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PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO CELULAR Nesta aula vamos falar sobre os distúrbios de crescimento celular. Quando falamos de distúrbios do crescimento celular e adaptação esses são os tópicos que precisamos estudar: 1) Hiperplasia 2) Hipertrofia 3) Atrofia 4) Metaplasia São condições que vão estar presentes em várias situações do nosso dia-a-dia. Existem as formas da células estarem se adaptando, essa adaptação na maioria das vezes é reversível e é benéfica para que as células atentam para as novas necessidades do organismo; algumas vezes as células não tem condições de estarem se adaptando porque o estímulo persistiu ou porque é forte demais ou estímulo é extremamente agressivo e essa célula pode entrar numa situação que vamos chamar de disfunção celular . Essa disfunção pode ser reversível até certo ponto e essas alterações que acontecem nas células quando a gente não consegue mais reverter, algumas vezes esse dano celular pode levar a morte da célula ( irreversível ). Uma das formas da gente classificar as lesões celulares aos estímulos é em relação ao tamanho que essa célula vai estar adquirindo . Então as alterações progressivas que estão relacionadas ao aumento do tamanho do tecido, do órgão são a hiperplasia e hipertrofia . A alteração regressiva onde existe a diminuição do tamanho do tecido ou do órgão é atrofia . As alterações relacionadas a disfunção : degenerações (gordurosa, hidrópica, hialina), displasia e neoplasia ; e a metaplasia, que fica entre uma alteração progressiva e uma disfunção celular . Com esse desenho podemos fazer uma revisão do que falamos hoje. Fundamental para que a gente possa fazer a revisão desse tópico, entendendo e conseguindo resolver esse estudo. A resposta celular vai depender: ● do tipo de agressão, ● do tempo que essa agressão durou ● intensidade - de quão forte foi essa agressão ● do tipo de célula - tem células que se adaptam melhor a determinados estímulos enquanto outros não ● condição metabólica - condição fundamental do indivíduo A adaptação que acontece ou a forma de um indivíduo hígido, saudável, que tem por exemplo 20 anos é diferente da forma de reagir de um indivíduo que tem 80 anos e tem uma série de comorbidades. 1 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C Existem vários mecanismos moleculares para a adaptação celular. Algumas formas de adaptações são induzidas através da estimulação direta das células pelos fatores produzidos pelas próprias células afetadas ou por outras células no ambiente que as circunda (células que estão próximas contribuem para que o estímulo aconteça). Na superfície da célula existem receptores que vão ser responsáveis por esse tipo de acontecimento. Outros ocorrem devido a ativação de vários receptores na superfície celular e vias de sinalização. O primeiro estímulo adaptativo relacionado ao crescimento que vamos estar vendo é a hiperplasia . A hiperplasia acontece quando tenho aumento no número de células de um órgão ou tecido, esse aumento no número de células vai repercutir no aumento do volume desse órgão. Quais são os tecidos capazes de sofrer hiperplasia? aqueles tecidos onde a população celular é capaz de sintetizar DNA e de realizar mitose. Então na imagem podemos ver um tecido normal onde tenho 4 células; quando tenho a hiperplasia essas 4 células vão estar se dividindo e vou ter uma quantidade maior de células; essa quantidade maior de células vai fazer com que esse tecido/parte de tecido ou órgão aumentem de tamanho; então vou ter uma células dando origem a duas células, se dividindo através de mitoses e a população celular desse tecido que estou estudando vai estar aumentada. Ex.: aumento uterino por estimulação hormonal, A hiperplasia pode acontecer de maneira fisiológica ou patológica. ● Hiperplasia fisiológica O principal exemplo que temos relacionado a hiperplasia fisiológica é a hiperplasia hormonal ( aumento da capacidade funcional de um tecido/órgão quando necessário ) que acontece na gestante . Então na gestante o tamanho uterino aumenta porque algumas células são capazes de se dividir dando origem a outras células, assim como o tecido mamário, algumas células são capazes de se dividir e a gente encontra no útero e na mama um aumento do volume do órgão; é o principal exemplo da hiperplasia fisiológica relacionada ao estímulo hormonal. Ex.: proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e gravidez; hiperplasia do útero gravídico Existe também a hiperplasia