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Código Logístico
58690
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6497-7
9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 7 7
Custos e formação 
de preços
IESDE BRASIL S/A
2019
Agnaldo Santos Pereira 
Pedro Leão Bispo
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P489c Pereira, Agnaldo Santos
Custos e formação de preços / Agnaldo Santos Pereira, Pedro 
Leão Bispo. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019.
130 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6497-7
1. Controle de custo. 2. Contabilidade de custo. 3. Preços - 
Determinação. I. Bispo, Pedro Leão. II. Título.
19-57044
CDD: 658.1552
CDU: 657.47:338.5
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Nattakit Jeerapatmaitree/Sergey Nivens/ Number1411/pisaphotography/Shutterstock
Agnaldo Santos Pereira
Ph.D. em Finanças pela Florida Christian University (FCU). Mestre em Administração 
com especialização em Finanças pelo IBMEC. Pós-graduado em Engenharia Econômica pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor, conselheiro de Administração e executivo.
Pedro Leão Bispo 
Mestre em Administração pela Unigranrio/UFRF. Pós-graduado em Engenharia Econômica 
e Administração Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bacharel 
em Ciências Contábeis pela SUAM. Professor e autor de livros nas áreas de administração e 
contabilidade.
Sumário
Apresentação 7
1 Gestão estratégica de custos 9
1.1 Objetivos da empresa 9
1.2 O desempenho da empresa 13
1.3 Cronologia do estudo de custos no Brasil 18
1.4 Contabilidade financeira versus contabilidade gerencial 24
2 Classificação dos custos 39
2.1 Conceito 39
2.2 Custos 40
2.3 Despesas 44
2.4 Investimentos 47
2.5 Perdas 49
2.6 Custos e necessidade de capital de giro 52
3 Sistemas de apropriação de custos  55
3.1 Custeio por absorção 55
3.2 Custeio variável, gerencial ou por contribuição 61
3.3 Custeio baseado em atividades (activity based costing – ABC) 70
4 Formação do preço de venda 85
4.1 O tratamento de custos no Brasil 85
4.2 O planejamento 86
4.3 Formação do preço de venda 92
4.4 Formação do preço de venda utilizando custeio gerencial ou variável 101
5 Custos e a tomada de decisões 107
5.1 A decisão 107
5.2 O controle 113
5.3 O planejado versus o realizado 117
Gabarito 127
Apresentação
O principal objetivo do gestor de qualquer empresa, independentemente de seu segmento 
(indústria, comércio ou prestação de serviços), tamanho ou finalidade, é maximizar o retorno de 
seus proprietários.
O estudo das metodologias necessárias para calcular o custo de um produto e/ou serviço 
remontam ao século XV. No Brasil, esses estudos iniciam juntamente com o desenvolvimento 
das primeiras alfândegas, por volta de 1530, e, desde então, vêm evoluindo para as formas mais 
modernas, juntamente com o entendimento dos gestores sobre a importância de metodologias 
eficientes no processo de maximização de resultados.
Nesse contexto, a gestão estratégica de custos passa a desempenhar papel fundamental na 
geração das informações que permitirão definir o custo, o preço de venda e, consequentemente, 
a margem de rentabilidade de cada produto e/ou serviço oferecido ao mercado, componentes 
fundamentais para atingir o objetivo de todo gestor.
Assim, estruturado em cinco capítulos, este livro faz uma breve análise da evolução da 
gestão estratégica de custos e das diferenças entre os objetivos da contabilidade financeira e da 
contabilidade de custos. Com base nesses elementos, demonstra a conceituação de custos, despesas, 
investimentos e perdas.
O livro trata, ainda, sobre os sistemas de apropriação de custos (por absorção, variável, 
gerencial ou por contribuição), a formação do preço de venda com base em cada um desses 
métodos e, para finalizar, a visão estratégica da gestão de custos, focando o planejamento, a tomada 
de decisão e o controle.
Temos a certeza de que os conceitos e exemplos ao longo dos capítulos serão de grande 
utilidade para todos que pretendem atuar na área de gestão contábil, financeira e mercadológica.
Boa leitura!
1
Gestão estratégica de custos
Em nossas aulas sobre custos e formação do preço de vendas, ministradas em vários 
programas de MBA nas maiores instituições de ensino do país, propomos aos alunos, sempre 
no início da disciplina, uma pergunta fundamental para o gestor de qualquer negócio: o que os 
proprietários da empresa esperam como consequência das decisões tomadas pelos gestores?
Em 100% das ocasiões, a resposta é imediata: lucro. Essa resposta, que chamaremos de padrão, 
não reflete a realidade encontrada nas empresas minimamente organizadas, pois consideramos o 
Lucro uma conta, o resultado da operação da empresa depois de subtraídos os custos e as despesas, 
ou seja, para gerar lucro, o resultado traduzido no Demonstrativo de Resultados do Exercício tem 
de ser positivo.
Utilizando um Demonstrativo de Resultados do Exercício de maneira sintética, o resultado 
da empresa seria obtido da seguinte forma:
 Receita R$ 100,00
(–) Custos R$ 50,00
(–) Despesas R$ 20,00
(=) Lucro R$ 30,00
Com base na resposta obtida, está tudo bem na empresa. Festa, comemoração, sucesso! No 
entanto, esse resultado nem sempre é uma verdade absoluta. A discussão sobre o objetivo maior de 
qualquer tipo de empresa, independentemente de seu tamanho e segmento de atuação, é infinita. 
Discursos sociais, ambientais e educacionais quase sempre são invocados, porém a atividade 
empresarial é dependente direta da geração de riquezas, ou seja, a velocidade em que o lucro é 
transformado em recursos financeiros.
Sem atingir esse objetivo, os programas sociais, ambientais e educacionais, por exemplo, 
não terão efetividade. Por esse motivo, propomos, neste início do livro, lembrar esse fundamental 
propósito, que é gerar riquezas.
Somente com base nesse entendimento é que podemos conceituar os processos de formação 
dos custos de um produto e/ou serviço, de forma a permitir aos gestores a definição de um preço de 
venda para os produtos e/ou serviços ofertados no mercado que efetivamente gere a maximização 
de riqueza para os proprietários da empresa.
1.1 Objetivos da empresa
A visão do investidor (acionista, cotista ou proprietário de firma individual) não se restringe 
à conta, pois abrange também os demais elementos que permeiam a sua decisão de manter 
o investimento realizado e, mais do que isso, reaplicar os ganhos obtidos na empresa. Existem 
Custos e formação de preços10
elementos que desafiarão essa simples conta e, portanto, propõem outra resposta, muito mais 
próxima à realidade dos modernos processos de gestão empresarial.
Na realidade, o investidor, independentemente do tipo de negócio em que esteja aplicando 
seus recursos, espera que as ações tomadas pelo gestor da empresa produzam não o maior lucro, mas 
sim a maior riqueza possível. É muito relevante a percepção da diferença entre esses dois objetivos 
(gerar lucro versus gerar riqueza), que podem ser conflitantes em vários momentos, principalmente 
quando levamos em consideração a existência de instrumentos de gestão conhecidos que permitem 
apoiar o gestor no seu processo de decisão, para que qualquer um desses objetivos seja alcançado.
A fim de iniciarmos a discussão sobre as diferenças entre esses objetivos, temos que partir de 
uma premissa básica para o investidor: não existe nem existirá proprietário (acionista, cotista ou 
proprietário de firma individual) satisfeito com o retorno de seu investimento, uma vez que sempre 
haverá a possibilidade de o gestor ter feito mais, ter sido mais competente na definição e aplicação 
dos recursos da empresa e de suas competências.
Vejamos algunsexemplos. Sabemos que a atividade empresarial é financiada pelo emprego 
de diferentes tipos de fundos, obtidos externamente ou gerados no curso normal das operações. Em 
uma classificação mais ampla, esses fundos são subdivididos em duas categorias: capital próprio e 
capital de terceiros, sendo este último representado por créditos de curto e de longo prazo.
Ao tomar a decisão de abrir um negócio, o investidor necessita calcular o retorno mínimo 
necessário para a atividade em que pretende investir, ou seja, sua Taxa Mínima de Atratividade 
(TMA). A TMA é definida como a taxa de retorno necessária à cobertura dos custos dos recursos 
captados no Passivo e utilizados para os investimentos realizados no Ativo da empresa, de forma a 
manter inalterado o valor atual dos retornos esperados.
A determinação desse retorno, expresso de forma percentual, é fundamental para as decisões 
de investimento, como compra ou aluguel de um bem, e para a definição do montante investido 
com recursos próprios e com recursos de terceiros (recursos obtidos junto a todos aqueles que não 
são sócios da empresa, por exemplo fornecedores e bancos).
Também chamada de Custo de Capital, Custo Médio Ponderado de Capital ou Weighted 
Average Cost of Capital (WACC), a TMA é a taxa utilizada para trazer a valor presente os resultados 
futuros de uma empresa. Essa taxa e, consequentemente, o valor atual dos resultados futuros 
dependem do grau de risco não controlável pela empresa (risco sistemático) percebido pelos 
financiadores (terceiros) e investidores (sócios).
Levando em conta esse conceito, imaginemos que a Taxa Mínima de Atratividade de um 
investidor seja de 15% ao ano. Qual seria o seu retorno, ao final do ciclo trabalhado com o lucro 
apurado anteriormente, em caso de um investimento de R$ 300,00?
 Receita R$ 100,00
(–) Custos R$ 50,00
(–) Despesas R$ 20,00
(=) Lucro R$ 30,00
Gestão estratégica de custos 11
Nesse caso, o investidor estaria insatisfeito com o desempenho do negócio, pois o retorno 
apresentado seria de 10% (Lucro de R$ 30,00 ÷ Investimento de R$ 300,00), ou seja, apesar 
de apresentar lucro (você se lembra da resposta geralmente dada por todos, que citamos no começo 
deste capítulo?), esse retorno não é suficiente para cobrir a Taxa Mínima de Atratividade.
