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Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 1 Infecções de pele, tecidos moles e músculos Infecções bacterianas Conjunto de estruturas que suceptível a infecções, pela quebra de barreira e outras situações que levam a instalação dos agentes. Microorganismos mais comuns de acometer essas regiões: fungos e bactérias oportunistas (Streptococcus e Staphlococcus), em sua maioria. Camada cornificada com células mortas, mais uma camada profunda de células vivas e mais profundamente os vasos sanguíneos. As infecções de pele vão se classificar conforme a camada da pele onde se encontram. Impetigo: Infecções superfíciais. 1. Erisipelas: afetam a derme 2. Celulites: porção mais interna, podendo acometer o tecido adiposo. 3. Fasceites: acometem a fascea e os músculos. *Pelos: podem levar a foliculite, e por pelos atingirem camadas mais profundas da pele, pode facilitar a entrada de microorganismos. *Glândulas sebáceas e sudoríparas: podem também ajudar o microorganismo a adentrar nas camadas mais profundas. Staphlococcus aureus São cocos gram positivos, arranjados em cachos, são anaeróbicos facultativos, fermentadores de manitol, catalase (inativa reativos de oxigênio) e coagulase (converte fibrinogênio em fibrina) positivos. Transmissão: autoinfecção, nosocomiais, exposição ao carreador ou ambiente. Apresentam grande resistência a condições adversas como: osmolaridade, temperatura e desecamento. As cepas são majoritariamente: MRSA (metssilina) e VMRSA (vancomicina resistente). Podem causar: foliculite, impedigo, infecções respiratórias, endocardites, síndrome do choque tóxico. Impedigo bolhoso: Infecção cutânea superficial, pode ser confundido com infecções virais, pois as bolhas apresentam aspecto claro. Mas em geral as vesículas são maiores (maior extensão) e quando estouram, sempre possuem pus associado. Comum em crianças. Impedigo pustular: infecção cutânea mais profunda da pele, e temos a predominância de pus, as áreas de acometimento são muito extensas. Foliculite: lesões bem mais extensas que o impedigo, porém são menores e mais delimitadas, e é possivel ver que internamente ocorre a presença de pus, geralmente acompanham os folículos pilosos. Lesões restritas pela presença da coagulase. Pode-se tornar um abcesso que se estoura vira uma ferida aberta. Terçol: acomete glândulas de Zeis e Mol, obstrução das glândulas sudoriparas e sebáceas dos olhos respectivamente, é necessário drenagem desses abcessos. Tem participação da coagulase. Furúnculo: Acomete inicialmente o folículo piloso, ou a glândula sebácea, vai evoluindo e pela ação de coagulase e a fibrinolisina, vai aumentando de tamanho e se aprofundando (dano vertical), atingindo o tecido subcutâneo ao redor. Carbúnculos: geralmente é a coalescência de furunculos, ou seja, a junção de dois furúnculos, dessa forma a extensão da lesão é bem maior, mas as características dele são as mesmas dos furúnculos, porém tendem a permanecer mais internos, em maioria não tornam-se superficiais, com bordas abertas. Celulite: acomete derme profunda e tecido subcutâneo. Não é contagiosa e geralmente a porta de entrada foi alguma quebra de barreira oportunista. Pode ser uma picada, ferida, ou corte. Doenças de pele Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 2 Apresenta grande extensão e dificilmente temos feridas superficiais, embora sejam observadas alterações superficiais, como vermelhidão e inchaço em grande extensão, pois a bactéria se espalha lateralmente. Tratamento é demorado pela grande extensão. Abcessos: quadro fechado, que se iniciou como uma foliculite, uma picada ou um arranhão, que evoluiu, a coagulase tem grande participação nessa situação porque ela protege a bactéria que consegue se multiplicar. Geram a formação de uma bolsa de pus que deve ser drenado. Fatores de virulência: Cápsula e endotoxinas, com ácido teicóico e lipoteicóico. Apresenta toxinas cototóxicas, com a lise de células, pela indução da reação inflamatória. Citotoxinas: • alfa, beta, delta, gama e leucocidina. • Toxina esfoliativa, ETA e ETB da síndrome da pele escalada • Toxina-1 