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Lucymara Carpim O cenário educacional apresenta várias possibilidades de o pe- dagogo contribuir com a construção de conhecimentos sistema- tizados, que possibilitem aos alunos interagir e agir no contexto profissional, social e cultural. Para estar aberto a essas possibilidades, é importante o peda- gogo entender que o saber sistematizado pode ser desenvolvido tanto nos espaços escolares quanto nos não escolares. Este livro apresenta uma diversidade de ambientes possíveis de atuação desse profissional, como organizações empresariais e universi- dades corporativas; espaços hospitalares; espaços sociais, como associações culturais, organizações não governamentais (ONGs), asilos, casas de acolhimento social e educacional, fundações e demais instituições; e outros espaços não escolares, como mu- seus, escolas e instituições como sistema S e sistema carcerário. Nesses espaços são desenvolvidos programas educacionais e profissionais, visando à formação dos sujeitos com foco na trans- formação social e individual. Lu cym ara C arp im PEDAGOGIA EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES Código Logístico 59211 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6590-5 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 9 0 5 Pedagogia em espaços não escolares Lucymara Carpim IESDE BRASIL 2020 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C298p Carpim, Lucymara Pedagogia em espaços não escolares / Lucymara Carpim. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 126 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6590-5 1. Educação - Estudo e ensino. 2. Pedagogos - Orientação profissional. I. Título.. 20-62569 CDD: 370.71 CDU: 37.013 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Envato Elements Lucymara Carpim Doutora e mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Didática do ensino superior pela mesma instituição; em Gestão educacional pelo Serviço Nacional de Aprendizagem (Senac PR); em Marketing empresarial, Economia do trabalho e Gerenciamento ambiental na indústria pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); em Gestão do meio ambiente e Planejamento e gestão estratégica pela UNINTER. Graduada em Letras pela Universidade Tuiuti do Paraná e em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional Uninter. Tem experiência em gestão educacional, universidades corporativas, educação profissional, ensino superior, técnico e tecnológico. Atua em espaços escolares e não escolares, com a prática docente em ambientes presenciais e on-line. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 9 1.1 Cenários educacionais para atuação do pedagogo 10 1.2 Conceitos, fundamentos e perspectivas educativas 16 1.3 O público-alvo do pedagogo em contextos não escolares 24 2 O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 29 2.1 Atuação do pedagogo nas organizações 30 2.2 Perspectivas educativas na área de Recursos Humanos 37 2.3 Pedagogia corporativa e a gestão do conhecimento 41 2.4 Aprendizagem continuada e sustentação dos objetivos organizacionais 44 3 O pedagogo no ambiente hospitalar 50 3.1 História e legislação da pedagogia hospitalar 50 3.2 O pedagogo e o processo de hospitalização 57 3.3 Desempenho educativo em espaços hospitalares ou residenciais 62 4 O pedagogo e sua atuação no terceiro setor 69 4.1 História da pedagogia social 70 4.2 Pedagogia social e os desafios de uma prática inovadora 72 4.3 Caminhos para a elaboração de projetos sociais e seus desafios 82 5 Atuação do pedagogo em outros espaços não escolares 90 5.1 Atividades pedagógicas em museus 91 5.2 As atribuições e oportunidades de atuação do pedagogo e a formação profissional 96 5.3 A reeducação dos detentos e as oportunidades de transformação social 102 6 Pedagogo: professor facilitador do processo de aprendizagem 109 6.1 Perfil do pedagogo para atuação em espaços não escolares 110 6.2 Metodologias de ensino em diferentes níveis e contextos não formais 115 6.3 Desafios do pedagogo em espaços não escolares 122 O cenário educacional apresenta várias possibilidades de o pedagogo contribuir com a construção de conhecimentos sistematizados, que possibilitem aos alunos interagir e agir no contexto profissional, social e cultural. Para estar aberto a essas possibilidades, é importante o pedagogo entender que o saber sistematizado pode ser desenvolvido tanto nos espaços escolares quanto nos não escolares. Esse é o tema do nosso livro; nele, apresentamos uma diversidade de ambientes possíveis de atuação desse profissional. No primeiro capítulo, apresentamos os conceitos e os fundamentos da pedagogia, da andragogia, dos espaços não escolares e a importância da intencionalidade educativa nas ações propostas, apontando caminhos para o trabalho do pedagogo no contexto não formal de ensino. O segundo capítulo destaca a atuação do pedagogo nas organizações empresariais e em universidades corporativas, tendo em vista que muitas empresas investem na formação contínua e no desenvolvimento de competências profissionais por meio de programas educacionais. Tais programas demandam atuação de profissionais ligados à educação, em especial, aos saberes didáticos e pedagógicos. No terceiro capítulo, abordamos as legislações, os conceitos e os fundamentos da ação pedagógica nos espaços hospitalares e a grande contribuição dos profissionais para atender, educativamente, às pessoas impossibilitadas de comparecer aos espaços formais de ensino. O pedagogo atuando em espaços sociais, conhecidos como terceiro setor, é tratado no quarto capítulo, que apresenta direcionadores para uma atuação educativa visando à formação dos sujeitos com foco na transformação social e individual, em especial nos espaços como associações culturais e sociais, organizações não governamentais (ONGs), asilos, casas de acolhimento social e educacional, fundações e demais Vídeo APRESENTAÇÃO 8 Pedagogia em espaços não escolares instituições. Esses espaços buscam promover o desenvolvimento profissional, cultural, social e educacional, o que exige do pedagogo uma prática profissional colaborativa e cooperativa, com diversos outros profissionais que atuam em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva. No quinto capítulo, discorremos sobre a pedagogia em outros espaços não escolares, como museus, escolas e instituições como sistema S e sistema carcerário, onde são desenvolvidos programas de formação profissional. Todas essas entidades têm como objetivo a ampliação de oportunidades de aprendizagem e empregabilidade e, para isso, dependem dos saberes técnicos do pedagogo no que diz respeito aos processos de ensino e à aprendizagem. Por fim, no sexto capítulo, recomenda-se a adoção de metodologias inovadorasde ensino, considerando a utilização das metodologias ativas que objetivam envolver os estudantes nas atividades de ensino propostas, com foco no desenvolvimento de sua autonomia educacional para pesquisa, resolução de problemas reais e direcionamento da aprendizagem significativa. Bons estudos! Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 9 Neste capítulo, trataremos dos cenários educacionais, con- ceitos e fundamentos da atuação do pedagogo em espaços não escolares e das perspectivas de práticas de ensino inovadoras, considerando contextos de constante transformação e que exi- gem pessoas preparadas para aprender continuamente. Os espaços não escolares possibilitam que o pedagogo atue ancorado nos fundamentos e princípios educativos da pedagogia e da andragogia. Por isso, a partir do estudo deste capítulo, você compreenderá como atuar nos diferentes contextos não escola- res e como o processo de ensino e aprendizagem pode ocorrer. Embora a formação em pedagogia foque em preparar os profissionais para que eles atuem em ambientes formais de en- sino, existem outras possibilidades que permitem ao pedagogo contribuir para a educação significativamente por meio de uma multiplicidade de áreas de atuação que carecem de profissionais habilitados e com os conhecimentos pertinentes dos processos de ensino e aprendizagem tanto no que diz respeito à pedagogia como à andragogia. Nesse sentido, convidamos você a abrir seus horizontes para a possibilidade de atuar além dos espaços formais de ensino, bem como adentrar um cenário desafiador, porém aberto a novas oportunidades de construir saberes que serão fundamentais para direcionar seus caminhos como pedagogo e atender a uma de- manda que exige profissionais engajados e comprometidos para trabalhar em diferentes campos educacionais. Bons estudos! Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 1 10 Pedagogia em espaços não escolares 1.1 Cenários educacionais para atuação do pedagogo Vídeo A pedagogia vem apresentando diversas oportunidades de atua- ção para o pedagogo, requerendo, para tanto, saberes que permitam ao profissional adentrar espaços não escolares, como ONGs, empresas, museus, hospitais, associações e demais instituições. Entretanto, é re- querido desse profissional que ele entenda com maiores detalhes fun- damentos, conceitos e princípios da pedagogia e da andragogia, pois ambas se complementam quando falamos em atuar em espaços não formais de ensino. É fundamental pensar a pedagogia no contexto educacional, social e econômico, uma vez que existem várias possibilidades para sua atuação. Além disso, o pedagogo pode desenvolver suas atividades educativas em diversos cenários e espaços por estarmos vivendo um contexto em que a competitividade de mercado, o processo de globalização e as transfor- mações técnicas e tecnológicas demandam pessoas preparadas e em constante movimento de aprendizagem a fim de manterem-se atuantes. Podemos nos embasar em Libâneo (2010, p. 28) quando nos orienta sobre a atuação do pedagogo: “verifica-se, pois, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico perpassa toda a sociedade, extra- polando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não formal”. No artigo A pedagogia no seu contexto histórico acerca da sua identidade, publi- cado pela revista FIPED, é apresentada a pedagogia, seu contexto histórico e a identidade do pedagogo com base na sua atuação em ambientes formais e não formais de ensino, demonstrando a importância desse profissional não só nas escolas regulares como em espaços não escolares. Acesso em: 23 jan. 2020. http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscri- to_50_d45e054ee66ad2745fc50cb12ef6a77c.pdf Artigo Sendo assim, é tão necessário pensar a ação do pedagogo em es- paços formais – desde escolas de educação infantil até o ensino uni- versitário – como também em espaços não formais, como empresas, hospitais, centros comunitários, associações sociais e religiosas, museus, http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_50_d45e054ee66ad2745fc50cb12ef6a77c.pdf http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_50_d45e054ee66ad2745fc50cb12ef6a77c.pdf Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 11 universidades corporativas, sindicatos, escolas profissionalizantes, siste- ma carcerário e muitos outros que exigem competências educacionais que transponham os conhecimentos didáticos e pedagógicos adotados em ambientes tradicionais de ensino. Veja, a seguir, alguns aspectos que diferenciam o espaço escolar formal de ensino e o espaço não escolar. Quadro 1 Aspectos dos espaços de ensino ESPAÇOS FORMAIS DE ENSINO Escolas que têm organização sistemática do ensino Atividades apresentadas de maneira sequencial e disciplinar Regidos por leis Concedem certificados (formalizados pelas Diretrizes Nacionais de Educação) Divisão por níveis de conhecimento Conteúdos atendem a uma matriz curricular Professor comumente pode ser visto como detentor dos saberes ESPAÇOS NÃO ESCOLARES Permitem o compartilhamento, a cooperação e a colaboração visando à construção interativa de saberes O professor tem papel de facilitador, mediador ou instrutor O ensino foca nos processos educativos, que devem ser interativos A construção dos saberes deve ser coletiva, por meio de atividades desenvolvidas em equipes Conhecimentos propostos de maneira problematizadora e que tragam a realidade dos estudantes Fonte: Elaborado pela autora. Percebemos que, além dos saberes pedagógicos de ensino, é ne- cessário que o pedagogo compreenda os fundamentos da andragogia, que direciona seus pressupostos teóricos para o ensino de adultos. Destacando que o pedagogo pode atuar nos dois espaços, é importan- te considerar, no entanto, que os direcionadores metodológicos podem 12 Pedagogia em espaços não escolares divergir no que diz respeito a intencionalidade educativa, público-alvo, metodologia, avaliação e propostas de atividades. É importante você entender que o trabalho do pedagogo está conec- tado ao do professor, e isso requer gostar de atuar como docente, en- volver-se com práticas educativas que estimulem e levem os estudantes – independentemente de serem crianças, jovens ou adultos – a construí- rem saberes significativos e que possam ser usados em suas vidas. Além disso, a prática pedagógica em espaços não escolares requer atuação em atividades que demandam planejamento, trabalho em equi- pe, coordenação, formação pessoal e profissional contínua e agir como mediador dos processos de ensino. Isso porque, em ambientes não for- mais de ensino, a diversidade de atribuições é grande e exige que os sa- beres sejam reconstruídos, pois as ações são diferentes de acordo com o espaço profissional onde o pedagogo vai desenvolver suas competên- cias educativas. Para Frisson (2004, p. 89): o pedagogo gerencia muito mais do que aprendizagens, gerencia um espaço comum, o planejamento, a construção e a dinamiza- ção de projetos, de cursos, de materiais didáticos, as relações entre o grupo de alunos ou colaboradores. Isso significa que não basta possuir inúmeros conhecimentos teóricos sobre determi- nado assunto, é preciso mobilizá-los. Isso requer que o pedagogo compreenda que, para atuar em espa- ços não escolares, são exigidos saberes específicos sobre cada ambien- te de atuação, além de competências educacionais e metodológicas que sejam inovadoras, que promovam o envolvimento dos estudantes nas atividades de maneira dialógica e interativa e que estejam em con- formidade com os propósitos de ensino. PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES FLEXÍVEL DINÂMICO PROMOVE A APRENDIZAGEM DENTRO DAS DIFERENCIAÇÕES Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 13 É importante que você compreenda que, comopedagogo, tem di- versas possibilidades de atuação profissional, mas será necessário desenvolver um conjunto de conhecimentos e ampliar sua visão de mundo, visto que a possibilidade de adotar práticas educativas diver- sificadas implica cercar-se de referenciais que possam contribuir para sua prática profissional de acordo com o espaço de trabalho pelo qual optar para atuar. Para Libâneo e Pimenta (2011, p. 36), o campo de atuação do peda- gogo é ampliado devido às novas necessidades sociais: os profissionais da educação formados pelo curso de Pedago- gia atuarão nos vários campos sociais da educação, decorrentes de novas necessidades e demandas sociais a serem regulados profissionalmente. Tais campos são: as escolas e os sistemas es- colares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial; as áreas de saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem necessários. Entretanto, é importante destacar que o caráter didático e episte- mológico deve ser levado em consideração quando tratamos do en- sino em ambientes não formais. A sistematização do conhecimento, embora não formalizada, deve ser entendida e construída segundo a necessidade do público-alvo. Assim, o seu sentido de docência precisa ser ampliado, lembrando que o papel do pedagogo, além de atuar com a prática pedagógica, inclui preocupar-se com o fator humano, ou seja, o sujeito objeto do ensino e da aprendizagem. Atitudes como ética, compreensão dos espaços onde atuará e ob- servação cautelosa dos envolvidos no processo de ensino e dos di- recionadores metodológicos adequados à faixa etária são condutas imprescindíveis ao pedagogo neste contexto, pois a educação não for- mal parte de diferentes contextos e realidades sociais, culturais, políti- cas, econômicas e profissionais. Essa realidade exige entendimento da intencionalidade pedagógica, dedicação e compromisso do educador com os estudantes envolvidos no processo de aprendizagem. O que acabamos de expor vai ao encontro do que aponta Libâneo (2010, p. 92) quanto à importância da intencionalidade de aprendiza- gem: “a tomada de consciência dos influxos sobre os educandos do contexto global da vida social requer da prática educativa uma inten- cionalidade, isto é, processos orientados explicitamente por objetivos e baseados em conteúdos, e meios dirigidos a esses objetivos”. 14 Pedagogia em espaços não escolares Mesmo que o ambiente de atuação do pedagogo não seja institu- cionalizado e direcionado por legislações educativas pertinentes, deve atender aos pressupostos teóricos e metodológicos que correspon- dam às expectativas dos estudantes quanto à construção de saberes significativos. Para reforçar a compreensão sobre os espaços não formais de atua- ção do pedagogo, vamos esclarecer um pouco mais sobre a educação não formal e formal a fim de contribuir para seu entendimento do pa- pel dos pedagogos nos diversos espaços educativos. Para tanto, recor- remos a Libâneo (2010, p. 88-89), que apresenta a diferença dos termos formal e não formal: Formal refere-se a tudo que implica uma forma, isto é, algo in- teligível, estruturado, o modo como algo se configura. Educação formal seria, pois, aquela estruturada, organizada, planejada in- tencionalmente, sistemática [...] São atividades formais também a educação de adultos, a educação sindical, a educação profis- sional, desde que nelas estejam presentes a intencionalidade, a sistematicidade e condições previamente preparadas, atributos que caracterizam um trabalho pedagógico-didático, ainda que realizadas fora do marco escolar propriamente dito. A educação não formal, por sua vez, são aquelas atividades com caráter de intencionalidade, porém com baixo grau de estrutura- ção e sistematização, implicando certamente relações pedagógi- cas, mas não formalizadas. Desse modo, podemos dizer que a educação formal abrange os sis- temas de ensino e as escolas profissionalizantes, no entanto as ativida- des complementares das escolas são consideradas não formais. Já os espaços não formais em contextos escolares podem ser exem- plificados por trabalhos comunitários, cinemas, área de recreação, praças, museus, ONGs, movimentos sociais, espaços que possuem ca- racterísticas específicas e que exigem programações e direcionadores de aprendizagem com intencionalidade de acordo com seu segmento de atuação. Nesse sentido, segundo aponta Libâneo (2010, p. 91), “os processos educativos informais só se movem a partir de ações organi- zadas, conscientes, intencionais, ou seja, quando se pode prefigurar, antecipar resultados que se quer obter”. Significa dizer que o profissional envolvido com essa ação deve planejar, organizando o processo de ensino, definindo direcionadores didáticos e metodológicos que configurem uma ação intencional de en- Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 15 