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Resumo de PINESC IV

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Ana Clara Silva Freitas 
 
Práticas Interdisciplinares de 
Interação Ensino-Serviço-
Comunidade 
PINESC IV 
 
 
UNIME 
2021.2 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Saúde da mulher 
Direitos sexuais e direitos reprodutivos 
Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos são Direitos Humanos já 
reconhecidos em leis nacionais e documentos internacionais. Os 
direitos, a saúde sexual e a saúde reprodutiva são conceitos 
desenvolvidos recentemente e representam uma conquista histórica, 
fruto da luta pela cidadania e pelos Direitos Humanos. 
Encontram-se entre os DIREITOS REPRODUTIVOS: 
 O direito das pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, 
quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas. 
 O direito de acesso a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos. 
 O direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência. 
Encontram-se entre os DIREITOS SEXUAIS: 
 O direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e 
imposições, e com total respeito pelo corpo do(a) parceiro(a). 
 O direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual. 
 O direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças. 
 O direito de viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física. 
 O direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual. 
 O direito de expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homossexualidade, 
bissexualidade. 
 O direito de ter relação sexual, independentemente da reprodução. 
 O direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis 
(DST) e Aids. 
 O direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, 
sem discriminação. 
 O direito à informação e à educação sexual e reprodutiva. 
Apesar de os direitos sexuais e direitos reprodutivos terem sido formalizados no contexto das 
Conferências das Nações Unidas como concernentes ao planejamento familiar e ao enfrentamento da 
violência sexual contra as mulheres, há atualmente discursos críticos que reconhecem a necessidade de 
explicitamente afirmar a universalidade desses direitos. 
OBS: Vale notar que a sexualidade é uma importante dimensão da vida, abrangendo aspectos biológicos, 
psíquicos, sociais, culturais e históricos. Não se restringe à meta reprodutiva, sendo constitutiva das 
relações amorosas e do laço afetivo entre as pessoas. 
Em 22 de março de 2005, o Ministério da Saúde lançou a POLÍTICA NACIONAL DOS DIREITOS 
SEXUAIS E DOS DIREITOS REPRODUTIVOS (BRASIL, 2005d). Entre as diretrizes e ações propostas 
por essa política estão: 
Ana Clara Silva Freitas 
 
 A ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis no SUS, incentivo à 
implementação de atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva para usuários(as) 
da rede SUS; 
 Capacitação dos profissionais da Atenção Básica em saúde sexual e saúde reprodutiva; 
 Ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária (laqueadura tubária e vasectomia) no 
SUS; 
 Implantação e implementação de redes integradas para atenção às mulheres e aos adolescentes 
em situação de violência doméstica e sexual; 
 Ampliação dos serviços de referência para a realização do aborto previsto em lei e garantia de 
atenção humanizada e qualificada às mulheres em situação de abortamento; entre outras ações. 
Planejamento familiar 
O planejamento familiar deve ser realizado na Atenção Básica. Essa última, 
segundo o Ministério da Saúde é definida como um conjunto de ações, no âmbito 
individual ou coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a 
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a 
manutenção da saúde. Deve ser desenvolvida sob a forma de trabalho em equipe 
e ser dirigida a populações de territórios bem delimitados, pelas quais a equipe 
assume responsabilidade sanitária. 
O planejamento familiar é definido no art. 2º da Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, da seguinte 
forma: 
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da 
fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela 
mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se 
refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico. (BRASIL, 1996). 
Constitui-se, portanto, em um direito sexual e reprodutivo e, dessa forma, a atenção em planejamento 
familiar deve levar em consideração o contexto de vida de cada pessoa e o direito de todos poderem 
tomar decisões sobre a reprodução sem discriminação, coerção ou violência. 
As pessoas têm o direito de planejar a vida de acordo com as suas necessidades. O planejamento familiar 
é um importante recurso para a saúde de homens, mulheres e crianças. Contribui para uma prática 
sexual mais saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do organismo da 
mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para cuidar dos filhos e para realizar outras 
atividade. 
OBS: hoje, Planejamento reprodutivo é um termo mais adequado que planejamento familiar e não 
deve ser usado como sinônimo de controle de natalidade. (Caderno de Atenção Básica, MS) 
Planejamento reprodutivo X Controle de natalidade: 
É frequente a utilização do termo controle de natalidade como sinônimo de planejamento reprodutivo, 
todavia se tratam de conceitos diferentes. O controle de natalidade implica imposições do governo 
sobre a vida reprodutiva de homens e mulheres. O planejamento reprodutivo baseia-se no respeito 
aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. 
 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Papel da Atenção Básica 
Os profissionais de saúde da Atenção Básica devem procurar compreender as expectativas das pessoas 
no que diz respeito à reprodução e ajudá-las a concretizarem essas expectativas, respeitando suas 
escolhas. 
OBS: A principal ferramenta do profissional de saúde é a escuta. A capacidade de silenciar e ouvir o 
outro melhora a compreensão das suas necessidades e torna a abordagem mais resolutiva. 
Os serviços de saúde devem oferecer ações educativas individuais, ao casal e em grupo, e acesso a 
informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade que não 
comprometam a vida e a saúde das pessoas, garantindo direitos iguais para a mulher, para o homem ou 
para o casal, num contexto de escolha livre e informada. 
É preciso também que os serviços de saúde desenvolvam ações que contemplem a saúde sexual e a 
saúde reprodutiva dos homens, tais como abordagem das disfunções sexuais, prevenção e controle do 
câncer de próstata e do câncer de pênis, prevenção e tratamento das DST, acesso à vasectomia, entre 
outras. Devem ainda promover o conceito de igualdade entre homens e mulheres. 
Na Atenção Básica, a atuação dos profissionais de saúde, no que se refere ao planejamento 
reprodutivo, envolve, principalmente, três tipos de atividades: 
• Aconselhamento. • Atividades educativas. • Atividades clínicas. 
Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se sempre em vista que toda visita 
ao serviço de saúde constitui-se numa oportunidade para a prática de ações educativas. Deve-se ainda 
promover a interação dos membros da equipe de saúde, de forma a permitir uma atuação multi e 
interdisciplinar. 
O aconselhamento é um diálogo baseado em uma relação de confiança entre o profissional de saúde e 
o indivíduo ou casal que visa a proporcionar à pessoa condições para que avalie suas próprias 
vulnerabilidades, tome decisões sobre ter ou não filhos e sobre os recursos a serem utilizados para 
concretizar suas escolhas, considerando o que seja mais adequado à sua realidade e à prática do sexo 
seguro. Essa prática pressupõe: 
 Acolhimento da demanda da pessoaou casal, entendida como suas necessidades, curiosidades, 
dúvidas, preocupações, medos e angústias, relacionadas às questões de sexualidade, 
planejamento reprodutivo e prevenção das DST/HIV/Aids. 
 Identificação do contexto de vida da pessoa ou do casal e suas ideias, desejos ou não desejos em 
relação a ter ou não ter filhos. 
 Abordagem proativa com questionamentos sobre a atividade sexual. 
 Avaliação de vulnerabilidades individual ou do casal, para a infecção pelo HIV e outras DST. 
 Compreensão de que o sucesso a ser alcançado depende da ação conjunta e solidária dos 
profissionais de saúde com a pessoa ou o casal. 
As atividades educativas são fundamentais para a qualidade da atenção prestada. Têm como objetivo 
oferecer às pessoas os conhecimentos necessários para a escolha livre e informada. Propicia a reflexão 
sobre os temas relacionados à sexualidade e à reprodução. 
As atividades clínicas, voltadas para a saúde sexual e a saúde reprodutiva, devem ser realizadas 
visando a promoção, a proteção e a recuperação da saúde. É importante salientar que elas devem 
Ana Clara Silva Freitas 
 
