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– – 1 RISCO GESTACIONAL A gestação é um fenômeno fisiológico, mas alguns fatores podem elevar o risco de uma evolução desfavorável (gestação de alto risco). A avaliação do risco gestacional é feita com anamnese, exame físico e se necessário exames complementares, na primeira consulta e deve ser sempre reavaliada durante toda a gestação, pois é um processo dinâmico. #DICA: devemos nos atentar para os principais riscos gestacionais para indicar à gestante o local de acompanhamento pré-natal e parto. Lembrar que alguns riscos podem ser acompanhados na UBS e maternidade de risco habitual. RISCO HABITUAL São acompanhadas na unidade básica de saúde (UBS) e na maternidade de risco habitual. São aquelas sem critérios de risco, com perfil sociodemografico favorável, gestação planejada e desejada, intervalo interpartal > 2 anos, sem intercorrências. O seguimento baseia-se na avaliação clínica periódica. RISCO BAIXO Alguns riscos podem ser acompanhados na UBS e maternidade de risco habitual. São eles: Condições sociodemográficas ● Idade <15 ou > 35 anos ● Ocupação de risco ● Violência ou situação conjugal insegura ● Gravidez não desejada ou aceita ● Baixa escolaridade ● Altura < 1.45 m ● Tabagismo sem comprometimento fetal ● IMC < 19 e > 30 Fatores da gestação atual ● Infecção urinária ● Ganho de peso inadequado ● Anemia ● Sífilis, dengue, zika, chikungunya Fatores da história reprodutiva prévia ● RCIU ou pré-termo ● Macrossomia fetal ● Malformação ou microcefalia ● Síndromes hipertensivas ou hemorrágicas ● Intervalo interpartal < 2 ou > 5 anos ● Nuliparidade e multiparidade (+5) ● 3 ou + cesáreas ● Cirurgia uterina ALTO RISCO São acompanhadas na UBS e no serviço de alto risco, com maternidade de alto risco como referência. Os principais indicativos para encaminhar ao alto risco são: Se tiver doenças sistêmicas, abortamento habitual, mal passado obstétrico, gestações gemelares, acometimento fetal, NIC3 e ITU e repetição. Sociodemográfico ● Dependência química ● Obesidade com IMC > 40 ● Desnutrição ou transtorno nutricional História reprodutiva prévia ● Morte perinatal ● Insuficiência istmocervical ● Abortamento habitual ● Isoimunização Rh ● Infertilidade ● Acretismo placentário ● Síndrome hemorrágica / hipertensiva grave ● Prematuridade Comorbidades ● Cardiopatias ● Pneumopatias graves (incluindo asma) ● Nefropatias graves (DRC, transplante) ● Endocrinopatias ● Doenças hematológicas ● Doença psiquiátrica grave ● Hipertensão arterial crônica ● Síndromes genéticas ● Tromboembolismo anterior (TVP, TEP) – – 2 ● Doenças neurológicas ● Doenças autoimunes ● Patologias ginecológicas ● Neoplasias (incluindo NIC III e câncer de mama) ● Infecções (hepatites, toxoplasmose, HIV, sífilis terciária, DSTs, hanseníase, tuberculose). No caso se sífilis, tratar e controlar VDRL mensalmente após tratamento. Paciente VDRL >=1:8 TRATAR OBRIGATORIAMENTE! Toda gestante com o diagnóstico de HIV deve receber tratamento antirretroviral, independentemente da condição clínica ou imunológica, objetivando diminuir a morbimortalidade materna e fetal. Intercorrências obstétricas atuais ● Gemelaridade ● Gestação resultante de violência sexual ● Distúrbios hipertensivos da gestação ● Diabetes gestacional ● Infecção urinária de repetição ● Desvios de crescimento intrauterino (RCIU) ● Poli ou oligoidrâmnio ● Suspeita de insuficiência istmocervical ● Anemia grave ou refratária ao tratamento ● Hemorragias ● Acretismo placentário ● Placenta prévia ● Colestase ● Malformação fetal ● Infecção por rubéola ou citomegalovírus ● Isoimunização Rh URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS Alguns fatores de risco, quando identificados, indicam encaminhamento a urgência. São eles: ● Síndromes hemorrágicas ● Suspeita de pré-eclâmpsia, sinais premonitórios de eclâmpsia, eclâmpsia e crise hipertensiva ● Amniorrexe prematura ● Isoimunização Rh ● Anemia grave (Hb < 8) ● Trabalho de parto prematuro ● IG > 41 semanas ● Hipertermia sem sintomas de IVAS ● Suspeita de abdome agudo ● Suspeita de trombose venosa profunda ● Suspeita de pielonefrite, infecção ovular ou outras infecções graves ● Investigação de prurido/icterícia ● Vômitos incoercíveis com <20 semanas ● Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre ● RCIU e oligoidrâmnio ● Cefaléia súbita, sinais neurológicos, crise de asma, etc. CONSULTAS DE PRÉ-NATAL Devemos estimar corretamente a idade gestacional, fazer a identificação do risco gestacional, avaliar constantemente a saúde materno-fetal, detectar problemas de forma precoce e promover a saúde. Mínimo de consultas: 6 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º. O pré-natal ideal deve iniciar no primeiro trimestre, o mais precoce possível, preferencialmente antes das 10 semanas ou 120 dias de gestação. Pelo ministério da saúde (MS) devem ser realizadas no mínimo 6 consultas, espaçadas conforme o trimestre. CONSULTA INICIAL E PRIMEIRO TRIMESTRE História clínica ● História médica: informações pessoais e demográficas, história médica (comorbidades, fatores de risco para doenças cardíacas, alergias, medicações, imunizações, infecções, exposição teratogênica), história familiar, passado cirúrgico, história ginecológica e menstrual, viagens para áreas endêmicas ● Informações psicossociais, como uso de substâncias, saúde mental, estabilidade – – 3 familiar e risco ou histórico de violência doméstica. ● História gestacional: passado obstétrico, gestações ectópicas e abortamentos. ● História da gestação atual (lembrar de investigar o desejo da gestação). Cálculo da idade gestacional Conforme a DUM Soma-se número de dias até a consulta atual e divide por 7 para mostrar o número de semanas. O número inteiro é o número de semanas e o resto é o número de dias. Ex: DUM 29/07 e data da consulta 12/09. A soma de dias é: 2 (julho) + 31 (agosto) + 12 (setembro) = 45. Então divide 45 por 7 = 6 e sobram 3. Logo, são 6 semanas e 3 dias (6+3) Conforme o USG de 1º trimestre É similar ao cálculo da DUM, mas devemos lembrar de somar as semanas calculadas com as semanas presentes no dia do USG. O cálculo pelo USG só é confiável quando realizado precocemente. Ex: USG (dia 30/08) com 4 semanas + 4 dias, data da consulta 12/09. A soma dos dias é: 1 (agosto) + 12 setembro = 13. Divide-se por 7 = 1 semana e sobram 6 (1+6). Então somamos às semanas do USG: 4 semanas + 1 semana = 5 semanas; 4 dias + 6 dias = 1 semana + 3 dias. Logo, são 6 semanas e 3 dias (6+3). Cálculo da data provável do parto Pela regra de Naegele, devemos utilizar a DUM e somar 7 dias aos dias. Se ultrapassar 30-31, somar ao mês e o restante é o número de dias. Para determinar o mês, soma-se 9 (se DUM em jan, fev, mar) ou subtrair 3 e acrescentar 1 ao ano (se DUM de abr a dez). Ex: DUM 29/07/2018. Somamos 7 aos dias = 29+7, como julho tem 30 dias, sobram 5 dias e acrescento 1 ao mês. O mês será 07 (julho) + 1 (sobra dos dias) - 3 (regra) = 5. Como é mês de maio, somamos 1 ao ano = 2019. Logo, a DPP será 05/05/2019. Exame físico Exame geral ● Aferir pressão arterial ● Aferir peso e IMC Manobras de Leopold-Zweifel São manobras que avaliam a estática fetal. É composta por 4 tempos. Altura uterina e circunferência abdominal A altura uterina é calculada medindo com uma fita métrica da borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. Pode indicar distúrbios de crescimento fetal e do líquido amniótico ou mesmo erro de data. Após 12 semanas, o útero é palpável na altura das sínfise púbica e com 16 semanas ocupa a metade da distância entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical. A partir da 20ª até 32ª semana , a medida em cm acompanha a idade gestacionalem semanas. O tamanho uterino é importante para identificar alterações, como miomas, utero retrofletido, gestação múltiplas e datação incorreta. – – 4 Ausculta de BCF É feito com o sonar doppler fetal, a partir da 10-12ª semana. O USG transvaginal pode identificar BCF