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Código Logístico 58690 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6497-7 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 7 7 Custos e formação de preços IESDE BRASIL S/A 2019 Agnaldo Santos Pereira Pedro Leão Bispo Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P489c Pereira, Agnaldo Santos Custos e formação de preços / Agnaldo Santos Pereira, Pedro Leão Bispo. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 130 p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6497-7 1. Controle de custo. 2. Contabilidade de custo. 3. Preços - Determinação. I. Bispo, Pedro Leão. II. Título. 19-57044 CDD: 658.1552 CDU: 657.47:338.5 © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Nattakit Jeerapatmaitree/Sergey Nivens/ Number1411/pisaphotography/Shutterstock Agnaldo Santos Pereira Ph.D. em Finanças pela Florida Christian University (FCU). Mestre em Administração com especialização em Finanças pelo IBMEC. Pós-graduado em Engenharia Econômica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor, conselheiro de Administração e executivo. Pedro Leão Bispo Mestre em Administração pela Unigranrio/UFRF. Pós-graduado em Engenharia Econômica e Administração Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bacharel em Ciências Contábeis pela SUAM. Professor e autor de livros nas áreas de administração e contabilidade. Sumário Apresentação 7 1 Gestão estratégica de custos 9 1.1 Objetivos da empresa 9 1.2 O desempenho da empresa 13 1.3 Cronologia do estudo de custos no Brasil 18 1.4 Contabilidade financeira versus contabilidade gerencial 24 2 Classificação dos custos 39 2.1 Conceito 39 2.2 Custos 40 2.3 Despesas 44 2.4 Investimentos 47 2.5 Perdas 49 2.6 Custos e necessidade de capital de giro 52 3 Sistemas de apropriação de custos 55 3.1 Custeio por absorção 55 3.2 Custeio variável, gerencial ou por contribuição 61 3.3 Custeio baseado em atividades (activity based costing – ABC) 70 4 Formação do preço de venda 85 4.1 O tratamento de custos no Brasil 85 4.2 O planejamento 86 4.3 Formação do preço de venda 92 4.4 Formação do preço de venda utilizando custeio gerencial ou variável 101 5 Custos e a tomada de decisões 107 5.1 A decisão 107 5.2 O controle 113 5.3 O planejado versus o realizado 117 Gabarito 127 Apresentação O principal objetivo do gestor de qualquer empresa, independentemente de seu segmento (indústria, comércio ou prestação de serviços), tamanho ou finalidade, é maximizar o retorno de seus proprietários. O estudo das metodologias necessárias para calcular o custo de um produto e/ou serviço remontam ao século XV. No Brasil, esses estudos iniciam juntamente com o desenvolvimento das primeiras alfândegas, por volta de 1530, e, desde então, vêm evoluindo para as formas mais modernas, juntamente com o entendimento dos gestores sobre a importância de metodologias eficientes no processo de maximização de resultados. Nesse contexto, a gestão estratégica de custos passa a desempenhar papel fundamental na geração das informações que permitirão definir o custo, o preço de venda e, consequentemente, a margem de rentabilidade de cada produto e/ou serviço oferecido ao mercado, componentes fundamentais para atingir o objetivo de todo gestor. Assim, estruturado em cinco capítulos, este livro faz uma breve análise da evolução da gestão estratégica de custos e das diferenças entre os objetivos da contabilidade financeira e da contabilidade de custos. Com base nesses elementos, demonstra a conceituação de custos, despesas, investimentos e perdas. O livro trata, ainda, sobre os sistemas de apropriação de custos (por absorção, variável, gerencial ou por contribuição), a formação do preço de venda com base em cada um desses métodos e, para finalizar, a visão estratégica da gestão de custos, focando o planejamento, a tomada de decisão e o controle. Temos a certeza de que os conceitos e exemplos ao longo dos capítulos serão de grande utilidade para todos que pretendem atuar na área de gestão contábil, financeira e mercadológica. Boa leitura! 1 Gestão estratégica de custos Em nossas aulas sobre custos e formação do preço de vendas, ministradas em vários programas de MBA nas maiores instituições de ensino do país, propomos aos alunos, sempre no início da disciplina, uma pergunta fundamental para o gestor de qualquer negócio: o que os proprietários da empresa esperam como consequência das decisões tomadas pelos gestores? Em 100% das ocasiões, a resposta é imediata: lucro. Essa resposta, que chamaremos de padrão, não reflete a realidade encontrada nas empresas minimamente organizadas, pois consideramos o Lucro uma conta, o resultado da operação da empresa depois de subtraídos os custos e as despesas, ou seja, para gerar lucro, o resultado traduzido no Demonstrativo de Resultados do Exercício tem de ser positivo. Utilizando um Demonstrativo de Resultados do Exercício de maneira sintética, o resultado da empresa seria obtido da seguinte forma: Receita R$ 100,00 (–) Custos R$ 50,00 (–) Despesas R$ 20,00 (=) Lucro R$ 30,00 Com base na resposta obtida, está tudo bem na empresa. Festa, comemoração, sucesso! No entanto, esse resultado nem sempre é uma verdade absoluta. A discussão sobre o objetivo maior de qualquer tipo de empresa, independentemente de seu tamanho e segmento de atuação, é infinita. Discursos sociais, ambientais e educacionais quase sempre são invocados, porém a atividade empresarial é dependente direta da geração de riquezas, ou seja, a velocidade em que o lucro é transformado em recursos financeiros. Sem atingir esse objetivo, os programas sociais, ambientais e educacionais, por exemplo, não terão efetividade. Por esse motivo, propomos, neste início do livro, lembrar esse fundamental propósito, que é gerar riquezas. Somente com base nesse entendimento é que podemos conceituar os processos de formação dos custos de um produto e/ou serviço, de forma a permitir aos gestores a definição de um preço de venda para os produtos e/ou serviços ofertados no mercado que efetivamente gere a maximização de riqueza para os proprietários da empresa. 1.1 Objetivos da empresa A visão do investidor (acionista, cotista ou proprietário de firma individual) não se restringe à conta, pois abrange também os demais elementos que permeiam a sua decisão de manter o investimento realizado e, mais do que isso, reaplicar os ganhos obtidos na empresa. Existem Custos e formação de preços10 elementos que desafiarão essa simples conta e, portanto, propõem outra resposta, muito mais próxima à realidade dos modernos processos de gestão empresarial. Na realidade, o investidor, independentemente do tipo de negócio em que esteja aplicando seus recursos, espera que as ações tomadas pelo gestor da empresa produzam não o maior lucro, mas sim a maior riqueza possível. É muito relevante a percepção da diferença entre esses dois objetivos (gerar lucro versus gerar riqueza), que podem ser conflitantes em vários momentos, principalmente quando levamos em consideração a existência de instrumentos de gestão conhecidos que permitem apoiar o gestor no seu processo de decisão, para que qualquer um desses objetivos seja alcançado. A fim de iniciarmos a discussão sobre as diferenças entre esses objetivos, temos que partir de uma premissa básica para o investidor: não existe nem existirá proprietário (acionista, cotista ou proprietário de firma individual) satisfeito com o retorno de seu investimento, uma vez que sempre haverá a possibilidade de o gestor ter feito mais, ter sido mais competente na definição e aplicação dos recursos da empresa e de suas competências. Vejamos algunsexemplos. Sabemos que a atividade empresarial é financiada pelo emprego de diferentes tipos de fundos, obtidos externamente ou gerados no curso normal das operações. Em uma classificação mais ampla, esses fundos são subdivididos em duas categorias: capital próprio e capital de terceiros, sendo este último representado por créditos de curto e de longo prazo. Ao tomar a decisão de abrir um negócio, o investidor necessita calcular o retorno mínimo necessário para a atividade em que pretende investir, ou seja, sua Taxa Mínima de Atratividade (TMA). A TMA é definida como a taxa de retorno necessária à cobertura dos custos dos recursos captados no Passivo e utilizados para os investimentos realizados no Ativo da empresa, de forma a manter inalterado o valor atual dos retornos esperados. A determinação desse retorno, expresso de forma percentual, é fundamental para as decisões de investimento, como compra ou aluguel de um bem, e para a definição do montante investido com recursos próprios e com recursos de terceiros (recursos obtidos junto a todos aqueles que não são sócios da empresa, por exemplo fornecedores e bancos). Também chamada de Custo de Capital, Custo Médio Ponderado de Capital ou Weighted Average Cost of Capital (WACC), a TMA é a taxa utilizada para trazer a valor presente os resultados futuros de uma empresa. Essa taxa e, consequentemente, o valor atual dos resultados futuros dependem do grau de risco não controlável pela empresa (risco sistemático) percebido pelos financiadores (terceiros) e investidores (sócios). Levando em conta esse conceito, imaginemos que a Taxa Mínima de Atratividade de um investidor seja de 15% ao ano. Qual seria o seu retorno, ao final do ciclo trabalhado com o lucro apurado anteriormente, em caso de um investimento de R$ 300,00? Receita R$ 100,00 (–) Custos R$ 50,00 (–) Despesas R$ 20,00 (=) Lucro R$ 30,00 Gestão estratégica de custos 11 Nesse caso, o investidor estaria insatisfeito com o desempenho do negócio, pois o retorno apresentado seria de 10% (Lucro de R$ 30,00 ÷ Investimento de R$ 300,00), ou seja, apesar de apresentar lucro (você se lembra da resposta geralmente dada por todos, que citamos no começo deste capítulo?), esse retorno não é suficiente para