se inserir na perspectiva da atenção integral à saúde, evitando-se a fragmentação das ações. As 
atividades clínicas devem incluir: 
 Anamnese. 
 Exame físico. 
 Identificação das necessidades individuais e/ou do casal, incentivando a livre expressão dos 
sentimentos e dúvidas quanto à sexualidade e à saúde reprodutiva. 
 Identificação de dificuldades quanto às relações sexuais ou de disfunção sexual. 
 Ações de prevenção do câncer de próstata. Em homens com idade superior a 50 anos, 
recomenda-se a avaliação anual e realização de exames (Antígeno Prostático Específico – PSA e 
toque retal) para detecção precoce do câncer de próstata. 
 Orientações para a prevenção do câncer de pênis, incluindo recomendações para o autoexame, 
principalmente para homens com idade acima de 50 anos. 
 Ações de prevenção do câncer de colo de útero e de mama, com especial atenção para a 
orientação do autoexame das mamas e para a realização do exame preventivo do câncer de colo 
de útero. 
 Identificação da data da última coleta do exame preventivo do câncer de colo de útero e 
avaliação da necessidade de realização de nova coleta, de acordo com o protocolo vigente. 
 Atenção pré-natal e puerperal. 
 Atenção à saúde da mulher no climatério/menopausa. 
 Orientação para prevenção de DST/HIV/Aids, com incentivo à dupla proteção. 
 Orientação para a escolha dos recursos à concepção ou à anticoncepção, incentivando a 
participação ativa na decisão individual ou do casal. 
 Prescrição e oferta do método escolhido. 
 Acompanhamento da pessoa ou do casal. 
Promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens na 
AB 
Todos os adolescentes e jovens que procuram o serviço de saúde devem ser ouvidos com atenção, 
receber informações, atendimento e encaminhamentos adequados. No mesmo sentido, é preciso que a 
burocracia não comprometa a qualidade do atendimento. Dessa forma, por exemplo, o acesso aos 
preservativos e ao teste de gravidez deve ser o mais abrangente e simples possível, favorecendo as 
ações de anticoncepção, de prevenção das DST/HIV/Aids e o acesso precoce ao pré-natal. 
Para promover a saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, é fundamental a 
realização de ações educativas sobre sexualidade, gênero, saúde sexual e saúde reprodutiva. Tais ações 
devem ter como princípio a igualdade entre homens e mulheres, incentivar o respeito mútuo nas 
relações e rejeitar todas as formas de violência, bem como atitudes discriminatórias, como a 
discriminação contra homossexuais ou a ridicularização dos adolescentes e jovens que não sejam 
sexualmente ativos. As informações oferecidas devem ser completas e precisas sobre sexualidade, 
anticoncepção, gravidez e proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. 
É importante que as ações educativas se desenvolvam em diferentes espaços, nas escolas, nas 
associações comunitárias, nos serviços de saúde, no domicílio, entre outros, buscando-se o 
envolvimento dos pais e familiares 
Ana Clara Silva Freitas 
 
OBS: O profissional preparado sabe que nas visitas aos domicílios há um leque de possibilidades para 
promover saúde. Abordar o adolescente como um membro da família é atitude fundamental para 
estabelecer vínculos. 
Anticoncepção 
A atenção em anticoncepção pressupõe a oferta de informações, 
de aconselhamento, de acompanhamento clínico e de um leque de 
métodos e técnicas anticoncepcionais, cientificamente aceitos, 
que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, para 
homens, mulheres, adultos(as) e adolescentes, num contexto de 
escolha livre e informada. 
Na atenção em anticoncepção, é muito importante oferecer 
diferentes opções de métodos anticoncepcionais para todas as 
etapas da vida reprodutiva, de modo que as pessoas tenham a possibilidade de escolher o método mais 
apropriado às suas necessidades e circunstâncias de vida. 
Dupla proteção (melhor solução): 
Em meio a uma realidade global de índices elevados de doenças transmissíveis por via sexual, como 
HIV/AIDS, e gravidez indesejada, torna-se necessário pensar em opção contraceptiva que proporcione 
a dupla proteção. 
Anticoncepção na adolescência: 
Os adolescentes e os jovens têm direito de ter acesso a informações e 
à educação em saúde sexual e saúde reprodutiva e de ter acesso a 
meios e métodos que os auxiliem a evitar uma gravidez não planejada, 
bem como a prevenir-se contra as doenças sexualmente 
transmissíveis, respeitando-se a sua liberdade de escolha. 
OBS: Os serviços de saúde devem garantir atendimento aos adolescentes e jovens, antes mesmo do 
início de sua atividade sexual e reprodutiva, para ajudá-los a lidarem com a sua sexualidade de forma 
positiva e responsável, incentivando comportamentos de prevenção e autocuidado. 
É preciso enfatizar que adolescentes e jovens têm direito a ter atendimento sem discriminação de 
qualquer tipo, com garantia de privacidade, segredo e confidencialidade, ou seja, de serem atendidos 
sozinhos, em espaço privado, onde possa ser reconhecida sua autonomia e individualidade. Por outro 
lado, recomenda-se que a equipe de saúde busque sempre encorajar o adolescente a dialogar com a sua 
família, de modo a envolvê-la no acompanhamento dos seus problemas. 
A seguir, alguns pontos a serem considerados em relação à anticoncepção na adolescência: 
 A escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando-se os 
critérios de elegibilidade clínica. 
 Estimular sempre o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais, 
por ser o único método que protege contra as DST/HIV/Aids. A camisinha pode ser usada 
associada a outro método anticoncepcional – dupla proteção ou isoladamente. Enfatizar a 
importância da dupla proteção. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
 Em geral, não há restrições ao uso de anticoncepcionais hormonais na adolescência. Os 
anticoncepcionais hormonais combinados, compostos de estrogênio e progestogênio 
(anticoncepcionais orais combinados, injetável mensal, adesivo anticoncepcional transdérmico 
e anel vaginal), podem ser usados desde a menarca. Deve-se, entretanto, evitar o uso de 
anticoncepcionais só de progestogênio (injetável trimestral e da pílula só de progesterona – 
minipílula) antes dos 18 anos, pelo possível risco de diminuição da calcificação óssea, pois, para 
mulheres com menos de 18 anos, há uma preocupação teórica em relação ao efeito 
hipoestrogênico, especialmente do injetável trimestral. Quando o injetável trimestral é usado na 
menarca, o bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-ovário causa supressão na produção de 
estrogênio, que aumentaria a reabsorção óssea. 
 O diafragma é um ótimo método para adolescentes motivadas a usá-lo e bem orientadas. 
 O DIU deve ser usado com cuidado e com acompanhamento rigoroso da menarcaaté 19 anos de 
idade, em jovens nulíparas. Há preocupações pelo risco de expulsão e de infecções em mulheres 
muito jovens. O DIU não é indicado para as adolescentes que têm mais de um parceiro sexual ou 
cujos parceiros têm outros parceiros/parceiras e não usam camisinha em todas as relações 
sexuais, pois nessas situações existe risco maior de contrair doenças sexualmente transmissíveis 
(DST). 
 Os métodos comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, entre outros) são 
pouco recomendados para adolescentes, pois a irregularidade menstrual é muito comum nessa 
fase e, além disso, são métodos que exigem disciplina e planejamento e as relações sexuais nessa 
fase, em geral, não são planejadas. 
 A anticoncepção oral de emergência é um método muito importante para os adolescentes, 
porque pertencem a um grupo que tem maior risco de ter relações sexuais desprotegidas. É 
importante que os adolescentes conheçam esse método e saibam que deve ser usado em caráter 
de exceção, somente em situações emergenciais, e não como método anticoncepcional regular. 
 Os métodos cirúrgicos – laqueadura tubária e vasectomia – só se justificam nos casos em que 
existem condições clínicas ou genéticas que façam com que seja imperativo evitar a gravidez 
permanentemente. 
Anticoncepção na perimenopausa: 
A perimenopausa é o período que antecede a última menstruação. Em 
geral, a última menstruação ocorre entre 40 e 55 anos de idade. A mulher 
no climatério pode usar qualquer método anticoncepcional, desde que 
não apresente algumas das condições clínicas que contraindiquem o seu 
uso. 
A seguir, alguns pontos a serem considerados em relação à anticoncepção 
na perimenopausa: 
 A escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando-se os critérios de 
elegibilidade clínica. 
 Estimular sempre o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais, por 
ser o único método que protege contra as DST/HIV/Aids. A camisinha pode ser usada associada 
a outro método anticoncepcional – dupla proteção ou isoladamente. Enfatizar a dupla proteção. 
 O anticoncepcional hormonal combinado oral é seguro e eficaz, quando usado correta e 
consistentemente. Além disso, mantém ciclos menstruais regulares, alivia a dismenorreia, tem 
Ana Clara Silva Freitas 
 