a partir de 5.5 semanas. Os BCF são auscultados com o estetoscópio de Pinard a partir da 18ª-20ª semana (quando a altura uterina está chegando na cicatriz umbilical). Exame ginecológico A paciente é avaliada com exame especular e toque vaginal. Pode ser feita coleta de colpocitologia oncótica se indicada conforme o rastreamento (após 25 anos, trienal). SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRES As consultas de risco habitual devem seguir os intervalos: mensais até 28 semanas, quinzenais até 36 semanas e semanais até o parto, de modo geral. A OMS recomenda 8 consultas, sendo 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 5 no 3º trimestre. Conforme o risco, podem ser feitos encontros mais ou menos frequentes. Seguimento clínico Nas consultas subsequentes, devemos avaliar a evolução da gestação, aferir pressão arterial e peso e investigar sintomas de depressão e ansiedade, além de investigar queixas e fazer orientações. Devemos questionar sobre eventos, como viagens recentes, doenças, fatores estressores e exposição à infecção (Zika, Sars-COV-2). Por fim, devemos revisar sintomas de problemas na gestação e fazer orientações quanto à dieta e exercícios físicos. Sinais e sintomas de risco Devemos orientar a paciente a procurar seu médico em caso de: ● Sangramento vaginal ● Perda de líquido via vaginal ● Redução da atividade fetal ● Sinais e sintomas de parto pré-termo (dor lombar, aumento de atividade uterina, sangramento vaginal, diarreia, pressão pélvica, perda de líquido vaginal e contrações) ● Sinais e sintomas de pré-eclâmpsia (cefaléia refratária a paracetamol, alterações visuais, dor epigástrica ou em quadrante superior direito persistente). PROFILAXIA DE ECLÂMPSIA: Realizada com 1 g de carbonato de cálcio/dia e AAS 100 mg/dia até 36 semanas de idade gestacional. Exame físico ● Aferir pressão arterial ● Aferir peso e IMC – – 5 ● Altura uterina (avaliar crescimento fetal) ● BCFs ● Apresentação fetal (no 3º trimestre) Além disso, devemos lembrar da administração da imunoglobulina anti-D em pacientes Rh negativos e orientar quanto à vacinação (a seguir). EXAMES COMPLEMENTARES Exames de triagem laboratoriais Alguns exames são realizados para todas as gestantes e outros conforme a clínica e suspeita. O Ministério da Saúde indica a realização de uma série de exames no pré-natal: EXAMES DA PRIMEIRA CONSULTA Séricos ● Hemograma ● Tipagem sanguínea e fator Rh ● Coombs indireto, se Rh negativo ● Glicemia de jejum (entre 92- 125 confirmados em 2 coletas, confirma DM gestacional). ● Eletroforese de Hb (negras, histórico familiar de anemia falciforme, história pessoal de anemia crônica) Sorologias ● Teste rápido HIV e anti-HIV ● Teste rápido Sífilis e/ou VDRL e/ou RPR ● HbsAg ● IgG e IgM Toxoplasmose (solicitar mensalmente no caso de paciente susceptível). Urina ● Parcial de urina ● Urocultura Outros ● Colpocitologia oncótica (se necessário) ● Parasitológico de fezes (se indicação clínica) ● Exame de secreção vaginal (se indicação clínica) ● Ultrassonografia obstétrica (avaliação da idade gestacional) EXAMES DO 2º TRIMESTRE Séricos ● Teste de tolerância oral à glicose (24-28 semanas) ● Coombs indireto (se Rh negativo) EXAMES DO 3º TRIMESTRE Séricos ● Hemograma ● Coombs indireto, se Rh negativo ● Glicemia de jejum Sorologias ● Anti-HIV ● VDRL ● HbsAg ● Anti HCV ● IgG e IgM Toxoplasmose (se gestante suscetível) Urina ● Parcial de urina ● Urocultura Outros ● Bacterioscopia de secreção vaginal (swab) para pesquisa de GBS (após 37 semanas) OBS: valores de glicemia em jejum entre 92 e 125 mg/dL confirmados em 2 coletas determinam diagnóstico de diabetes gestacional. OBS: pesquisar Streptococcus agalactiae em swab vaginal/anal (cultura) entre 35 e 37 semanas. Fazer pesquisa no máximo 5 semanas antes do parto. Esses são os exames indicados de rotina, para todas as gestantes. Conforme a suspeita, outros exames podem ser solicitados: ● Imunidade para rubéola (deve ser oferecido) e aguardar um mês – – 