Vejamos um segundo exemplo, considerando o Demonstrativo de Resultados a seguir:
 Receita R$ 100,00
(–) Custos R$ 78,00
(–) Despesas R$ 37,00
(=) Lucro R$ –15,00
Nesse caso, considerando a resposta que temos obtido, ou seja, que o fundamental é a 
obtenção de lucro, não existiria nem avaliação da gestão. Ao apresentar prejuízo, a empresa estaria 
no pior dos mundos. Porém, se a ótica deixar de ser econômica e passar a ser de mercado, a 
avaliação pode ser diferente.
Se, por exemplo, o mercado tivesse apresentado em média, no segmento de atuação 
da empresa, uma queda na operação com prejuízos na casa de 27% sobre a receita, como seria 
avaliado o desempenho desse período? Nesse caso, o investidor teria uma sensação positiva, pois o 
seu negócio teria gerado prejuízo na ordem de 15% (prejuízo de R$ 15,00 ÷ Vendas de R$ 100,00), 
abaixo do segmento, demonstrando que o gestor conduziu a empresa de forma mais competente 
que os concorrentes, por ter buscado, mesmo dentro de um cenário negativo, produzir a melhor 
relação entre o resultado final e a Receita.
Portanto, ao utilizarmos como verdadeira a resposta basal sobre o que os proprietários da 
empresa esperam (gerar lucro), até mesmo um resultado negativo (prejuízo) pode ser considerado 
como uma condição favorável para a continuidade do negócio.
Esses dois exemplos demonstram que, mesmo com lucro, o investidor pode não estar 
satisfeito com o resultado gerado. Da mesma forma, o prejuízo pode significar um resultado 
positivo quando comparado com o obtido pelos concorrentes no mercado.
Como lucro e prejuízo podem ser analisados de formas completamente diferentes, 
dependendo da ótica, concluímos que o compromisso desafiador de buscar a maior geração de 
riqueza possível é a principal bandeira que deve nortear as ações dos gestores.
Afinal, o que é geração de riqueza? A geração de riquezas para qualquer tipo de empresa é 
medida por sua capacidade de gerar caixa. Repare que existe uma diferença entre gerar e ter caixa. 
Ter é o saldo das disponibilidades da empresa em determinado momento (normalmente refletido 
nas contas Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras). Gerar é fazer com que a empresa origine 
recursos para novos investimentos, manutenção dos investimentos já realizados e pagamento 
tempestivo de suas obrigações no momento em que são necessários.
Custos e formação de preços12
A geração de riquezas é um destino que precisa ser alcançado, sob o entendimento de que 
somente a construção de uma estrada consistente fará com que se obtenha êxito. O Balanced 
Scorecard1 (BSC) é um exemplo de ferramenta desenvolvida para nos lembrar desse caminho.
O fundamento do Balanced Scorecard é estabelecer uma metodologia de acompanhamento 
do desempenho estratégico de uma empresa a partir da tradução da estratégia em objetivos, 
metas, indicadores e iniciativas estratégicas focadas em quatro perspectivas fundamentais, todas 
interconectadas com a visão estratégica do negócio. Essas perspectivas são: processos internos; 
aprendizado e crescimento; cliente (mercado); financeiro.
Sabemos que uma empresa não gera riqueza logo que suas atividades são iniciadas e que 
precisa de tempo para crescer, ultrapassar o ponto de equilíbrio2 para, finalmente, iniciar o processo 
de geração de riqueza. Para o gestor alcançar esse objetivo, existem algumas questões sobre as quais 
tem pouco ou nenhum controle.
A primeira delas está relacionada ao mercado. Para gerar riqueza, é necessária a existência 
de um cliente que queira adquirir nosso produto e/ou serviço e que somente fará a opção pela 
nossa empresa se receber atendimento qualificado, diferenciado.
A segunda questão está ligada ao atendimento qualificado e diferenciado, que somente 
será oferecido se nossos colaboradores, principal ativo de qualquer tipo de empresa, estiverem 
preparados, treinados e motivados para proporcionar uma experiência diferenciada de consumo 
para nossos clientes.
Invertendo essa ordem, o BSC nos mostra o caminho de forma mais direta ao entendimento, 
conforme vemos na Figura 1 a seguir.
Figura 1 – A trilha do lucro
Empresa
R$
Espaço no mercado
Atendimento de excelência
Desenvolvimento dos colaboradores
Ganhar mais
Gastar melhor
Fonte: Elaborada pelos autores.
1 Metodologia de medição e gestão de desenvolvimento empresarial criada por Robert Kaplan e David P. Norton (1992).
2 Volume de vendas necessário à cobertura dos custos fixos e variáveis.
Gestão estratégica de custos 13
1.2 O desempenho da empresa
A empresa é o centro de um sistema ao redor do qual orbitam diversas e diferentes instituições, 
com diversos e distintos interesses, que precisam ser atendidos para assegurar a sua continuidade. 
Nessa jornada, o tratamento adequado dos custos (gastos) é um dos elementos mais importantes 
para a obtenção do equilíbrio de todos esses diversos interesses dos stakeholders da empresa, 
representados pelos sócios, investidores, fornecedores, financiadores, clientes, colaboradores e o 
Governo, que são os principais demandadores de recursos e ações da gestão.
Além de todos os diferentes interesses de cada um desses stakeholders – a remuneração 
planejada pelos investidores, o recebimento das faturas esperado pelos fornecedores, a qualidade 
cada vez maior, os menores preços e os prazos de pagamento mais longos buscados pelos clientes, 
a maior remuneração desejada pelos colaboradores e os impostos, as taxas e as contribuições 
cobrados pelo Governo –, é preciso atender os diferentes aspectos que influenciam o desempenho 
da atividade empresarial, por exemplo: tecnológico, demográfico, cultural, ambiental, político, 
econômico e financeiro, social e legal. Alguns desses aspectos são descritos a seguir.1.2.1 Aspecto político
Os executivos percebem cada vez mais a necessidade de levar em consideração os 
acontecimentos governamentais quando formulam seus planos e políticas. De um modo geral, as 
empresas são livres para, em qualquer nível, determinar suas principais variáveis do composto de 
marketing (produto, preço, praça, promoção de vendas). No entanto, além de estarem focadas nas 
relações com seus consumidores e seus concorrentes, também precisam estar atentas à legislação 
governamental, em todos os aspectos que possam influenciar sua atividade-fim (legislação fiscal, 
ambiental, regulatória etc.).
O profissional responsável por suas relações governamentais deve conhecer os vários 
departamentos do governo, quer sejam municipais, estaduais ou federais, bem como os principais 
legisladores. Deve antecipar acontecimentos favoráveis, visitar pessoas certas, expressar os 
interesses da empresa e obter apoio. Precisa também saber como se segmenta o mercado legislativo, 
como se analisam as necessidades, como se aprova, derrota e influencia um projeto legislativo. Esse 
profissional precisa entender as propostas dos envolvidos no processo político para, então, avaliar 
o impacto dessas propostas no segmento de sua empresa.
1.2.2 Aspecto econômico e financeiro
Os administradores visam a atingir os objetivos dos stakeholders da empresa valendo-se 
das políticas macroeconômicas (monetária, cambial e fiscal) e das teorias microeconômicas de 
operação da firma (elasticidades, maximização da utilidade etc.), com o propósito de maximizar a 
geração de riqueza com base no desenvolvimento de um plano que seja bem-sucedido.
Precisam, além disso, enfrentar não só outros concorrentes em seu setor, mas também 
as condições econômicas vigentes. Devem se preocupar em manter a solvência da empresa, 
proporcionando os saldos de caixa necessários para honrar suas obrigações, adquirir e financiar os 
ativos circulantes e fixos, fundamentais para atingir as metas de seus stakeholders.
Custos e formação de preços14
1.2.3 Aspecto social
A tarefa primordial da organização é gerar a satisfação e o bem-estar do cliente, do 
público externo e, principalmente, do corpo funcional, incluindo os proprietários. Qualquer tipo 
de organização pode exercer muitas atividades a fim de melhorar sua imagem pública, como 
apoiar causas por meio de empréstimo e financiamento a funcionários, ceder colaboradores 
temporariamente para campanhas comunitárias, estabelecer sistemas para responder às 
reclamações dos consumidores e optar por propaganda institucional a fim de descrever o que está 
realizando no campo social.
1.2.4 Aspecto demográfico
Para a segmentação demográfica de cada organização empresarial, o mercado é subdividido 
em diferentes partes, em suas bases de variáveis, tais como idade, sexo, tamanho da família, renda, 
profissão, grau de instrução, ciclo de vida da família, religião, nacionalidade ou classe social.
As atividades empresariais são geralmente segmentadas de acordo com as suas respectivas 
variáveis, tais como: usuários finais, suas necessidades, taxa de utilização, sensibilidade aos fatores 
de marketing e localização geográfica.
1.2.5 Aspecto tecnológico
A taxa de crescimento da economia está intimamente ligada às novas tecnologias empregadas. 
Os administradores devem compreender o meio ambiente tecnológico e as nuances da tecnologia. 
Cada nova tecnologia pode potencialmente gerar uma importante indústria, como já ocorreu, por 
exemplo, com transistores, máquinas copiadoras, computadores e antibióticos.
Entretanto, devemos considerar que as tecnologias não só criam como também destroem 
indústrias inteiras. Apenas a título de exemplo, apresentamos a seguir algumas indústrias que 
basicamente desapareceram com o surgimento de inovações tecnológicas:
• as indústrias de válvulas a partir do descobrimento dos transistores;
• as de papel-carbono após o surgimento das máquinas copiadoras;
• as de máquinas de escrever após a popularização dos microcomputadores;
• as de filmes fotográficos depois do surgimento das câmeras digitais.
Esses exemplos ilustram uma questão extremamente importante: toda empresa deve 
observar o que há de novo no meio ambiente, pois isso pode eventualmente destruí-la. Se tiver 
imaginação, a novidade poderá salvá-la.