sino, construção de autonomia, pensamento crítico e reflexivo, cons- trução de saberes específicos, assim como de consciência cidadã, ética e de compromisso social e profissional. Lembre: não é porque o espaço não é formal (escolar) que não de- vem existir os procedimentos didáticos e pedagógicos. Apenas a confi- guração é um pouco diferente para atender às especificidades do tipo de instituição e do público-alvo. A intencionalidade pedagógica, assim como procedimentos didáticos e metodológicos, deve existir mesmo em espaços não escolares. Porém, estamos falando de formação, muitas vezes de formação continuada, de atualização ou de aperfeiçoamento de saberes, o que exige intencionalidade de aprendizagem. Portanto, para Libâneo (2010, p. 91), “quando falamos em formação – construção do homem, desen- volvimento da consciência crítica, desenvolvimento de qualidades inte- lectuais –, referimo-nos a atos intencionados, objetivos explícitos, certo grau de direção e estruturação, o que não ocorre em contextos não in- tencionais”. Dessa forma, o papel do pedagogo deve ser orientado para o desenvolvimento de programas educativos que atinjam também ob- jetivos de formação éticos e sociais, além dos específicos. A multiplicidade de áreas em que o pedagogo pode atuar exige uma formação sólida e demanda práticas dialógicas, que permitam que os alunos sejam construtores do seu próprio conhecimento, fazendo a transposição de uma ação educativa ancorada em ações de reprodu- ção e memorização de conteúdos para uma preocupada em formar pensadores críticos, que poderão atuar em espaços organizacionais, sociais e políticos. Dessa forma, o pedagogo precisa direcionar o fazer educativo com base em uma metodologia de ensino transformadora e que acom- panhe as mudanças tecnológicas apresentadas na contemporanei- dade. Esse processo exige atividades que envolvam os profissionais por meio de problemas reais. Além disso, o cenário corporativo requer pessoas que saibam trabalhar em equipes, sejam proativas e recepti- vas às mudanças, saibam solucionar problemas, gostem de desafios e interajam com as novas tecnologias, que são disruptivas e exigem competências inovadoras. Atividade 1 Relate um pouco sobre o que entende da ação do pedagogo a partir da prática de ensino considerando a realidade dos estudantes e a aplicabilidade do aprendizado na sua realidade profissional e pessoal. 16 Pedagogia em espaços não escolares Considerando esse cenário, vamos entender melhor do que tratam a pedagogia e a andragogia e como elas podem se complementar no processo de aprendizagem em espaços não escolares de ensino, uma vez que ambas possuem direcionadores metodológicos que podem fa- vorecer um aprendizado significativo. 1.2 Conceitos, fundamentos e perspectivas educativas Vídeo É importante entender os conceitos, o histórico e os fundamentos da pedagogia e da andragogia para, assim, compor uma ação educativa mais coerente com os objetivos e as necessidades de formação dos indivíduos em espaços não escolares, especialmente quando tratamos de práticas educativas inovadoras eancoradas em metodologias que envolvem os estudantes como agentes de mudança nas ações de aprendizagem. Por pedagogia, entendemos o que afirmam Knowles, Holton III e Swanson (2009, p. 66, grifos do original): “a palavra pedagogia deriva das palavras gregas paid, que significa ‘criança’ (a mesma raiz que ori- ginou a palavra ‘pediatria’), e agogus, que significa ‘líder de’. Assim, pe- dagogia significa literalmente a arte e a ciência de ensinar às crianças” Fica claro, a princípio, o viés histórico da palavra pedagogia que di- reciona o ensino para crianças. Nesse modelo de ensino, o papel do professor é o de detentor do saber, cabendo a ele a tarefa de definir o que a criança deve aprender, seguindo as orientações prescritas em sala de aula. O aluno, portanto, depende totalmente da ação educativa do docente. As tarefas de ensino são centradas nos conteúdos, e os alunos são motivados por notas, aprovação ou reprovação, fatores ex- ternos ao indivíduo. Além disso, o papel de receber com passividade as orientações dos professores é característica do aluno aprendiz. Falar em ensino requer tratar da educação e de sua importância para o desenvolvimento da humanidade, entendendo que não existe uma fórmula única de educar. Libâneo (2010, p. 26) trata a educação como “um fenômeno plurifacetado, ocorrendo em muitos lugares, ins- titucionalizado ou não, sob várias modalidades”. A educação permeia vários ambientes, sejam eles espaços escolares de formação tanto de crianças e adolescentes como de adultos, sejam espaços não formais. Logo, podemos compreender que educar ocorre Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 17 em vários cenários, de maneira contínua, e, por isso, a educação se mani- festa por meio de teorias expostas ao longo da história da humanidade. Voltamos historicamente à Grécia Antiga, quando os filósofos ques- tionavam quais eram as melhores formas de educar, considerando os aspectos do pensamento crítico juntamente com a razão – questões que causam inquietações. Segundo explica Aranha (2006, p. 67): a palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que condu- zia a criança, com o tempo o sentido do conceito ampliou-se para designar toda teoria sobre a educação. [...] Os gregos esboçaram as primeiras linhas conscientes da ação pedagógica e assim in- fluenciaram por séculos a cultura ocidental. A visão filosófica da pedagogia grega se fundamentava na retórica da escola de Isócrates e de Platão; a visão romana, por outro lado, es- tava voltada para as ações políticas. Na Idade Média, o contexto escolar ficava a cargo da Igreja Católica, que reforçava o papel do indivíduo na sociedade como cristão (ARANHA, 2006). Com a chegada da Idade Moderna, o poder da ação educativa (pe- dagogia) passou para as mãos da burguesia, período em que o Brasil é descoberto devido ao advento das grandes navegações. O desco- brimento do Brasil ocorre em um momento no qual a Idade Moder- na apresentava mudanças sociais, políticas e econômicas. Juntamente com sua chegada às nossas praias, os portugueses trazem os jesuítas, que são os detentores dos processos educativos. Portanto, o período das Grandes Navegações e o início da colonização de nosso país che- gam com o pensamento dos religiosos jesuítas, que trouxeram normas e estratégias específicas. No período do Império, o Brasil não tinha uma preocupação com a educação, cenário que não exigia método de ensino ou pedagógico. Entretanto, em 1835, foi criada em Niterói, no Rio de Janeiro, a Escola Normal de Niterói. Por não podermos incorrer no erro de dizer que não tínhamos nenhum projeto pedagógico, naquela época, baseávamos os projetos nas ideias europeias e norte-americanas (ARANHA, 2006). Do período da Proclamação da República (1889) até a Redemocrati- zação política, ou seja, a Nova República (1985), a questão pedagógica passa por várias transformações, e o movimento da Escola Nova, entre as décadas de 1920 e 1930, é marcado por pensadores que lançam muitas discussões a respeito dos métodos de ensino. 18 Pedagogia em espaços não escolares Esse contexto histórico brasileiro é conhecido e expresso pelo Ma- nifesto dos Pioneiros da Educação Nova e trouxe à tona nomes de expressão do cenário educacional, como Anísio Teixeira, Fernando e Azevedo e Paulo Freire – este apresenta sua pedagogia progressista, que até hoje é significativa no mundo educacional e tem em sua pro- posta de ensino a educação para adultos, focada na aprendizagem com base nas experiências de vida. Paulo Freire usou métodos andragógi- cos de ensino para alfabetizar adultos. Vamos, agora, esclarecer melhor os aspectos legais, considerando as legislações e normas para que você entenda a história da formação dos pedagogos em nosso país. Especificamente no Brasil, a história da pedagogia surge com a ins- tituição do Decreto-Lei n. 1.190, de 4 de abril de 1939, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade de Brasil, com a finalidade de formar bacharéis e licenciados. Em 1962, o Parecer 292, atendendo à Lei n. 4.024/61, mantém o curso de bacharel, e o Parecer CFE 512 regulamenta a licenciatura. Em 1969, o Parecer CFE 2529 define, segundo Libâneo (2010, p. 46), a distinção entre bacharelado e licenciatura, mas mantém a for- mação de especialistas nas várias habilitações, no mesmo es- pírito do Parecer CFE 2512. Com suporte na ideia de “formar o especialista no professor”, a legislação em vigor estabelece que o formado no curso de pedagogia recebe o título de licenciado. Esse Parecer também introduz a formação de especialistas com ha- bilitações em administração escolar, inspeção escolar, supervisão pe- dagógica e orientação educacional, além de habilitar para a docência em disciplinas pedagógicas e para a atuação em cursos de magistério. No final dos anos 1970, muitos estudiosos e professores passam a exigir ter mais envolvimento com relação às leis que direcionam a for- mação de professores e os cursos de pedagogia, com participações de organismos oficiais e entidades que eram compostas dos educadores. Com a instituição da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, o curso de pedagogia forma o pedagogo como especialista em educação, con- forme as contribuições de Leite (2011, p. 12) a esse respeito: durante a década de 90, o curso de Pedagogia, o qual passara a ser responsável pela formação do professor, recebeu nova refor- mulação com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 19 (Lei n° 9.394/96). Em seu artigo 64, o pedagogo se manteve como especialista em educação, o que gerou muitas discussões de educadores que defendiam