE DE PORTO ALEGRE..................................................................................30 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................34 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................36 10 1. INTRODUÇÃO A presente monografia intitulada, a conduta dos guardadores de veículos e seus possíveis enquadramentos frente à legislação penal brasileira, traz, dentro dessa perspectiva a análise do contexto socioeconômico em que estes trabalhadores estão inseridos, se propondo, a definir a forma e o conteúdo dessa profissão, para, assim, então, investigar as particularidades que esta atividade assume no momento de sua abordagem para com os condutores de veículos, uma vez que a mera ação destes trabalhadores, porsi só, não configure crime algum, busca-se desvendar as possíveis implicações jurídico-penais decorrentes dessa abordagem, dentre as hipóteses contidas na legislação penal brasileira vigente. Nesse sentido, justifica-se o trabalho devido ao pouco estudo sobre o tema, uma vez que o mesmo não é muito abordado na área do direito penal, bem como para conscientizar os condutores de veículos sobre os seus direitos e como buscá- los, tendo como objetivo, primeiramente, informar os cidadãos de que o pagamento monetário para os guardadores de veículos, popularmente conhecidos como flanelinhas, é de caráter opcional, pois não pode uma pessoa exigir de outra, qualquer valor pela garantia de que seu veículo não será furtado ou danificado em via pública. Para tanto, a monografia se baseia na maneira como o guardador de veículo efetua a abordagem para com o motorista, abordagem esta que pode ser enquadrada em diversos crimes, os quais se dão pela falta de uma tipificação penal especifica para com a categoria, bem como, também, pela falta de controle por parte do poder público. Para o desenvolvimento desta monografia usou-se o método bibliográfico, com o objetivo de reunir informações e dados a fim de se aprofundar no assunto, traçando um panorama histórico ate se chegar ao objetivo principal do trabalho, utilizando-se de livros, periódicos (jornais, revistas etc.), artigos, documentos monográficos, sites confiáveis, entre outros. Optou-se pela pesquisa exploratória, uma vez que se busca explorar de forma ampla e objetiva o problema, de modo a fornecer informações e elaborar uma investigação mais precisa através de pesquisas bibliográficas e estudos de casos através de jurisprudências e de uma análise qualitativa, a qual prisma pela qualidade dos dados coletados. 11 Para atingir o objetivo a que se propõe a monografia, o trabalho foi estruturado em três capítulos, no primeiro capitulo analisaremos a tentativa de regulamentação da atividade dos flanelinhas pelo Poder Público através da Lei Federal n° 6.242, de 23 de setembro de 1975, a qual definiu a atividade dos guardadores de veículos como um trabalho autônomo a depender do registro na Delegacia Regional do Trabalho competente e do preenchimento de uma série de requisitos exigidos na lei, os quais serão esmiuçados no decorrer da monografia, resgatando o contexto socioeconômico da atividade dos mesmos. No segundo capítulo busca-se especificar os crimes que podem ser praticados pela classe trabalhadora, bem como, enquadrá-los nos mesmos, para, assim, facilitar a compreensão do momento em que estes delitos ocorrem, tais como, extorsão ao ameaçar o motorista no momento de pedir dinheiro; constrangimento ilegal ao ameaçar o motorista para que este pare o carro de determinada forma; estelionato ao enganar o motorista, fazendo com que este pare em local proibido, por acreditar nas informações erradas propositalmente passadas pelo flanelinha e usurpação de função pública, uma vez que é de competência do Poder Público cobrar pelo estacionamento em locais públicos. Por fim, no terceiro capitulo trarei as alternativas dadas pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, para com estes trabalhadores, uma vez que a Lei complementar nº 874, de 15 de janeiro de 2020, proibiu o exercício da profissão em Porto Alegre. Bem como, também como esta o funcionamento da mesma durante esse período de tempo. 12 2. DO CONTEXTO SOCIOECONÔMICO E POLÍTICO DA ATIVIDADE DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS Neste capítulo será apresentado o panorama socioeconômico do desenvolvimento da atividade de guardador de veículos no Brasil, passando pelos processos de industrialização, migração, urbanização e desemprego, para assim, chegarmos até a sua regulamentação como atividade no ano de 1975. 2.1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE NO BRASIL A primeira vez em que se falou no termo guardador de veículos foi, segundo o jornal o globo (2009), em 1945, no governo do, na época, presidente Getulio Vargas, como uma forma de empregar os combatentes, vulgo “pracinhas”, os quais retornaram ao país sem qualquer ocupação, objetivando assim, um meio de sustento para os mesmos. Contudo, foi nas décadas de 1960 e 1970 que a profissão começou a se expandir pelo território brasileiro, uma vez que a mecanização rural fez com que aumentasse, consideravelmente, o número de trabalhadores migrantes para as áreas urbanas, levando a um grande aumento da população urbana (LOPES, 1978). Situação essa que possibilitou a procura pelo emprego informal, fazendo com que ocorresse o aumento do número de guardadores de veículos nos centros urbanos. Sustentando essa perspectiva temos Eduardo G. Noronha, o qual diz que: Nos anos de 1960 e 1970, o mercado de trabalho no Brasil já se mostrava dentro de uma perspectiva dual, característico de países subdesenvolvidos, vinculado ao crescimento da urbanização e da industrialização, com uma categoria de trabalhadores subempregados e mal incorporados a este mercado – Há, portanto, uma ruptura nos processos de formalização do trabalho e, consequentemente, emerge o processo de ”informalidade” (NORONHA, p. 113, 2003). Porém, até o final da década de 1980, a maioria dos especialistas acreditava que a informalidade era um problema endêmico. Prevalecendo a idéia de que essa informalidade seria o legado da economia semi-industrial, portanto, seu fim seria 13 uma questão de tempo e de desenvolvimento (NORONHA, 2003). No entanto, o autor pressupõe que, em termos de mercado de trabalho, o início dos anos 1990 representou uma quebra crescente do movimento de formalização do trabalho, o que se confirmou nas décadas anteriores. Para tanto, na década de 1990, a combinação de baixo crescimento econômico e racionalização, modernização da produção e liberalização comercial- financeira teve um impacto maior sobre os níveis de emprego. Ou seja, durante esse período, o número de novas