da Síndrome do choque tóxico. Enzimas hidrolíticas: • coagulase, converte fibrinogênio em fibrina • fibrinolisina: dissolução de coágulos. • DNAase: cliva o DNA e torna o pus mais fluido dessa forma facilita a dissolução da bactéria. • Hialuronidases, β-lactamase (resistentes a β-lactâmicos de primeira geração principalmente) e lipases. Doenças e manifestações que são causadas por fatores de virulência e cepas exclusivas Síndrome da Pele escaldada Toxina esfoliativa Apresenta como toxina uma serino-protease, que leva a perda dos desmossomos, que é a junção entre as células, dessa forma a integridade latero- lateral das células bem como as junções com o conjuntivo, resultando no descolamento da pele. Ocorre mais comumnete em crianças e recém nascidos. Sindrome do choque tóxico Superantígeno- TSST-1 O superantígeno leva a uma interação forçada, entre MHC-2 e o antígeno, e com isso temos uma resposta exacerbada do SI, levando aos sintomas de: febre, choque, extravasamento vascular e disfunção múltipla de órgãos. Nesse caso ocorre lesões de grande extensão, maiores até que a celulite. Exemplo: absorventes íntimos quando lançados no mercado gerarram a Síndrome do choque tóxico. O absorvente não tinha em sua composição mecanismos que impedissem a colonização de S. aureus, e a manipulação para colocar de maneira incorreta. Esses fatores, somados ao tempo de troca do absorvente incorreto, levavam a colonização bacteriana que se apresentasse a toxina superantígeno TSS-1, culminava na Síndrome do choque séptico. Streptococcus pyogenes São cocos gram positivos, arranjados em cadeia, anaeróbicos facultativos, encapsulados e β- hemolíticos. Apresenta grande quantidade de fatores de virulência: estreptolisina (lisa as células), estreptoquinases, lipases, DNAase, cápsulas. Proteína M. Apresenta grande capacidade de levar a morte celular as células do sistema imune: dendríticas, macrófagos, neutrófilos, entre outros. Erisipela aguda: doença supurativa, precedida por infecção de pele, calafrios, febre e leucocitose. Apresenta toxina eritrogênica, e a exotoxina pirogêncica: que aumenta a permeabilidade vascular. É caracterizado por uma ferida aberta que leva a entrada do microorganismo em camadas mais profundas, causando lesões. Acomete mais idosos. Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 3 Impetigo pustular: doença supurativa, introduzido por lesões e formação de pústulas e os sinais sistêmicos são raros. É mais superficial que as cellulites, embora ele consiga abrangir grande área (toda a região da boca ou região de tórax ou costas). Celulite: doeça supurativa, introduzido por lesões, apresenta proteína M e proteína F que leva a uma maior aderência. Fasceíte necrotizante: doença supurativa, introduzido por lesões também e é bem agressiva, acomete camadas mais profundas, leva a falência múltipla de órgãos e a toxicidade sistêmica. Produz uma série de fatores de virulência. Clostridium perfringens São bacilos gram positivos, imóveis, que geram esporos e são anaeróbicos estritos. Apresenta rápida multiplicação em cultura e no paciente. Grande capacidade invasiva, causando amplo espectro da doença. A contaminação na maioria dos casos édo ambiente, a partir de uma lesão prévia, não é contagioso de pessoa para pessoa. Infecta tecidos moles e apresenta 5 toxinas: alfa, beta, épsilon e iota, que definem cinco isolados (cepas): A-E. Apresenta várias enzimas hidrolíticas e citolíticas, que são as mais virulentas. Patogenese determinada por grande número de enzimas invasivas e toxinas: 1- toxinas formadoras de poros; que em grande quantidade matam a célula rapidamente, pois acabam com a osmolaridade . 