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Luana Gonçalves Ferreira - UPE - Gus - 09 Patologi� Distúrbi�� circulatóri�� ❖ Alterações hemodinâmicas - Alterações que impactam na distribuição e manutenção do fluxo sanguíneo e, consequentemente de oxigênio e nutrientes - Principais processos patológicos Exemplo: Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) → edema (sistêmico: portal, MMII) → hiperemia passiva (MMII, fígado) → trombo → obstrução total ou parcial da luz vascular = infarto ou isquemia; ou o trombo pode se fragmentar = êmbolo → obstrução de ramo menor → infarto hemorrágico → hemorragia 1. Hiperemia Ativa: aumento da quantidade de sangue no local associada ao maior fluxo sanguíneo por vasodilatação ou aumento da PA - Aumento de demanda (músculo esquelético) → + oxigênio e nutrientes - Processo inflamatório - Pode causar ruptura de microvasculatura e, assim, hemorragias - Tecido rubro Passiva: fluxo lentificado por congestão, diminuindo a drenagem venosa por aumento da resistência: obstrução venosa - Congestão local: garroteamento na punção venosa, torção de vísceras, trombos venosos, embolias em sistema porta, postura, flebectasias (varizes): dilatação varicosa por acúmulo de sangue nos tecidos e disfunção das valvas - Congestão sistêmica: insuficiência cardíaca - Congestão crônica → hipóxia → hipotrofia, degeneração, necrose e fibrose - Estase sanguínea → trombose/varizes - Tecido com maior volume e cianótico (azulado) - Ambas as hiperemias podem causar edema (+PH) e hemorragia (diapedese e ruptura de microvasos) 2. Edema: hidropsia - desequilíbrio da pressão hidrostática e coloidosmótica - Acúmulo anormal de líquido ( água + sais +- proteínas) no LEC ou cavidades corporais - Nomenclatura: Hidro + cavidade afetada (hidrotórax, hidrocele, hidrocefalia) Edema + órgão afetado ou hidrópico (edema pulmonar ou pulmão hidrópico) Anasarca - edema generalizado (em pacientes com sepse) Ascite - hidroperitônio - tumefação abdominal - Formação do edema - Extravasamento arterial = reabsorção venosa + reabsorção linfática - Causas do edema: a) Desequilíbrios → acúmulo de transudato ° Aumento da pressão hidrostática (+ PH) - Aumento local de pressão intravascular por comprometimento no retorno venoso - Ex: TVP → edema na porção afetada - Aumento generalizado da pressão venosa por insuficiência cardíaca congestiva: ICC - Ex ICC → edema generalizado ICC VCS/I → AD → VD → pulmão → AE → VE → tecidos ICC no coração direito: edema sistêmico, com retenção para a VCS/I ICC no coração esquerdo: edema pulmonar, com retenção para o pulmão ICC: incapacidade de bombeamento → - DC → hipovolemia → hipoperfusão renal = secreção de renina → aldosterona → + retenção de sódio e água → hipervolemia → + PA (PH) → extravasamento = edema - Torna-se um ciclo vicioso pois, mesmo com hipervolemia e aumento da PA, não há aumento do DC na ICC → continua retendo líquido e aumenta o edema - Importante diminuir ingesta de sal e fazer uso de diuréticos ° Diminuição da pressão coloidosmótica (- Pc) Resulta de diminuição de proteínas (*albumina) - Menor síntese - desnutrição ou disfunção hepática (cirrose) - Maior perda - lesão renal com proteinúria (síndrome nefrótica) ou diarreia ° Retenção de sódio: disfunção renal, com causa primária de retenção de sódio (IRA) b) Obstrução linfática → linfadema Inflamatória: filariose obstrui os linfáticos, dificultando a drenagem: edema MMII e genitália Neoplásica: infiltração e obstrução dos linfonodos superficiais no câncer de mama ou como consequência da terapia com ressecção e/ou irradiação dos linfonodos axilares c) Inflamação → acúmulo de exsudato Aumento da