6 ● Imunidade para varicela ● Pesquisa de proteínas na urina ● Pesquisa de Clamídia (se sintomas) ● Função tireoidiana (TSH) ● Anti-HCV (se fatores de risco) ● Anti-HAV ● Tuberculose (PPD) ● Vaginites e vaginose (se sintomas) ● Herpes simples ● Citomegalovírus (se sintomas) #DICA: cada serviço tem sua rotina, assim como existem diferenças entre o protocolo do MS e de algumas regiões (p. ex. Mãe Paranaense). Fique atento ao edital de onde você vai prestar prova. Conduta diante dos exames Exame Conduta TS Rh negativo e parceiro Rh positivo/desconhecido Solicitar Coombs Indireto: ● Negativo = repetir a cada 4 semanas, a partir da 24ª semana ● Positivo = encaminhar ao alto risco TR Sífilis ● Positivo = coletar VDRL e testar parceiro ● Negativo = repetir no 3º tri, parto ou abortamento VDRL ● Positivo: tratar gestante e parceiro ● Negativo: repetir no 3º trimestre, parto ou abortamento Urina com proteinúria ● Traços = repetir em 15 dias, se manter encaminhar ao alto risco ● Traços + hipertensão ou edema = encaminhar ao alto risco ● Maciça = encaminhar ao alto risco Urina com piúria, bacteriúria, leucocitúria + cultura positiva Tratar para infecção urinária de forma empírica até resultado do antibiograma. ● Solicitar parcial de urina após tratamento ● Se refratária = ajustar medicação ● Se repetição = encaminhar ao alto risco ● Se suspeita de pielonefrite = encaminhar ao hospital de referência Glicemia jejum ● 85-109 = fazer TOTG com 24-28 semanas ● > 110 = repetir glicemia, se > 110 faz diagnóstico de DM gestacional TOTG ● Jejum < 110 e 2h < 140 = negativo ● Jejum > 110 e 2h > 140 = DM gestacional Hemoglobina ● >11, sem anemia = suplementar ferro a partir da 20ª semana (200 mg/dia de sulfato ferroso = 40 mg de ferro elementar) ● Hb 8-11, anemia leve = solicitar parasitológico de fezes e tratar s/n + tratar anemia com 120 a 240 mg/dia de ferro elementar (5 cp de 40 mg de – – 7 sulfato ferroso) + repetir dosagem após 30-60 dias. Se refratário, encaminhar ao alto risco. Manter até Hb > 11 e então iniciar suplementação ● Hb < 8, anemia grave = encaminhar ao alto risco Cálcio Suplementar 600-1g /dia. TSH e T4 Seus níveis devem ser adequados à normalidade da gestação ● <0.1 ou supresso + T4 ou T3 elevados = hipertireoidismo ● TSH elevado ou > 4 + T4 baixo = hipotireoidismo ● TSH elevado + T4 normal = hipotireoidismo subclínico OBS: lembrar se bacteriuria assintomática DEVE TRATAR pelo risco de abortamento. Nitrofurantoina, cefalexina, amoxicilina, fosfamicina. OBS: para gestantes que apresentarem duas cistites ou uma pielonefrite, é indicada a profilaxia antibiótica até o final da gestação com nitrofurantoína ou amoxicilina. A urocultura deve ser repetida mensalmente. OBS: Candidíase: tratar com miconazol, clotrimazol ou nistatina tópicos por 7 dias. Tratar parceiro após 2º episódio da gestante, com fluconazol 150 mg em dose única. OBS: Vaginose ou tricomoniase: metronidazol via oral por 7 dias. Vaginose: 500 mg 12/12 horas. Tricomoniase: 250 mg 8/8 horas ou 400 mg 12/12 horas. OBS: ferro deve suplementar de 20 semanas de gestação até 12 semanas de puerpério. OBS: checar movimentação fetal em todas as consultas. SOLICITAR MENSALMENTE sorologia de toxo (se paciente suscpetivel), pesquisa de anticorpos irregulares em gestantes RhD -. RASTREARDM com TOTG de 24-28 semanas. Ultrassonografia obstétrica É recomendado a realização de uma USG por trimestre, sendo uma morfológica entre 18 a 22 semanas. Ideal é uma a cada trimestre. A USG precoce (endovaginal antes de 20 semanas) é útil para confirmar a idade gestacional, principalmente em pacientes com ciclo irregular, DUM desconhecida, uso de contraceptivos e tamanho uterino discordante. Determina IG, viabilidade, localização, corionicidade se gemelar, corpo lúteo. USG morfológico de 1º trimestre (11-14 semanas, CCN 45-84 mm): doppler de artérias uterinas e marcadores de aneuploidias (TN, osso nasal, ducto venoso, regurgitação tricúspide, morfologia fetal). USG morfológico