cobrir a Taxa Mínima de Atratividade. Vejamos um segundo exemplo, considerando o Demonstrativo de Resultados a seguir: Receita R$ 100,00 (–) Custos R$ 78,00 (–) Despesas R$ 37,00 (=) Lucro R$ –15,00 Nesse caso, considerando a resposta que temos obtido, ou seja, que o fundamental é a obtenção de lucro, não existiria nem avaliação da gestão. Ao apresentar prejuízo, a empresa estaria no pior dos mundos. Porém, se a ótica deixar de ser econômica e passar a ser de mercado, a avaliação pode ser diferente. Se, por exemplo, o mercado tivesse apresentado em média, no segmento de atuação da empresa, uma queda na operação com prejuízos na casa de 27% sobre a receita, como seria avaliado o desempenho desse período? Nesse caso, o investidor teria uma sensação positiva, pois o seu negócio teria gerado prejuízo na ordem de 15% (prejuízo de R$ 15,00 ÷ Vendas de R$ 100,00), abaixo do segmento, demonstrando que o gestor conduziu a empresa de forma mais competente que os concorrentes, por ter buscado, mesmo dentro de um cenário negativo, produzir a melhor relação entre o resultado final e a Receita. Portanto, ao utilizarmos como verdadeira a resposta basal sobre o que os proprietários da empresa esperam (gerar lucro), até mesmo um resultado negativo (prejuízo) pode ser considerado como uma condição favorável para a continuidade do negócio. Esses dois exemplos demonstram que, mesmo com lucro, o investidor pode não estar satisfeito com o resultado gerado. Da mesma forma, o prejuízo pode significar um resultado positivo quando comparado com o obtido pelos concorrentes no mercado. Como lucro e prejuízo podem ser analisados de formas completamente diferentes, dependendo da ótica, concluímos que o compromisso desafiador de buscar a maior geração de riqueza possível é a principal bandeira que deve nortear as ações dos gestores. Afinal, o que é geração de riqueza? A geração de riquezas para qualquer tipo de empresa é medida por sua capacidade de gerar caixa. Repare que existe uma diferença entre gerar e ter caixa. Ter é o saldo das disponibilidades da empresa em determinado momento (normalmente refletido nas contas Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras). Gerar é fazer com que a empresa origine recursos para novos investimentos, manutenção dos investimentos já realizados e pagamento tempestivo de suas obrigações no momento em que são necessários. Custos e formação de preços12 A geração de riquezas é um destino que precisa ser alcançado, sob o entendimento de que somente a construção de uma estrada consistente fará com que se obtenha êxito. O Balanced Scorecard1 (BSC) é um exemplo de ferramenta desenvolvida para nos lembrar desse caminho. O fundamento do Balanced Scorecard é estabelecer uma metodologia de acompanhamento do desempenho estratégico de uma empresa a partir da tradução da estratégia em objetivos, metas, indicadores e iniciativas estratégicas focadas em quatro perspectivas fundamentais, todas interconectadas com a visão estratégica do negócio. Essas perspectivas são: processos internos; aprendizado e crescimento; cliente (mercado); financeiro. Sabemos que uma empresa não gera riqueza logo que suas atividades são iniciadas e que precisa de tempo para crescer, ultrapassar o ponto de equilíbrio2 para, finalmente, iniciar o processo de geração de riqueza. Para o gestor alcançar esse objetivo, existem algumas questões sobre as quais tem pouco ou nenhum controle. A primeira delas está relacionada ao mercado. Para gerar riqueza, é necessária a existência de um cliente que queira adquirir nosso produto e/ou serviço e que somente fará a opção pela nossa empresa se receber atendimento qualificado, diferenciado. A segunda questão está ligada ao atendimento qualificado e diferenciado, que somente será oferecido se nossos colaboradores, principal ativo de qualquer tipo de empresa, estiverem preparados, treinados e motivados para proporcionar uma experiência diferenciada de consumo para nossos clientes. Invertendo essa ordem, o BSC nos mostra o caminho de forma mais direta ao entendimento, conforme vemos na Figura 1 a seguir. Figura 1 – A trilha do lucro Empresa R$ Espaço no mercado Atendimento de excelência Desenvolvimento dos colaboradores Ganhar mais Gastar melhor Fonte: Elaborada pelos autores. 1 Metodologia de medição e gestão de desenvolvimento empresarial criada por Robert Kaplan e David P. Norton (1992). 2 Volume de vendas necessário à cobertura dos custos fixos e variáveis. Gestão estratégica de custos 13 1.2 O desempenho da empresa A empresa é o centro de um sistema ao redor do qual orbitam diversas e diferentes instituições, com diversos e distintos interesses, que precisam ser atendidos para assegurar a sua continuidade. Nessa jornada, o tratamento adequado dos custos (gastos) é um dos elementos mais importantes para a obtenção do equilíbrio de todos esses diversos interesses dos stakeholders da empresa, representados pelos sócios, investidores, fornecedores, financiadores, clientes, colaboradores e o Governo, que são os principais demandadores de recursos e ações da gestão. Além de todos os diferentes interesses de cada um desses stakeholders – a remuneração planejada pelos investidores, o recebimento das faturas esperado pelos fornecedores, a qualidade cada vez maior, os menores preços e os prazos de pagamento mais longos buscados pelos clientes, a maior remuneração desejada pelos colaboradores e os impostos, as taxas e as contribuições cobrados pelo Governo –, é preciso atender os diferentes aspectos que influenciam o desempenho da atividade empresarial, por exemplo: tecnológico, demográfico, cultural, ambiental, político, econômico e financeiro, social e legal. Alguns desses aspectos são descritos a seguir.1.2.1 Aspecto político Os executivos percebem cada vez mais a necessidade de levar em consideração os acontecimentos governamentais quando formulam seus planos e políticas. De um modo geral, as empresas são livres para, em qualquer nível, determinar suas principais variáveis do composto de marketing (produto, preço, praça, promoção de vendas). No entanto, além de estarem focadas nas relações com seus consumidores e seus concorrentes, também precisam estar atentas à legislação governamental, em todos os aspectos que possam influenciar sua atividade-fim (legislação fiscal, ambiental, regulatória etc.). O profissional responsável por suas relações governamentais deve conhecer os vários departamentos do governo, quer sejam municipais, estaduais ou federais, bem como os principais legisladores. Deve antecipar acontecimentos favoráveis, visitar pessoas certas, expressar os interesses da empresa e obter apoio. Precisa também saber como se segmenta o mercado legislativo, como se analisam as necessidades, como se aprova, derrota e influencia um projeto legislativo. Esse profissional precisa entender as propostas dos envolvidos no processo político para, então, avaliar o impacto dessas propostas no segmento de sua empresa. 1.2.2 Aspecto econômico e financeiro Os administradores visam a atingir os objetivos dos stakeholders da empresa valendo-se das políticas macroeconômicas (monetária, cambial e fiscal) e das teorias microeconômicas de operação da firma (elasticidades, maximização da utilidade etc.), com o propósito de maximizar a geração de riqueza com base no desenvolvimento de um plano que seja bem-sucedido. Precisam, além disso, enfrentar não só outros concorrentes em seu setor, mas também as condições econômicas vigentes. Devem se preocupar em manter a solvência da empresa, proporcionando os saldos de caixa necessários para honrar suas obrigações, adquirir e financiar os ativos circulantes e fixos, fundamentais para atingir as metas de seus stakeholders. Custos e formação de preços14 1.2.3 Aspecto social A tarefa primordial da organização é gerar a satisfação e o bem-estar do cliente, do público externo e, principalmente, do corpo funcional, incluindo os proprietários. Qualquer tipo de organização pode exercer muitas atividades a fim de melhorar sua imagem pública, como apoiar causas por meio de empréstimo e financiamento a funcionários, ceder colaboradores temporariamente para campanhas comunitárias, estabelecer sistemas para responder às reclamações dos consumidores e optar por propaganda institucional a fim de descrever o que está realizando no campo social. 1.2.4 Aspecto demográfico Para a segmentação demográfica de cada organização empresarial, o mercado é subdividido em diferentes partes, em suas bases de variáveis, tais como idade, sexo, tamanho da família, renda, profissão, grau de instrução, ciclo de vida da família, religião, nacionalidade ou classe social. As atividades empresariais são geralmente segmentadas de acordo com as suas respectivas variáveis, tais como: usuários finais, suas necessidades, taxa de utilização, sensibilidade aos fatores de marketing e localização geográfica. 