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G1 - Tribunal do Júri - Ana Clara Benevenuto

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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO 
 JUR 1955 Turma 2HX – G1 TRIBUNAL DO JÚRI – 2021.2 
 
Prof. Carlos Gustavo Vianna Direito 
Aluna: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade 
O julgamento do policial Derek Chauvin, considerado culpado pela morte de George 
Floyd, morto em maio de 2020 na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, ocorreu por 
meio de sentença proferida por um Tribunal do Júri, semelhante ao que acontece em nosso 
país, somente nos crimes contra a vida. 
Sendo assim, importante frisar que a semelhança central entre o procedimento 
processual penal brasileiro e americano consiste no julgamento por pessoas pela própria 
sociedade. Portanto, não será um juiz concursado e formado em Direito que irá julgar o 
acusado, e sim, membros da própria comunidade em que ele vive, embora o magistrado 
permaneça presente para manter a ordem e auxiliar os jurados nos procedimentos para a 
formação do Conselho de Sentença. 
Entretanto, diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos da América não são apenas 
os crimes cometidos contra a vida que são levados ao Tribunal do Júri. Via de regra, no sistema 
processual penal americano, qualquer crime, à depender da sua gravidade ou extensão para a 
sociedade, poderá ser julgado pelo Tribunal do Júri. 
No Brasil, o procedimento a ser aplicado em julgamentos proferido pelo Tribunal do 
Júri está esculpido nos artigos 406 e seguintes do Código de Processo Penal. Inclusive, o 
julgamento dos crimes dolosos contra a vida pelo Tribunal do Júri é considerado direito e 
garantia fundamental, consoante previsão do inciso XXXVIII, artigo 5º, da Constituição 
Federal. 
Inclusive, no Brasil é consenso que os crimes dolosos contra a vida praticados por 
policiais militares (Derek Chauvin, julgado nos EUA, era policial e estava em serviço no 
momento do crime), mesmo que em serviço, é de competência do tribunal do Júri, órgão 
colegiado da justiça comum. 
Uma das distinções que chama a atenção cerca da formação do Tribunal do Júri nos 
EUA e no Brasil é em relação ao número de jurados escolhidos para participar e colocorar com 
o julgamento. 
No Brasil, de acordo com o artigo 447 do Código de Processo Penal, “O Tribunal do 
Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que 
serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença 
em cada sessão de julgamento”. (Grifou-se) 
Por outro lado, nos EUA, o Conselho de Sentença é composto, segundo a notícia em 
análise, por 12 pessoas. “O júri, composto por sete mulheres e cinco homens (e seis pessoas 
brancas, quatro negras e duas multirraciais) levou dez horas para chegar a uma decisão 
final”. 
Ato contínuo, uma das semelhanças no procedimento entre o processo penal brasileiro 
e americano é o direito ao silêncio, concedido ao acusado e réu. 
No Brasil, por sua vez, o direito ao silêncio está previsto no artigo da Constituição 
Federal, ou seja, é um direito fundamental (o que também o torna cláusula pétrea, ou seja não 
pode ser modificado) e está localizado no inciso LXIII deste mesmo dispositivo legal, inferindo 
que a pessoa presa tem o direito de ficar calado e ter a assistência de sua família e advogado. 
Encontra previsão legal, também, no artigo 8 da Convenção Americana de Direitos Humanos 
e também no artigo 186 do Código de Processo Penal, que afirma que o juiz não pode proferir 
sentença pelo mero silêncio por parte do acusado, até porque todo processo necessita-se de uma 
fundamentação. 
No processo penal americano, por sua vez, de acordo com a notícia analisada, “No 
tribunal, Derek Chauvin confirmou ao juiz que não testemunharia. "Eu invocarei o privilégio 
da Quinta Emenda hoje", disse ele, referindo-se ao direito constitucional de permanecer em 
silêncio para evitar a autoincriminação”. (Grifou-se) 
Por fim, outra importante diferença do julgamento no Tribunal do Júri brasileiro e 
americano é que, no Brasil, para que haja a condenação do réu, basta a votação da maioria 
simples nesse sentido. 
Nos Estados Unidos da América, por outro lado, se exige, via de regra, uma 
unanimidade entre os 12 jurados sorteados.

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