de 2º trimestre: morfologia fetal, comprimento de colo uterino, FC, placenta, líquido amniótico, peso estimado, adaptação placentária (doppler). Entre 20-24 semanas indicada para ver as malformações e cervicometria (comprimento do colo do útero para saber risco de prematuridade). Além disso, esse primeiro ultrassom auxilia na suspeita de malformações e anomalias fetais e detecção de gestação múltipla. VACINAÇÃO Vacinas indicadas ● Hepatite B: deve constar 3 doses no calendário vacinal. Completar ou iniciar o esquema conforme indicado, após o 1º trimestre. OBS: segundo as Diretrizes de Prevenção de Transmissão Vertical, autoriza em qualquer idade gestacional a vacina. ● Influenza: conforme calendário anual. – – 8 ● dT: deve constar 3 doses de dTP no calendário vacinal e reforço de dT a cada 10 anos. Caso nunca tenha recebido nenhuma dose, é feito 2 doses de dT (0-30 dias) e completado com dTpa (27-32 semanas) ● dTpa/pertussis acelular: toda gestante deve receber uma dose de dTpa, independente do estado vacinal anterior e gestações anteriores. É recomendada após 20 semanas, sendo a melhor época entre a 27 e 32ª semana. ● Raiva: não é contra-indicada e deve ser feita em caso de acidente com risco de contaminação, conforme a gravidade do ferimento. ● Febre amarela: indicada somente em casos de alto risco de infecção. #DICA: atentar para as 3 vacinas recomendadas: hepatite B, influenza, DT e dTpa. Vacinas contra-indicadas São contra-indicadas vacinas de vírus vivos. ● Tríplice viral, febre amarela, BCG SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS O ácido fólico é indicado 90 dias antes da concepção, na dose de 0.4 mg/dia. Na vigência de alto risco, como uso de anticonvulsivantes ou história prévia de defeitos de tubo neural, a dose é 4 mg/dia. Em gestantes veganas, devemos estar atento para a reposição de vitamina B12 e vitamina D. Também devemos atentar para a deficiência de ferro com anemia ferropriva, fazendo sempre o diferencial com a anemia fisiológica da gestação (por hemodiluição). EXAMES PARA AVALIAÇÃO FETAL Suspeita de malformações O rastreio para trissomia do 21 é iniciada com a USGTV que avalia a translucência nucal (normal SE COMPRIMENTO CABEÇA NADEGA FOR de 45-84mm – entre 11-13 semanas), que pode estar alterada também em demais situações (aneuploidias, infecções, cardiopatias). A medida é alterada quando é > 2.5 mm e indica investigação diagnóstica com cariótipo fetal. A avaliação do ducto venoso com USG doppler pode aumentar a suspeita de síndrome de Down, pois é um marcador de função cardíaca e se encontra alterado em 80% dos fetos. A ausência de osso nasal é outro sinal característico de trissomias (mais comuns SÃO TRISSOMIA DO 21, PATAU 13 E EDWARDS 18 PED!), bem como é o cisto de plexo coróide. No caso de alterações suspeitas, pode ser feito biópsia de vilo corial (10-13ª sem), amniocentese (14-16ª sem) ou cordocentese (18ª sem). Lembrando que o diagnóstico de trissomia do 21 é feito somente pelo cariótipo fetal. A USG não é diagnóstica, apenas sugere risco aumentado. Se paciente com >35 anos ou fator de risco ou rastreio positivo: Teste duplo: BHGG e PAAP-A se em 11-12 semanas. Se > que isso, teste triplo (AFP, estriol e BHCG) no 2º trimestre e se quiser adicionar, faz inibina. DNA fetal pode pedir a partir das 10 semanas. Testes invasivos: 10-12 semanas, biopsia vilo corial; se >14ª semana amniocentese e se >18ª semana, cordocentese FECHA DIAGNÓSTICO DE MÁ FORMAÇÃO! Screening genético Algumas pacientes desejam realizar testes genéticos para rastreio de anomalias. As pacientes devem ser orientadas quanto à interpretação do exame, possibilidades de falso positivos e negativos e os possíveis exames de confirmação. Os testes disponíveis são a análise de DNA livre na circulação materna, análise dos níveis de biomarcadores específicos no sangue materno, entre outros. Exames invasivos ● Amniocentese: pode ser diagnóstica ou terapêutica (descompressão uterina). Melhor indicada entre 