compensatória ( ocorre aumento da massa tecidual após dano ou ressecção parcial ), por exemplo um paciente que fez nefrectomia, o rim remanescente, então esse paciente teve algum problema que levou à perda renal, que esse paciente vai ter, vai conseguir realizar a função de acordo com as necessidades do indivíduo. Isso pode fazer com que esse órgão aumente de tamanho para poder compensar a função do rim que foi perdido. Ex.: hepatectomia, nefrectomia unilateral com hiperplasia do rim remanescente. Esses são alguns exemplos bastantes simples relacionados a hiperplasia fisiológica. ● Hiperplasia patológica Quando falamos em hiperplasia patológica preciso ter um pouco de atenção, porque quando tenho um estímulo hormonal e na maioria das vezes é o que acontece nos casos patológicos, preciso ter atenção para tentar cessar esse estímulo, porque quando uma célula está se dividindo, está sofrendo mitose, preciso ter cuidado para que numa dessas divisões dessa célula não comece a ter origem a uma células 2 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C com atipias celulares e alí comece a ter uma proliferação neoplásica maligna; Esse é o grande problema, se está existindo divisão celular acentuada, estimulada, uma das possibilidades do surgimento do câncer, da neoplasia maligna, é através da formação/multiplicação celular com o surgimento de células novas. Atenção para que essa hiperplasia patológica não seja o fator inicial para uma proliferação maligna. Então esse paciente precisa ter um acompanhamento mais próximo. Nesta imagem conseguimos ver um útero toda a parte marcada de preto é a cavidade endometrial, o que chama a atenção nessa porção (linha vermelha) conseguimos ver uma parte elevada de tecido; essa parte elevada do tecido é uma área de hiperplasia endometrial. Esses casos na maioria das vezes são condições benignas sem atipias, mas a persistência desse estímulo é um fator de risco para o desenvolvimento de malignidade. - A hiperplasia endometrial é um exemplo de hiperplasiahormonal anormal-desequilíbrio entre estrogênio e progesterona. - Causa comum de sangramento menstrual anormal. Um outro caso que é bastante comum vermos hiperplasia patológica são os homens em torno dos 50/60 anos que começam a ter o aumento prostático, que é aquele homem que tem infecção urinária, que tem dor suprapúbica, e quando vai questioná-lo, ele já sabe desse diagnóstico, tem hiperplasia prostática, a próstata aumentada de tamanho. A maioria das vezes é uma condição benigna, mas a gente precisa ter atenção para esse fator que está estimulando esse crescimento dessa porção desse órgão para que num determinado momento essa proliferação não se transforme numa proliferação maligna, uma proliferação cancerosa. - Hiperplasia prostática benigna, induzida por androgênios. - Infecções virais - papilomavírus. - A maioria das formas é causada pela estimulação excessiva das células alvo por hormônios ou por fatores de crescimento . - No geral, o processo permanece sob controle: a hiperplasia regride se o estímulo hormonal é eliminado. - No entanto, a hiperplasia patológica é um fator de risco para o desenvolvimento de proliferação cancerosa . obs.: O mioma não é uma hiperplasia, e sim uma neoplasia, é uma proliferação de novas células, é uma neoplasia benigna, forma mioma, uma tumoração formada por células musculares lisas, não é uma hiperplasia e nem uma hipertrofia, é uma neoplasia. Não existe nenhum estímulo para que aquela lesão se desenvolva. A neoplasia é um crescimento que é independente da estimulação hormonal. Quando a gente tem uma hipertrofia ( aumento no tamanho das células, resultando em aumento do tamanho do órgão ) tenho 4 células no momento inicial, quando tenho hipertrofia continuo tendo 4 células, mas essas células estão muito maiores, aumentara de tamanho, não tenho células novas, tenho células maiores. Se tenho a hipertrofia em que tenho células maiores, tenho nessa célula uma quantidade maior de componentes estruturais; se tenho uma célula menor, tenho uma quantidade menor de componentes estruturais; o órgão hipertrofiado não tem células novas, somente células maiores . 