criações de empregos diminuiu, consequentemente houve o aumento do desemprego e de outras formas de trabalho, ligada à economia informal e ao setor de serviços (SANTOS, 2008). Diante dessas mudanças estruturais na econômica brasileira, Idalino (2012), destacou que a ocorrência de aumentos estruturais do desemprego é um efeito adverso para os trabalhadores. Ou seja, este tipo de desemprego não é o resultado de uma recessão ou depressão transitória, mas sim o resultado de uma estrutura socioeconômica criada e mantida pelo sistema de produção capitalista globalizado. Portanto, o desemprego estrutural tende há durar muito tempo. Corroborando com essa idéia temos Mattoso (1999), o qual destacou que o Brasil nunca experimentou uma alta taxa de desemprego como na década de 1990, e que as condições instáveis e o aumento das relações de trabalho reduziram muito a taxa de desemprego no Brasil, o que acabou levando a um aumento significativo de empregos temporários, precários por tempo determinado, terceirizado, sem renda fixa, enfim, um grande aumento de bicos espalhados pelo país. O que acabou tornando a cidade produtora e mantenedora da pobreza com seu modelo econômico e estrutura natural, mostrando suas inerentes diferenças econômicas e sociais, assim como os problemas efetivos na prática dos guardadores de veículos. Mattoso (1999) também apontou que, segundo dados do IBGE e do DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) - Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), no final da década de 1990, mais de 50% das pessoas ocupadas nas grandes cidades brasileiras se encontravam na informalidade, a maioria sem registro e sem garantia mínima, tais como: aposentadoria, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro- desemprego, entre outros. Devido a essa série de mudanças no ambiente de trabalho, a informalidade se intensificou e cada vez mais trabalhadores formais começaram a se transformar 14 em trabalhadores informais, ou seja, “executores engajados em atividades funcionalmente instáveis e precárias, o que os precarizam na condição de força produtiva de trabalho” (IDALINO, p.17, 2012). Contudo esse não é um mau de décadas passadas, mas sim, um mau que persiste até os dias atuais, uma vez que, o caos e a prolongada recessão da economia brasileira, aliados à pandemia provocada pela COVID 19, estão aprofundando o fenômeno do trabalho informal no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados no Brasil: O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal, reforçando movimentos que já vimos em outras divulgações - a importância do trabalhador por conta própria para a manutenção da ocupação. De acordo com o IBGE, a estabilidade do contingente de pessoas ocupadas - aproximadamente 85,9 milhões no trimestre encerrado em fevereiro de 2021 – é decorrente da informalidade, com o aumento dos trabalhadores por conta própria. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o contingente de pessoas ocupadas apresentou queda de 8,3%, representando uma redução de 7,8 milhões de empregados. Apenas a categoria de trabalhadores por conta própria, que totaliza 23,7 milhões de pessoas, apresentou crescimento (3,1%) na comparação com o trimestre anterior (setembro a novembro de 2020), significando a adição de 716 mil pessoas neste contingente. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o indicador apresentou uma redução de 824 mil postos (AGÊNCIA BRASIL, 2021). Diante dessa conjuntura negativa, as perspectivas de curto prazo não devem ser otimistas. Pois, além de manter a instabilidade no país, esses dados comprovam que cada vez mais pessoas estão partindo para a informalidade, seja por falta de emprego formal ou pelo simples, motivo de complementar sua renda. Diante disso, se torna indiscutível o fato de que as atividades desenvolvidas pelos guardadores de veículos fazem parte desse amplo arcabouço social, econômico, político e cultural, que envolve diversas transformações ocorridas ao longo do tempo. Por fim, apesar do crescente número de guardadores de veículos/flanelinhas nos centros das cidades brasileiras, a grande maioria da população, ainda, desconhece que essa atividade foi regulamentada como profissão desde a década de 1970. 15 2.2 DA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS A profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores foi criada pela Lei Federal nº. 6.242, de 23 de setembro de 1975, e regulamentada pelo Decreto nº. 79.797, de 08 de junho de 1977, firmados pelo, na época, presidente Ernesto Beckmann Geisel. Tendo como motivo da regulamentação da atividade, conforme vimos anteriormente, a situação socioeconômica brasileira da década de 1960 e início da década de 1970, período em que havia um grande número de desempregados nas grandes cidades, os quais buscavam alguma forma de ganhar dinheiro e, assim, sustentar suas famílias. É importante salientar que a Lei nº 6.242/75 em sem art. 1º, dispõe que: “O exercício da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores, em todo o território nacional, depende de registro na Delegacia Regional do Trabalho Competente” (BRASIL, 1975). Portanto, como a maioria dos guardadores de veículos exerce a atividade de modo informal e sem o devido registro, muitos desses trabalhadores são processados criminalmente pela prática prevista no art. 47 do Decreto - lei nº 3.688 de 03 de outubro de 1941, vulgo Lei das Contravenções Penais, “in verbis”: “Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa” (BRASIL, 1941). Nesse sentido, recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), dispõe: CONSTITUCIONAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. EXERCÍCIO IRREGULAR DA PROFISSÃO (DECRETO-LEI 3.688/41, ART. 47). LAVADOR/GUARDADOR DE CARRO. INEXIGIBILIDADE DE CONHECIMENTOS TÉCNICOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE. ATIPICIDADE DA CONDUTA EVIDENCIADA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 3. A contravenção de exercício irregular de profissão penaliza aquele que desempenha habitualmente profissão ou atividade econômica sem preencher as condições legais. O objetivo da infração penal é coibir a simulação 16 de atividade laboral especializada, hipótese em que se presume a habilitação do profissional. 4. Inviável concluir que o guardador ou lavador de carros exerça profissão ou atividade econômica especializada, apta a caracterizar a contravenção penal prevista no artigo 47 do Decreto - lei 3.688/1941. Isso porque lavar ou guardar automóveis são atividades que não exigem quaisquer conhecimentos técnicos ou habilidades específicas as quais, caso não preenchidas ou não observadas, possam ofender a proteção à organização do trabalho pelo Estado. Ademais, não geram perante a sociedade a presunção da habilitação do profissional. 