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BRANDING E PESQUISA DE MERCADO W B A 00 75 _v 2. 0 2 Marcello Eduardo Mônaco Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 BRANDING E PESQUISA DE MERCADO 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Patrícia Natividade Baptista Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Mônaco, Marcello Eduardo M734b Branding e pesquisa de mercado/ Marcello Eduardo Mônaco, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 44 p. ISBN 978-65-5903-047-7 1. Branding (marketing) 2. Pesquisa de mercado 3. Administração de produtos I. Título. CDD 658.8 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres - CRB: 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Marcas e Branding __________________________________________________ 05 Gestão Estratégica de Marcas e Brand Equity _______________________ 20 Planejamento de pesquisa de mercado _____________________________ 37 Análise de dados e tendências em pesquisa ________________________ 51 BRANDING E PESQUISA DE MERCADO 5 Marcas e Branding Autoria: Marcello Eduardo Mônaco Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Apresentar o conceito de marca e sua importância para as empresas e os consumidores. • Discutir a importância do branding para as estratégias de lançamento de novos produtos. • Avaliar o papel das estratégias de extensão de marca como alternativas para o desenvolvimento da companhia. 6 1. Introdução Vivemos em um mundo cada vez mais marcado pela competição. Com base no desenvolvimento da tecnologia (especialmente da telefonia e da internet), o fenômeno da globalização cresceu de forma tão intensa ao longo das últimas duas décadas que a competição hoje é efetivamente global. Todos os anos, novas companhias chegam ao Brasil para competir com os players locais. Milhares de novos produtos são lançados pelos fabricantes, com o objetivo de atender às necessidades de um consumidor cada vez mais exigente e informado. Como lidar com um cenário tão complexo e desafiador? Para que as empresas não fiquem tão expostas em um mercado difícil e altamente competitivo, elas devem trabalhar em diferentes frentes. Assim, devem conhecer profundamente o mercado em que atuam, incluindo seus concorrentes, a fim de identificar as principais oportunidades e ameaças no curto, médio e longo prazos. Por outro lado, devem conhecer muito bem seus consumidores, compreendendo suas necessidades, seus desejos e seus valores, além de propor soluções (de produtos e serviços) que se alinhem exatamente com tais necessidades. Tudo isso pode ser feito por meio das marcas, como discutiremos em detalhes ao longo deste Tema. 2. Sobre as marcas 2.1 Conceitos iniciais Segundo Kotler e Keller (2012), talvez uma das habilidades mais importantes dos profissionais de Marketing esteja relacionada com a capacidade de criar, manter, aprimorar e proteger as marcas de uma empresa. Isso porque, por meio de suas diferentes marcas, a 7 companhia pode elaborar estratégias de marketing que sustentem o desenvolvimento de suas vendas de forma contínua ao longo do tempo. Segundo a definição da American Marketing Association (AMA), apresentada por Rocha e Oliveira (2017, p. 6), uma marca corresponde a “um nome, termo, símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos que deve identificar os bens ou serviços de um fornecedor e diferenciá-los dos da concorrência”. Em outras palavras, pensando apenas nos aspectos físicos (ou tangíveis) de um produto, se não existisse uma marca, todos os competidores ofereceriam exatamente os mesmos atributos para os consumidores. Para esclarecer essa situação, vamos considerar o exemplo de um produto que não apresenta grandes diferenças entre os concorrentes (comumente chamado de commodity): o arroz. A Camil é uma das empresas que atuam nesse segmento de mercado e vem desenvolvendo um trabalho estruturado para que seus produtos na categoria de arroz se destaquem diante dos concorrentes. Seguem algumas informações disponibilizadas em sua Apresentação Institucional de Julho de 2020 (CAMIL, 2020) (que pode ser consultada na seção Relações com Investidores de seu website) sobre sua performance na categoria arroz: • A empresa é a líder do mercado nacional, com 9% das vendas realizadas no país (quase o dobro das vendas do segundo colocado). • A empresa é a líder do mercado no Estado de São Paulo, com 37% das vendas realizadas. • A empresa alcançou expressivos 60% na pesquisa de top of mind junto com os consumidores (ou seja, ao serem perguntados sobre qual a primeira marca de arroz que vem a sua mente, 60% dos consumidores responderam Camil). Neste momento, podemos nos perguntar: mas como foi possível alcançar tais resultados em uma categoria de produto tão “comum”? 8 Como resposta, certamente diferentes ações desenvolvidas pela empresa foram importantes: a adequada distribuição dos produtos no mercado (que contavam com mais de 150.000 pontos de venda em todo o país em 2019); a utilização de um mix de produtos adequado para a categoria de arroz, oferecendo níveis de qualidade; preços de venda que atendessem a todos os tipos de públicos; entre outras iniciativas. Porém, certamente, todo o processo de construção de uma marca forte foi fundamental para que esses resultados fossem de fato atingidos. Para que possamos perceber como a empresa trabalha a comunicação da marca Camil, vejamos o exemplo do texto relativo ao arroz tipo 1 apresentado no site da companhia: Figura 1 – Texto relativo ao arroz tipo 1 da Camil Fonte: captura de tela de https://camil.com.br/produtos/arroz/todo-dia/arroz-tipo-1/. Acesso em: 11 nov. 2020. É possível observar que, mesmo sendo uma commodity, a Camil busca destacar os benefícios de seu produto para seus consumidores: baixo teor de gordura, seleção eletrônica dos grãos e presença de proteínas (essencial para a construção e a manutenção dos músculos). Todos esses benefícios acabam se conectando com a marca Camil, diferenciando-a de seus concorrentes e criando uma percepção para o consumidor que vai muito além dos atributos do produto em si mesmo. Essa é a essência de uma marca. https://camil.com.br/produtos/arroz/todo-dia/arroz-tipo-1/ 9 Além disso, é importante ressaltar que todo o trabalho desenvolvido por uma empresa no sentido de criar e desenvolver uma marca acaba por gerar um ativo intangível para a companhia que, em vários casos, excede em muitas vezes o valor de todos os bens físicos (como veículos, prédios, máquinas, entre outros) que a empresa possui. Para que compreendermos o valor que uma marca representa para uma companhia, segundo dados divulgados pela consultoriaInterbrand, relativos a 2019 (EXAME, 2019), a soma do valor das 100 principais marcas do planeta correspondia a incríveis 2,3 trilhões de dólares. O Quadro 1 apresenta o valor das cinco principais marcas do mundo segundo essa pesquisa: Quadro 1 – Valor das marcas globais em 2019, medido em dólares americanos Ranking Marca Crescimento (2019 vs. 2018) Valor da marca (US$ bilhões) 1 Apple +9% 234,2 2 Google +8% 167,7 3 Amazon +24% 125,2 4 Microsoft +17% 108,8 5 Coca-Cola -4% 63,3 Fonte: adaptado de Exame (2019). Diante de todos os pontos expostos até aqui, fica clara a importância das marcas para as empresas, seja sob o ponto de vista de sua aplicação na estratégia corporativa, seja em função do valor que podem agregar para a companhia. 2.2 Características das marcas Segundo Rocha e Oliveira (2017), para que exista uma marca, deve existir um produto ou um serviço associado a ela. Nesse contexto, a marca deve estar alinhada com o produto, de forma a agregar valor à 10 organização e satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores. Além disso, ela deve ser capaz de demonstrar: • Diferenciais do produto: indica em que medida o produto é superior aos seus concorrentes. Ex.: os diferenciais de produtos como as pilhas Duracell (“duram mais, muito mais”) e lã de aço Bombril (“tem 1001 utilidades”). • Atributos do produto: estão relacionados com as características físicas do produto. Um exemplo seria o slogan dos biscoitos Tostines, muito famoso na década de 1990 (“vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”). São esses atributos que serão considerados pelo consumidor no momento da decisão de compra. • Experiência da empresa no mercado: para que uma marca associada a um produto consiga transmitir confiança aos seus consumidores, ela deve demonstrar sua relevância. Isso pode ser confirmado pelo tempo de existência da companhia ou mesmo pelo número de clientes atendidos por ela ao longo de um determinado período. • O público-alvo: muitas vezes, a marca possui uma personalidade tão distinta de seus concorrentes que acaba delimitando um público. É o exemplo da Harley-Davidson, marca de motocicletas vinculada a consumidores rebeldes e de elevado poder aquisitivo. Além disso, Rocha e Oliveira (2017) também indicam que as marcas podem ser classificadas com relação aos seus aspectos tangíveis e intangíveis. Sob o ponto tangível, encontraremos a “parte lógica do relacionamento entre o consumidor e sua marca”. Quando um cliente decide comprar um veículo Honda, por exemplo, poderia levar em consideração o baixo custo de manutenção e a durabilidade dos produtos. 11 Por outro lado, o aspecto intangível está ligado aos aspectos “simbólicos e emocionais de uma marca”, ou seja, relaciona-se aos sentimentos despertados em seus consumidores. Quando uma família visita os parques da Disney nos Estados Unidos, vivencia momentos que serão lembrados pelo resto de suas vidas. Quando a marca Dove desenvolveu a campanha “Retratos da real beleza”, apresentando mulheres comuns como modelos nos filmes publicitários, a campanha propriamente dita alcançou cerca de 8 milhões de visualizações em apenas uma semana, demonstrando como um imenso número de pessoas se conectou com a marca. Assim, conseguir despertar essa conexão simbólica e emocional tem sido um dos principais objetivos das companhias, de forma a estabelecer vínculos sólidos e duradouros com seus clientes. 