a formação deste profissional tendo como base a docência. Tratando ainda da LBD, é importante lembrar que a lei define o papel do pedagogo, causando vários debates sobre o pedagogo e sua atuação, pois reforça a essencialidade da metodologia tecnicista de en- sino, que foca muito mais no fazer do que no saber, conforme aponta Leite (2011, p. 12): a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 desencadeou vários debates com relação à formação dos pedagogos e sobre a identidade do curso, reforçando os pressupostos do tecnicismo, separando o fazer e o pensar, distanciando o pedagogo da prática docente e direcionando para pensar o trabalho dentro das instituições educacionais, enfatizando em seu artigo 4° que “as atividades docentes também compreendem a participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino”. Temos, atualmente, a legislação que orienta para a atuação do pe- dagogo por meio da Resolução CNE/CP n. 1, de 15 de maio de 2006, que institui as diretrizes nacionais para o curso de graduação em pedagogia (licenciatura), em seu artigo 2°: as Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação In- fantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursosde Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagó- gicos. (BRASIL, 2006) Nesse artigo, fica clara a possibilidade de o pedagogo atuar em ou- tros espaços que não os escolares, sendo reforçado pelo artigo 5° da mesma Resolução: “art. 5° O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: [...] IV – trabalhar, em espaços escolares, não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases de de- senvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo” (BRASIL, 2006). Nesse contexto, percebemos que o pedagogo, com a sua for- mação, pode atuar em espaços não escolares, o que abre oportu- nidades diversas, considerando a importância da ação pedagógica nesses ambientes. A pedagogia é um campo que exige contextua- 20 Pedagogia em espaços não escolares lização sobre o que se quer aprender, e o pedagogo é o responsá- vel por possibilitar a ação educativa por meio de aprofundamentos teóricos que se transformam em práticas, que, por sua vez, levam o educando a aprender a aprender. É essencial compreender que as ações educativas no ambiente edu- cativo exigem que a atuação do pedagogo atenda aos movimentos de transformações constantes, transpondo a fragmentação de conteúdos, passando de uma visão linear para um olhar mais integrador, no qual os contextos de ensino se conectem e interajam, considerando entender todas as dimensões humanas, ou seja, social, emocional, física, profis- sional, intelectual e espiritual, e compreendendo que a aprendizagem se concretiza a partir da visão integral do professor para o indivíduo. Figura 1 Ensino conservador versus ensino inovador ENSINO CONSERVADOR ENSINO INOVADOR VISÃO LINEAR REPRODUÇÃO DE SABERES CÓPIA DE CONTEÚDOS VISÃO INTEGRAL CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO METODOLOGIAS INOVADORAS Fonte: Elaborada pela autora. Os aspectos conceituais e históricos da andragogia (ensinar os adultos) têm seus princípios em 1833, quando o professor alemão Alexandre Kapp emprega o termo andragogik a partir de uma descri- ção embasada na obra de Platão. Nas palavras de Bellan (2005, p. 20): “andragogia é a ciência que estuda como os adultos aprendem”. Ainda segundo a autora (2005, p. 22), “para a andragogia, o ensino de adultos precisa focalizar muito mais o processo do que o conteúdo que está sendo ensinado”, diferentemente do que propõe a pedagogia, que foca o ensino nos conteúdos. Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 21 PEDAGOGIA: CONTEÚDOS ANDRAGOGIA: PROCESSOS É importante você compreender que: Depois desse episódio, outros autores começam a usar a palavra andragogia, mas isso causou pouco impacto na comunidade científica e educacional. É somente a partir do final da década de 1950 que surgem autores e palestras que tratam do tema e faculdades de andragogia que ofertam doutorado na área de educação de adultos. Nas últimas décadas, foram publicados artigos e relatos sobre mo- delos andragógicos de ensino, conforme destacam Knowles, Holton III e Swanson (2006, p. 65): “foram publicados vários artigos acadêmicos com relatos sobre as aplicações do modelo andragógico para a edu- cação do trabalho social, educação religiosa, educação universitária e pós-graduação, treinamento gerencial e outras esferas; e um volume cada vez maior de pesquisas sobre hipóteses derivadas da teoria an- dragógica está sendo reportado. Assim, muitas colocações têm sido feitas quanto à evidência de que aspectos da teoria andragógica estão sendo aplicados em programas educacionais que envolvem adultos, em especial nos ambientes não formais de ensino, como empresas, universidades corporativas, asso- ciações e programas sociais. Isso significa que o pedagogo pode atuar em diferentes áreas e que, para que a qualidade de ensino se consolide, é essencial a compreen- são desses possíveis espaços de atuação, pois a dinâmica posta pelas transformações e pelo excesso de informações exige que a construção de novos saberes seja contínua e transponha os ambientes formais de ensino. Sobre isso, Chamoun (2011, p. 32) afirma: “aprender deixou de ser um privilégio para a sala de aula e para pessoas de pouca idade e passou a ser uma atividade cotidiana que o sujeito precisa desenvolver em qualquer lugar em que ele esteja”. Além disso, no contexto andragógico, o envolvimento do estudante no processo educativo é fundamental, enquanto os conteúdos devem ser selecionados de acordo com as necessidades de aprendizagem. A característica do estudante adulto no processo de ensino exige que sejam lançados desafios e problemas compatíveis com suas neces- 22 Pedagogia em espaços não escolares sidades de estudo, pois ele sente necessidade de conhecer e aprender por meio de experiências reais. Bellan (2005, p. 31) destaca: “a aprendi- zagem para o adulto deve ter significado para o seu dia a dia e não ser apenas retenção de conteúdos para futuras aplicações”. Estudantes adultos aprendem por meio de desafios, estudos de casos e atividades em equipes. No processo andragógico de ensino, o aprendizado deve ser dire- cionado, pois o estudante quer aplicar de imediato o que aprendeu, uma vez que assume responsabilidades sobre os saberes construídos. Para Chamoun (2011, p. 44), “além do conhecimento teórico que o pro- fessor detém, a aula tem que ser enriquecida pelo conhecimento ex- perimental dos alunos. Pelo seu papel de facilitador, cabe ao professor simplificar a realização desse processo”. Cabe ao pedagogo pensar e elaborar programas cujas atividades propiciem a cooperação entre os participantes, por meio de grupos de trabalho, promovendo debates e trocas de experiências. A ideia é que os novos saberes construídos agreguem valor para o participante da atividade educativa, e isso exige práticas interativas, visto que adultos querem conhecimentos que se relacionem com sua realidade profis- sional, pessoal e educacional. O formato da sala de aula no processo andragógico exige uma estrutura que permita mais conexão entre os estudantes. Por isso, a distribuição das cadeiras deve ser formatada de maneira que todos possam se olhar, podendo ser em forma de círculo, U ou em grupos. Essa medida facilita o processo de comunicação. Você perceberá que os contextos educativo da pedagogia e da an- dragogia se complementam e podem favorecer o trabalho do pedago- go em espaços não escolares quando ele compreender como as duas Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 23 propostas teóricas e metodológicas interagem e possibilitam uma prá- tica educativa mais adequada aos desafios da aprendizagem. Sendo assim, vamos entender agora quais são os públicos-alvo quando se trata de ambientes não escolares, suas características e ce- nários possíveis. Para melhor compreensão das abordagens pedagógica e andragó- gica em espaços não escolares, apresentamos, no Quadro 1 a seguir, os elementos do processo da andragogia desenvolvido por Knowles. Quadro 2 Elementos do processo da andragogia ELEMENTO ABORDAGEM PEDAGÓGICA ABORDAGEM ANDRAGÓGICA Preparar os aprendizes Mínima Fornecer informações Preparar para a participação Ajudar a desenvolver expectativas realistas Começar a pensar nos conteúdos Clima Orientação à autoridade Formal Competitivo Tranquilo, confiante Respeito mútuo, informal Caloroso, colaborativo, apoiador Abertura e autenticidade Humanidade Planejamento Pelo professor Mecanismo de planejamento mútuo por aprendizes e facilitador Diagnóstico das necessidades Pelo professor Por meio de avaliação mútua Definição de objetivos Pelo professor Por meio de negociação Desenho dos planos de aprendizagem Lógica do assunto Unidades de conteúdo Sequenciado de acordo com a prontidão Unidades de problemas Atividades de aprendizagem Técnicas de transmissão Técnicas experienciais (investigação) Avaliação Pelo professor Novo diagnóstico mútuo das necessidades Mensuraçãomútua do programa Fonte: Knowles, 1995 apud Knowles; Holton III; Swanson, 2009, p. 122. Observamos que a abordagem andragógica de ensino requer do pedagogo alguns passos metodológicos que envolvem o participante de maneira proativa e colaborativa no processo educacional. Por se tratar de um modelo processual, a andragogia requer um preparo antecipado das atividades com base no entendimento das ne- cessidades de aprendizagem, considerando também a definição das atividades que serão mais apropriadas e contribuirão para que os estu- dantes construam saberes. 