1.2.5 Aspecto tecnológico A taxa de crescimento da economia está intimamente ligada às novas tecnologias empregadas. Os administradores devem compreender o meio ambiente tecnológico e as nuances da tecnologia. Cada nova tecnologia pode potencialmente gerar uma importante indústria, como já ocorreu, por exemplo, com transistores, máquinas copiadoras, computadores e antibióticos. Entretanto, devemos considerar que as tecnologias não só criam como também destroem indústrias inteiras. Apenas a título de exemplo, apresentamos a seguir algumas indústrias que basicamente desapareceram com o surgimento de inovações tecnológicas: • as indústrias de válvulas a partir do descobrimento dos transistores; • as de papel-carbono após o surgimento das máquinas copiadoras; • as de máquinas de escrever após a popularização dos microcomputadores; • as de filmes fotográficos depois do surgimento das câmeras digitais. Esses exemplos ilustram uma questão extremamente importante: toda empresa deve observar o que há de novo no meio ambiente, pois isso pode eventualmente destruí-la. Se tiver imaginação, a novidade poderá salvá-la. Como planejamento é uma visão do futuro, pois a tomada de decisão somente serve para o futuro (nenhuma decisão altera o passado), a utilização de indicadores de desempenho consagrados, como rentabilidade, lucratividade, entre outros, calculados com base em dados passados, pode se tornar um orientador perigoso para antever o futuro. Tomando como exemplo a indústria de máquinas de escrever, o crescimento dos retornos registrados nos anos de 1978 a 1980 (Gráfico 1) indicaria um crescimento futuro sólido. Gestão estratégica de custos 15 Gráfico 1 – Retorno sobre o investimento A 30 25 20 15 10 5 1978 1979 1980 0 Va lo r Fonte: Elaborado pelos autores. Considerando esse histórico de crescimento, um gestor desavisado poderia ser levado a projetar a sequência desse crescimento, como mostra o Gráfico 2. Gráfico 2 – Retorno sobre o investimento B 30 40 50 60 20 10 1978 1979 1980 1981 1982 1983 0 Va lo r Fonte: Elaborado pelos autores. Porém, um gestor atento ao aspecto tecnológico poderia propor a extinção do modelo de negócio, alerta à mudança do mercado para os desktops, notebooks e outros equipamentos, o que de fato ocorreu, inviabilizando totalmente esse tipo de negócio. O Gráfico 3 demonstra o retorno sobre o investimento do segmento a partir de 1981. Gráfico 3 – Retorno sobre o investimento C 5 10 15 20 25 30 0 1978 1979 1980 1981 1982 1983 Série 2 Fonte: Elaborado pelos autores. Custos e formação de preços16 Ao tomar decisões apenas olhando para o passado, sem considerar o futuro, o gestor do segmento certamente tem uma grande dificuldade para explicar o fundamento de suas decisões. Aqueles que tiveram essa visão ajustaram seus objetivos e ativos, como a IBM, que se tornou um grande fabricante de desktops e, posteriormente, de soluções empresariais, principalmente com softwares baseados em inteligência artificial. Hoje em dia, talvez poucos ainda se lembrem do sucesso da máquina de escrever IBM. 1.2.6 Aspecto cultural A cultura é o determinante mais fundamental dos desejos de uma pessoa. Enquanto o comportamento dos animais é grandemente governado pelos instintos, os impulsos do homem são, na maior parte, aprendidos. Sua cultura fornece um padrão de percepções, valores e comportamentos que foram considerados eficazes em ajudar sua sociedade a se adaptar ao seu meio ambiente. Assim, os administradores devem estudar as diferenças culturais para o planejamento de seus produtos e fazer programas de endomarketing e marketing em seus mercados de atuação. Os especialistas em marketing consideram a classe social uma variável útil para segmentar mercados. Os produtos, os apelos de propaganda, os serviços e os ambientes podem ser projetados para atingir classes sociais específicas. Devem também considerar duas vertentes muito importantes do aspecto cultural, fundamentais para a determinação das estratégias e dos processos empresariais: os aspectos religiosos e os não religiosos. Sempre que o aspecto cultural tiver fundamentação religiosa, será considerado intrans- ponível, inviabilizando todo e qualquer projeto empresarial determinado por esse aspecto cultural. Um bom exemplo dessa questão é a instalação de churrascarias na Índia. Esse é um negócio que fere a crença religiosa majoritária, que considera o boi um animal sagrado. Outro exemplo dessa mesma questão é a instalação de bares na Arábia Saudita abertos à população local. Esse tipo de negócio conflita com a determinação religiosa de abstinência relacionada ao álcool. Se não houver origem religiosa, o caminho estratégico se tornará uma clara escolha do gestor, dependendo apenas da ótica pela qual este enxerga a realidade estudada. Na Índia,por exemplo, uma parte representativa da população anda descalça, então como deverá ser definido, sob o aspecto cultural, um estudo de implantação de uma rede de sapatarias? A abertura de uma rede para venda de sapatos, nesse contexto, deveria considerar, entre outros aspectos, as seguintes variáveis: • Ameaça: perspectiva de fracasso, pois muitos andam descalços. • Oportunidade: perspectiva de sucesso, pois muitos andam descalços. Como podemos observar, a resposta a essas questões demonstra um dilema extremamente importante para o gestor. O que muitos enxergam como ameaça, que os faz se afastarem de determinado negócio, outros veem como oportunidade de criação de um novo mercado. Gestão estratégica de custos 17 1.2.7 Aspecto ecológico Podemos definir o conceito de ameaça ao meio ambiente como um desafio apresentado por uma tendência desfavorável ou um distúrbio específico no meio ambiente e que, na ausência de uma ação objetiva de correção e comunicação com os públicos afetados, pode levar à estagnação ou à falência da empresa, do produto ou da marca. Observando a seriedade e a rapidez das mudanças do meio ambiente, uma organização deve levar em consideração um programa contínuo de análise de ameaças, consistindo em identificá- -las, avaliá-las e reagir a elas. A identificação de ameaças pode exigir duas medidas: • Estabelecimento de um programa bem planejado de inteligência que inclua a definição das áreas de meio ambiente de interesse da administração e a criação de grupos especiais encarregados de examiná-las. • Elaboração de mecanismos e incentivos que encorajem o fluxo ascendente de informações. Muitas vezes, informações importantes são eliminadas em níveis mais baixos porque estes acham que a alta administração não tem “mente aberta”, que a informação não é considerada importante ou que pode ser embaraçosa ou perigosa para o nível inferior. Os gerentes tendem a se preocupar mais com ameaças menores no curto prazo sobre os atuais produtos do que com grandes ameaças a longo prazo. Essas questões servem para ilustrar a importância do aspecto ecológico como elemento de fundamental importância para o gestor de qualquer tipo de empresa. 1.2.8 Aspecto legal A legislação, em seus vários níveis (federal, estadual e municipal), a opinião pública e a política governamental constituem um conjunto de fatores do ambiente de atuação da empresa que cada vez mais afeta as decisões de compra e venda de bens e serviços. Assim, promulgam-se as leis com as seguintes finalidades: • Definir e evitar a concorrência desleal. Essas leis tiveram origem na Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission)3. É difícil imaginar que a economia pudesse ser mais eficiente se a concorrência não fosse supervisionada por alguma entidade reguladora. • Proteger os consumidores dos homens de negócios, no sentido de adulterar seus produtos, enganar por meio da propaganda e fraudar por meio da embalagem, por exemplo. Nesse contexto, os executivos não podem planejar inteligentemente sem um bom conhecimento das leis e dos regulamentos importantes que existem para proteger a concorrência, os consumidores e os altos interesses da sociedade. Eles devem saber quais são as várias leis federais, estaduais e municipais que afetam a conduta de sua atividade empresarial e as várias organizações de consumidores que têm potencial de impacto sobre as atividades econômicas. 3 A Federal Trade Commission (FTC) foi criada em 1914 pelo presidente dos EUA, Woodrow Wilson. No Brasil, os mecanismos de defesa do consumidor são regulados e fiscalizados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon). Custos e formação de preços18 Fica a cargo do gestor o gerenciamento desse universo de ações que terá como função manter a empresa funcionando e, principalmente, gerando riqueza para seus stakeholders, dentro da lei, atendendo a todas as diferentes demandas. O trabalho de gestão é uma contribuição para o cumprimento dessa árdua tarefa. 1.3 Cronologia do estudo de custos no Brasil Os estudos relacionados às metodologias desenvolvidas para o cálculo dos custos envolvidos em um produto ou serviço aparecem no mundo junto com a organização da contabilidade, no século XV. O custeio por absorção, uma das modalidades apresentadas nos próximos capítulos, já demostra o respeito às diferentes naturezas dos gastos a serem gerenciados. No Brasil, os estudos de contabilidade iniciam pela evolução da sociedade e a necessidade de controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras alfândegas, surgidas em 1530. Esses fatos demonstram as preocupações iniciais com o ensino comercial da área contábil. No ano de 1549, foram criados os armazéns alfandegários e, para seu controle, Portugal nomeou o primeiro contador geral das terras do Brasil, título utilizado para denominar os profissionais que atuavam na área pública. Em 1679, em Vila Rica, Minas Gerais, foi criada a Casa dos Contos, órgão incumbido de processar e fiscalizar as receitas e despesas do Estado, o qual ganhou autonomia no reinado de João I. Esse fato é respaldado pela chegada da Família Real ao Brasil em 1808, que proporcionou um desenvolvimento socioeconômico e cultural mais efetivo na colônia devido a diversas ocorrências, como a abertura dos portos às nações amigas. Desde então, a colônia passou a comercializar produtos com outros países, além de Portugal. Em 1759, em Portugal, foi fundada a primeira escola de ensino europeu, denominada Aula do Comércio, onde eram lecionadas disciplinas de caráter prático, incluindo a Contabilidade. Subordinada à Junta de Comércio, juntamente com o Erário Real, formavam a tríade sobre a qual se apoiava o governo português. Em 12 de outubro de 1808, a criação do Banco do Brasil pelo então Príncipe Regente Dom João de Bragança (futuro Rei Dom João VI de Portugal) originou a emissão do papel-moeda. No mesmo ano foi criada, em 13 de maio, na cidade do Rio de Janeiro, a Imprensa Régia brasileira, filial da editora existente em Lisboa, capital de Portugal, permitindo a atividade impressora (somente o governo tinha permissão para