efeito protetor sobre o endométrio e o ovário, reduz doenças benignas da mama, reduz o 
crescimento de miomas uterinos, menor incidência e recidiva de endometriose, evidências de 
ação profilática na osteoporose, entre outros benefícios. Devido aos riscos cardiovasculares, a 
primeira opção deve recair sobre pílulas combinadas de baixa dosagem, as que contêm 0,03 mg 
ou menos de etinilestradiol, em face da sua melhor tolerabilidade, com alta eficácia. A utilização 
desse método pode prosseguir até a menopausa, caso a mulher não apresente complicações ou 
contraindicações à medicação. O tabagismo em mulheres acima de 35 anos constitui uma 
contraindicação para o uso dos anticoncepcionais hormonais combinados orais, pois, em 
qualquer idade, o fumo aumenta o risco para as doenças cardiovasculares. 
 A minipílula tem eficácia contraceptiva inferior à dos anticoncepcionais orais combinados, 
porém, como a fertilidade diminui nessa faixa etária, sua segurança na perimenopausa é 
comparável à apresentada por usuárias mais jovens de anticoncepcionais hormonais 
combinados orais. Pode ser utilizada quando há contraindicação ao uso de estrogênio. 
 O injetável mensal pode ser usado na mulher climatérica, desde que sejam observadas as suas 
contraindicações. Entretanto, deve-se evitar o uso de formulações com elevadas doses de 
estrogênio, que aumentam o risco de hiperplasia do endométrio e favorecem o aparecimento de 
fenômenos tromboembólicos. A primeira opção deve recair sobre os injetáveis mensais que 
contenham 5 mg de estrogênio. 
 O injetável trimestral tem como vantagem poder ser usado quando for contraindicado o uso 
de estrógeno e também a facilidade do seu uso e sua alta eficácia. Porém apresenta grande 
incidência de efeitos indesejáveis, tais como: causa alterações metabólicas discretas, porém 
significativas, destacando-se a queda do HDL – colesterol, elevação da glicemia e do nível de 
insulina; aumento de peso; alterações menstruais, como amenorréia e sangramento de 
disrupção; depressão; diminuição da libido e, muitas vezes, diminuição da lubrificação vaginal. 
Além disso, a provável influência do acetato de medroxiprogesterona sobre o osso tem sido 
estudada, uma vez que a densidade óssea pode ser alterada pelo seu uso. Entretanto, são 
necessários mais estudos até que esse efeito seja totalmente esclarecido e seu risco 
completamente definido. Assim sendo, o injetável trimestral não constitui boa escolha para 
a perimenopausa, restringindo-se sua indicação quando da impossibilidade de uso de 
outros métodos. 
 Os implantes subcutâneos apresentam alta eficácia contraceptiva e proteção endometrial. Os 
efeitos colaterais como acne, mastalgia, cefaléia, aumento de peso, diminuição da libido, 
labilidade emocional e controle deficiente de ciclos menstruais fazem com que o método não seja 
bem aceito na perimenopausa, apesar da sua eficácia contraceptiva e proteção endometrial. 
 O anel vaginal, composto de estrogênio e progesterona, envoltos por uma camada de silástico 
microperfurada, com liberação constante e controlada dos hormônios para a corrente 
sanguínea, representa alternativa de contracepção importante no climatério, em razão de sua 
praticidade de uso e de sua eficácia comprovada. Promove bom controle do ciclo, embora tenha 
dosagens baixas. Suas contraindicações são as mesmas do anticoncepcional hormonal 
combinado oral, por exemplo, tabagismo, cefaleia crônica, além da presença de cervicocolpites. 
 O adesivo anticoncepcional transdérmico contém dois hormônios, estrogênio e 
progestogênio, que são absorvidos por meio da pele. Pode ser uma escolha apropriada em casos 
de intolerância gástrica ou da dificuldade de uso das pílulas anticoncepcionais pela ocorrência 
de esquecimentos frequentes. Possui também alta eficácia, sendo claramente, opção confortável 
a qualquer faixa etária. O custo do produto é fator que dificulta seu. Suas contraindicações são 
Ana Clara Silva Freitas 
 
as mesmas do anticoncepcional hormonal combinado oral, por exemplo, tabagismo e cefaleia 
crônica. 
 O DIU de cobre é um excelente método para ser usado na pré-menopausa, desde que a mulher 
não apresente nenhuma condição que contraindique o seu uso. Apresenta elevada eficácia, tem 
poucos efeitos colaterais, longa duração e ausência de efeitos metabólicos. O DIU de cobre, 
modelo TCu-380 A, como tem duração de uso de 10 anos, após a sua inserção, inserido aos 40 
anos, pode ser removido somente depois de instalada a menopausa. É importante lembrar que 
o DIU não é um método indicado para mulheres com risco aumentado para DST/HIV/Aids. Entre 
as suas desvantagens, destacam-se a possibilidade de aumento do fluxo menstrual, a maior 
incidência de dismenorréia e a maior taxa de expulsão. 
 O DIU com levonorgestrel – sistema intrautrino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) – age 
localmente no útero, com mínima absorção sanguínea. Provoca diminuição gradativa do fluxo 
menstrual, podendo promover amenorreia por atrofia endometrial, embora não provoque as 
reações sistêmicas relacionadas à progesterona. É considerado bom método para uso no 
climatério, por ser um método anticoncepcional de longa duração, altamente eficaz e reversível 
que contribui para o controle das hipermenorragias, comuns nessa fase. 
 O diafragma é um ótimo método para mulheres motivadas a usá-lo e bem orientadas. Assim 
como todos os métodos de barreira, tem a vantagem de não ocasionar alterações sistêmicas. O 
aumento da frequência de relaxamento pélvico e de prolapso uterino, nesse grupo etário, deve 
ser considerado na indicação desse método. Os espermaticidas à base de nonoxinol-9 (N-9) a 2%, que são os mais amplamente utilizados, 
podem provocar irritação e/ou microfissuras na mucosa vaginal e cervical quando usados várias 
vezes ao dia, aumentando o risco de infecção e transmissibilidade de DST/HIV. Além disso, 
podem agravar a colpite hipoestrogênica (atrófica), não sendo um método que deva ser 
incentivado para a mulher na perimenopausa. 
 Os métodos comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, sintotérmico, entre 
outros) são pouco recomendados para mulheres na pré-menopausa, pois a irregularidade 
menstrual é muito comum nessa fase. 
 A anticoncepção oral de emergência é um método muito importante para evitar gravidez 
indesejada após relação sexual desprotegida. Deve ser usada somente como método de 
emergência, e não de forma regular, substituindo outro método anticoncepcional. 
 A laqueadura tubária essa esterilização sempre deve ser considerada como definitiva, o que 
enfatiza a importância de aconselhamento muito cuidadoso e completo das pessoas e/ou casais 
que solicitam esse método, como pré-requisito ético e. É importante salientar ainda que, com o 
avanço da idade, os riscos relacionados à morbiletalidade são maiores e as queixas menstruais, 
como o aumento do volume do fluxo, algia pélvica, hipermenorreia e outras irregularidades, 
tendem a piorar com a laqueadura tubária. Portanto, a indicação desse método deve ser 
criteriosa, quando os benefícios realmente compensarem os riscos e não houver outras opções. 
 A vasectomia, ao contrário da esterilização feminina, deve ser incentivada, por se tratar de um 
procedimento mais fácil e seguro, em relação à laqueadura tubária. É ótima alternativa de dividir 
a responsabilidade sexual e reprodutiva com o parceiro. Entretanto, a reversão cirúrgica é 
complexa, cara e não está amplamente disponível. Por essas razões, a esterilização sempre deve 
ser considerada como definitiva, o que enfatiza a importância de aconselhamento muito 
cuidadoso e completo das pessoas e/ou casais que solicitam esse método, como pré-requisito 
ético e legal. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Anticoncepção no pós-parto: 
A orientação para uso de métodos anticoncepcionais no pós-parto deve 
considerar se vai ser ou não ser estabelecida a amamentação exclusiva com 
leite materno, pois alguns métodos anticoncepcionais interferem na 
amamentação. 
A mulher disposta a realizar amamentação exclusiva pode optar pelo LAM 
(método da lactação e amenorréia) isoladamente como método 
anticoncepcional, ou pela associação do LAM com algum outro método 
anticoncepcional que não interfira na amamentação. 
O método da lactação e amenorreia (LAM) impõe três condições. Todas as três devem ser cumpridas: 
 Que a menstruação da mãe não tenha retornado. 
 Que o bebê esteja sendo alimentado no peito de forma integral e que seja amamentado com 
frequência, dia e noite. 
 Que o bebê tenha menos de seis meses de idade. 
Dessa forma, para orientar o uso de métodos anticoncepcionais no pós-parto, deve-se considerar: 
 Estimular sempre o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais, 
por ser o único método que protege contra as DST/HIV/ Aids. A camisinha pode ser usada 
associada a outro método anticoncepcional – dupla proteção ou isoladamente. Enfatizar a dupla 
proteção. 
 A minipílula, que contém apenas progestogênio, em baixa dosagem, pode ser utilizada pela 
mulher que está amamentando. O seu uso deve ser iniciado após seis semanas do parto. Há 
preocupações teóricas sobre a exposição do neonato a hormônios esteroidais nas primeiras seis 
semanas de vida. 
 O injetável trimestral pode ser utilizado pela mulher que está amamentando. O seu uso deve 
ser iniciado após seis semanas do parto. Há preocupações teóricas sobre a exposição do neonato 
a hormônios esteroidais nas primeiras seis semanas de vida. 
 Os anticoncepcionais hormonais combinados, que contêm estrogênio e progesterona 
(pílulas combinadas e injetável mensal), não devem ser usados em lactantes, pois interferem 
na qualidade e na quantidade do leite materno e podem afetar adversamente a saúde do 
bebê. 
 O DIU é um bom método para ser utilizado pela mulher que está amamentando. Pode ser 
inserido imediatamente após o parto, ou a partir de quatro semanas pós-parto, sem que seja 
necessário esperar pelo retorno da menstruação. O DIU está contraindicado para os casos que 
cursaram com infecção puerperal, até três meses após a cura, e para mulheres com risco 
aumentado para DST/HIV. 
 O diafragma é um bom método para mulheres motivadas a usá-lo e bem orientadas, mas 
é preciso repetir a medida do diafragma após cada parto. 
 Os métodos comportamentais (tabela, muco cervical, temperatura basal, entre outros) só 
poderão ser usados após o estabelecimento de ciclos menstruais regulares. 
 Com relação à laqueadura tubária, a legislação federal não permite a esterilização 
cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto 
ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Essa restrição visa à redução da incidência de cesárea para procedimento de laqueadura, 
levando-se em consideração que o parto cesariano, sem indicação clínica, constitui-se em risco 
inaceitável à saúde da mulher e do recém-nascido. 
Vacinação para mulheres (Ministério da Saúde) 
 Mulheres grávidas e mulheres entre 12 e 49 anos: difteria e tétano (dupla adulto-dT); 
 Mulheres, de12 e 49 anos, que não estejam grávidas: vacina contra sarampo e rubéola (dupla 
viral-SR); 
 Mulheres em regiões endêmicas (onde há casos da doença em humanos) e em regiões onde 
há circulação do vírus entre animais (macacos): vacina contra a febre amarela. 
Violência contra a mulher 
Mulheres em situação de violência são usuários assíduas dos serviços de 
saúde. Em geral, são tidos como "poliqueixosas", por suas queixas vagas e 
crônicas, com resultados normais em investigações e exames realizados. 
As manifestações clínicas da violência podem ser agudas ou crônicas, físicas, 
mentais ou sociais. Lesões físicas agudas (inflamações, contusões, 
hematomas em várias partes do corpo), em geral, são consequência de 
agressões causadas por uso de armas, socos, ponta�pés, tentativas de estrangulamento, queimaduras, 
sacudidelas. Em alguns casos, podem provocar fraturas dos ossos da face, costelas, mãos, braços e 
pernas. 
Nas agressões sexuais, podem ser observadas lesões das mucosas oral, anal e vaginal. A gravidade das 
lesões depende do grau de penetração e do objeto utilizado na agressão. As lesões das mucosas 
envolvem inflamação, irritação, arranhões e edema, podendo ocorrer inclusive perfuração ou ruptura. 
Doenças sexualmente transmissíveis (IST/AIDS), infecções urinárias, vaginais e gravidez são 
consequências que podem se manifestar posteriormente. 
Alterações psicológicas podem ser decorrentes do trauma, entre eles o estado de choque que ocorre 
imediatamente à agressão, podendo durar várias horas ou dias. Outro sintoma frequente é a crise de 
pânico, que pode repetir-se por longos períodos. Podem ainda surgir ansiedade, medo e confusão, 
fobias, insônia, pesadelos, auto reprovação, sentimentos de inferioridade, fracasso, insegurança ou 
culpa, baixa autoestima, comportamento autodestrutivo - como uso de álcool e drogas -, depressão, 
tentativas de suicídio e sua consumação. 
Diagnóstico: 
Com frequência as mulheres procuram ajuda nos serviços de saúde em decorrência de palpitações, 
ansiedade, nervosismo, insônia ou perturbações digestivas vagas que podem ser sintomas decorrentes 
da tensão e da violência em seu cotidiano. 
Antes de medicá-las, os profissionais de saúde devem sempre procurar conhecer sua história de vida, 
pois o tratamento meramente sintomático manterá oculto o problema. A maioria das mulheres, se 
perguntadas abertamente,discutirá as situações de violência que vivenciam. Mesmo que num primeiro 
momento elas neguem por não "estarem preparadas para lidar com o problema, o questionamento pelo 
Ana Clara Silva Freitas 
 