24 Pedagogia em espaços não escolares Para melhor compreensão desse direcionamento, destacamos o que os autores Knowles, Holton III e Swanson (2009, p. 121) afirmam: “o professor andragógico (facilitador, consultor, agente de mudança) prepara antecipadamente um conjunto de procedimentos para envol- ver os aprendizes (e outras partes interessadas)”. Assim, é preciso estabelecer um clima de participação e colabora- ção, os objetivos de aprendizagem devem ser claros e promover o en- volvimento dos estudantes no planejamento para que, dessa forma, eles se sintam comprometidos e envolvidos com o processo de ensino. 1.3 O público-alvo do pedagogo em contextos não escolares Vídeo Diversas são as possibilidades de atuação do pedagogo em ambien- tes não escolares, pois a formação humana ocorre além da escola (es- paço formal de ensino); ocorre também na comunidade, no trabalho, nos ambientes sociais e culturais, permitindo que o pedagogo contri- bua com suas competências educacionais. Porém, é importante compreender que nem sempre ele será de- nominado pedagogo, pois, dependendo do ambiente em que estiver atuando, a denominação muda. Por exemplo, se estiver em espaços organizacionais, muitas vezes é denominado facilitador ou mediador. Existem outras possibilidades destacadas por Libâneo (2010, p. 59): no campo da ação pedagógica extraescolar distinguem-se profis- sionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas e os que ocupam apenas parte de seu tempo nestas atividades: a) formadores, animadores, instrutores, que desenvolvem ativi- dades pedagógicas (não escolares) em órgãos públicos, privados e públicos não estatais, ligadas a empresas, à cultura, aos servi- ços de saúde, alimentação, promoção social etc.; b) formadores ocasionais que ocupam parte de seu tempo em atividades peda- gógicas em órgãos públicos estatais e não estatais e empresas referentes à transmissão de saberes e técnicas ligados a outra atividade profissional especializada. Essas possibilidades se devem ao fato de que o pedagogo pode desenvolver práticas educativas em ambientes além dos anteriormen- te citados, incluindo escolas indígenas, asilos, igrejas, jornais, centros de formação de condutores, sindicatos, presídios e penitenciárias, Atividade 2 Relate brevemente os pontos relevantes sobre a andragogia para as práticas educativas. Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 25 sistema S, museus, associações sociais e religiosas, espaços artísticos e praças, hospitais, redes solidárias, brinquedotecas, cinemas, bibliote- cas, teatros, espaços socioeducativos etc. Atualmente, identificamos que o pedagogo insere-se em áreas mais amplas e que sua contribuição é muito relevante, pois, além da docên- cia, está diretamente ligada a aspectos de coordenação, gestão, ope- racionalização de projetos, definição de percursos de formação, apoio nas atribuições da área de recursos humanos, mapeamento de lacunas de conhecimento, estruturação de atividades compatíveis com a faixa etária e espaço onde atua. Por ter uma formação que contempla áreas de conhecimento como filosofia, psicologia, sociologia, história, antropologia, economia, políti- ca, metodologia, ecologia, espaços turísticos – além dos processos di- dáticos e pedagógicos, nos quais se incluem planejamento, avaliação e currículo, ou seja, uma multiplicidade de saberes –, o pedagogo pode compor sua ação profissional por meio de uma relação de colaboração e cooperação entre diversos atores, a fim de promover o desenvolvi- mento humano. Podemos ampliar este rol de possibilidades, pois, de acordo com Barreto e Couto (2016, p. 32), “os programas sociais de medicina pre- ventiva, informação sanitária, orientação sexual, recreação, cultivo do corpo” são também espaços nos quais a atuação do pedagogo se faz presente. Observamos que a atuação do pedagogo ultrapassa o simples em- prego de metodologias direcionadas a escolas formais, exigindo o de- senvolvimento de saberes específicos condizentes com o público-alvo, os objetivos e as estratégias de atuação do espaço não escolar em que vai atuar, bem como com os direcionadores educacionais, sociais e pro- fissionais que deverá compor para que sua ação educativa seja relevan- te e efetiva. No entanto, para que a atuação do pedagogo possa ser diversa e múltipla, sua formação deve ser sólida e comprometida, pois os campos de inserção são muitos, assim como são diversas áreas e instituições. Ao optar por atuar em espaços não escolares, é essencial que o pedagogo tenha o entendimento de que, além dos saberes de sua formação aca- dêmica, deverá conhecer a fundo o funcionamento da instituição onde desenvolverá suas atividades, pois cada uma delas possui uma legisla- O vídeo Pedagogia em espaços não escolares, pu- blicado pelo canal Lona das Artes, apresenta o pedagogo como coorde- nador de atividades em espaços não escolares, como balé, teatro e circo, por meio de ações sociais que visam à constru- ção de saberes como arte, inserção social e protagonismo juvenil, demonstrando a relevân- cia da ação educativa do pedagogo no contexto do desenvolvimento crítico e cultural dos jovens. Disponível em: https://www.youtu- be.com/watch?v=mUauBed33gU. Acesso em: 24 jan. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=mUauBed33gU https://www.youtube.com/watch?v=mUauBed33gU 26 Pedagogia em espaços não escolares ção e estratégias de funcionamento específicas. Por exemplo, se for uma universidade corporativa e funcionar dentro de uma empresa, o peda- gogo deverá entender sobre o segmento econômico de atuação: eletrô- nicos, perfumaria, alimentos, bebidas, petróleo e derivados. Os espaços não escolares exigem que as ações educativas sejam produtivas, tragam conhecimentos para aplicabilidade profissional e pessoal, despertem interesse e envolvam os estudantes em simula- ções e práticas para concretizar uma aprendizagem significativa. Isso demanda a aplicação de metodologias ativas, nas quais o participante da atividade traga suas experiências, debata com os colegas e aprenda por meio da troca, do diálogo e da interação. A seguir, vamos exemplificar para você a atuação do pedagogo em espaços não escolares. Exemplo: Sindicato Patronal de Autopeças O sindicato de peças automotivas possui várias empresas filiadas de diferentes portes, como micro, pequenas, médias e grandes empresas. Estudos sobre o desempenho do mercado mostram aos diretores e às equipes profissionais do sindicato que é necessário apoiar os micro e pequenos empresários no que diz respeito ao processo de gestão da empresa, visando orientá-los sobre os princípios de liderança e gestão de pessoas para que a organização possa crescer e competir em um mercado inovador e em constante transformação, que exige profissionais preparados e qualificados para atender a clientes cada vez mais exigentes e adotar estratégias de negócios competitivas. A diretoria, então, chama para ir ao sindicato sua equipe de atendimento às empresas filiadas, especifica- mente a responsável pelos programas educacionais ofertados, que na sua maioria visam ao crescimento das empresas e à qualificação dos seus funcionários. Entre os integrantes da equipe está Ana, a responsável pela área de desenvolvimento técnico e humano do sindicato. Cabe a ela coordenar todas as ações que envolvem a gestão do conhecimento, tanto no que diz respeito aos funcionáriosdo sindicato quanto às atividades oferecidas para as empresas. Durante toda a sua história, além de serviços jurídicos, financeiros e de processos, o sindicato sempre ofereceu também, por meio da área de desenvolvimento técnico e humano, cursos, palestras, seminários e roda de discussões a fim de contribuir com o crescimento das empresas filiadas. Ana é formada em pedagogia, e com ela trabalham um auxiliar administrativo e dois estagiários de pedagogia, que têm a tarefa de identificar junto à diretoria a demanda da atividade que deverá ser desen- volvida, o público-alvo, o possível número de participantes, a forma de comunicar as empresas sobre a atividade, os conteúdos que deverão ser tratados, quais deverão ser os resultados de aprendizagem e de aplicabilidade dos saberes, se será necessário estruturar um curso, um seminário ou palestra, quem serão os convidados (funcionários de qual setor da empresa filiada), quem será o professor (facilitador), quais as competências desse profissional, quais os encaminhamentos metodológicos, como será controlada a presença das pessoas (será emitido certificado, ficha de chamada), como deverá ser preparado o ambiente da atividade (quais equipamentos, estrutura das cadeiras e mesas, materiais para desenvolver as atividades etc.). Estudo de caso O que é uma universidade corporativa? A universidade corporativa está vinculada a uma empresa pública ou privada e visa desenvolver o capital intelectual das organizações. Suas ações podem ser de treinamentos e cursos de curta e longa duração, palestras, seminários e demais atividades que possam contribuir com a construção de novos conhecimentos a fim de favorecer o crescimento profis- sional, pessoal e empresarial. Algumas universidades corporativas fazem parcerias com universidades formais com o objetivo de ofertar programas de graduação e pós-graduação para seus profissionais. As ações ofertadas por uma universidade corporativa podem ser estendidas a parceiros, fornecedores, clientes e demais envolvidos com o negócio da empresa. Saiba mais+ Discorra brevemente sobre o papel do pedagogo em espaços não escolares e sua importância na formação de cidadãos críticos e reflexivos. Atividade 3 Pressupostos da pedagogia e da andragogia na educação não formal 27 Fonte: Elaborado pela autora. Com o exemplo anterior, esperamos que tenha ficado mais fácil compreender o papel do pedagogo em espaços não