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INTERAÇÃO ENTRE MICRORGANISMOS E O HOMEM - Microbiologia Médica

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MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C 
 
INTERAÇÃO ENTRE MICRORGANISMOS E O HOMEM  
  
Vimos que as bactérias estão presentes no nosso                
corpo numa concentração 10 vezes superior à              
concentração de células. Então, observamos que            
esses microrganismos são muito abundantes no            
corpo dos seres vivos de uma forma geral.   
  
  
Quando falamos de interação entre o homem e os                  
microrganismos temos que ter em mente que              
constantemente nós somos expostos a diferentes            
microrganismos e alguns desses fazem parte da              
nossa microbiota.   
  
Então no ambiente de uma forma geral nós estamos                  
sendo constantemente expostos a diferentes          
microrganismos. A maioria causa pequena ou            
nenhum dano, ou seja, a maioria desses              
microrganismos são até muitas vezes benéficos e              
uma minoria estaria relacionada a afecções,            
causando infecções severas causando, promovendo          
uma potencial destruição de tecidos e funções              
corporais, ou seja, causando o processo infeccioso,              
causando as doenças.   
  
Então dentro dessa dinâmica populacional dos            
microrganismos apenas uma minoria possui essa            
característica de fato patogênica.  
  
Quando a gente fala sobre esses microrganismos é                
importante conceituarmos algumas relações, por          
exemplo:   
⇨ organismos que crescem no interior de um                
hospedeiro causando danos são denominados          
parasitas . Quando falamos de microrganismos, de            
parasitas microbianos, o termo correto é patógeno .   
  
⇨ O resultado dessa interação hospedeiro x parasita                
ou hospedeiro x patógeno vai depender da              
patogenicidade , ou seja, a capacidade que esse              
patógeno vai ter de provocar danos ao hospedeiro.                
Essa interação vai ser benéfica ou maléfica, ou                
benéfica ou prejudicial dependendo da          
patogenicidade, dependendo da capacidade que esse            
patógeno vai ter de provocar ou não danos ao                  
hospedeiro.   
⇨ Um outro fator que vai ser necessário para o                    
desencadeamento de um processo infeccioso está            
relacionado a resistência ou suscetibilidade do            
hospedeiro em relação aquele patógeno.   
  
Temos como resultado dessa interação para que uma                
afecção de fato ocorra, que um processo infeccioso se                  
estabeleça, temos a dependência desses fatores:            
patogenicidade do patógeno e resistência ou            
suscetibilidade do hospedeiro.   
  
Então quando falamos de patogenicidade vai variar              
de acordo com os patógenos. Já ouvimos muitas                
vezes falarem “essa bactéria é mais patogênica do                
que a outra”; “esse vírus é mais patogênico do que o                      
outro”; e qual a medida que a gente utiliza para                    
quantificar essa patogenicidade? a virulência - é o                
número de células que é capaz de desencadear uma                  
resposta no hospedeiro dentro de um período de                
tempo.   
  
Então o que temos visto hoje em relação ao vírus                    
causador da COVID-19 - que hoje existe uma cepa                  
mais virulenta, ou seja, se ela é mais virulenta, ela é                      
mais patogênica, apresenta maior dano às células e                
tecidos do hospedeiro.   
  
A interação hospedeiro-parasita corresponde a uma            
relação dinâmica entre a virulência do patógeno e a                  
resistência do hospedeiro. Então para que uma              
interação seja benéfica ou maléfica ou prejudicial              
temos que levar em conta essa relação dinâmica,                
virulência do patógeno e resistência do hospedeiro.   
  
Então o que a gente precisa ter em mente quanto a                      
gente fala sobre interações entre o homem e os                  
microrganismos: levar em consideração que existem            
fatores inerentes ao hospedeiro e fatores inerentes              
ao patógeno que vão permitir que seja uma interação                  
benéfica ou uma interação maléfica ou prejudicial.   
  
Quando falamos de fatores inerentes ao hospedeiro              
estamos falando de fatores que o hospedeiro, o                
pacientes/seres vivos vão apresentar que vão            
amenizar a possibilidade de que um processo              
infeccioso se estabeleça, então imunidade, idade do              
1  
MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C 
 
paciente, a questão nutricional, hábitos e costumes              
(se tem hábito de beber ou de fumar), uso de                    
medicamento ou não. Então, fatores inerentes ao              
hospedeiro podemos classificar principalmente esses          
cinco fatores que vão estar diretamente relacionados              
com a capacidade que esse hospedeiro (paciente/ser              
vivo) que vamos apresentar em relação a sermos                
mais suscetíveis ou mais resistentes a determinados              
processos infecciosos.   
  
Quando a gente fala de fatores inerentes ao                
patógeno estamos falando de virulência, número            
(quando falamos de número estamos nos referindo a                
quantidade, carga); quando falamos muito,          
principalmente de infecções virais, fazendo analogia            
com a questão do COVID a gente observa muito a                    
questão: as pessoas que estão no frente, nos                
hospitais, elas são submetidas a uma carga viral                
muito maior do que nós na comunidade, então aí a                    
questão da carga como fator inerente ao patógeno                
que facilita a promoção do processo infeccioso;              
localização em que sítio que esse microrganismo              
está localizado, tamanho dessa partícula que vai              
permitir que ela ganhe determinados sítios,            
principalmente quando falamos em trato          
respiratório.   
  