permeabilidade vascular para recrutar células inflamatórias - Morfologia dos edemas Edema subcutâneo - difuso *ICC (sinal de cacifo → edema depressível) Edema dependente - influenciado por gravidade Disfunção renal - pode afetar todo o corpo, com manifestação inicial em TC frouxos (ex: pálpebra → edema periorbital) Edema pulmonar - aumenta até três vezes o tamanho do órgão, na necropsia: a secção revela líquido espumoso tingido de sangue - Causa comum: IC esquerda, também ocorre em insuficiência renal, SARA e infecções pulmonares - Causa importante de morte: impede difusão de oxigênio + ambiente favorável para infecção Edema cerebral - localizado (por abscesso ou tumor) ou generalizado - Risco de herniação e comprometimento de suprimento vascular do tronco cerebral por aumento da pressão intracraniana → lesões no bulbo → morte 3. Hemorragia - Extravasamento sanguíneo para fora do sistema cardiovascular, a gravidade depende do volume e velocidade do sangramento - Risco de hemorragia maior em desordens clínicas chamadas de diáteses hemorrágicas - Hemorragias extensas → icterícia, graves → choque, crônica → anemia ferropriva - Origem: - Venosa: escorrem - Arterial: esguicham - Capilar: aspecto puntiforme - Cardíaca: esguicham - Relação com o organismo - Externa ou superficial - Interna com fluxo externo: gastrorragia com hematêmese ou com melena, otorragia, epistaxe ou rinorragia, pneumorragia com hemoptise, nefrorragia com hematúria - Interna oculta: visceral ou cavitária - nomenclatura: hemocele ou hematocele, hemoperitônio ou hematoperitônio… - Mecanismo de formação: - Por rexe ou ruptura de vaso: por trauma - Por diabrose ou digestão dos vasos: necrose ou digestão enzimática - Por diapedese ou diátese hemorrágica: vasos íntegros com coagulopatia - cursa com hemorragia capilar (puntiformes) - associado à petéquias ou púrpuras (dengue hemorrágica) - Morfologia - Petéquias - mancha roxa ou hemorragia puntiforme (1-2 mm) dentro da pele, mucosa ou serosa - causas: plaquetopenia ou plaqueta defeituosa e deficiência de vitamina C - Púrpuras - união de petéquias (até 1 cm) - causas = petéquias ou trauma, vasculite - Equimose (contusão) - hematoma subcutâneo maior (1-2 cm) com extravasamento de hemácias e mudança de cor de acordo com o metabolismo Hb - Hematoma - acúmulo de sangue nos tecidos moles 4. Choque - Síndrome da Insuficiência Vascular Periférica Aguda - Deficiência de contratilidade cardíaca ou perda de volume significativo → diminui DC = deficiência circulatória aguda, grave e generalizada (falta de oxigenação em todos os tecidos → disfunção orgânica): tratar causa base* - Hipotensão arterial pode estar presente mas não é fundamental no diagnóstico de choque - Sinais de hipoperfusão: taquicardia, taquipneia (tentativa de compensar a perfusão falha), extremidades frias (redirecionamento de sangue para os órgãos vitais) e sudoreicas, tempo de reenchimento capilar aumentado, oligúria sem insuficiência renal prévia (por hipovolemia) - Fases do choque Causas base: problema cardíaco, processo hemorrágico, diarreia e vômito com perda de volume, lesões neurológicas - Fase inicial Precoce e reversível, com mecanismos compensatórios disponíveis: SRAA, arginina-vasopressina, SNA, permeabilidade capilar totalmente funcionais: sem lesão tecidual - Fase secundária Desarranjo celular da microvasculatura, mas ainda é possível reversão, embora já haja disfunção de um ou mais órgãos - Fase terciária Tardia ou irreversível com lesões teciduais estabelecidas, a evolução para o óbito é inexorável. Cursa com alterações vasomotoras, interação endotélio-neutrófilos (lesão endotelial → coagulação), deformidade