profissional de saúde, de maneira cuida�dosa, facilita o início de um diálogo e a possibilidade de um 
canal de ajuda. 
Abordagem terapêutica: 
É importante orientar as pacientes sobre a natureza e o curso da violência doméstica, fornecendo 
informações sobre os recursos existentes na comunidade, grupos de autoajuda e como prevenir novos 
episódios. 
O acompanhamento psicológico, realizado por profissional da equipe de atenção pri�mária ou de saúde 
mental, é útil para uma mudança nos padrões do relacionamento, em intervenções de longo prazo. Os 
profissionais devem identificar pacientes com alto risco de tomarem-se abusadores no futuro, os quais 
devem ser encaminhados a serviços de saúde mental para melhor lidar com situações de estresse e 
buscar alternativas não - violentas na resolução de conflitos. 
A abordagem precisa seguir 12 passos, são eles: 
1. Desenvolver uma atitude que possibilite à mulher sentir-se acolhida e apoiada. 
2. Ajudar a mulher a estabelecer um vínculo de confiança individual e institucional para avaliar o 
histórico de violência, riscos, motivação para romper a relação, limites e possibilidades pessoais, bem 
como seus recursos sociais e familiares. 
3. Conversar com a mulher sobre as diferentes opções para lidar com o problema que ela está 
vivenciando, garantindo-lhe o direito de escolha, fortalecendo sua autoestima e autonomia. 
4. Estabelecer passos graduais, concretos e realistas, construindo um mapa dos recursos, alternativas e 
ações, com vistas a implementar a metodologia a seguir. 
5. Apoiar a mulher que deseja fazer o registro policial do fato e informa-Ia sobre o significado do exame 
de corpo de delito, ressaltando a importância de tomar visível a situação de violência. 
 6. Sugerir encaminhamento aos órgãos competentes: Delegacia Policial, de preferência Delegacia de 
Proteção à Mulher e Instituto ou Departamento Médico-Legal. Orientar a mulher quanto ao seu direito 
e importância de guardar uma cópia do Boletim de Ocorrência. 
7. Estimular a construção de vínculos com diversas fonte de assistência, acompanhamento e proteção, 
reforçando a sistemática de atuação de uma rede de apoio. 
8. Caso necessário, encaminhar ao atendimento clínico na própria unidade ou para serviço de 
referência, conforme a gravidade e especificidade de danos e lesões. 9. Conforme a motivação da mulher 
para dar andamento ao processo de separação, encaminhá-Ia aos serviços jurídicos - Defensoria 
Pública, Fórum local ou ONGs de apoio jurídico. 
10. Sugerir encaminhamento para atendimento de casal ou família, no caso da continuidade da relação, 
ou quando houver filhos e portanto a necessidade de preservar os vínculos parentais. 
11. Sugerir encaminhamento para atendimento psicológico individual, de acordo com a avaliação do 
caso. 
12. Manter visitas domiciliares periódicas, para fins de acompanhamento do caso. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Políticas de saúde de relevância para o controle do câncer do 
colo do útero e da mama 
A Política Nacional de Promoção à Saúde (BRASIL, 2010b) tem entre seus objetivos promover a 
qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes 
e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, 
acesso a bens e serviços essenciais. Além disso, visa ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de 
sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde, e minimizar e/ou 
extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de 
orientação/opção sexual, entre outras). 
Os objetivos do plano são: promover o desenvolvimento e a implantação de políticas públicas efetivas, 
integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus 
fatores de risco; e fortalecer os serviços de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças 
crônicas. Entre as metas nacionais propostas estão: 
 Aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos. 
 Ampliar a cobertura de exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos. 
 Tratar 100% das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer. E as principais 
ações para o enfrentamento dos cânceres do colo do útero e da mama são: 
 Aperfeiçoamento do rastreamento dos cânceres do colo do útero e da mama. 
 Universalização desses exames a todas as mulheres, independentemente de renda, raça- -cor, 
reduzindo desigualdades, e garantia de 100% de acesso ao tratamento de lesões precursoras de 
câncer. 
Linha de cuidado no câncer: 
Consulta com generalistaConsulta especializadaDiagnóstico Tratamento Cuidados paliativos. 
Atenção básica: As ações da Atenção Básica são diversas no controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 
Vão desde cadastro e identificação da população prioritária e prevenção ao acompanhamento das usuárias em 
cuidados paliativos. 
Atenção secundária: Os serviços de atenção secundária são compostos por unidades ambulatoriais, que 
podem ou não estar localizadas na estrutura de um hospital; e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, 
responsáveis pela oferta de consultas e exames especializados. 
Atenção terciária: A atenção terciária é composta por serviços de apoio diagnóstico e terapêutico hospitalares. 
Com a atenção especializada ela constitui referência para a Atenção Básica dentro da lógica de hierarquização e 
regionalização do SUS. 
 