14 a 16 semanas. ● Cordocentese: pode ser diagnóstica ou terapêutica (como no caso de transfusão – – 9 intravascular fetal, para tratar anemia fetal). ● Fetoscopia: é utilizada na terapia de bridas amnióticas, hérnia diafragmática e realização de anastomoses vasculares. ● Biópsia de vilo corial: utilizada como método diagnóstico para estudos citogenéticos, bioquímicos e moleculares. Melhor indicada entre 10 a 13 semanas. Obs: mais detalhes no resumo de “Sofrimento fetal”. #DICA: a USG obstétrica tem indicações específicas por período. No primeiro trimestre, por exemplo, serve para rastreio de malformações e datar a gestação. INFORMAÇÕES EXTRAS ESTEATOSE HEPÁTICA AGUDA - Quadro clínico: 3º trimestre; Náusea; Vômitos Dor no hipocôndrio direito Icterícia - Laboratório: Aumento de BD Aumento de TGO/TGP Aumento de creatinina Hipoglicemia Hipofibrinogenemia Hiperuricemia Plaquetas normais Sem hemólise - Diagnóstico diferencial: Hiperêmese: vômitos incoercíveis + sinais e sintomas de distúrbios hidroeletrolíticos = internação hospitalar. Em casos de vômitos frequentes, mal-estar, desidratação: procurar pronto atendimento de referência. Se for HIPERÊMESE LEVE orientação dietética, derivados do gengibre e vitamian B6. Hepatites virais - Tratamento: Parto + estabilização O parto resolve o quadro Melhor opção: parto vaginal (tem distúrbio de coagulação) - Complicações: Insuficiência hepática Insuficiência renal OBS: com 4-5 SEMANAS JÁ É POSSÍVEL DE VER O SACO GESTACIONAL PELO USG TV. FLASHCARDS A gestação de risco pode ser definida por aquela que é complicada por quais fatores principais - Peso materno <50kg - Estatura materna inferior a 1,5m - Mães sedentárias - Mães solteiras Idade materna < 18 anos e >35 anos não é gestação de risco! Interrupção da gestação com limite máximo de idade gestacional (22 semanas ou até 500g) é apenas em casos de estupro. Anencefalia e risco de vida materno não têm essa ressalva. – – 10 Mulher, 22 anos, G1P0, idade gestacional compatível com dezoito semanas, comparece a consulta pré-natal para checar exames de rotina. A avaliação dos resultados evidenciou sorologia positiva para o antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg positivo). Para esta paciente, como medida para redução da transmissão vertical deste vírus, está indicado o que Solicitar carga viral do vírus da hepatite B (HbeAg) para decisão da prescrição antiviral. Nesse caso a vacina e a IG devem ser feitas para o RN, não para a gestante. A via de parto segue indicação obstétrica, cesárea não reduz transmissão vertical. É possível reduzir a infecção perinatal se administrarmos Lamivudina a partir de 32 semanas até 4 semanas após o parto, como mostra alguns estudos. Dessa forma seria indicado solicitar a carga viral dessa paciente e avaliar a introdução da lamivudina. Gestante, G3 P2, 38 semanas, é internada na maternidade com diagnóstico de trabalho de parto.Após anamnese, avaliação do cartão de pré-natal e exame físico, foi iniciado ampicilina para profilaxia de sepse neonatal. Qual achado abaixo pode ter sido identificado durante a internação da paciente para justificar essa conduta História de sepse neonatal por S. agalactiae na gestação anterior. É recomendado que as gestantes entre 35 a 37 semanas sejam rastreadas através da coleta de swab vaginal e retal para a colonização por Streptococcus beta-hemolítico do grupo B. Deve receber profilaxia da infecção neonatal por Streptococcus beta-hemolítico do grupo B Gestante em trabalho de parto com menos de 37 semanas e ausência de cultura para Streptococcus beta-hemolítico do grupo B. Adolescente de 16 anos, com idade gestacional de 20 semanas, inicia Pré-Natal. Refere ter perdido a carteira de vacinação e não sabe referir imunizações – – 11 prévias. Qual orientação de vacinas para essa gestante Realização de vacina para influenza e tríplice bacteriana acelular independente da vacinação prévia para tétano.
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