Como planejamento é uma visão do futuro, pois a tomada de decisão somente serve para o 
futuro (nenhuma decisão altera o passado), a utilização de indicadores de desempenho consagrados, 
como rentabilidade, lucratividade, entre outros, calculados com base em dados passados, pode se 
tornar um orientador perigoso para antever o futuro.
Tomando como exemplo a indústria de máquinas de escrever, o crescimento dos retornos 
registrados nos anos de 1978 a 1980 (Gráfico 1) indicaria um crescimento futuro sólido.
Gestão estratégica de custos 15
Gráfico 1 – Retorno sobre o investimento A
30
25
20
15
10
5
1978 1979 1980
0
Va
lo
r
Fonte: Elaborado pelos autores.
Considerando esse histórico de crescimento, um gestor desavisado poderia ser levado a 
projetar a sequência desse crescimento, como mostra o Gráfico 2.
Gráfico 2 – Retorno sobre o investimento B
30
40
50
60
20
10
1978 1979 1980 1981 1982 1983
0
Va
lo
r
Fonte: Elaborado pelos autores.
Porém, um gestor atento ao aspecto tecnológico poderia propor a extinção do modelo de 
negócio, alerta à mudança do mercado para os desktops, notebooks e outros equipamentos, o que 
de fato ocorreu, inviabilizando totalmente esse tipo de negócio. O Gráfico 3 demonstra o retorno 
sobre o investimento do segmento a partir de 1981.
Gráfico 3 – Retorno sobre o investimento C
5
10
15
20
25
30
0
1978 1979 1980 1981 1982 1983
Série 2
Fonte: Elaborado pelos autores.
Custos e formação de preços16
Ao tomar decisões apenas olhando para o passado, sem considerar o futuro, o gestor do 
segmento certamente tem uma grande dificuldade para explicar o fundamento de suas decisões.
Aqueles que tiveram essa visão ajustaram seus objetivos e ativos, como a IBM, que se tornou 
um grande fabricante de desktops e, posteriormente, de soluções empresariais, principalmente 
com softwares baseados em inteligência artificial. Hoje em dia, talvez poucos ainda se lembrem do 
sucesso da máquina de escrever IBM.
1.2.6 Aspecto cultural
A cultura é o determinante mais fundamental dos desejos de uma pessoa. Enquanto o 
comportamento dos animais é grandemente governado pelos instintos, os impulsos do homem 
são, na maior parte, aprendidos.
Sua cultura fornece um padrão de percepções, valores e comportamentos que foram 
considerados eficazes em ajudar sua sociedade a se adaptar ao seu meio ambiente. Assim, os 
administradores devem estudar as diferenças culturais para o planejamento de seus produtos e 
fazer programas de endomarketing e marketing em seus mercados de atuação.
Os especialistas em marketing consideram a classe social uma variável útil para segmentar 
mercados. Os produtos, os apelos de propaganda, os serviços e os ambientes podem ser projetados 
para atingir classes sociais específicas. Devem também considerar duas vertentes muito importantes 
do aspecto cultural, fundamentais para a determinação das estratégias e dos processos empresariais: 
os aspectos religiosos e os não religiosos.
Sempre que o aspecto cultural tiver fundamentação religiosa, será considerado intrans- 
ponível, inviabilizando todo e qualquer projeto empresarial determinado por esse aspecto cultural. 
Um bom exemplo dessa questão é a instalação de churrascarias na Índia. Esse é um negócio que 
fere a crença religiosa majoritária, que considera o boi um animal sagrado. Outro exemplo dessa 
mesma questão é a instalação de bares na Arábia Saudita abertos à população local. Esse tipo de 
negócio conflita com a determinação religiosa de abstinência relacionada ao álcool.
Se não houver origem religiosa, o caminho estratégico se tornará uma clara escolha do 
gestor, dependendo apenas da ótica pela qual este enxerga a realidade estudada. Na Índia,por 
exemplo, uma parte representativa da população anda descalça, então como deverá ser definido, 
sob o aspecto cultural, um estudo de implantação de uma rede de sapatarias? A abertura de uma 
rede para venda de sapatos, nesse contexto, deveria considerar, entre outros aspectos, as seguintes 
variáveis:
• Ameaça: perspectiva de fracasso, pois muitos andam descalços.
• Oportunidade: perspectiva de sucesso, pois muitos andam descalços.
Como podemos observar, a resposta a essas questões demonstra um dilema extremamente 
importante para o gestor. O que muitos enxergam como ameaça, que os faz se afastarem de 
determinado negócio, outros veem como oportunidade de criação de um novo mercado.
Gestão estratégica de custos 17
1.2.7 Aspecto ecológico
Podemos definir o conceito de ameaça ao meio ambiente como um desafio apresentado por 
uma tendência desfavorável ou um distúrbio específico no meio ambiente e que, na ausência 
de uma ação objetiva de correção e comunicação com os públicos afetados, pode levar à estagnação 
ou à falência da empresa, do produto ou da marca.
Observando a seriedade e a rapidez das mudanças do meio ambiente, uma organização deve 
levar em consideração um programa contínuo de análise de ameaças, consistindo em identificá- 
-las, avaliá-las e reagir a elas. A identificação de ameaças pode exigir duas medidas:
• Estabelecimento de um programa bem planejado de inteligência que inclua a definição 
das áreas de meio ambiente de interesse da administração e a criação de grupos especiais 
encarregados de examiná-las.
• Elaboração de mecanismos e incentivos que encorajem o fluxo ascendente de informações. 
Muitas vezes, informações importantes são eliminadas em níveis mais baixos porque 
estes acham que a alta administração não tem “mente aberta”, que a informação não é 
considerada importante ou que pode ser embaraçosa ou perigosa para o nível inferior. 
Os gerentes tendem a se preocupar mais com ameaças menores no curto prazo sobre os 
atuais produtos do que com grandes ameaças a longo prazo.
Essas questões servem para ilustrar a importância do aspecto ecológico como elemento de 
fundamental importância para o gestor de qualquer tipo de empresa.
1.2.8 Aspecto legal
A legislação, em seus vários níveis (federal, estadual e municipal), a opinião pública e a 
política governamental constituem um conjunto de fatores do ambiente de atuação da empresa que 
cada vez mais afeta as decisões de compra e venda de bens e serviços. Assim, promulgam-se as leis 
com as seguintes finalidades:
• Definir e evitar a concorrência desleal. Essas leis tiveram origem na Comissão Federal de 
Comércio (Federal Trade Commission)3. É difícil imaginar que a economia pudesse ser 
mais eficiente se a concorrência não fosse supervisionada por alguma entidade reguladora.
• Proteger os consumidores dos homens de negócios, no sentido de adulterar seus produtos, 
enganar por meio da propaganda e fraudar por meio da embalagem, por exemplo.
Nesse contexto, os executivos não podem planejar inteligentemente sem um bom 
conhecimento das leis e dos regulamentos importantes que existem para proteger a concorrência, 
os consumidores e os altos interesses da sociedade. Eles devem saber quais são as várias leis federais, 
estaduais e municipais que afetam a conduta de sua atividade empresarial e as várias organizações 
de consumidores que têm potencial de impacto sobre as atividades econômicas.
3 A Federal Trade Commission (FTC) foi criada em 1914 pelo presidente dos EUA, Woodrow Wilson. No Brasil, os 
mecanismos de defesa do consumidor são regulados e fiscalizados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
(Cade) e pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).
Custos e formação de preços18
Fica a cargo do gestor o gerenciamento desse universo de ações que terá como função 
manter a empresa funcionando e, principalmente, gerando riqueza para seus stakeholders, dentro 
da lei, atendendo a todas as diferentes demandas. O trabalho de gestão é uma contribuição para o 
cumprimento dessa árdua tarefa.
1.3 Cronologia do estudo de custos no Brasil
Os estudos relacionados às metodologias desenvolvidas para o cálculo dos custos envolvidos 
em um produto ou serviço aparecem no mundo junto com a organização da contabilidade, no 
século XV. O custeio por absorção, uma das modalidades apresentadas nos próximos capítulos, já 
demostra o respeito às diferentes naturezas dos gastos a serem gerenciados.
No Brasil, os estudos de contabilidade iniciam pela evolução da sociedade e a necessidade 
de controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras alfândegas, surgidas em 1530. Esses 
fatos demonstram as preocupações iniciais com o ensino comercial da área contábil. No ano de 
1549, foram criados os armazéns alfandegários e, para seu controle, Portugal nomeou o primeiro 
contador geral das terras do Brasil, título utilizado para denominar os profissionais que atuavam 
na área pública.
Em 1679, em Vila Rica, Minas Gerais, foi criada a Casa dos Contos, órgão incumbido de 
processar e fiscalizar as receitas e despesas do Estado, o qual ganhou autonomia no reinado de João 
I. Esse fato é respaldado pela chegada da Família Real ao Brasil em 1808, que proporcionou um 
desenvolvimento socioeconômico e cultural mais efetivo na colônia devido a diversas ocorrências, 
como a abertura dos portos às nações amigas. Desde então, a colônia passou a comercializar 
produtos com outros países, além de Portugal.
Em 1759, em Portugal, foi fundada a primeira escola de ensino europeu, denominada Aula 
do Comércio, onde eram lecionadas disciplinas de caráter prático, incluindo a Contabilidade. 
Subordinada à Junta de Comércio, juntamente com o Erário Real, formavam a tríade sobre a qual 
se apoiava o governo português.
Em 12 de outubro de 1808, a criação do Banco do Brasil pelo então Príncipe Regente Dom 
João de Bragança (futuro Rei Dom João VI de Portugal) originou a emissão do papel-moeda. No 
mesmo ano foi criada, em 13 de maio, na cidade do Rio de Janeiro, a Imprensa Régia brasileira, filial 
da editora existente em Lisboa, capital de Portugal, permitindo a atividade impressora (somente o 
governo tinha permissão para imprimir). No mesmo ano, no dia 10 de setembro, foi publicado 
o primeiro jornal impresso no Brasil, chamado de Gazeta do Rio de Janeiro.