Então, sempre que a gente levar em relação a essa                    
interação temos que observar fatores inerentes ao              
hospedeiro e ao patógeno. Porque nem toda              
interação vai ser maléfica e nem toda interação vai                  
desenvolver um processo infeccioso.   
  
Temos que ter em mente que estamos              
constantemente bombardeados/expostos aos      
microrganismos e nem sempre a gente fica doente.                
Então temos que sempre levar em consideração              
esses fatores.   
  
  
  
Então o corpo humanode uma forma geral não                  
corresponde a um ambiente microbiano uniforme,            
vimos isso quando falamos de parâmetros            
fisiológicos sabemos que determinadas regiões,          
determinados órgãos difere tanto química e            
fisicamente, correspondendo a um ambiente seletivo,            
que favorece o crescimento de determinados            
microrganismos.   
  
Então dessa forma a pele , o trato respiratório , o                  
trato gastrointestinal fornecem uma grande          
variedade de ambiente físico-químicos nos quais            
diferentes microrganismos podem crescer        
seletivamente , ou seja, cada trato, cada região vai                
apresentar uma característica, um ambiente          
diferenciado permitindo o crescimento e a presença              
de determinados microrganismos.   
  
Então os microrganismos que conseguem colonizar            
o hospedeiro com sucesso, ou seja, colonizar de                
forma a fazer parte da microbiota desse ambiente,                
ele consegue sobrepor os mecanismos de defesa que                
as células hospedeiras apresentam. Por que muito              
das características que cada trato vai apresentar está                
relacionada com características que vão permitir que              
esses sítios sejam protegidos contra agentes            
infecciosos. Então se tenho ali naquele ambiente              
bactérias, fungos colonizando aquele sítio significa            
que eles conseguiram sobrepor os mecanismo de              
defesa naquele ambiente de forma que conseguiram              
colonizar e se multiplicar de forma benéfica, compor                
aquela microbiota daquele sítio.   
  
  
Então quando falamos de microbiota humana,            
estamos falando dos microrganismos que são            
encontrados nas diferentes regiões corporais          
expostas ao ambiente como pele, cavidade oral, trato                
respiratório e trato urogenital.   
  
Que normalmente esses microrganismos não são            
encontrados em alguns lugares específicos, então            
quais são esses lugares? interior de órgãos, sangue,                
linfa, sistema nervoso, então esse são alguns              
ambientes que tendem a ser estéreis, que tendem a                  
não ter uma população microbiana colonizando esses              
lugares.   
  
2  
MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C 
 
Então a presença de microrganismos em alguns              
desses ambientes caracteriza o indício de uma              
infecção grave.   
  
Existem sítios no nosso corpo que são naturalmente                
colonizados, onde conseguimos observar uma          
microbiota resistente ali e existem regiões que não                
existem microrganismos e qualquer presença de            
microrganismos nessas regiões consideradas        
estéreis indicam um processo infeccioso.   
  
Microrganismos que habitam o nosso corpo em              
circunstâncias normais e quando num humano            
adulto e saudável são esses microrganismos que              
compõem de forma benéfica a nossa microbiota.   
  
Já vimos que são inúmeros, centenas de espécies,                
bilhões de microrganismos individuais diferentes          
que coletivamente referidos como microbiota          
normal cresce na superfície do nosso corpo ou no                  
interior do mesmo. Então quando falamos de              
microbiota humana estamos falando de um número              
de centenas de espécies e bilhões de microrganismos                
individuais.   
  
Então considerando os cinco sítios do nosso corpo,                
vamos discutir as características de cada sítio e                
vamos entender um pouco o que compõe, quais                
microrganismos compõem determinadas sítio, então          
na microbiota humana vamos discutir sobre a              
microbiota:   
⇨ da pele  
⇨ da cavidade oral   
⇨ do trato respiratório  
⇨ do trato gastrointestinal   
⇨ do trato urogenital   
  
  
Primeira parte, a primeira microbiota que vamos              
discutir é a microbiota normal da pele. Temos que                  
lembrar sobre algumas estruturas que compõem            
essa pele, a pele é formada de três camadas:                  
epiderme, derme e hipoderme, que é a camada mais                  
profunda.   
  
Na epiderme temos uma superfície não            
vascularizada, queratinizada; já derme encontramos          
vasos sanguíneos, artérias, arteríolas, veias, temos            
uma irrigação nervosa, conseguimos observar          
nervos, algumas glândulas; da mesma forma a              
hipoderme, mais adjacente, mais interna ainda            
albergando os centros dessas glândulas. Então cada              
estrato vai ter uma característica e baseado nessas                
características uma diferença na composição.   
  
Quando falamos sobre a superfície da derme, a                
epiderme, não é um local favorável para a presença                  
de microrganismos porque ela é um ambiente que                
sofre uma intensa desidratação. O estrato córneo              
queratinizado é um estrato menos abundante em              
líquidos, em água, disponibilidade de água, sendo              
uma camada de intensa desidratação.   
  