3 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C O aumento do tamanho das células é devido à síntese de mais componentes estruturais. As células que podem se dividir para responder ao estresse sofrem tanto hiperplasia quanto hipertrofia, enquanto as células que não se dividem sofrem apenas hipertrofia (ex.: fibras do miocárdio). O exemplo mais comum, mais fácil, mais simples para que a gente possa entender a hipertrofia e não esquecer mais, é o fisiculturista, o indivíduo que está na academia, eles não têm células novas; sabemos que se pararmos de fazer atividade física o estímulo pro músculo diminui, o tamanho do braço, por exemplo; quando você faz o estímulo você consegue aumentar o tamanho daquela célula, daquela fibra muscular e começa a ter a definição. É assim que acontece, você não está tendo novas células musculares, você tem as suas células de formação inicial e você consegue aumentar, aumenta a quantidade de componentes estruturais que você tem naquela célula. - O estímulo mais comum para a hipertrofia muscular é um aumento da carga. Ex.: músculos desenvolvidos dos fisiculturistas. A mesma coisa acontece no coração, o indivíduo hipertenso ou o indivíduo que tenha alguma insuficiência cardíaca quando você tem um estímulo resistente para o batimento do coração, para o batimento muscular e você precisa fazer uma força maior para que aquele coração consiga bombear a quantidade de sangue; você aumenta o tamanho e a espessura dessas células musculares e acaba tendo uma musculatura cardíaca hipertrofiada. Isso vai fazer com que a cavidade fique com o espaço reduzido; Então algumas vezes a gente encontra condições de hipertrofia que são consideradas patológicas. Aqui tenho uma condição, o indivíduo que tem uma hipertensão crônica mal controlada, tem um fator de risco para hipertrofia ventricular que pode vir associada a algum grau de disfunção cardíaca. - No coração, o estímulo para a hipertrofia é geralmente uma sobrecarga hemodinâmica crônica causada pela hipertensão arterial. A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica. ● Como a gente vê na lâmina uma alteração do tipo hipertrofia? Aqui a gente tem uma lâmina, um corte de um miocárdio normal, as células miocardiócitos são organizadas longitudinalmente, ficam homogeneamente entre si; a gente consegue ver que existe uma harmonia na organização desses feixes celulares. Uma lâmina de um tecido hipertrofiado é caracterizada principalmente pela desorganização. Então a desorganização de um padrão arquitetural de um tecido é característica dessas células que estão hipertrofiadas porque elas vão crescendo de maneira irregular. Juntamente a gente faz algumas áreas de edemas (áreas claras) e você consegue ver macroscopicamente um tecido aumentado de tamanho. Na gestante, no útero e no tecido mamário, além da gente encontrar um aumento do número de células, tanto do útero quanto da mama, a gente também tem o aumento do tamanho das células, é um exemplo de uma condição onde encontro hipertrofia e hiperplasia simultaneamente. 4 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C - Aumento fisiológico do útero na gravidez: hipertrofia e hiperplasia. - Hipertrofia dos seios durante a amamentação: induzidos pela prolactina e estrogênio. Qual o principal estímulo para que isso ocorra? estímulo hormonal. Na maioria das vezes vai existir um estímulo hormonal que vai estar levando a essas condições onde encontro hiperplasia e hipertrofia. Agora uma alteração regressiva, de diminuição do tamanho da célula. Quando tenho uma célula hipertrofiada tenho uma célula com aumento de componentes estruturais. Quando tenho uma célula atrofiada tenho uma célula que tem menos componentes estruturais. A atrofia pode ser relacionada à diminuição (redução) do número de células ou do tamanho de células devido a perda de substâncias celular (componentes estruturais das células) . Uma atenção que precisamos ter em relação a atrofia , algumas vezes essa célula pode receber tanto estímulo para seu pouco desenvolvimento, sua pouca função que ela pode levar a morte celular . - Representa uma forma de resposta de adaptação e pode culminar em morte celular . A atrofia pode ser fisiológica ou patológica. Atrofia fisiológica : é comum nas fases iniciais do desenvolvimento: notocorda e ducto tireoglosso (que acontece após o nascimento; a redução de algumas estruturas; Você pode ter a atrofia com a diminuição do tamanho da célula e algumas vezes temos a redução da quantidade de células, porque essas células vão atrofiando ealgumas vezes podem chegar a serem fonte de fagocitose e a gente ter atrofia com células que vão sofrer apoptose), diminuição do útero após o parto (então células que ficaram grandes, hipertrofiadas, vão diminuindo de tamanho até chegarem ao tamanho normal; algumas células que se multiplicaram, células novas, podem desaparecer, num primeiro momento atrofiar e depois podemos encontrar