Em 1809, as Aulas do Comércio foram oficializadas no Brasil, pois o processo de escrituração 
das contas só poderia ser feito por profissionais que as tivessem frequentado. Essas aulas, originárias 
de Portugal, preparavam os empregados do comércio para o exame na Junta Comercial.
Em 1810, a criação do Museu Nacional e da Biblioteca Real, atualmente Biblioteca Nacional, 
impulsionou a necessidade de captar, registrar, acumular, resumir e interpretar a informação 
econômica, financeira e patrimonial, objetivos básicos da Contabilidade.
Gestão estratégica de custos 19
Em 1829, o Banco do Brasil foi liquidado, sob a alegação de ter contribuído para a crítica 
situação financeira do Brasil, com a identificação de saques vultosos feitos pela Família Real. 
Em 1851, já no segundo reinado, por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa, futuro Barão e em 
seguida Visconde de Mauá, foi criada uma nova instituição denominada Banco do Brasil.
O desenvolvimento social que ocorria naquele período, aliado à expansão da atividade 
colonial, provocou um aumento nos gastos, exigindo melhor controle das contas públicas e receitas 
do Estado. Para esse fim foi implantado o órgão denominado Erário Régio, que introduziu o método 
das partidas dobradas4, já utilizado em Portugal. O órgão era formado por um presidente com 
funções de inspetor-geral, um contador e um procurador fiscal, incumbidos de toda a arrecadação, 
distribuição e administração financeira e fiscal. O processo de escrituração contábil nos órgãos 
públicos tornou-se obrigatório em Portugal em 1768.
O pequeno volume de exportações gerava uma balança comercial desfavorável, pela falta de 
produtos de origem nacionalpara atender à demanda interna somada à falta de itens de interesse 
internacional. Esse desequilíbrio desfavorável fez surgir em 1843, por meio da Lei de Orçamento 
n. 317, o imposto progressivo sobre os vencimentos recebidos dos cofres públicos, classificado 
como extraordinário, que vigorou de 1843 a 1845. A regulamentação dos procedimentos contábeis, 
que impunha às empresas a escrituração dos livros para registro das movimentações e posições 
patrimoniais, artigo 10, surge pelas mãos de D. Pedro II, em 1850, com o Código Comercial Brasileiro, 
Lei n. 556, que em seu artigo 290 estabelece que “em nenhuma associação mercantil poderá se 
recusar aos sócios o exame de todos os livros, documentos, escrituração e correspondência, e do 
estado de caixa da companhia ou sociedade” (BRASIL, 1850).
Ainda seu artigo 293 impõe que os sócios administradores ou gerentes são obrigados a prestar 
contas justificadas de sua administração aos seus sócios, dando à contabilidade uma relevância 
ainda maior para essa relação entre administradores e acionistas, da mesma forma que o artigo 
299, de acordo com o qual os administradores e gerentes respondem pessoal e solidariamente a 
terceiros.
No artigo 74, fica estabelecido que o guarda-livros, antes de entrar no exercício da atividade, 
receberá do comerciante a nomeação por escrito para registro no Tribunal do Comércio, dando 
aos registros da empresa feitos pelo guarda-livros o mesmo efeito de terem sido elaborados pelo 
próprio comerciante.
As alterações feitas no Código Comercial Brasileiro ao longo dos anos tiveram por objetivo 
adaptá-lo às mudanças no ambiente de negócios. O Decreto Imperial n. 4.475 criou, em 1869, 
a Associação dos Guarda-Livros da Corte, dando ao profissional guarda-livros o status de ser a 
primeira profissão liberal do Brasil, com atividades e responsabilidades definidas e que formaram 
a base das atribuições para a profissão de contabilista.
4 Sistema desenvolvido pelo frade franciscano Luca Bartolomeo de Pacioli (1445-1517), considerado o pai da 
contabilidade moderna. Em 1494 publicou na Itália o livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità, 
que deu origem ao método considerado a base dos processos contábeis atualmente utilizados.
Custos e formação de preços20
Com o aumento das demandas de consumo, por conta do crescimento da população e da 
descoberta de novos mundos, as produções ganharam escala, exigindo a automação dos processos 
produtivos, originando a Revolução Industrial e mudando o mundo da gestão com a criação do 
custeio gerencial. Esse custo separava os gastos ainda respeitando as diferentes naturezas, porém 
os classificava em função do volume, chamando-os de fixos e variáveis e criando importantes 
informações, como margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e 
alavancagem operacional, entre outros.
Em 1848, deu-se origem, na Itália, à Escola Patrimonialista, corrente doutrinária de maior 
disseminação mundial, a qual anunciou que a contabilidade, apesar de se relacionar com várias 
ciências, como o direito, a administração, a matemática e a economia, tinha requisitos próprios 
para se firmar como ciência. Segundo Sá (2006), a teoria patrimonialista classifica as contas em 
patrimoniais (contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido) e de resultado (Despesa e 
Receita).
Para Silva e Martins (2007), as contas do patrimônio estão divididas em estática, dinâmica 
e revelação, mostrando o equilíbrio funcional e financeiro; a obtenção e o emprego de capitais; e 
a representação qualitativa e quantitativa do patrimônio, respectivamente. A grande aceitação do 
patrimonialismo pelos profissionais brasileiros se deve muito à influência da escola italiana, que 
tinha bastante destaque no campo da contabilidade.
Em 1902, foi fundada a Escola Prática de Comércio, atualmente Fundação Escola de 
Comércio Álvares Penteado, que funciona com a missão que há um século foi outorgada pelos 
fundadores: formar profissionais com excelência de ensino.
Em 1905, foi criada a Fundação Visconde de Cairu, por integrantes de instituições ligadas 
ao comércio da cidade de Salvador, com o objetivo de formação/preparação de mão de obra para 
o comércio e de cônsules dessa cidade. Sem fins lucrativos e de atividade educacional, iniciou 
sua trajetória com ensino comercial, nos moldes adequados à realidade social e econômica, até 
quando, em função de dispositivos legais e específicos, criou o curso técnico em Contabilidade e 
também o primeiro curso superior do Estado da Bahia em Economia e Finanças.
1.3.1 Século XX
Outras abordagens foram apresentadas, gerando também, entre outros, o custeio por 
atividades (Custeio ABC), no qual a distribuição dos gastos se dá pelo consumo dos recursos em 
cada atividade componente do processo de geração de um produto e/ou serviço.
No século XX, a contabilidade de ganhos, originada com o livro A meta, do autor Eliyahu 
Goldratt (2003), associada à discussão de diversas abordagens de processos produtivos, como 
pulmão de recursos, produção puxada, produção empurrada, modelo Kanban e inúmeras 
tecnologias, agilizou e tornou mais acuradas as informações geradas a partir dos dados levantados 
na operação empresarial.
A contabilidade que nasce para fins legais, conforme descrito, ganha força na ação estratégica 
e de gestão no século XX, quando a competitividade aumenta, demandando mais velocidade e 
pouca tolerância a enganos relacionados às decisões de mercado.
Gestão estratégica de custos 21
A contabilidade gerencial foi impulsionada por essa maior competitividade para atender as 
demandas internas das decisões relacionadas ao mercado, com foco no produto, principalmente 
pela arbitrariedade na apropriação dos custos indiretos, imposta pelo custeio por absorção, 
metodologia mais utilizada até aquele momento, mas que gerava distorção dos custos unitários, 
comprometendo totalmente a projeção de lucros e o planejamento das ações comerciais, como 
veremos mais à frente.
Em 1946 é regulamentada a profissão contábil. Foram criados os Conselhos Federal e 
Regional de Contabilidade com a determinação de fiscalizar e reger a profissão contábil. Definiu- 
-se também o perfil dos contabilistas:
• contadores eram os graduados em cursos universitários de Ciências Contábeis;
• técnicos de contabilidade eram os de nível médio, das escolas comerciais;
• guarda-livros não tinham escolaridade formal, mas exerciam atividades de escrituração 
mercantil, passando a ser chamados posteriormente de técnicos contábeis.
Em 2011, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estabeleceu as Normas Brasileiras de 
Contabilidade (NBC), com a Resolução CFC n. 1.328/2011, que fez a divisão em Normas Brasileiras 
de Contabilidade – Técnica NBC-T e Normas Brasileiras de Contabilidade – Profissionais NBC-P, 
nas quais foram dispostos 16 princípios contábeis.
Com o aumento das transações comerciais entre empresas de países diferentes, surgiu a 
necessidade de uma padronização das normas contábeis, para eliminar as conversões de resultado 
e apuração patrimonial existentes, as quais geravam distorções que dificultavam o processo de 
fechamento das transações, diminuindo o fluxo dessas importantes fontes de ganho para muitas 
delas, promovendo a adaptação das normas padronizadas decorrentes do abalo da economia 
americana e do mundo com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. O International Accoutant 
Standard Board (IASB), criado em 2001 com essa finalidade, contou com integrantes das diferentes 
linhas de pensamento para estruturar o modelo de convergência de normas e procedimentos 
contábeis, contribuindo para o aumento das oportunidades de negócios entre as empresas com 
atuação internacional. Entre os trabalhos realizados para esse fim, destacou-se no Brasil o de Finney 
e Miller (1974), adotado pela Universidade de São Paulo, que gerou uma evolução do pensamento 
contábil no país, segundo o professor Iudícibus (1980).
Em 1971 surgiu o Instituto dos Auditores Independentesdo Brasil (Ibracom), com o objetivo 
de criar e divulgar as Normas e Procedimentos de Auditoria e de Contabilidade, sancionado pelo 
Conselho Federal de Contabilidade, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Banco Central 
da Brasil. O Ibracon é responsável por representar o Brasil perante entidades internacionais, como:
• IASC – International Accounting Standards Committee (Comitê Internacional de 
Normas Contábeis): define, para implantação, um conjunto de medidas internacionais 
sobre contabilidade editadas e analisadas pelo IASB.