5. A mera exigência registro dos guardadores ou lavadores de veículos em Delegacias Regionais do Trabalho pela Lei 6.242/1975 não satisfaz a elementar do tipo, referente à necessidade da existência de condições que subordinam o exercício da profissão. 6. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de Processo Penal, determinar o trancamento do processo penal de autos nº. 13.006.269-8. (HC 309.958/MG, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 22/09/2016, DJe 28/05/2021) (EVINIS, 2017). O julgado acima esclarece que a profissão de guardador de veículos não pode ser imputada ao crime de exercício ilegal da profissão. Pois a Lei que regula a profissão não prevê nenhuma condição específica, nem mesmo, são exigidos requisitos técnicos, ao contrário de outras profissões. Bem como não há atividade econômica, uma vez que os serviços não são necessariamente remunerados. Ainda se referindo a Lei 6.242 de 1975, que em seu art. 3º, incisos I, II, III, IV e V, impõe como condição da concessão do registro profissional perante a Delegacia Regional do Trabalho a prova de identidade, atestado de bons antecedentes, certidão negativa dos cartórios criminais, prova de quitação eleitoral e do serviço militar (BRASIL, 1975). Explicando o motivo da exigência dessa documentação temos Sílvia Moreira Horta, a qual explana que: A exigência dessa documentação pela Lei nº 6.242/75 visa a “afastar do exercício da atividade os indivíduos que portem antecedentes comprometedores, deixandoo campo aberto àqueles que, dela realmente necessitados, preencham condições mínimas”, nos termos da justificativa do Projeto de Lei nº. 88/73, anteriormente mencionado. Evidencia-se, nesse ponto, a prevalecente intenção do legislador em distinguir, dentre os guardadores e lavadores de veículos, aqueles que exercem a atividade de forma responsável, daqueles que recorrem a ela sob a forma da criminalidade (HORTA, p. 34, 2010). 17 Entretanto a obtenção desse registro e o reconhecimento de sua atividade, por si só, não garante remuneração ao flanelinha. O qual depende da generosidade do cidadão, uma vez que, segundo o art. 99, I da Lei nº 10.406/02, trata-se de exercício regular de direito do cidadão a fruição de bem de uso comum do povo (BRASIL, 2002). Contudo o que ocorre na pratica é bem diferente, pois conforme o demonstrado pelo G1 Santa Catarina (2014), a Prefeitura de Florianópolis relata que o valor arrecadado por cada flanelinha pode chegar a R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por noite durante grandes eventos. Para tanto, o valor cobrado chega a R$ 20,00 (vinte reais), por carro estacionado. Passemos agora a contemplar os principais aspectos do Decreto nº 79.797, de 08 de junho de 1977, (BRASIL, 1977) o qual estabelece em seu art. 5º, alíneas a, b, c, que a atividade dos guardadores, quando autorizada pela Delegacia Regional do Trabalho e exercida em logradouros públicos explorados pelo poder público, terá assegurado um percentual sobre o valor total cobrado dos usuários e que será destinado: a) a pagamento dos serviços prestados pelos guardadores e lavadores autônomos de veículos automotores; b) à remuneração dos serviços administrativos do sindicato, cooperativa, ou associação, onde houver relativos à seleção dos profissionais, organização de turnos e escalas de rodízio, fiscalização, folhas de pagamento e outro necessários às obrigações decorrentes da autorização, não excedente de 10% (dez por cento) do valor total cobrado dos usuários; c) à remuneração do órgão público, municipalidade ou empresa estatal, pela manutenção, sinalização e marcação das áreas de estacionamento e não excedente de 20% (vinte por cento) do valor total cobrado do usuário (BRASIL, 1977). Em outras palavras, o decreto define um percentual que serve para calcular o valor total das taxas de estacionamento cobradas dos usuários em locais públicos, que é explorado pelo governo. Ainda nos termos do decreto, o art. 6º exige que os guardadores de veículos usem cartão de identificação, fornecido pelo sindicato, cooperativa ou associação, onde houver para servir de exibição aos usuários e aos órgãos públicos e sindicatos no momento da fiscalização. Por fim em seu art. 7º o Decreto nº 79797/77 estabelece que: 18 Art. 7º Os sindicatos de guardadores autônomos de veículos automotores e de lavadores autônomos de veículos automotores, poderão arrendar áreas e terrenos particulares, para explorar, sem caráter lucrativo, estacionamento de veículos, desde que respeitados os requisitos de segurança definidos pelos órgãos competentes (BRASIL, 1977). Ou seja, tendo como intuito a segurança de seus cooperados, os quais estarão protegidos, uma vez que se encontrarão longe dos perigos das ruas. Salienta-se que, desde a criação da Lei nº. 6.242, de 23 de setembro de 1975, cabe ao Município o direito ou não de proibir ou criminalizar a atividade. Corroborando com esse argumento temos segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo (2009), o Município de Porto Alegre, o qual regularizou a profissão de guardador e lavador de veículos 30 de junho de 2009, mediante os seguintes requisitos: Os profissionais devem ter mais de 18 anos, atuem em eventos esportivos e culturais de Porto Alegre com carteirinha e uniforme azul e amarelo, camisa branca e gravata preta, para com isso, se diferenciar dos guardadores ilegais. Os guardadores, ainda, devem atuar a cerca de um quilômetro dos estádios e não podem estipular preços para os clientes. Para trabalhar, devem ter também "ficha limpa" na polícia. O motorista paga ao guardador somente se quiser. E, por fim, para se tornar um cooperado, o guardador deve pagar uma taxa de adesão de R$ 100 e uma mensalidade de R$ 30 (FOLHA DE SÃO PAULO, 2009). Regularização essa que perdurou ate o dia 15 de janeiro de 2020, data que entrou em vigor a Lei Complementar nº 874. Lei essa que, conforme proposta do Prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, proíbe a atividade de guardador autônomo de veículos automotores/flanelinhas em vias e logradouros públicos do Município de Porto Alegre. 19 3. A CONDUTA DOS GUARDADORES DE VEÍCULOS E O CÓDIGO PENAL Neste capítulo serão apresentados os crimes que podem ser cometidos pelos guardadores de veículos, tais como: o crime de extorsão, de estelionato, de constrangimento ilegal e de usurpação de função pública. Lembrando que esses crimes são cometidos conforme a abordagem para com o motorista, uma vez que a mera ação dos flanelinhas não configura crime algum. 