2.3 A importância das marcas para as empresas e os consumidores Por todos os pontos expostos até o momento, pudemos perceber que as marcas podem ajudar de forma decisiva nas estratégias das empresas. Mas de que forma exatamente isso acontece? Segundo Rocha e Oliveira (2017), os principais benefícios das marcas para as empresas são os seguintes: • Custos de marketing reduzidos: quando uma marca está bem estabelecida no mercado, os gastos com marketing serão significativamente menores se comparados com concorrentes que não possuem marcas fortes na mesma categoria. Isso não quer dizer que o investimento em marketing deve ser nulo, mas significa que, uma vez que a marca já é conhecida e admirada por seus consumidores, as ações de marketing devem ser direcionadas para potencializar essa situação e garantir crescimento contínuo e sustentável de suas vendas. • Valor de marca: em muitas situações, o valor da marca de uma companhia é muito maior do que a soma de todos os ativos dessa empresa. Consideremos o caso da Amazon, que valia mais 12 de 125 bilhões de dólares em 2019, sendo essencialmente uma empresa de vendas e distribuição de produtos com base em uma plataforma digital. Certamente, o valor de todos os seus equipamentos e de suas instalações é muitas vezes inferior ao valor que sua marca representa atualmente no mercado, o que ressalta a importância de um processo de gerenciamento e desenvolvimento de marca consistente ao longo do tempo. • Simplificação dos processos: com a utilização de marcas, os produtos são claramente identificados, o que facilita especialmente o seu monitoramento no mercado. • Otimização dos recursos: uma vez que os produtos se organizam em marcas, é possível controlar a relação de custo e lucro por linhas de produto, o que ajuda nas tomadas de decisão quanto a expandir uma linha ou mesmo retirá-la do mercado, por exemplo. • Proteção legal: a existência de uma marca também assegura um suporte jurídico importante para as companhias, no que se refere à possibilidade de proteger o nome da marca por meio de seu registro, o uso de patentes para a proteção dos processos de manufatura e a aplicação de direitos autorais e designs registrados no caso das embalagens. Assim, as empresas encontram um respaldo importante para que invistam nas ações de construção dessas marcas com relativa segurança, obtendo os benefícios decorrentes de tais ações. Mas será que as marcas são importantes apenas para as empresas? Segundo Rocha e Oliveira (2017), elas também possuem grande relevância para os consumidores, conforme descrito a seguir: • Identificar o fabricante: como destacado, as marcas funcionam como um elemento importante de diferenciação de um produto diante de seus concorrentes. Isso é fundamental para o consumidor, após adquirir um determinado produto e se sentir satisfeito com a compra, possa repeti-la em outro momento. 13 • Significado da marca para o consumidor: por meio de suas experiências com a marca, o consumidor atribui significados a ela, sejam eles positivos ou negativos, e tais percepções são muito importantes no seu processo de tomada de decisão. Um exemplo disso é a marca norte-americana de bichos de pelúcia Build-a-Bear. Ela não vende apenas bichos de pelúcia, mas proporciona aos seus clientes a possibilidade de montarem o seu bichinho, recebendo, inclusive, uma “certidão de nascimento” quando ele é fabricado. Tudo isso faz com que o bicho de pelúcia deixe de ser um mero objeto e desempenhe um papel completamente diferente na vida da criança – situação em que a marca ocupa papel central nesse processo. • Agilizar as decisões: em um contexto cada vez mais dinâmico, em que as pessoas têm cada vez menos tempo disponível, a existência das marcas acaba simplificando significativamente o processo de tomada de decisão. Se um consumidor já compra o sabão em pó da marca Omo e teve uma boa experiência com o produto, ele comprará um tira manchas ou um desinfetante da mesma marca com a mesma confiança que já tem em relação ao sabão em pó. Isso facilita as decisões dos consumidores e pode ser bastante explorado pelas empresas nas estratégias de portfólio e posicionamento de marca. • Benefícios intrínsecos: são características que diferenciam a marca de seus concorrentes, podendo ser funcionais (relacionados com suas características e com o que o produto se predispõe a realizar) ou simbólicos (correspondem ao que a imagem e os valores da marca representam para os seus consumidores). Um exemplode benefício funcional seria uma pessoa comprar um tênis de corrida Nike por proporcionar amortecimento em seu exercício físico, evitando assim o risco de lesões. Já quando uma pessoa compra um relógio da marca TAG Heuer por cerca de 10 mil reais, busca muito mais do que a funcionalidade do produto; ela busca requinte, exclusividade e diferenciação, elementos que estão diretamente vinculados aos benefícios simbólicos. 14 3. Branding Mas de que forma conseguimos atribuir uma marca para um produto? Para que isso seja possível, as empresas aplicam o conceito de branding, destacado por Kotler e Keller (2012, p. 259) como sendo “dotar bens e serviços com o poder de uma marca”. Inicialmente, a definição parece muito geral, mas ela abre inúmeras perspectivas para as equipes de marketing. Por meio do branding, as empresas “ensinam” seus potenciais consumidores sobre o seu produto, explicando suas características e por quais razões devem considerar o produto entre suas opções no momento da compra. Além disso, é possível destacar são suas principais diferenças (e benefícios) em relação aos seus concorrentes. Vale destacar que as ações de branding podem ser aplicadas a qualquer situação em que exista uma relação com o consumidor, seja a marca vinculada a um bem físico (veículo), um serviço (companhia aérea), uma loja (hipermercado), uma pessoa (a atriz Angelina Jolie), uma cidade (São Paulo), um museu (MASP), uma organização (a ONU) ou mesmo uma ideia (como a preservação do meio ambiente). Entretanto, para que as atividades de branding possam ser desenvolvidas, a empresa deverá estruturar um conjunto de ações intimamente ligadas com os objetivos estratégicos corporativos. Tal processo é o que chamamos de estratégia de branding. 3.1 Estratégia de branding A estratégia de branding (também chamada de arquitetura de branding) está relacionada com as decisões tomadas pela companhia com respeito às marcas que serão atribuídas para os produtos ou serviços que a empresa comercializa no momento. Será que a empresa deve criar uma marca única, que deverá ser aplicada a todos os produtos, seja qual for 15 a categoria de produtos em questão? Ou será que deverá ter uma marca para cada produto que comercializar? Tais decisões serão estabelecidas no processo de elaboração da estratégia de branding. Segundo Kotler e Keller (2012), ao criar produto, as opções da empresa em relação a sua estratégia de branding são: 1. Desenvolver novos elementos de marca para esse novo produto (o que seria equivalente a criar a marca “do zero”). 2. Aplicar elementos de marca preexistentes para o novo produto. 3. Combinar elementos de marca novos e preexistentes para o novo produto. Para contextualizar essa situação, consideremos um exemplo prático. Imaginemos que a Unilever resolva lançar um novo produto em seu portfólio de limpeza: um detergente líquido para lavar louças. O dilema que a companhia enfrentará nesse momento será o seguinte: para esse novo produto, devo utilizar alguma das marcas já existentes no portfólio da empresa (como Omo, Cif, Brilhante, Vim, entre outras) ou devo criar uma marca totalmente nova? Tal decisão dependerá de uma série de fatores, como o custo envolvido na criação de uma nova marca, o alinhamento do novo produto com a estratégia das marcas existentes, a visão dos consumidores sobre os produtos da empresa, entre outros fatores. Porém, é fundamental que a empresa visualize todas as possibilidades e opte pela condição que apresente o maior potencial de desenvolvimento para a companhia. Segundo Kotler e Keller (2012), entre as possíveis alternativas a serem seguidas pela companhia, podemos destacar a chamada extensão de marca. Ela ocorre na situação em que a empresa decide utilizar uma marca existente (“marca mãe”) para o lançamento de um novo produto, de forma a aproveitar sua reputação, sua imagem e seu valor percebidos pelo consumidor. De uma forma geral, ela pode ser feita de duas formas: 16 • Extensão de linha: quando a empresa lança um novo produto usando a marca existente, na mesma categoria de produto em que a marca já é comercializada. Ex.: consideremos o lançamento do iogurte grego pela Danone realizado há alguns anos. Nesse caso, o novo produto se juntou a outros inúmeros produtos com a marca na categoria de iogurtes. Tal situação caracteriza uma extensão de linha. • Extensão de categoria: quando a empresa lança um novo produto com a marca existente, mas explorando uma outra categoria. Uma situação desse tipo de estratégia pode ser observada com a marca Honda, que além de ser comercializada em veículos e motocicletas, também é utilizada em aparadores de grama, motores para barcos, entre outros equipamentos. Entretanto, a aplicação das extensões de marca não garante o sucesso no lançamento do novo produto. Pelo contrário, existem vantagens e desvantagens na aplicação dessa estratégia, como