Custos e formação de preços22
• IFAC – International Federation of Accountants (Federação Internacional de Contadores): 
entidade internacional que patrocina os Congressos Internacionais de Contabilidade e 
anuncia guias de orientação sobre o exercício profissional.
• AIC – Associação Interamericana de Contabilidade: entidade continental que reúne os 
profissionais da área contábil das Américas do Sul, do Norte e Central, com o intuito 
de elevar o intercâmbio dos contabilistas, estabelecer comunicação entre as normas 
internacionais e desenvolver a profissão contábil.
A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que regulamentava os princípios contábeis, 
com orientação internacional para as empresas constituídas sobre a forma de sociedade por ações, 
segundo Franco (1988), consagrou os princípios já utilizados no Brasil.
A partir da década de 1990, tem origem a Escola Neopatrimonialista, baseada na Teoria 
Geral da Contabilidade, trazendo contribuições como a teoria de equilíbrio, a teoria dinâmica de 
circulação e a teoria das funções sistemáticas do patrimônio aziendal5.
Em 1976 foi fundada a Comissão de Valores Mobiliários. A CVM regulamenta e fiscaliza as 
empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto, estabelecendo critérios 
sobre relatórios e pareceres de auditoria com objetivo de fortalecer o mercado de capitais, tendo 
como principal competência proteger o pequeno acionista. Criada para normatizar os princípios 
contábeis e disciplinares no Brasil para as companhias abertas, a Lei n. 6.404/1976 e suas alterações 
posteriores sofreram grande influência norte-americana, além de importantes contribuições 
brasileiras, como a correção monetária e a reserva de lucros a realizar.
Posteriormente, foi promulgada a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que entrou 
em vigor em janeiro de 2008, a qual modificou a ainda vigente Lei das Sociedades por Ações 
(Lei n. 6.404/1976), trazendo novos dispositivos para esta com o propósito de alterar as regras 
contábeis. As alterações da nova lei representam uma mudança de conceito quanto à abordagem 
das práticas contábeis, tornando necessária maior capacidade de julgamento por parte de auditores 
e contadores.
Em 14 de janeiro de 2008, a CVM publicou Comunicado ao mercado, informando que 
alterações nos critérios de elaboração das informações contábeis tomariam por referência os 
padrões internacionais, apontando para o alinhamento da Lei das Sociedades por Ações ao IFRS 
(International Financial Reporting Standards). As sociedades por ações passaram a ter regras 
diferenciadas devido à atuação da CVM, que teve suas atribuições alteradas com relevante aumento 
do seu poder.
Quanto às demais normas a serem expedidas em função do processo de convergência 
contábil internacional, a CVM vem editando regulamentações com a finalidade de elaborar as 
demonstrações consolidadas aderentes às disposições definidas pela IFRS, promovendo mudanças 
na nomenclatura e na forma de apresentação de algumas informações, por exemplo:
5  Patrimônio que sofre constantes ações de natureza econômica do elemento humano. A contabilidade é a ciência 
que estuda o patrimônio da azienda (empresa).
Gestão estratégica de custos 23
• Introdução à Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) com foco em demonstrar a 
capacidade de geração de caixa com mais objetividade e clareza que a Demonstração das 
Origens e Aplicações de Recursos (Doar).
• Criação do grupo Intangível, no Permanente, para separar, por exemplo, o fundo de 
comércio adquirido.
• Ajuste de Avaliação Patrimonial, que permite uma avaliação mais adequada do patrimônio 
da empresa.
• Inclusão da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), para aprovação na Assembleia 
Geral Ordinária de acionistas.
• Redefinição de critérios de classificação dos ativos Imobilizado e Diferido.
• Eliminação da Reserva de Reavaliação.
• Instituição da avaliação compulsória do grau de recuperação dos valores registrados nos 
ativos Imobilizado, Intangível e Diferido.
• Criação da reserva de Incentivos Fiscais.
• Estabelecimento da contabilização pelo valor de mercado dos Ativos e Passivos 
da incorporada, cindida ou fusionada, nos casos de incorporação, cisão ou fusão, 
respectivamente, para transações realizadas entre partes não relacionadas e vinculadas à 
transferência de controle.
• Classificação em três categorias – mantidos até o vencimento, destinados à negociação e 
disponíveis para venda.
• Definição da necessidade de avaliação por equivalência patrimonial de todas as empresas 
coligadas com participação igual ou superior a 20% do capital votante.
Além dessas normas, os contadores têm que observar outras previstas na nova lei para 
atender ao objetivo de dar uma roupagem internacional às normas brasileiras, unificando as regras 
básicas contábeis em todo o mundo, aumentando a oportunidade de atração de novos investidores 
pela semelhança dos demonstrativos contábeis com os de seus países de origem (MRAA, 2009).
1.3.2 Século XXI
A Lei Sarbanes-Oxley, assinada em julho de 2002, motivada por escândalos financeiros 
corporativos (dentre eles o da Enron), foi redigida para evitar o esvaziamento dos investimentos 
financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurança a respeito da governança 
adequada das empresas. Tal lei, apelidada de SOX, visa a garantir a criação de mecanismos de 
auditoria e controles confiáveis nas empresas, incluindo ainda regras para a criação de comitês 
encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar o risco dos negócios, 
evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrem, 
garantindo a transparência na gestão das empresas.
Sendo todo o processo de coleta de dados já amplamente automatizado, com transmissão 
desses dados em tempo real, praticamente foi eliminado o trabalho básico da contabilidade, relativo 
a lançamentos contábeis, elaboração de razonetes e de demonstrativos, como o Demonstrativo de 
Custos e formação de preços24
Resultado do Exercício, o Demonstrativo de Valor Adicionado e o Balanço Patrimonial. Assim, 
o mercado empresarial busca no profissional contábil a inteligência dessa ciência para realizar 
análises e subsidiar a tomada de decisão, tornando-se instrumento de contribuição relevante para 
atingir e superar as metas propostas pelos investidores.
O século XXI é também marcado pela utilização cada vez mais intensa do desenvolvimento de 
uma área que passa a deter um papel fundamental na gestão das empresas, a governança corporativa. 
Trata-se do sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e 
incentivadas, o que envolve os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, 
órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas, tendo por base os dados contábeis. 
A governança é baseada em três pilares básicos:
• Accountability: prestação de contas voluntária da atuação como gestor, em todos os níveis, 
assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões perante a instituição 
contratante dos seus serviços, sob a confiança de gerir parte do ativo da empresa.
• Transparência (disclosure): visa a assegurar aos sócios minoritários de qualquer tipo 
de empresa, acionistas preferencialistas, investidores de mercado, em especial os 
institucionais, financiadores e fornecedores de bens e de serviços rápido e seguro acesso 
às informações relevantes sobrefatos, atos e negócios jurídicos realizados pelas sociedades 
empresariais.
• Ética empresarial: objetiva estabelecer mecanismos de controle adequados para evitar 
que preconceitos, vieses ou conflitos de interesse influenciem as decisões e as ações de 
membros dos conselhos, da alta administração e de gerentes. Ajuda a agir de acordo com 
padrões de comportamento, baseados nos valores e princípios constitucionais, legais e 
institucionais e no código de ética e conduta adotado, servindo de exemplo para todos 
e contribuindo para a boa reputação da organização por meio de boas relações com outras 
pessoas e instituições.
Esse conjunto de pilares sustenta a relação entre o gestor e os proprietários da empresa, 
tornando ágil a informação dos resultados, processos e estratégias praticadas e favorecendo a 
tomada de decisão.
1.4 Contabilidade financeira versus contabilidade gerencial
Falaremos muito da contabilidade gerencial e de sua importância para a conquista do 
sucesso empresarial. A contabilidade de gestão, como também é conhecida, reorganiza os dados 
da contabilidade financeira para atender com informações estruturadas ao processo de tomada 
de decisão estratégica, respondendo às questões ligadas à busca pela maximização do retorno e à 
manutenção de um controle adequado sobre os recursos da empresa.
A contabilidade como ciência da informação divide-se em contabilidade gerencial, 
contabilidade financeira e contabilidade de custos. Suas principais características são apresentadas 
a seguir.
Gestão estratégica de custos 25
1.4.1 Contabilidade financeira
Objetiva fornecer informações sobre a situação econômico-financeira da empresa por meio 
de relatórios disponibilizados aos sócios, acionistas, credores, fornecedores e outros externos 
à empresa. Concentra-se nos demonstrativos guiados pelos princípios contábeis geralmente 
aceitos e está limitada por esses princípios, definidores das regras de reconhecimento da receita 
e mensuração de custo e de todos os tipos de itens que são classificados como Ativos, Passivos e 
Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial.
Por esse motivo, nem sempre consegue atender completamente a suas outras duas mais 
recentes e provavelmente mais relevantes tarefas: apoio à decisão e definição de estratégias.
Seu mais novo avanço foi a convergência, que pode ser entendida como a definição de uma 
linguagem única para todos os países, eliminando os processos de conversão de demonstrações 
contábeis para adaptação às diferentes regras de cada país.
1.4.2 Contabilidade de custos
Deriva da Contabilidade Financeira e surge pela necessidade de avaliar estoques na indústria, 
impulsionada pela automação dos processos de produção a partir da Revolução Industrial, 
alterando a complexidade com relação à apuração dos estoques na atividade comercial.
Por ser um dos itens mais importantes do Ativo das empresas, gerando custos tanto quando 
sobram matérias-primas e/ou produtos acabados quanto na falta de produtos para atender 
demandas de clientes, a apuração do custo dos estoques passou a ser uma questão preponderante 
na gestão das empresas.
Embora objeto de aprofundamento nos próximos capítulos, o custo dos estoques é obtido 
de forma diferente em função do segmento de atuação. Um breve detalhamento é apresentado a 
seguir.
No comércio, por não haver fabricação (a empresa compra o produto e o coloca à venda em 
suas dependências), o custo do estoque é apurado com base na seguinte estrutura:
• Saldo Inicial: valor existente no final do período anterior apurado por meio da multi- 
plicação da quantidade existente pelo respectivo preço pago na aquisição (inclui frete, 
seguro e demais custos cobrados pelo fornecedor).