apoptose em algumas dessas células), são exemplos de atrofias. obs.: na adolescência quando o peito está crescendo é a hipertrofia que ocorre ou não? É o desenvolvimento hormonal normal. Essas células, na verdade, não estão hipertrofiando, essas células já estão preparadas para quando chegar o momento de estimulação hormonal, elas vão se desenvolver, isso é fisiológico. Na gravides isso vai acontecer também, mas a mulher não tem os picos hormonais para o desenvolvimento dessas células. Tanto que quando a gente vê a mama de uma mulher adulta e a mama de uma criança conseguimos identificar a diferença celulares, assim como conseguimos ver na mulher que está gestante. obs.: O crescimento da maman na adolescência seria a hiperplasia? Não, hiperplasia é um aumento patológico; o desenvolvimento do seio é um desenvolvimento que faz parte da fisiologia. Você estímulos hormonais, vai aumentar a quantidade de tecido glandular na mama e vai fazer o primeiro estímulo para que algumas células cresçam e formem os ductos, estimulem os canais lactíferos e essas células que estavam em um tamanho menor, elas vão crescendo. Você não vai ter células hipertrofiadas no desenvolvimento da adolescência, elas vão chegar a um tamanho normal. obs.: Na adolescência, não seria uma hiperplasia hormonal fisiológica? Que aí aumenta a capacidade funcional do tecido? Nunca a professora ouviu falar desse termo, hiperplasia hormonal fisiológica, pode até ser, mas nunca ouviu falar. Porque quando acaba o estímulo elas vão ficar hiperplasiadas. Então os hormônios da adolescência são estímulos para o crescimento, mas não sei se podemos utilizar esse termo “hiperplasia fisiológica da adolescência'', porque quando acaba a adolescência a mama não regride, vai cessar o estímulo e depois a mama fica estável. obs.: Na gestante temos as duas coisas, temos o aumento do número de células e temos o aumento do tamanho de células e ainda se cria células novas. ● Atrofia simples - devido a redução no volume celular sem alteração no número de células 5 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C Quando a gente tem um indivíduo que está acamado ou o indivíduo que sofreu acidente automobilístico ou o indivíduo que tem uma doença debilitante, esse indivíduo que fica sem movimentar um membro, isso conseguimos ver em indivíduos mais idosos com comorbidades limitantes para o movimento, essa perda do tecido muscular é bastante considerável e podemos ver a atrofia dos membros. Esse tipo de atrofia é chamada de atrofia simples , quando você tem uma diminuição do tamanho das células . Ex.: atrofia de fibras musculares esqueléticas na desnervação. ● Atrofia numérica - devido a redução no número das células Existe uma condição chamada de atrofia numérica , onde a gente tem a diminuição do número de células , não só o tamanho. Existe uma condição que é a hanseníase que leva a destruição de algumas células, o desaparecimento de algumas células germinativas, esses túbulos vão se hialinizando. É só mais um exemplo de condição onde tenho a atrofia numérica e a possibilidade de ter a atrofia relacionada a diminuição do volume da célula ou diminuição da quantidade de células. Ex.: atrofia dos túbulos seminíferos na hanseníase A atrofia patológica pode ser localizada ou generalizada. 1) diminuição da carga (atrofia por desuso) : membro fraturado, imobilizado, repouso absoluto Essa atrofia simples relacionada, principalmente, ao desuso e é visto em doenças que fazem com que o indivíduo fique acamado, fique em repouso absoluto ou que esteja em uma situação pós-trauma é chamada por atrofia de desuso. Uma das coisas que a gente tenta fazer é estimular essa movimentação, é colocar esse indivíduo mais precocemente, se possível para deambular ou para fazer fisioterapia para que embora essas células musculares estejam atrofiadas, estão menores, elas estão vivas; então assim, que conseguirmos estabelecer os movimentos desse indivíduo a gente consegue recuperar esse aspecto da atrofia. 2) perda da inervação (por atrofia por desnervação) : lesão de plexo Exemplos que temos também: o movimento muscular é totalmente relacionado a um estímulo nervoso; toda vez que existe alguma lesão no plexo nervoso, você fica sem estímulo para o movimento daquele grupamento celular. Um exemplo é que algumas vezes essas fatalidades de partos vaginais que são tumultuosos ou trabalhosos e nessa situação/nessa dificuldade de passar o ombro do bebê, algumas vezes acaba lesionando. Ao longo da vida devemos encontrar alguém que tenha sido vítima dessa condição com lesão de plexo e acaba ficando com o membro atrofiado por conta de uma deficiência de estimulação nervosa. 