destacado por Kotler e Keller (2012): Vantagens • Maior chance de sucesso do novo produto: os consumidores já criam expectativas sobre o novo produto com base em suas experiências com a marca em momentos anteriores, facilitando o processo de “experimentação”. Além disso, torna-se mais fácil a negociação com os varejistas no sentido de obter espaço no ponto de venda para esse novo item e realizar promoções. Sem dúvida, isso reduz significativamente os custos incorridos pela empresa no processo de lançamento. Segundo os autores, o custo de lançamento nos Estados Unidos de um novo produto de massa com uma marca totalmente nova poderia chegar a 100 milhões de dólares! • Feedback positivo: além de ajudar a estabelecer uma conexão inicial dos consumidores com o novo produto, a extensão de 17 marca também pode fortalecer esse vínculo, com impactos positivos sobre a percepção de marca e a fidelidade dos consumidores a ela. Desvantagens • Perda da identidade entre marca e categoria de produto: quando uma marca sofre extensões seguidas, existe o risco de que a associação inicial entre categoria e marca seja enfraquecida (processo chamado de diluição de marca). Um exemplo disso é a marca europeia Cadbury, muito conhecida por sua atuação no mercado de chocolates e balas, que passou a lançar produtos com a marca em categorias como purê de batata, leite em pó e sopas. Tal movimento pode gerar confusão na mente do consumidor, que não consegue enxergar uma conexão na atuação da companhia em segmentos tão diversos, o que pode levar inclusive à retração nas vendas. Por isso, a decisão pela extensão de marca deve ser criteriosa e bem fundamentada pela área de Marketing. • Impactos negativos sobre a “marca mãe”: esta é uma das grandes preocupações das empresas com relação ao uso da extensão de marca. Diante de uma tentativa fracassada de extensão, na qual os benefícios prometidos para o produto não são atingidos, os consumidores podem se sentir frustrados, o que pode “arranhar” a imagem da “marca mãe”, refletindo negativamente em suas vendas. Essa situação não é muito comum, até porque as equipes de Marketing definem as estratégias de marca com base em pesquisas e levantamento com os consumidores, exatamente para minimizar esse risco. 3.2 Visão de marca Assim, para que todas as atividades de branding desenvolvidas para uma marca façam sentido, é fundamental que elas estejam conectadas com os objetivos estratégicos da companhia como um todo e que sejam 18 intencionalmente definidas para trazer a contribuição esperada para o crescimento dos negócios no longo prazo. E isso pode ser alcançado quando se estabelece uma visão de marca. Segundo Aaker (2015), para que seja possível estabelecer uma visão de marca, são necessários os elementos apresentados na figura a seguir: Figura 2 – Elementos para a definição da visão de marca Fonte: elaborada pelo autor. Ainda segundo Aaker (2015), a visão de marca também pode ser chamada de identidade, valores ou pilares de marca e desempenha um papel fundamentalna estratégia das empresas. Isso porque, quando ela é corretamente estabelecida, pode refletir e apoiar as estratégias de negócio, gerando diferenciais diante dos concorrentes e identificação com os clientes. Além disso, também acaba por inspirar os colaboradores e desencadear inúmeras ideias para as ações de marketing a serem desenvolvidas. É importante notar que essa visão de marca é algo aspiracional, ou seja, traduz o que a empresa deseja que sua marca seja em um determinado horizonte de tempo. Com isso, orienta todo o trabalho de branding para que esse objetivo seja alcançado. 19 4. Conclusão Neste Tema, foram discutidos os conceitos básicos sobre as marcas e sua importância para os consumidores e as empresas. É importante observar a crescente importância das marcas no cenário atual, caracterizado por um número crescente de competidores, tornando- se fundamental que os produtos consigam se diferenciar claramente dos concorrentes e criar vínculos relevantes e duradouros com seus consumidores. Referências Bibliográficas AAKER, David. On branding: 20 princípios que decidem o sucesso das marcas. Porto Alegre: Bookman, 2015. CAMIL. Apresentação Institucional. 2020. Disponível em: https://api.mziq.com/ mzfilemanager/v2/d/65f65acb-ad9a-44b1-a3d5-620b6199a637/84004929-7759- 8c57-261a-f491045a2717?origin=2. Acesso em: 13 nov. 2020. EXAME. As marcas mais valiosas de 2019, segundo ranking da Interbrand. 2019. Disponível em: https://exame.com/marketing/as-marcas-mais-valiosas-de-2019- segundo-ranking-da-interbrand/. Acesso em: 12 nov. 2020. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Educacional do Brasil, 2012. ROCHA, Marcos; OLIVEIRA, Sérgio Luís Ignacio de. Gestão estratégica de marcas: coleção marketing em tempos modernos. São Paulo: Saraiva, 2017. https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/65f65acb-ad9a-44b1-a3d5-620b6199a637/84004929-7759-8c57-261a-f491045a2717?origin=2 https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/65f65acb-ad9a-44b1-a3d5-620b6199a637/84004929-7759-8c57-261a-f491045a2717?origin=2 https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/65f65acb-ad9a-44b1-a3d5-620b6199a637/84004929-7759-8c57-261a-f491045a2717?origin=2 https://exame.com/marketing/as-marcas-mais-valiosas-de-2019-segundo-ranking-da-interbrand/ https://exame.com/marketing/as-marcas-mais-valiosas-de-2019-segundo-ranking-da-interbrand/ 20 Gestão Estratégica de Marcas e Brand Equity Autoria: Marcello Eduardo Mônaco Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Discutir conceitos relacionados à gestão estratégica de marcas. • Expor o conceito de portfólio de marcas e a sua contribuição para o atingimento dos objetivos estratégicos de uma companhia. • Apresentar o conceito de brand equity e as ações que podem colaborar com seu desenvolvimento. 21 1. Introdução Vivemos em um cenário de elevada incerteza e complexidade, conhecido como VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo). O avanço da tecnologia e da internet impactam nossa realidade de forma cada vez mais intensa. Com isso, as pessoas gastam cada vez mais tempo no ambiente virtual, compartilhando sua realidade por meio de redes sociais, como o Facebook, o Instagram e o TikTok. Em paralelo, a competição está cada vez mais acirrada, com as empresas enfrentando dificuldades para crescer de forma sustentável ao longo do tempo, o que vem exigindo uma contínua reavaliação de suas estratégias. Nesse contexto tão dinâmico, as marcas exercem um papel cada vez mais importante, pois são o elo entre as empresas e os consumidores. São elas que materializam a personalidade, a atitude e a alma para os produtos e serviços que são oferecidos. Por isso, devem ser tão cuidadosamente criadas e elaboradas pelas equipes de marketing. Neste Tema, estudaremos aspectos relevantes sobre estratégia, portfólio de marcas e brand equity. 2. Gestão Estratégica de Marcas 2.1 Conceitos iniciais O gerenciamento de marcas desempenha um papel cada vez mais central no ambiente corporativo. Como destacam Ferrell e Hartline (2006), não tem relevância apenas para garantir a identificação de um produto, mas também é muito utilizado pelas companhias como um fator de diferenciação diante de seus concorrentes. Em muitos casos, a abrangência de uma marca acaba sendo tão grande com seus consumidores que ela se torna sinônimo de uma categoria de produtos, 22 como acontece com as marcas Cotonetes (Johnson & Johnson) para a categoria de hastes flexíveis e a marca Bombril (da empresa de mesma marca) para a categoria de esponja de aço. Uma vez que uma empresa decide atribuir uma marca aos seus produtos, existem alguns tipos de estratégias que podem ser aplicados, que, segundo Kotler e Keller (2012), seriam: • Nomes distintos para cada família de marcas: muitas empresas preferem seguir essa estratégia, delimitando bem o alcance que cada marca possui no portfólio. Um exemplo desse comportamento é seguido pela Pepsico no Brasil, usando as marcas TropCoco e KeroCoco (água de coco), H2OH (água saborizada), Pepsi (refrigerante de cola), Lipton (chá gelado) e Gatorade (isotônico). Ou seja, em cada uma das categorias de produto, temos uma marca com seus valores e posicionamentos próprios. • Marca guarda-chuva: nessa situação, a empresa utiliza uma marca como a base para vários de seus produtos e/ou serviços. Um exemplo dessa estratégia é o praticado pela Unilever com a marca Dove, que é aplicada em categorias como xampu, condicionador, sabonetes líquidos, creme para pentear, hidratantes, produtos para bebês, entre outros. • Submarcas: ocorre quando são combinados dois ou mais nomes (da marca corporativa, da família de marcas ou da marca individual). Um exemplo dessa aplicação é o realizado pela Kellogg’s, que combina a marca corporativa com o nome da marca individual: Kellogg’s Musli, Kellogg’s Corn Flakes, Kellogg’s Sucrilhos, entre outras. Vale destacar que a decisão sobre qual estratégia seguir dependerá da situação particular em que a companhia se encontra e de seus objetivos estratégicos. Pelo fato de a marca Dove apresentar grande valor 23 percebido por parte dos consumidores, a decisão da Unilever em usá-la como “guarda-chuva” para sua área de higiene pessoal mostrou ser o melhor caminho a ser tomado. Porém, nem sempre essa será a melhor decisão. 