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Caso clínico: Violência contra a mulher. Pinesc IV

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Ana Clara Silva Freitas 
 
 
 
 
CURSO DE MEDICINA 
PINESC IV 2021.2 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
CASO: 
Hoje é mais um dia em campo para um sexteto do PINESC IV que se encontra em estágio 
em uma USF no município de Simões Filho. Após a realização de uma atividade 
socioeducativa que abordou o tema da violência contra a mulher, eles são divididos pela 
preceptora de estágio em duplas para realização das atividades. Uma das duplas foi 
acompanhar o médico da equipe 2 que está atendendo as consultas de demanda 
espontânea no período. 
Comparece a consulta em companhia do parceiro, M.J.L, 42 anos, com queixa de dores 
nos membros após queda da escada. O médico ao entrevista-la obtém respostas curtas 
em voz baixa, e percebe que a usuária se sente desconfortável com a presença do 
parceiro no consultório. O exame físico revela hematomas em membros superiores e 
inferiores e cicatrizes antigas. Ao questionar a usuária sobre os achados, o companheiro 
se antecipa e informa que ela tem o hábito de se ferir com objetos, dizendo que os 
“demônios” a mandam fazer isso. Entretanto, o médico desconfiado que esta 
informação não é verdadeira, uma vez que, na presença do companheiro a usuária 
demonstra medo e nervosismo, sai do consultório e chama a dupla de alunos do Pinesc 
para discutir a situação. Os alunos que estudaram sobre o tema da violência contra a 
mulher levantam a possibilidade de se estar diante deste caso. Procurando explorar 
melhor a situação, o médico vai conversar com o psicólogo do Nasf e a enfermeira sobre 
a suspeita de violência, e após as considerações com a equipe, decidem conversar 
separadamente com a mulher. Encontrando-se acolhida pela equipe e sem a presença 
Ana Clara Silva Freitas 
 
do companheiro, a mulher relatou que em casa sofre agressões e ameaças do 
companheiro. 
Questões norteadoras: 
1. Por que falar de violência contra mulher? Abordar os dados epidemiológicos. 
Segundo a Sesab desde 2015 a 2020 houve um total de 47.192 mulheres vítimas 
de violência, correspondendo cerca de 61% dos casos ocorridos. 
Essa problemática abrange todas as classes sociais, etnias e raças, assim como 
acontece em diversos espaços da nossa rotina¹. Porém, as mulheres negras 
(autodeclaradas pretas e pardas) representam 59% (28.169) das vítimas, 
seguidas pelas brancas (8%; 3.564), indígenas (1%; 314) e amarelas (1%; 270). No 
mais, percebe-se um elevado percentual classificado como ignorado/branco 
(31%; 14.875). 
No que tange a faixa etária, no estado da Bahia, as mulheres entre 15 e 34 anos 
são as mais acometidas por violência 
Entre os fatores de risco, nota-se que a população feminina com baixo nível de 
escolaridade sofre mais violência, já que possui, por este motivo, maior 
dificuldade para identificar a vivência desta situação e o menor acesso à 
informação sobre os seus direitos. 
2. Aspectos conceituais/tipificação da violência. Quais as formas de violência 
sofridas por JML? 
JML sofreu tanto agressão física quanto psicológica. 
O tipo mais comum de violência é a física, como visualizado no gráfico 4, sendo 
compreendida como os casos de espancamento, chutes, empurrões, agressões 
com objetos, entre outros. Encontra-se como o mais referido pelas vítimas, porém 
os demais tipos de violência possuem tanto impacto na saúde quanto as que 
atingem a integridade corporal da mulher². A violência psicológica, 
enquadrando-se como a segunda mais prevalente, torna-se muitas vezes 
negligenciada, tendo em vista o não aparecimento de lesões físicas³. No entanto, 
realizar ameaças de tortura, de agressão e morte, impedir o contato com amigos 
e familiares também se caracteriza como violência². É importante ressaltar que 
uma mesma vítima pode sofrer diferentes tipos de violência executada pelo 
mesmo autor. 
Ana Clara Silva Freitas 
 
3. Aspectos legais (abordar a rota crítica que a mulher percorre a partir do 
momento que decide denunciar a violência). 
Os casos de violência contra a mulher são considerados de notificação 
compulsória, dessa maneira os atendimentos devem ser registrados, pelos 
serviços de saúde público e privado do território nacional, sempre que ocorrerem¹. 
Com o intuito de reduzir a violência doméstica e familiar, proteger as vítimas e 
punir judicialmente os agressores, foi criada em 2006 a Lei Maria da Penha. No 
mais, outras conquistas foram observadas ao longo desses anos como: a 
proibição do uso do pagamento como forma de penalização, serviços de proteção 
e assistência social a mulheres em situações de violência e seus dependentes, e a 
autorização legal do aborto em casos decorrentes de estupro. 
4. Qual deve ser a atitude do profissional de saúde? Percepção dos profissionais 
de saúde acerca da violência contra a mulher e os aspectos éticos e legais frente 
a situações da violência percebida. 
Para os profissionais que as acolherem, é importante: buscar um local silencioso 
e com privacidade; praticar um atendimento humanizado; disponibilizar tempo 
para a escuta; ouvir de forma empática e sem julgamentos; respeitar os aspectos 
socioeconômicos, culturais e históricos que as envolve e encaminhar para outros 
serviços, se necessário. 
5. Implicações da violência para a saúde da mulher – aspectos físicos e 
psicossociais. 
A exposição frequente ao ambiente violento repercute na saúde da mulher, 
tornando-a mais propensa ao consumo de álcool e drogas ilícitas, assim como 
produz impacto psicológico, social e econômico. Tais consequências, em geral, 
são mais abordadas com os profissionais de saúde do que a própria violência. 
Logo, deve-se ficar atento aos relatos de dores crônicas, dor de cabeça, 
depressão, baixa autoestima e lesões físicas, pois são os sinais e sintomas mais 
referidos pelas mulheres.

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