• Compras: somatório das compras realizadas em determinado período, formado pelo 
valor de aquisição somado a todos os gastos adicionais à própria mercadoria, tais como 
frete, embalagem e gastos de desembaraço de mercadoria (no caso de mercadorias 
importadas). Desse total é subtraída toda a carga tributária recuperável incidente.
• Saldo Final: saldo apurado em contagem física ao final do período trabalhado.
O chamado Custo da Mercadoria Vendida (CMV) será o resultado da seguinte equação:
Estoque Inicial + Compras – Estoque Final
Custos e formação de preços26
Por exemplo, imagine uma loja comercial com estoques no valor de R$ 10,00. Ao final do 
mês de janeiro, a empresa recebeu mercadorias com as seguintes características:
• Valor da compra: R$ 40,00 (esse valor inclui R$ 4,00 de impostos recuperáveis).
• Frete: R$ 3,00.
• Embalagens: R$ 2,00.
• Seguros: R$ 2,00.
• Total da compra: R$ 47,00 (Mercadoria + Frete + Seguro + Embalagem).
• Entrada no estoque: R$ 43,00 (Total da Compra – Impostos Recuperáveis).
• Estoque Final: R$ 25,00, apurado em contagem física ao final do mês de fevereiro.
Teríamos, então:
CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final
CMV = R$ 10,00 + R$ 43,00 – R$ 25,00
CMV = R$ 28,00
Em resumo, os demonstrativos contábeis da empresa apresentariam as seguintes 
informações:
• Saldo Inicial de Estoques: R$ 10,00 (esse valor seria demonstrado no Balanço na conta 
Estoque do período anterior ao da apuração do CMV).
• CMV: R$ 28,00 (valor contabilizado no Demonstrativo de Resultados do Período).
• Saldo Final de Estoques: R$ 25,00 (valor constante do Balanço da empresa na conta 
Estoque no período em curso).
• Impostos a Recuperar: R$ 4,00.
• Fornecedores (Contas a Pagar): R$ 47,00.
Em uma indústria, o cálculo do Custo da Mercadoria Vendida (algumas empresas também 
o chamam de Custo dos Produtos Fabricados) é definido com base no processo de formação do 
custo final, compatibilizado com o próprio processo fabril.
Diferentemente das empresas comerciais, empresas que têm atividade fabril apresentam 
estoque de produtos que não são mais matérias-primas, mas ainda não se transformaram em 
produtos prontos. São os chamados Produtos em Processo ou em Fabricação. Vejamos como o 
processo se desenvolve.
• O primeiro estoque na indústria é o estoque de materiais, com definição idêntica à do 
segmento comercial, em que cada item tangível componente do produto é registrado 
como Compras ou Entradas. Dependendo da empresa, esse estoque é chamado de estoque 
de matérias-primas e apresenta a seguinte estrutura:
• Saldo Inicial: lançamento do saldo final do período anterior, verificável por contagem 
a cada início de ciclo.
Gestão estratégica de custos 27
• Entradas ou Compras: somatório dos valores referentes à aquisição dos materiais 
a serem consumidos na produção do produto, que podem ser classificados como 
Matérias-primas (com maior peso na composição do produto final) ou Insumos 
(menor impacto no custo final do produto)6.
• Saídas: apuradas por requisição, representam o valor dos materiais encaminhados para 
o processo de produção.
• Saldo Final: saldo apurado em contagem física ao final do período trabalhado.
Vamos supor uma indústria com estoques de Materiais no final do dia 31 de janeiro no valor 
de R$ 110,00, que tenha recebido materiais com as seguintes características:
• Produto: R$ 300,00, com R$ 70,00 de impostos recuperáveis.
• Frete: R$ 36,00.
• Embalagens: R$ 29,00.
• Seguros: R$ 35,00.
• Total da Compra: R$ 400,00 (Mercadoria + Frete + Seguro + Embalagem).
• Registro no estoque na linha Entradas ou Compras: R$ 330,00 (Total da Compra – 
Impostos Recuperáveis).
• Estoque final: R$ 240,00, apurado em contagem física no dia 28 de fevereiro.
Teríamos, então:
Saída para Produção = Estoque Inicial + Entradas – Estoque Final:
Saída para Produção = R$ 110,00 + R$ 330,00 – R$ 240,00
Saída para Produção = R$ 200,00
Teríamos, até esse momento, a seguinte movimentação:
Estoque Materiais Estoque Produtos em Processo
Estoque Inicial: R$ 110,00 Saldo Inicial:
(+) Compras: R$ 330,00 Materiais: R$ 200,00
(–) Saída para Produção: R$ 200,00
= Estoque Final R$ 240,00
• O segundo estoque na indústria é o Produto em Processo, representando o valor que está 
ainda no processo de produção ao finaldo período apurado. É composto de todos os 
demais custos necessários para que, uma vez consumidos, a empresa possa dizer que tem 
o produto acabado. São exemplos desses componentes: Energia Elétrica, Mão de Obra, 
tanto direta quanto indireta, Depreciação dos Equipamentos, Aluguel da fábrica e todos 
os demais gastos ligados ao processo produtivo. Esses itens serão somados aos materiais 
para a composição do custo do produto.
6 Conceitualmente, matéria-prima é todo material necessário à fabricação de um produto, integrando o produto final. 
Insumo é todo material necessário ao processo produtivo, mas que não necessariamente integra o produto final.
Custos e formação de preços28
A estrutura desse estoque terá:
• Saldo Inicial: valor apurado ao final do período anterior.
• Entradas: somatório dos materiais e demais Gastos Gerais de Fabricação (Depreciação, 
Mão de Obra e demais gastos, conforme descrito anteriormente).
• Transferência para Estoque de Acabados: representa o valor dos produtos finalizados 
no período.
• Saldo Final: valor apurado pela apropriação de todos os gastos citados anteriormente 
(Materiais, Serviços ou Pessoas, chamados de Gastos Gerais de Fabricação), relacionados 
aos itens que permanecem no processo de produção.
Em uma indústria com estoque inicial de produtos em processamento no valor de R$ 310,00 
e que tenha recebido:
• Materiais: R$ 200,00 (valor apurado acima).
• Mão de Obra Direta: R$ 65,00.
• Mão de Obra Indireta: R$ 35,00.
• Depreciação: R$ 8,00.
• Energia Elétrica: R$ 3,00.
• Aluguel do espaço: R$ 19,00.
• Saldo final do Estoque de Produtos em Processo: R$ 125,00, apurado em contagem física.
• Apropriação dos Gastos Gerais de Fabricação: no final do período de apuração.
Teríamos:
Saída para Estoque de Produtos Acabados = 
Estoque Inicial + Materiais + Gastos Gerais de Fabricação – Estoque Final
Saída para Estoque de Produtos Acabados = R$ 310,00 + R$ 200,00 + R$ 130,007 – R$ 125,00
Saída para Estoque de Produtos Acabados = R$ 515,00
Teríamos, até esse momento, a seguinte movimentação (Quadro 1):
Quadro 1 – Estoques
Estoque de Materiais Produtos em Processo Produtos Acabados
 Estoque Inicial: R$ 110,00 Estoque Inicial: R$ 310,00 Estoque Inicial: R$ 0,00
(+) Compras: R$ 330,00 (+) Materiais: R$ 200,00
 Produto Acabado: 
 R$ 515,00
(–) Saída para Produção: R$ 200,00 (+) Gastos Gerais Fabricação: R$ 130,00 –
 = Estoque Final: R$ 240,00 (–) Produtos Acabados: R$ 515,00 –
– = Estoque final: R$ 125,00 –
Fonte: Elaborado pelos autores.
7 Mão de obra direta + Mão de obra indireta + Depreciação + Energia elétrica + Aluguel do espaço.
Gestão estratégica de custos 29
• O terceiro e último estoque da indústria (Estoque de Produtos Acabados) é no qual será 
apurado o Custo do Produto Vendido. É constituído dos mesmos elementos vistos no 
comércio, uma vez que nesse momento recebe os produtos prontos, acabados, e os entrega 
aos clientes em decorrência da venda efetivada.
A estrutura desse estoque terá o saldo inicial, com o valor apurado por meio de contagem 
física, e receberá os produtos acabados, finalizados no processo de produção, dando 
saída aos itens efetivamente comercializados, apurando o Custo do Produto Vendido. Por 
último, o saldo final será apurado por contagem física ao final do ciclo de apuração.
Essa indústria que estamos simulando, com Estoque Inicial de Produtos Acabados no 
valor de R$ 1.125,00, recebeu R$ 515,00 de Produtos Finalizados (etapa anterior) e teve 
apuração do Estoque Final de fevereiro no valor de R$ 475,00 (apurado por meio de 
contagem física). A apuração do CPV (Custo dos Produtos Vendidos)8 seria a seguinte:
CPV = Estoque Inicial + Produtos Acabados – Estoque Final
CPV = R$ 1.125,00 + R$ 515,00 – R$ 475,00
CPV = R$ 1.165,00
Calculado o valor do Custo dos Produtos Vendidos, teríamos o quadro final da movimentação 
dos estoques, com seus respectivos saldos em fevereiro (Quadro 2):
Quadro 2 – Apuração do Custo do Produto Vendido
Estoque Materiais Estoque Produtos em Processo Estoque Produtos Acabados
 Estoque Inicial: R$ 10,00 Estoque Inicial: R$ 310,00 Estoque Inicial: R$ 1.125,00
(+) Compras: R$ 30,00 (+) Materiais: R$ 200,00 (+) Produto Acabado: R$ 515,00
(–) Saída para Produção: R$ 200,00 (+) Gastos Gerais Fabricação: R$ 130,00 (–) CPV: R$ 1.165,00
= Estoque Final: R$ 240,00 (–) Produtos Acabados: R$ 515,00 = Estoque Final: R$ 475,00
– = Estoque Final: R$ 475,00 –
Fonte: Elaborado pelos autores.