Então a maioria dos microrganismos da pele estão                
associados à presença das glândulas sudoríparas .            
Essas glândulas estão localizadas, principalmente          
nas axilas, regiões genitais, mamilos, umbigo; são              
inativadas na infância e ativas na puberdade,              
tornando essas superfícies mornas e úmidas. Então a                
gente sabe que a influência hormonal, os hormônios                
ditam as atividades que estão acontecendo no nosso                
corpo.  
  
A microbiota não é algo estático, é algo que está em                      
processo de formação, que está sendo alterada de                
acordo com a questão hormonal. Então a gente                
sempre fala de forma geral as características              
relacionadas a microbiota podem variar nas            
diferentes idades e ainda podem variar de indivíduo                
para indivíduo.   
  
Quando falamos da secreção dessas glândulas, é              
uma secreção inodora. A secreção dessas glândulas              
não possuem odor. O odor que a gente observa, seja                    
axilar ou no pé coloquialmente falando como cecê ou                  
chulé, são resultados da atividade bacteriana, dos              
microrganismos que estão presentes ali naquele            
ambiente. De uma forma natural essa secreção é                
inodora, o que dá o odor é a atividade dos                    
microrganismos presentes ali.   
  
O folículo piloso associado a glândulas sebáceas que                
permite essa secreção lubrificante é um outro              
ambientefavorável para a presença de            
microrganismos. Então principalmente regiões de          
nuca, que fica próximo ao couro cabeludo que                
favorece a presença de microrganismos por conta da                
secreção desse sebo, oriundo das glândulas sebáceas.   
  
3  
MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C 
 
As secreções das glândulas da pele são ricas em                  
ureia, aminoácidos, sais, ácido lático, lipídeos e o pH                  
da pele é de 4 a 6. Então a presença dessas secreções                        
permite uma maior variedade, uma maior            
composição da microbiota que reside na pele.   
  
Então a microbiota é composta por populações de                
microrganismos transitórios e residentes. Isso          
significa que a microbiota da pele é formada por uma                    
microbiota que já está ali estabelecida, que já está                  
adaptada, que coloniza e se multiplica em controle e                  
em equilíbrio. Só que a nossa pele é a camada mais                      
externa, está constantemente exposta, então alguns            
microrganismos podem entrar em contato com a              
nossa pele, mas eles não conseguem se manter, não                  
conseguem se fixar são os microrganismos ditos              
transitórios , eles não conseguem colonizar, não            
fazem parte da microbiota.   
  
Já os residentes são aqueles que compõem de fato a                    
microbiota, estão presentes, se multiplicam, estão ali              
de forma a auxiliar no combate a processos                
infecciosos, uma vez que eles estão ali competindo                
com esses microrganismos transitórios dificultando          
que eles se fixem e comecem o processo infeccioso.   
  
  
Temos que levar em consideração que a nossa pele                  
apresenta três zonas específicas: uma pele sebácea ,              
uma pele úmida e uma pele seca , então de acordo                    
com regiões vou encontrar essas características.            
Baseado nessas características a composição dos            
microrganismos, ou seja, os microrganismos que            
compõem aquela microbiota vão variar, ou seja, na                
imagem conseguimos observar a importância da            
disponibilidade de alguns componentes que vão            
favorecer a presença de uns microrganismos em              
detrimento de outros.   
  
⇨ Pele sebácea - relacionada com a presença de                  
glândulas sebáceas e folículos pilosos  
⇨ Pele úmida - está relacionada às porções em que                    
temos abundância de glândulas sudoríparas  
  
⇨ Pele seca - região do antebraço, exposição maior ao                  
epitélio queratinizado  
  
Então a pele não é uma microbiota estática para                  
todos os ambiente , uma pele úmida vai apresentar                
uma microbiota, uma pele seca uma outra e uma pele                    
sebácea outra. Então na pele normal nós              
encontramos essas três zonas com as suas              
variedades de composição em relação a microbiota.   
  
Quais são os fatores que podem afetar essa                
microbiota da pele?   
⇨ clima, aumento de temperatura e umidade -                
porque esses fatores podem variar na questão da                
presença principalmente de umidade, um clima mais              
úmido vai promover uma maior umidade nessa pele,                
promovendo uma maior proliferação de          
determinados microrganismos, da mesma forma que            
o aumento da temperatura pode favorecer            
determinados grupos de microrganismos.   
  
⇨ Um outro fator importante que devemos levar em                  
consideração na microbiota da pele é a idade -                  
crianças apresentam uma microbiota muito mais            
variada e não definida. Então as crianças estão tendo                  
um primeiro contato ao longo da vida, então a                  
microbiota é bem diversificada em relação a              
microbiota normal da pele de um adulto saudável.   
  
⇨ Higiene pessoal - é um outro aspecto que pode                    
afetar a microbiota. Então se você não tem uma boa                    
assiduidade, se você não tem uma boa higiene                
pessoal, pode favorecer o acúmulo de matérias              
orgânicas de componentes, favorecendo uma maior            
proliferação de microrganismos ali na sua pele.   
  