3.1 DO CRIME DE EXTORSÃO A definição legal do crime de extorsão esta prevista no Art. 158 do Código Penal brasileiro (Decreto Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940), “in verbis”: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Pena: reclusão, de quatro a dez anos, e multa” (BRASIL, 1940). Conforme demonstrado, pode-se concluir que as condutas dos guardadores de veículos podem ser classificadas como extorsão. Para tanto isso dependerá da análise especifica de cada caso. Ainda sobre o enquadramento da conduta como crime, há divergências até mesmo entre os órgãos policias, conforme noticiado pelo jornal o Globo: Os comandos das polícias Civil e Militar discordam sobre a possível conduta criminosa na abordagem dos flanelinhas. Para a Polícia Militar, no simples fato de pedir dinheiro para guardar os carros, os flanelinhas já ameaçam os motoristas, pois está subentendido que, se a pessoa não pagar, algo pode acontecer com o veículo. Isso caracteriza extorsão, segundo a PM. Já a Polícia Civil afirma que, para se caracterizar a extorsão, o flanelinha teria que ameaçar o motorista ao pedir o dinheiro (O GLOBO, 2007). 20 Já para Luiz Regis Prado para que se tenha o crime de extorsão e necessário os seguintes requisitos: a) constrangimento do sujeito passivo, mediante emprego de violência ou grave ameaça, para que faça, deixe de fazer, ou tolere que se faça alguma coisa; b) finalidade de obter (para si ou para outrem) indevida vantagem econômica (PRADO, p. 434, 2006). Portanto, conforme as particularidades do caso específico, desde que estejam presentes os requisitos mencionados pelo autor, o guardador de veículos poderá ser enquadrado no crime de extorsão. No tocante a primeira condição, para que o flanelinha responda pelo crime de extorsão, o constrangimento do motorista deve ser comprovado, isto é, por meio de violência ou grave ameaça. Corrobora para enfatizar esse fato a reportagem do G1 Santa Catarina (2013), a qual relata que: Um flanelinha foi preso em flagrante na tarde desta quarta-feira (20/03/2013), após tentar extorquir e ter agredido um casal que estava parado no semáforo no bairro Agronômica, em Florianópolis. De acordo com o delegado Alexandre de Carvalho, da Polícia Civil, durante a briga, o flanelinha atingiuo homem com um rodo na cabeça. Por causa do corte, o homem foi encaminhado ao hospital. Em depoimento, a mulher explicou que o flanelinha se ofereceu para limpar os vidros do veículo e após receber uma negativa partiu para agressão verbal e posteriormente física. "São comuns os casos de tentativa de extorsão praticados por flanelinhas. Neste caso, a nossa equipe chegou no momento da agressão e conseguiu prendê-lo em flagrante", explica o delegado (G1, 2013). Comprova-se isto, também, no julgado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, “in verbis”: EMENTA. Apelação Criminal. – RÉU CONDENADO POR EXTORSÃO – CRIME COMETIDO POR FLANELINHA – DEFESA REQUER A ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA OU A DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES- REQUISITOS PARA O CRIME DE EXTORSÃO. a) constrangimento do sujeito passivo, mediante emprego de violência ou grave ameaça, para que faça, deixe de fazer, ou tolere que se faça alguma coisa; b) finalidade de 21 obter (para si ou para outrem) indevida vantagem econômica. SITUAÇÃO QUE SE ENQUADRA AO PRESENTE CASO – IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO- DESCABIDA A DESCLASSIFICAÇÃO - Quanto a consumação, a Súmula 96 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que "o crime de extorsão consuma-se independentemente da vantagem indevida". Isto significa que, não obstante a superada controvérsia doutrinária a respeito, o crime de extorsão é de natureza formal de mera conduta, não exigindo o resultado para sua consumação. Consoante o iminente jurista Guilherme de Souza Nucci, "ocorrendo a indevida obtenção de vantagem econômica, ter-seá apenas o exaurimento da extorsão, a qual já se encontrava consumada. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (BRASIL, p.226, 2012). Após análise do julgado constata-se que a consumação do crime de extorsão, independe do fato do guardador de veículos obter ou não valor pecuniário. A segunda condição necessária para caracterização da extorsão é a finalidade de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica. Evidencia-se essa condição na reportagem do jornal o Tempo (2015): Na rua Gonçalves Dias, entre as avenidas do Contorno e Getúlio Vargas, no Funcionários, a movimentação de veículos é intensa quase o dia todo. Enquanto alguns motoristas dão voltas pelo quarteirão à procura de uma vaga, outros param em fila dupla esperando sua vez. Pelo menos sete flanelinhas e lavadores de carros ficam na rua. Questionado sobre a possibilidade de ter uma vaga no sistema de mensalista, um deles orienta a procurar um homem chamado Nilson, que seria o chefe do ponto. Após estacionar o carro de um cliente, Nilson aparece e confirma ter vaga para mensalistas. “Aqui você paga R$ 100 por mês e tem vaga garantida. O rotativo é por sua conta, e o pagamento é adiantado”, afirmou. Ele continua explicando como garante as vagas. “Não precisa deixar a chave com a gente. Você chegando, a gente tira o carro que nós usamos para guardar as vagas, você estaciona e pronto. Tenho muitos clientes e não tenho problema com nenhum”, concluiu (O TEMPO, 2015). Diante do caso, notasse que a vantagem buscada pelos guardadores de veículos é econômica e indevida ao mesmo tempo, pois alem de cobrar pelo serviço de vigilância prestado, o faz em via pública. Utilizando-se assim, de um bem público, como se fosse privado. 22 3.2 DO CRIME DE ESTELIONATO A definição legal do crime de estelionato esta prevista no Art. 171 do Código Penal brasileiro (Decreto Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940), “in verbis”: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa”. Sobre esse ponto de vista, o ilustríssimo jurista Rogério Greco (2009), explana que: Desde que surgiram as relações sociais, o homem se vale da fraude para dissimular seus verdadeiros sentimentos e intenções para, de alguma forma, ocultar ou falsear a verdade, a fim de obter vantagens que, em tese, lhe seriam indevidas. (GRECO, p. 228, 2009) Nessa mesma perspectiva temos o autor Júlio Fábbrini Mirabete (2008), o qual elucida: Existe o crime, portanto, quando o agente emprega qualquer meio fraudulento, induzindo alguém em erro ou mantendo-o nessa situação e conseguindo, assim, uma vantagem indevida para si ou para outrem, com lesão patrimonial alheia (MIRABETE, p. 287, 2008). Comprovasse o elucidado pelo autor através da reportagem do site Cidade Verde (2019): Investigação da polícia constatou que eles atuam de três formas: uma delas é ludibriando o motorista assim que sai do carro, ele aborda o condutor, conversando e outro comparsa consegue deixar a porta do passageiro aberta; a outra é usando o controle de portão para cortar corrente e o terceiro é usando a chave ninja. “Os falsos flanelinhas atuam no Centro. É uma pratica comum, mas vamos combater com atuação diária”, afirmou o delegado (CIDADE VERDE, 2019). 