imprimir). No mesmo ano, no dia 10 de setembro, foi publicado o primeiro jornal impresso no Brasil, chamado de Gazeta do Rio de Janeiro. Em 1809, as Aulas do Comércio foram oficializadas no Brasil, pois o processo de escrituração das contas só poderia ser feito por profissionais que as tivessem frequentado. Essas aulas, originárias de Portugal, preparavam os empregados do comércio para o exame na Junta Comercial. Em 1810, a criação do Museu Nacional e da Biblioteca Real, atualmente Biblioteca Nacional, impulsionou a necessidade de captar, registrar, acumular, resumir e interpretar a informação econômica, financeira e patrimonial, objetivos básicos da Contabilidade. Gestão estratégica de custos 19 Em 1829, o Banco do Brasil foi liquidado, sob a alegação de ter contribuído para a crítica situação financeira do Brasil, com a identificação de saques vultosos feitos pela Família Real. Em 1851, já no segundo reinado, por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa, futuro Barão e em seguida Visconde de Mauá, foi criada uma nova instituição denominada Banco do Brasil. O desenvolvimento social que ocorria naquele período, aliado à expansão da atividade colonial, provocou um aumento nos gastos, exigindo melhor controle das contas públicas e receitas do Estado. Para esse fim foi implantado o órgão denominado Erário Régio, que introduziu o método das partidas dobradas4, já utilizado em Portugal. O órgão era formado por um presidente com funções de inspetor-geral, um contador e um procurador fiscal, incumbidos de toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. O processo de escrituração contábil nos órgãos públicos tornou-se obrigatório em Portugal em 1768. O pequeno volume de exportações gerava uma balança comercial desfavorável, pela falta de produtos de origem nacionalpara atender à demanda interna somada à falta de itens de interesse internacional. Esse desequilíbrio desfavorável fez surgir em 1843, por meio da Lei de Orçamento n. 317, o imposto progressivo sobre os vencimentos recebidos dos cofres públicos, classificado como extraordinário, que vigorou de 1843 a 1845. A regulamentação dos procedimentos contábeis, que impunha às empresas a escrituração dos livros para registro das movimentações e posições patrimoniais, artigo 10, surge pelas mãos de D. Pedro II, em 1850, com o Código Comercial Brasileiro, Lei n. 556, que em seu artigo 290 estabelece que “em nenhuma associação mercantil poderá se recusar aos sócios o exame de todos os livros, documentos, escrituração e correspondência, e do estado de caixa da companhia ou sociedade” (BRASIL, 1850). Ainda seu artigo 293 impõe que os sócios administradores ou gerentes são obrigados a prestar contas justificadas de sua administração aos seus sócios, dando à contabilidade uma relevância ainda maior para essa relação entre administradores e acionistas, da mesma forma que o artigo 299, de acordo com o qual os administradores e gerentes respondem pessoal e solidariamente a terceiros. No artigo 74, fica estabelecido que o guarda-livros, antes de entrar no exercício da atividade, receberá do comerciante a nomeação por escrito para registro no Tribunal do Comércio, dando aos registros da empresa feitos pelo guarda-livros o mesmo efeito de terem sido elaborados pelo próprio comerciante. As alterações feitas no Código Comercial Brasileiro ao longo dos anos tiveram por objetivo adaptá-lo às mudanças no ambiente de negócios. O Decreto Imperial n. 4.475 criou, em 1869, a Associação dos Guarda-Livros da Corte, dando ao profissional guarda-livros o status de ser a primeira profissão liberal do Brasil, com atividades e responsabilidades definidas e que formaram a base das atribuições para a profissão de contabilista. 4 Sistema desenvolvido pelo frade franciscano Luca Bartolomeo de Pacioli (1445-1517), considerado o pai da contabilidade moderna. Em 1494 publicou na Itália o livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità, que deu origem ao método considerado a base dos processos contábeis atualmente utilizados. Custos e formação de preços20 Com o aumento das demandas de consumo, por conta do crescimento da população e da descoberta de novos mundos, as produções ganharam escala, exigindo a automação dos processos produtivos, originando a Revolução Industrial e mudando o mundo da gestão com a criação do custeio gerencial. Esse custo separava os gastos ainda respeitando as diferentes naturezas, porém os classificava em função do volume, chamando-os de fixos e variáveis e criando importantes informações, como margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e alavancagem operacional, entre outros. Em 1848, deu-se origem, na Itália, à Escola Patrimonialista, corrente doutrinária de maior disseminação mundial, a qual anunciou que a contabilidade, apesar de se relacionar com várias ciências, como o direito, a administração, a matemática e a economia, tinha requisitos próprios para se firmar como ciência. Segundo Sá (2006), a teoria patrimonialista classifica as contas em patrimoniais (contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido) e de resultado (Despesa e Receita). Para Silva e Martins (2007), as contas do patrimônio estão divididas em estática, dinâmica e revelação, mostrando o equilíbrio funcional e financeiro; a obtenção e o emprego de capitais; e a representação qualitativa e quantitativa do patrimônio, respectivamente. A grande aceitação do patrimonialismo pelos profissionais brasileiros se deve muito à influência da escola italiana, que tinha bastante destaque no campo da contabilidade. Em 1902, foi fundada a Escola Prática de Comércio, atualmente Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, que funciona com a missão que há um século foi outorgada pelos fundadores: formar profissionais com excelência de ensino. Em 1905, foi criada a Fundação Visconde de Cairu, por integrantes de instituições ligadas ao comércio da cidade de Salvador, com o objetivo de formação/preparação de mão de obra para o comércio e de cônsules dessa cidade. Sem fins lucrativos e de atividade educacional, iniciou sua trajetória com ensino comercial, nos moldes adequados à realidade social e econômica, até quando, em função de dispositivos legais e específicos, criou o curso técnico em Contabilidade e também o primeiro curso superior do Estado da Bahia em Economia e Finanças. 1.3.1 Século XX Outras abordagens foram apresentadas, gerando também, entre outros, o custeio por atividades (Custeio ABC), no qual a distribuição dos gastos se dá pelo consumo dos recursos em cada atividade componente do processo de geração de um produto e/ou serviço. No século XX, a contabilidade de ganhos, originada com o livro A meta, do autor Eliyahu Goldratt (2003), associada à discussão de diversas abordagens de processos produtivos, como pulmão de recursos, produção puxada, produção empurrada, modelo Kanban e inúmeras tecnologias, agilizou e tornou mais acuradas as informações geradas a partir dos dados levantados na operação empresarial. A contabilidade que nasce para fins legais, conforme descrito, ganha força na ação estratégica e de gestão no século XX, quando a competitividade aumenta, demandando mais velocidade e pouca tolerância a enganos relacionados às decisões de mercado. Gestão estratégica de custos 21 A contabilidade gerencial foi impulsionada por essa maior competitividade para atender as demandas internas das decisões relacionadas ao mercado, com foco no produto, principalmente pela arbitrariedade na apropriação dos custos indiretos, imposta pelo custeio por absorção, metodologia mais utilizada até aquele momento, mas que gerava distorção dos custos unitários, comprometendo totalmente a projeção de lucros e o planejamento das ações comerciais, como veremos mais à frente. Em 1946 é regulamentada a profissão contábil. Foram criados os Conselhos Federal e Regional de Contabilidade com a determinação de fiscalizar e reger a profissão contábil. Definiu- -se também o perfil dos contabilistas: • contadores eram os graduados em cursos universitários de Ciências Contábeis; • técnicos de contabilidade eram os de nível médio, das escolas comerciais; • guarda-livros não tinham escolaridade formal, mas exerciam atividades de escrituração mercantil, passando a ser chamados posteriormente de técnicos contábeis. Em 2011, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estabeleceu as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), com a Resolução CFC n. 1.328/2011, que fez a divisão em Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica NBC-T e Normas Brasileiras de Contabilidade – Profissionais NBC-P, nas quais foram dispostos 16 princípios contábeis. Com o aumento das transações comerciais entre empresas de países diferentes, surgiu a necessidade de uma padronização das normas contábeis, para eliminar as conversões de resultado e apuração patrimonial existentes, as quais geravam distorções que dificultavam o processo de fechamento das transações, diminuindo o fluxo dessas importantes fontes de ganho para muitas delas, promovendo a adaptação das normas padronizadas decorrentes do abalo da economia americana e do mundo com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. O International Accoutant Standard Board (IASB), criado em 2001 com essa finalidade, contou com integrantes das diferentes linhas de pensamento para estruturar o modelo de convergência de normas e procedimentos contábeis, contribuindo para o aumento das oportunidades de negócios entre as empresas com atuação internacional. Entre os trabalhos realizados para esse fim, destacou-se no Brasil o de Finney e Miller (1974), adotado pela Universidade de São Paulo, que gerou uma evolução do pensamento contábil no país, segundo o professor Iudícibus (1980). Em 1971 surgiu o Instituto dos Auditores Independentesdo Brasil (Ibracom), com o objetivo de criar e divulgar as