3) diminuição do suprimento sanguíneo : doença arterial oclusiva levando a atrofia (isquemia ⇨ perda progressiva das células); atrofia cerebral progressiva com a idade (possivelmente aterosclerose diminuindo suprimento sanguíneo). Quando a gente não consegue fornecer uma quantidade suficiente de sangue, de oxigênio e nutrientes para um tecido a gente vai levando a áreas de atrofia. Aqui temos um cérebro mais edemaciado e um cérebro atrofiado, esse cérebro atrofiado chama muita atenção, como esses sulcos são proeminentes e existe uma diminuição do tamanho cerebral. A atrofia cerebral vai sendo vista com o envelhecimento, é normal termos áreas de atrofia pelo nosso corpo por conta do envelhecimento; o problema é visto em condições sistêmicas que levam a essa atrofia 6 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C precoce quando a gente não consegue fornecer sangue e demais nutrientes para essa porção. A gente também vê atrofia por diminuição do suprimento sanguíneo, principalmente em pacientes com doença vascular periférica, diabéticos; nesses pacientes alguma área de oclusão vascular pode levar o prejuízo da irrigação do membro inferior que vemos essas áreas mais escuras, que são áreas de isquemia já tendendo há áreas de necrose. Um grande problema a gente primeiro atrofia e depois existe um risco considerável para morte celular. 4) nutrição inadequada : desnutrição proteico-calórica ⇨ consumo de tecido adiposo ⇨ consumo de tecido muscular ⇨ caquexia As células precisam de nutrientes para que se desenvolva, para que fiquem executando as suas funçõesadequadas; um paciente caquético, com uma desnutrição proteico-calórica começa a consumir tecido adiposo depois tecido muscular e o que a gente vê é esse tecido ósseo revestido por pequena quantidade de um subcutâneo e pele. É vista em pacientes com doenças avançadas, com câncer avançado ou com outras comorbidades. Então se você não fornece alimentos, se não fornece substâncias adequadas para o desenvolvimento celular, a gente vai atrofiando as células. Porque a gente consegue recuperar o tecido adiposo, o tecido muscular desse paciente se ele for tratado, se for uma condição possível e a gente consegue recuperar o subcutâneo, o tecido muscular? Porque embora essas células estejam menores e atrofiadas, elas estão vivas, não são células mortas; então, existindo o estímulo e existindo a nutrição a gente consegue recuperar esse indivíduo. 5) perda da estimulação endócrina : a perda da estimulação estrogênica após a menopausa resulta em atrofia fisiológica do endométrio, epitélio vaginal e seios Aqui mais um exemplo de atrofia só que aqui relacionado a estimulação endócrina. Temos um útero de tamanho normal e um útero de tamanho atrófico é visto com o envelhecimento e algumas condições patológicas podem levar a isso também, os ovários ficam mais fibrosados e temos um corpo uterino bem diminuído de tamanho. Uma das características que identificamos na microscopia é a presença dessas dilatações glandulares e assim a gente observa um endométrio atrófico. Esse tipo de alteração endometrial vemos em mulheres com mais idade onde a gente tem uma atrofia endometrial. Acontece de maneira mais precoce quando existe uma patologia nessa mulher. 6) envelhecimento (atrofia senil) : por perda celular, pp / / no cérebro e coração Acontece atrofia também testicular, atrofia do tecido mamário, atrofia das papilas gustativas e aqui está relacionado a senilidade. Porque que o indivíduo quando fica com mais idade ele tem necessidade de colocar mais sal ou mais açúcar no alimento? Porque esse indivíduo ele já tem uma atrofia das papilas gustativas e não sente tanto o sabor quanto um indivíduo mais jovem. 7 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C Então essas atrofias relacionadas ao envelhecimento é que vão levando as limitações que a gente vai identificando em indivíduos mais velhos. Desgaste do tecido ósseo, a pele existem áreas de atrofia, de perda de colágeno, atrofia relacionada aos ossos da mandíbula que facilita esses indivíduos de perderem os dentes. 