  
Uma outra microbiota que vamos discutir é a                
microbiota oral. A microbiota da cavidade oral é uma                  
das mais complexas e mais heterogêneas. Então              
dentro da cavidade oral temos diferentes            
microrganismos atuando.   
  
Então é um habitat complexo e heterogêneo, por                
exemplo, apesar da cavidade oral ter uma microbiota                
bem complexa e heterogênea, a saliva que está ali                  
4  
MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C 
 
presente nesse ambiente, ela não corresponde a um                
meio de cultura adequado, porque ela apresenta              
enzimas que lisam as células bacterianas, as lisozima                
(nos fluídos lacrimais).   
  
Apesar da presença das enzimas, o que acaba                
favorecendo a presença de inúmeros          
microrganismos é a presença de partículas de              
alimentos e fragmentos celulares. Então a            
abundância de nutrientes na cavidade oral acaba              
favorecendo a presença de microrganismos dos mais              
variados, dos mais heterogêneos quando comparado            
com outros sítios.   
  
Então mesmo na presença da saliva que vão lisar,                  
bactérias que resistem a ação dessas enzimas são                
favorecidas pela presença de partículas de alimentos              
e fragmentos celulares.   
  
Então quando a gente fala de microbiota oral temos                  
que levar em consideração que de acordo com a                  
idade vamos ter uma microbiota diferenciada, então              
a microbiota em bebês com até um ano vai ser                    
formada exclusivamente por anaeróbios        
aerotolerantes (como Streptococcus e Lactobacillus ) e            
alguns aeróbios; depois com o surgimento dos              
dentes começa a alterar essa microbiota, passando a                
ser predominantemente composta por        
microrganismos anaeróbios adaptados a crescer na            
superfície dos dentes e sulcos gengivais, isso está                
relacionado muito com a questão do tipo de                
alimentação. No início da vida acaba sendo uma                
alimentação até os 6 meses, mais ou menos,exclusivamente de aleitamento, de leite; então depois              
do surgimento dos primeiros dentes a gente começa                
a disponibilizar outros tipos de nutrientes, uma              
outra alimentação, vai ganhando uma riqueza de              
nutrientes e consequentemente uma riqueza de            
microrganismos.   
  
Não podemos esquecer de salientar a placa dental                
que foi quando conversamos sobre biofilme            
bacteriano, é claro que essas bactérias que têm a                  
capacidade de crescer na superfície dos dentes e                
nesses sulcos gengivais podem sim começar a se                
proliferar de forma indiscriminada nesses biofilmes,            
nessas placas e desenvolver todo um processo              
infeccioso tanto a nível de dente quanto de gengiva.                  
Começa uma colonização de forma natural, mas se                
não tiver a devida higiene bucal pode levar a                  
processos infecciosos.   
  
  
Na microbiota gastrointestinal é importante          
levarmos em consideração que o trato            
gastrointestinal é formado por três compartimentos            
distintos: estômago, intestino delgado e grosso.   
  
Estômago   
Então começando no primeiro sítio, no primeiro              
compartimento: Estômago.   
  
Sabemos que seu pH é 2. Ele acaba sendo uma                    
barreira química para a entrada de agentes exógenos                
no intestino. Então a contagem de microrganismos,              
a contagem bacteriana no estômago é extremamente              
baixa.   
  
Algumas das bactérias que colonizam o estômago              
correspondem a organismos encontrados na          
cavidade oral, os quais são introduzidos pela              
passagem dos alimentos. Então dentro da microbiota              
que compõe a boca, quando começa o processo de                  
digestão na boca e o alimento chega no estômago os                    
que são capazes de sobreviver nesse pH de 2 acabam                    
colonizando, compondo, a microbiota estomacal.  
  
A bactéria Helicobacter pylori que é um dos agentes                  
que podem colonizar a parede estomacal, só que ela                  
também pode levar a formação de processos              
patogênicos, formando úlceras e devendo ser            
tratadas para diminuir as implicações dessas            
afecções.   
  
Então quando falamos em estômago temos que levar                
em conta que o pH estomacal é uma barreira                  
química para a entrada de agentes exógenos. Então o                  
pH acaba sendo uma forma de proteção contra                
outros agentes, porque nem todas as bactérias vão                
conseguir sobreviver nesse pH.   
  
Intestino delgado  
Já no outro compartimento no intestino delgado              
temos que lembrar que ele é dividido em duodeno e                    
íleo conectados pelo jejuno.   
  
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O duodeno que é a porção adjacente ao estômago                  
apresenta um pH relativamente ácido, então vai              
apresentar uma microbiota semelhante a encontrada            
no estômago e conforme vou avançando para o íleo o                    
pH vai se tornando gradativamente menos ácidos,              
levando a um aumento no número de bactérias,                
aumento no número de microrganismos.   
  
Então já na porção final do íleo conseguimos                
observar um número de células de 10 5 a 10 7 por                    
grama de conteúdo intestinal.   
  