Normas e Procedimentos de Auditoria e de Contabilidade, sancionado pelo Conselho Federal de Contabilidade, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Banco Central da Brasil. O Ibracon é responsável por representar o Brasil perante entidades internacionais, como: • IASC – International Accounting Standards Committee (Comitê Internacional de Normas Contábeis): define, para implantação, um conjunto de medidas internacionais sobre contabilidade editadas e analisadas pelo IASB. Custos e formação de preços22 • IFAC – International Federation of Accountants (Federação Internacional de Contadores): entidade internacional que patrocina os Congressos Internacionais de Contabilidade e anuncia guias de orientação sobre o exercício profissional. • AIC – Associação Interamericana de Contabilidade: entidade continental que reúne os profissionais da área contábil das Américas do Sul, do Norte e Central, com o intuito de elevar o intercâmbio dos contabilistas, estabelecer comunicação entre as normas internacionais e desenvolver a profissão contábil. A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que regulamentava os princípios contábeis, com orientação internacional para as empresas constituídas sobre a forma de sociedade por ações, segundo Franco (1988), consagrou os princípios já utilizados no Brasil. A partir da década de 1990, tem origem a Escola Neopatrimonialista, baseada na Teoria Geral da Contabilidade, trazendo contribuições como a teoria de equilíbrio, a teoria dinâmica de circulação e a teoria das funções sistemáticas do patrimônio aziendal5. Em 1976 foi fundada a Comissão de Valores Mobiliários. A CVM regulamenta e fiscaliza as empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto, estabelecendo critérios sobre relatórios e pareceres de auditoria com objetivo de fortalecer o mercado de capitais, tendo como principal competência proteger o pequeno acionista. Criada para normatizar os princípios contábeis e disciplinares no Brasil para as companhias abertas, a Lei n. 6.404/1976 e suas alterações posteriores sofreram grande influência norte-americana, além de importantes contribuições brasileiras, como a correção monetária e a reserva de lucros a realizar. Posteriormente, foi promulgada a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que entrou em vigor em janeiro de 2008, a qual modificou a ainda vigente Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/1976), trazendo novos dispositivos para esta com o propósito de alterar as regras contábeis. As alterações da nova lei representam uma mudança de conceito quanto à abordagem das práticas contábeis, tornando necessária maior capacidade de julgamento por parte de auditores e contadores. Em 14 de janeiro de 2008, a CVM publicou Comunicado ao mercado, informando que alterações nos critérios de elaboração das informações contábeis tomariam por referência os padrões internacionais, apontando para o alinhamento da Lei das Sociedades por Ações ao IFRS (International Financial Reporting Standards). As sociedades por ações passaram a ter regras diferenciadas devido à atuação da CVM, que teve suas atribuições alteradas com relevante aumento do seu poder. Quanto às demais normas a serem expedidas em função do processo de convergência contábil internacional, a CVM vem editando regulamentações com a finalidade de elaborar as demonstrações consolidadas aderentes às disposições definidas pela IFRS, promovendo mudanças na nomenclatura e na forma de apresentação de algumas informações, por exemplo: 5 Patrimônio que sofre constantes ações de natureza econômica do elemento humano. A contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio da azienda (empresa). Gestão estratégica de custos 23 • Introdução à Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) com foco em demonstrar a capacidade de geração de caixa com mais objetividade e clareza que a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (Doar). • Criação do grupo Intangível, no Permanente, para separar, por exemplo, o fundo de comércio adquirido. • Ajuste de Avaliação Patrimonial, que permite uma avaliação mais adequada do patrimônio da empresa. • Inclusão da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), para aprovação na Assembleia Geral Ordinária de acionistas. • Redefinição de critérios de classificação dos ativos Imobilizado e Diferido. • Eliminação da Reserva de Reavaliação. • Instituição da avaliação compulsória do grau de recuperação dos valores registrados nos ativos Imobilizado, Intangível e Diferido. • Criação da reserva de Incentivos Fiscais. • Estabelecimento da contabilização pelo valor de mercado dos Ativos e Passivos da incorporada, cindida ou fusionada, nos casos de incorporação, cisão ou fusão, respectivamente, para transações realizadas entre partes não relacionadas e vinculadas à transferência de controle. • Classificação em três categorias – mantidos até o vencimento, destinados à negociação e disponíveis para venda. • Definição da necessidade de avaliação por equivalência patrimonial de todas as empresas coligadas com participação igual ou superior a 20% do capital votante. Além dessas normas, os contadores têm que observar outras previstas na nova lei para atender ao objetivo de dar uma roupagem internacional às normas brasileiras, unificando as regras básicas contábeis em todo o mundo, aumentando a oportunidade de atração de novos investidores pela semelhança dos demonstrativos contábeis com os de seus países de origem (MRAA, 2009). 1.3.2 Século XXI A Lei Sarbanes-Oxley, assinada em julho de 2002, motivada por escândalos financeiros corporativos (dentre eles o da Enron), foi redigida para evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurança a respeito da governança adequada das empresas. Tal lei, apelidada de SOX, visa a garantir a criação de mecanismos de auditoria e controles confiáveis nas empresas, incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar o risco dos negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas. Sendo todo o processo de coleta de dados já amplamente automatizado, com transmissão desses dados em tempo real, praticamente foi eliminado o trabalho básico da contabilidade, relativo a lançamentos contábeis, elaboração de razonetes e de demonstrativos, como o Demonstrativo de Custos e formação de preços24 Resultado do Exercício, o Demonstrativo de Valor Adicionado e o Balanço Patrimonial. Assim, o mercado empresarial busca no profissional contábil a inteligência dessa ciência para realizar análises e subsidiar a tomada de decisão, tornando-se instrumento de contribuição relevante para atingir e superar as metas propostas pelos investidores. O século XXI é também marcado pela utilização cada vez mais intensa do desenvolvimento de uma área que passa a deter um papel fundamental na gestão das empresas, a governança corporativa. Trata-se do sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, o que envolve os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas, tendo por base os dados contábeis. A governança é baseada em três pilares básicos: • Accountability: prestação de contas voluntária da atuação como gestor, em todos os níveis, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões perante a instituição contratante dos seus serviços, sob a confiança de gerir parte do ativo da empresa. • Transparência (disclosure): visa a assegurar aos sócios minoritários de qualquer tipo de empresa, acionistas preferencialistas, investidores de mercado, em especial os institucionais, financiadores e fornecedores de bens e de serviços rápido e seguro acesso às informações relevantes sobrefatos, atos e negócios jurídicos realizados pelas sociedades empresariais. • Ética empresarial: objetiva estabelecer mecanismos de controle adequados para evitar que preconceitos, vieses ou conflitos de interesse influenciem as decisões e as ações de membros dos conselhos, da alta administração e de gerentes. Ajuda a agir de acordo com padrões de comportamento, baseados nos valores e princípios constitucionais, legais e institucionais e no código de ética e conduta adotado, servindo de exemplo para todos e contribuindo para a boa reputação da organização por meio de boas relações com outras pessoas e instituições. Esse conjunto de pilares sustenta a relação entre o gestor e os proprietários da empresa, tornando ágil a informação dos resultados, processos e estratégias praticadas e favorecendo a tomada de decisão. 