7) pressão : provavelmente por isquemia. Ex.: tumor benigno em crescimento comprimindo tecidos vizinhos. Temos aqui uma imagem interessante de um crânio, em mais claro conseguimos ver a calota do tecido ósseo que está envolvendo. O que chama a atenção nessa imagem é que tem uma lesão, por mais que a gente não saiba identificar se é uma lesão maligna ou benigna ou inflamatória, o que chama a atenção é que temos uma calota óssea que impede grandes distensões nesse tecido. Quando a gente encontra uma lesão dessa, essa lesão para crescer precisa comprimir as células que estão em volta, ela compete o espaço com tudo que está ao redor, se ela vai crescendo ela vai empurrando, espremendo o tecido que está em volta. Esse tecido que está em volta que não tem para onde se movimentar, ele acaba recebendo essa pressão e provavelmente por isquemia essas células acabam atrofiando, uma das possibilidade é você acabar levando a morte dessas células dependendo do tamanho da velocidade, do crescimento dessa lesão tumoral. Alguns conceitos que são importantes: ● Hipotrofia : sinônimo de atrofia ● Aplasia ou agenesia : ausência congênita de um órgão ● Hipoplasia : incapacidade de um órgão ou estrutura de atingir o volume adulto normal É um conceito muito importante. A metaplasia acontece todas as vezes que uma célula adulta , essa célula pode ser epitelial ou mesenquimal, é substituída por outra célula adulta . A metaplasia é uma alteração reversível . É uma alteração onde a troca do tipo celular acontece para que essa porção onde vi essa alteração celular se torne mais resistente, existe alguma condição naquele meio, onde aquele tipo celular não está totalmente preparado para enfrentar. Então a metaplasia acontece por essa substituição do tipo celular para que uma célula mais resistente passe a existir ali naquele ambiente adverso . Pegamos essa descrição em laudos como: metaplasia escamosa ou epidermóide; metaplasia apócrina, óssea, endócrina, podemos pegar dessa maneira as descrições microscópicas dos tipos de metaplasia. Os exemplos que são mais comuns de metaplasia: um deles é o trato respiratório dos indivíduos tabagistas. Então temos revestindo o aparelho respiratório temos: um epitélio colunar ciliado, pseudoestratificado cilíndrico ciliado, esse epitélio não é o epitélio mais preparado para agressão das substâncias tóxicas do cigarro e da temperatura do cigarro. Os indivíduos tabagistas de longa data encontramos áreas onde esse epitélio vai sendo substituído por um epitélio escamoso. O epitélio escamoso que vamos encontrando nessas áreas onde tenho a metaplasia, essa alteração epitelial, é um fator de risco para desenvolvimento de carcinoma escamoso do pulmão desses indivíduos. A metaplasia é uma alteração reversível, é uma alteração adaptativa. Se o estímulo/ambiente adverso não forem modificados a metaplasia pode progredir para uma displasia ou neoplasia, são condições em que tenho um potencial para transformação maligna. Essa é uma condição importante onde tenho o exemplo de metaplasia que é uma alteração celular reversível e é considerado uma alteração celular adaptativa. 8 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C ★ Epitélio colunar para o escamoso que ocorre no trato respiratório (traquéia e brônquios) em resposta à irritação crônica-tabagismo. A gente também encontra metaplasia no colo uterino, podemos encontrar descrições dessa metaplasia em laudos de preventivos que é um exame comum que passa por todo mundo. Essa metaplasia que vemos no colo uterino podem estar relacionadas principalmente a processos inflamatórios, a uso de anticoncepcional que podem levar áreas de ectrópio que é modificação do epitélio endocervical para um pouco para fora do colo uterino, então pode favorecer ao favorecimento de metaplasia. ★ Epitélio colunar em epitélio escamosos por cálculos nos ductos excretores das glândulas salivares, pâncreas ou ductos biliares. Colo uterino - JEC ★ O epitélio escamoso estratificado, mais resistente, é capaz de sobreviver em circunstâncias nas quais o epitélio colunar especializado, mais frágil, teria sido destruído. A segunda condição, além do tabagismo,uma outra condição relacionada a metaplasia que é uma condição bastante frequente é o paciente que apresenta refluxo do gastroesofagiano. A gente sabe que o alimento vai sendo impulsionado pelo peristaltismo de maneira sempre progressiva para baixo; a gente sabe que quando o alimento chega no estômago vai ser adicionado de substâncias, principalmente o ácido clorídrico, que vão fazer com que esse alimento fique mais ácido. Uma outra coisa é que o epitélio que temos no esófago é um epitélio diferente do que a gente tem no estômago. Qual é o epitélio que temos no esôfago? é o epitélio escamoso; e no estômago assim como no intestino a gente tem um epitélio colunar/cilíndrico. O epitélio escamoso do esôfago só atravessa