2.2 Portfólio de marcas Para compreendermos o conceito de portfólio de marcas, imaginemos a empresa LimpaTudo, fabricante de produtos de limpeza e líder em vendas no país (com 70% de participação de mercado). Entretanto, ela tem observado uma queda em sua participação nos últimos dois anos (com redução de 80% para 70%), o que preocupou a sua Diretoria. Ao analisar a perda de market share, a área de Marketing constatou que os consumidores dos níveis socioeconômicos D e E estavam abandonando os produtos e passando a comprar produtos da concorrente MaisLimpo (com razoável qualidade e preços bem mais baixos). Como reagir em uma situação como essa? A LimpaTudo precisa baixar seus preços para recuperar sua participação de mercado? Talvez essa não seja a melhor alternativa. Uma das possibilidades para a Limpa Tudo é o uso de um portfólio de marcas. Segundo Kotler e Keller (2012, p. 279), o portfólio de marca é “o conjunto de todas as marcas e linhas de marca que uma empresa oferece em uma dada categoria ou segmento de mercado”. Podemos ter diferentes segmentos de consumidores dentro de uma categoria de produtos, com características, poder aquisitivo, expectativas e necessidades diversas. Assim, se temos diferentes marcas no portfólio, podemos definir posicionamentos específicos para cada um desses grupos de consumidores, de forma a atender melhor o mercado como um todo. Um exemplo dessa situação é dado pelas marcas da Procter & Gamble no Brasil na categoria de cuidado com os cabelos. A empresa atua com a marca Pantene (produto básico), mas também oferece produtos com 24 a marca Head & Shoulders (voltada aos consumidoresde produtos anticaspa), Aussie (produtos com um posicionamento mais premium) e Herbal Essences (produto baseado em elementos naturais). Ou seja, por meio de quatro diferentes marcas, a P&G consegue oferecer produtos para grande parte do mercado de forma mais consistente, trabalhando ações e comunicação específicas para cada uma delas e, assim, atendendo melhor às necessidades dos públicos-alvo. Dessa forma, o uso do portfólio de marcas deve permitir que a empresa maximize sua abrangência no mercado, de forma que não deixe “de lado” grupos significativos de consumidores. Outro exemplo que pode ser apresentado é o da Nestlé no segmento de cafés. Enquanto atua na categoria com itens voltados à maior praticidade e bom custo/ benefício (oferecendo cafés instantâneos e solúveis com a marca Nescafé), também aposta nos consumidores de maior poder aquisitivo e que fazem do consumo de café uma espécie de “ritual”, por meio da marca Nespresso. Com essa marca, além de comercializar as cápsulas do produto, a companhia também realiza a venda de máquinas e acessórios por meio de uma rede de lojas próprias, ampliando assim a sua proposta de valor ao consumidor. Ainda segundo Kotler e Keller (2012), as vantagens do uso de um portfólio de marcas múltiplas incluem: • Aumento da presença da empresa nas gôndolas das lojas. • Elevação da dependência do varejista diante das marcas (em função da demanda por parte do consumidor quanto aos produtos da marca). • Aumento da concorrência interna na empresa (já que o marketing de cada marca pode ser conduzido por times distintos). • Obtenção de economias de escala com propaganda, vendas, merchandising e distribuição (lembrando que as ações operacionais 25 são feitas para todas as marcas da companhia, o que acaba reduzindo seu custo individual). Por outro lado, é muito importante que as marcas sejam bem definidas quanto ao seu posicionamento, de forma que não acabem competindo entre si, o que o mercado chama de “canibalização” das marcas, situação que pode ser muito prejudicial para a lucratividade da linha de negócio. Com relação ao papel que uma marca pode desempenhar na estratégia de uma companhia, ela pode ser conceituada como destacado a seguir: • Marca de combate: são aquelas que apresentam um posicionamento de custo versus benefício muito interessante para os consumidores. São marcas que não têm a mesma força das líderes, mas que atendem às expectativas dos clientes. Entretanto, elas não podem ser tão atrativas a ponto de “roubar” volume de vendas das marcas mais caras da companhia. • Vacas leiteiras: são marcas que não possuem vendas tão expressivas, mas que conseguem gerar expressiva lucratividade para a companhia mesmo sem grande investimento de marketing. Em geral, são marcas muito conhecidas do público e com boa reputação no mercado, o que faz com que tenham uma posição cativa no ambiente competitivo. • Marca de entrada: são marcas que possuem preço bastante competitivo e que funcionam como um chamariz para que o consumidor tenha um primeiro contato com a marca. Um exemplo dessa estratégia foi aplicado pela Jeep, que, ao lançar o Renegade no mercado, trouxe uma opção inicial para que os compradores pudessem interagir com a marca – e, futuramente, migrar para outros veículos da marca de preços mais elevados. 26 • Marcas de prestígio: seu papel é trazer credibilidade e prestígio ao portfólio da companhia. Um exemplo dessa situação pode ser observado pela atuação da Fiat, que possui marcas como Ferrari, Dodge e Maserati em seu portfólio, com um posicionamento ligado ao prestígio, à exclusividade e ao luxo. Entretanto, é importante destacar que o portfólio de marcas deve ser gerenciado de forma consciente e racional, de maneira a produzir o melhor resultado para a companhia. Segundo Aaker (2015), o gerenciamento do portfólio deve resultar em: • Clareza da proposta, para os consumidores e para o mercado. • Sinergia entre as marcas, criando e reforçando as associações estabelecidas pelos consumidores. • Relevância, com marcas com posicionamentos claros e atendendo aos diferentes mercados-alvo. • Plataformas de marca fortes, que formam a base para um negócio saudável no longo prazo. • Ativos de marca, que podem ser submetidos a processos de extensão (de marca e de linha). • Funções claras para cada marca. Mas qual é o propósito de todas essas ações? Basta que eu crie um conjunto de marcas e que elas estejam à disposição no mercado para os consumidores? Com certeza não. As ações de gerenciamento de marcas devem ser conduzidas para que a companhia consiga tirar o máximo proveito do seu portfólio, mas precisamos garantir que tais marcas sejam cada vez mais fortes e únicas na mente de seus consumidores. Para isso, é necessário desenvolver o brand equity da companhia, tema extremamente interessante e que será discutido a seguir. 27 3. Brand Equity 3.1 Conceito Inicialmente, é importante compreender o conceito de brand equity. Segundo Keller (2006), uma tradução livre para o termo seria “patrimônio da marca” ou “valor da marca”. Já com base no descrito por Kotler e Keller (2012), corresponderia ao “valor agregado a bens e serviços” oferecidos ao consumidor, que se expressa na forma como eles pensam, sentem e reagem diante da marca. Porém, talvez a definição mais completa seja a criada por Rafael Sampaio (2002 apud KELLER, 2006): Brand equity é o valor adicional da marca sob o prisma do consumidor e da empresa que a possui, para diferenciar seus produtos/serviços e a própria organização (ou instituição, pessoa e ideia). Para o consumidor, é o quanto ele se dispõe a pagar a mais devido à síntese da experiência positiva de valor que a marca lhe assegura – com base no seu (dela) passado e na perspectiva de futuro. Para a organização, é a somatória do valor de sua franquia de mercado, ou seja, a multiplicação de quantas pessoas a preferem e de quanto cada uma está disposta a pagar adicionalmente ao custo de um bem ou serviço pelo que ela representa em seu universo de consumo. (SAMPAIO, 2002 apud KELLER, 2006, p. 30) Em resumo, o brand equity corresponde à força que uma marca possui no mercado em que atua. O processo de branding, ao atribuir uma marca a um determinado produto ou serviço, tem como principal objetivo a criação de diferenciais diante da demais opções existentes no mercado. Assim, o grande desafio dos profissionais de marketing nesse processo de construção é garantir que as experiências dos clientes com os produtos e serviços da empresa sejam positivas, de forma que os vínculos criados com a marca sejam memoráveis, com uma clara diferenciação dela diante de seus concorrentes. 28 3.2 Brand equity na visão do cliente Segundo Kotler e Keller (2012, p. 260), o brand equity na visão do cliente é considerado como o “efeito diferencial que o conhecimento de uma marca exerce sobre a resposta do consumidor ao marketing dessa marca”. Ou seja, a percepção que temos de um produto não resulta exclusivamente de seus atributos (ou dos resultados obtidos com seu uso), ela está também vinculada a todas as associações (positivas e negativas) que criamos ao longo da vida com respeito a ele. Assim, um sabão em pó parece limpar melhor, uma roupa parece cair melhor, um carro parece ser mais confortável; tudo isso está ligado à percepção do cliente e faz parte da ideia de imagem de marca, que será vista a seguir. 3.3 Fatores que colaboram para a criação de brand equity Diante da importância do brand equity para uma empresa, certamente surgirá a seguinte dúvida: como podemos desenvolvê-lo nas marcas sob nossa responsabilidade? Segundo Keller (2006), existem dois fatores que podem colaborar neste processo: Lembrança de marca Quando avaliamos a lembrança de uma marca, duas perspectivas são consideradas: • Reconhecimento da marca: situação em que o consumidor, ao ser apresentado para uma dada marca, confirme que a conhece. • Lembrança espontânea da marca:situação em que um consumidor, ao ser perguntado sobre quais as marcas de uma categoria de produtos, indique espontaneamente a nossa marca. 29 A relevância da lembrança de marca está ligada aos processos de tomada de decisão de compra de produtos e serviços. Segundo Keller (2006), tal relevância pode ser justificada por três situações: 1. Vantagem da aprendizagem: o primeiro passo para que se construa um brand equity é o registro da marca na memória do consumidor. Se ele conhece a marca, começará a formar uma imagem/percepção sobre ela. É o início de todo o processo de construção de marca. 