1.4 Contabilidade financeira versus contabilidade gerencial Falaremos muito da contabilidade gerencial e de sua importância para a conquista do sucesso empresarial. A contabilidade de gestão, como também é conhecida, reorganiza os dados da contabilidade financeira para atender com informações estruturadas ao processo de tomada de decisão estratégica, respondendo às questões ligadas à busca pela maximização do retorno e à manutenção de um controle adequado sobre os recursos da empresa. A contabilidade como ciência da informação divide-se em contabilidade gerencial, contabilidade financeira e contabilidade de custos. Suas principais características são apresentadas a seguir. Gestão estratégica de custos 25 1.4.1 Contabilidade financeira Objetiva fornecer informações sobre a situação econômico-financeira da empresa por meio de relatórios disponibilizados aos sócios, acionistas, credores, fornecedores e outros externos à empresa. Concentra-se nos demonstrativos guiados pelos princípios contábeis geralmente aceitos e está limitada por esses princípios, definidores das regras de reconhecimento da receita e mensuração de custo e de todos os tipos de itens que são classificados como Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido no Balanço Patrimonial. Por esse motivo, nem sempre consegue atender completamente a suas outras duas mais recentes e provavelmente mais relevantes tarefas: apoio à decisão e definição de estratégias. Seu mais novo avanço foi a convergência, que pode ser entendida como a definição de uma linguagem única para todos os países, eliminando os processos de conversão de demonstrações contábeis para adaptação às diferentes regras de cada país. 1.4.2 Contabilidade de custos Deriva da Contabilidade Financeira e surge pela necessidade de avaliar estoques na indústria, impulsionada pela automação dos processos de produção a partir da Revolução Industrial, alterando a complexidade com relação à apuração dos estoques na atividade comercial. Por ser um dos itens mais importantes do Ativo das empresas, gerando custos tanto quando sobram matérias-primas e/ou produtos acabados quanto na falta de produtos para atender demandas de clientes, a apuração do custo dos estoques passou a ser uma questão preponderante na gestão das empresas. Embora objeto de aprofundamento nos próximos capítulos, o custo dos estoques é obtido de forma diferente em função do segmento de atuação. Um breve detalhamento é apresentado a seguir. No comércio, por não haver fabricação (a empresa compra o produto e o coloca à venda em suas dependências), o custo do estoque é apurado com base na seguinte estrutura: • Saldo Inicial: valor existente no final do período anterior apurado por meio da multi- plicação da quantidade existente pelo respectivo preço pago na aquisição (inclui frete, seguro e demais custos cobrados pelo fornecedor). • Compras: somatório das compras realizadas em determinado período, formado pelo valor de aquisição somado a todos os gastos adicionais à própria mercadoria, tais como frete, embalagem e gastos de desembaraço de mercadoria (no caso de mercadorias importadas). Desse total é subtraída toda a carga tributária recuperável incidente. • Saldo Final: saldo apurado em contagem física ao final do período trabalhado. O chamado Custo da Mercadoria Vendida (CMV) será o resultado da seguinte equação: Estoque Inicial + Compras – Estoque Final Custos e formação de preços26 Por exemplo, imagine uma loja comercial com estoques no valor de R$ 10,00. Ao final do mês de janeiro, a empresa recebeu mercadorias com as seguintes características: • Valor da compra: R$ 40,00 (esse valor inclui R$ 4,00 de impostos recuperáveis). • Frete: R$ 3,00. • Embalagens: R$ 2,00. • Seguros: R$ 2,00. • Total da compra: R$ 47,00 (Mercadoria + Frete + Seguro + Embalagem). • Entrada no estoque: R$ 43,00 (Total da Compra – Impostos Recuperáveis). • Estoque Final: R$ 25,00, apurado em contagem física ao final do mês de fevereiro. Teríamos, então: CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final CMV = R$ 10,00 + R$ 43,00 – R$ 25,00 CMV = R$ 28,00 Em resumo, os demonstrativos contábeis da empresa apresentariam as seguintes informações: • Saldo Inicial de Estoques: R$ 10,00 (esse valor seria demonstrado no Balanço na conta Estoque do período anterior ao da apuração do CMV). • CMV: R$ 28,00 (valor contabilizado no Demonstrativo de Resultados do Período). • Saldo Final de Estoques: R$ 25,00 (valor constante do Balanço da empresa na conta Estoque no período em curso). • Impostos a Recuperar: R$ 4,00. • Fornecedores (Contas a Pagar): R$ 47,00. Em uma indústria, o cálculo do Custo da Mercadoria Vendida (algumas empresas também o chamam de Custo dos Produtos Fabricados) é definido com base no processo de formação do custo final, compatibilizado com o próprio processo fabril. Diferentemente das empresas comerciais, empresas que têm atividade fabril apresentam estoque de produtos que não são mais matérias-primas, mas ainda não se transformaram em produtos prontos. São os chamados Produtos em Processo ou em Fabricação. Vejamos como o processo se desenvolve. • O primeiro estoque na indústria é o estoque de materiais, com definição idêntica à do segmento comercial, em que cada item tangível componente do produto é registrado como Compras ou Entradas. Dependendo da empresa, esse estoque é chamado de estoque de matérias-primas e apresenta a seguinte estrutura: • Saldo Inicial: lançamento do saldo final do período anterior, verificável por contagem a cada início de ciclo. Gestão estratégica de custos 27 • Entradas ou Compras: somatório dos valores referentes à aquisição dos materiais a serem consumidos na produção do produto, que podem ser classificados como Matérias-primas (com maior peso na composição do produto final) ou Insumos (menor impacto no custo final do produto)6. • Saídas: apuradas por requisição, representam o valor dos materiais encaminhados para o processo de produção. • Saldo Final: saldo apurado em contagem física ao final do período trabalhado. Vamos supor uma indústria com estoques de Materiais no final do dia 31 de janeiro no valor de R$ 110,00, que tenha recebido materiais com as seguintes características: • Produto: R$ 300,00, com R$ 70,00 de impostos recuperáveis. • Frete: R$ 36,00. • Embalagens: R$ 29,00. • Seguros: R$ 35,00. • Total da Compra: R$ 400,00 (Mercadoria + Frete + Seguro + Embalagem). • Registro no estoque na linha Entradas ou Compras: R$ 330,00 (Total da Compra – Impostos Recuperáveis). • Estoque final: R$ 240,00, apurado em contagem física no dia 28 de fevereiro. Teríamos, então: Saída para Produção = Estoque Inicial + Entradas – Estoque Final: Saída para Produção = R$ 110,00 + R$ 330,00 – R$ 240,00 Saída para Produção = R$ 200,00 Teríamos, até esse momento, a seguinte movimentação: Estoque Materiais Estoque Produtos em Processo Estoque Inicial: R$ 110,00 Saldo Inicial: (+) Compras: R$ 330,00 Materiais: R$ 200,00 (–) Saída para Produção: R$ 200,00 = Estoque Final R$ 240,00 • O segundo estoque na indústria é o Produto em Processo, representando o valor que está ainda no processo de produção ao finaldo período apurado. É composto de todos os demais custos necessários para que, uma vez consumidos, a empresa possa dizer que tem o produto acabado. São exemplos desses componentes: Energia Elétrica, Mão de Obra, tanto direta quanto indireta, Depreciação dos Equipamentos, Aluguel da fábrica e todos os demais gastos ligados ao processo produtivo. Esses itens serão somados aos materiais para a composição do custo do produto. 6 Conceitualmente, matéria-prima é todo material necessário à fabricação de um produto, integrando o produto final. Insumo é todo material necessário ao processo produtivo, mas que não necessariamente integra o produto final. Custos e formação de preços28 A estrutura desse estoque terá: • Saldo Inicial: valor apurado ao final do período anterior. • Entradas: somatório dos materiais e demais Gastos Gerais de Fabricação (Depreciação, Mão de Obra e demais gastos, conforme descrito anteriormente). • Transferência para Estoque de Acabados: representa o valor dos produtos finalizados no período. • Saldo Final: valor apurado pela apropriação de todos os gastos citados anteriormente (Materiais, Serviços ou Pessoas, chamados de Gastos Gerais de Fabricação), relacionados aos itens que permanecem no processo de produção. Em uma indústria com estoque inicial de produtos em processamento no valor de R$ 310,00 e que tenha recebido: • Materiais: R$ 200,00 (valor apurado acima). • Mão de Obra Direta: R$ 65,00. • Mão de Obra Indireta: R$ 35,00. • Depreciação: R$ 8,00. • Energia Elétrica: R$ 3,00. • Aluguel do espaço: R$ 19,00. • Saldo final do Estoque de Produtos em Processo: R$ 125,00, apurado em contagem física. • Apropriação dos Gastos Gerais de Fabricação: no final do período de apuração. Teríamos: Saída para Estoque de Produtos Acabados = Estoque Inicial + Materiais + Gastos Gerais de Fabricação – Estoque Final Saída para Estoque de Produtos Acabados = R$ 310,00 + R$ 200,00 + R$ 130,007 – R$ 125,00 Saída para Estoque de Produtos Acabados = R$ 515,00 Teríamos, até esse momento, a seguinte movimentação (Quadro 1): Quadro 1 – Estoques Estoque de Materiais Produtos em Processo Produtos Acabados Estoque Inicial: R$ 110,00 Estoque Inicial: R$ 310,00 Estoque Inicial: R$ 0,00 (+) Compras: R$ 330,00 (+) Materiais: R$ 200,00 Produto Acabado: R$ 515,00 (–) Saída para Produção: R$ 200,00 (+) Gastos Gerais Fabricação: R$ 130,00 – = Estoque Final: R$ 240,00 (–) Produtos Acabados: R$ 515,00 – – = Estoque final: R$ 125,00 – Fonte: Elaborado pelos autores. 7 Mão de obra direta + Mão de obra indireta + Depreciação + Energia elétrica + Aluguel do espaço. Gestão estratégica de custos 29 • O terceiro e último estoque da indústria (Estoque de Produtos Acabados) é no qual será apurado o Custo do Produto Vendido. É constituído dos mesmos elementos vistos no comércio, uma vez que nesse momento recebe os produtos prontos, acabados, e os entrega aos clientes em decorrência da venda efetivada. A estrutura desse estoque terá o saldo inicial, com o valor apurado por meio de contagem física, e receberá os produtos acabados, finalizados no processo de produção, dando saída aos itens efetivamente comercializados, apurando o Custo do Produto Vendido. Por último, o saldo final será apurado por contagem física ao final do ciclo de apuração. Essa indústria que estamos simulando, com Estoque Inicial de Produtos Acabados no valor de R$ 1.125,00, recebeu R$ 515,00 de Produtos Finalizados (etapa anterior) e teve apuração do Estoque Final de fevereiro no valor de R$ 475,00 (apurado por meio de contagem física). A apuração do CPV (Custo dos Produtos Vendidos)8 seria a seguinte: CPV = Estoque Inicial + Produtos Acabados – Estoque Final CPV = R$ 1.125,00 + R$ 515,00 – R$ 475,00 CPV = R$ 1.165,00 Calculado o valor do Custo dos Produtos Vendidos, teríamos o quadro final da movimentação dos estoques, com seus respectivos saldos em fevereiro (Quadro 2): Quadro 2 – Apuração do Custo do Produto Vendido Estoque Materiais Estoque Produtos em Processo Estoque Produtos Acabados Estoque Inicial: R$ 10,00 Estoque Inicial: R$ 310,00 Estoque Inicial: R$ 1.125,00 (+) Compras: R$ 30,00 (+) Materiais: R$ 200,00 (+) Produto Acabado: R$ 515,00 (–) Saída para Produção: R$ 200,00 (+) Gastos Gerais Fabricação: R$ 130,00 (–) CPV: R$ 1.165,00 = Estoque Final: R$ 240,00 (–) Produtos Acabados: R$ 515,00 = Estoque Final: R$ 475,00 – = Estoque Final: R$ 475,00 – Fonte: Elaborado pelos autores. Empresas que têm como atividade final a prestação de serviços apresentam a mesma estrutura e o mesmo processo de formatação para a apuração do Custo dos Serviços Prestados (CSP). Sua única diferença é a inexistência do último estoque, o de produtos acabados, uma vez que em sua essência, após a conclusão do serviço, ou da etapa do serviço, sua disponibilização ao cliente é feita para aceitação ou rejeição, que pode ser parcial ou total. Assim, o primeiro estoque na atividade de serviços é o estoque de materiais, com definição idêntica à do segmento comercial, em que cada item tangível componente do serviço é registrado como Compras ou Entradas, dependendo da empresa. 