Então quando falamos da microbiota intestinal            
levando em consideração esses três compartimentos            
a gente tem que levar em consideração que partimos                  
de um ambiente de menor concentração bacteriana,              
menor concentração de microrganismos que é o              
estômago e conforme vamos avançando ao longo              
desse trato vamos para um ambiente de maior                
concentração de bactérias.   
  
  
Intestino grosso  
Então o intestino grosso a porção final do trato                  
intestinal temos o cólon apresentando uma enorme              
quantidade de bactérias que é aquela câmara de                
fermentação in vivo, onde temos bactérias atuando              
de forma simbiótica, ou seja, atuando de forma                
benéfica para as células do nosso corpo.   
  
Então as bactérias presentes ali têm contato com                
diferentes nutrientes, elas atuam fermentando esses            
constituintes e liberam outros compostos que são              
utilizados, absorvidos a nível de intestino grosso.              
Então aqui temos uma relação simbiótica, ou seja,                
uma relação extremamente benéfica entre as            
bactérias que compõem aquela microbiota e as              
células do nosso corpo.   
  
Quanto a presença das microbiotas ali terá uma                
grande presença de aeróbios facultativos ou            
anaeróbios facultativos, dependendo da literatura          
ouvimos o termo aeróbios facultativos ou anaeróbios              
facultativos, mas são a mesma coisa, então              
lembrando que quando estamos falando de            
anaeróbio facultativo estamos falando de uma            
bactéria que é aeróbia, mas que ela faculta num                  
ambiente de anaerobiose. Aqui não é diferente, os                
aeróbios facultativos vão crescer tanto na presença              
de oxigênio quanto na sua ausência, como é o                  
exemplo da Escherichia coli.   
  
Como que essas bactérias aeróbias facultativas vão              
promover? A atividade delas vai criar um ambiente                
de anaerobiose, favorecendo o crescimento de            
microrganismos como o Clostridium spp, que são              
bactérias anaeróbias obrigatórias. Então a atuação            
dos aeróbios facultativos consome o oxigênio            
presente no ambiente, promovendo um ambiente de              
anaerobiose que favorece o crescimento de bactérias              
anaeróbias obrigatórias.   
  
Uma outra curiosidade em relação a microbiota do                
trato intestinal está relacionada que ⅓ da matéria                
fecal é formada por bactérias. Então daí conseguimos                
observar a riqueza de microrganismos que compõem              
esse trato.   
  
Então por exemplo, se observarmos 3 kg de matéria                  
fecal, 1 kg daquela matéria equivale apenas a                
bactérias, microrganismos que estavam presentes          
naquela microbiota.   
  
Então a microbiota do trato intestinal,            
principalmente na porção final ali do cólon, é                
constantemente renovada porque ela está sendo            
constantemente perdida, mas ela é renovada e se                
mantém estável apesar da perda.   
  
A microbiotaintestinal a sua composição vai variar                
de acordo com a alimentação que os seres vivos                  
possuem, ela vai variar qualitativamente, ou seja, os                
tipos de bactéria presente ali podem variar de                
acordo com a dieta, por exemplo: uma dieta rica em                    
carne, vai apresentar uma maior quantidade de              
bacteroides e menor de coliformes e bactérias láticas                
quando comparados com a dieta vegetariana. De              
acordo com o alimento que você está ingerindo você                  
acaba favorecendo determinados grupos bacterianos          
em detrimento de outros.   
  
A microbiota intestinal é muito importante, tem essa                
atividade simbiótica, auxilia em vários processos            
fermentativos e produz principalmente vitaminas do            
tipo B12 e K que são essenciais para a manutenção                    
das nossas células e que a gente não conseguimos                  
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produzir, caracterizando um processo extremamente          
benéfico a presença desses microrganismos.   
  
Terapia antimicrobiana - transplante fecal  
Uma coisa importante que a gente comentar em                
relação a microbiota intestinal é a utilização de                
terapias antimicrobianas pode levar a eliminação de              
bactérias que compõem aquela microbiota.   
  
Da forma que essa terapia elimina algumas bactérias,                
pode causar um desarranjo, um desequilíbrio            
favorecendo a multiplicação de um grupo bacteriano              
naquele sítio, no caso aqui o intestino, e isso pode                    
levar a processo infecciosos, porque uma coisa é as                  
populações estarem em equilíbrio, a partir do              
momento que determinada população morre e outra              
se sobre propõe posso caracterizar um processo              
infeccioso.   
  
Isso acontece principalmente em casos de            
clostridium difficile que é um clostridium que              
compõem a microbiota intestinal, só que ele em                
equilíbrio não tem problema nenhum, quando na              
terapia antimicrobiana elimino as bactérias que são              
resistentes, e qual a característica do clostridium? é                
um bacilo Gram-positivo produtor de esporos, então              
os esporos vão ser resistentes a ação desses                
antibióticos, desses antimicrobianos, então parte das            
bactérias morrem, esses esporos continuam viáveis,            
as bactérias se multiplicam e aí temos uma afecção                  
causada por essa super população de clostridium              
difficile, que começa com desarranjos tipo diarreia e                
que podem evoluir para uma colite severa.   
  