2. Vantagens da consideração: diretamente relacionada ao processo de tomada de decisão de compra, pois, uma vez que a marca é lembrada, passará a integrar o grupo de marcas consideradas para compra no ponto de venda (é o chamado “grupo de consideração”). 3. Vantagens da escolha: se uma marca tem um elevado nível de lembrança, isso pode afetar positivamente sua escolha entre as marcas do “grupo de consideração”, especialmente em decisões de baixo envolvimento/ complexidade. Ou seja, se o consumidor necessita comprar uma garrafa de desinfetante e encontra uma opção de uma marca famosa com preço competitivo, muito provavelmente esta será a escolhida. Imagem de marca Segundo Keller (2006), a imagem de marca pode ser definida como as percepções de marca, refletindo as associações de marcas guardadas na memória do consumidor. Se alguém perguntar “o que vem à sua mente quando eu menciono a marca Apple?”, instantaneamente inúmeras percepções surgirão, as quais representam as associações que fazemos com relação à marca. A Figura 1 apresenta exemplos de associações possíveis no caso: 30 Figura 1 – Associações de um consumidor para a marca Apple Fonte: elaborada pelo autor. Tais associações representam a imagem da marca para esse consumidor. Elas são estabelecidas ao longo do tempo, como resultado de uma série de interações dele com a marca, como a experiência pessoal com ela (consumindo os seus produtos e serviços), o contato com as ações de marketing da companhia (como ações publicitárias, divulgações em mídias digitais, entre outras) e as opiniões que pessoas próximas apresentam sobre a marca. Nesse contexto da construção da imagem de marca, segundo destaca Keller (2006), o mais relevante será: • Criação de associações de marca favoráveis: ou seja, é fundamental que os consumidores tenham associações positivas (ou favoráveis) claramente estabelecidas com a marca. Isso porque, se as associações criadas forem negativas, representará um sério problema a ser tratado pela área de Marketing, que poderá avaliar uma campanha de reposicionamento ou mesmo a retirada da marca do portfólio da companhia. 31 • Força das associações de marca: quanto mais intensa for a percepção do consumidor em relação aos conceitos ligados à marca, maior será a força dessa associação. Ou seja, se uma campanha publicitária destaca continuamente a qualidade de uma marca de sabão em pó e o consumidor comprovar tal qualidade ao usar o produto pela primeira vez, essa associação vai ser criada de forma muito mais sólida na mente do cliente, reforçando os atributos (características) e os benefícios oferecidos pelo produto. • Exclusividade das associações de marca: acontece quando o consumidor estabelece associações positivas com relação à marca, considerando que ela possui atributos e benefícios que satisfazem suas necessidades e seus desejos e que tais associações são exclusivas dessa marca (ou seja, os seus competidores não conseguem oferecer o mesmo “pacote” ao consumidor). Tal situação acaba se traduzindo em uma vantagem competitiva diante de seus concorrentes e deve ser buscada pela empresa por meio de suas ações de marketing. 3.4 Etapas para a construção do brand equity Segundo Keller (2006), existem quatro etapas que devem ser consideradas de forma sistemática pelas empresas para que o brand equity possa ser construído de forma estruturada: • Garantir a identificação da marca com os clientes e a associação desta com uma categoria de produto ou serviço ou necessidade do cliente, ou seja, garantir que a marca tenha uma identidade própria, claramente percebida pelos consumidores – equivale a “quem ela é”. • Estabelecer claramente o significado da marca na mente dos clientes, por meio de um conjunto de associações de marca tangíveis (objetivas) e intangíveis (subjetivas) com certas propriedades – equivale a “o que ela significa”. 32 • Estimular as respostas adequadas dos consumidores diante dessa identificação e do significado de marca – equivale a “o que eu (consumidor) penso/sinto sobre você (marca)”. • Converter a resposta de marca em relacionamento de fidelidade intenso entre os clientes e a marca – equivale a “qual tipo de relacionamento eu (consumidor) gostaria de ter com você (marca)”. Notemos que, quando conseguimos criar marcas fortes e conectadas adequadamente com o consumidor, o trabalho a ser realizado pela área de Marketing se torna muito mais fácil, podendo direcionar suas ações para a construção de resultados consistentes para a companhia ao longo do tempo. 4. Marcas em um ambiente cada vez mais digital É importante destacar que a última década trouxe profundas transformações na sociedade como um todo, com grandes reflexos no Marketing. Se voltarmos a 2010, as pessoas costumavam gastar a maior parte de seu tempo livre diante da televisão, assistindo a programas oferecidos principalmente pela TV aberta. As grandes campanhas publicitárias eram veiculadas por esse meio, sendo desenhadas para atingir milhões de pessoas. Se analisarmos a situação no início da década de 2020, observamos que houve uma radical transformação. A internet se desenvolveu de forma muito significativa, fazendo com que a sua utilização não fosse restrita apenas às páginas da web. Surgiram os serviços de streaming, tanto de áudio (como Spotify e Apple Music) quanto de vídeo (como Netflix e Amazon Prime Video). Além disso, com a proliferação dos smartphones, o acesso à internet também passou a ser possível por meio dos 33 telefones celulares. Em paralelo a isso, o desenvolvimento de redes sociais, como Facebook, WhatsApp, Instagram e TikTok, também se mostrou impressionante. Bilhões de pessoas que antes estavam isoladas agora estão conectadas em tempo real. É importante perceber que, nesse cenário, a atenção do indivíduo passa a ser altamente fragmentada. Não é raro que uma pessoa esteja assistindo à TV e conversando com alguém no Instagram ou no WhatsApp simultaneamente. Milhares de pessoas deixaram a TV aberta e migraram para outras plataformas. Com isso, atingir as pessoas tornou-se um processo muito mais complexo do que no passado. Além disso, as redes sociais modificaram um aspecto importante na relação entre empresas e consumidores. Antes, quando uma empresa veiculava alguma mensagem por meio da propaganda, não havia maneira de os consumidores reagirem diante do que havia sido veiculado. Hoje isso não acontece mais. Se uma empresa publicar um post em uma rede social que desagrade seus consumidores, estes poderão se manifestar de diferentes formas (mensagens, vídeos, abaixo- assinado), expressando sua insatisfação. Os consumidores ganharam voz no ambiente digital, e as empresas ficaram muito mais expostas nesse cenário. Todo esse novo contexto exige atenção redobrada por parte daqueles que são responsáveis pelo gerenciamento das marcas. Como destacam Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), os consumidores da era digital não são perfeitos e se sentem vulneráveis às ações do Marketing. Eles são muito mais informados do que no passado e buscam maior volume de informações antes de tomar uma decisão de compra. Não é por acaso que sites como o Reclame Aqui e o Trip Advisor se desenvolveram tanto em nosso país. Assim, torna-se fundamental que as empresas compreendam essa nova realidade e as demandas do consumidor atual, desenvolvendo34 marcas que se comportem de forma cada mais parecida com um indivíduo, sendo acessíveis e amáveis, mas também mostrando suas vulnerabilidades. Como apontam Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), deve-se buscar o desenvolvimento de um “marketing centrado no ser humano”, com as seguintes características: • Realizar escuta social: consiste em monitorar de forma proativa tudo o que vem sendo dito sobre a marca na internet, incluindo as redes sociais e as comunidades on-line. Em geral, utilizam-se ferramentas baseadas no processamento de grandes volumes de dados para a geração de insights sobre os comentários observados. Ela também pode ser útil na captação de leads (contatos de possíveis interessados nos produtos da marca) e para entender o comportamento de prospects (consumidores potenciais de um determinado produto). • Desenvolver a antropologia digital: está relacionada com a compreensão de como os seres humanos interagem com as interfaces digitais e como as utilizam. Além disso, permite avaliar como as pessoas percebem as marcas em suas comunidades e quais elementos as atraem para elas. Por fim, Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) destacam os seis principais atributos de marcas centradas no ser humano: • Fisicalidade: para que as marcas sejam atrativas para os consumidores, elas precisam ter “atrativos físicos” que as tornem únicas. Nesse caso, o atrativo físico pode ser compreendido como a sua identidade de marca, o design de produto atraente ou mesmo uma sólida experiência de cliente (a Apple pode ser mencionada como um exemplo nesse atributo). • Intelectualidade: são aquelas marcas inovadoras e que conseguem proporcionar produtos e serviços que ainda não estavam disponíveis (e que, muitas vezes, nem eram imaginados 35 pelos consumidores). A Tesla (empresa norte-americana que produz veículos elétricos) é possui esse atributo como um destaque. • Sociabilidade: marcas com essa característica gostam de dialogar com seus consumidores e considerar suas argumentações, além de ouvirem atentamente a conversa entre eles. Ademais, também respondem às perguntas prontamente e resolvem reclamações com rapidez. Nesse atributo, uma empresa que se destaca é a Nubank, que interage com seus consumidores por meio de diferentes plataformas e busca sempre resolver as questões com grande velocidade. • Emocionalidade: manifesta-se quando a marca desperta emoções em seus consumidores. Sua comunicação não está centrada na venda ou na exposição de atributos, mas no compartilhamento de sentimentos. A Dove é uma marca que explora esse atributo com grande competência, estimulando o desenvolvimento da autoestima das mulheres ao apreciar a sua “real beleza”. • Personalidade: está presente quando a marca compreende exatamente o que é, o que representa e qual o seu papel no mundo. Marcas com esse atributo não têm medo de assumir suas falhas e suas responsabilidades, evoluindo continuamente. A Natura pode ser citada como exemplo, em função de sua preocupação com o meio ambiente e de sua responsabilidade social (fundamentos de sua estratégia). • Moralidade: manifesta-se quando a marca possui valores ligados à ética e à integridade moral. São empresas que têm como fundamento sempre cumprir a lei, importando-se com a disseminação desses valores para toda a sociedade. Aqui podemos destacar a empresa de petróleo Esso, que defende tais valores de forma sistemática entre seus colaboradores. 