8 O Custo dos Produtos Vendidos representa a baixa para venda dos estoques de produto final. Custos e formação de preços30 O chamado Estoque de Materiais tem a seguinte estrutura: • Saldo Inicial: lançamento do saldo final do período anterior, verificado por contagem. • Entradas ou Compras: somatório dos valores referentes à aquisição dos materiais a serem consumidos na elaboração do serviço, que podem ser classificados como Matérias-primas (com maior relevância na composição do serviço final, como óleo combustível em uma empresa de transporte marítimo) ou Insumos (menor impacto no custo final do serviço, como graxa lubrificante de conexões tubulares, considerando ainda a mesma empresa). • Saídas: apuradas por requisição. Representam o valor dos materiais encaminhados para a efetivação do serviço. • Saldo Final: apurado em contagem física ao final do período trabalhado. Para exemplificar esse conceito, vamos imaginar um hospital com Estoques de Materiais no valor de R$ 1.950 ao final do dia 31 de janeiro e que tenha recebido ao longo do mês materiais com as seguintes características: • Produto: R$ 700,00, incluindo R$ 70,00 de impostos recuperáveis. • Frete: R$ 26,00. • Embalagens: R$ 89,00. • Seguros: R$ 30,00. • Total da Compra: R$ 845,00. • Registro no Estoque de Materiais: R$ 775,00 (total da Compra – impostos recuperáveis). • Estoque Final: R$ 1.570,00, apurado em contagem física no dia 28 de fevereiro. Para apurar o Custo dos Serviços Prestados, utilizaríamos a seguinte equação: Saída para Consumo na Prestação do Serviço = Estoque Inicial + Entradas – Estoque Final: Saída para Consumo = R$ 1.950,00 + R$ 775,00 – R$ 1.570,00 Saída para Produção = R$ 1.155,00 Teríamos até esse momento a seguinte movimentação: Estoque Materiais Estoque Serviços em Processo Estoque Inicial: R$ 1.950,00 Saldo Inicial: (+) Compras: R$ 775,00 Materiais: R$ 1.155,00 (–) Saída para Processo: R$ 1.155,00 = Estoque Final: R$ 1.570,00 O segundo estoque em serviços é o de serviços em processo, representando o valor que está no processo de execução do serviço, ao final do período apurado. Esse estoque tem na sua composição todos os demais custos necessários para que, uma vez consumidos, a empresa possa entregar o serviço finalizado ao cliente. São exemplos desses componentes a Energia Elétrica, a Mão de Obra, tanto direta quanto indireta, a Depreciação dos Equipamentos, o Aluguel das instalações do hospital e todos os demais Gestão estratégica de custos 31 gastos ligados ao processo de execução do serviço contratado. Esses itens serão somados aos materiais para a composição do custo do serviço prestado. A estrutura desse estoque terá: • Saldo Inicial: valor apurado ao final do período anterior e que tende a zero, uma vez que os estoques são encerrados a cada entrega aceita pelo cliente, ficando algumvalor apenas em função de possíveis rejeições, quer sejam parciais ou totais, voltando ao processamento com a agregação de mais Gastos Gerais de Elaboração dos Serviços. • Entradas: somatório dos materiais e demais Gastos Gerais de Elaboração dos Serviços, como Depreciação, Mão de Obra e demais gastos, conforme descrito anteriormente. • Custo do Serviço Prestado: representa o valor dos serviços finalizados no período. • Saldo Final: tende a zero, pelos mesmos motivos do Estoque Inicial. Em um hospital com estoques em processamento no valor de R$ 0,00 em 31 de janeiro, e que tenha recebido: • Materiais: R$ 1.155,00. • Mão de Obra Direta: R$ 375,00. • Mão de Obra Indireta: R$ 65,00. • Depreciação: R$ 48,00. • Energia Elétrica: R$ 13,00. • Aluguel do Espaço: R$ 47,00. • Saldo Final do estoque de produtos em processo: R$ 0,00 (serviço aceito pelo cliente, e nenhum item consumido para os serviços entregues permanecerá na empresa). A partir dessas informações, o Custo dos Serviços Prestados seria obtido da seguinte forma: Custo do Serviço Prestado (CSP) = Estoque Inicial + Materiais + Gastos Gerais de Elaboração do Serviço – Estoque Final: CSP = R$ 0,00 + R$ 1.155,00 + R$ 548,009 – R$ 0,00 CSP = R$ 1.703,00 O cálculo desse valor pode ser visualizado da seguinte forma (Quadro 3): Quadro 3 – Apuração do Custo do Serviço Prestado Estoque Materiais Estoque Serviços em Processo Estoque Inicial: R$ 1.950,00 Saldo Inicial: R$ 0,00 (+) Compras: R$ 775,00 (+) Materiais: R$ 1.155,00 (–) Saída para Processo: R$ 1.155,00 (+) Gastos Gerais de Serviços: R$ 548,00 = Estoque Final: R$ 1.570,00 = Custo dos Serviços Produzidos: R$ 1.703,00 Fonte: Elaborado pelos autores. 9 Mão de obra direta + Mão de obra indireta + Depreciação + Energia elétrica + Aluguel do espaço. Custos e formação de preços32 Esse processo de apuração dos custos é contabilizado passo a passo, à medida que os gastos são apropriados tanto no estoque de materiais quanto no processo de produção do serviço, permitindo ao gestor e aos demais usuários ter a informação do andamento do processo de produção por meio dessa contabilização. 1.4.3 Contabilidade gerencial Entendido o escopo da contabilidade financeira e de custos, podemos iniciar o estudo da contabilidade gerencial. Essa modalidade estuda as informações a serem fornecidas aos tomadores de decisão, isto é, às pessoas internas à organização responsáveis por dirigir e controlar suas operações, enfatizando o preparo de relatórios da organização para seus usuários internos. É importante frisar que a contabilidade gerencial não está subordinada aos princípios e às convenções contábeis. Apesar de a contabilidade gerencial se direcionar primariamente aos tomadores de decisão da empresa em seus vários níveis, não podemos esquecer que os gestores cada vez mais compartilham a informação contábil com fornecedores e clientes por meio, por exemplo, do estudo de preços e condições de financiamento e de compra. Uma das atividades principais dos gestores hoje é o gerenciamento dos custos incorridos para a geração de seus produtos e/ou serviços visando satisfazer seus clientes atuais e potenciais, enquanto continuamente reduzem e controlam seus custos. Portanto, um importante componente do gerenciamento de custos é o reconhecimento de que decisões tomadas hoje certamente comprometerão a organização ao gerarem ou reduzirem custos no futuro, a partir de decisões tomadas no presente. Consideremos, por exemplo, os custos de disponibilização de materiais em uma fábrica. Decisões acerca do layout da fábrica e da extensão dos movimentos físicos dos materiais requisitados pela produção são tomadas tipicamente antes do início da produção e certamente influenciarão enormemente o custo de disponibilização de materiais assim que a produção começar. Os gestores em todo o mundo estão cada vez mais conscientes da importância da qualidade e conveniência dos produtos e serviços vendidos a seus clientes. Por sua vez, os contadores estão também se tornando cada vez mais sensíveis à qualidade e utilidade da informação contábil solicitada pelos gestores. Conforme mencionado por Horngren (2000), um grupo de contadores gerenciais na Johnson & Johnson (indústria produtora de diversos produtos de consumo, como Band-Aid) tem sua declaração de visão resumida nas frases encante nossos clientes e seja o melhor. No princípio, a contabilidade gerencial era vista como uma forma de resolver os problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado e não era entendida como instrumento de apoio à decisão, o que retardou o aproveitamento desta última função. Com o crescimento das empresas, que causou o distanciamento entre o administrador das pessoas e seus ativos, a contabilidade gerencial passou a ser utilizada como meio de comunicação entre as áreas e ganhou ênfase no aspecto gerencial. A tecnologia proporcionou a visão simultânea das três formas de informação: financeira (oficial), de custos e gerencial. Gestão estratégica de custos 33 A contabilidade de custos, embrião da contabilidade gerencial, aparece como auxiliar do controle e tem acentuada participação no processo decisório. No campo do controle, o orçamento surge como o principal instrumento de comparação do resultado obtido com o resultado planejado (esperado), e, com base nessa visão, é possível tomar as medidas corretivas e iniciar os estudos para o novo ciclo, com o objetivo de maximizar o retorno sobre a utilização dos Ativos das empresas. Impulsionado pela intensificação da competição em todos os mercados, gerando, por exemplo, a tríplice visão do preço – base custo, base mercado e base diferenciação –, o conhecimento dos custos se torna fundamental por conta do maior poder dado ao mercado consumidor, fazendo com que as atenções se voltem aos custos, buscando sempre a sua adequação e evitando a decisão de reduzir drasticamente as margens de lucratividade e rentabilidade. Da mesma forma, essa escalada da competitividade citada incentivou a criação de instrumentos e mecanismos de apoio ao processo decisório, por exemplo a margem de contribuição, que representa a diferença