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IG: @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 1 GD FARMACOLOGIA IV PRIMEIRO GD – PENICILINAS E CEFALOSPORINAS: HBO, 14 anos, masculino, natural e residente de Juiz de Fora, chega acompanhado de sua mãe ao atendimento no posto de saúde de seu bairro. Relata odinofagia severa e relativa disfagia, devido à dificuldade em deglutir causada pelo quadro álgico. Sua mãe refere febre não aferida em termômetro há 2 dias - afirmou ter utilizado o dorso das suas mãos em contato com a testa do seu filho. Ao exame físico: LOTE, BEG, corado, hidratado, acianótico, anictérico. Temperatura axilar de 38.3ºC. Linfonodomegalia submandibular bilateral (linfonodos móveis, dolorosos e de consistência fibroelástica). Foi observada hiperemia importante e hipertrofia das tonsilas palatinas (amigdalas), com muitas placas purulentas, registrada na foto a seguir: Diante do quadro clínico o médico do posto fez o diagnóstico de faringoamigdalite bacteriana, resolvendo medicar o paciente com um antibiótico. Pede-se: A) Qual a bactéria mais frequente envolvida no quadro em questão. Aproveite e cite outras 3 patologias, além da faringoamigdalite bacteriana, nas quais essa mesma bactéria está envolvida. A bactéria mais frequentemente envolvida neste quadro é a Streptococcus pyogenes, responsável também por doenças como impetigo, pneumonia pneumocócica e febre reumática. B) Analise a utilização das penicilinas como primeira escolha para o tratamento da infecção do paciente em questão e, ainda, quais fármacos deste grupo são indicados, abordando características relacionadas ao antimicrobiano, ao paciente e às bactérias implicadas com o quadro. As penicilinas são um subtipo de antimicrobianos beta lactâmicos que atuam de modo a evitar a formação da parede celular bacteriana através da inibição da transpeptidação dos aminoaçúcares e peptídeos constituintes desta parede. Além disso, provocam a liberação de autolisinas que contribuem para o efeito bactericida destes fármacos. As penicilinas são classificadas de acordo com seu espectro de ação e, para o caso em questão, as penicilinas úteis são: Penicilina G do tipo Benzatina, sendo esta a primeira escolha para tratamento de faringite estreptocócica; e as IG: @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 2 GD FARMACOLOGIA IV Aminopenicilinas (Ampicilina e Amoxacilina/ Amoxacilina + Ácido Clavulânico, sendo este último o mais usado atualmente devido à resistência bacteriana já apresentada às aminopenicilinas isoladas). C) Reações anafiláticas às penicilinas são bem descritas, como rash cutâneo, prurido, angioedema e até mesmo choque anafilático. Inicialmente, todo paciente alérgico às penicilinas deve também ser encarado como alérgico às cefalosporinas, porém apenas 10% apresentam alergia para essas duas classes. Sabendo que esse paciente tolera bem as cefalosporinas, explique se a eventual troca por esta classe de fármacos apresenta boa cobertura para os possíveis microrganismos da infecção em questão, analizando qual(is) a(s) geração(ções) utilizada(s). Em caso de troca das penicilinas pelas cefalosporinas, para os possíveis microrganismos em questão, as cefalosporinas de primeira e segunda geração mantém os bons efeitos terapêuticos, pois possuem o mesmo mecanismo de ação das penicilinas (impedir a síntese da parede bacteriana) e, além disso, apresentam maior resistência às beta-lactamases, o que possibilita a esta classe, driblar um dos mecanismos de resistência das bactérias. No que tange as opções de cefalosporinas para o tratamento deste caso, as cefalosporinas de primeira geração são as de primeira indicação, enquanto as de segunda geração são opções para casos em que haja falha terapêutica com as de primeira geração ou infecções recorrentes. D) Descreva o mecanismo de ação compartilhado pelas penicilinas e cefalosporinas (dando ênfase ao papel das PBP’s), a farmacocinética e a farmacodinâmica, bem como seus principais efeitos adversos. O mecanismo de ação dos antimicrobianos ß-lactâmicos resulta em parte da sua habilidade de interferir com a síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). Para isto, após penetrar na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular bacteriana, devem ser resistentes às ß-lactamases (mecanismo de resitência das bactérias) para que então possam se ligar às proteínas ligadoras de penicilina (PBPs) e inibi-las, visto que são elas as responsáveis pelo passo final da síntese da parede bacteriana. A ligação a essas proteínas (PBPs) tabém deflagra a liberação de autolisinas, responsáveis pela ação bactericida destes fármacos. As penicilinas possuem diferentes perfis farmacocinéticos podendo ser de administração exclusivamente parenteral como as penicilinas G e V (vias endovenosas ou intramusculares) ou de administração enteral ( via oral) como as aminopenicilinas. As cefalosporinas podem ser administradas e absorvidas tanto por via oral quanto parenterais. A maioria das cefalosporinas não são metabolizadas pelo fígado e possuem eliminação renal (assim comoas penicilinas) e biliar (ceftriaxona e cefoperazona). Quanto aos efeitos adversos, as penicilinas podem causar reações de hipersensibilidade e choque anafilático, diarreia por desequilíbrio da microbiota intestinal e reação de Jarisch-Hexheimer em casos de sífilis. As cefalosporinas podem causar reação de hipersensibilidade inferior à provocada pelas penicilinas e não há registros de choque anafilático. Além disso, podem causar nefrotoxicidade. E) Descreva os principais mecanismos de resistência bacteriana aos grupos de fármacos descritos. As bactérias podem apresentar resistência aos antimicrobianos ß–lactâmicos de 3 formas: produção de ß–lactamases ( meio mais eficiente e comum ), modificações estruturais das proteínas ligadoras de penicilina (PBPs) codificadas pelo gene mecA e pela diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano através de mutações e modificações nas porinas (proteínas que permitem a entrada de nutrientes e outros elementos para o interior da célula).
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