Empresas que têm como atividade final a prestação de serviços apresentam a mesma 
estrutura e o mesmo processo de formatação para a apuração do Custo dos Serviços Prestados 
(CSP). Sua única diferença é a inexistência do último estoque, o de produtos acabados, uma vez 
que em sua essência, após a conclusão do serviço, ou da etapa do serviço, sua disponibilização ao 
cliente é feita para aceitação ou rejeição, que pode ser parcial ou total.
Assim, o primeiro estoque na atividade de serviços é o estoque de materiais, com definição 
idêntica à do segmento comercial, em que cada item tangível componente do serviço é registrado 
como Compras ou Entradas, dependendo da empresa.
8 O Custo dos Produtos Vendidos representa a baixa para venda dos estoques de produto final.
Custos e formação de preços30
O chamado Estoque de Materiais tem a seguinte estrutura:
• Saldo Inicial: lançamento do saldo final do período anterior, verificado por contagem.
• Entradas ou Compras: somatório dos valores referentes à aquisição dos materiais a serem 
consumidos na elaboração do serviço, que podem ser classificados como Matérias-primas 
(com maior relevância na composição do serviço final, como óleo combustível em uma 
empresa de transporte marítimo) ou Insumos (menor impacto no custo final do serviço, 
como graxa lubrificante de conexões tubulares, considerando ainda a mesma empresa).
• Saídas: apuradas por requisição. Representam o valor dos materiais encaminhados para 
a efetivação do serviço.
• Saldo Final: apurado em contagem física ao final do período trabalhado.
Para exemplificar esse conceito, vamos imaginar um hospital com Estoques de Materiais no 
valor de R$ 1.950 ao final do dia 31 de janeiro e que tenha recebido ao longo do mês materiais com 
as seguintes características:
• Produto: R$ 700,00, incluindo R$ 70,00 de impostos recuperáveis.
• Frete: R$ 26,00.
• Embalagens: R$ 89,00.
• Seguros: R$ 30,00.
• Total da Compra: R$ 845,00.
• Registro no Estoque de Materiais: R$ 775,00 (total da Compra – impostos recuperáveis).
• Estoque Final: R$ 1.570,00, apurado em contagem física no dia 28 de fevereiro.
Para apurar o Custo dos Serviços Prestados, utilizaríamos a seguinte equação:
Saída para Consumo na Prestação do Serviço = Estoque Inicial + Entradas – Estoque Final:
Saída para Consumo = R$ 1.950,00 + R$ 775,00 – R$ 1.570,00
Saída para Produção = R$ 1.155,00
Teríamos até esse momento a seguinte movimentação:
Estoque Materiais Estoque Serviços em Processo
Estoque Inicial: R$ 1.950,00 Saldo Inicial:
(+) Compras: R$ 775,00 Materiais: R$ 1.155,00
(–) Saída para Processo: R$ 1.155,00
= Estoque Final: R$ 1.570,00
O segundo estoque em serviços é o de serviços em processo, representando o valor que 
está no processo de execução do serviço, ao final do período apurado. Esse estoque tem na sua 
composição todos os demais custos necessários para que, uma vez consumidos, a empresa possa 
entregar o serviço finalizado ao cliente.
São exemplos desses componentes a Energia Elétrica, a Mão de Obra, tanto direta quanto 
indireta, a Depreciação dos Equipamentos, o Aluguel das instalações do hospital e todos os demais 
Gestão estratégica de custos 31
gastos ligados ao processo de execução do serviço contratado. Esses itens serão somados aos 
materiais para a composição do custo do serviço prestado.
A estrutura desse estoque terá:
• Saldo Inicial: valor apurado ao final do período anterior e que tende a zero, uma vez que 
os estoques são encerrados a cada entrega aceita pelo cliente, ficando algumvalor apenas 
em função de possíveis rejeições, quer sejam parciais ou totais, voltando ao processamento 
com a agregação de mais Gastos Gerais de Elaboração dos Serviços.
• Entradas: somatório dos materiais e demais Gastos Gerais de Elaboração dos Serviços, 
como Depreciação, Mão de Obra e demais gastos, conforme descrito anteriormente.
• Custo do Serviço Prestado: representa o valor dos serviços finalizados no período.
• Saldo Final: tende a zero, pelos mesmos motivos do Estoque Inicial.
Em um hospital com estoques em processamento no valor de R$ 0,00 em 31 de janeiro, e 
que tenha recebido:
• Materiais: R$ 1.155,00.
• Mão de Obra Direta: R$ 375,00.
• Mão de Obra Indireta: R$ 65,00.
• Depreciação: R$ 48,00.
• Energia Elétrica: R$ 13,00.
• Aluguel do Espaço: R$ 47,00.
• Saldo Final do estoque de produtos em processo: R$ 0,00 (serviço aceito pelo cliente, e 
nenhum item consumido para os serviços entregues permanecerá na empresa).
A partir dessas informações, o Custo dos Serviços Prestados seria obtido da seguinte forma:
Custo do Serviço Prestado (CSP) = Estoque Inicial + Materiais + Gastos Gerais de Elaboração 
do Serviço – Estoque Final:
CSP = R$ 0,00 + R$ 1.155,00 + R$ 548,009 – R$ 0,00
CSP = R$ 1.703,00
O cálculo desse valor pode ser visualizado da seguinte forma (Quadro 3):
Quadro 3 – Apuração do Custo do Serviço Prestado
Estoque Materiais Estoque Serviços em Processo
Estoque Inicial: R$ 1.950,00 Saldo Inicial: R$ 0,00
(+) Compras: R$ 775,00 (+) Materiais: R$ 1.155,00
(–) Saída para Processo: R$ 1.155,00 (+) Gastos Gerais de Serviços: R$ 548,00
= Estoque Final: R$ 1.570,00 = Custo dos Serviços Produzidos: R$ 1.703,00
Fonte: Elaborado pelos autores.
9 Mão de obra direta + Mão de obra indireta + Depreciação + Energia elétrica + Aluguel do espaço.
Custos e formação de preços32
Esse processo de apuração dos custos é contabilizado passo a passo, à medida que os gastos são 
apropriados tanto no estoque de materiais quanto no processo de produção do serviço, permitindo 
ao gestor e aos demais usuários ter a informação do andamento do processo de produção por meio 
dessa contabilização.
1.4.3 Contabilidade gerencial
Entendido o escopo da contabilidade financeira e de custos, podemos iniciar o estudo da 
contabilidade gerencial. Essa modalidade estuda as informações a serem fornecidas aos tomadores 
de decisão, isto é, às pessoas internas à organização responsáveis por dirigir e controlar suas 
operações, enfatizando o preparo de relatórios da organização para seus usuários internos. É 
importante frisar que a contabilidade gerencial não está subordinada aos princípios e às convenções 
contábeis.
Apesar de a contabilidade gerencial se direcionar primariamente aos tomadores de decisão da 
empresa em seus vários níveis, não podemos esquecer que os gestores cada vez mais compartilham 
a informação contábil com fornecedores e clientes por meio, por exemplo, do estudo de preços e 
condições de financiamento e de compra.
Uma das atividades principais dos gestores hoje é o gerenciamento dos custos incorridos 
para a geração de seus produtos e/ou serviços visando satisfazer seus clientes atuais e potenciais, 
enquanto continuamente reduzem e controlam seus custos. Portanto, um importante componente 
do gerenciamento de custos é o reconhecimento de que decisões tomadas hoje certamente 
comprometerão a organização ao gerarem ou reduzirem custos no futuro, a partir de decisões 
tomadas no presente.
Consideremos, por exemplo, os custos de disponibilização de materiais em uma fábrica. 
Decisões acerca do layout da fábrica e da extensão dos movimentos físicos dos materiais requisitados 
pela produção são tomadas tipicamente antes do início da produção e certamente influenciarão 
enormemente o custo de disponibilização de materiais assim que a produção começar.
Os gestores em todo o mundo estão cada vez mais conscientes da importância da qualidade 
e conveniência dos produtos e serviços vendidos a seus clientes. Por sua vez, os contadores estão 
também se tornando cada vez mais sensíveis à qualidade e utilidade da informação contábil 
solicitada pelos gestores.
Conforme mencionado por Horngren (2000), um grupo de contadores gerenciais na 
Johnson & Johnson (indústria produtora de diversos produtos de consumo, como Band-Aid) tem 
sua declaração de visão resumida nas frases encante nossos clientes e seja o melhor. No princípio, 
a contabilidade gerencial era vista como uma forma de resolver os problemas de mensuração 
monetária dos estoques e do resultado e não era entendida como instrumento de apoio à decisão, 
o que retardou o aproveitamento desta última função.
Com o crescimento das empresas, que causou o distanciamento entre o administrador das 
pessoas e seus ativos, a contabilidade gerencial passou a ser utilizada como meio de comunicação 
entre as áreas e ganhou ênfase no aspecto gerencial. A tecnologia proporcionou a visão simultânea 
das três formas de informação: financeira (oficial), de custos e gerencial.
Gestão estratégica de custos 33
A contabilidade de custos, embrião da contabilidade gerencial, aparece como auxiliar do 
controle e tem acentuada participação no processo decisório. No campo do controle, o orçamento 
surge como o principal instrumento de comparação do resultado obtido com o resultado planejado 
(esperado), e, com base nessa visão, é possível tomar as medidas corretivas e iniciar os estudos para 
o novo ciclo, com o objetivo de maximizar o retorno sobre a utilização dos Ativos das empresas.
Impulsionado pela intensificação da competição em todos os mercados, gerando, por 
exemplo, a tríplice visão do preço – base custo, base mercado e base diferenciação –, o conhecimento 
dos custos se torna fundamental por conta do maior poder dado ao mercado consumidor, fazendo 
com que as atenções se voltem aos custos, buscando sempre a sua adequação e evitando a decisão 
de reduzir drasticamente as margens de lucratividade e rentabilidade.