Então uma das formas que temos de tratar essas                  
afecções causadas pelo uso da terapia            
antimicrobiana é o transplante fecal nos casos mais                
avançados de colite severa. Como que se dá esse                  
processo de transplante fecal? existe o transplante              
de uma microbiota saudável, de um indivíduo              
saudável, é inserido no corpo desse paciente que está                  
sofrendo essa debilidade para que essa microbiota              
intestinal desse paciente seja restabelecida e o              
equilíbrio seja restabelecido, reduzindo assim aquele            
processo infeccioso que aconteceu.   
  
Então primeira coisa que temos em mente é que o                    
sistema em si está em colapso por conta da                  
utilização desse antimicrobiano, então a gente sabe              
que o intestino possui uma saúde em simbiose, ou                  
seja, o trato digestivo humano é um complexo                
ecossistema formado por bilhões de de bactérias que                
auxiliam nos processos digestivos. Com a utilização              
desses antimicrobianos/antibióticos existe uma        
morte indiscriminada, então matam bactérias          
capazes de causar infecção e acabam eliminando a                
microbiota nativa, a microbiota residente ali naquele              
sítio.   
  
Os esporos do clostridium difficile resistem a ação                
desses antimicrobianos e assumem o cólon causando              
danos e diarréias. Aí acontece a questão de                
tentarmos reestabelecer esse equilíbrio e uma das              
opções é o transplante fecal.   
  
Então o transplante vai ser nada mais do que a                    
introdução de uma comunidade bacteriana de um              
doador para restaurar o balanço desse ecossistema              
intestinal, dessa forma uma nova população se              
estabiliza no cólon recolonizando o mesmo e              
reduzindo todos os efeitos adversos.   
  
Quando falamos em transplante fecal podemos            
utilizar tanto mecanismos de tubo nasogástrico ou              
mecanismo de colonoscopia para fazer a interação, a                
entrada dessa população/comunidade bacteriana        
para restabelecer o equilíbrio.   
  
  
  
  
Falando sobre a microbiota normal do trato              
respiratório temos que levar em consideração que              
existe o trato respiratório superior e o trato                
respiratório inferior.   
  
Então quando falamos de trato respiratório            
superior estamos falando de nasofaringe, cavidade            
oral e faringe. Então temos presença de              
microrganismos nessas áreas que são banhadas por              
secreções das membranas mucosas, então esse            
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ambiente úmido favorece a presença de diferentes              
microrganismos.   
  
Então as bactérias penetram por inalação e embora a                  
maioria seja captada nas vias nasais e oral sendo                  
expelidas ou deglutidas. As bactérias penetram,            
temos que lembrar que estamos sendo            
constantemente expostos a microrganismos:        
bactérias, fungos, alguns vírus, ao serem inalados              
penetra no nosso sistema respiratório.   
  
Dependendo das características desses        
microrganismos, a maioria vai ser capturada por              
estruturas específicas presentes nesse trato          
respiratório superior impedindo que elas cheguem            
aos pulmões para desenvolverem processos          
infecciosos. Então elas são capturadas nessas vias,              
sendo expelidas ou deglutidas, a maioria dos              
microrganismos se prendem nessa parte inicial do              
trato respiratório superior.   
  
Como exemplos de microrganismos que colonizam            
de forma natural o trato respiratóriosuperior temos:                
Estafilococos, estreptococos, bacilos e cocos          
Gram-negativos, ou seja, são grupos bacterianos que              
conseguiram superar as defesas presente naquele            
ambiente e colonizar de forma equilibrada aquele              
trato.   
  
Já no trato respiratório inferior formado por              
traqueia, brônquios e pulmões são áreas            
essencialmente estéreis. Então a maioria dos            
microrganismos vão ficar retidos na parte superior              
deste trato, durante o processo de respiração.   
  
Na medida que o ar vai passando da porção superior                    
para a porção mais inferior o fluxo vai diminuindo,                  
tanto o diâmetro dessas vias, havendo uma maior                
deposição desses microrganismos nas paredes da via              
respiratória. Associado a isso temos a característica              
do epitélio que recobre o trato respiratório que é um                    
epitélio ciliado, então além, da presença do muco                
característico desse epitélio ainda apresentamos          
cílios.   
  
Então os microrganismos ficam retidos nesse muco              
e o movimento ciliar ascendente, ou seja, esses cílios                  
se movimentam de forma ascendente, de forma a                
carrear esses microrganismos que ficaram retidos            
nesse muco, nesses cílios até as porções mais                
superiores permitindo que eles sejam eliminados na              
saliva ou nas secreções nasais.   
  
Então de fato quando falamos de trato respiratório                
inferior estamos falando de uma área essencialmente              
estéreo e os microrganismos que conseguem chegar              
a esse trato, a essa porção e desenvolver um processo                    
infeccioso tem que ter um diâmetro bem específico,                
Então apenas partículas menores que 10            
micrometros alcançam os pulmões.   
  
Então diferentemente do que observamos quando            
falamos de trato gastrointestinal onde saímos de              
uma menor concentração de bactéria para uma              
maior concentração de bactéria ao longo do sistema                
gastrointestinal; quando falamos de trato          
respiratório vemos ao contrário.   
  