23 No caso do guardador de veículos, deve ser analisada a maneira utilizada por esse para obter a vantagem patrimonial para com o motorista. Nota-se isso no momento em que o flanelinha utiliza de artifício para fazer o motorista pagar espontaneamente determinado valor, ato este que constituirá crime de estelionato. Comprovasse o aludido em reportagem da Gaúcha ZH (2018), a qual relata: Passear nas proximidades da Usina do Gasômetro e assistir ao famoso pôr-do-sol do Guaíba, em Porto Alegre, pode custar caro. Guardadores de carros cobram até R$ 20 para prestar seu serviço, com permissão do motorista ou mesmo contra a vontade dele. Na maioria dos casos, não é dada opção. Acontece que no local onde eles estipularam o preço é proibido estacionar. Eles encaminham os carros para o meio-fio da própria Avenida João Goulart, no lado do Gasômetro, onde não há previsão para que veículos possam sequer parar (muito menos estacionar). No fim de semana vigora uma espécie de tolerância, já que logo após esse ponto a via é interrompida por cavaletes e transformada num passeio à beira do Guaíba (GAÚCHA ZH, 2018). Pode-se citar, também, como exemplo de comportamento fraudulento, o flanelinha que utiliza colete ou crachá para fingir que sua situação foi padronizada pela autoridade competente. Conforme traz reportagem do jornal Ilha Notícias (2021): Há anos a Ilha do Governador convive com um problema crônico de falta de vagas para o estacionamento de veículos. Com poucas garagens e o crescimento da quantidade de carros nas ruas, esse é o cenário para os flanelinhas ilegais explorarem espaços nas ruas e calçadas para conseguir renda. Contudo, a atuação de alguns deles tem gerado transtorno aos motoristas da região. O procedimento é simples. O motorista deixa o veículo estacionado, enquanto o flanelinha “dá uma olhadinha” até o proprietário voltar e pagar pelo serviço. No entanto, ao estacionar os motoristas ficam confusos, pois não sabem se estão sendo abordados por guardadores regularizados ou ilegais, já que muitos utilizam coletes de diferentes cores supostamente oficiais. Por vezes sequer entregam o ticket de estacionamento e cobram preços acima do permitido (ILHA NOTÍCIAS, 2021). Igualmente complicado é o comportamento do guardador de veículos, que embora não tenha vínculo empregatício com empresa vizinha, age diante do https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/ultimas-noticias/ 24 motorista como se fosse empregado da mesma empresa. Corroborando com o assunto temos a lição do ilustríssimo autor Júlio Fábbrini Mirabete (2008), o qual esclarece que: O crime de estelionato existe quando o agente emprega qualquer meio fraudulento, induzindo alguém em erro ou mantendo-o nessa situação e conseguindo, assim, uma vantagem indevida para si ou para outrem, com lesão patrimonial alheia (MIRABETE, p. 271, 2008). Meio esse quefica exemplificado nas cidades onde o sistema de bilhetes de estacionamento, conhecido como zona azul é adotado, o guardador de veículos comete o crime de estelionato ao vender bilhetes falsos para os motoristas. Crime esse que foi elucidado pela reportagem presente no site POLICIA CIVIL RJ.NET.BR (2017): Policiais da 12ª DP (Copacabana) desencadearam, nesta quinta-feira (19/10), a operação Vaga Certa, que revelou um esquema criminoso implantado na Zona Sul da cidade que envolve a adulteração, dolosa, de placas de estacionamento de veículos em logradouros públicos e ainda a falsificação de bilhetes de estacionamento comercializados junto à população, tudo com o objetivo de aumentar a receita relacionada à venda de tíquetes de estacionamento comercializados por guardadores de veículos. Atuando como uma espécie de milícia, os responsáveis pelo Sindicato dos Operadores de Tráfico e Guardadores de Veículos do Brasil (Sindotguave) atuavam coordenando e ditando as regras relacionadas à atividade de guardadores de automóveis em bairros da cidade do Rio de Janeiro (POLICIA CIVIL RJ, 2017). Outro fator que configura crime por parte dos flanelinhas, é o fato de os mesmos indicarem locais proibidos de se estacionar ludibriando, assim, os motoristas, fato evidenciado na reportagem do G1 São Paulo/SP (2009), a qual elucida: Com uma câmera escondida, a reportagem do SPTV flagrou o jeito com que muitos deles cuidam dos carros: param em lugar proibido e veem o motorista ser multado. Depois, retiram a multa do parabrisa e a pessoa só vai saber que tem a dívida quando a cobrança chegar (G1, 2009). 25 Por fim, mas não menos importante, fica a noção de que o guardador de veículos não poderá de maneira nenhuma impor algo que você, pessoa física, não queira ou não esteja de acordo. 3.3 DO CRIME DE CONSTRAGIMENTO ILEGAL A definição legal do crime de constrangimento ilegal esta previsto no Art. 146 do Código Penal brasileiro (Decreto Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940), “in verbis”: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa (BRASIL, 1940). Nesse crime, o bem jurídico protegido é a liberdade pessoal, ou seja, a liberdade de autodeterminação da ação e da vontade. Evidenciando isso temos o art. 5º, CF/88: "Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei" (BRASIL, 1988). O ilustríssimo jurista Fernando Capez (2019), aduz sobre esse ponto o que segue: Obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer algo que por lei não está obrigado. Primeiramente há a ação de constranger realizada pelo coator, a qual é seguida pela realização ou abstenção de um ato por parte do coagido. Esta ação deve ser ilegítima, ou seja, o coator não deve ter o direito de exigir da vítima à realização ou abstenção de determinado comportamento (CAPEZ, 2019). 