esse alimento e aqui não temos o acréscimo dessas substâncias ácidas. No indivíduo que tem doença do refluxo, esse conteúdo que está dentro do estômago, um conteúdo ácido, ele tem refluxo por que tem fragilidade desse epitélio ou uma gestante que é fator de risco para o fator do refluxo ou um individuo obeso ou um indivíduo que faz refeições muito copiosas; esse indivíduo que tem a doença do refluxo esse conteúdo que está dentro do estômago começa a voltar pro terço distal do esôfago; só que esse terço distal do esôfago que está em contato, que está recebendo esse alimento ácido, não está preparado para receber esse alimento. O que acontece? Qual é a possibilidade? A gente começa a ver uma alteração desse epitélio do terço distal desse esôfago. Esse epitélio muda de um epitélio escamoso para um epitélio colunar, do tipo intestinal, que é um epitélio que está mais preparado para receber esse conteúdo ácido. Se a gente controlar o refluxo desse indivíduo, conseguir modificar os hábitos de vida é capaz dessa área onde tinha a metaplasia voltar a ter um epitélio escamoso? Sim, isso é possível. Então a primeira coisa para tentarmos retornar à condição anterior é mudar aquele ambiente adverso; a metaplasia acontece quando tenho um ambiente alterado para aquele tipo celular; se consigo reverter esse ambiente alterado, consigo reverter a metaplasia. 9 PATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA Bruna Pitanga MED 104C Preciso ter atenção porque permanecendo esse ambiente alterado essa metaplasia pode progredir para uma condição neoplásica maligna. Essas áreas de metaplasia podem ser vistas macroscopicamente, uma área de metaplasia no terço distal do esôfago que chamamos de Esôfago de Barrett a gente consegue ver via endoscopia porque a mucosa dessa área fica alterada, fica uma mucosa de coloração salmão, é descrita assim: aveludada de coloração alaranjada/de coloração salmão. Então tenho alteração macroscópica e alteração microscópica relacionada a metaplasia. Se a área de metaplasia for muito pequena dificilmente vamos conseguir ver macroscópicamente, mas consigo ver na microscopia. Quando identifico uma área de metaplasia sou obrigada a ter uma atenção maior com esse paciente, porque se identifiquei tenho que tentar modificar, também, aquele ambiente para tentar recuperar as células daquele indivíduo e tentar evitar a progressão para uma malignidade. ★ Esôfago de Barrett: metaplasia do tipo escamoso para glandular (células colunares semelhantes às células intestinais), sob influência de refluxo gástrico ★ Aumenta chance de adenocarcinoma Então na verdade uma mudança indesejável porque existe um ambiente alterado e se essas influências que predispõem a metaplasia persistirem podem induzir a transformação maligna no epitélio metaplásico. Então essa é a informação fundamental . Só que, a metaplasia, na maioria das vezes, representa uma mudança indesejável . As células, por exemplo, que secretavam muco, para de secretar Se as influências que predispõem a metaplasia persistirem, elas podem induzir transformações malignas no epitélio metaplásico . A metaplasia não resulta de uma alteração do fenótipo de uma célula diferenciada, ela resulta de uma reprogramação de células-tronco existentes nos tecidos normais ou de células mesenquimatosas indiferenciadas no tecido conjuntivo. obs.: na metaplasia existe grau para evoluir para neoplasia ou só observamos? A metaplasia não gradua, a gente gradua a displasia que é uma alteração que é progressiva a metaplasia; a displasia é quando você já tem alguma alteração celular, atipia celular como potencial para atenção para progressão maligna. Isso vai variar de órgão pra órgão; alguns órgãos a gente gradua a displasia em leve, moderada e acentuada; em outros órgãos a gente gradua em displasia de alto e baixo grau; algumas vezes, por exemplo, no colo uterino uma displasia de alto grau é tratada como carcinoma in cito praticamente tem a mesma conduta terapêutica; a metaplasia não gradua. obs.: a classificação de NIC é uma displasia leve, moderada e alta (NIC 1, NIC 2, NIC 3) para colo uterino? Sim; a NIC 1 é a displasia leve; NIC 2 - displasia moderada; e NIC 3 - displasia acentuada. Hoje esses termos não são mais utilizados, virou lesão Lsil (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau) e Hsil (lesão intraepitelial escamosa de alto grau), o termo NIC não é mais utilizado. Isso relacionado a espessura do epitélio que é acometido pela displasia. 10
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