nos eritrócito, modificações na despolarização celular, bradiarritmias, falência cardíaca, manifestação de sinais e sintomas de disfunção multiorgânica - Mecanismos do choque - Hipovolêmico Diminuição do volume → - DC °Hemorrágico → Traumático - hipovolemia por perda de sangue + destruição tecidual e reação inflamatória sistêmica → Não traumático - hemotórax, hemoperitônio, hemorragia retroperitoneal - associados ao aumento pressórico, ruptura vascular °Não hemorrágico Perda de líquidos: gastrointestinal (diarreia e vômito), renal (excesso de diuréticos), perda para terceiro espaço (pancreatite aguda), queimadura e hipertermia - Cardiogênico Disfunção cardíaca - infartos de grandes proporções, fibrilação AV (lesãocardíaca) → - DC → hipotensão e hipoperfusão sistêmica (inclusive coronariana: maior isquemia cardíaca: ciclo vicioso) - Obstrutivo Obstrução de ramos vasculares → - DC e retorno venoso Ex: em tamponamento cardíaco (por trauma ou câncer), obstrução do débito do VD (embolia pulmonar), aumento da pressão intratorácica (pneumotórax hipertensivo), obstrução extrínseca ao coração(síndrome da VCS, tumor mediastinal) - Distributivo Desordem hemodinâmica (pacientes de UTI → alta mortalidade): falha na distribuição de sangue no organismo: deveria ser proporcional à demanda tecidual Inadequação entre demanda tecidual e oferta de oxigênio °Neurogênico - lesões neurológicas → trauma raquimedular/compressão da medula: desequilíbrio no controle vasomotor, causando vasodilatação e hipovolemia relativa → hipoperfusão °Séptico: quente ou frio (infecções) °Anafilático: desequilíbrio da resposta inflamatória 5. Trombose Tríade de Virchow → trombo patológico Pode acontecer as três alterações isoladas ou simultaneamente *Lesão endotelial → causa importante de trombo principalmente no coração (após IAM) e artérias (ateroscleróticas nas placas ulceradas/vasculite) - Expõe MEC com exposição do fvW e FT - Reduz a produção local de PGI2 e ativadores de plasminogênio Traumas, infecções bacterianas e virais, arteriosclerose, IAM, erosão vascular por neoplasia (vasculites), reperfusão → lesão Obs: não só lesão endotelial com rompimento físico, mas também disfunção causada por hipertensão, turbilhonamento, produtos de bactérias, radiação, anormalidades metabólicas (hiperlipidemia), toxinas (fumaça do cigarro) *Alterações reológicas ou hemodinâmicas: estase¹ e turbilhonamento sanguíneo - Ativam células endoteliais:pró-coagulação - ¹Marginação dos figurados + torna lenta a eliminação de fatores de coagulação e o influxo de inibidores da coagulação Placas ateroscleróticas → fluxo turbulento Aneurismas/varizes → estase local/Síndromes de hiperviscosidade → estase na microvasculatura *Hipercoagulabilidade Trombo é fixo no endotélio: pode se tornar instável → êmbolo Fatores associados: trombocitose, incremento de fatores de coagulação, como em neoplasias: liberação de produtos tumorais pró-coagulantes - Distúrbios primários Mutação no fator V (Leiden) - 60% dos casos de TVP recorrente; mutação no fator II(protrombina) Níveis elevados de fatores VII/IX/XI/fibrinogênio Deficiências de anticoagulantes: antitrombina III, proteína C ou S (raro) *Deve-se considerar causas herdadas em pacientes jovens (<50 anos de idade) - Distúrbios secundários Tabagismo, neoplasias, anticoncepcionais orais, gestação e obesidade Exemplo: Aterosclerose → lesão endotelial → trombo com obstrução parcial (semioclusivo) ou total (oclusivo) → pode causar embolização ou tromboembolismo TVP (trombose venosa profunda) → êmbolos dos MMII→embolia pulmonar: principalmente causa Obs: trombos formados em sangue fluido tem as linhas de Zahn (camadas de