26 Observa-se o elucidado na reportagem do G1 Presidente Prudente (2014): Um homem de 29 anos foi preso por coação na Avenida Manoel Goulart, em Presidente Prudente, neste domingo (15), por volta das 21h15. De acordo com o registro policial, o indiciado ameaçou e ofendeu os clientes de uma sorveteria que estacionavam os veículos próximos ao local por cobrar para “olhar” os automóveis. Conforme o boletim de ocorrência, a polícia foi acionada porque o indiciado perturbou os clientes do estabelecimento, e ao ser solicitado por funcionários para que ele se retirasse do local, o homem passou a xingá-los. Com o uso de força, ele foi encaminhado à delegacia, onde foi registrado a ocorrência e em seguida ele foi liberado, de acordo com as informações policiais. Após sair da unidade, o indivíduo retornou à sorveteria e passou a ameaçar e coagir os frequentadores, pois ele “visava garantir sua área de via pública para cobrar por estacionamento de veículos”, segundo a polícia (G1, 2014). Partindo da premissa de que caso o comportamento do guardador de veículos não tenha por objetivo a obtenção de benefícios pecuniários do motorista insultado, pode constituir crime de constrangimento ilegal. Fato evidenciado em reportagem do Blog V & C GARANHUNS (2017), o qual explana que: Um flanelinha foi detido na tarde deste sábado, 29/07, após xingar e ameaçar um motorista que estacionou o carro em via pública próximo ao Mosteiro de São Bento, em Garanhuns. A vítima, um instrutor de 38 anos residente na Boa Vista, disse que estacionou seu carro no referido local e foi ao mercado. Ao retornar foi abordado por um flanelinha de 27 anos residente no Aluísio Pinto que lhe pediu um real pelo estacionamento. O motorista disse então que não tinha o valor solicitado. Nesse momento, o flanelinha passou a xingar a vítima de todo tipo de palavrão e ainda a ameaçou dizendo que o motorista nunca mais estacionasse ali (V & C GARANHUNS, 2017). Sobre este crime, também, temos a seguinte hipótese: supomos que um flanelinha impeça o motorista de estacionar em determinada vaga porque sabe que o mesmo não vai pagar, ou porque a vaga está reservada para um de seus clientes. O guardador de veículos irá restringir os motoristas de não fazer o que é permitido por lei, ou seja, usufruir do espaço público. Evidenciamos isso na reportagem do jornal O Tempo de Belo Horizonte (2019): 27 Motoristas que precisam estacionar seus carros diariamente na região central de Belo Horizonte precisam desembolsar entre R$ 50 e R$ 100 para ter a vaga assegurada por uma semana. O valor depende mesmo é da negociação entre “cliente” e guardador. Alguns flanelinhas são “donos dos pontos” e trabalham há décadas no mesmo local (O tempo, 2019). Ainda, sobre o tema de constrangimento ilegal, o jurista Rogério Greco em sua obra intitulada, Direito Penal Estruturado, elucida que “a violência empreendida contra o próprio corpo da vítima difere da grave ameaça, pois, a mesma exerce influência precipuamente sobre o espírito da vítima, impedindo-a de atuar segundo a sua vontade”. O autor refere nessa passagem ao fato de a violência psicológica sofrida pelo motorista o alcança tão profundamente, a ponto de o mesmo não consiga expressar sua vontade, ficando, assim, a mercê do guardador de veículos. 3.4 DO CRIME DE USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA A definição legal do crime de usurpação de função pública esta previsto no Art. 328 do Código Penal brasileiro (Decreto Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940), “in verbis”: “Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa”. Usurpação significa apropriar-se do exercício por meios fraudulentos, pelo que, para os efeitos deste artigo, deve ser considerada a conduta de quem exerce funções públicas sem a devida legitimidade. Exemplificando esse fato temos a reportagem do jornal G1 Paraíba (2012), o qual relata: Um guardador de carros que trabalhava há mais de 12 anos no pátio do Detran foi preso por suspeita de cooptar usuários. “O flanelinha abordava o pessoal fora do Detran, dizendo que conseguia fazer a vistoria”, explicou o corregedor, que adiantou que ele mesmo ia ao local onde estava o carro, junto com um outro homem em uma moto. Este segundo homem ainda não foi identificado. Um usuário do esquema também foi 28 preso e os dois estão detidos na 9ª Delegacia Distrital, em Mangabeira. Os suspeitos foram autuados pelo crime de usurpação de função pública. O corregedordo Detran investiga agora o envolvimento de funcionários do Setor de Vistoria do Detran que podem ter envolvimento no esquema criminoso. Segundo Virgolino, eram eles que legalizavam a vistoria no sistema oficial do órgão (G1, 2012). Este crime tem como objeto da tutela penal a integridade da administração pública no desenvolvimento normal de suas atividades, não devendo ser interferida por estranhos e desempenhada pelos mesmos, pois estas funções que não lhe pertencem. Nesse mesmo termo, temos as operações de estacionamento nas vias públicas que são da responsabilidade dos Municípios, conforme termos do art. 24, X, CTB. Nessas chamadas zonas azuis, o custo de utilização do espaço é cobrado por agentes municipais ou funcionários da empresa terceirizada vencedora da licitação. Corroborando com o assunto temos a reportagem do jornal G1 São Paulo/SP (2016), que explana: Na região da Santa Ifigênia, no Centro da Capital, por exemplo, é possível encontrar guardadores de vaga usando coletes verde limão e com uma maquininha, semelhante às de cartão de crédito, para vender Zona Azul. E o preço dos flanelinhas é tabelado: todos estão vendendo por R$ 6 a hora do Zona Azul Digital, enquanto o preço oficial é R$ 5. Os flanelinhas explicam que é mais caro porque precisam pagar a manutenção da máquina. "Então, a gente paga, eu pago cinco então porque eu pago a manutenção da maquininha e preciso ganhar o meu também, né?", disse uma flanelinha. "Se eu vender a cinco eu não vou ganhar nada, vou pagar a manutenção da máquina do meu bolso", acrescentou ela. Os flanelinhas digitais dizem que não são credenciados pela CET, mas garantem que o crédito que você comprou mais caro vai para o sistema e que nenhum motorista é multado (G1, 2016). Quando o guardador de veículos se fizer passar por um desses agentes, por meios ardilosos, o mesmo responderá pelo crime de usurpação de função pública. Conforme demonstrado em reportagem do jornal G1 Pernambuco (2013), o qual explica: Algumas ruas da cidade são sinalizadas pela Prefeitura como 'Zona Azul'. Nestes locais, o motorista paga R$ 1 por folha do talão de cobrança e tem direito a até duas horas de permanência entre as 8h e as 18h dos dias úteis. De acordo com a Companhia de Trânsito e 29 Transporte Urbano (CTTU), são cerca de 2.800 vagas distribuídas pelos bairros de São José, Santo Antônio, Boa Vista e Recife Antigo. Depois das 18h, no entanto, não é obrigatório o uso do cartão e a ação dos flanelinhas fica mais intensa, com cobrança ilegal de taxa de estacionamento (G1, 2013). Uma vez feita à cobrança, ele será responsável pela usurpação. Vale destacar que caso o motorista pague a taxa cobrada, o guardador de veículos ficará sujeito às penalidades mais severas previstas no parágrafo único do art. 328 da CP, pois a obtenção de falsos benefícios acarretará em uma maior reprovação da conduta. Ajudando a entender o aludido temos a reportagem do jornal