escolares e como a pedagogia e a andragogia podem ser adotadas de maneira conjunta a fim de contribuir para o desenvolvimento das atividades educacionais. Perceba que existem várias tarefas que requerem de Ana um planejamento educacional, no qual sejam contemplados o público-alvo, os objetivos, os conteúdos, a metodologia, um referencial (para definir quem será o professor da atividade), o controle de frequência (pois muitas vezes as atividade são ofertadas durante o horário comercial), avaliação – que pode ser composta por diagnóstica (pré-work) ou somativa (pós-work), por exemplo. E atenção: Ana precisa, além dos saberes didáticos e pedagógicos construídos ao longo de sua formação como pedagoga, conhecer a fundo o funcionamento do sindicato, seus filiados e o segmento econômico ao qual pertencem as empresas filiadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos que existem múltiplas oportunidades para a atuação do pedagogo, o que permite que os espaços educacionais não formais ga- nhem em qualidade, bem como direcionadores teóricos e metodológicos que contribuam com a formação de pessoas de maneira crítica e reflexiva. É fundamental pensar a pedagogia como um processo histórico, so- ciológico, filosófico e cultural, com o objetivo de preparar pessoas para atuarem em uma sociedade transformadora e inclusiva. Atuar em espaços não escolares abre um leque de possibilidades para que o pedagogo transcenda os espaços da escola e atenda a uma deman- da cada vez mais exigente e complexa no que diz respeito à educação e à construção de saberes significativos que permitam maior participação das pessoas no processo de construção de saberes que possam ser aplicados na sua realidade profissional e pessoal. Lembrando que esses espaços exigem saberes multidimensionais e inovadores, o pedagogo precisa, portanto, adequar-se às concepções e direcionadores estratégicos e educacionais desses ambientes com o propósito de compor uma ação educativa coerente com as expectati- vas e necessidades de cada público-alvo, a partir da adoção de meto- dologias de ensino inovadoras. 28 Pedagogia em espaços não escolares REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. de A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006. BARRETO, K. D’ A. S.; COUTO, M. A. S. A atuação do pedagogo além do espaço formal de educação. In: II ENCONTRO CIENTÍFICO MULTIDISCIPLINAR DA FACULDADE AMADEUS, 2016, Sergipe. Anais... Sergipe: FAMA, 2016. p. 23-40. BELLAN, Z. S. Andragogia em ação: como ensinar adultos sem se tornar maçante. São Paulo: SOCEP, 2005. BRASIL. Resolução CNE/CP n. 1, de 1 de maio de 2006. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/ pdf/rcp01_06.pdf. Acesso em: 23 jan. 2020. CHAMOUN, P. J. A andragogia na educação: uma quebra de paradigmas: novos tempos novos desafios. São Bernardo do Campo: Instituto Atlântida, 2011. FRISSON, L. M. B. O pedagogo em espaços não escolares: novos desafios. Ciência, Porto Alegre, n. 36. jul./dez. 2004, p. 87-103. KNOWLES, M. S.; HOLTON III, E. F.; SWANSON, R. A aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. LEITE, M. de Q. Atuação do pedagogo em espaços não escolares. Rio de Janeiro, 2011. 42 f. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www2.unirio.br/unirio/cchs/educacao/graduacao/pedagogia- presencial/MilenadeQueirozLeite.PDF. Acesso em: 23 jan. 2020. LIBÂNEO, J. C.; PIMENTA, S. G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. In: PIMENTA, S. G. (org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2011. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2010. GABARITO 1. É fundamental que o docente adote estratégias de ensino que permitam aos alunos experienciar o aprendizado, pois os contextos educacional e profissional contemporâ- neos exigem pessoas que, ao aprender, já possam colocar em prática o aprendizado. Nesse sentido, o professor deve conectar o ensino à realidade social, cultural, profis- sional e educacional dos estudantes. 2. A andragogia tem seu foco de ensino no processo educativo, diferentemente da pe- dagogia, que objetiva o ensino de conteúdos. Ao optar por processos andragógicos de ensino, é importante considerar o perfil dos alunos e o ambiente onde estão inseri- dos. As atividades devem provocar reflexões e problematizações com base na realida- de dos estudantes. Além disso, o papel do pedagogo é o de facilitador, estimulando o trabalho em equipes para promover a colaboração dos participantes do processo de ensino e aprendizagem. 3. A importância do pedagogo em sua ação educativa se dá devido ao seu papel trans- cender os espaços formais de ensino, uma vez que educar perpassa toda a socieda- de. Os saberes dos pedagogos nos espaços não escolares requerem reconstrução de conhecimentos didáticos e pedagógicos a fim de compor programas educativos que atendam às demandas de formação, uma vez que cada espaço exige estratégias e direcionadores educacionais específicos. Sua importância está na flexibilidade desse profissional, que tem competências didáticas e pedagógicas que podem atender a vários aspectos formativos. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf http://www2.unirio.br/unirio/cchs/educacao/graduacao/pedagogia-presencial/MilenadeQueirozLeite.PDFhttp://www2.unirio.br/unirio/cchs/educacao/graduacao/pedagogia-presencial/MilenadeQueirozLeite.PDF O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 29 O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 2 Vivemos um cenário de transformações sociais e organizacio- nais devido ao desenvolvimento econômico mundial que exige das empresas brasileiras nova postura frente ao conhecimento. Devido ao advento da abertura econômica na década de 1990 e ao acirramento da globalização comercial, as organizações per- cebem que não é mais possível atuar considerando apenas o fazer (práticas profissionais) de seus funcionários. Passa a ser requerido, então, um perfil profissional que atenda aos pilares da competên- cia (conhecimentos, habilidades e atitudes). Para entender o contexto de competências, vamos fazer um comparativo entre seus pilares e os pilares da educação: PILARES DA COMPETÊNCIA PILARES DA EDUCAÇÃO CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES APRENDER A CONHECER APRENDER A FAZER APRENDER A SER APRENDER A CONVIVER Considera-se que conhecimentos, pilar da competência, se refe- re a aprender a conhecer, pilar da educação; o pilar habilidades se refere ao pilar aprender a fazer e o pilar atitudes se refere aos pila- res da educação aprender a ser e aprender a conviver. Observamos, portanto, a conexão com relação ao processo de ensino e aprendi- zagem entre a educação formal e a educação corporativa. 30 Pedagogia em espaços não escolares Esse contexto passa a demandar das empresas uma atenção especial para a formação continuada dos profissionais, visto que para manterem-se competitivas é necessário preparar os funcio- nários para atender às novas demandas de mercado por meio de aprimoramento profissional e pessoal contínuo. Até então, as organizações tinham a atenção de capacitação das pessoas ape- nas em programas de formação focados nas práticas profissionais (habilidades). Com a nova caracterização do mundo econômico e comercial exige-se uma formação mais complexa, em que não apenas o sa- ber fazer é importante, mas o saber conhecer (conhecimentos), bem como o saber ser (conviver). Essas características passam a ser observadas e consideradas pré-requisitos para atuar no mun- do do trabalho, especialmente com relação ao comportamento dos indivíduos. Portanto, os programas educacionais corporativos são funda- mentais, pois abrem oportunidades para os pedagogos atuarem considerando: área de recursos humanos, gestão do conheci- mento e universidades corporativas. Assim, neste capítulo, trataremos da ação educativa dentro das empresas e – com o objetivo de construir novos saberes que permitam aos trabalhadores e às empresas manterem-se compe- titivos – de que maneiras o pedagogo pode contribuir no direciona- mento estratégico de ações de desenvolvimento dos profissionais. 2.1 Atuação do pedagogo nas organizações Vídeo Você vai perceber que o espaço para a atuação dentro das empre- sas é uma oportunidade ímpar, uma vez que o pedagogo é o profissio- nal que trata da formação humana. O compromisso da educação é a mudança de comportamento para que os indivíduos se tornem seres sociais. Nas organizações não é diferente, especialmente porque o co- nhecimento é cada vez mais valorizado, não só no contexto da técnica pela técnica, uma vez que vivemos, neste século, a exigência da cons- trução de saberes sociais e sustentáveis. Isso também é foco estra- tégico daquelas que necessitam investir no desenvolvimento contínuo O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 31 de seu capital intelectual para atender aos desafios de um mercado em constante transformação, à legislação vigente, aos parceiros, aos fornecedores e aos consumidores, que estão cada vez mais exigentes. “Vivemos na era do conhecimento, em que as empresas passam a dar mais impor- tância para o que há de mais valioso dentro de seu espaço organizacional – o capital intelectual de seus profissionais”. LOPES (2011, p. 26) A pedagogia empresarial é uma das oportunidades que o pedagogo tem de desenvolver a prática educativa em diferentes contextos. Isso porque o conhecimento passou a ser uma das estratégias das empre- sas que pretendem continuar a obter resultados favoráveis frente aos desafios que se apresentam no mundo corporativo. A aprendizagem continuada se faz necessária devido ao contexto disruptivo dos negócios que exige aprender continuamente em todos os níveis hierárquicos da empresa. Historicamente, a educação corporativa no Brasil ocorre desde a década de 1930, quando a proposta econômica e política demandou a industrialização do país, período em que cabia à área de departamento pessoal focar o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos e instru- mentais dos trabalhadores. O início do século XX traz a automação para o ambiente organiza- cional e o estabelecimento de uma economia do bem-estar social re- querendo dos profissionais a acumulação de saberes e valores éticos. Desse modo, reforçou-se a necessidade de as empresas investirem em treinamentos para capacitar as pessoas nos ambientes de trabalho. Ainda nesse aspecto, o modelo organizacional de desenvolvimento de pessoas era o de capacitar uma pequena parcela dos profissionais, os mais qualificados eram os beneficiários e tinham a oportunidade de participar de programas de formação contínua. A década de 1970, especificamente, exige reestruturação das for- mas de atuar, demandando uma flexibilização nas relações de trabalho, coincidindo esse momento com a era da comunicação e da informação, denominada terceira revolução industrial, surgindo o termo sociedade do conhecimento. A partir da década de 1980, o conhecimento passa a ser exigência do novo modelo de produção, porém ainda com foco no trabalho técnico. 