O trato respiratório superior vai apresentar um              
maior número de microrganismos e quando            
avançamos para o trato respiratório inferior uma              
menor concentração ou até mesmo uma            
concentração zero, uma vez que esses ambiente              
devem ser estéreis.   
  
  
  
Quando falamos do trato urogenital temos que ter                
em mente que rins e bexigas que são normalmente                  
estéreis.   
  
Existem órgãos que apresentam esterilidade, então a              
presença de microrganismo ali é um indicativo de                
processo infeccioso.  
  
Em contrapartida as células epiteliais que revestem a                
uretra são colonizadas por microrganismos,          
principalmente bacilos Gram-negativos aeróbios        
facultativos. Por exemplo: E. coli, Proteus mirabilis              
que vão compor essa microbiota, mas que são                
considerados patógenos oportunistas.   
  
Os patógenos oportunistas precisam de uma            
oportunidade para desenvolver o processo          
infeccioso.   
  
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Então é muito comum o processo infeccioso do trato                  
urinário por estes patógenos por conta dessa              
característica oportunista.   
  
Então existe uma infecção muitas vezes ascendente,              
ou seja, os microrganismos que estão presente na                
uretra ascendem para a bexiga e se não eliminados                  
podem ainda ascender aos rins. Então começa com                
uma cistite que pode evoluir para uma pielonefrite.   
  
Alterações corpóreas como o pH permitem que estes                
microrganismos se multipliquem e desenvolva um            
processo de infecção.   
  
Então qualquer alteração naquele sítio, qualquer            
alteração, por exemplo, na urina pode alterar a                
composição daquela microbiota na uretra          
favorecendo o processo infeccioso.  
  
Vagina  
Na vagina de mulheres adultas o pH é ligeiramente                  
ácido por conta da presença de glicogênio. Esse                
glicogênio, que é uma reserva de energia, é                
fermentado por um grupo específico de bactérias,              
que são os Lactobacillus, a partir da fermentação do                  
glicogênio pelos Lactobacillus ocorre uma redução            
do pH, tornando o mesmo ligeiramente ácido. O que                  
favorece a presença de determinados          
microrganismos como leveduras (candida),        
estreptococos, E. coli que estão ali compondo aquela                
microbiota em equilíbrio, sem causar nenhum            
processo infeccioso (quando em equilíbrio).   
  
Antes da puberdade e na menopausa essa microbiota                
é diferenciada. Lembra quando falamos da            
microbiota da pele que a atividade hormonal ativa as                  
glândulas alterando a microbiota, aqui a mesma              
coisa. A questão hormonal vai alterar a microbiota.   
  
Então antes da puberdade, por exemplo, não existem                
hormônios atuando de forma específica, então existe              
a ausência de glicogênio e consequentemente a              
ausência de Lactobacillus, então o pH é ligeiramente                
alcalino (pH se eleva).   
  
Na menpausa a microbiota da vaigina volta a ser                  
como era antes da puberdade, por conta da ausência                  
dos hormônios promovendo mais uma vez essa              
ambiente, ausência de glicogênio, ausência de            
lactobacillus, se não há a fermentação do glicogênio                
o pH se eleva se tornando alcalino.   
  
  
Então quando observamos essas características que            
discutimos em relação a esses ambientes, a esses                
tratos, a característica da microbiota que compõem              
cada trato.    
  
Quais fatores determinam a composição da            
microbiota? Se pararmos para pensar o que              
determina a característica de determinados          
microrganismos na pele que é diferentes do que                
estão na boca, do que estão no estômago, do que                    
estão no trato intestinal, no trato respiratório,              
quando falamos diferentes não é apenas da              
variedade, na diversidade que muitas vezes podemos              
encontrar os mesmos, mas a quantidade vai ser                
diferente.   
  
Então cada sítio vai ter uma microbiota específica                
por conta das características desses sítios. E o que                  
permite essa diferenciação? o quevai determinar? é                
o que conversamos lá no início que são os                  
parâmetros fisiológicos (temperatura, exigência        
atmosférica, acidez, disponibilidade de água, pressão            
osmótica), ou seja, cada sítio vai apresentar um                
parâmetro e de acordo com esse parâmetro vou                
encontrar uma abundância de microrganismos          
distintos.   
  
  
Nem toda relação microrganismo célula do            
hospedeiro é uma interação prejudicial, precisamos            
ter em mente que existe esse equilíbrio, que existem                  
essas relações simbióticas que são extremamente            
importantes para a defesa (manutenção) do nosso              
corpo.   
  
Por que uma vez que existe uma microbiota                
residente ali, quando um patógeno exógeno tenta se                
instalar ele tem que lutar, tem que competir com                  
esses microrganismos que compõem a microbiota            
resistente. A microbiota residente, a microbiota            
desses sítios é considerada uma forma de imunidade                
(imunidade inata), mas existem interações          
prejudiciais.   
  
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Então diversas interações microbianas são          
prejudiciais porque possuem o potencial de causar              
doenças.   
  