36 Neste Tema, tivemos contato com os conceitos de gerenciamento de marcas, portfólio de marcas e brand equity. É muito importante entender o papel e a importância das marcas em um ambiente competitivo tão complexo como o atual, e que a construção de brand equity não é um processo aleatório, mas sim resultante de um conjunto de ações coordenadas para que a marca possa entregar exatamente o que os consumidores desejam e necessitam. Referências Bibliográficas AAKER, David. On branding: 20 princípios que decidem o sucesso das marcas. Porto Alegre: Bookman, 2015. FERRELL, O.C.; HARTLINE, Michael D. Estratégia de Marketing. São Paulo: Thomson Learning, 2006. KELLER, Kevin Lane. Gestão Estratégica de Marcas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2006. KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Educacional do Brasil, 2012. 37 Planejamento de pesquisa de mercado Autoria: Marcello Eduardo Mônaco Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Apresentar o conceito de pesquisa de marketing (ou pesquisa de mercado). • Discutir a relevância das ações de pesquisa de marketing para as empresas. • Expor a estrutura do processo de pesquisa de marketing, detalhando suas etapas. 38 1. Introdução O mundo em que vivemos é caracterizado pelo volume cada vez maior de informações disponíveis para qualquer pessoa. Tal cenário também impacta diretamente o ambiente de Marketing; hoje os consumidores têm grande acesso à informação, de forma que podem avaliar profundamente os produtos antes mesmo de adquiri-los. Além disso, por meio das redes sociais, podem externar suas opiniões com impactos significativos na imagem das marcas. Nesse contexto, as empresas precisam cada vez mais conhecer profundamente seus consumidores para que possam oferecer produtos e serviços que atendam em cheio às suas necessidades. Um dos instrumentos que possibilitam esse aprofundamento sobre as características e os hábitos dos consumidores é a pesquisa de mercado. Sendo assim, neste Tema, veremos os fundamentos do processo de pesquisa de mercado e como ela pode ser adequadamente planejada. 2. Conceito de Pesquisa de Mercado Em um ambiente de grande competição como o atual, as empresas precisam ter grande agilidade nos processos de tomada de decisão. Entretanto, tais decisões não podem ser aleatórias, uma vez que elas trazem implicações (em maior ou menor grau) para a empresa. Imaginemos que a empresa QFria esteja avaliando a possibilidade de construir uma fábrica de sorvetes no estado do Ceará, com investimento estimado de 30 milhões de reais. Antes de tomar essa decisão, o presidente da empresa faz inúmeros questionamentos para suas equipes quanto ao investimento a ser realizado: 39 • Considerando a evolução do mercado de sorvetes no país, existe realmente a necessidade de a empresa aumentar a sua capacidade produtiva? • Qual será a fonte de recursos para a construção da fábrica? • Qual o retorno mínimo para que o investimento faça sentido? • Quais os produtos com maior potencial de vendas no mercado de sorvetes (informação que vai orientar a compra dos equipamentos das linhas de produção)? O presidente está fazendo todas essas perguntas, porque está buscando referências para fundamentar a sua decisão, algo que normalmente fazemos tanto em nossas atividades profissionais como na vida pessoal. Buscamos informações para que o erro na tomada de decisão seja minimizado, e esse é o principal motivo pelo qual as empresas utilizam a pesquisa de mercado (também chamada de pesquisa de marketing), para buscar orientação para seus processos de tomada de decisão. Como apresenta Malhotra (2006), a definição de pesquisa de marketing segundo a American Marketing Association (AMA) é dada por: A pesquisa de marketing é a função que conecta o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing por meio de informações – que são usadas para identificar e definir oportunidades e problemas de marketing; para gerar, refinar e avaliar ações de marketing; para monitorar o desempenho do marketing e para melhorar a compreensão do marketing como um processo. A pesquisa de marketing especifica a informação requerida para abordar essas questões, formula o método para coletar informações, gerencia e implementa o processo de coleta de dados, analisa e comunica os resultados e suas implicações.(MALHOTRA, 2006, s/p). Como apontam Kotler e Keller (2012), as áreas de Marketing costumam encomendar pesquisas de mercado para ajudá-las a solucionar problemas específicos, normalmente ligados ao processo de decisão de compra e ao 40 comportamento do consumidor. Por meio das pesquisas, as empresas conseguem gerar os chamados insights de marketing, que indicam a razão pela qual certos comportamentos são observados no mercado, o que é de fundamental importância para os profissionais de marketing. Consideremos o exemplo da entrada da Procter & Gamble (P&G) no mercado de cremes dentais no Brasil em 2009, que era liderado há décadas pela Colgate-Palmolive. Considerando o porte e a capacidade que a P&G possui globalmente, ela poderia elaborar um plano de lançamento apenas com base em seu conhecimento acumulado em outros países. Entretanto, a empresa, compreendendo as peculiaridades do mercado brasileiro, decidiu adotar uma outra abordagem. Na época, utilizou 15 diferentes tipos de pesquisas de mercado para fundamentar o lançamento, ouvindo cerca de 5.200 consumidores. Além disso, avaliou cuidadosamente com qual marca seria mais interessante ingressar na categoria, já que sua marca global de cremes dentais (Crest) não tinha nenhuma relevância no mercado brasileiro. Assim, a companhia decidiu utilizar a marca Oral-B, que já possuía importante participação no mercado de higiene bucal em categorias como escovas de dentes, fio dental e enxaguante bucal no país. Em seguida, decidiu testar qual seria a melhor embalagem para o produto, e, para isso, fez testes com cerca de 44 opções diferentes, buscando compreender qual delas atrairia mais a atenção dos consumidores. Certamente, o investimento em pesquisa realizado pela P&G para o lançamento dos cremes dentais Oral-B não foi pequeno, mas a companhia compreendia que ele era necessário para que o lançamento fosse o mais exitoso possível. Exemplos como esse demonstram a importância dada pelas empresas para as informações provenientes de pesquisas de mercado, tanto na elaboração como na aplicação de suas estratégias com os consumidores. 41 Entretanto, vale destacar que a pesquisa de mercado não se limita apenas à contratação de estudos em institutos de pesquisa, com elevados custos envolvidos em sua aquisição. Com o desenvolvimento da tecnologia, as possibilidades de obtenção de dados por parte de qualquer um foram facilitadas. Como indicado por Kotler e Keller (2012), algumas das formas de obtenção de dados, acessíveis mesmo para micro e pequenas empresas, incluem: • Buscar o envolvimento de estudantes e professores nos projetos de pesquisa: consiste em ações coordenadas por empresas com o meio acadêmico, criando competições em que alunos de MBA avaliam problemas reais de mercado e propõem soluções. A visão de profissionais qualificados (e que estão “fora” do ambiente das empresas) pode trazer insights interessantes aos times da companhia. • Consultar a internet: atualmente, a internet é uma fonte riquíssima de informações para as empresas. Por meio dela, pode-se compreender como nossos competidores estão atuando (conhecendo seu portfólio de produtos, suas principais ações na sociedade e no meio ambiente, entre outras informações), o que os consumidores têm falado sobre as marcas (por meio do monitoramento de comentários em redes sociais, por exemplo), ou mesmo quais as reações diante das ações de comunicação (como o lançamento de uma nova campanha publicitária). Ou seja, cada vez mais há mais informações disponíveis na internet, devendo ser tratadas e analisadas de forma criteriosa e estruturada, para que possamos obter insights aplicáveis à nossa realidade. • Verificar as ações dos concorrentes: é fundamental que a empresa compreenda exatamente as ações que estão sendo realizadas por seus competidores para que seja possível avaliar (e ajustar) as estratégias de marketing aplicadas. Esse monitoramento pode ser feito, por exemplo, pela equipe de vendas e merchandising nos pontos de vendas (PDV), avaliando quais itens dos concorrentes estão presentes nas lojas, quanto de espaço nas gôndolas está sendo disponibilizado para eles, quais preços estão sendo praticados, entre outras informações. Todos esses dados coletados ajudam a construir 42 um banco de dados de inteligência de marketing, que será utilizado como um dos parâmetros para a definição das estratégias de vendas e marketing. • Explorar a experiência dos parceiros de marketing: muitas vezes, empresas parceiras possuem informações sobre o mercado e podem decidir compartilhar tais informações para otimizar o relacionamento comercial. Imaginemos que a empresa QFria não possua informações sobre o mercado de sorvetes, mas o varejista VendoBarato acabou de realizar uma pesquisa com consumidores brasileiros na qual constatou que 80% deles preferem o sabor flocos. O varejista pode decidir compartilhar esse insight com a QFria, o que será importante para a construção de sua estratégia de vendas e marketing. 