 
 
 
 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Câncer do colo de útero 
O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do 
epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente 
(estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou a distância. 
Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, 
dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, 
tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 
80% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio 
glandular. 
Epidemiologia: 
Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o terceiro 
tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 274 mil mulheres por 
ano. 
Na análise regional no Brasil, o câncer do colo do útero destaca-se como o primeiro mais incidente na 
Região Norte, com 24 casos por 100 mil mulheres. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupa a 
segunda posição, com taxas de 28/100 mil e 18/100 mil, respectivamente, é o terceiro mais incidente 
na Região Sudeste (15/100 mil) e o quarto mais incidente na Região Sul (14/100 mil). 
História natural da doença: 
A presença do HPV na quase totalidade dos casos desse câncer e as altas medidas de associação 
demonstradas implicam na maior atribuição de causa específica já relatada para um câncer em 
humanos. Dessa forma está determinado que a infecção pelo HPV é causa necessária para o 
desenvolvimento do câncer do colo do útero. 
Aproximadamente 100 tipos de HPVs foram identificados e tiveram seu genoma mapeado, 40 tipos 
podem infectar o trato genital inferior e 12 a 18 tipos são considerados oncogênicos para o colo uterino. 
Entre os HPVs de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de 
câncer do colo do útero. 
OBS: A dedução é que a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para o 
desenvolvimento do câncer do colo do útero. 
Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga viral, infecção única ou 
múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem 
influenciar os mecanismos ainda incertos que determinama regressão ou a persistência da infecção e 
também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade também interfere nesse processo, 
sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride 
espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente (IARC, 2007). O 
tabagismo aumenta o risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero, 
proporcionalmente ao número de cigarros fumados por dia e ao início em idade precoce. 
Manifestações clínicas: 
A infeccão pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com lesões subclínicas 
(inaparentes) visíveis apenas após aplicação de reagentes, como o ácido acético e a solução de Lugol, e 
por meio de técnicas de magnificação (colposcopia). 
Ana Clara Silva Freitas 
 
As lesões clínicas podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável, planas ou 
exofíticas, sendo também conhecidas como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. As 
localizações mais frequentes são a vulva, o períneo, a região perianal, a vagina e o colo do útero. Menos 
comumente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntiva, mucosa nasal, oral e 
laríngea. Dependendo do tamanho e localização anatômica, as lesões podem ser dolorosas, friáveis e/ou 
pruriginosas. 
Lesões precursoras: As lesões precursoras do câncer do colo do útero são assintomáticas, podendo 
ser detectadas por meio da realização periódica do exame citopatológico e confirmadas pela 
colposcopia e exame histopatológico. 
Câncer do colo do útero: No estágio invasor da doença os principais sintomas são sangramento vaginal 
(espontâneo, após o coito ou esforço), leucorreia e dor pélvica, que podem estar associados com queixas 
urinárias ou intestinais nos casos mais avançados. Ao exame especular podem ser evidenciados 
sangramento, tumoração, ulceração e necrose no colo do útero. O toque vaginal pode mostrar alterações 
na forma, tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero e estruturas subjacentes. 
Prevenção: 
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio 
pelo HPV. 
O uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do 
contágio pelo HPV, que também pode ocorrer por intermédio do contato com a pele da vulva, a região 
perineal, a perianal e a bolsa escrotal. 
Atualmente há duas vacinas aprovadas e comercialmente disponíveis no Brasil: a bivalente, que 
protege contra os tipos oncogênicos 16 e 18, e a quadrivalente, que protege contra os tipos não 
oncogênicos 6 e 11 e os tipos oncogênicos 16 e 18. 
Rastreamento: 
 O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame 
citopatológico. O intervalo entre os exames deve ser de três anos, após dois exames negativos, com 
intervalo anual. 
 O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual. 
 Os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres 
tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. 
 Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame citopatológico, deve-se realizar 
dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos forem negativos, essas mulheres podem ser 
dispensadas de exames adicionais. 
Exame citopatológico: 
Como o exame é realizado: 
 Para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido 
popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato); 
 O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero; 
 A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do 
útero com uma espátula de Ayre e uma escova endocervical; 
Ana Clara Silva Freitas 
 
 As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em 
citopatologia. Após a coleta, utiliza-se nas lâminas uma solução fixadora de 96% ou um spray de 
polietilenoglicol. 
 Amostra insatisfatória para a avaliação: 
É considerada insatisfatória a amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expostas abaixo, 
algumas de natureza técnica e outras de amostragem celular, podendo ser assim classificada: 
1. Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço). 
2. Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por presença de: sangue, piócitos, artefatos de 
dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular. 
 Amostra satisfatória para avaliação: 
Designa amostra que apresente células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e 
coradas, de tal modo que sua observação permita uma conclusão diagnóstica. 
Células presentes na amostra: 
Podem estar presentes células representativas dos epitélios do colo do útero: 
• Células escamosas. 
• Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial). 
• Células metaplásicas. 
 Em gestantes: Gestantes têm o mesmo risco que não gestantes de apresentarem câncer do colo do 
útero ou seus precursores. O achado destas lesões durante o ciclo grávido puerperal reflete a 
oportunidade do rastreio durante o pré-natal. Apesar de a junção escamocolunar no ciclo 
gravidicopurperal encontrar-se exteriorizada na ectocérvice na maioria das vezes, o que dispensaria 
a coleta endocervical, a coleta de espécime endocervical não parece aumentar o risco sobre a 
gestação quando utilizada uma técnica adequada. 
Resultado normal: 
 Dentro dos limites da normalidade no material examinado; 
Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. 
Alterações celulares benignas: 
 Inflamação sem identificação de agente: Caracterizada pela presença de alterações celulares 
epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes físicos, os quais podem ser radioativos, 
mecânicos ou térmicos e químicos. 
o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico, independentemente do 
exame ginecológico (B). Havendo queixa clínica de leucorreia, a paciente deverá ser 
encaminhada para exame ginecológico. O tratamento deve seguir recomendação 
específica. 
 Metaplasia escamosa imatura: A palavra “imatura”, em metaplasia escamosa, foi incluída na 
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos buscando caracterizar que esta 
apresentação é considerada como do tipo reparativa. 
o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. 
 Reparação: Decorre de lesões da mucosa com exposição do estroma e pode ser originado por 
quaisquer dos agentes que determinam inflamação. É, geralmente, a fase final do processo 
inflamatório. 
o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico 
Ana Clara Silva Freitas 
 
 Atrofia com inflamação: Na ausência de atipias, é um achado normal do período climatérico e 
somente demanda atenção ginecológica caso esteja associado a sintomas como secura vaginal e 
dispareunia. 
o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. Na eventualidade do laudo 
do exame citopatológico, mencionar dificuldade diagnóstica decorrente da atrofia, deve 
ser prescrito um preparo estrogênico 
 Achados microbiológicos: Lactobacillussp; Cocos e outros bacilos. 
o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. A paciente com 
sintomatologia, como corrimento, prurido ou odor genital, deve ser encaminhada para 
avaliação ginecológica 
Resultados anormais: 
Pode-se dizer que as atipias de significado indeterminado não representam uma entidade biológica, 
mas sim uma mistura de diagnósticos diferenciais e dificuldades diagnósticas, não sendo consideradas 
anormalidades e sim ambiguidades citopatológicas, nas quais as alterações celulares são maiores que 
reacionais sugestivas de lesão intraepitelial, porém não quantitativa nem qualitativamente suficientes 
para o diagnóstico definitivo. Consequentemente, impõe-se a necessidade de definiçãodiagnóstica 
posterior ou imediata, na dependência da gravidade da suspeita. 
Já o diagnóstico citopatológico compatível com LSIL representa a manifestação citológica da infecção 
pelo HPV, altamente prevalente e com potencial de regressão espontânea muito frequente, 
especialmente em mulheres com menos de 30 anos. A compreensão da história natural da infecção pelo 
HPV embasa o adiamento da investigação com a repetição da citologia, evitando também o aumento de 
custos físicos, psíquicos e econômicos. 
Em contrapartida, as HSIL e o adenocarcinoma in situ são considerados as lesões verdadeiramente 
precursoras do câncer do colo do útero, caso não detectadas e tratadas. É imprescindível orientar as 
mulheres quanto à necessidade da investigação e, eventualmente, do tratamento. Porém deve-se 
enfatizar que essas lesões podem demorar muitos anos para progredir para câncer e que são totalmente 
curáveis na maioria das vezes. 
Câncer de mama 
O câncer de mama, assim como outras neoplasias malignas, resulta 
de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem 
em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou 
adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Tais 
alterações genéticas podem provocar mudanças no crescimento 
celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do 
tumor. 
O processo de carcinogênese é, em geral, lento, podendo levar vários anos para que uma célula 
prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo apresenta os seguintes estágios: iniciação, 
fase em que os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; promoção, fase em que os agentes 
oncopromotores atuam na célula já alterada; e progressão, caracterizada pela multiplicação 
descontrolada e irreversível da célula. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
As lesões precursoras do carcinoma mamário como a hiperplasia ductal atípica, a neoplasia lobular e 
carcinoma ductal in situ apresentam alterações genéticas comuns aos carcinomas. Nem todas as lesões 
proliferativas epiteliais são precursoras, como as hiperplasias usuais, por exemplo. Entretanto lesões 
não proliferativas como as alterações colunares, são, de fato, precursoras do câncer. 
O carcinoma ductal in situ é uma proliferação epitelial neoplásica intraductal que respeita a barreira da 
membrana basal. São classificados de baixo e alto grau, considerando o volume nuclear, a distribuição 
da cromatina e as características dos nucléolos. Tal classificação representa o grau de agressividade da 
lesão. 
A Doença de Paget, um tumor raro que representa 0,5% a 4% das patologias malignas da mama, 
provoca prurido no complexo areolopapilar e apresenta-se inicialmente como um eritema e 
espessamento cutâneo, evoluindo para uma erosão cutânea eczematoide ou exudativa . Noventa 
e sete por cento das pacientes portadoras dessa patologia apresentam um carcinoma subjacente. Nos 
casos subclínicos, o diagnóstico é feito por meio de exame histopatológico do complexo areolopapilar. 
O carcinoma invasivo da mama constitui um grupo de tumores epiteliais malignos que transpassam 
a membrana basal da unidade ductotubular terminal, invade o estroma e tem potencial para produzir 
metástases. O carcinoma ductal infiltrante é o tipo mais prevalente, com vários subtipos 
histopatológicos, alguns particularmente relacionados a um melhor prognóstico como os medulares, os 
mucinosos e os tubulares. 
Epidemiologia: 
No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama também é o mais incidente 
em mulheres de todas as regiões, exceto na Região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a 
primeira posição. Para o ano de 2011, foram estimados 49.240 casos novos, que representam uma taxa 
de incidência de 49 casos por 100 mil mulheres. 
História natural: 
A história natural do câncer de mama pode ser dividida em fase pré-clínica, que compreende o intervalo 
de tempo entre o surgimento da primeira célula maligna e o desenvolvimento do tumor até atingir 
condições de ser diagnosticado clinicamente, e fase clínica, que inicia a partir deste momento. 
Fatores de risco: 
 Idade (cerca de 70–
80% dos tumores 
diagnosticados a 
partir dos 50 anos de 
idade); 
 Menarca precoce; 
 Menopausa tardia; 
 Primeira gravidez 
após os 30 anos; 
 Nuliparidade; 
 Exposição à radiação; 
 Terapia de reposição 
hormonal; 
 Obesidade; 
 Ingestão regular de 
álcool; 
 Sedentarismo; 
 História familiar. 
Manifestações clínicas: 
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, geralmente indolor, duro 
e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. 
Outros sinais de câncer de mama incluem: saída de secreção pelo mamilo – especialmente quando é 
unilateral e espontânea –, coloração avermelhada da pele da mama, edema cutâneo semelhante à 
casca de laranja, retração cutânea, dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do 
mamilo. A secreção papilar associada ao câncer geralmente é transparente, podendo também ser 
Ana Clara Silva Freitas 
 