G1 São Paulo/SP (2013), o qual exemplifica que: O cartão de Zona Sul, que custa R$ 3 por hora nos comércios credenciados e nos postos da CET, sai por outro valor na mão dos flanelinhas. Um motorista ouvido pela reportagem afirma que pagou R$ 12 por duas horas de Zona Azul comprada com guardadores. A venda de bilhetes de Zona Azul por flanelinhas é proibida, mas eles agem livremente, sem se preocupar com a presença de policiais militares. Até mesmo dentro do bolsão de estacionamento da Praça São Vito, implantado pela Prefeitura de São Paulo em setembro de 2012. Mesmo com um posto de venda de cartões da CET, muito motorista acaba comprando o bilhete das mãos dos flanelinhas (G1, 2013). No entanto, o simples fato de o guardador de veículos se apresentar como se fosse legalizado junto a prefeitura já seja o suficiente para ser qualificado como violação nos termos do art. 45 do Decreto Lei nº 3.688/41, ou seja, simular a qualidade do funcionário público. Por fim, devesse levar em consideração o fato de o guardador de veículos não possuir, conforme o art. 3º da CLT, vínculo empregatício com nenhum estabelecimento comercial, uma vez que o mesmo não possui subordinação e tão pouco salário fixo. Dessa forma, não se deve comprar nenhum tipo de bilhete das mãos dos flanelinhas, pois se o fizer,o motorista estará correndo o risco do mesmo ser falso e com isso ficará sujeito a multas. 30 4. DA PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NA CIDADE DE PORTO ALEGRE A atividade de guardador autônomo de veículos automotores foi proibida na Cidade de Porto Alegre com a aprovação da Lei Complementar nº 874 de 15 de janeiro de 2020, a qual traz em seu art. 1º, a seguinte informação: “fica proibida a atividade de guardador autônomo de veículos automotores - flanelinhas - ou assemelhados nas vias e nos logradouros públicos do Município de Porto Alegre”. (PORTO ALEGRE, 2020). Tendo como justificativa da proibição, dessa atividade, o elucidado presente nos termos do PLCE 012/19 a seguir: O presente se faz necessário face às reiteradas manifestações de cidadãos do Município que relatam constrangimentos, coação e ameaças praticadas por indivíduos que exercem tal atividade ao arrepio da Lei. Tais manifestações também encontram eco na imprensa local. No âmbito da Câmara Municipal, este assunto também tem sido analisado por força de um projeto apresentado pelo Vereador Professor Wambert Di Lorenzo, que versa sobre a proibição da atividade de guardador autônomo de veículos, ainda no ano de 2017. O Município no exercício de sua competência de deliberar conforme o interesse local tem a competência de permitir ou não o estacionamento de veículos em seus logradouros públicos, bem como instituir o sistema de estacionamento rotativo pago, nos termos do art. 24, inc. X, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), com o qual a atividade de guardador de veículos é incompatível. Assim, a instituição de legislação clara, tomando pública a ilegalidade da prática e orientando de forma permanente a atuação da Guarda Municipal e dos demais órgãos responsáveis pela Segurança Pública, serve também de instrumento de conscientização da comunidade para a necessidade de ajudar na erradicação de tal atividade com a denúncia imediata às autoridades, através do telefone 156 da Guarda Municipal. São essas, Senhores Vereadores, as razões que nos levam a submeter o presente Projeto de Lei à apreciação desta nobre Casa Legislativa, rogando a apreciação e aprovação do mesmo, valendo-nos do ensejo para externar nossos protestos de consideração e respeito (CAMARA POA, 2019). Motivos esses que se fundamentam em reportagens e noticias de nossa cidade, como por exemplo reportagem do G1 Rio Grande do Sul (2019), a qual explana: 31 Nos fins de semana, estacionar próximo de pontos turísticos de Porto Alegre pode custar caro. Uma equipe do programa Bom Dia Rio Grande, da RBS TV, flagrou cenas de flanelinhas cobrando entre R$ 5 e R$ 20 por uma vaga de quem tentava deixar o carro perto da Orla do Guaíba. Mulheres ouvidas pela reportagem pagaram os valores mais altos e disseram se sentir coagidas pela cobrança. Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), estipular um preço fixo é ilegal. O flanelinha não pode determinar o valor, e o motorista paga somente se quiser e o quanto quiser. A Prefeitura de Porto Alegre informou que a lei municipal que orienta a atividade não foi regulamentada. Por isso, só age em casos de extorsão ou que prejudique o trânsito. A prefeitura comunicou que estuda a possibilidade de rever a legislação que trata desse tema,já que está defasada (G1, 2019). Embora se tenha proibido a atividade de flanelinha, a prefeitura não deixará esta população à mercê, uma vez que no parágrafo único, do art. 1º, da referida Lei relata que: “O Executivo Municipal elaborará plano de ação para realizar a inserção social dos guardadores autônomos de veículos que estiverem devidamente registrados no órgão federal competente”. (PORTO ALEGRE, 2020). Corroborando com isso temos o site da Prefeitura de Porto Alegre (2020), o qual traz a notícia de que: Em novembro de 2019, a prefeitura iniciou o cadastramento dos flanelinhas. O secretário municipal adjunto de Desenvolvimento Econômico, Moisés Fraga Gonçalves, afirma que a ação busca identificar formas de ajudar os guardadores a encontrarem novas opções profissionais e encaminhá-los para a rede de assistência social do Município. Segundo o presidente em exercício da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), Joel Lovatto, até agora foram feitos 200 cadastros, principalmente nas regiões do Parque Marinha do Brasil, Parque Farroupilha (Redenção), Hospital Mãe de Deus e Orla do Guaíba. Entre os dados levantados, estão que a maioria dos guardadores são homens (88,7%), 49% estudaram até o 5º ano do Ensino Fundamental, 74,5% têm antecedentes criminais, 88% já tiveram alguma experiência formal de trabalho e 82% afirmam ter interesse em retornar ao mercado de trabalho. Oportunidades - Para atender aqueles que querem voltar a ter uma atividade legalizada, a prefeitura buscou ajuda de entidades, instituições e empresas. Os parceiros irão oferecer cursos profissionalizantes e oportunidades de trabalho. Até agora, confirmaram apoio o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), Sindicato dos Engenheiros (Senge), Melnick, PUCRS, Serviço Nacional do Comércio (Senac), Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção e Pintura, Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) e Sistema S. A presidente da Câmara Municipal em exercício, vereadora Lourdes Sprenger, elogiou o plano criado pelo Município (PREFEITURA DE PORTO ALEGRE, 2020). 