3. Processo de pesquisa de marketing Para que a empresa consiga obter respostas para os seus problemas de marketing, ela deve recorrer a pesquisas de mercado. Para tanto, Kotler e Keller (2012) propõem a estrutura para o processo de pesquisa de marketing, como apresentado na Figura 1: Figura 1 – Estrutura do processo de pesquisa de marketing Fonte: adaptada de Kotler e Keller (2012). 43 A seguir, vamos detalhar cada uma das etapas do processo de pesquisa, destacando suas características e sua importância. 3.1 Definição do problema e dos objetivos de pesquisa Em geral, esta é uma das etapas mais importantes do processo de pesquisa. Nesse passo, o responsável deve delimitar o problema que deseja resolver com a pesquisa. Para isso, não pode ser selecionado nem um problema tão amplo nem um tão específico. Segundo Samara e Barros (2007), para que a definição do problema seja bem elaborada, devem ser consideradas as seguintes questões: • Por que a pesquisa deve ser realizada? • Quais decisões serão tomadas a partir dos resultados encontrados? • Quais possíveis respostas serão obtidas para os problemas? Em muitas situações, os pesquisadores podem utilizar alguns elementos de apoio para a definição do problema de pesquisa, como estudos exploratórios (baseados em dados secundários) ou conversas com pequenos grupos de consumidores. Após definido o problema, devem ser determinados os objetivos da pesquisa, os quais correspondem às informações que a pesquisa buscará levantar para responder ao problema definido inicialmente. Em geral, são definidos dois tipos de objetivos: primários (correspondem ao foco principal da pesquisa) e secundários (outros objetivos do projeto). 3.2 Desenvolvimento do plano de pesquisa Neste segundo passo, o pesquisador busca traçar o plano mais eficiente para coletar as informações necessárias para solucionar o 44 problema. Essa etapa é o “coração” do processo de pesquisa, pois no plano são definidas as suas características fundamentais, incluindo: a. Fontes de dados: neste momento, o pesquisador tem que decidir se utilizará fontes de dados secundárias (compostas por dados que já foram obtidos em outras pesquisas e que estão à disposição para uso) ou primárias (aquelas que requerem uma nova coleta de dados). Em geral, os pesquisadores partem dos dados secundários, para que possam observar quais informações ainda não estão disponíveis e calibrar a pesquisa para a obtenção destas. b. Abordagens da pesquisa: corresponde à metodologia pela qual os dados serão coletados com o público-alvo. Entre as abordagens possíveis, temos: • Pesquisas por observação: quando o processo de pesquisa se baseia na observação das ações e dos hábitos realizados pelo consumidor. Um exemplo dessa abordagem é a avaliação realizada por uma rede de supermercados que, por meio da observação, consegue descobrir qual o “caminho” que a maior parte dos consumidores percorre durante avista à loja, desde a entrada até o checkout (caixa). Tal informação é útil para reposicionar os produtos na loja, de forma a otimizar os níveis de vendas e melhorar a experiência do consumidor. • Focus group: consiste na reunião de grupos de seis a dez pessoas, selecionadas com base em critérios bem definidos (ligados ao público-alvo da pesquisa), para que discutam profundamente sobre temas de interesse. Esse tipo de sessão é conduzido por um moderador, que realiza perguntas a partir de um roteiro pré-estabelecido, de forma a gerar interação entre os participantes e compreender suas reais motivações diante do tema. Normalmente, tais sessões são gravadas e assistidas exaustivamente pelos times de Marketing, na busca de sinais relevantes por parte dos consumidores. 45 • Pesquisa por survey: corresponde aos estudos regularmente realizados pelas empresas, que podem ser aplicados por meio de entrevistas presenciais ou mesmo por formulários eletrônicos. Como mais formulários têm sido enviados aos consumidores ao longo dos últimos anos, é crescente a preocupação com um menor engajamento nas respostas dessas pesquisas. Por esse motivo, muitas empresas concedem vantagens em troca das respostas dos consumidores (como faz o McDonald’s, ao oferecer produtos grátis após a resposta da pesquisa em seu site). • Pesquisas comportamentais: são levantamentos que avaliam os padrões de comportamento dos consumidores em dado período. Consideremos a situação da rede varejista Pão de Açúcar; por meio de um cadastro, seus clientes participam de seu programa de fidelidade (Pão de Açúcar Mais), no qual juntam selos que podem ser trocados por produtos, como facas e panelas. Mas qual o grande benefício desse programa para o varejista? Ao informar o CPF a cada compra para ter direito aos selos, o consumidor fornece a identificação para o seu “carrinho de compras”, deixando visível todo o seu perfil de consumo: quais marcas costuma comprar, com qual frequência e em que quantidade. Assim, com base nessa informação e por meio de seus sistemas de Business Intelligence (BI), consegue entender os gostos e as preferências de cada cliente, sendo possível comunicar promoções específicas, o que melhora significativamente a experiência de compra do consumidor. • Pesquisas experimentais: são aquelas que estão focadas na determinação das relações de causa e efeito no comportamento do consumidor. Será que uma elevação de 10% no preço de um determinado produto terá um efeito significativo em suas vendas? Esse tipo de pesquisa permite fazer tal mapeamento e compreender como seria o 46 comportamento dos consumidores diante da aplicação de diferentes cenários, o que ajuda as empresas no processo de tomada de decisão sobre qual estratégia de marketing seguir. c. Instrumentos de pesquisa: neste estágio, deve ser definida a forma a ser utilizada para a obtenção dos dados com os pesquisados. Nesse contexto, existem três alternativas: • Questionário: é um dos métodos mais utilizados na coleta de dados, consistindo em uma sequência de perguntas a serem feitas aos entrevistados. Vale destacar que o formato e a linguagem do questionário, assim como a sequência em que tais perguntas são realizadas, são aspectos bastante sensíveis na sua elaboração, podendo influenciar diretamente nos resultados que serão obtidos. • Pesquisa qualitativa: são processos de coleta menos estruturados, em que o pesquisador busca compreender o pensamento dos consumidores de forma indireta. Um exemplo é a personificação de marca, em que o pesquisador pede que o entrevistado responda a uma pergunta como: “Se a marca Omo fosse uma pessoa, quem ela seria?”. Com base na resposta dada, a equipe de pesquisa consegue compreender os valores e os atributos que o entrevistado associa à marca, o que pode trazer insights muito importantes para que os times de Marketing construam as ações de branding e de comunicação para a marca. • Instrumentos mecânicos: com o avanço da tecnologia, são cada vez mais frequentes no ambiente de pesquisa. Um exemplo é o eye tracking, um tipo de teste que permite observar qual área de uma embalagem ou qual parte de uma campanha publicitária atraiu mais a atenção dos consumidores, permitindo o ajuste das ações de marketing com base nessas informações. 47 Outra área que também vem ganhando muito importância nesse segmento é o Neuromarketing. Muitas empresas já escolhem seus vídeos publicitários com base na percepção de grupos de consumidores submetidos a testes de monitoramento da atividade cerebral. Em geral, os filmes que geram reações cerebrais mais positivas ou desencadeiam efeitos como alegria ou motivação acabam sendo os escolhidos para a exibição nos meios de comunicação. d. Planos de amostragem: em muitos casos, fazer uma pesquisa com todas as pessoas que fazem parte do público-alvo (que chamamos de população ou universo) é algo inviável, em função do alto custo envolvido. Sendo assim, uma alternativa muito utilizada é realizar a pesquisa com um subconjunto do universo, que chamamos de amostra e que é estatisticamente representativa da população. Esse processo é caracterizado pela Figura 2: Figura 2 – Relação entre amostra e universo Fonte: elaborada pelo autor. Nesse processo de seleção da amostra (que é chamado de amostragem), alguns cuidados devem ser observados: • Unidade de amostragem: está ligada à seleção das pessoas para participarem da amostra (quais devem ser as características dessas pessoas?). 48 • Tamanho da amostra: de maneira geral, quanto maior a amostra, maior tende a ser a confiabilidade dos resultados obtidos. Entretanto, existem diversos métodos para estimar o tamanho necessário para que seja possível atingir um determinado grau de confiabilidade (o que é muito importante para que os custos da pesquisa não sejam excessivamente elevados). • Procedimento de amostragem: está relacionado à forma com a qual as pessoas com determinadas características serão selecionadas para comporem a amostra. Será uma seleção aleatória ou seguirá algum critério? e. Métodos de contato: define de que maneira a coleta de informação será efetivamente realizada com os entrevistados (por correio, por e-mail, por meio de um site da internet, por entrevista pessoal, entre outros). Nesse ponto, observamos um grande crescimento das ferramentas on-line de coleta, que permitem uma rápida validação e consolidação dos dados, com a possibilidade de geração de resultados preliminares ao longo do processo de pesquisa. 