2- fosfolipase C que atinge a membrana 3- iotas:inibem a síntese proteíca e a polimerização de actina. Levam a quadros de desenvolvimento rápido, caracterizado por edema e eritema acentuados e além disso forma gás nos tecidos moles, visíveis pelo aumento do volume do local, que apresenta ao toque consistência mais maleável. Pode levar a Fasceite necrotizante: necrose disseminada, com colápso dos tecidos circundantes e a destruição dos tecidos profundo, chegando a ocasionar a necrose rápida e dolorosa do tecido muscular, além de choque e morte. (MINECROSE OU GANGRENOSA GASOSA). Tratamento: câmara hiperbárica, pois é anaeróbica. Mycobacterium leprae São bacilos álcool-ácido resistentes BAAR, bacilos imóveis, não esporulados. Aeróbios estritos com parede celular rica em lipídeos. Causa a doença: Hanseníase As lesões ocorrem em nervos periféricos, pele, mucosas e outros órgãos e sistemas Conteúdo lipídico da perede leva a formação de granulomas Bacilo de crescimento lento, com duplicação que leva de 18h-48h Bastante sensível ao calor e a radiação UV, patógeno intracelular obrigatório, pode ficar em estado de dormência por longos epríodos. São resistentes ao ressecamento. É uma doença de notificação compulsória e de longo tatamento médico, no mínimo são 6 meses, sendo um dos agravantes o relapso nesse segmento do tratamento. É uma doença crônica granulomatosa dependente da resposta imunológica do hospedeiro frente a composição da membrana e também dos fatores de virulência. Tem capacidade de crescer em macrófagos inativados e células de Schwann, doença causada principalmente pela resposta do hospedeiro a infecção. Geralmente a Hanseníase é dividida em: Vichorwiana, tuberculóide e Indeterminada. A infecção se da pelos aerossóis ou contato pele a pele e pode ficar subclínico por algum tempo evoluindo para auto-cura ou manifestação dos sintomas. Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 4 HANSENÍASE INDETERMINADA: ambas as formas, levam a lesões planas com máculas hipocrômicas e anestesia térmica, dolorosa e tátil. O Mitsuda pode ser negativo ou positivo, sendo que quando piora leva a manifestações clínicas parecidas com a tuberculoide e a melhora leva a sintomas clínicos que lembram a da virchowiana. HANSENÍASE LEPROMATOSA OU VIRCHOWIANA: tem grande infectividadee, leva ao surgimento de lesões eritemo-pigmentadas, infiltração difusa e simetricamente distribuídas. Leva ao envolvimento nervoso difuso com perda sensorial e BAAR(bacilos) abundantes e Mitsuda negativos. HANSENÍASE TUBERCULÓIDE: a infectividade é baixa, é dirigida para uma resposta celualr. Forma uma placa hipopigmentada, eritematosa nos bordos, com envolvimento nervoso periférico com perda sensorial completa. Apresenta BAAR (bacilos) raro e Mitsuda positivo. Psedomonas spp Pode acometer pele, músculos e ossos, além de queimaduras ou em casos de cirurgias. É um bacilo gram negativo, aeróbio, com flagelo polar e que tem adesão a superfícies inertes, produz vários pigmentos, tem odor de uva e é fluorescente. Leva ao desenvolvimento de infecções nosocomiais, oportunista de feridas. Infecções podem ser localizadas de folículos pilosos e produz biolfilmes. Fatores de virulência: sistema de secreção tipo 3, adesão por adesinas fimbriais e polissacarídeos, exotoxina A, além das exoenzimas: que levam a degradação do colágeno, elastina, IgG, IgA e C5 do complemento. Apresenta ainda hemolisina e pigmentos (piocianina, pioquelina, pioverdina) que neutralizam reativos de oxigenio, colaboram para a neutralização de substancias bacteriostáticas, e ajudam na proteção da bactéria. Propionibacterium acnes Bacilos gram negativos, aeróbicos aerotolerantes e apresenta crescimento lento. Está presente na microbiota da pele e possuem baixa virulência. Se alimenta de secreções lipídicas, um exemmplo é a secreção de glândulas sebácias ou cravos. Leva a lesões inflamatórias devido ao acúmulo de secreções. Provoca o apareciemnto de pústulas e pápulas, foliculite e acne. Fatores de virulência: enzimas digestivas- proteases, que podem levar a quadros de inflamação e proteínas imunoreativas. Nocardia asteroides São bacilos filamentosos, fracamente gram positivos, aeróbicos obrigatórios, apresentam parede semelhantes a das microbactérias e são catalase positivos. É uma bactéria oportunista (necessita de lesões) que apresenta como fatores de virulência a catalase, Ácido teicoico e lipoteicoico e o superóxido dismutase. *catalase e superóxido dismutase: são fatores para proteção do SI. As lesões são denominadas lesões cutâneas e actinomicetomas.Forma lesões que podem ser extensas, se espalhando na pele. Actinomicetoma: É uma doença crônica destrutiva, forma granulomas supurativos, fibrose e necrose progressivas além da formação de fístulas. EUMICETOMA – MICETOMA VERDADEIRO É causado por fungos filamentosos que crescem na extremidade inferior, geralmente no pé do indivíduo, apresenta evolução mais lenta e envolvimento ósseo. Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 5 Infecções virais Morbilivirus É um vírus de classe 5 , um vírus de RNA fita simples senso negativo é envelopado. A infectividade é alta em crianças, transmissão por gotículas de saliva. A incubação é de 7-10 dias após o contato, sendo que a replicação inicial se da no RS, seu desenvolvimento pode levar ao acometimento da pele. É autolimitado mas com complicações em crianças desnutridas e ou imunocomprometidas Apresenta vacina embora os casos tenhama umentado recentemente. Manifestações clínicas iniciais:febre alta, coriza, olhos vermelhos e manchas de Koplik. A evolução leva a eritemas maculopapulosos progressivos. É preocpante em adultos pois indica uma imunossupressão, que pode levar a um agravamento do quadro. Varicela e Herpes zooster É um vírus envelopado, classe 1 de DNA fita dupla, e é envelopado. A infecção primária é por varicela zooster, leva acatapora, nome popular da varicela. Pode entrar em latência nos nervos unilateralmente, que pode ser reativado gerando o caso de Herpes zooster. A transmissão se da por gotículas de saliva ou contato direto de lesões. É autolimitado mas com complicações para mulheres grávidas (primeiras 28 semanas é mais grave) e em imunocomprometidos. Varicela: Multiplicação do vírus no local de contaminação que ocorre a partir de contato com outras lesões, invasão de gânglios, pelo tropismo, e fica na sua forma latente. A incubação é de 21 dias, seguida de uma viremia secundária que leva a disseminação de 10-14 dias após. Os sintomas são: febre de 37° - 39.5°c, exantemas vesículo-pustular dérmico, sintomas sistêmicos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e cansaço, além de prurido. Herpes zooster: É a infecção secundária, onde temos a reativação do vírus em adultos, geralmente por traumas físicos, imunocomprometimento ou estresse. Ocorre a migração do vírus das vias neurais para a pele, erupção vescicular. Pode ocorreer lesão nervosa, diminuiçãoda visão, paralisia e dor intensa. Roseolovírus- Roséola Vírus de classe 1 , envelopado de DNA fita dupla. Causa a roséola.Geralmente acoemte crianças de 3 meses até 3 anos de idade. Altamente infectante mas autolimitada. A transmissão se da por gotículas de saliva, apresenta integração cromossomal. Aparecimento súbito de febre de 39-40°C, seguido de exantema macular (mancha vermelha na pele), além de prurido. Rhadinovirus SARCOMA DE KAPOSI classe 1 envelopado. Não é um sarcoma verdadeiro. A transmissão se da pela saliva, levando a uma doença sistêmica com manchas múltiplas, nodulares ou planas na pele e mucosas. Formam 4 formas epidemiológicas: clássica: em individuos idosos, máculas. Endêmicas: África em crianças, nos linfonodos e adultos, com lesões nodulares. Microbiologia- M4 Ana Laura Coradi T.XXII 6 Imunossuprimida: em transplantados e associada a HIV, máculas, pápulas, nódulos e placas. Rubivirus- Rubéola Vírus de classe 4 , de RNA fita simples senso positivo, envelopado. A transmissão se da por gotículas de saliva, apresenta vacinas e tem como período de incubação de 10-12 dias após a inalação. A replicação inicial ocorre no epitélio do respiratório superior. O seu desenvolvimento leva ao acometimento da pele é autolimitado mas com complicações em mulheres grávidas. As manifestações clínicas são: resfriado comum com exantemas, aumento dos gânglios linfáticos e dores no corpo, prurido. Orthopoxvirus- Varíola Vírus de classe 1 DNA duplo, envelopado. A incubação é de 10-12 dias após a sua inalação. A replicação inicial se da no epitélio da mucosa nasal, invade a orofaringe e pele. Com a vacinação se conseguiu a erradicação em 1979-1980. Manifestações clínicas: iniciais são resfriados comuns com vômitos e depois tem como evolução enantemas na mucosa oral e a disseminação por máculas-pápulas- púsulas.