32 Pedagogia em espaços não escolares De acordo com Claro e Torres (2012, p. 209), “a concepção de formação alterou-se bruscamente nas últimas décadas, conforme foi se estreitan- do a ligação entre conhecimento e competitividade, e o nível de exigên- cias relacionadas ao desempenho profissional foi se intensificando”. Com a mudança nas relações de consumo, a reestruturação dos mercados necessários devido ao acirramento da globalização e à aber- tura de mercados no Brasil, no fim dos anos 1990, exige-se das empre- sas uma reorganização no que diz respeito à gestão de pessoas e ao desenvolvimento profissional. Conforme afirma Chiavenato (2014, p. 5): as organizações são verdadeiros organismos vivos e em cons- tante ação e desenvolvimento. Quando elas são bem-sucedidas, tendem a crescer ou, no mínimo, a sobreviver. O crescimento acarreta mais complexidade de recursos necessários às suas operações, com o aumento de capital e instalações [...] as pes- soas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional. Nessas fases de transformações, a área de departamento pessoal também foi se adaptando, a fim de atender às novas características or- ganizacionais e de formação continuada dos trabalhadores, passando a ser denominada área de recursos humanos, gestão de pessoas ou gestão de talentos. Atualmente, muitas empresas, ao acompanhar o novo cenário econômico e organizacional, atendem pelo nome de gestão de gente. As transformações exigem um profissional com características bem diferentes das até então exigidas e requerem a criação de um ambiente corporativo onde a aprendizagem seja constante, com foco não ape- nas nos conhecimentos técnicos, mas também nos conceitos teóricos e comportamentais. Conforme Almeida (2006, p. 51), “os funcionários precisam se manter atualizados com as tecnologias, métodos e proces- sos utilizados e desenvolvidos pela empresa, visando criar um ambien- te permanente de aprendizado e desenvolvimento profissional”. Para atender a esse ambiente de aprendizagem e construção con- tínua de conhecimento, a empresa precisa estar atenta ao desempe- nho de seus profissionais. As equipes de trabalho, sempre atualizadase competitivas, necessitam de estrutura e profissionais que tenham a expertise na área educacional, para contribuir com o desempenho edu- cacional e profissional dos trabalhadores. O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 33 Esse perfil de competências técnicas educacionais está associado ao pedagogo, conforme palavras de Quirino (2005, p. 71): o pedagogo tem em sua formação acadêmica toda uma baga- gem necessária para transformar a prática educativa, onde quer que ela aconteça, em uma atividade intencional e eficaz, orien- tando-a, não só para alcançar os objetivos organizacionais, mas, sobretudo, para as finalidades sociais e políticas da educação criando um conjunto de condições metodológicas e organizati- vas para viabilizá-la. Vivemos a era da quarta revolução industrial, as transformações técnicas e tecnológicas exigem um perfil organizacional e profissional criativo, que esteja receptivo às mudanças, saiba trabalhar em equipes, seja proativo, empreendedor, bem como engajado com a cultura orga- nizacional, atuando com ética, responsabilidade social e cultural. As mudanças fizeram com que um trabalhador passivo, que atendia rigorosamente às ordens determinadas, cuja valorização profissional acontecia apenas por suas habilidades técnicas (pilar da competência habilidade), não atenda mais às necessidades de um ambiente de tra- balho proposto no século XXI. A dinamicidade das transformações exige trabalhadores do co- nhecimento, que aliem saberes (conhecimentos e atitudes) com as técnicas (habilidades), que sejam autônomos, envolvidos com o ne- gócio da organização, levando as empresas a investir no capital inte- lectual. Essa realidade apresenta um campo maior de atuação para o pedagogo, pois o valor do conhecimento passa a ter outro significado tanto para o profissional quanto para a empresa. Isso se dá porque o pedagogo pode atender a quatro campos específicos dentro de uma empresa: atividades pedagógicas, burocráticas, sociais e administra- tivas (RIBEIRO, 2010). Entretanto, é importante entender que atuar em uma empresa exi- ge outros saberes do profissional pedagogo, além dos fundamentos da educação, sua caracterização de trabalho é diferente de um ambiente escolar formal. O pedagogo precisa entender a estrutura organizacio- nal em que atua, compreender suas estratégias e o segmento econômi- co do negócio, saber com detalhes de todos os perfis e as funções dos profissionais da organização e suas propostas de projetos de formação (educacionais, culturais e sociais), para, assim, poder contribuir com a área de gestão de pessoas ou com a área na qual estiver vinculado, ob- Atividade 1 De que forma o pedagogo, atendendo às atividades peda- gógicas, burocráticas, sociais e administrativas, pode atuar dentro de uma organização? 34 Pedagogia em espaços não escolares jetivando maior assertividade quando propor ou coordenar programas de formação continuada. É preciso também atentar para as opções metodológicas e os en- caminhamentos educativos, pois segundo Ribeiro (2010, p. 26), “para melhor atender às demandas de formação, o pedagogo precisa estar atento às metas de aprendizagem a serem alcançadas, a partir de me- todologias que assegurem atividades que sejam orientadas para as experiências”. Lembre-se de que nas empresas, ao se construir um novo saber, espera-se que o profissional aplique de imediato o que apendeu, a fim de manter a empresa atualizada. Para Ribeiro (2010, p. 31), “a mudan- ça constante é uma prerrogativa dos processos de aprendizagem nas empresas. Mudam tanto as funções quanto os aspectos didático-meto- dológicos na institucionalização da aprendizagem”. A característica do ensino corporativo exige olhar para as estraté- gias e metas da empresa: EDUCAÇÃO CORPORATIVA: FOCO: METAS E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM. METODOLOGIA DE ENSINO: ORIENTADA PARA A EXPERIÊNCIA. APLICAÇÃO DO SABER: DE IMEDIATO EM BUSCA DE RESULTADOS. A dinamicidade das transformações corporativas exigem a elevação do potencial de aprendizagem das equipes. Essa realidade requer uma postura mais empreendedora do pedagogo, para que coordene equi- pes multidisciplinares, proponha e acompanhe projetos estratégicos, recomende políticas e propostas inovadoras de formação continuada com foco na aprendizagem individual, coletiva e organizacional. Nas empresas o foco da aprendizagem está nos aspectos: O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 35 INDIVIDUAL O profissional aprende para aplicar em sua ação profissional. COLETIVO Ao compartilhar dúvidas e descobertas, são construídos colaborativamente novos saberes. ORGANIZACIONAL A dinâmica de uma empresa, as relações com clientes, fornecedores e parceiros, assim como as transformações no mercado contribuem com o aprendizado dos profissionais. O profissional responsável pelo desenvolvimento contínuo dentro da organização necessita articular diferentes situações a fim de promo- ver espaços em que a aprendizagem se concretize, atendendo aos três cenários acima mencionados. Com o intuito de melhorar o desempenho profissional e pessoal dos trabalhadores de maneira cooperativa, cabe à pedagogia empresarial contribuir para que os profissionais desenvolvam novas competências no que diz respeito a conhecimentos, habilidades e atitudes. É importante reforçar que apenas saberes teóricos ou técnicos não atendem mais às exigências de mercado, tendo em vista que os clien- tes estão cada vez mais exigentes e requerem dos profissionais ética, respeito e atenção aos valores pessoais e organizacionais. Por conta disso é que o papel do pedagogo é fundamental dentro das empresas. Cabe a ele atender aos aspectos educativos de preparar pessoas com ênfase nos pilares da competência, considerando o com- portamento das pessoas e as exigências sociais. A sociedade do conhecimento demanda que as organizações te- nham uma cultura de aprendizagem, especialmente por vivermos na era digital. As pessoas são o patrimônio mais relevante das empre- sas e os trabalhadores são os protagonistas do crescimento de uma organização. 