3.3 Coleta de informações Segundo Kotler e Keller (2012), esta fase costuma ser a mais dispendiosa e propensa a erros em todo o processo. Ela envolve a situação em que o entrevistado fornecerá suas informações ao pesquisador, podendo ocorrer situações inesperadas, como a ausência do entrevistado no local combinado para a pesquisa, a recusa em responder à pesquisa, o fornecimento de respostas desonestas ou inconsistentes ou mesmo a realização de fraude por parte do aplicador da pesquisa. Todas essas situações geram retrabalho e são críticas para a pesquisa, uma vez que podem até mesmo inviabilizar todo o processo. Por esse motivo, essa etapa deve ser cuidadosamente acompanhada pelo responsável pela pesquisa, de forma a garantir que a consistência e a confiabilidade. 49 Uma dificuldade adicional é observada no caso de pesquisas de âmbito global, pois, em função das diferenças culturais, diversas estratégias terão que ser consideradas para a sua aplicação nas diferentes regiões do planeta. Essa situação pode gerar inconsistências e impactar as conclusões a serem obtidas a partir do estudo, fato que exige atenção redobrada no passo anterior do processo (quando são definidas as metodologias que serão empregadas). 3.4 Análise das informações Nesta etapa, todos os dados coletados são organizados em tabelas (processo chamado de tabulação) e são desenvolvidos indicadores para a avaliação dos resultados. Nessemomento, também são aplicados métodos estatísticos para a identificação de tendências relevantes a partir das respostas capturadas e para a validação de eventuais hipóteses que tenham sido levantadas nos estágios iniciais de elaboração da pesquisa. 3.5 Apresentação dos resultados Neste momento, o pesquisador deve identificar os dados relevantes obtidos na pesquisa e comunicá-los a quem a solicitou. Vale destacar que, mais do que uma mera exposição de resultados, a apresentação deve ter uma característica consultiva, sendo expostas as oportunidades e as recomendações levantadas para a efetiva solução do problema indicado pelo cliente. 3.6 Tomada de decisão A partir dos resultados obtidos na pesquisa, o time de Marketing deve avaliar as recomendações apresentadas em conjunto com as estratégias definidas pela companhia. Caso sejam pertinentes, podem orientar 50 eventuais ajustes nas ações de marketing, de forma a solucionar o problema de pesquisa inicialmente levantado. Caso contrário, podem ser iniciadas outras ações complementares, como uma pesquisa mais aprofundada, para compreender melhor o tema. Neste Tema, vimos o conceito de pesquisa de marketing, sua relevância para as empresas e as etapas do processo de pesquisa. Conhecer esse “caminho” tem cada vez mais importância no cenário atual, em que as empresas lidam com consumidores cada vez mais informados e com um ambiente de concorrência cada vez mais acirrado. Referências Bibliográficas KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Educacional do Brasil, 2012. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos de. Pesquisa de Marketing: conceitos e metodologia. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 51 Análise de dados e tendências em pesquisa Autoria: Marcello Eduardo Mônaco Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Discutir a importância do processo de análise dos dados em uma pesquisa. • Apresentar técnicas de análise de dados em pesquisas. • Expor algumas tendências em pesquisa de mercado para os próximos anos. 52 1. Introdução O processo de pesquisa de mercado é realizado para que uma pergunta (que é denominada problema de pesquisa) possa ser respondida. Porém, não adianta que seja concebida uma pesquisa muito bem estruturada, aplicada para milhares de pessoas, se ela não for adequadamente interpretada nem conseguir responder à pergunta inicialmente apresentada. Neste Tema, veremos algumas formas de análise de dados de pesquisas, de forma a conseguir elaborar interpretações e conclusões com base em um conjunto de dados. Também discutiremos como a pesquisa de mercado vem sendo influenciada pelas mudanças no ambiente VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) em que vivemos e quais são as maiores tendências nessa área. 2. Importância da análise de dados em pesquisa A aplicação estruturada de pesquisas de mercado é fundamental para qualquer empresa. Ao levantar os dados de que necessita, a companhia consegue reunir elementos que permitirão compreender bem o mercado e traçar as melhores estratégias para que os objetivos sejam atingidos. Nesse contexto, vale ressaltar que a pesquisa de mercado está conectada com muitos assuntos e áreas dentro de uma companhia. Com base nas informações obtidas por meio de uma pesquisa, uma empresa pode, por exemplo, decidir lançar um novo produto ou mesmo construir uma nova fábrica, decisões que impactarão diferentes áreas da companhia, como Marketing, Vendas, Logística, Financeira, Produção, entre outras. 53 A Figura 1 ilustra bem a conexão da pesquisa de marketing com várias dimensões do negócio: Figura 1 – Papel da Pesquisa de Marketing para as empresas Fonte: adaptada de Malhotra (2006). Devido a todas essas “conexões” que a pesquisa de mercado estabelece com diferentes contextos e agentes, torna-se fundamental que as análises dos resultados sejam suficientemente profundas para que o problema possa ser solucionado. E o que seria exatamente o processo de análise de dados? Segundo Malhotra (2006), a análise de dados tem como objetivo fornecer subsídios para a abordagem do problema em questão. Porém, não basta tomar o conjunto de dados obtidos e iniciar a análise. O autor propõe uma sequência de passos a serem seguidos para a definição da estratégia de análise (forma como a análise será realizada): 54 a. Compreender como a pesquisa foi desenhada: inicialmente, a equipe de análise deve entender o problema de pesquisa a ser solucionado, o tipo de pesquisa escolhido (exploratória, descritiva ou causal) e a metodologia selecionada para capturar os dados (como o uso de entrevistas, focus group ou questionários on-line). Compreender os fundamentos da pesquisa permitirá que o grupo envolvido na análise enxergue todas as possibilidades existentes no caso em questão. b. Identificar as características conhecidas dos dados: neste passo, a equipe deve compreender como são os dados que foram obtidos. São valores numéricos, entre zero e dez, que expressam a satisfação do cliente diante de diferentes serviços oferecidos pela empresa (dados quantitativos)? Ou são comentários fornecidos por escrito, ao final de um atendimento realizado pela Central de Relacionamento (dados qualitativos)? É importante observar que, de acordo com os dados obtidos, diversas técnicas e abordagens poderão ser aplicadas, devendo o grupo envolvido na análise conhecer os dados para que possa escolher o caminho mais adequado para a interpretação. c. Avaliar as propriedades das técnicas estatísticas: quando tratamos de dados quantitativos, inúmeras técnicas estatísticas podem ser utilizadas para a compreensão do conjunto de dados de que dispomos. Por exemplo, a determinação das chamadas medidas de posição (como média, mediana e moda) e de dispersão (como variância e desvio padrão) são opções de avaliação que podem ser aplicadas sobre os dados obtidos na pesquisa. Cabe ao grupo de pesquisa selecionar quais técnicas estatísticas serão aplicadas. Neste passo, a equipe deve também considerar quais softwares serão utilizados na avaliação (o que pode incluir programas como SPSS, SAS, Minitab ou mesmo o Microsoft Excel). d. Formação e filosofia do pesquisador: certamente, quanto maiores a experiência e o conhecimento de técnicas e ferramentas 55 por parte do profissional, mais profundos deverão ser os resultados das análises. Assim, a equipe deve ser composta de forma a mesclar profissionais mais jovens (que estão ganhando experiência e amadurecimento no processo analítico) com outros mais experientes, de forma a trazer resultados relevantes para a pesquisa. e. Definição da estratégia de análise: uma vez que os elementos dos quatro itens anteriores foram devidamente definidos, a equipe deve estabelecer a estratégia de análise, listando todos os passos e todas as avaliações que serão realizados para verificar a validade de eventuais hipóteses iniciais e responder de forma efetiva ao problema de pesquisa. 3. Formas de análise de dados Para a análise dos dados de uma pesquisa, geralmente são aplicadas técnicas estatísticas, com o objetivo de determinar conclusões relevantes sobre o fenômeno observado. Nesse contexto, é importante saber que essas técnicas podem ser classificadas em: • Univariadas: quando as técnicas estatísticas são aplicadas sobre cada variável individualmente (uma de cada vez). • Multivariadas: quando as técnicas estatísticas são aplicadas sobre mais de uma variável simultaneamente. Assim, de acordo com a análise que se deseja conduzir, será necessário selecionar técnicas estatísticas específicas. Por exemplo, para analisar o peso de embalagens de açúcar de 1 kg (peso nominal) em uma linha de produção, provavelmente será preciso utilizará técnicas univariadas, pois o objetivo é analisar apenas a variável peso. Por outro lado,
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