Da mesma forma, essa escalada da competitividade citada incentivou a criação de 
instrumentos e mecanismos de apoio ao processo decisório, por exemplo a margem de contribuição, 
que representa a diferença entre a receita e os custos acrescidos das despesas variáveis, por unidade 
(PADOVEZE, 1997), medida que possibilitou a criação de algumas metas de gestão bastante 
importantes, dentre as quais:
• Ponto de equilíbrio, ponto de ruptura ou ainda break even point: nasce da conjugação 
dos Custos e Despesas Totais com as Receitas Totais (MARTINS, 2010).
• Margem de segurança: representa o volume de faturamento suficiente para atingir o 
lucro esperado pelos sócios (LIMEIRA, 2014).
• Alavancagem operacional: corresponde à possibilidade de variação no ganho ou na 
perda (lucro ou prejuízo) com base no crescimento ou na redução das vendas (CARDOSO 
et al., 2007).
A seguir, apresentamos alguns exemplos da aplicabilidade da contabilidade gerencial. 
Vamos imaginar uma empresa que divulgou em seus demonstrativos contábeis a informação da 
Receita Bruta do período no valor de R$ 1.000,00. Essa informação da contabilidade financeira é 
divulgada aos usuários externos, tais como sócios, acionistas, fornecedores, bancos e quem mais se 
interessar pelo relacionamento com a empresa (em muitos casos, a divulgação de informações da 
contabilidade financeira é obrigatória por força de dispositivo legal).
A abertura dessa informação ao público externo pode não apresentar um peso estratégico 
importante, por não identificar onde a empresa é forte ou frágil em sua relação com o mercado, além 
de não dar transparência aos produtos de maior ou menor penetração nesse mercado. No entanto, 
para o gestor da empresa, essa informação passa a ser muito relevante para seu posicionamento 
em relação à comparabilidade de desempenho econômico, ainda que nenhuma decisão estratégica 
relevante seja baseada nessa informação. Certamente, ele vai solicitar a mesma informação com 
apresentação diferente para o seu planejamento de ação futuro e análise dedesempenho passado.
Imaginando que essa empresa opere no mercado com duas linhas de produtos em três 
regiões do país, a mesma informação da receita poderia ser apresentada na forma a seguir, com um 
peso significativamente maior para as decisões estratégicas da empresa.
Custos e formação de preços34
Tabela 1 – Performance de vendas por linha de produto e área de atuação
Região J Região K Região P Total
Linha 1 R$ 450,00 R$ 100,00 R$ 50,00 R$ 600,00
Linha 2 R$ 75,00 R$ 125,00 R$ 200,00 R$ 400,00
Total R$ 525,00 R$ 225,00 R$ 250,00 R$ 1.000,00
Fonte: Elaborada pelos autores.
Com base nesses dados, o gestor poderá tomar decisões estratégicas diferentes para cada 
linha de produtos e cada região, uma vez que o formato permite a análise do desempenho associado 
do binômio linha de produto x região de comercialização, eliminando, dessa forma, o equívoco 
estratégico de se tomar uma única decisão para todas as linhas em todas as regiões.
Essa percepção estratégica representa uma diferença importante entre a contabilidade finan- 
ceira e a contabilidade gerencial. Outro exemplo para ilustrar a diferença entre a contabilidade 
financeira e a gerencial está relacionado à questão dos custos incorridos na empresa. Sabemos 
e concordamos que as empresas precisam estar atentas para reduzir seus custos operacionais e 
principalmente aqueles não ligados a atividades operacionais. Os autores se rendem a essa realidade. 
No entanto, lembramos sobre os cuidados relacionados à decisão de cortar custos por conta da 
qualidade, que pode ser afetada pela redução matemática dos custos.
Na década de 1970, por exemplo, a qualidade foi objeto de preocupação à medida que as 
empresas entenderam o poder do mercado. Com a certificação de qualidade (certificados ISO), 
as empresas podiam oferecer ao mercado consumidor de seus produtos um diferencial de qualidade 
com relação à sua concorrência.
A máxima daquela realidade era: a qualidade é diferencial e fator determinante para que 
o mercado se disponha a pagar mais caro por determinado produto ou serviço. No entanto, a 
realidade do mercado tornou, já na década de 1990, a qualidade um prerrequisito.
Ao se perceber a qualidade como um prerrequisito e não apenas como um diferencial, 
consolida-se a importância da contabilidade gerencial no mundo empresarial. Nossa preocupação 
neste trabalho é chamar atenção para esse aspecto e refletir bastante sobre o fato de que essa decisão 
não é matemática, e sim estratégica.
Considerando a visão já criticada sobre o lucro como fator preponderante para o crescimento 
sustentado, imagine uma empresa nesse momento decidindo se deve substituir determinada 
matéria-prima de alta qualidade, adquirida a um preço de R$ 35,00 a unidade, por outra de 
qualidade inferior a um preço de R$ 25,00 a unidade.
A redução matemática do custo é percebida de forma imediata. Porém, se o consumidor 
perceber essa alteração na qualidade do produto, poderá haver uma redução no volume de vendas e 
sua migração para o concorrente, gerando a dualidade de percepção do custo na decisão estratégica 
e indicando que existe um limite para a redução dos custos definido pela percepção do mercado.
A contabilidade gerencial olha para o futuro com os dados coletados historicamente, 
associados ao estudo das tendências do ambiente de atuação da empresa. Os gestores a utilizam 
para tomar decisões sobre as operações estratégicas de uma organização, que depende da previsão 
Gestão estratégica de custos 35
de mercados e estudos de suas tendências e tem seu período de divulgação com indicadores e 
demais informações definidas por seus gestores de acordo com as necessidades de cada momento 
da empresa.
Cabe ao gestor decidir o nível de utilização das informações gerenciais. Por isso, dizemos 
que as conclusões derivadas das análises dependem do nível de conhecimento e experiência dos 
executivos da empresa.
Considerações finais
A contabilidade foi estruturada para apoiar o gestor em sua principal responsabilidade: 
decidir, sempre buscando a maximização do ganho em função do investimento feito. Ao longo do 
tempo, essa tarefa vem se tornando mais complexa, com eventos como a globalização, os avanços 
tecnológicos e o aumento da população consumidora, que levaram a uma maior competitividade 
nessa jornada. A transformação da contabilidade gerou desdobramentos exatamente para 
atender a diferentes públicos com diferentes interesses na mesma atividade econômica. Assim, a 
contabilidade que nasce financeira, padronizada, claramente para atendimento ao público externo 
ganhou contornos gerenciais e estratégicos, gerando a contabilidade de custos, que buscou uma 
primeira adequação às novas demandas.
Já a partir do século XIX, com a consolidação da Revolução Industrial, nasce a contabilidade 
gerencial, criando instrumentos voltados para o uso estratégico e tendo como consumidores 
principais os tomadores de decisão, o que reorganizou os dados vindos da contabilidade financeira, 
criou indicadores como margem de contribuição e formalizou metas como ponto de equilíbrio e 
margem de segurança, além de amparar decisões de preços, entre outras. Essa evolução acompanha 
o mundo e suas próprias alterações impulsionadas por avanços tecnológicos e principalmente pela 
mudança de comportamento de consumo.
Ao gestor, cabe a habilidade de utilizar cada “tipo” de contabilidade para o atendimento a 
cada “tipo” de necessidade. Exploramos no capítulo essas diferentes características e aplicações, 
para apoiar o julgamento na hora do uso, na hora da decisão.
Ampliando seus conhecimentos
• BRAGA, H. R. Demonstrações financeiras, estrutura, análise e interpretação. São Paulo: 
Atlas, 1990.
Este livro vai contribuir para o entendimento das estruturas fundamentais da contabilidade 
financeira, como Demonstrativo de Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial.
• HERNANDEZ, J. P.; BEGALLI, G. A. Elaboração das demonstrações contábeis. São Paulo: 
Atlas, 1999.
A leitura deste livro auxilia o entendimento do significado da metodologia de construção 
das informações de natureza contábil.
Custos e formação de preços36
• KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação. Rio de Janeiro: Campus, 
1996.
O livro A estratégia em ação apresenta o conceito do Balance Scorecard, uma metodologia 
de fundamental importância para o gestor de qualquer tipo de organização.
• MATARAZZO, D. Análise financeira de balanços, abordagem básica e gerencial. 6. ed. São 
Paulo: Atlas, 2003.
Este livro dá foco ao uso estratégico das informações apresentadas nos demonstrativos 
financeiros, propiciando a formatação de um processo de decisão com base em indicadores 
e outros instrumentos da contabilidade financeira.
• PADOVEZE, C. Sistemas de informações contábeis. São Paulo: Atlas, 1997.
Já a leitura deste livro amplia o entendimento da história e da construção dos princípios 
que norteiam a ciência contábil.
Atividades
Com base no estudo do presente capítulo, responda às questões abaixo.
1. O investidor, independentemente do tipo de negócio em que esteja aplicando seus recursos, 
espera que as ações tomadas pelo gestor da empresa produzam:
a) Lucro.
b) Retorno.
c) A maior riqueza possível.
d) Bem-estar social.
2. Qual dos seguintes aspectos se torna intransponível quando ligado à religião?
a) Tecnológico.
b) Social.
c) Ambiental.
d) Cultural.
3. Em que ano foi criada a Casa dos Contos?
a) 1549.
b) 1679.
c) 1851.
d) 1902.
4. Qual é o objetivo da contabilidade financeira?
5. Qual é o objetivo da contabilidade gerencial?
Gestão estratégica de custos 37
Referências
BRASIL. Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. Coleção de Leis do Império do Brasil – 1850. Rio de Janeiro: Rio 
de Janeiro, 1850.
CARDOSO, R. L. et al. Contabilidade gerencial: mensuração, monitoramento e incentivos. São Paulo: Atlas, 
2007.
FINNEY, H. E. et al. Finney and Miller’s principles of accounting: intermediate. Upper Saddle River: Prentice-
-Hall, 1974.
FRANCO, H. A evolução dos princípios contábeis

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