A patogenicidade, ou capacidade de um            
microrganismo causar uma doença é iniciado pela              
exposição, aderência desse microrganismo a célula            
do hospedeiro seguida pela invasão, infecção,            
resultando na doença que é o dano ou lesão tecidual.                    
Então para que a doença de fato ocorra são                  
necessárias algumas etapas, então os          
microrganismos patogênicos devem ter a capacidade            
de superar cada etapa.   
  
1 - Exposição ao patógeno no hospedeiro - todos nós                    
somos expostos a diferentes patógenos, mas nem              
toda a exposição leva a um processo infeccioso.   
  
2 - Adesão - interação de moléculas específicas do                  
patógeno e as moléculas da superfície das células do                  
hospedeiro, ou seja, tem que ter um processo de                  
reconhecimento, uma ligação, uma adesão. Esse            
microrganismo entrou dentro do hospedeiro, mas ele              
é capaz de se aderir? todo o processo infeccioso                  
começa com a adesão.    
  
Quando falamos de adesão importante lembrarmos            
de alguns conceitos, algumas macromoléculas          
importantes nesse processo de adesão: a cápsula e o                  
glicocálix que algumas bactérias apresentam e que              
promovem a adesão das células hospedeiras e outros                
microrganismos, além de proteger contra respostas            
do sistema imune; fímbrias e pilli que são estruturas                  
proteicas de superfície celular de bactérias que              
também estão relacionadas ao processo de adesão,              
ou seja, os microrganismos podem apresentar            
estruturas que vão favorecer o início do processo                
infeccioso, que é a adesão.   
  
3 - Invasão - uma vez aderido, tem que ser capaz de                        
invadir. A invasão é a capacidade que o patógeno tem                    
de entrar nas células ou tecidos e propagar-se,                
causando de fato a doença.   
  
A maioria das infecções microbianas se iniciam em                
rupturas ou ferimentos na pele, as membranas              
mucosas seja do trato respiratório, digestório ou              
genitourinário, ou seja, tem uma desestabilidade            
naquela membrana ou mucosa, houve uma injúria              
naquele sítio, ou seja, ocorreu um processo que                
facilitou o desenvolvimento desse processo, porque            
facilitou a invasão desses microrganismos.   
  
Então, após a entrada o organismo, o microrganismo                
se mantém a princípio naquela região, utilizando              
nutrientes daquele ambiente, causando infecções          
localizadas (abscessos, furúnculos, dependendo do          
tipo de agente).   
  
Alternativamente esses microrganismos podem        
avançar, podem alcançar a corrente sanguínea,            
podem alcançar a corrente linfática, tendo uma              
distribuição sistêmica, uma septicemia, infecções          
generalizadas. Então pode começar uma infecção            
com uma infecção localizada e se estender para uma                  
infecção generalizada, mas a princípio a invasão              
começa a ser local, caracterizando uma infecção              
localizada. Dependendo do avançar dessa infecção            
pode sim gerar uma infecção sistêmica.  
  
O que vai determinar o poder de disseminação                
desses microrganismos são os fatores de virulência .              
Os fatores de virulência aprimoram a capacidade de                
invasão dos microrganismos, estes podem produzir            
componentes que vão facilitar a sua dispersão dentro                
do hospedeiro:   
⇨ enzimas - diferentes enzimas que vão promover a                  
disseminação dos organismos pelo tecido, que vão              
destruir tecido conjuntivo, favorecendo a          
disseminação desses agentes entre os tecidos.   
  
⇨ exotoxinas - diferentes exotoxinas que são              
proteínas tóxicas liberadas pela célula do patógeno a                
medida que ele vai se desenvolvendo; as toxinas                
possuem esse potencial tóxico, elas vão levando os                
danos celulares, promovendo uma disseminação          
desse agente  
  
⇨ endotoxinas - que são os componentes estruturais                
da membrana externa de Gram-negativo que podem              
levar essa maior capacidade de invasão desses              
microrganismos, ou seja, o grau de infecção, o que                  
vai determinar se a bactéria ou microrganismo de                
uma forma geral vai desenvolver uma infecção de                
forma localizada ou até uma infecção mais              
abrangente está relacionada diretamente com os            
fatores de virulência que eles vão produzir, que vão                  
ampliar essa capacidade de invasão desses agentes.   
  
  
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Percebemos que o processo de formação do              
desencadeamento do dano tecidual ou doença tem              
várias etapas.   
  
  
Precisamos lembrar que quando falamos de            
interações e quando falamos de interações            
prejudiciais temos que ter em mente que existem                
fatores inerentes ao hospedeiro e fatores inerentes              
ao patógeno, nem toda aexposição culmina com                
dano celular e doença, porque existem esses fatores                
inerentes ao hospedeiro que vão estar prontos para                
proteger o nosso corpo contra a ação de patógenos                  
externos.   
  
Dentro de um equilíbrio existe essa relação de                
proteção entre a nossa imunidade (inata ou              
adquirida), a nossa microbiota, os diferentes fatores              
ditos anteriormente protegendo a gente contra a              
ação dos patógenos, dos microrganismos.   
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