rosada ou avermelhada devido à presença de hemácias. Não deve ser confundido com as descargas 
fisiológicas ou associado a processos benignos, que costumam ser bilaterais, turvas, algumas vezes 
amareladas ou esverdeadas, e se exteriorizam na maioria das vezes mediante manobras de compressão 
do mamilo. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. 
Rastreamento: 
A mamografia é o único exame utilizado para rastreamento, com capacidade de detectar lesões não 
palpáveis e causar impacto na mortalidade por câncer de mama, sendo por isso o exame de imagem 
recomendado para o rastreamento do câncer de mama no Brasil. 
A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização de mamografia a cada dois anos e 
do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária a cada dois anos é a rotina 
adotada em quase todos os países que implantaram rastreamento organizado do câncer de mama 
OBS: A relação risco-benefício do rastreamento populacional, em mulheres na faixa etária de 40 a 49 
anos, é pouco favorável. 
Exame clínico das mamas: 
O ECM deve incluir a inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação das mamas e das cadeias 
ganglionares axilares e supraclaviculares. 
A inspeção estática tem o objetivo de identificar visualmente sinais sugestivos de câncer, tais como 
alterações no contorno da mama, ulcerações cutâneas ou do complexo areolopapilar. É importante o 
examinador comparar as mamas observando possíveis assimetrias, diferenças na cor da pele, textura, 
e padrão de circulação venosa. Nesta etapa, a mulher pode se manter sentada com os braços pendentes 
ao lado do corpo ou com os braços levantados sobre a cabeça. 
Para realizar a inspeção dinâmica, o examinador deve solicitar que a mulher eleve e abaixe os braços 
lentamente, e realize contração da musculatura peitoral, comprimindo as palmas das mãos uma contra 
a outra adiante do tórax, ou comprimindo o quadril com as mãos colocadas uma de cada lado. 
A palpação consiste em examinar todas as áreas do tecido mamário e linfonodos. Para palpar as cadeias 
ganglionares axilares a paciente deverá estar sentada, o braço homolateral relaxado e o antebraço 
repousando sobre o antebraço homolateral do examinador. A palpação das cadeias ganglionares 
supraclaviculares deve ser realizada com a paciente sentada, mantendo a cabeça semifletida e com leve 
inclinação lateral. 
Saúde do idoso 
Políticas públicas de relevância para a saúde do idoso 
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria 
GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, define que a atenção à saúde 
dessa população terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde 
da Família, tendo como referência a rede de serviços especializada 
de média e alta complexidade. 
A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela 
Portaria GM nº 648 de 28 de março de 2006, caracteriza-se pordesenvolver um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e 
coletivo, que abrangem a promoção e a proteção à saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o 
Ana Clara Silva Freitas 
 
tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas 
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas à 
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, 
considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias 
de elevada complexidade (conhecimento) e baixa densidade (equipamentos), que devem resolver os 
problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos 
usuários com os sistemas de saúde. 
Acolhimento a pessoa idosa 
Para a efetivação do Acolhimento da pessoa idosa, os profissionais de saúde devem compreender as 
especificidades dessa população e a própria legislação brasileira vigente. Para isso, devem: 
• Estar preparados para lidar com as questões do processo de envelhecimento, particularmente no que 
concerne à dimensão subjetiva da pessoa idosa; 
• Romper com a fragmentação do processo de trabalho e interação precária nas equipe 
multiprofissionais, pois, é preciso reconhecer que a complementaridade interdisciplinar e a integração 
entre a rede básica e o sistema de referências; 
• Facilitar o acesso dos idosos aos diversos níveis de complexidade da atenção; 
• Investir na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à saúde da pessoa idosa. 
No Acolhimento à pessoa idosa os profissionais de saúde devem estar atentos, entre outros aspectos, 
para: 
• O estabelecimento de uma relação respeitosa, considerando que, com a experiência de toda uma vida, 
as pessoas se tornam em geral mais sábias, desenvolvem maior senso de dignidade e prudência e 
esperam ser reconhecidas por isso; 
• Partir do pressuposto de que o idoso é capaz de compreender as perguntas que lhe são feitas ou as 
orientações que lhe são fornecidas, nunca se dirigindo primeiramente a seu acompanhante; 
• Chamar a pessoa idosa por seu nome e manter contato visual, preferencialmente, de frente e em local 
iluminado, considerando um possível declínio visual ou auditivo; 
• A utilização de uma linguagem clara, evitando-se a adoção de termos técnicos que podem não ser 
compreendidos. 
 As equipes de saúde na Atenção Básica, em especial quando organizadas pela Saúde da Família, 
dispõem de importantes ferramentas para garantia de uma atenção humanizada. 
É importante destacar que todo o trabalho da equipe de Atenção Básica/Saúde da Família deve buscar 
sempre o máximo da autonomia dos usuários frente as suas necessidades, propiciando condições 
para melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. 
Ainda, no acolhimento, a comunicação é fundamental. O idoso tem uma diminuição das capacidades 
sensório-perceptivas, com isso, é preciso evitar ambientes barulhentos; evitar gritar e falar baixo 
demais e, principalmente fazer uso de uma linguagem clara e simples para facilitar a compreensão. 
Promoção de alimentação saudável e da atividade física: 
Os profissionais da Atenção Básica/Saúde da família devem dar orientações gerais relacionadas à 
alimentação da pessoa idosa, em especial nas situações de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, 
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obesidade e hipercolesterolemia. Caso sejam necessárias orientações nutricionais específicas, as 
equipes do município que possuem nutricionista na Atenção Básica devem desenvolver um 
planejamento da ação conjunta. Se o município está organizado de forma a ter o nutricionista apenas 
na atenção especializada, deve, quando necessário, ser garantido ao usuário o atendimento nesse nível 
de atenção. 
O exercício físico proporciona benefícios biológicos, psicológicos e sociais. Desse modo, cabe ao 
profissional de saúde instruir e orientar a realização da prática de atividade física. 
Avaliação global da pessoa idosa na atenção básica 
Deve-se fazer uma ampla avaliação dos antecedentes diagnósticos, com ênfase nas doenças crônicas 
que mantêm-se ativas. Dada sua prevalência, devem ser sempre investigadas sistematicamente, para 
serem descartadas: 
1. afecções cardiovasculares, em especial doença hipertensiva; 
2. diabetes e suas complicações; 
3. déficits sensoriais (auditivo e visual); 
4. afecções osteoarticulares; 
5. déficits cognitivos. 
Especial atenção deve ser dada na prevenção de iatrogenias assistenciais relacionadas ao uso de 
polifármacos. Os medicamentos em uso pela pessoa idosa, tanto os prescritos por profissional de saúde 
quanto os adquiridos pelo próprio idoso, sem prescrição, devem ser investigados. Solicitar à pessoa 
idosa que, quando for à próxima consulta, traga consigo todos os medicamentos que costuma utilizar 
frequente e ocasionalmente. Com essa medida simples é possível detectar o uso de automedicação, a 
utilização de posologia incorreta e a utilização de mais de um medicamento para o mesmo objetivo, às 
vezes prescrito por profissionais diferentes. O registro das medicações mais frequentemente utilizadas 
na Caderneta do Idoso contribui para evitar a ocorrência de iatrogenias associadas à polifarmácia. 
Verificar sempre a circulação periférica, devido à alta prevalência da insuficiência venosa, causa comum 
de edema em membros inferiores (MMII). A presença de doença arterial periférica é um marcador de 
aterosclerose com maior risco de lesões coronarianas e cerebrais. 
Alimentação e nutrição: 
A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos. É um método simples, rápido, 
de baixo custo e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e incapacidade funcional, podendo 
ser usada como triagem inicial, tanto para diagnóstico quanto para o monitoramento de doenças. 
Nos procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de idosos, o Sistema de 
Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), utilizará como critério prioritário a classificação do Índice 
de Massa Corporal (IMC), recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), considerando os 
pontos de corte diferentes daqueles utilizados para adultos. 
Acuidade visual: 
O processo natural de envelhecimento associa-se à uma redução da acuidade visual devido às alterações 
fisiológicas das lentes oculares, déficit de campo visual e doenças de retina. Cerca de 90% das pessoas 
idosas necessitam do uso de lentes corretivas para enxergar adequadamente. Ao avaliar essa função, 
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pergunte à pessoa idosa se ela sente dificuldade ao ler, assistir televisão, dirigir ou para executar 
qualquer outra atividade da vida cotidiana. 
Acuidade auditiva: 
Cerca de um terço das pessoas idosas referem algum grau de declínio na acuidade auditiva. A 
presbiacusia - perda progressiva da capacidade de diferenciar os sons de alta frequência – é uma das 
causa mais comuns relacionadas a essa queixa. Muitas vezes, o idoso pode não perceber essa perda e, 
por essa razão, não referi-la. 
Incontinência Urinária: 
A presença de incontinência urinária deve ser avaliada, pois, cerca de 30% das pessoas idosas não 
institucionalizadas costumam apresentá-la e nem sempre a referem na avaliação clínica ou por 
vergonha ou por acharem ser isso normal no processo de envelhecimento. A frequência e a importância 
do evento estão associadas às repercussões emocionais e sociais. Muitas das causas são reversíveis - 
delírio, restrição de mobilidade, retenção urinária, infecção e efeito medicamentoso - e devem ser 
investigadas. Perguntar diretamente se a pessoa idosa perdeu urina recentemente ou sentiu-se 
molhada é uma forma rápida de verificar o problema. Se a resposta for afirmativa, investigue possíveis 
causas. 
Sexualidade: 
A sexualidade da pessoa idosa também deve integrar a avaliação da mesma.Estudos mostram que 74% 
dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os 60 anos. A identificação de 
disfunção nessa área pode ser indicativa de problemas psicológicos, fisiológicos ou ambos. Muitas das 
alterações sexuais que ocorrem com o avançar da idade podem ser resolvidas com orientação e 
educação. 
As mulheres após a menopausa, principalmente, após os 60 anos, normalmente apresentam algum 
desconforto nas relações sexuais com penetração vaginal, devido às condições de hipoestrogenismo e, 
consequentemente, hipotrofia dos tecidos genitais. A utilização de um creme vaginal à base de estriol, 
2ml, uma a duas vezes por semana, permite uma manutenção do trofismo do epitélio (mucosa), 
favorecendo uma melhoria nas condições genitais para o exercício pleno da sexualidade. 
Avaliação cognitiva: 
A avaliação cognitiva deve fazer parte da avaliação clínica, pois, auxilia na identificação das principais 
alterações na saúde mental das pessoas idosas. O desempenho físico e social do idoso depende da 
integridade de suas funções cognitivas. A perda de memória recente e a habilidade de cálculo são 
indicadores sensíveis de redução dessas funções. A avaliação da perda de memória recente é 
considerada como mais adequada, dado que a escolaridade pode influenciar na avaliação da habilidade 
de cálculo. 
O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é uma das escalas mais comuns para avaliar o estado 
cognitivo, por sua rapidez e facilidade de aplicação. Como complementação dessa avaliação, pode-se 
utilizar o Desenho do Relógio, o Teste de Fluência Verbal por Categorias Semânticas e o Quesionário 
Pfeffer. 
Depressão: 
No Brasil, a prevalência de depressão entre as pessoas idosas varia de 4,7% a 36,8%, dependendo 
fundamentalmente do instrumento utilizado, dos pontos de corte e da gravidade dos sintomas. É um 
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dos transtornos psiquiátricos mais comuns entre as pessoas idosas e sua presença necessita ser 
avaliada. As mulheres apresentam prevalências maiores que os homens na proporção de 2:1. Pessoas 
idosas doentes ou institucionalizadas também apresentam prevalências maiores. 
A depressão leve representa a presença de sintomas depressivos frequentemente associados com alto 
risco de desenvolvimento de depressão maior, doença física, maior procura pelos serviços de saúde e 
maior consumo de medicamentos. É essencial que seja feita a diferença entre tristeza e depressão, uma 
vez que os sintomas depressivos podem ser mais comuns nessa faixa etária ocorrendo, com frequência, 
no contexto de desordens médicas e neurológicas. 
A presença de depressão entre as pessoas idosas tem impacto negativo em sua vida. Quanto mais grave 
o quadro inicial, aliado à não existência de tratamento adequado, pior o prognóstico. As pessoas idosas 
com depressão tendem a apresentar maior comprometimento físico, social e funcional afetando 
sua qualidade de vida. 
Mobilidade: 
A grande propensão da pessoa idosa à instabilidade postural e à alteração da marcha aumenta o risco 
de quedas e, por essa razão, equilíbrio e marcha devem ser sempre avaliados. As alterações na 
mobilidade e quedas podem ocorrer por disfunções motoras, de sensopercepção, equilíbrio ou déficit 
cognitivo. 
A dinâmica do aparelho locomotor sofre alterações com uma redução na amplitude dos movimentos, 
tendendo a modificar a marcha, passos mais curtos e mais lentos com tendência a arrastar os pés. A 
amplitude de movimentos dos braços também diminui, tendendo a ficar mais próxima do corpo. A base 
de sustentação se amplia e o centro de gravidade corporal tende a se adiantar, em busca de maior 
equilíbrio. A Escala de Tinneti, que no Brasil é conhecida como POMA-Brasil, mostra-se útil para o 
desenvolvimento dessa avaliação. 
Quedas: 
Quedas representam um sério problema para as pessoas idosas e estão associadas à elevados índices 
de morbimortalidade, redução da capacidade funcional e institucionalização precoce. O profissional 
deve questionar a ocorrência e frequência de quedas, registrando na Caderneta de Saúde da Pessoa 
Idosa. Essas informações possibilitam a identificação do risco. 
O ambiente residencial pode aumentar o risco de quedas e deve ser incluído na programação de 