36 Pedagogia em espaços não escolares O que acabamos de expor vem ao encontro das considerações de Claro e Torres (2012, p. 211): as funções que o pedagogo exerce nas empresas podem ser re- sumidas em garantir que os colaboradores estejam preparados para qualquer demanda que possa surgir, ou seja, que apoiados por uma aprendizagem contínua possam detectar e superar obs- táculos, identificar e aproveitar oportunidades, trazendo vanta- gens para o negócio. Sendo assim, é importante que o pedagogo desenvolva projetos educacionais que garantam o aprimoramento contínuo dos indivíduos, a fim de potencializar os saberes “estimulando o desenvolvimento do ser humano de forma integral” (CLARO; TORRES, 2012, p. 211). O peda- gogo precisa diminuir as lacunas de conhecimentos entre as pessoas, verificando o que já sabem e o que precisam construir de novos sabe- res, para que atendam às necessidades de competências profissionais, organizacionais e pessoais. É importante você compreender que o pedagogo precisa alinhar as competências dos profissionais às estratégias da empresa, assim, são necessárias ações educativas voltadas à gestão do conhecimento para aumentar a produtividade. Para Choo (2003, p. 179), “numa organização, o conhecimento é amplamente disseminado e toma várias formas, mas sua qualidade é revelada na diversidade de capacitações que a empresa possui como resultado desse conhecimento”. É imprescindível ao pedagogo ter em mente que as organizações que buscam aprender apenas se desenvolvem se a aprendizagem for em equipe. De acordo com Senge (2006, p. 43), “quando as equipes realmen- te estão aprendendo, não só produzem resultados extraordinários como também seus integrantes crescem com maior rapidez do que ocorreria de outra forma”. Para o autor, as equipes que não desenvolvem a capa- cidade de aprender resultam em empresas que tambémnão aprendem. Ao atuar em uma empresa, o papel do pedagogo é construir cami- nhos entre as estratégias da organização e o capital humano, de ma- neira a promover a cultura do aprender continuamente, preparando as pessoas para direcionar seus conhecimentos técnicos e comportamen- tais para o seu sucesso pessoal e da organização. No vídeo Escola Viva – Pedagogia Empresarial, publicado pelo canal Educativa TV, o professor Alex Vasconcelos é entrevistado e destaca as oportunidades de atuação do pedagogo, especialmente nos espaços empresariais, apontando as mudanças pelas quais passam as organizações, tanto públi- cas quanto privadas, que abrem espaços para que o pedagogo desenvolva suas ações educacionais contribuindo com o cres- cimento profissional e educacional das pessoas e das empresas. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=H_t7wwDlQFI. Acesso em: 14 jan. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=H_t7wwDlQFI https://www.youtube.com/watch?v=H_t7wwDlQFI O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 37 A aprendizagem nas empresas deve ser rotineira. Esse cenário vem procurando por um profissional em educação (pedagogo), que possa contribuir de diversas maneiras, como veremos na próxima seção, e que apresenta sua atuação na área de recursos humanos, também denominada, por algumas empresas, de gestão de pessoas, gestão de talentos ou gestão de gente. 2.2 Perspectivas educativas na área de Recursos HumanosVídeo A área de recursos humanos dentro de uma empresa é a respon- sável por tratar de questões relacionadas às pessoas. Nela, devem ser considerados aspectos administrativos, como seleção, contratação, fé- rias, demissões, treinamento e desenvolvimento, bem como diversas atividades que atendam aos interesses e deveres dos trabalhadores. Assim como todas as transformações ocorridas ao longo do tem- po, dentro das organizações na área de recursos humanos não foi di- ferente. Ao acompanhar as mudanças, passou de uma estrutura que atendia à demanda de formação apenas com foco na reprodução das técnicas e práticas profissionais de maneira hierárquica, para, no sé- culo XXI, ter uma responsabilidade muito mais densa e complexa no que diz respeito à gestão do conhecimento dos trabalhadores. Historicamente, a área de recursos humanos era burocrática, cen- tralizadora, atendia a regras e controle rígidos para regular as pessoas a cumprirem suas tarefas prescritas. Ao longo do desenvolvimento social e profissional, essa área foi passando por transformações. En- tre o período de 1900 a 1950, o direcionamento da área era de aten- der ao prescrito nas relações industriais. Entre o período de 1950 a 1990, sua função era a de administração de recursos humanos, com foco nas pessoas como recursos para atender aos objetivos específi- cos do fazer profissional nas organizações. Foi a partir de 1990 que a estrutura organizacional passou a ser mais fluida. As atividades, por conta das mudanças de mercado, tor- naram-se mais descentralizadas, exigindo dos profissionais que pas- sassem a ser multifuncionais, inovadores e autônomos. Valores como criatividade, proatividade e engajamento passaram a fazer parte do vocabulário das empresas. Conforme afirma Mariano (2015, p. 20), 38 Pedagogia em espaços não escolares “até meados do século passado, a relação organização-pessoas era bastante antagônica e conflitiva. Porém, nas últimas décadas essa re- lação passou por mudanças significativas”. Atualmente, as organizações compreendem que as pessoas são es- senciais para atingir seus objetivos e suas metas. Segundo Chiavenato (2014), as empresas perceberam que as pessoas são importantes e fundamentais. Por isso, estas tornaram-se o diferencial competitivo, sendo tratadas como capital intelectual. O profissional é visto como maior investimento, visto que os trabalhadores contribuem para que a empresa se mantenha atuante. Para Chiavenato (2014, p. 6): as pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí, a ne- cessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus funcionários. As organizações bem-sucedidas estão percebendo que somente podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros, principalmente o investi- mento dos funcionários. Portanto, as pessoas passam a ter outro status dentro das empre- sas e com ele vem um novo olhar sobre o seu desenvolvimento, não apenas profissional, com foco nas técnicas, mas também nos saberes teóricos e no seu comportamento, no qual as atitudes são referências para a atuação profissional. Assim como ocorreu a transformação da área de recursos huma- nos, a nomenclatura das pessoas foram se alterando de funcionários, para empregados, colaboradores, recursos humanos, e, hoje: capital hu- mano ou intelectual. Esse contexto exige que os processos educativos, antes focados em capacitar profissionais por meio do treinamento técnico, também sejam aprimorados, exigindo que o pedagogo compreenda como o mundo globalizado traz a necessidade de preparar um profissional polivalente, que esteja receptivo à mudança e desenvolva uma visão crítica, visto que a sociedade da informação e da comunicação exige um olhar mais abrangente para o aprender a aprender. Quanto mais a empresa investe na formação contínua de seus profissionais, mais valiosos eles se tornam para a organização, o que exige que a empresa desenvolva programas de formação continuada para manter as equipes atualizadas e conectadas com as transforma- ções. Essas ações são de responsabilidade da área de recursos huma- O pedagogo nas organizações e nas universidades corporativas 39 nos, que tem como uma de suas bases de atuação o desenvolvimento do capital intelectual. Os programas educacionais devem ser atuais, estruturados e fun- damentados de acordo com o que acontece no mercado globalizado e nos aspectos legais e econômicos do cenário onde a empresa atua. Com base nas atividades da moderna área de gestão de pessoas, apresentamos a seguir um esquema dos processos básicos para me- lhor compreensão das oportunidades de trabalho para as pessoas que compõem a área de recursos humanos (gestão de pessoas), es- pecialmente o pedagogo. Figura 1 Moderna gestão de pessoas MODERNA GESTÃO DE PESSOAS APLICANDO PESSOAS RECOMPENSANDO PESSOAS MANTENDO PESSOAS AGREGANDO PESSOAS DESENVOLVENDO PESSOAS MONITORANDO PESSOAS Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014. As atividades mencionadas na Figura 1 demonstram que, em face a uma nova realidade do relacionamento dos profissionais e das empre- sas, surgem desafios para a área de gestão de pessoas, que deve focar suas atividades nos aspectos técnicos e, especialmente, na busca pelo melhor desempenho dos trabalhadores, desenvolvendo novas compe- tências, valorizando e mantendo os profissionais engajados e compro- metidos com a empresa, onde o monitoramento seja mais focado no crescimento profissional e educacional. 40 Pedagogia em espaços não escolares A evolução do papel da área de gestão de pessoas traz as oportu- nidades de atuação do pedagogo, pois o conhecimento é entendido pelas empresas do século XXI como essencial para o crescimento or- ganizacional. O pedagogo também pode atuar na área de recursos humanos nas demais atividades, tendo em vista sua formação acadê- mica, que lhe dá sustentação para perceber o indivíduo tanto como trabalhador técnico quanto como ser pensante e social. Assim, o pedagogo é o profissional que pode ser responsável pelo ato de ensinar e aprender, considerando os objetivos e as metas da empresa, e pelo percurso de desenvolvimento pessoal e educacional dos profissionais, o que vem ao encontro do que considera Riva e Reali (2008, p. 3): “atualmente, as organizações requerem trabalha- dores criativos, analíticos, com habilidades para resolução de proble- mas, tomada de decisões e com ampla capacidade para trabalhar em equipe”. Esse perfil
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