32 Seguindo esta mesma linha temos o site do SENGERS (2020), o qual comprova o fato elucidado acima, vejamos: O SENGE realizou nessa semana mais uma iniciativa social envolvendo a área de Qualificação. Por meio de uma parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, o Sindicato ministrou curso destinado a capacitação profissional de ex-guardadores de carros, também conhecidos como flanelinhas. Na turma, ex-guardadores de veículos e pessoas em situação de vulnerabilidade participaram do curso Prevenção de Acidentes, ministrado pelo instrutor Luiz Fernando Bodanese, com duração de 4h. O curso foi realizado no dia 09 de março, na sede do SINE - Centro Histórico, Porto Alegre. A atividade foi acompanhada pela diretora de Qualificação do SENGE, Nanci Begnini Giugno, pela gerente de Qualificação do SINE, Georgia Volkmer (SENGERS, 2020). Por fim, em seus artigos 3º, 4°, 5º e 6º, todos da Lei Municipal de nº 874/20, nos é trazido a quem compete à exploração de estacionamentos pagos, bem como sua fiscalização, ou seja, o executivo municipal, também é informado valor de multa e a quem essas serão destinadas. Comprovasse isso em reportagem do jornal Diário Gaúcho (2020), a qual elucida: A multa inicial para quem for flagrado descumprindo a lei é de R$ 300, mas, se houver reincidência, o valor dobra, passando para R$ 600. Segundo a Guarda Municipal, todas as autuações estão no prazo de recurso ainda, por isso que até o momento não houve pagamentos. Os valores a serem arrecadados serão destinados ao Fundo Municipal de Segurança Pública (Fumseg). Quem não pagar — após o fim do período de recursos — terá o nome inscrito na divida ativa do município. Desde o dia 16 de janeiro, um dia depois de o prefeito Nelson Marchezan ter sancionado lei que proíbe a ação de flanelinhas na Capital, a Guarda Municipal já autuou 293 guardadores de veículos na cidade. Deste total, 27% são reincidentes, sendo que um deles foi multado cinco vezes. A ação de fiscalização cabe à Guarda Municipal. Segundo o órgão, os dados foram contabilizados entre 16 de janeiro e 31 de julho. Dos 293 autuados, 81 foram multados mais de uma vez. O caso que mais chamou a atenção é o de um guardador de carro, que não teve o nome divulgado, que foi autuado uma vez a cada 36 dias desde a sanção da lei. Porto Alegre tem entre mil e 1,2 mil guardadores de carro, de acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública (DIÁRIO GAÚCHO, 2020). Por fim, vale salientar que, embora a Prefeitura de Porto Alegre tenha feito o https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/ultimas-noticias/ 33 possível para limpar a cidade dos flanelinhas, que como vimos, cometem diversos crimes, suas sanções, praticamente, não surtiram efeito. Haja vista que ate o presente momento os encontramos pelas ruas da cidade. Portanto cabe a nós, o ato de denunciar para, assim, se fazer cumprir a lei. 34 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo da monografia, pretendeu-se realizar um estudo abrangente sobre a conduta dos guardadores de veículos, bem como seus possíveis enquadramentos perante a legislação penal brasileira. Para chegar a esse objetivo, o primeiro passo do trabalho foi identificar o contexto socioeconômico em que estes trabalhadores estão inseridos. Com base nos dados coletados na presente pesquisa, é possível apontar algumas considerações. Inicialmente, observam-se as razões estruturais que corroboraram para o surgimento da atividade de guardador de veículos no Brasil, entendendo assim, como essa profissão se adaptou ao contexto socioeconômico e político vivido na época. Contexto, esse que envolve o mercado de trabalho, com o aumento do desemprego e a subutilização da mão de obra. Posteriormente, com a promulgação da Lei Federal nº 6.242/75, a qual estipulou que as atividades de guardador de veículos deveriam ser registradas na delegacia regional do trabalho competente. Lei essa que veio na tentativa de institucionalizar o trabalho informal, uma vez que se tinha uma crescente massa trabalhadora, as quais as indústrias não davam conta de absorver. Passado o contexto histórico da atividade de guardador de veículos, passou- se para a investigação das particularidades assumidas por estes trabalhadores no momento em que abordam os condutores de veículos. Vale ressaltar que a mera ação dos flanelinhas não se configura em crime. Portanto, para atingir o propósito deste trabalho, baseou-se na maneira como são efetuadas as abordagens dos guardadores de veículos para com os motoristas. Abordagens essas, que como já vimos, podem acarretar em diversos crimes contidos no código penal brasileiro, quais sejam: extorsão, estelionato, constrangimento ilegal e usurpação de função pública. Os dados apresentados foram frutos de um processo de leitura e pesquisa sobre os guardadores de veículos. Este trabalho, portanto, abre uma proposta de conhecimento para fazer com que a população entenda que, embora esta seja uma profissão regulamentada em diversos municípios brasileiros, não pode o flanelinha, no momento da abordagem, ou mesmo na saída do veículo, ameaçar, achacar, constranger, violentar, induzir alguém a erro mediante qualquer artifício, bem como 35 exigir qualquer valor pecuniário pelo serviço prestado, se o fizer estará cometendo algum dos ilícitos penais apresentados.Neste processo de realização da monografia foram encontrados alguns obstáculos. Entre eles, a falta de bibliografias na área jurídica, uma vez que este assunto é pouco abordado no ramo do direito, utilizando-se, assim, de sites e reportagens para a complementação e elaboração do trabalho. Dessa forma, mesmo com esse obstáculo, conseguimos ter um grande ganho de aprendizagem nessa área, tanto teórico, quanto prático. Também tivemos a oportunidade de contribuir para a abertura da discussão e/ou desenvolvimento científico de um tema ainda pouco explorado no Brasil, porém experimentado por toda a sociedade brasileira. Ademais, contribui como caminho para possíveis abordagens dessa problemática, sob as mais diversas esferas. 36 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Lauro. Flanelinhas exigem até R$20 de motoristas junto ao gasômetro. Gaucha zh, 2018. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto- alegre/noticia/2018/05/flanelinhas-exigem-ate-r-20-de-motoristas-junto-ao- gasometro-cjgtvg8ws05ym01qoswylvyr4.html>. Acesso em: 04 abril 2021. BRASIL, Código Penal. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 04 junho 2021. BRASIL. DECRETO Nº 79.797, DE 8 DE JUNHO DE 1977. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-79797-8-junho- 1977-428817-norma-pe.html>. Acesso em: 30 maio 2021. BRASIL. 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