avaliação da pessoa idosa. Presença de escadas, ausência de diferenciação de degraus e corrimãos, 
iluminação inadequada, tapetes soltos, obstáculos (fios elétricos, pisos mal conservados etc) no local de 
circulação, são alguns dos riscos comuns observados. 
Avaliação funcional: 
A avaliação funcional, preconizada pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, é fundamental e 
determinará não só o comprometimento funcional da pessoa idosa, mas sua necessidade de auxílio. 
Pode ser compreendida como uma tentativa sistematizada de avaliar de forma objetiva os níveis no 
qual uma pessoa está funcionando numa variedade de áreas utilizando diferentes habilidades. 
Representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de desempenhar as atividades 
necessárias para cuidar de si mesma. Caso não seja capaz, verificar se essa necessidade de ajuda é 
parcial, em maior ou menor grau, ou total. Usualmente, utiliza-se a avaliação no desempenho das 
atividades cotidianas ou atividades de vida diária. 
Atividades de Vida Diária (AVD): 
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• Alimentar-se • Banhar-se • Vestir-se • Mobilizar-se • Deambular • Ir ao banheiro • Manter controle 
sobre suas necessidades fisiológicas 
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD): 
• Utilizar meios de transporte • Manipular medicamentos • Realizar compras • Realizar tarefas 
domésticas leves e pesadas • Utilizar o telefone • Preparar refeições • Cuidar das próprias finanças. 
OBS: No contexto da independência existem 3 termos que devem ser discutidos: 
Autonomia – pode ser definida como auto-governo e se expressa na liberdade para agir e para tomar 
decisões. 
Independência – significa ser capaz de realizar as atividades sem ajuda de outra pessoa. 
Dependência – significa não ser capaz de realizar as atividades cotidianas sem a ajuda de outra pessoa. 
Vacinação 
A situação vacinal da pessoa idosa também deve ser inquirida de forma sistemática. Recomenda-se uma 
dose anual da vacina contra influenza no outono. Idosos com mais de 60 anos devem também 
receber ao menos uma dose de vacina anti-pneumocócica durante a vida e idosos que vivem em 
instituições fechadas, devido ao maior risco de contrair pneumonia. Os idosos institucionalizados 
e não vacinados deverão receber uma dose da vacina e outra após cinco anos da primeira, caso a 
indicação persista. 
A vacina dupla adulto (dT – contra difteria e tétano) deve ser administrada a cada dez anos 
podendo ser reforçada em cinco anos no caso de ferimentos considerados “sujos”. 
O registro da vacinação deve ser feito na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, facilitando o acompanhamento da 
realização da mesma. 
Suporte Familiar e Social 
A função das Equipes Saúde da Família é auxiliar os membros familiares a renegociarem seus papéis e 
funções de maneira a constituírem um Sistema Familiar mais harmônico e funcional. Lembrando que como 
um sistema, ele sempre tenderá a um novo equilíbrio. 
As entrevistas com as famílias são fontes muito ricas em informações e propiciam uma maior interação entre 
os envolvidos. Há necessidade de uma instrumentalização sistematizada que auxilie os profissionais de 
saúde, em especial na Atenção Básica, a direcionarem seu olhar para além dos indivíduos, buscando 
compreender a funcionalidade familiar como um componente essencial do planejamento assistencial para 
o alcance do sucesso terapêutico. 
Com o objetivo de dimensionar a funcionalidade das famílias, alguns profissionais vêm desenvolvendo 
instrumentos com a proposta de avaliar a dinâmica de funcionamento de uma família para, a partir desse 
dado, intervir de maneira a auxiliar o restabelecimento do equilíbrio dessa unidade de relações,quando uma 
disfunção for detectada. Serão aqui apresentados três instrumentos que, pela praticidade de uso e objetivos, 
são mais adequados na Atenção Básica. São eles: o APGAR de Família, o Genograma e o Ecomapa. 
Avaliação do estresse do cuidador: 
Cuidador é a pessoa, da família ou não, que presta cuidados à pessoa idosa que apresenta dependência (em 
maior ou menor grau). Suas tarefas envolvem o acompanhamento nas atividades diárias, como auxílio na 
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alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina entre outros; auxiliando na recuperação e na qualidade 
de vida dessa pessoa. 
O ato de cuidar é voluntário e complexo, tomado por sentimentos diversos e contraditórios como raiva, 
culpa, medo, angústia, confusão, cansaço, estresse, tristeza, nervosismo, irritação e choro. Esses 
sentimentos podem ser simultâneos e devem ser compreendidos, fazendo parte da relação entre o cuidador 
e a pessoa cuidada. É importante avaliar a presença de estresse entre os cuidadores. Isso pode se um fator 
de risco da ocorrência de situações de violência contra os idosos ou de adoecimento do próprio cuidador. 
Violência intrafamiliar e maus tratos contra a pessoa idosa: 
A violência contra idosos se manifesta nas formas: estrutural, que ocorre pela desigualdade social e é 
naturalizada nas expressões da pobreza, da miséria e da discriminação; interpessoal que se refere nas 
relações cotidianas; e institucional, que se reflete na aplicação ou omissão da gestão das políticas sociais e 
pelas instituições de assistência. 
A violência intrafamiliar, importante representação da violência interpessoal, é toda ação ou omissão 
que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno 
desenvolvimento de outro membro da família. Violência intrafamiliar é aquela que acontece dentro da 
família, em casa ou fora dela, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada 
por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha/filho etc.) ou civil (marido/esposa, nora/genro ou 
outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou parente do marido/da esposa) ou afetividade (amigo 
ou amiga que more na mesma casa). 
A violência intrafamiliar pode se manifestar de várias formas e com diferentes graus de severidade. 
Essas formas não se produzem isoladamente, mas, fazem parte de uma sequência crescente de 
episódios no qual o homicídio é a manifestação mais extrema. 
Existem condições particulares, individuais, familiares ou coletivas, que aumentam o risco de 
ocorrência de violência intrafamiliar. A pessoa idosa torna-se mais vulnerável à violência na medida em 
que apresenta maior dependência física ou mental. O convívio familiar estressante e cuidadores 
despreparados ou sobrecarregados tendem a agravar essa situação. 
A identificação de sinais de violência contra as pessoas idosas é, também, com certa frequência, 
negligenciada no atendimento à saúde e deve ser notificada por meio de Ficha apropriada. Objetiva 
auxiliar a(s) vítima(s) na defesa de seus direitos; os profissionais para que não se configure omissão 
(passível de punição legal) e, ainda, contribuir para o registro epidemiológico desses agravos externos 
à saúde. 
De acordo com a Lei nº 10.741/2003, art. 19, está previsto que os casos de suspeita ou confirmação de 
maus tratos contra idoso são de notificação obrigatória ao Conselho Municipal ou Estadual dos Direitos 
do Idoso, Delegacias de Polícia e Ministério Público. 
Tipos de violência: 
 Física; 
 Sexual; 
 Psicológica; 
 Econômica/financeira/patrimonial; 
 Institucional (ação ou omissão dos 
serviços públicos); 
 Abandono/negligência 
 Autonegligência (é a violência da pessoa 
idosa contra si mesma (conduta) 
ameaçando sua própria saúde ou 
segurança).
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Osteoporose 
A osteoporose é definida como uma doença sistêmica progressiva que 
leva à uma desordem esquelética, caracterizada por força óssea 
comprometida, predispondo a um aumento do risco de fratura. Força 
óssea, primariamente, reflete integração entre densidade e qualidade 
óssea. 
A osteoporose é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 
como a “Epidemia Silenciosa do Século”, e atualmente um problema de 
saúde pública no mundo inteiro devido ao aumento na expectativa de vida das populações. É uma 
doença de grande impacto devido à sua alta prevalência e grande morbimortalidade. Afeta indivíduos 
de maior idade, de ambos os sexos, principalmente, mulheres na pós-menopausa, que também 
apresentam mais fraturas. 
Fatores de risco: 
Assim como o estresse, a descarga de peso é necessária para o crescimento ósseo; entretanto, 
imobilização ou períodos sedentários prolongados resultam em perda óssea. Um baixo índice de 
massa corpórea predispõe à diminuição da massa óssea. Determinadas etnias, como brancos e 
asiáticos, têm maior risco de osteoporose. Baixa ingestão de cálcio, fósforo, magnésio e vitamina 
D predispõe à perda óssea, bem como a acidose endógena. Tabagismo e consumo de álcool também 
afetam adversamente a massa óssea. Uma história familiar de osteoporose, especialmente uma 
história parental de fratura do quadril, também aumenta o risco. Pacientes que tiveram fragilidade 
a fraturas têm maior risco de ter outras fraturas clínicas (sintomáticas) e fraturas assintomáticas por 
compressão vertebral. 
História clínica: 
É fundamental a história clínica minuciosa com investigação dos fatores de risco para a osteoporose e 
para fraturas. Deve-se considerar a avaliação de mulheres na pós-menopausa que apresentam um 
ou mais fatores de risco citados anteriormente e após os 65 anos independentemente da presença 
de fatores de risco. Uma boa história clínica e o exame físico são especialmente úteis para excluir as 
causas secundárias. A osteoporose é uma doença assintomática, e geralmente o primeiro sinal é a 
fratura, que representa o agravamento da doença, sendo as mais frequentes as da coluna lombar, colo 
do fêmur e 1/3 médio do rádio. 
Exame físico: 
Os seguintes itens são de fundamental importância na avaliação de pessoas com osteoporose: 
• Estatura. 
• Peso corporal. 
• Hipercifose dorsal. 
• Abdômen protuso. 
• Outras deformidades esqueléticas. 
• Sinais físicos de doenças associadas à 
osteoporose como, por exemplo, exoftalmia 
(hipertireoidismo), deformidades e edema 
articular (artrite reumatoide), fáscies 
cushingóide etc. 
Avaliação laboratorial: 
Deve ser dirigida principalmente à exclusão das doenças que causam perda óssea e para avaliar os 
distúrbios do metabolismo mineral que também contribuem para isso: 
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Hemograma completo, dosagem de TSH, VHS, dosagens de cálcio e fósforo, uréia e creatinina 
plasmática, fosfatase alcalina total (serve para avaliar a presença de defeitos na mineralização ou 
osteomalácia, especialmente nos idosos), e análise urinária. 
Avaliação por imagem: 
No diagnóstico por imagens, são utilizadas radiografias e a densitometria óssea. O exame radiográfico 
pode mostrar diminuição da densidade óssea, porém, só detectam alterações quando a perda for 
superior 30%, sendo baixa sua sensibilidade diagnóstica. É indicado para a avaliação das fraturas. 
A densitometria óssea é o exame de referência para o diagnóstico da osteoporose realizada pela 
avaliação da coluna lombar e do colo do fêmur, e antebraço, segundo os critérios da OMS. Rastreamento 
de todos/as os/as pacientes assintomáticos/as não é recomendado. Busca ativa deste diagnóstico pode 
ser realizada em pacientes considerados de alto risco, especialmente os com risco de fratura 
Prevenção e tratamento: 
Evidências sugerem que, se medidas preventivas forem adotadas, a incidência de osteoporose pode cair 
dramaticamente. A prevenção deve começar na infância com a realização de exercícios com 
frequência regular, associada à uma dieta rica em cálcio e exposição regular ao sol (vitamina

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