entre a receita e os custos acrescidos das despesas variáveis, por unidade (PADOVEZE, 1997), medida que possibilitou a criação de algumas metas de gestão bastante importantes, dentre as quais: • Ponto de equilíbrio, ponto de ruptura ou ainda break even point: nasce da conjugação dos Custos e Despesas Totais com as Receitas Totais (MARTINS, 2010). • Margem de segurança: representa o volume de faturamento suficiente para atingir o lucro esperado pelos sócios (LIMEIRA, 2014). • Alavancagem operacional: corresponde à possibilidade de variação no ganho ou na perda (lucro ou prejuízo) com base no crescimento ou na redução das vendas (CARDOSO et al., 2007). A seguir, apresentamos alguns exemplos da aplicabilidade da contabilidade gerencial. Vamos imaginar uma empresa que divulgou em seus demonstrativos contábeis a informação da Receita Bruta do período no valor de R$ 1.000,00. Essa informação da contabilidade financeira é divulgada aos usuários externos, tais como sócios, acionistas, fornecedores, bancos e quem mais se interessar pelo relacionamento com a empresa (em muitos casos, a divulgação de informações da contabilidade financeira é obrigatória por força de dispositivo legal). A abertura dessa informação ao público externo pode não apresentar um peso estratégico importante, por não identificar onde a empresa é forte ou frágil em sua relação com o mercado, além de não dar transparência aos produtos de maior ou menor penetração nesse mercado. No entanto, para o gestor da empresa, essa informação passa a ser muito relevante para seu posicionamento em relação à comparabilidade de desempenho econômico, ainda que nenhuma decisão estratégica relevante seja baseada nessa informação. Certamente, ele vai solicitar a mesma informação com apresentação diferente para o seu planejamento de ação futuro e análise dedesempenho passado. Imaginando que essa empresa opere no mercado com duas linhas de produtos em três regiões do país, a mesma informação da receita poderia ser apresentada na forma a seguir, com um peso significativamente maior para as decisões estratégicas da empresa. Custos e formação de preços34 Tabela 1 – Performance de vendas por linha de produto e área de atuação Região J Região K Região P Total Linha 1 R$ 450,00 R$ 100,00 R$ 50,00 R$ 600,00 Linha 2 R$ 75,00 R$ 125,00 R$ 200,00 R$ 400,00 Total R$ 525,00 R$ 225,00 R$ 250,00 R$ 1.000,00 Fonte: Elaborada pelos autores. Com base nesses dados, o gestor poderá tomar decisões estratégicas diferentes para cada linha de produtos e cada região, uma vez que o formato permite a análise do desempenho associado do binômio linha de produto x região de comercialização, eliminando, dessa forma, o equívoco estratégico de se tomar uma única decisão para todas as linhas em todas as regiões. Essa percepção estratégica representa uma diferença importante entre a contabilidade finan- ceira e a contabilidade gerencial. Outro exemplo para ilustrar a diferença entre a contabilidade financeira e a gerencial está relacionado à questão dos custos incorridos na empresa. Sabemos e concordamos que as empresas precisam estar atentas para reduzir seus custos operacionais e principalmente aqueles não ligados a atividades operacionais. Os autores se rendem a essa realidade. No entanto, lembramos sobre os cuidados relacionados à decisão de cortar custos por conta da qualidade, que pode ser afetada pela redução matemática dos custos. Na década de 1970, por exemplo, a qualidade foi objeto de preocupação à medida que as empresas entenderam o poder do mercado. Com a certificação de qualidade (certificados ISO), as empresas podiam oferecer ao mercado consumidor de seus produtos um diferencial de qualidade com relação à sua concorrência. A máxima daquela realidade era: a qualidade é diferencial e fator determinante para que o mercado se disponha a pagar mais caro por determinado produto ou serviço. No entanto, a realidade do mercado tornou, já na década de 1990, a qualidade um prerrequisito. Ao se perceber a qualidade como um prerrequisito e não apenas como um diferencial, consolida-se a importância da contabilidade gerencial no mundo empresarial. Nossa preocupação neste trabalho é chamar atenção para esse aspecto e refletir bastante sobre o fato de que essa decisão não é matemática, e sim estratégica. Considerando a visão já criticada sobre o lucro como fator preponderante para o crescimento sustentado, imagine uma empresa nesse momento decidindo se deve substituir determinada matéria-prima de alta qualidade, adquirida a um preço de R$ 35,00 a unidade, por outra de qualidade inferior a um preço de R$ 25,00 a unidade. A redução matemática do custo é percebida de forma imediata. Porém, se o consumidor perceber essa alteração na qualidade do produto, poderá haver uma redução no volume de vendas e sua migração para o concorrente, gerando a dualidade de percepção do custo na decisão estratégica e indicando que existe um limite para a redução dos custos definido pela percepção do mercado. A contabilidade gerencial olha para o futuro com os dados coletados historicamente, associados ao estudo das tendências do ambiente de atuação da empresa. Os gestores a utilizam para tomar decisões sobre as operações estratégicas de uma organização, que depende da previsão Gestão estratégica de custos 35 de mercados e estudos de suas tendências e tem seu período de divulgação com indicadores e demais informações definidas por seus gestores de acordo com as necessidades de cada momento da empresa. Cabe ao gestor decidir o nível de utilização das informações gerenciais. Por isso, dizemos que as conclusões derivadas das análises dependem do nível de conhecimento e experiência dos executivos da empresa. Considerações finais A contabilidade foi estruturada para apoiar o gestor em sua principal responsabilidade: decidir, sempre buscando a maximização do ganho em função do investimento feito. Ao longo do tempo, essa tarefa vem se tornando mais complexa, com eventos como a globalização, os avanços tecnológicos e o aumento da população consumidora, que levaram a uma maior competitividade nessa jornada. A transformação da contabilidade gerou desdobramentos exatamente para atender a diferentes públicos com diferentes interesses na mesma atividade econômica. Assim, a contabilidade que nasce financeira, padronizada, claramente para atendimento ao público externo ganhou contornos gerenciais e estratégicos, gerando a contabilidade de custos, que buscou uma primeira adequação às novas demandas. Já a partir do século XIX, com a consolidação da Revolução Industrial, nasce a contabilidade gerencial, criando instrumentos voltados para o uso estratégico e tendo como consumidores principais os tomadores de decisão, o que reorganizou os dados vindos da contabilidade financeira, criou indicadores como margem de contribuição e formalizou metas como ponto de equilíbrio e margem de segurança, além de amparar decisões de preços, entre outras. Essa evolução acompanha o mundo e suas próprias alterações impulsionadas por avanços tecnológicos e principalmente pela mudança de comportamento de consumo. Ao gestor, cabe a habilidade de utilizar cada “tipo” de contabilidade para o atendimento a cada “tipo” de necessidade. Exploramos no capítulo essas diferentes características e aplicações, para apoiar o julgamento na hora do uso, na hora da decisão. Ampliando seus conhecimentos • BRAGA, H. R. Demonstrações financeiras, estrutura, análise e interpretação. São Paulo: Atlas, 1990. Este livro vai contribuir para o entendimento das estruturas fundamentais da contabilidade financeira, como Demonstrativo de Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial. • HERNANDEZ, J. P.; BEGALLI, G. A. Elaboração das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 1999. A leitura deste livro auxilia o entendimento do significado da metodologia de construção das informações de natureza contábil. Custos e formação de preços36 • KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação. Rio de Janeiro: Campus, 1996. O livro A estratégia em ação apresenta o conceito do Balance Scorecard, uma metodologia de fundamental importância para o gestor de qualquer tipo de organização. • MATARAZZO, D. Análise financeira de balanços, abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Este livro dá foco ao uso estratégico das informações apresentadas nos demonstrativos financeiros, propiciando a formatação de um processo de decisão com base em indicadores e outros instrumentos da contabilidade financeira. • PADOVEZE, C. Sistemas de informações contábeis. São Paulo: Atlas, 1997. Já a leitura deste livro amplia o entendimento da história e da construção dos princípios que norteiam a ciência contábil. Atividades Com base no estudo do presente capítulo, responda às questões abaixo. 1. O investidor, independentemente do tipo de negócio em que esteja aplicando seus recursos, espera que as ações tomadas pelo gestor da empresa produzam: a) Lucro. b) Retorno. c) A maior riqueza possível. d) Bem-estar social. 2. Qual dos seguintes aspectos se torna intransponível quando ligado à religião? a) Tecnológico. b) Social. c) Ambiental. d) Cultural. 3. Em que ano foi criada a Casa dos Contos? a) 1549. b) 1679. c) 1851. d) 1902. 4. Qual é o objetivo da contabilidade financeira? 5. Qual é o objetivo da contabilidade gerencial? Gestão estratégica de custos 37 Referências BRASIL. Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. Coleção de Leis do Império do Brasil – 1850. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 1850. CARDOSO, R. L. et al. Contabilidade gerencial: mensuração, monitoramento e incentivos. São Paulo: Atlas, 2007. FINNEY, H. E. et al. Finney and Miller’s principles of accounting: intermediate. Upper Saddle River: Prentice- -Hall, 1974. FRANCO, H. A evolução dos princípios contábeis
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