plaquetas+fibrina: pálidas; camadas de hemácias: escuras) - coágulos post mortem não são laminados. *Trombos murais: formados nas câmaras cardíacas ou na luz da aorta - Origem - Arteriais - área de turbilhonamento e lesão endotelial (rico em plaquetas),crescimento retrógrado ao ponto de ligação - Consequência: obstrução de vasos → infarto tecidual - Venosos (flebotrombose) - áreas de estase com crescimento a favor do fluxo - Consequência: embolização para o pulmão → óbito *Maioria ocorre na perna: os superficiais geralmente surgem no sistema safeno em quadro de varicosidades, raramente embolizam, podem ser dolorosos e causar congestão e edema; os profundos (TVP) geralmente são assintomáticos (vasos colaterais) e tem + chance de embolizar TVPs nos MMII estão associadas à estase e hipercoagulação (ICC, repouso, imobilização) - Destino do trombo (após sobreviver aos efeitos sistêmicos) - Propaga (cresce) +plaqueta +fibrina → obstrução do vaso - Dissolve °Ação fibrinolítica do organismo: possível apenas em trombos recentes °Trombos antigos tem muita polimerização fibrina, resistentes à proteólise (terapia com administração de agentes fibrinolíticos é ineficaz) - Emboliza Fragmentação do trombo com deslocamento do êmbolo - Organiza e recanaliza Trombos antigos: organização pelo crescimento de endotélio, m. liso e fibroblasto para dentro do trombo → pode criar canais capilares dentro do trombo oclusivo → restabelece o lúmen; O trombo pode se tornar uma massa vascularizada de TC que se incorpora à parede do vaso remodelado Canalização pode ocorrer também por ação de enzimas leucocitárias Os restos de trombo podem servir como um meio de cultura ideal → semeadura bacteriana → enfraquecimento do vaso → aneurisma micótico *Coagulação intravascular disseminada (CID): é o início súbito e insidioso de trombose disseminada na microcirculação, pode acontecer em complicações obstétricas e malignidades. A CID consome as plaquetas e proteínas de coagulação (coagulopatia de consumo) e ativa os mecanismos antifibrinolíticos → pode evoluir para uma catástrofe hemorrágica 6. Embolia Qualquer elemento estranho à corrente sanguínea transportado por esta *Tromboembolismo sistêmico* Maioria surge dos trombos murais intracardíacos, sendo ⅔ associados a infartos ventriculares esquerdo, ¼ ao átrio esquerdo dilatado, outros: aneurisma aórtico, trombos em placas ateroscler. - Tromboêmbolos - Embolia amniótica - entrada do líquido amniótico na circulação materna no parto e pós-parto imediato (incomum, mas fatal) - Embolia gordurosa¹ e de medula - politraumas: após fraturas de ossos longos, tecidos moles e queimaduras - Êmbolos gasosos - entrada de bolhas de ar na corrente sanguínea (pneumotórax) - Doença da descompressão (mergulho marítimo profundo) *Tromboembolismo pulmonar* - Em +95% dos casos ocorre após TVP nas pernas (panturrilha, próximo à fossa poplítea) - Perna → êmbolo → VCI → AD → VD → pulmão: encalham na vasculatura pulmonar - Provocam infartos pulmonares ao colidir com os ramos periféricos da a. pulmonar - Podem causar morte súbita após ocluir uma a. pulmonar importante (embolismo pulmonar maciço) - Podem obstruir artérias médias e causar ruptura capilar anóxicos → hemorragia - Êmbolo em sela: aloja-se na bifurcação da a. pulmonar direita e esquerda - Êmbolo pequeno (silencioso) → infarto pulmonar; seguido de um maior → fatal - Defeito no coração → êmbolo cai na circulação sistêmica: embolia paradoxal 7. Isquemia Deficiência no aporte sanguíneo a tecido por diminuição da luz dos vasos 8. Infarto São áreas de necrose isquêmica, pode ser branco ou vermelho
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